Tínhamos
acabado de publicar «Hitler: Ascensão Irresistível?» quando lemos no JN sobre
a viagem de um ex-conselheiro de Trump, S. Bannon, à Itália, para apresentar
a sua «plataforma “The Movement” (O Movimento)» num encontro participado por
apoiantes da extrema-direita europeia, nomeadamente o partido Fratelli
d’Italia.
Segundo a
notícia, “The Movement” conta já com a adesão do «líder pró-fascista Matteo
Salvini» (vice PM da Itália), do Partido Popular Belga, do Vox espanhol e
«namora» Marine Le Pen, o partido Fidez da Hungria a que pertence o actual
presidente fascista Orban, e o dirigente de extrema-direita holandesa
Wilders.
Note-se que as
designações extrema-direita, ultra-direita, direita radical, etc., são quanto
a nós eufemismos que contribuem para manter o adormecimento das massas,
fazendo-as crer que é mais um partido democrático parlamentar, como qualquer
outro. De facto, todos eles são fascistas. Mas, claro, tal como no
passado, todos eles se mascaram de democratas enquanto se tiverem de
constranger a isso. Entretanto, vão contribuindo para o esvaziamento da
paupérrima democraticidade que ainda subsiste na UE e construindo o seu «Movimento»
de massas. Seria mais apropriado chamar tais partidos de pró-fascistas e
começaremos a seguir essa prática.
Voltemos à
notícia. O que defende Bannon? Pois precisamente por criar um grande
movimento de massas que apoie as seguintes teses da «plataforma»: «a classe
média trabalhadora foi a que sofreu com a crise […] criada pela elite
financeira pró-emigração, anti-nacionalista e anti-tradição judaico-cristã
que entregou o mundo à China, culpada de todos os males. [O objectivo do
«Movimento»:] lutar contra o apocalipse que se perfila se o “partido de
Davos” vencer as eleições europeias: o fim da espécie humana». A demagogia
fascista em pleno, só que adaptada às condições actuais. P. ex., a condenação
demagógica hitleriana da «plutocracia capitalista» foi agora adaptada em
condenação de o «partido de Davos», procurando atrair as camadas que sofrem
com o actual capitalismo monopolista mas são de consciência atrasada.
Bannon sabe que
o terreno que pisa está bem adubado, quer (1) pelos movimentos e proeminentes
políticos fascistas que grassam pela UE – alguns já instalados no poder e
abertamente apoiando paradas de SSs e defendendo a revisão da História – e
nos EUA, quer (2) pelo esvaziamento democrático da UE, a sua crescente
militarização, destruição de direitos laborais incluindo os sindicais.
Quem financia
Bannon? Não temos quaisquer dúvidas de que são os monopólios. Mas esta
questão merece maior aprofundamento, tal como a questão das ligações entre os
partidos fascistas europeus e os seus financiadores. Parece-nos que os
marxistas com capacidade para o fazer deverão levar a cabo este estudo com
urgência e, com base nele, denunciar publicamente «os milhões» actualmente por detrás do
fascismo na Europa e EUA.
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We had
just posted "Hitler: Irresistible Ascension?" when we read in the
JN (a Portuguese newspaper) about the travel to Italy of S. Bannon, a former
adviser of Trump, for the purpose of presenting his “platform ‘The Movement’"
at a meeting participated by European far-right supporters, namely the party Fratelli
d'Italia.
According to the news, "The Movement" already counts in its ranks with the "pro-fascist leader Matteo Salvini" (vice PM of Italy), the Belgian Popular Party, the Spanish Vox and "is dating" Marine Le Pen, the Hungarian party Fidez of which the current fascist president Orban is a member, and the leader of the Dutch far-right Wilders. It should be noted that, in our view, the designations extreme right, far right, radical right, etc., are euphemisms that contribute to maintain the numbness of the masses, making them believe that it is just one more parliamentary democratic party, like any other. In fact, they are all fascists. But, of course, as in the past, they all masquerade as democrats as long as they are constrained to it. In the meantime, they go on contributing to the emptying of the very poor democraticity still running in the EU and building up their mass "Movement". It should be more appropriate to call such parties as pro-fascist, and we will start following this practice. Let's go back to the news. What does Bannon stand for? He does indeed stand for building up a great mass movement which supports the following theses of the “platform”: “the working middle class has suffered from the crisis [...] created by the pro-emigration financial elite, anti-nationalist and anti-Judeo-Christian-tradition, which has delivered the world to China, guilty of all evils. [The aim of the 'Movement':] is to fight against the apocalypse if the 'Davos party' wins the European elections: the end of the human race”. Fascist demagoguery in full, only adapted to the current conditions. For example, the Hitlerian demagogic condemnation of the "capitalist plutocracy" has now been adapted to the condemnation of the "Davos party", seeking to attract the layers that suffer from the present monopoly capitalism but whose conscience is lagging behind. Bannon knows that the terrain he treads is well fertilized, both by (1) the fascist movements and prominent fascist politicians that are rampant in the EU -- some already installed in the power and openly supporting SS parades and defending the rewriting of History -- and USA, and (2) the democratic emptying of the EU, its growing militarization, its destruction of labor rights including those of the trade unions. Who funds Bannon? We have no doubt that it is the monopolies. But this issue deserves further study, as does the issue of the links between the European fascist parties and their financiers. It seems to us that Marxists with ability for such task should carry out this study urgently and, on the basis of it, publicly denounce "the millions" standing today behind fascism in Europe and the United States. |
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
Uma Internacional Fascista em Formação? A Fascist International is Being Formed?
domingo, 23 de setembro de 2018
Hitler: Ascensão Irresistível? | Hitler: Irresistible Ascension?
Apreciação do
livro de Kurt Gossweiler, Hitler:
Ascensão Irresistível? Ensaios sobre o fascismo, Editorial “Avante!”, 2015,
207 págs., preço: 12,60 €, 10,70 € na Festa do Avante!.
Book review
of Hitler: Ascensão Irresistível? Ensaios sobre o fascismo [Hitler: Irresistible Ascension? Essays on fascism], Editorial
“Avante!”, 2015, 207 pages., price: 12.60 €, 10.70 € in the Feast of “Avante!”.
(The book
is also translated in Dutch and Italian. We haven’t found a translation in
English.)
Para aqueles que
pensam já saber tudo sobre
o nazi-fascismo este pequeno livro pode revelar-se uma surpresa. O livro
apresenta um conjunto de importantes análises sobre o tema, apresentadas de
forma clara e concisa, com dados factuais que não encontrámos noutras
publicações. Desfaz também com rigor mitos que continuam a correr por aí,
mesmo entre a esquerda.
Embora
debruçando-se sobre o nazi-fascismo alemão, o livro é de grande interesse
para compreender as políticas e práticas fascizantes que grassam e crescem
pelo chamado mundo ocidental, pelo mundo dos monopólios que nunca abandonaram
nem abandonarão a perspectiva da solução fascista. Como exemplo, basta ver o
que está a acontecer no Brasil com os monopólios domésticos e estrangeiros
(USA) a usar todos os meios, incluindo media
e sistema judicial e militar, para colocar no poder o nazi Bolsonaro.
O autor, Kurt
Gossweiler, ingressou em 1931 na organização estudantil comunista ilegalizada
em 1934. O jovem Gossweiler, com 16 anos de idade, participou então na
resistência anti-fascista até ser incorporado na Wehrmacht em 1939. Decidido
a desertar para o Exército Vermelho na primeira oportunidade, consegue isso
em Março de 1943 quando tinha sido ferido. É curado num hospital militar
soviético, aprende russo e torna-se professor. De volta a Berlim no final da
guerra é primeiro professor na Escola do SED (Partido Socialista Unificado da
Alemnha) em Berlim, e depois funcionário da administração do distrito de
Berlim pelo SED. Inicia em 1955 uma carreira científica em História Alemã na
Universidade Humboldt, onde se doutora em 1963. A partir de 1970 trabalha
como investigador no Instituto Central de História da Academia de Ciências da
RDA.
Tendo-se
primeiro dedicado ao estudo do nazi-fascismo, o autor enveredou depois pela
tarefa que considerava mais prioritária e a que se dedicou com mestria: a
denúncia do revisionismo nos partidos comunistas da Europa, incluindo o SED e
o PCUS, surgido à luz do dia na sequência do (in)famoso relatório de Krutchev
ao XX Congresso do PCUS.
O livro tem 6
capítulos, correspondentes a artigos individuais do autor. No capítulo 1, «De
Weimar a Hitler: As causas do advento da ditadura fascista», o autor observa
com toda a actualidade: «Na Alemanha Federal, do mesmo modo que noutros
Estados imperialistas, milhares de jornalistas, historiadores, filósofos e
sociólogos a soldo do Estado afadigam-se para esconder as causas e as forças
que deram nascimento ao fascismo». Daí a importância do seu estudo científico
que revela claramente o fascismo como fenómeno internacional, como solução
dos monopólios e do imperialismo para em «período de crise generalizada […]
reprimir e manter em xeque o movimento operário por meio do terror e da
violência».
O autor
prossegue esclarecendo o apoio dado desde 1919 pela burguesia monopolista e
pelos grandes latifundiários ao partido nazi, NSDAP. Nesse apoio teve de
início papel proeminente o exército, que forneceu armas e dinheiro ao NSDAP.
Logo em 1922-23 grandes industriais começaram a financiar o NSDAP. O autor
apresenta a sequência de adesões e apoios dos monopolistas alemães ao
nazismo, de uma forma que não encontrámos noutras publicações. Revela também
apoios desde a primeira hora de magnates estrangeiros (Deterding da Royal
Dutch Shell e Henri Ford).
Ainda no
capítulo 1 o autor desfaz a mentira muito difundida de que Hitler subiu
legalmente ao poder em 1933, devido aos resultados eleitorais, quando de
facto o NSDAP estava em declínio eleitoral. A solução nazi foi extraída de
Hindenburgo pelos representantes dos monopolistas e latifundiários. Os
comunistas (KPD) já haviam prevenido em 1932 que quem votasse Hindenburgo
votava Hitler. «[…] não foram os milhões de eleitores nazis da pequena
burguesia, mas antes os interesses dos milionários que determinaram a
política do governo nazi e o carácter de classe da ditadura fascista». Aliás,
na Alemanha como noutros fascismos, a pequena burguesia atraída pela
demagogia nacionalista e «revolucionária» dos fascistas foi de imediato
traída quando estes tomaram o poder.
O capítulo 1
termina expondo as razões porque a ascensão de Hitler podia ter sido evitada,
se uma condição fulcral para isso tivesse sido assegurada: a unidade da
classe operária. Infelizmente, até mesmo nos dias decisivos, os dirigentes do
SPD (II Internacional) traíram a classe operária. Não obstante muitos
operários do SPD se terem juntado aos comunistas no combate aos fascistas.
Sobre a traição dos dirigentes do SPD o autor fornece evidência esmagadora,
desfazendo completamente a mentira tantas vezes propalada da culpa do
«dogmatismo-sectarismo do KPD».
O capítulo 2,
«Hitler e o capital. Os verdadeiros milhões por detrás de Hitler», fornece
uma grande quantidade de detalhes de como Hitler e seus próximos progrediram
nas suas reuniões secretivas com os representantes do grande capital de
vários pontos da Alemanha. Encontros em que Hitler, tendo como conselheiros
grandes magnates membros do NSDAP, o ajudaram a preparar o discurso
explicativo dos benefícios da solução nazi-fascista. Solução demagógica do
«socialismo nacional» que não era mais que atrelar à força o proletariado à
carroça dos monopólios, atrelá-lo à «nobre» causa «nacional» conduzida pelas
«elites» de invadir e escravizar outros povos.
O capítulo 2
também fornece detalhes muito interessantes de como publicações para
intelectuais preparadas pelos monopólios – como, p. ex., a Revista Europeia preparada por
seventuários da IG-Farben – espalhavam subtilmente a mensagem, não só para
alemães mas também para intelectuais estrangeiros, dos grandes benefícios
decorrentes de uma Alemanha forte, com uma visão europeia. Ao ler estas
passagens o leitor deverá reflectir sobre a concentração de poderes
económicos e militares nos representantes dos estados fortes da UE --
Alemanha e França – na CE – dominada pelos monopólios europeus -- também
mentirosamente apresentadas como benéfica para uma Europa unida e «social».
O capítulo 3,
«Classe operária e fascismo. O socialismo dos barões do aço» demonstra
convincentemente como a classe operária alemã nunca se vergou ao fascismo.
Como se revelou na prática um fracasso a construção de um partido
nacionalista e operário. O autor descreve como já em 1922 Hitler, numa carta
aos empresários, «mostrou ter compreendido perfeitamente o que importava às
forças da classe dirigente»: o extermínio do marxismo. Apesar da propaganda e
de, como dizia na sua carta, ser o NSDAP «uma organização forte, sem
escrúpulos e de uma determinação brutal», não conseguiu esse objectivo. O
ingresso de operários no NSDAP foi fraco -- o autor apresenta números sobre
isso e também analisa como as células de empresa do NSDAP eram organizações
de terror e espionagem ao serviço dos capitalistas. «O partido nazi tornou-se
um partido de massas não enquanto “partido operário nacional” mas […]
enquanto partido imperialista cujos partidários eram essencialmente pequenos
burgueses», sendo porém errado considerar o partido fascista como tendo sido
criado «originariamente como um partido da pequena burguesia radicalizada […]
contra o movimento operário e o grande capital».
No capítulo 4,
«A destituição do governo Braun-Severing. O Partido Socialista na linha de
mira», o autor, citando Gueorgui Dimitrov -- «Antes da instauração da
ditadura fascista, os governos burgueses passam geralmente por uma série de
etapas preparatórias e tomam uma série de medias reaccionárias, contribuindo
directamente para a ascensão do fascismo» -- mostra como passo a passo o
governo burguês do SPD foi adoptando medidas reaccionárias, contra os
trabalhadores. Analisa de perto como esse caminhar passo a passo do SPD de
mãos dadas com a reacção desembocou na auto-destituição complacente (!) do
governo Braun-Severing do SPD na Prússia, sendo substituído pelos nazis. Um
capítulo cheio de lições sobre o que pode significar hoje a caminhada passo a
passo de dirigentes «socialistas» de mãos dadas com a reacção, isto é, de
mãos dadas com os representantes dos monopólios.
O capítulo 5,
«Origens e variantes do fascismo. Fascismo, ditadura e democracia
parlamentar», começa por apresentar as análises de Hilferding e de Lenine
sobre o capital monopolista e o imperialismo. Análises que mostram, como diz
o autor, que «uma vez nascido, o monopólio tende para a autocracia, não
apenas no domínio económico mas também no domínio político», seguindo-se a
explicação de porque razão esta tendência resulta de uma necessidade
objectiva. Essa tendência é especialmente forte no capital financeiro, que
constitui a pedra angular do imperialismo. O autor termina analisando
variantes de fascismo da Europa Central e de Leste.
O capítulo 6,
«A política dos nazis nos Balcãs através da Revista Europeia. A expansão a
leste, ontem e… hoje?» apresenta mais detalhes das mensagens nazis
transmitidas pela Revista Europeia, analisando os apetites nazis pelo domínio
dos Balcãs, apetites que os monopólios alemães, mantêm e, de facto,
concretizaram actualmente em grande parte. Haja em vista o papel da Alemanha
no golpe fascista de Maidan na Ucrânia e o domínio económico alemão na Grécia,
Roménia e Bulgária.
O livro tem um
Prefácio de grande qualidade, escrito por Jorge Cadima. Começa assim: «Este
conjunto de textos de Kurt Gossweiler sobre a ascensão da mais terrível e
violenta forma de dominação capitalista que a História regista é importante.
Não apenas para contrariar o esquecimento […] Mas sobretudo porque assistimos
hoje a uma flagrante e despudorada tentativa de reescrever e falsificar a
verdade histórica sobre o fascismo.»
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For
those who think they already know everything about Nazi-fascism this little
book may prove to be a surprise. The book presents a set of important
analyzes on the subject, presented in a clear and concise manner, with
factual data that we have not found in other publications. It also demolishes
myths that continue to run around, even among the left.
Though focusing on German Nazi-fascism, the book is of great interest in
understanding the fascist policies and practices that ramp up and grow in the
so-called Western world, the world of the monopolies, which have never
abandoned or will abandon the prospect of the fascist solution. As an
example, it is enough to see what is now happening in Brazil with the
domestic and foreign (USA) monopolies to resort to all means, including the
media and the judicial and military systems, to place the Nazi Bolsonaro in
power.
The
author, Kurt Gossweiler, joined the Communist student organization in 1931
which was outlawed in 1934. The young Gossweiler, at the age of 16, then
participated in the anti-fascist resistance until he was enrolled into the
Wehrmacht in 1939. Having decided to desert to the Red Army at the first
opportunity, he achieved this in March 1943 when he had been wounded. He was
healed at a Soviet military hospital, learned Russian, and became a teacher.
Back in Berlin at the end of the war he is at first a teacher at the SED
(Socialist Unity Party of German) School in Berlin, then a district
administration official in Berlin for the SED. In 1955 he begins a scientific
career in German History at the Humboldt University, where he got his Ph.D.
in 1963. Starting 1970 he worked as a researcher at the Central Institute of History
of the GDR Academy of Sciences.
Having first devoted himself to the study of Nazi-fascism, the author then
turned to the task which he considered to be of the highest priority and to
which he devoted himself with mastery: the denunciation of revisionism in the
communist parties of Europe, including the SED and the CPSU, which blossomed
in plain light following Khrushchev's (in)famous report to the 20th Congress
of the CPSU.
The
book has 6 chapters, corresponding to individual articles by the author. In
Chapter 1, "From Weimar to Hitler: The Causes of the Advent of the
Fascist Dictatorship," the author observes with full application today:
"In Federal Germany, as in other imperialist states, thousands of
journalists, historians, philosophers and sociologists on the payroll of the
State are struggling to hide the causes and forces that gave birth to
fascism." Hence the importance of scientifically studying it which
clearly reveals fascism as an international phenomenon, as a solution of
monopolies and imperialism, in a "period of general crisis [...] to
suppress and keep the workers' movement in check through terror and
violence."
The author goes on to explain the support given since 1919 by the monopolist
bourgeoisie and the large landowners to the Nazi party, the NSDAP. In their
support, the army had a prominent role, by providing weaponry and money to
the NSDAP. As early as 1922-23 major industrialists began funding the NSDAP.
The author presents the sequence of adhesions and support of the German
monopolists to Nazism in a way that we have not found in other publications. He
also reveals the first hour support of foreign moguls (Deterding of Royal
Dutch Shell and Henri Ford).
The
author also demolishes in chapter 1 the widely held lie that Hitler rose
legally to power in 1933 because of the election results, when in fact the
NSDAP was in electoral decline. The Nazi solution was extracted from Hindenburg
by the representatives of the monopolists and landowners. The Communists (KPD)
had already warned in 1932 that anyone who voted for Hindenburg voted for
Hitler. "[...] it was not the millions of Nazi voters of the petty
bourgeoisie, but rather the interests of the millionaires who determined the
policy of the Nazi government and the class character of the fascist
dictatorship." Indeed, in Germany as in other fascisms, the petty
bourgeoisie attracted by the nationalist and "revolutionary"
demagoguery of the fascists was immediately betrayed once they had seized
power.
Chapter 1 ends by explaining the reasons why Hitler's rise could have been
avoided if a crucial condition for that had been secured: the unity of the
working class. Unfortunately, even on decisive days, the leaders of the SPD
(Second International) betrayed the working class. And this in spite of the
fact that many workers of the SPD joined the communists in fighting the
fascists. As regards the betrayal of the SPD leaders, the author provides
overwhelming evidence, completely undoing the often-disseminated lie of the
guilt of KPD's "dogmatism-sectarianism."
Chapter
2, "Hitler and Capital. The Real Millions Behind Hitler," provides
a wealth of detail on how Hitler and his associates progressed in their
secretive meetings with representatives of the big capital from various parts
of Germany. Meetings in which Hitler, having as advisers large tycoons,
members of the NSDAP, helped him to prepare the discourse explaining the
benefits of the Nazi-fascist solution. This was the demagogic solution of
"national socialism", which was nothing more than to forcefully
harness the proletariat to the monopoly cart, to tie the proletariat to the
"noble" "national" cause conducted by the
"elites" of invading and enslaving other peoples.
Chapter 2 also provides very interesting details on how publications for
intellectuals prepared by the monopolies -- such as, the European Journal prepared by IG-Farben's servants -- subtly
spread the message, not only to Germans but also to foreign intellectuals, of
the great benefits of a strong Germany with a European vision. In reading
these passages the reader should ponder on the concentration of economic and
military powers in the representatives of the strong states of the EU --
Germany and France --, in the EC -- dominated by the European monopolies --,
also untruthfully presented as beneficial to a united and “social” Europe.
Chapter
3, "Working class and fascism. The Socialism of the Steel Barons"
convincingly demonstrates how the German working class never bent to fascism.
And also that the construction of a nationalist workers’ party was proved in
practice to have failed. The author describes how in 1922 Hitler, in a letter
to entrepreneurs, "showed that he understood perfectly well what was
important to the forces of the ruling class": the extermination of
Marxism. Despite propaganda and, as he said in his letter, to be the NSDAP
"a strong organization, with unscrupulous and brutal determination",
he failed to achieve that. The enrollment of workers into the NSDAP was weak
-- the author presents figures on this and also looks at how the NSDAP cells
in the enterprises were terrorist and espionage organizations serving the
capitalists. "The Nazi party became a mass party not as a "national
workers party" but as an imperialist party whose supporters were
essentially petty bourgeois," but it would be wrong to regard the
Fascist party as having been created "originally as a party of a
radicalized petty bourgeoisie against the labor movement and big capital.”
In Chapter 4, "The Impeachment of the Braun-Severing Government. The
Socialist Party in the line of sight ", the author, quoting Georgi
Dimitrov -- "Before the establishment of the fascist dictatorship,
bourgeois governments generally go through a series of preparatory stages and
take a series of reactionary measures, directly contributing to the rise of
the fascism" --, shows how step by step the bourgeois government of the
SPD went on adopting reactionary measures against the workers. Te author
looks closely at how this step-by-step journey of the SPD hand in hand with
the reaction led to the complacent self-dismissal (!) of the Braun-Severing
SPD government in Prussia, which was then replaced by the Nazis. A chapter
full of lessons on what can mean today the step by step journey of
"socialist" leaders hand in hand with the reaction, that is, hand
in hand with the representatives of the monopolies.
Chapter
5, "Origins and Variants of Fascism. Fascism, Dictatorship, and
Parliamentary Democracy," begins by presenting Hilferding’s and Lenin's
analyzes of monopoly capital and imperialism. Analyzes that show, as the
author says, that "once born, the monopoly tends to autocracy, not only
in the economic domain but also in the political domain", following this
by an explanation of why this trend is a result stemming from an objective
necessity. This tendency is especially strong in financial capital, which is
the cornerstone of imperialism. The author ends by analyzing variants of
fascism of Central and Eastern Europe.
Chapter 6, "The Politics of the Nazis in the Balkans through the
European Journal. The expansion to the East, yesterday and ... today?"
presents further details of the Nazi messages transmitted by the European
Journal, analyzing the Nazi appetites for dominance of the Balkans, appetites
that the German monopolies maintain and in fact have largely concretized
today. Just consider the role of Germany in the fascist coup of Maidan in
Ukraine and the German economic dominance in Greece, Romania and Bulgaria.
The
book has a Preface of very good quality, written by Jorge Cadima. It begins
this way: "This set of texts by Kurt Gossweiler on the rise of the most
terrible and violent form of capitalist domination that history registers is
important. Not only to counteract forgetfulness [...] But above all because
we are witnessing today a blatant and shameless attempt to rewrite and
falsify the historical truth about fascism."
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quinta-feira, 20 de setembro de 2018
As Conspirações contra a URSS nos Anos 20
The Conspiracies against the USSR in the 1920s
Introdução
O Papel dos Russos Brancos Emigrados
Espiões e Terroristas
O Julgamento de Savinkov
Conspirações Urdidas nos EUA
Novas Conspirações
Milionários e Sabotadores
Três Julgamentos
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Introduction
The Role of the
Émigré White Russians
Spies and Terrorists
The Trial of Savinkov
Conspiracies Made in the USA
New Conspiracies
Millionaires and Saboteurs
Three Trials
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Introdução
Uma vez vencida a guerra civil e esmagada
a intervenção imperialista o PCR(b), CCP, CEC e sovietes da RSFSR
empenharam-se na reconstrução económica e social. Os êxitos dessa
reconstrução foram enormes: em poucos anos a RSFSR – URSS depois de 28 de
Dezembro de 1922 -- deu um grande salto económico tornando-se uma grande
potência. Registou também enormes progressos nas questões sociais: fim do
flagelo do desemprego, democracia participativa dos trabalhadores, liquidação
do analfabetismo, educação e saúde gratuitas, enorme desenvolvimento cultural
das repúblicas autónomas da Ásia, etc., etc.
Os enormes progressos da URSS de 1922 a
1939 (17 anos) permanecem até hoje um
caso único da História. Só puderam e só poderiam ser alcançados no quadro
do socialismo, com a economia planificada e a democracia popular. Com a
ciência e tecnologia ao serviço do povo e uma nova moral humanista. Pela
primeira vez na História fora feita a demonstração de que era possível aquilo
que a burguesia sempre afirmara ser impossível: um estado dos trabalhadores.
E não só era possível como representava um progresso sem precedentes.
Em resultado de tudo isto a construção
socialista da URSS teria necessariamente de ter um forte poder atractivo
sobre os trabalhadores de outros países. E, de facto, teve-o, conforme entre
outras coisas atesta o grande crescimento do movimento comunista
internacional nos anos 20. A burguesia internacional rapidamente se apercebeu
disso e desenvolveu os maiores esforços para combater essa atracção. Fê-lo
através de campanhas sistemáticas de propaganda anti-soviética e
anticomunistas pelos meios de comunicação social e dos púlpitos das igrejas.
Fê-lo ainda não reconhecendo e ostracizando o governo soviético, impedindo e
boicotando trocas comerciais e participação de cidadãos soviéticos em eventos
internacionais, rodeando a RSFSR por um cordon sanitaire de estados hostis fantoches. Nos anos 20
a burguesia internacional impôs que oficialmente o governo soviético de 1/6
da Terra não existisse. O cordon sanitaire de invenção francesa serviu
de modelo à «cortina de ferro» da autoria de Churchill depois da 2.ªGM. Não
foi a RSFSR e mais tarde a URSS que desejaram o isolamento; foram os
imperialistas que impuseram esse isolamento receosos do «contágio» comunista.
A burguesia internacional não se limitou
â propaganda e «contenção». Os seus líderes imperialistas desenvolveram todos
os esforços para sabotar o desenvolvimento da USSR, criando quintas colunas
que a pudessem destruir, planeando novas intervenções, e recorrendo a todos
os meios possíveis, incluindo o terrorismo. É isso que iremos expor
resumidamente socorrendo-nos de citações da Parte II do livro de M. Sayers e
A.E. Kahn que já utilizámos nos artigos sobre a guerra civil [1]. Sayers e
Kahn usaram um grande número de fontes confiáveis que referem no livro.
Incluiremos essas referências que atestam a confiabilidade do livro, assente
em factos documentados. Obras de outros autores, incluindo historiadores
burgueses, que consultámos, não só não desmentem Sayers e Kahn como não
trazem contribuições de vulto.
|
Introduction
Having won the civil war and crushed the imperialist intervention the CPR(B),
CPC, CEC and soviets of the RSFSR engaged themselves onto the economic and
social reconstruction. The successes of this reconstruction were enormous: in
a few years the RSFSR -- USSR after 28 December 1922 -- made a great economic
leap and became a great power. Huge progresses were also registered in social
issues: ending of the scourge of unemployment, participatory democracy of the
workers, liquidation of illiteracy, free education and health care, huge
cultural development of the autonomous republics of Asia, etc., etc.
The enormous progresses of the USSR from 1922 to 1939 (17 years) remain to
this day a unique case in the History.
They were achieved and could only have been achieved within the framework of
socialism, with the planned economy and people’s democracy. With science and
technology at the service of the people and with a new humanist moral. For
the first time in history a demonstration had been made of being possible
what the bourgeoisie had always claimed to be impossible: a workers' state. And
it was demonstrated not only to be possible but to represent unprecedented
progress.
As a result of all this the socialist
construction of the USSR would necessarily have a strong attractive impact
over the workers of other countries. And, in fact, it did, as testified among
other things by the great growth of the international communist movement in
the 1920s. The international bourgeoisie quickly realized this and made every
effort to counter this attraction. It did so through systematic campaigns of
anti-Soviet and anticommunist propaganda by the mass media and from the
pulpits of the churches. It did too by not recognizing and ostracizing the
Soviet government, by impeding and boycotting commercial relations and
participation of Soviet citizens in international events, and surrounding the
USSR by a cordon sanitaire of
hostile puppet states. In the 1920s the international bourgeoisie imposed
that the Soviet government of 1/6 of the Earth did not officially exist. The cordon sanitaire of French invention
served as a model for the “iron curtain” authored by Churchill after WWII. It was not the RSFSR and later the USSR
who wanted to be isolated; it was the imperialists who imposed this
isolation, afraid of the communist “contagion”.
The international bourgeoisie did not limit
itself to propaganda and “containment”. Their imperialist leaders made every
effort to sabotage the development of the USSR, by creating fifth columns
that could destroy it, planning new interventions, and resorting to all
possible means, including terrorism. This is what we will briefly outline by
referring to quotations from Part II of the book by M. Sayers and A.E. Kahn,
which we have already used in the articles about the civil war [1]. Sayers
and Kahn used a large number of reliable sources which they refer to in the
book. We will include these references attesting the reliability of the book,
based on documented facts. Works by other authors, including bourgeois
historians, which we have consulted, not only do not deny Sayers and Kahn but
bring no significant contributions.
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O Papel dos Russos Brancos Emigrados [2]
-- Com o fim da Guerra civil «Os
aventureiros implacáveis, os aristocratas decadentes, os terroristas
profissionais, a tropa de bandidos, a temida polícia secreta e todas as
forças feudais e antidemocráticas que haviam constituído a Contra-Revolução
Branca espalharam-se da Rússia […] através da Europa e do Extremo Leste, na
América do Norte e do Sul […] levando consigo o sadismo dos generais da
Guarda Branca, as doutrinas pogromistas dos Cem-Negros, o forte desprezo do
czarismo pela democracia, os ódios obscuros, preconceitos e neuroses da velha
Rússia Imperial.»
-- Em 1923 havia 500 mil russos brancos
na Alemanha, mais de 400 mil em França e 90 mil na Polónia. Os russos brancos
contribuíram para fertilizar o fascismo nesses países. Um dos russos brancos
que foi para a Alemanha foi o estoniano Alfred Rosenberg que tinha estudado
arquitectura em Moscovo. Em 1921 organizou uma Conferência Internacional
Anti-Soviética e reuniu um grupo de amigos de que fazia parte o mais brutal
comandante da Guarda Branca no báltico, o general alemão Rüdiger von der
Goltz de que já falámos. Como se sabe, Rosenberg veio a ser o grande ideólogo
do partido nazi, contribuindo inicialmente para o seu financiamento. No seu
livro O Mito do Século Vinte pregou
uma cruzada da Alemanha contra a Rússia, para o que era necessário um novo
estado alemão que devia «formar uma associação de homens segundo as linhas da
Ordem Teutónica».
-- O livro Os Protocolos dos Sábios do Sião -- uma falsificação usada pela
Okrana e os Cem-Negros para fomentar e justificar o anti-semitismo --, com a
sua alegação de «uma conspiração internacional dos judeus», expandiu-se pelas
mãos dos russos brancos em traduções pela Europa e pelas Américas.
Lembremo-nos que a contra-revolução e os fascistas defendiam a tese do
marxismo como criação dos judeus [3]. Rosenberg repetia constantemente «No fundo,
todo o judeu é um bolchevique».
-- Sob a
supervisão de uma União Militar Russa, com sede em Paris – onde se
encontravam Wrangel, Denikin e Petliura --, unidades armadas de russos
brancos foram estabelecidas em toda a Europa, no Extremo Oriente e na América.
Anunciaram abertamente que estavam a preparar-se para uma nova invasão da
Rússia Soviética.
-- O governo francês fundou uma escola
de treino naval para os russos brancos em Bizerta (Tunísia), onde estacionavam
trinta navios da frota czarista com 6.000 homens. Grandes destacamentos do
Exército do Barão Wrangel foram transferidos intactos para os Balcãs. Para a
Jugoslávia foram 18.000 cossacos e o governo estabeleceu academias especiais
para treino de ex-oficiais do Exército do Czar e seus filhos. 17.000 soldados
russos brancos foram para a Bulgária. Outros milhares foram para a Grécia e a
Hungria.
-- Os russos da
Guarda Branca entrararam em massa nos serviços secretos de vários estados
imperialistas. Nos estados bálticos e balcânicos, onde grassava uma feroz
perseguição anti-comunista, vieram também a ocupar postos chave do governo.
-- O sádico
ataman Semyonov fugiu com os restos dos seus exércitos para o Japão. As suas
tropas foram reorganizadas num exército especial sob a supervisão do Alto Comando
Japonês.
-- O general Krasnov e o ataman
Skoropadsky foram para Berlim ingressando na Inteligência Militar alemã.
Assinalemos que na Alemanha a Reichswehr
era um dos principais esteios dos grupos fascistas que se constituíram nos
anos 20, fornecendo quadros e armamento aos «corpos francos» que combatiam o
operariado revolucionário.
-- Em 1920, um pequeno grupo de
imigrantes russos imensamente ricos fundaram em Paris o Torgprom (Comité de Comércio, Financeiro e Industrial da Rússia),
organização que teria um papel importante nas futuras conspirações contra a URSS.
Aos ex-banqueiros, industriais e empresários czaristas da Torgprom estavam associados interesses
britânicos, franceses e alemães. Uma declaração ofcial do Torgprom dizia: «O Comité de Comércio
e Indústria continuará a sua luta incessante contra o governo soviético,
continuará a esclarecer a opinião pública dos países cultos quanto ao
verdadeiro significado dos eventos que estão a ocorrer na Rússia e a preparar
a futura revolta em nome da liberdade e da verdade.»
-- Toda esta escória russa branca
juntou-se na Europa aos líderes intervencionistas. O general Gayda da legião
checa participou num golpe fascista na Checoslováquia em 1926 e continuou
envolvido noutras conspirações. Outro general da legião checa, Sirovy foi o
principal traidor do exército checo que abriu em 1938 as portas aos exércitos
nazis. O general britânico Knox do corpo intervencionista no nordeste russo tornou-se
um violento anti-soviético, admirador de Franco e fundador dos Amigos da Espanha Nacionalista. Foch,
Pétain, Weygand, Mannerheim, Tanaka, Hoffmann e outros generais tornaram-se
líderes de organizações anti-soviéticas e fascistas. O General Hoffmann, que
já referimos nos artigos sobe a paz de Brest-Litovsk, gizou um novo plano de
invasão da Rússia envolvendo vários estados europeus O plano era apoiado por
von Papen (o fascista que convenceu Hindenburgo a nomear Hitler chanceler),
Mannerheim, Horthy, Foch, Pétain, e o almirante Sir Barry Dornvile, chefe da
Inteligência Naval britânica.
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The
Role of the Émigré White Russians
[2]
-- With the end of the Civil War "The ruthless adventurers, the decadent
aristocrats, the professional terrorists, the bandit soldiery, the dreaded
secret police and all the other feudal and anti-democratic forces that had
constituted the White Counterrevolution now spilled out of Russia […] through
Europe and the Far East, into North and South America […] bringing with it the sadism of the
White Guard generals, the pogromist doctrines of the Black Hundreds, the
fierce contempt of Czarism for democracy, the dark hatreds, prejudices and
neuroses of old Imperial Russia."
-- In 1923 there were 500,000 White Russians in Germany, over 400,000 in
France and 90,000 in Poland. The White Russians contributed to fertilize
fascism in these countries. One of the White Russians who went to Germany was
the Estonian Alfred Rosenberg who had studied architecture in Moscow. In 1921
he organized an International Anti-Soviet Conference and assembled a group of
friends including the most brutal commander of the White Guard in the Baltic,
the German general Rüdiger von der Goltz of whom we have already spoken. As is
known, Rosenberg came to be the great ideologue of the Nazi party,
contributing initially to financing it. In his book The Myth of the Twentieth Century he preached a crusade of
Germany against Russia, which demanded a new German state in order "to form
an association of men along the lines of the Teutonic Order".
-- The book The
Protocols of the Wise Men of Zion -- a forgery used by the Okrana and the
Black-Hundred to foment and justify anti-Semitism -- with its claim of
"an international plot of the Jews" was translated and expands its
circulation throughout Europe and the Americas thanks to the services of the
White Russians. Let us recall that the counter-revolution and the fascists
defended the thesis of Marxism as a creation of the Jews [3]. Rosenberg kept
repeating, "At bottom every Jew is a Bolshevik!"
-- Under the supervision of a Russian Military Union hosted in Paris -- where
Wrangel, Denikin and Petliura were residing -- armed units of White Russians
were established throughout Europe, the Far East and America. They openly
announced that they were preparing for a new invasion of Soviet Russia.
-- The French government founded a naval
training school for White Russians in Bizerte (Tunisia), where thirty ships
of the Tsarist fleet with 6,000 men were stationed. Large detachments of the
Baron Wrangel Army were transferred intact to the Balkans. To Yugoslavia went
18,000 Cossacks and the government established special training academies for
former officers of the Tsar's Army and their sons. 17,000 white Russian
soldiers went to Bulgaria. Thousands more went to Greece and Hungary.
-- Russians of the White Guard entered
massively in the secret services of various imperialist states. In the Baltic
and Balkan states, where there was a fierce anti-communist persecution, they
also occupied key government posts.
-- The sadistic Ataman Semyonov fled with the
remains of his armies to Japan. His troops were reorganized into a special
army under the supervision of the Japanese High Command.
-- General Krasnov and the Ataman Skoropadsky
went to Berlin where they entered the German Military Intelligence. It should
be noted that in Germany the Reichswehr
was one of the main pillars of the fascist groups formed in the 1920s,
supplying cadres and armament to the "frank corps" that fought the
revolutionary working class.
-- In 1920, a small
group of immensely wealthy Russian immigrants founded in Paris the Torgprom (the Russian Trade, Finance
and Industry Committee), an organization that would play a major role in
future conspiracies against the USSR. Torgprom's
former Tsarist bankers, industrialists and businessmen were associated with
British, French, and German interests. An official statement from Torgprom read: “The Trade and
Industrial Committee will continue its unremitting struggle against the
Soviet Government, will continue to enlighten the public opinion of cultured
countries as to the true significance of the events taking place in Russia
and to prepare for the future revolt in the name of freedom and truth.”
-- All this White Russian scum joined the
interventionist leaders in Europe. General Gayda of the Czech legion
participated in a fascist coup in Czechoslovakia in 1926 and remained
involved in other conspiracies. Another general of the Czech legion, Sirovy,
was the main traitor of the Czech army opening in 1938 the frontiers to the
Nazi armies. The British general Knox of the interventionist detachment in
the Russian northeast became a violent anti-Soviet, an admirer of Franco and the
founder of the Friends of Nationalist Spain. Foch, Pétain, Weygand,
Mannerheim, Tanaka, Hoffmann and other generals became leaders of anti-Soviet
and fascist organizations. General Hoffmann, who we have already mentioned in
the articles on the peace of Brest-Litovsk, developed a new plan to invade
Russia which would involve a number of European states. The plan was endorsed
by von Papen (the fascist who persuaded Hindenburg to name Hitler
chancellor), Mannerheim, Horthy, Foch, Pétain, and Admiral Sir Barry
Dornvile, head of the British Naval Intelligence.
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Espiões e Terroristas [4]
-- O espião britânico
Sidney Reilly (ver primeiro artigo sobre a Guerra Civil) foi um dos que
ajudou a lançar o Torgprom. No
início dos anos 20 Reilly tinha posições directivas em várias firmas ligadas
aos emigrados russos e relações de amizade com Churchill e Hoffmann. Tinha
também relações com grupos clandestinos anti-soviéticos que actuavam no
território russo.
-- O membro do
partido SR, terrorista e assassino profissional Boris Savinkov (ver artigos
sobre a Guerra Civil), estava «[…] em 1924 a ser seriamente considerado pelos
círculos internos fazedores de política de Downing Street e do Quai d’Orsay
como futuro Ditador da Rússia». Savinkov era altamente apreciado por Churchill;
sobre ele disse assim no seu livro Great Contemporaries (Grandes
Contemporâneos): «[mostrava] a sabedoria de um estadista, as qualidades de um
comandante, a coragem de um herói e a resistência de um mártir». Toda a vida
de Savinkov, acrescenta Churchill, «foi dedicada à conspiração».
-- Depois de
ter servido Pilsudski em 1920 Savinkov foi para Praga. Aí, «trabalhando em
estreita colaboração com o general fascista checo Gayda, Savinkov criou uma
organização conhecida como Guarda Verde, composta em grande parte por antigos
oficiais czaristas e terroristas contra-revolucionários. Os Guardas Verdes
lançaram uma série de ataques às fronteiras soviéticas, roubando, saqueando, incendiando
quintas, massacrando trabalhadores e camponeses e assassinando funcionários
soviéticos locais. Para esta actividade Savinkov obteve a cooperação estreita
de várias agências de serviços secretos europeus.»
-- Ligado a
Savinkov actuava o grupo de Fomitchov, outro terrorista SR. O grupo de
Fomitchov, com a ajuda da Inteligência polaca, formou células secretas no
território soviético para efectuar acções de espionagem e ajudar grupos
terroristas enviados da Polónia, equipados com armas, dinheiro e documentos
forjados pelas autoridades polacas.
«Mais tarde,
numa carta ao Izvestia de 17 de Setembro
de 1924, Fomitchov descreveu as operações realizadas pelo seu grupo: “Quando
esses espiões e destacamentos voltavam dos assassinatos que haviam sido
enviados a perpetrar, eu era o intermediário entre eles e as autoridades polacas,
pois era eu que lhes entregava os documentos e material de espionagem
roubados. Foi assim que os destacamentos de Sergei Pavlovsky, Trubnikov,
Monitch, Daniel, Ivanov e outros destacamentos menores, assim como espiões e
terroristas individuais, foram enviados à Rússia soviética. Lembro-me, entre
outras coisas, de como o coronel Svezhevsky foi enviado à Rússia em 1922 com
a missão de matar Lenine.”»
-- Em 1922
Reilly apresentou Savinkov a Churchill. Este decidiu apresentá-lo ao PM
britânico Lloyd George, sendo organizada uma conferência secreta na casa de
campo do PM. Lloyd George, porém, não apoiou o trio Sidney-Savinkov-Churchill
já que, segundo ele, não existia uma «ameaça mundial comunista».
-- Reilly
viajou pela Europa procurando convencer serviços secretos e estados-maiores a
apoiar Savinkov. Veio a obter o apoio de H. Deterding que dirigia a Royal
Dutch Shell (tinha os campos de petróleo do Azerbaijão). Deterding veio a
tornar-se um grande financiador da causa anti-soviética e a associar-se à Torgprom. Mais tarde apoiou o partido
nazi. (A Royal Dutch Shell, pelas mãos do Príncipe Bernard da Holanda, foi
uma das fundadoras e é ainda hoje um esteio importante dessa Internacional
Imperialista chamada Clube Bilderberg de que já falámos .)
-- Reilly
submeteu um plano de ataque à URSS a membros dos estados-maiores europeus que
era uma variante do plano Hoffman. Envolvia acções contra-revolucionárias
seguidas de invasões militares das tropas brancas a partir da Jugoslávia,
Roménia e Polónia. A Finlândia bloquearia Leninegrado e o menchevique Noi
Jordania [5] conduziria uma revolta no Cáucaso declarando um estado
«independente» sob tutela anglo-francesa. Savinkov tornar-se-ia ditador da
Rússia. O plano foi aprovado por líderes dos estados-maiores da França,
Polónia, Finlândia e Roménia. Savinkov foi convidado a encontrar-se com
Mussolini em Roma. Mussolini ofereceu-lhe vários tipos de assistência.
-- Savinkov foi
para a Rússia com passaporte italiano em 10 de Agosto de 1924, acompanhado de
oficiais dos Guardas Verdes. Em 28 de Agosto eclodiu a revolta planeada para o
Cáucaso. Ao amanhecer, um destacamento armado de homens de Noi Jordania
atacou a cidade de Tschiatury, na Geórgia, assassinou os funcionários soviéticos
locais e tomou a cidade. Actos de terror, assassinatos e atentados ocorreram
em todo o Cáucaso. Foram feitas tentativas para capturar os campos de
petróleo. Mas, entretanto, Savinkov tinha sido preso na fronteira soviética
conforme relatado pelo Izvestia a
29 de Agosto. A insurreição no Cáucaso foi rapidamente esmagada pelos montanheses
e trabalhadores dos campos de petróleo. O New
York Times relatou em 13 de Setembro de 1924, que a revolta caucasiana
estava «a ser financiada e dirigida de Paris» por «financeiros poderosos» e «ex-proprietários
dos poços de petróleo de Baku». Alguns dias depois, os restos do exército
contra-revolucionário da Jordania foram cercados e capturados pelas tropas
soviéticas.
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Spies and Terrorists [4]
-- The British spy Sidney Reilly (see our first article on the Civil War) was
one of those who helped launching the Torgprom.
In the early 1920s, Reilly held leadership positions in various firms linked
to Russian émigrés and friendly relations with Churchill and Hoffmann. He
also had relations with clandestine anti-Soviet groups acting in the Russian
territory.
-- The member of the SR party, terrorist and professional assassin Boris
Savinkov (see our articles on the Civil War), was "[...] by 1924 being
seriously considered in the inner politics-making circles at Downing Street
and the Quai d'Orsay as the future Dictator of Russia”. Savinkov was highly
appreciated by Churchill who wrote about him in his book Great Contemporaries: "[displaying] the wisdom of a
statesman, the qualities of a commander, the courage of a hero, and the
endurance of a martyr." Savinkov's whole life, adds Churchill, "had
been spent in conspiracy."
-- Having
served Pilsudski in 1920 Savinkov moved to Prague. There, “working closely
with the Czech fascist General Gayda, Savinkov created an organization known
as the Green Guards, composed largely of former Tsarist officers and counter-revolutionary
terrorists. The Green Guards launched a series of raids across the Soviet
borders, robbing, pillaging, burning farms, massacring workers and peasants,
and murdering the local Soviet officials. In this activity Savinkov had the
close co-operation of various European secret service agencies.”
-- Another group headed by the SR
terrorist Fomitchov acted in concert with Savinkov. Fomitchov’s, group, with
the aid of the Polish Intelligence, began forming secret cells on Soviet
territory to carry on espionage work and to assist terrorist groups sent in
from Poland, equipped with arms, money and forged documents by the Polish
authorities.
“Later, in a letter to Izvestia
on September 17, 1924, Fomitchov gave this description of the operations
carried on by his group: ‘When these spies and detachments returned after the
murders which they had been sent to perpetrate, I was the intermediary
between them and the Polish authorities, for it was I who handed over to the
latter the stolen documents and espionage material. This is how the
detachments of Sergei Pavlovsky, Trubnikov, Monitch, Daniel, Ivanov, and
other smaller detachments, as well as single spies and terrorists were sent
to Soviet Russia. Among other things, I remember how Colonel Svezhevsky was
sent to Russia in 1922 with the injunction to kill Lenin’.”
--
In 1922 Reilly introduced Savinkov to Churchill. This one decided to introduce
him to the British PM Lloyd George. For that effect a secret conference in
the country house of the PM was organized. Lloyd George, however, did not endorse
the trio Sidney-Savinkov-Churchill since, according to him, there was no
"world Communist menace".
-- Reilly traveled across Europe seeking out to persuade secret services and military
staffs to give assistance to Savinkov. He succeeded in getting the support of
H. Deterding who directed the Royal Dutch Shell (he owned the oil fields of
Azerbaijan). Deterding became a major supporter of the anti-Soviet cause and an
associate of Torgprom. He later gave
his support to the Nazi party. (The Royal Dutch Shell, through the good care
of Prince Bernard of the Netherlands, was one of the founders of the Imperialist
International called Bilderberg Club, of which we have already talked about. It is
still today a major upholder of the Club.)
--
Reilly submitted a plan for the attack of the USSR to members of European military
general staffs. The plan was a variant of Hoffman’s plan. It involved counter-revolutionary
actions followed by military invasions of White troops from Yugoslavia,
Romania and Poland. Finland would block Leningrad and the Menshevik Noi
Jordania [5] would launch a revolt in the Caucasus declaring an
"independent" state under Anglo-French tutelage. Savinkov would
become dictator of Russia. The plan was approved by leaders of general staffs
of France, Poland, Finland and Romania. Savinkov was invited to meet Mussolini
in Rome. Mussolini offered him various kinds of assistance.
-- On 10 August 1924 Savinkov went to Russia with an Italian passport,
accompanied by officers of the Green Guards. On August 28 the planned
uprising in the Caucasus broke out. At dawn, an armed detachment of Noi
Jordania's men attacked the town of Tschiatury in Georgia, murdered the local
Soviet officials and seiezed the town. Acts of terror, killings and bombings took
place throughout the Caucasus. Attempts were made to seize the oil fields.
But, in the meantime, Savinkov had been arrested at the Soviet border as
reported by the Izvestia on 29
August. The insurrection in the Caucasus was quickly crushed by the
mountaineers and workers of the oil fields. The New York Times reported on September 13, 1924, that the Caucasian
uprising was "being financed and directed from Paris" by
"powerful financiers" and "former proprietors of the Baku oil
wells." A few days later the remnants of Jordania's counterrevolutionary
army were rounded up and captured by the Soviet troops.
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O Julgamento de Savinkov [6]
-- O julgamento
de Savinkov foi público. No julgamento forneceu de moto próprio muitos
detalhes desconhecidos da conspiração (vale a pena ler no livro de Sayers e
Kahn). De facto, Savinkov no julgamento procurou mostrar-se como «um patriota
russo honesto, mas mal orientado, que aos poucos se desiludira sobre o carácter
e objectivos doa seus associados». Acabou por ser condenado a 10 anos de
prisão, onde foi bem tratado [7].
-- O julgamento
de Savinkov mostrou pela primeira vez o tipo de mentiras que meios de comunicação,
líderes ocidentais e outras figuras reservariam a julgamentos públicos de
traidores da URSS. Reilly, p. ex., declarou a um jornal que «Savinkov foi
morto quando tentava atravessar a fronteira russa, e um julgamento farsa, com
um dos seus próprios agentes como actor principal, foi encenado pela Tcheka
em Moscovo a portas fechadas».
Comentam assim
Sayers e Kahn «Esta foi a primeira de muitas "explicações"
extravagantes dadas por inimigos da União Soviética durante os anos que se
seguiram à Revolução, numa tentativa de desacreditar as admissões feitas por
conspiradores estrangeiros e traidores russos nos tribunais soviéticos. Estas
“explicações” atingiram o seu pico durante os chamados julgamentos de Moscovo.»
Mais tarde
Reilly foi obrigado a admitir que Savinkov tinha sido julgado publicamente,
mas como insinuava Churchill em carta a Reilly o «patriota anti-bolchevique
Savinkov» só tinha quebrado por ter sido sujeito a terrível provação [8].
-- Veio então a
retaliação britânica. Em Outubro de 1924, o Daily Mail anunciou que a Scotland Yard havia descoberto uma
sinistra conspiração soviética contra a Grã-Bretanha: uma suposta «”Carta
Zinoviev”, com pretensas instruções enviadas por Grigori Zinoviev, o líder
russo do Comintern, aos comunistas britânicos sobre como combater os Tories
nas próximas eleições.»
«Vários anos
depois, Sir Wyndham Childs, da Scotland Yard, declarou que nunca houve
realmente nenhuma carta de Zinoviev. O documento era uma falsificação. Emanou
originalmente do escritório de Berlim do coronel Walther Nicolai, ex-chefe da
Inteligência Militar Alemã Imperial, que agora trabalhava de perto com o
Partido Nazi. Sob supervisão de Nicolai, um Guarda Branco do Báltico, chamada
Baron Uexkuell, que mais tarde lideraria um serviço de imprensa nazi,
estabeleceu na capital alemã um departamento especial de confecção de
documentos anti-soviéticos.» H. Deterding esteve envolvido na introdução da carta
forjada no Ministério das Relações Externas britânico.
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The Trial of Savinkov [6]
-- Savinkov's trial was open to the public. At the trial Savinkov provided of
his own accord many unknown details of the conspiracy (they are worth reading
in Sayers and Kahn's book). In fact, Savinkov tried to portray himself at the
trial as “an honest
but misguided Russian patriot who had been gradually disillusioned in the
character and aims of his associates». He ended up being sentenced to 10
years in prison where he was well treated [7].
-- Savinkov's trial showed for
the first time the kind of lies that the media, the Western leaders and other
figures would reserve to public trials of traitors to the USSR. Reilly, for instance,
told in a newspaper that “Savinkov was killed while attempting to cross the Russian frontier,
and a mock trial, with one of their own agents as chief actor, was staged by
the Cheka in Moscow behind closed doors”.
Sayers
and Kahn comment as follows: “This was the first of many extravagant ‘explanations’
given by enemies of the Soviet Union during the years following the
Revolution in an attempt to discredit the admissions made by foreign
conspirators and Russian traitors in Soviet courts of law. These ‘explanations’
reached their peak during the so-called Moscow Trials.”
Later,
Reilly was forced to admit that Savinkov had been tried publicly, but as
Churchill insinuated in a letter to Reilly “the anti-Bolshevik patriot”
Savinkov had broken only by being subject to a terrible ordeal [8].
-- Then
came the British retaliation. In October, 1924, the Daily Mail announced
that the Scotland Yard had uncovered a sinister Soviet plot against Britain:
an alleged “’Zinoviev Letter’ purporting to be instructions sent by Grigori
Zinoviev, the Russian Comintern leader, to the British Communists on how to
combat the Tories in the coming election.
“Several years later, Sir Wyndham
Childs of Scotland Yard stated that there had never really been any letter by
Zinoviev. The document was a forgery. It had originally emanated from the
Berlin office of Colonel Walther Nicolai, former head of the Imperial German
Military Intelligence, who was now working closely with the Nazi Party. Under
Nicolai’s supervision, a Baltic White Guard named Baron Uexkuell, who was
later to head a Nazi press service, had established in the German capital a
special bureau for forging anti-Soviet documents.”
H.
Deterding had been involved in the actual introduction of the forged Zinoviev
Letter to the British Foreign Office.
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Conspirações Urdidas nos EUA [9]
-- Reilly foi
para os EUA no Outono de 1924 organizando aí, conjuntamente com russos
brancos, grupos de apoio à sua Liga Internacional Anti-Bolchevique. «Vastas
quantidades de propaganda anti-soviética logo saíram do escritório de Reilly sendo
enviadas por todos os Estados Unidos para editores influentes, colunistas,
educadores, políticos e empresários. Reilly fez uma tournée de palestras pelo país para informar o público sobre “a ameaça
do bolchevismo e seu perigo para a civilização e comércio mundial”. Manteve
várias “conversações confidenciais” com pequenos grupos selectos de gente de
Wall Street e ricos industriais em várias cidades americanas». A propaganda
tinha uma componente anti-semita com grande divulgação dos Protocolos do Sião.
-- Um dos
grandes apoiantes de Reilly, financiador do anti-semitismo e da cruzada
anti-bolchevique, foi o conhecido magnata da indústria automóvel Henri Ford.
Ford fundou um jornal, o Dearborn Independent, e estabeleceu na Ford
Motor Company uma organização específica para espalhar o anti-semitismo e
alertar todo o país contra a ameaça comunista. A organização investigava e colocava
em listas negras todos que não eram do seu agrado, incluindo o ex-presidente
Woodrow Wilson.
-- Mais tarde
H. Ford abraçou o fascismo e foi um grande apoiante e financiador do partido
nazi e admirador de Hitler [10].
-- A carreira
de Reilly terminou quando tentou entrar clandestinamente na URSS pela
fronteira finlandesa a fim de se juntar a grupos contra-revolucionários em
Leninegrado. O Izvestia noticiou: «Na
noite de 28-29 de Setembro [1925], quatro contrabandistas tentaram passar a
fronteira finlandesa do que resultou que dois foram mortos, um soldado
finlandês foi feito prisioneiro e o quarto ficou tão gravemente ferido que morreu
...»
Só alguns dias
depois as autoridades soviéticas identificaram o «contrabandista» que tinham
matado. Quando o fizeram, anunciaram formalmente a morte de Sidney Reilly do
Serviço Secreto Britânico.
|
Conspiracies Made in the USA [9]
-- In the autumn of
1924 Reilly went to the United States where he jointly organized with white
Russians support groups for his International Anti-Bolshevik League. «Vast quantities of anti-Soviet
propaganda were soon emanating from Reilly’s office and being mailed
throughout the United States to influential editors, columnists, educators,
politicians and businessmen. Reilly undertook a cross-country lecture tour to
inform the public of the “menace of Bolshevism and its threat to civilization
and world trade.” He held a number of “confidential talks” with small, select
groups of Wall Street men and wealthy industrialists in a number of American
cities." The propaganda had
an anti-Semitic component with the great dissemination of the Protocols of Zion.
-- One of Reilly's great supporters, financier of anti-Semitism and of the
anti-Bolshevik crusade, was the well-known automotive tycoon Henri Ford. Ford
founded a newspaper, the Dearborn
Independent, and established at Ford Motor Company a specific
organization to spread anti-Semitism and alert the whole country against the
communist threat. The organization blacklisted all those who were considered
a liability, including former President Woodrow Wilson.
-- Later H. Ford embraced fascism and was a great supporter and financier of
the Nazi party and an admirer of Hitler [10].
-- Reilly's career ended when he tried to clandestinely enter the USSR across
the Finnish border in order to join counterrevolutionary groups in Leningrad.
Izvestia published: “The night of September
28-29, four contrabandists tried to pass the Finnish frontier with the result
that two were killed, one, a Finnish soldier, taken prisoner and the fourth
so badly wounded that he died....”
Not until
several days later did the Soviet authorities identify the “contrabandist”
they had killed. When they had done so, they formally announced the death of
Sidney Reilly of the British Secret Intelligence Service.
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Novas Conspirações [11]
-- Como era de
esperar, o fim de Reilly e Savinkov não puseram fim aos ataques contra a URSS.
De facto, o esmagamento da URSS era vital para os imperialistas. Tal como
ainda é hoje considerado vital pelos imperialistas o esmagamento de todo e
qualquer socialismo e toda e qualquer afirmação de soberania contrária aos
interesses imperialistas. Nos finais dos anos 20 as forças anti-soviéticas
começaram a adquirir um tom abertamente fascista, que se aprofunda nos anos
30 e subjaz a toda a política imperialista da França, GBR e EUA para
«apaziguar» Hitler. Para, efectivamente, açular a Alemanha nazi contra a
URSS.
-- De 1924 a
1926 prosseguem os contactos a nível governamental para renovar planos de
atacar a URSS. Esses planos são defendidos pelo presidente francês, Poincaré,
por Hoffman, que realiza uma série de conferências para generais e
empresários próximos dos nazis, e por membros conservadores do parlamente
inglês e militares britânicos.
-- Em Maio se
1927 a polícia e serviços secretos britânicos invadiram e vandalizaram a
organização de comércio soviético em Londres com o pretexto de se apoderarem
de «documentos incriminadores». Nenhuns foram encontrados. Apesar disso, o
governo conservador britânico quebrou todas as relações com a URSS. Noutras
capitais ocorreram ataques a representações soviéticas. O embaixador
soviético em Varsóvia foi assassinado. Em Leninegrado foram lançadas bombas a
uma reunião do PCR(b). Por «coincidência» (?) durante 1927 o movimento
oposicionista de Trotsky dentro da URSS preparava-se para derrubar o governo
soviético. Um putsch trotskista foi tentado em 7 de Novembro de 1927. Vários
seguidores de Trotsky foram presos. Trotsky foi exilado.
-- Por esta
altura o marechal Foch enviou uma carta a Arnold Rechberg, um dos principais
promotores do movimento nazi na Alemanha, dizendo: «Eu não sou tolo o
suficiente para acreditar que se pode deixar um punhado de tiranos criminosos
governar mais de metade do continente e vastos territórios asiáticos, mas
nada pode ser feito enquanto a França e a Alemanha não estiverem unidas. Peço-lhe
que transmita as minhas saudações ao general Hoffmann, o grande protagonista
da aliança militar anti-bolchevique». Weygand e Pétain comungavam destes
«ideais» de Foch. Não admira por isso que viessem a trair os trabalhadores
franceses e a colaborar com os Nazis.
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New Conspiracies [11]
-- As expected, the end of Reilly and Savinkov did not put an end to the
attacks against the USSR. In fact, the crushing of the USSR was vital to the
imperialists. As is still today considered vital by the imperialists, the
crushing of any and all socialism of any and all stance of sovereignty
countering imperialist interests. In the late 1920s the anti-Soviet forces
began to take on an openly fascist tone, which deepened all along the 1930s
and underlies the whole imperialist policy of France, GBR and the US to
"appease" Hitler. To, effectively, incite Nazi Germany against the
USSR.
-- From 1924 to 1926 contacts at government level progressed having in view
to renew plans of attacking the USSR. These plans were defended by French
President Poincaré, by Hoffman who held a series of conferences for generals
and businessmen close to the Nazis, and by the conservative members of the
English Parliament and British military.
-- In May 1927 the British police and secret services invaded and vandalized
the Soviet trade organization in London under the pretext of seizing
"incriminating documents". None were found. Despite this, the
British conservative government broke all relations with the USSR. In other
capitals attacks on Soviet representations took place. The Soviet emissary in
Warsaw was murdered. In
-- By this time Marshal Foch sent a letter to Arnold Rechberg, one of the
main promoters of the Nazi movement in Germany, saying: "I am not
foolish enough to believe that one can leave a handful of criminal tyrants to
rule over more than half the continent and over vast Asiatic territories. But
nothing can be done so long as France and Germany are not united. I beg you
to convey my greetings to General Hoffmann, the great protagonist of the anti-Bolshevist
military alliance." Weygand and Petain shared these "ideals" of
Foch. No wonder they came to betray the French workers and collaborate with
the Nazis.
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Milionários e Sabotadores [12]
-- No Outono de
1928 teve lugar em Paris uma reunião secreta de importantes milionários
russos do Torgprom com dois russos
que dirigiam uma organização secreta de espionagem-sabotagem: o professor
Leonid Ramzin, um notável cientista russo, director do Instituto Termo-Técnico
de Moscovo e membro do Supremo Conselho Económico Soviético, e Victor
Laritchev, presidente da Secção de Combustíveis da Comissão de Planeamento
Estatal da URSS.
-- A organização liderada por Ramzin e
Laritchev chamava-se Partido Industrial. «Composto principalmente por elementos
da antiga intelectualidade técnica russa que compreendia uma pequena classe
privilegiada sob o Czar, o Partido Industrial reclamava ter aproximadamente
dois mil membros secretos. A maioria deles possuía importantes cargos
técnicos do estado soviético. Financiados e dirigidos pelo Torgprom, os membros do Partido
Industrial desenvolviam actividades de danificação e espionagem da indústria
soviética». As acções de sabotagem abrangiam várias indústrias e envolviam
vários métodos: retardamento da produção; criação de desproporções produtivas
entre ramos e secções; congelamento de investimentos em sectores chave que
levavam a baixar o nível de vida semeando descontentamento na população.
-- Na
Conferência foi anunciado um ataque à URSS [13] a ter lugar no verão de 1929
ou de 1930. A Conferência discutiu as possibilidades de Ramzin e Laritchev
organizarem apoio militar ao ataque imperialista.
-- De Paris Ramzin deslocou-se a Londres
para se encontrar com representantes da Royal Dutch Shell e da Metro-Vickers,
um grande fabricante inglês de equipamento eléctrico. Ramzin foi informado de
que a Inglaterra daria apoio financeiro e diplomático, bem como apoio naval
durante o ataque. Entretanto, dinheiro da Torgprom
foi enviado da França para agentes em Moscovo.
-- Um milionário russo emigrado, Riabutchinsky,
membro do Torgprom, estava
exultante com a perspectiva do ataque, enumerando num jornal da emigração
russa «os muitos benefícios “de negócio” que resultariam da invasão da
Rússia. Uma economia russa próspera controlada por
homens como ele, afirmou, resultaria “no afluxo anual para o sistema
económico europeu de tal riqueza, na forma de uma procura de vários tipos de
produtos,” que o resultado poderia muito bem ser a “eliminação do
exército de cinco milhões de desempregados da Áustria, Alemanha e
Grã-Bretanha”». Sobre os custos do ataque comentava: «Ao gastar mil milhões
de rublos a humanidade receberá um retorno não inferior a cinco mil milhões,
ou seja, quinhentos por cento ao ano, com a perspectiva de um novo aumento na
taxa de lucro a cada ano de outros cem ou duzentos por cento. Onde se poderia
fazer melhor negócio?»
-- O planeado ataque à URSS só não veio
a ter lugar porque havia dissensões no campo imperialista sobre esferas de
influência e porque em 1929 rebentou uma das maiores crises do capitalismo.
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Millionaires and Saboteurs [12]
-- In the autumn of 1928 a secret meeting took place in Paris attended by
important Russian millionaires of Torgprom and two Russians
who ran a secret epionage-sabotage organization: Professor Leonid Ramzin, an
outstanding Russian scientist, Director of the Moscow Thermo-Technical
Institute, and a member of the Soviet Supreme Economic Council, and Victor
Laritchev, Chairman of the Fuel Section of the State Planning Commission of
the USSR.
-- The organization led by Ramzin and Laritchev was called Industrial Party “Composed mainly of elements of the
old Rus-sian technical intelligentsia who had comprised a small privileged
class under the Czar, the Industrial Party claimed approximately two thousand
secret members. Most of them held important Soviet technical posts. Financed
and directed by the Torgprom, these
Industrial Party members were carrying on wrecking and spying activities in
Soviet industry.”
The sabotage actions covered several industries and involved several methods:
delayed production; creation of productive disproportions between branches
and between sections; freezing investments in key sectors which lowered the
standard of living and sowed discontent among the population.
-- At the Conference an
attack on the USSR to take place during the summer of 1929 or 1930 was
announced [13]. The Conference discussed the possibilities for Ramzin and
Laritchev to organize military support for the imperialist attack.
-- De Paris Ramzin traveled to London to meet with representatives of the Royal
Dutch Shell and Metro-Vickers, a major British manufacturer of electrical
equipment. Ramzin was informed that Britain would provide financial and
diplomatic support as well as naval support during the attack. In the meantime
Torgprom money was sent from France
to agents in Moscow.
-- An émigré Russian
millionaire, Riabuchinsky, was overjoyed at the prospect of the attack by
listing in a Russian émigré newspaper "the many ‘business’ benefits that would result from
the invasion of Russia. A thriving Russian economy controlled by men like
himself, he asserted, would result in ‘the annual influx into the European
economic system of such wealth, in the form of a demand for various types of
goods,’ that the result might well be ‘the wiping out of the five-million
strong army of unemployed of Austria, Germany and Great Britain.’" On the costs of the
attack he commented: "By spending one billion rubles mankind will receive a return of not
less than five billions, i.e., five hundred per cent per annum, with the
prospect of a further increase in the rate of profit every year by another
hundred or two hundred per cent. Where could you do better business?”
-- The only reasons why the planned
attack on the USSR didn’t take place were the dissensions in the imperialist
camp about spheres of influence and because in 1929 one of the biggest crises
of capitalism broke out.
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Três Julgamentos [14]
-- Em Outubro
de 1930 Ramzin e outros sabotadores do Partido Industrial foram presos. O
julgamento de oito acusados do Partido Industrial teve lugar no Supremo
Tribunal Soviético em Moscovo em 25 de Dezembro de 1930. Confrontados com as
provas apresentadas os acusados não tiveram outro remédio senão reconhecer a sua
culpa dando detalhes e implicando Henri Deterding, o Coronel Joinville,
Raymond Poincaré e outros eminentes europeus, militares, estadistas e homens
de negócios que tinham apoiado o Partido Industrial e o Torgprom.
Cinco dos
acusados incluindo Ramzim e Laritchev foram condenados à morte por traição;
os outros três a 10 anos de prisão. Tendo os cinco condenados à morte pedido
um indulto, foi-lhes concedido. Ramzin veio a reabilitar-se [15].
-- Note-se que
nesta altura Estaline era Secretário-Geral do PCTU(b) (o novo nome do PCR(b))
eleito pelo CC no 13.º Congresso.
-- Em Março de
1931 teve lugar no Supremo Tribunal Soviético o chamado Julgamento dos
Mencheviques. Tratava-se de 14 mencheviques acusados de vários crimes de
sabotagem em colaboração com o Partido Industrial. Um deles, Groman, «tinha alcançado
uma alta posição na agência de planeamento industrial soviética (Gosplan) e
tentado sabotar etapas do primeiro Plano Quinquenal, elaborando estimativas
incorrectas e reduzindo as metas de produção em indústrias vitais».
Entre 1928 e
1930, o "Bureau de Toda a União", que era o Comité Central da
organização secreta dos mencheviques, recebeu um total de aproximadamente 500.000
rublos de fontes estrangeiras. O maior contribuinte foi a Torgprom, mas outros grupos
anti-soviéticos também fizeram doações consideráveis aos conspiradores e
mantiveram contacto próximo com eles. De acordo com os réus, a principal
ligação entre os círculos anti-soviéticos estrangeiros foi o ex-líder
menchevique russo Raphael Abromovitch, que havia fugido para a Alemanha».
Foram condenados a sentenças entre 1 e 10 anos de prisão.
A Segunda Internacional denunciou o
julgamento dos mencheviques como «perseguição política» pela «ditadura
burocrática» de Estaline. Abromovitch emitiu uma declaração negando que
tivesse viajado pela União Soviética e participado aí em conferências
secretas. Admitiu, no entanto, que «existia uma organização ilegal activa do
nosso Partido, cujos representantes ou membros individuais estão em
comunicação por carta e do ponto de vista da organização com a nossa
delegação estrangeira em Berlim».
-- Em 11 de
Março de 1933 o governo soviético desferiu o golpe final contra a Torgprom, prendendo seis britânicos e
dez russos, funcionários da agência moscovita da Metro-Vickers que vendia à
URSS turbinas e equipamento eléctrico. Eram acusados de espionagem e
sabotagem em nome do Serviço Britânico de Inteligência. O chefe da Vickers em
Moscovo, C. S. Richards, saíra apressadamente para a Inglaterra pouco antes
das prisões. Era um agente britânico desde a operação Arcangel em 1917. Entre
os presos estava Allan Monkhouse, lugar-tenente de Richards.
-- No
julgamento (12 a 18 de Abril) Monkhouse declarou-se inocente das acusações em
causa mas admitiu que tinha sido associado de Richards na operação Arcangel.
Outros presos britânicos, L. Thornton e W. MacDonald, reconheceram a
espionagem e sabotagem e forneceram detalhes. Dos seis presos britânicos, um
foi ilibado por evidência insuficiente, Monkhouse e outros dois foram deportados,
Thornton e MacDonald, condenados respectivamente a 2 e 3 anos de prisão,
foram pouco depois enviados para Inglaterra. Dos cúmplices russos, um foi
ilibado e os outros tiveram penas de 3 a 10 anos de prisão.
-- Os presos
britânicos declararam depois que tinham sido bem tratados, sem sofrer
qualquer coerção do OGPU (serviços secretos soviéticos). Monkhouse, p. ex.,
declarou a um jornal londrino: «Foram extraordinariamente gentis comigo e
extremamente razoáveis nos seus interrogatórios. Os meus examinadores
pareciam homens de primeira linha que conheciam a sua profissão. A prisão
OGPU é a última palavra em eficiência, inteiramente limpa, ordeira e bem
organizada. Esta é a primeira vez que sou preso, mas já visitei prisões
inglesas e posso atestar que os quartos da OGPU são muito superiores [...] Os
funcionários da OGPU [...] demonstraram toda a preocupação com o meu conforto».
-- O
procurador-geral Vyshinsky procurou claramente apurar a verdade. Por exemplo,
a dada altura Thornton retratou-se da sua confissão assinada de culpa,
dizendo em tribunal que os factos que tinha escrito eram substancialmente
correctos mas que a palavra «espião» era incorrecta e escrita por estar
excitado. Tendo admitido em tribunal que o que tinha escrito era «por vontade
própria» e «sem qualquer pressão ou coerção» seguiu-se então o seguinte
diálogo no tribunal:
VYSHINSKY: Nada foi distorcido?
THORNTON: Não, o senhor não distorceu
nada.
VYSHINSKY: Mas talvez Roginsky [o
Assistente do Procurador] tenha feito?
THORNTON: Não.
VYSHINSKY: Talvez a OGPU tenha
distorcido?
THORNTON: Não, eu assinei isso por minha
própria mão.
VYSHINSKY: E com a sua cabeça? Quando
estava a escrever estava a avaliar e a pensar?
THORNTON: (Não responde.)
VYSHINSKY: E que cabeça está a pensar
por si agora?
THORNTON: Agora sinto diferente.
-- Apesar da
correcção do julgamento público da Metro-Vickers, tal como já acontecera
aquando dos julgamentos de Savinkov, do Partido Industrial e dos
mencheviques, os media e líderes políticos ocidentais não pouparam palavras
para difamar os julgamentos. «O London
Times falava de “um tribunal lotado, subserviente aos seus perseguidores”.
O Observer de 16 de Abril descreveu
o julgamento como "Uma provação conduzida em nome da justiça, mas sem
qualquer semelhança com qualquer processo judicial que a civilização conheça".
O Daily Express de 18 de Abril
descreveu assim o promotor soviético Vyshinsky: "O russo de cabelo cor
de cenoura e cara vermelha cuspiu insultos ... martelava na mesa”. O Evening Standard naquela mesma semana
descreveu o Conselheiro de Defesa Soviético Braude como "o tipo de judeu
que se poderia encontrar em qualquer noite na Shaftsbury Avenue". Foi
dado a entender ao público britânico que nenhum julgamento genuíno dos
acusados estava a decorrer, e que os engenheiros britânicos estavam a ser
submetidos às mais terríveis torturas para extrair deles admissões de culpa.
O Daily Express de 20 de Março noticiou:
“Os nossos compatriotas estão a sofrer os horrores de uma prisão russa!” O Times, de 17 de Abril, declarou: “Sente-se
grande ansiedade sobre o que está a acontecer na prisão ao Sr. MacDonald nos
intervalos das sessões do tribunal. Os que há muito conhecem os métodos tchekistas
acreditam que a sua vida está em perigo.” O Daily Mail de Lord Rothermere, que em poucos meses se tornaria
órgão semi-oficial do Partido Fascista Britânico de Sir Oswald Mosley, contou
aos seus leitores sobre uma estranha “droga tibetana” que estava a ser usada
pela OGPU para minar a força de vontade das suas "vítimas".»
-- Vemos,
portanto, que muitas das mentiras e difamações lançadas mais tarde sobre os
julgamentos de Moscovo de 1936-38 já tinham sido inventadas desde os
primeiros julgamentos públicos dos sabotadores, conspiradores e traidores em
1930-33, incluindo a misteriosa droga oriental que tinha o poder de extrair
confissões dos acusados.
* * *
Nos anos 30 e
sob o efeito da grande crise capitalista os ataques imperialistas contra a
URSS seriam conduzidos por meios mais sinistros, já com a clara marca da
agressão nazi-fascista que desembocaria na 2.ªGM.
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Three Trials [14]
-- In October 1930 Ramzin and other saboteurs of the Industrial Party were
arrested. The trial of eight indicted members of the Industrial Party took
place at the Soviet Supreme Court in Moscow on December 25, 1930. Faced with
the evidence presented the indicted had no choice but to acknowledge their
guilt supplying details and implying Henri Deterding, Colonel Joinville, Raymond
Poincaré and other eminent European soldiers, statesmen and businessmen who
had backed the Industrial Party and the Torgprom.
Five of the accused including
Ramzim and Laritchev were sentenced to death for treason; the other three to
10 years in prison. The five men condemned to death asked for a pardon, and it
was granted them. Ramzin came to rehabilitate himself [15].
-- Note that at this time
Stalin was General Secretary of the AUCP(B) (the new name of the RCP(B))
elected by the CC at the 13th Congress.
-- In March 1931 the so-called Menshevik Trial took place in the Soviet
Supreme Court. These were 14 Menshevik charged of various sabotage crimes in
collaboration with the Industrial Party. One of them, Groman, “had secured a high position in the
Soviet industrial planning bureau (Gosplan), and had tried to sabotage phases
of the first Five-Year Plan by drawing up incorrect estimates and lowering
production goals in vital industries.”
Between 1928 and 1930 the
“All-Union Bureau,” which was the Central Committee of the secret Menshevik
organization, received a total of approximately 500,000 rubles from foreign
sources. The largest contributor was the Torgprom,
but other anti-Soviet groups also made sizable donations to the conspirators
and maintained close contact with them. According to the defendants, their
chief liaison with the foreign anti-Soviet circles had been the former
Russian Menshevik leader Raphael Abromovitch, who had fled to Germany”. They were sentenced to between 1 and 10 years in
prison.
The
Second International denounced the trial of the Mensheviks as “political
persecution” by Stalin’s “bureaucratic dictatorship.” Abromovitch issued a
statement denying that he had travelled to the Soviet Union and participated
in secret conferences there. He admitted, however, that “there has been an
illegally active organization of our Party there, whose representatives or
individual members are in communication by letter and from the point of view
of organization with our foreign delegation in Berlin.”
-- On March 11, 1933, the
Soviet government struck the final blow against Torgprom, arresting six British and ten Russians, employees of
the Moscow agency of Metro-Vickers which sold turbines and electrical
equipment to the USSR. They were accused of espionage and sabotage on behalf
of the British Intelligence Service. The Vickers chief in Moscow, C. S.
Richards, had hurriedly left for England shortly before the arrests. He was a
British agent since the Archangel operation in 1917. Among the prisoners was
Allan Monkhouse, an aide of Richards.
-- At the trial (April 12-18), Monkhouse pleaded not guilty to the charges
but admitted that he had been an associate of Richards in the Archangel
operation. Other British prisoners, L. Thornton and W. MacDonald, recognized
the espionage and sabotage and provided details. Of the six British
prisoners, one was cleared on grounds of insufficient evidence, Monkhouse and
two others were deported, Thornton and MacDonald received sentences respectively
of 2 and 3 years imprisonment, but were soon sent to England. Of the Russian
accomplices, one was cleared and the others were sentenced to 3 to 10 years
in prison.
-- The British prisoners later stated that they
had been treated well without being coerced by the OGPU (Soviet secret
services). Monkhouse, for instance, told a London newspaper: “They were
extraordinarily nice to me and exceedingly reasonable in their questioning.
My examiners seemed first-rate men who knew their job. The OGPU prison is the
last word in efficiency, entirely clean, orderly and well organized. This is
the first time that I have ever been arrested, but I have visited English
prisons and can attest that the OGPU quarters are much superior [...] OGPU
officials [...] showed every concern for my comfort.”
-- The Attorney General
Vyshinsky has clearly sought to ascertain the truth. For example, at one
point Thornton recanted his signed guilty plea, saying in court that the
facts he had written were substantially correct, but that the word
"spy" was incorrect and written because he was excited. Having
admitted in court that what he had written was “of his own free will' and “without
any pressure or coercion” the following dialogue then followed in court:
VYSHINSKY: Nothing was distorted?
THORNTON: No, you did not change
anything.
VYSHINSKY: But perhaps [Assistant
Prosecutor] Roginsky did?
THORNTON: No.
VYSHINSKY: Perhaps the OGPU
distorted it?
THORNTON: No, I signed it with my
own hand.
VYSHINSKY: And with your head?
When you were writing did you consider and think?
THORNTON: (Does not reply.)
VYSHINSKY: And whose head is thinking
for you now?
THORNTON: At present I feel
different.
-- In spite of the
correctness of the Metro-Vickers's public trial, and as had happened with the
trials of Savinkov, Industrial Party and Mensheviks, the Western media and
political leaders spared no words to slander the trials. "The London Times spoke of ‘a crowded
court, subservient to its persecutors’; the Observer of April 16 described the trial as ‘an ordeal conducted
in the name of justice, but without any resemblance to any judicial process
known to civilization.’ The Daily
Express on April 18 described the Soviet prosecutor Vyshinsky as ‘The
Russian with carrot-colored hair and red face spat insults ... hammered on
the table.’ The Evening Standard of
that same week described the Soviet Defense Adviser Braude as ‘the type of a
Jew who could be found any night on Shaftsbury Avenue.’ The British public
was given to understand that no genuine trial of the accused was taking
place, and that the British engineers were being subjected to the most terrible
tortures to demand of them the admission of their guilt. The Daily Express of March 20 stated: ‘Our compatriots are
suffering the horrors of a Russian prison!’ The Times, on April 17, stated: ‘Great anxiety is felt about what
is happening to Mr. MacDonald in the prison between the sittings of the Court.
Those long acquainted with the Chekist methods think his life is in danger.’ Lord
Rothermere's Daily Mail, who in a
few months would become the semi-official organ of the British Fascist Party
of Sir Oswald Mosley, told his readers about a strange ‘Tibetan drug’ which
was being used by the OGPU to sap the will power of their ‘victims’."
-- We thus see that many of
the lies and slanders later cast upon the Moscow trials of 1936-38 had
already been invented since the first public trials of saboteurs,
conspirators and traitors in 1930-33, including the mysterious Oriental drug
that had the power to force confessions out of the accused.
* * *
In the 1930s and under the effect of the great capitalist crisis the
imperialist attacks against the USSR would be conducted by more sinister
means, with the clear mark of the Nazi-fascist aggression that would lead to WWII.
|
Notas | Notes
1. Michael
Sayers and Albert E. Kahn, The Great Conspiracy Against Russia, Boni & Gaer Inc., Publishers, N.Y.,
1946. O
livro pode obter-se do Internet Archive.
Sobre os autores e
sua fiabilidade ver a nota 1 do nosso primeiro artigo sobre a guerra civil da Rússia.
Michael
Sayers and Albert E. Kahn, The Great
Conspiracy Against Russia, Boni & Gaer Inc., Publishers, N.Y., 1946.
The book can be downloaded from the Internet Archive.
About the authors and their reliability see note 1 of our first article on the civil war of Russia.
2. De Sayers e
Kahn: «Os materiais sobre a história pouco conhecida e extraordinária do grande
êxodo dos derrotados exércitos Brancos da Rússia Soviética podem encontrar-se
em The White Armies of Russia de George Stewart (N.Y., The
Macmillan Company, 1933) e nas memórias escritas por alguns dos envolvidos,
Wrangel, Denikin, Krasnov, etc. Um
relato completo do estabelecimento, carácter e composição do Torgprom pode ser encontrado em Wreckers on Trial, A Record of the Trial of
the Industrial Party, held in Moscow,
November–December, 1930 (N.Y., Workers Library Publishers, 1931). O relato mais interessante e completo do
desenvolvimento inicial da ideologia nazi e do papel de Alfred Rosenberg e seus
associados da Rússia Branca está contido em Der
Fuehrer, de Konrad Heiden (Boston, Houghton Mifflin Company, 1944). Os
autores também devem a Heiden A History
of National Socialism (N.Y., Alfred A, Knopf, 1935) e National Socialism, um documento publicado pelo Departamento de
Estado dos EUA (Washington, Government Printing Office, 1943).
O papel
desempenhado pelo general Max Hoffmann nas conspirações imperialistas russas
brancas e alemãs que precederam e conduziram ao triunfo do nazismo é
brilhantemente exposto em Hitler Over Russia? de Ernst Henri (N.Y.,
Simon e Schuster, 1936). Os
autores também consultaram The War of Lost Opportunities (N.Y.,
International Publishers, 1925) e War Diaries and other Papers (London,
M. Lecker, 1929) e o famoso diário diplomático do Embaixador Britânico Lord
D'Abernon, The Diary of an Ambassador: Versailles
to Rapallo ,
1920–1922, 1920-1922 (N.Y., Doubleday, Doran and Company, 1929).
Material
adicional valioso sobre a colaboração do nazismo inicial com os emigrados
russos brancos pode ser encontrado em The Brown Network (N.Y., Knight
Publications, Inc., 1936).»
From Sayers and Kahn: “Material on
the little-known and extraordinary story of the great exodus of the defeated
White armies from Soviet Russia may be found in George Stewart’s The White
Armies of Russia (New York, The Macmillan Company, 1933) and in the memoirs
written by some of the persons involved, Wrangel, Denikin, Krasnov, etc.
A full account of the establishment,
character and composition of the Torgprom may be found in Wreckers on Trial,
A Record of the Trial of the Industrial Party, held in Moscow,
November–December, 1930 (New York, Workers Library Publishers, 1931).
The most interesting and complete
account of the early development of Nazi ideology and the role of Alfred
Rosenberg and his White Russian associates is contained in Konrad Heiden’s Der
Fuehrer (Boston, Houghton Mifflin Company, 1944). The authors are also
indebted to Heiden’s A History of National Socialism (New York, Alfred
A, Knopf, 1935) and National Socialism, a document published by the U.
S. State Department (Washington, Government Printing Office, 1943).
The part played by General Max
Hoffmann in the White Russian and German imperialist conspiracies which
preceded and led up to the triumph of Nazism is brilliantly expounded in Ernst
Henri’s Hitler Over Russia? (New York, Simon and Schuster, 1936). The
authors have also consulted Hoffmann’s The War of Lost Opportunities (New
York, International Publishers, 1925) and War Diaries and other Papers (London,
M. Lecker, 1929) and the famous diplomatic diary of the British Ambassador Lord
D’Abernon, The Diary of an Ambassador: Versailles to Rapallo, 1920–1922 (New
York, Doubleday, Doran and Company, 1929).
Additional
valuable material on the collaboration of early Nazism with the White Russian émigrés
may be found in The Brown Network (New York, Knight Publications,
Inc., 1936).
3. Ver a este
propósito a nota 103 do nosso quarto artigo sobe a guerra civil da Rússia.
See in
this regard note 103 of our fourth article on the civil war of Russia.
4. De Sayers e Kahn: «O material sobre as actividades
do capitão Sidney Reilly e sua esposa, incluindo o diálogo e as cartas citadas
neste capítulo, foi tirado das memórias da Sra. Reilly […]
Para a nossa descrição da
personalidade e carreira de Boris Savinkov, baseámo-nos nas Memoirs of a
Terrorist de Savinkov (N.Y., A. C. Boni, 1931); Aseff, the Spy de
Boris Nikolajewsky N.Y., Doubleday, Doran e C.a, 1934); e no vívido e sincero
esboço biográfico de Savinkov escrito por Winston Churchill em Great
Contemporaries (N.Y., G. P. Putnam’s Sons, 1937) […].
A descrição do ajudante
de Savinkov, Fomitchov, sobre a organização de células terroristas
anti-soviéticas financiadas e armadas pelo Serviço de Inteligência polaco provém
da carta de Fomitchov de 17 de Setembro de 1924 ao Izvestia, conforme reimpresso na edição de 2 de Outubro de 1924 da International
Press Correspondence (Edição Inglesa, Vol. 4, No. 70, Viena).
Para um relato completo e
esclarecedor da guerra secreta travada neste período pelos interesses
internacionais do petróleo contra o governo soviético, ver The Most Powerful
Man in the World de Glyn Roberts (N.Y., Covici-Friede, 1938). O livro de
Roberts, uma biografia de Sir Henri Deterding, dedica considerável atenção à
cruzada de Deterding contra a Rússia Soviética; e traça a influência de
Deterding através de notórios incidentes anti-soviéticos na política britânica
como o Arcos Raid, Zinoviev Letter, etc.
Material adicional sobre
a atitude dos interesses petrolíferos em relação à Rússia soviética pode ser
encontrado em Francis Delaisi Oil: Its Influence on Politics (Londres,
Editora do Trabalho, 1922) e The Politics
of Oil, de R. Page Arnot (Londres, Editora de Trabalho, 1924). Há também
numerosas referências ao assunto nos relatórios do Times de Londres, Morning
Post, Daily Mail e New York Times sobre as negociações nas
conferências económicas de Génova e Haia do período 1922-1924. Uma imagem
interna das intrigas e dos interesses do petróleo durante este período pode ser
encontrada em Dreaded Hour de George
Hill (London, Cassell & Company, Ltd., 1936).
Um relato detalhado da insurreição de Noi Jordania no Cáucaso, incluindo
citações de comunicações secretas entre os conspiradores que foram apreendidas
pelas autoridades soviéticas, pode ser encontrado na edição de 9 de Outubro de
1924 da International Press Correspondence (Vol. 4, No, 72).
From Sayers and Kahn: “The material
concerning the activities of Captain Sidney Reilly and his wife, including the
dialogue and letters quoted in this chapter, is drawn from Mrs. Reilly’s
memoirs […]
For our account of the personality
and career of Boris Savinkov we have drawn on Savinkov’s Memoirs of a
Terrorist (New York, A. C. Boni, 1931); Boris Nikolajewsky’s Aseff, the
Spy (New York, Doubleday, Doran and Company, 1934); and on the vivid and
candid biographical sketch of Savinkov written by Winston Churchill in Great
Contemporaries (New York, G. P. Putnam’s Sons, 1937).
The description by Savinkov’s aide,
Fomitchov, of the organization of anti-Soviet terrorist cells financed and
armed by the Polish Intelligence Service is quoted from Fomitchov’s letter of
September 17, 1924, to Izvestia, as reprinted in the October 2, 1924,
issue of International Press Correspondence (English Edition, Vol. 4,
No. 70, Vienna).
For a full and enlightening account
of the secret war waged at this period by international oil interests against
the Soviet Government see Glyn Roberts’s The Most Powerful Man in the World (New
York, Covici-Friede, 1938). Roberts’s book, a biography of Sir Henri Deterding,
devotes considerable attention to Deterding’s crusade against Soviet Russia;
and traces the influence of Deterding through such notorious anti-Soviet
incidents in British politics as the Arcos Raid, Zinoviev Letter, etc.
Additional material concerning the
attitude of the oil interests toward Soviet Russia may be found in Francis
Delaisi’s Oil: Its Influence on Politics (London, Labour Publishing
Company, 1922) and R. Page Arnot’s The Politics of Oil (London, Labour
Publishing Company, 1924). There are also numerous references to the subject in
reports in the London Times, Morning
Post, Daily Mail and the New York Times concerning the negotiations
at the Genoa and the Hague economic conferences of the period
1922–1924. An inside picture of the intrigues of the oil interests
during this period is to be found in George Hill’s Dreaded Hour (London,
Cassell & Company, Ltd., 1936).
A detailed account of the Noi
Jordania uprising in the Caucasus, including quotations from secret
communications between the conspirators which were seized by the Soviet
authorities, may be found in the October 9, 1924, issue of International
Press Correspondence (Vol. 4, No, 72).”
5. De Sayers e Kahn: «Noi Jordania tinha liderado em
1918 um regime fantoche alemão no Cáucaso. Em 1919, os britânicos expulsaram os
alemães, e Jordania tornou-se chefe de uma Federação Transcaucasiana controlada
pelos britânicos. Em 1924 estabeleceu a sua sede em Paris. O governo francês
colocou à sua disposição um subsídio de 4.000.000 de francos.»
From Sayers and Kahn: “In 1918, Noi
Jordania had headed a German puppet regime in the Caucasus. In 1919, the
British drove out the Germans, and Jordania became head of a British-controlled
Transcaucasian Federation. In 1924, his headquarters were in Paris. The French
Government had placed at his disposal a subsidy of 4,000,000 franc.”
6. De Sayers e Kahn: «Um relato interessante do
julgamento de Boris Savinkov e do seu sensacional depoimento ao tribunal pode
ser encontrado na edição de 11 de Setembro de 1924 da International Press
Correspondence (Vol. 4, No. 65).»
From Sayers and Kahn: “An
interesting report of the trial of Boris Savinkov and his sensational testimony
to the court can be found in the September 11, 1924, issue of International
Press Correspondence (Vol. 4, No. 65).”
7. De Sayers e Kahn: «Savinkov foi tratado com
consideração notável pelas autoridades soviéticas enquanto esteve na prisão. Permitiram-lhe
privilégios especiais, foram-lhe dados todos os livros que desejava e concedidas
facilidades para escrever. Mas ele ansiava pela liberdade. Em 7 de Maio de 1925
escreveu um longo apelo a Felix Djerjinsky, o chefe da Tcheka. "Ou fuzilem-me
ou dêem-me uma oportunidade de trabalhar", disse Savinkov. “Eu estava
contra vós; agora estou convosco. Não suporto a meia existência de não ser nem
a favor nem contra vós, meramente sentado na prisão e tornando-me um dos seus
habitantes”. Implorou perdão e ofereceu-se para fazer qualquer coisa que o
governo exigisse dele. O pedido foi rejeitado. Logo depois, Savinkov cometeu
suicídio atirando-se de uma janela do quarto andar da prisão».
From Sayers and Kahn: “Savinkov was
treated with remarkable consideration by the Soviet authorities while he was in
prison. He was allowed special privileges, given all the books he desired, and
granted facilities for writing. But he pined for liberty. On May 7, 1925, he
wrote a long appeal to Felix Dzerzhinsky, the head of the Cheka. ‘Either shoot
me or give me a chance to work,’ said Savinkov. ‘I was against you; now I am
for you. I cannot endure the half and half existence of being neither for nor
against you, merely sitting in prison and becoming one of its inhabitants.’ He
pleaded for pardon and offered to do anything the Government would require of
him. His plea was rejected. Soon after, Savinkov committed suicide by throwing
himself from a four-story window in the prison.”
8. Churchill: «Não creio que deva julgar Savinkov com
demasiada severidade. Ele foi colocado numa posição terrível; e somente aqueles
que sofreram plenamente uma tal provação têm pleno direito de pronunciar uma
censura. De qualquer forma, vou esperar para ouvir o final da história antes de
mudar a minha opinião sobre Savinkov.»
Churchill: «I do not think you
should judge Savinkov too harshly. He was placed in a terrible position; and
only those who have sustained successfully such an ordeal have a full right to
pronounce censure. At any rate I shall wait to hear the end of the story before
changing my view about Savinkov»
9. De Sayers e Kahn: «Os factos sobre as
operações anti-soviéticas do capitão Sidney Reilly nos Estados Unidos e a sua
última missão secreta na Rússia Soviética foram tirados do Britain’s Master Spy, Sidney
Reilly’s Narrative written by Himself, edited and compiled by His Wife.
O material sobre as actividades anti-semitas
e anti-democráticas de Henry Ford no início da década de 1920 é extraído em
grande parte da série sensacional de artigos de Norman Hapgood, que apareceu
sob o título The Inside Story of Henry
Ford’s Jew Mania em Junho-Novembro. 1922, edições da Hearst's International.
Os arquivos do Dearborn Independent de Henry Ford estão repletos de propaganda
anti-semita e anti-democrática.
[…]
Um relato interessante da origem e do registo de Os Protocolos dos Sábios do Sião, que Brazol distribuiu nos Estados
Unidos, aparece em Der Fuehrer, de
Konrad Heiden (Nova York, Lexington Press, 1944)».
From Sayers and Kahn: “The facts
regarding Captain Sidney Reilly’s anti-Soviet operations in the United States
and his last secret mission in Soviet Russia are taken from Britain’s Master
Spy, Sidney Reilly’s Narrative written by Himself, edited and compiled by His
Wife.
The material on Henry Ford’s
anti-Semitic and anti-democratic activities in the early 1920’s is drawn
largely from the sensational series of articles by Norman Hapgood which
appeared under the title “The Inside Story of Henry Ford’s Jew Mania” in the
June–November, 1922, issues of Hearst’s International.
The files of Henry Ford’s
Dearborn Independent are replete with anti-Semitic and anti-democratic
propaganda.
[…]
An interesting account of the origin
and record of The Protocols of the Wise Men of Zion, which Brazol
distributed in the United States, appears in Konrad Heiden’s Der Fuehrer (New
York, Lexington Press, 1944).”
10. De Sayers e Kahn: «De acordo com a
edição de 8 de Fevereiro de 1923 do New
York Times, o vice-presidente Auer da Dieta da Baviera declarou
publicamente:
A Dieta da
Baviera há muito tempo possui informações de que o movimento de Hitler foi
parcialmente financiado por um chefe anti-semita americano, que é Henry Ford. O
interesse de Ford pelo movimento anti-judaico da Baviera começou há um ano,
quando um dos agentes de Ford entrou em contacto com Dietrich Eikhart, o
notório pangermanista ... O agente regressou à América e imediatamente o
dinheiro de Ford começou a chegar a Munique.
Herr Hitler
orgulha-se abertamente do apoio de Ford e elogia o Sr. Ford não como um grande
individualidade, mas como um grande anti-semita.
No pequeno e inexpressivo escritório na
rua Cornelius, em Munique, que era a sede de Adolf Hitler, estava pendurada na
parede uma única fotografia emoldurada. A foto era de Henry Ford.
From Sayers and Kahn: “According to
the February 8, 1923, edition of the New York Times, Vice-President Auer
of the Bavarian Diet publicly stated:
The Bavarian Diet has
long had information that the Hitler movement was partly financed by an
American anti-Semitic chief, who is Henry Ford. Mr. Ford’s interest in the
Bavarian anti-Jewish movement began a year ago when one of Mr. Ford’s agents
came in contact with Dietrich Eikhart, the notorious Pan-German.... The agent
returned to America and immediately Mr. Ford’s money began coming to Munich.
Herr Hitler openly boasts of Mr. Ford’s support and
praises Mr. Ford not as a great individuality but as a great anti-Semite.
In the small, unimpressive office on
Cornelius Street in Munich which was Adolf Hitler’s headquarters, a single
framed photograph hung on the wall. The picture was of Henry Ford.”
11. De Sayers e Kahn: «Materiais e
comentários sobre a atmosfera diplomática na Europa e na Ásia durante este
período podem ser encontrados em World
Politics de R. Palme Dutt (Nova York, Random House, 1936), e em F.L.
Schuman's International Politics,
Third Edition ( New York, McGraw-Hill, 1941).
A biografia de Sir Henri Deterding, de
Glyn Roberts, contém muitas revelações das agitadas intrigas anti-soviéticas em
que Deterding, Hoffmann e seus associados estiveram envolvidos durante esse
período.»
From Sayers and Kahn: “Material and
comment on the diplomatic atmosphere in Europe and Asia throughout this period
may be found in R. Palme Dutt’s World Politics (New York, Random House,
1936), and in F. L. Schuman’s International Politics, Third Edition (New
York, McGraw-Hill, 1941).
Glyn Roberts’s biography of Sir
Henri Deterding contains many revelations of the hectic anti-Soviet intrigues
in which Deterding, Hoffmann and their associates were involved during this
period.”
12. De Sayers e Kahn: «O relato da reunião
em Paris, em 1928, com a presença do Professor Ramzin, no qual Denisov anunciou
que o Estado-Maior francês havia elaborado um plano de ataque contra a Rússia
soviética, foi extraído do depoimento do professor Ramzin e de outros membros perante
o Collegium Militar do Supremo Tribunal da URSS como relatado em Wreckers on Trial, A
Record of the Trial of the Industrial Party, held in Moscow November–December, 1930 (New York, Workers Library Publishers,
1931). Este relato também contém os detalhes do plano de ataque à URSS e
testemunhos sobre as várias negociações realizadas por Ramzin e outros com
personalidades políticas e industriais francesas, britânicas e alemãs».
From Sayers and Kahn: “The account
of the meeting in Paris in 1928 attended by Professor Ramzin at which Denisov
announced that the French General Staff had drawn up a plan of attack against
Soviet Russia is drawn from the court testimony of Professor Ramzin and others
before the Military Collegium of the Supreme Court of the USSR as recorded in Wreckers
on Trial, A Record of the Trial of the Industrial Party, held in Moscow
November–December, 1930 (New York, Workers Library Publishers,
1931). This record also contains the details of the plan of attack on the USSR
and testimony regarding the various negotiations carried on by Ramzin and
others with French, British and German political and industrial personalities.
13. O anúncio foi: «Trago-vos a notícia de
que o Estado-Maior francês formou uma comissão especial, chefiada pelo coronel
Joinville, para organizar o ataque contra a União Soviética!».
«O Coronel Joinville havia anteriormente
comandado o exército francês de intervenção na Sibéria em 1918. Na época da reunião
do Torgprom em Paris, o Estado-Maior
francês incluía Foch, Petain e Weygand. Foch morreu em 1929; o seu ajudante
René L'Hopital, tornou-se posteriormente presidente do notório Comité Franco-Alemão,
fundado em fins de 1935 pelo agente nazi Otto Abetz, para divulgar a propaganda
nazi e anti-soviética na França.»
The announcement was: “I bring you
the news that the French General Staff has formed a special commission, headed
by Colonel Joinville, to organize the attack against the Soviet Union!”
“Colonel Joinville had formerly
commanded the French army of intervention in Siberia in 1918. At the time of
the Torgprom meeting in Paris, the
French General Staff included Foch, Petain, and Weygand. Foch died in 1929; his
personal adjutant, René L’Hopital, subsequently became President of the
notorious Comité Franco-Allemand founded at the end of 1935 by the Nazi agent
Otto Abetz, to spread Nazi and anti-Soviet propaganda in France.”
14. De Sayers e Kahn: «Os factos relativos
ao julgamento dos conspiradores do Partido Industrial no inverno de 1930 são
retirados de relatos de jornais contemporâneos e do registo do julgamento
publicado em Wreckers on Trial, op.
cit.
O testemunho do
julgamento menchevique, em março de 1931, está registado em The Menshevik
Trial (New York, Workers Library Publishers, 1931).
Uma colecção de
declarações contemporâneas sobre o julgamento menchevique de emigrados
mencheviques russos e seus associados na Segunda Internacional é apresentada no
panfleto The Moscow Trial and the Labour and Socialist International
(London, The Labour Party, 1931); este panfleto inclui um artigo de Raphael
Abramovitch intitulado "My Journey to Moscow", no qual ele nega
algumas das acusações feitas contra ele no julgamento, mas admite a existência
de um aparelho menchevique conspiratório secreto na Rússia soviética.
Um registo literal do
julgamento dos engenheiros Vickers em Abril de 1933 é dado no Trial of the
Vickers Engineers: Official Verbatim Report: Proceedings of Special Session of
the Supreme Court of the U.S.S.R. in Moscow, April 12-19, 1933, três
volumes (Moscovo, Editora da Lei do Estado, 1933).
Um relato muito
interessante e sincero das discussões entre o embaixador britânico na Rússia,
Sir Esmond Ovey, e o comissário soviético de Relações Exteriores, Maxim
Litvinov, a respeito da prisão e julgamento dos engenheiros Vickers pode ser
encontrado no Red Paper emitido em
Moscovo pelo governo soviético em 16 de Abril de 1933. A versão do próprio
Allan Monkhouse dz sua prisão e julgamento pelo governo soviético está contida
no seu livro Moscow, 1911-1933
(Boston, Little, Brown and Company, 1934).
Um relato breve, mas
abrangente, da reacção da imprensa britânica ao julgamento dos engenheiros
Vickers pode ser encontrado em The Press and the Moscow Trial, de Maurice Dobb (London, Friends of the
Soviet Union, 1933).
From Sayers and Kahn: “The facts
regarding the trial of the Industrial Party conspirators in the winter of 1930
are taken from contemporary newspaper accounts and from the record of the trial
as published in Wreckers on Trial, op. cit..
Testimony from the Menshevik Trial
in March 1931 is recorded in The Menshevik Trial (New York, Workers
Library Publishers, 1931).
A collection of contemporary
statements regarding the Menshevik trial by émigré Russian Mensheviks
and their associates in the Second International is presented in the pamphlet The
Moscow Trial and the Labour and Socialist International (London, The Labour
Party, 1931); this pamphlet includes an article by Raphael Abramovitch entitled
”My Journey to Moscow,” in which he denies certain of the accusations made
against him at the trial but admits the existence of a secret conspiratorial
Menshevik apparatus in Soviet Russia.
A verbatim record of the trial of
the Vickers engineers in April 1933 is given in the Trial of the Vickers
Engineers: Official Verbatim Report: Proceedings of Special Session of the
Supreme Court of the U.S.S.R. in Moscow, April 12-19, 1933, three volumes
(Moscow, State Law Publishing House, 1933).
A very interesting and outspoken
account of the discussions between the British Ambassador to Russia, Sir Esmond
Ovey, and the Soviet Commissar of Foreign Affairs, Maxim Litvinov, regarding
the arrest and trial of the Vickers engineers may be found in the Red Paper issued
in Moscow by the Soviet Government on April 16, 1933. Allan Monkhouse’s own
version of his arrest and trial by the Soviet Government is contained in his
book Moscow, 1911–1933 (Boston, Little, Brown and Company, 1934).
A brief but comprehensive account of
the reaction of the British press to the trial of the Vickers engineers can be
found in Maurice Dobb’s The Press and the Moscow Trial (London, Friends
of the Soviet Union, 1933).
15. «Dois dias
após a conclusão do julgamento, o professor Ramzin e os outros quatro réus que
haviam sido condenados à morte pediram um indulto ao Supremo Tribunal Soviético.
O tribunal concedeu a petição e comutou as sentenças de morte para sentenças de
dez anos de prisão, alegando que Ramzin e seus colegas haviam sido as
ferramentas dos conspiradores reais que estavam fora da União Soviética. Nos
anos que se seguiram ao julgamento, o professor Ramzin, a quem todas as
oportunidades foram concedidas pelas autoridades soviéticas para novos
trabalhos científicos, tornou-se completamente conquistado pelo modo de vida
soviético e começou a fazer contribuições valiosas para o programa industrial
da URSS. Em Julho de 1943, o professor Ramzin recebeu a Ordem de Lenine e o Prémio
Iosip Estaline de US$ 30.000 pela invenção de um turbo-gerador simplificado,
considerado melhor que qualquer outro no mundo. Por decreto emitido pelo
Kremlin, o turbo-gerador tem o nome do inventor».
“Two days
after the completion of the trial, Professor Ramzin and the four other
defendants who had been sentenced to death petitioned the Soviet Supreme Court
for a reprieve. The court granted the petition and commuted the sentences of
death to sentences of ten years’ impris-onment on the grounds that Ramzin and
his colleagues had been the tools of the real conspirators who were outside the
Soviet Union. In the years following the trial, Professor Ramzin, who was
granted every opportunity by the Soviet authorities for new scientific work,
became completely won over to the Soviet way of life and began making valuable
contributions to the industrial program of the U.S.S.R. On July 7, 1943,
Professor Ramzin was awarded the Order of Lenin and the Joseph Stalin Prize of
$30,000 for the invention of a simplified turbo-generator, said to be better
than any other in the world. Under a decree issued by the Kremlin, the
turbo-generator bears the inventor’s name.”
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