quarta-feira, 12 de junho de 2013

Seguro & Portas na Internacional Capitalista

Nos passados dias de 6 a 9 de Junho teve lugar num luxuoso hotel inglês a reunião anual do Clube Bilderberg. Estiveram presentes, como convidados de Pinto Balsemão, membro do clube, Paulo Portas e António José Seguro.
1                    O que é o Clube Bilderberg?
2                    Qual a agenda da reunião de 2013?
3                    O que foram lá fazer Seguro e Portas?
Três questões, por ordem de dificuldade crescente, a que iremos procurar responder.
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1                    O que é o Clube Bilderberg?
Esta primeira questão é a mais fácil de responder. O Clube Bilderberg é um dos pilares do que chamamos a Internacional Capitalista. Os outros pilares são o Grupo dos 20 (G20, e seus subgrupos), o Fórum Económico Mundial que se reúne em Davos (Suiça), e a Comissão Trilateral.
As reuniões anuais destes grupos internacionais abordam as várias frentes de trabalho do que é preciso fazer para manter os povos do mundo acorrentados ao capitalismo e superiormente guiados pelos EUA. A repartição de tarefas é assim:
- G20: Regulamentação económica estatal: como as estruturas estatais devem servir o capitalismo
Formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias mundiais (incluindo a UE), o G20 define as medidas económicas e financeiras a implementar pelas estruturas estatais ao serviço do capitalismo; mesmo que tais medidas neoliberais signifiquem sofrimento para muitos milhões de seres humanos.
- Encontro de Davos: Economia ao serviço do capital: que medidas entendem os capitalistas dever ser tomadas, de forma a assegurar a rendibilidade do capital e a exploração de recursos de países neocolonizados.
O Encontro de Davos é o irmão do G20. Enquanto este aborda as questões económicas pelo lado do sector estatal, em Davos as questões são abordadas pela óptica do puro capital privado. Os participantes de Davos são os chefes das maiores empresas e políticos que lhes estão associados. Reúnem-se para «enfrentar os desafios com que depara a economia global». Leia-se: como manter outros povos dependentes dos superiores interesses económicos do Império, no papel de fornecedores de matérias–primas baratas e de exércitos de mão-de-obra facilmente explorável por empresas deslocalizadas.
- Comissão Trilateral: Controlo ideológico dos povos: como manter as massas populares crentes e obedientes ao capitalismo.
A Comissão Trilateral reúne as figuras políticas mais de direita, inclusive homens ligados a serviços de informação e espionagem, dos EUA, da Europa Ocidental e do Japão (estas três entidades deram o nome à Comissão). Noam Chomsky, cientista de renome, descreve assim, numa óptica de esquerda, os objectivos da Trilateral: «essencialmente liberais internacionalistas da Europa, Japão e Estados Unidos […] preocupados em procurar induzir o que chamam de "mais moderação na democracia" ¾ fazer com que o povo volte à passividade e obediência de modo a não pôr muitas restrições ao poder de estado, etc. […] Estão preocupados com as instituições responsáveis pelo doutrinamento dos jovens (frases deles), ou seja escolas, universidades, igrejas, etc. ¾ não estarem a fazer o seu papel, [os jovens] não estão a ser suficientemente doutrinados. Eles são livres de prosseguir segundo as suas próprias iniciativas e interesses e nós temos de os controlar melhor». Um crítico de direita definiu assim com sinceridade a Trilateral: «um esforço hábil e coordenado para tomar controlo e consolidar quatro centros de poder: político, monetário, intelectual e eclesiástico… [na] criação de um poderio económico global superior aos governos políticos das nações-estados envolvidas».
- Clube Bilderberg: Enfrentar ameaças actuais ao capitalismo e perspectivar o futuro: como resolver problemas actuais do capitalismo, consolidando-o com ambiciosas medidas a tomar no futuro.
Promover um consenso entre a Europa Ocidental e a América do Norte através de reuniões informais entre indivíduos poderosos. A cada ano, um «comité executivo» recolhe uma lista com um máximo de 100 nomes com possíveis candidatos. Os convites são enviados somente a residentes da Europa e América do Norte. A localização da reunião anual não é secreta, e a agenda e a lista de participantes são facilmente encontradas pelo público, mas os temas das reuniões são mantidos em segredo e os participantes assumem um compromisso de não divulgar o que foi discutido. A alegação oficial do Clube de Bilderberg é de que o sigilo preveniria que os temas discutidos, e a respectiva vinculação das declarações a cada membro participante, estariam a salvo da manipulação pelos principais órgãos de imprensa e do repúdio generalizado que seria causado na população. Algumas teorias dizem que o Clube Bilderberg tem o propósito de criar um governo totalitário mundial (wikipedia).
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Na reunião anual do Clube Bilderberg participam 130 convidados escolhidos a dedo: personalidades influentes no mundo empresarial, académico, mediático ou político. Os temas dos encontros e as discussões são secretas e os participantes assumem o compromisso de não revelar o que foi discutido. O sigilo é a nota de marca do Clube.
A primeira reunião teve lugar no Hotel de Bilderberg (daí o nome), perto de Arnhem,  Holanda, de 29 a 30 de Maio de 1954. A ideia da reunião foi de um conselheiro político do governo holandês, J. Retinger, «preocupado com o crescimento do anti-americanismo na Europa Ocidental». Leia-se: preocupado com as lutas dos trabalhadores europeus contra os diktats económicos dos EUA suscitados pela aplicação do plano Marshall (1948-1952) e pelo recém-nascido FMI. Retinger abordou o Príncipe Bernard da Holanda e o primeiro-ministro belga Paul van Zeeland que concordaram em promover a ideia. O Príncipe Bernard representava a monarquia holandesa, esteio do capitalismo holandês com interesses na Shell, KLM e Unilever. Bernard era alemão tendo sido membro das SS. Homem de baixa moral recebeu subornos da Lockheed em 1976. Paul van Zeeland foi um político católico e conservador belga, activo na formação da NATO e na constituição de uma empresa offshore no Panamá. Retinger, Bernard e Paul comungavam da mesma ideia: atrelar a Europa ao capitalismo americano. A «solidariedade transatlântica» era para eles mais importante do que uma quimérica «solidariedade europeia». Por exemplo, o motivo do suborno de Bernard era a compra de aviões F-104 Starfighter da Lockheed, EUA, em detrimento dos Mirage 5 da França. Eis o espírito dos fundadores do Clube.
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Segundo documentos tornados recentemente públicos pela Wikileaks foi na conferência Bilderberg de 1955 que pela primeira vez se colocou a questão de criar a União Europeia com uma moeda única. A CEE veio a ser criada em 1957.
O sumário do encontro de 1955 refere a «necessidade urgente de trazer o povo alemão, conjuntamente com outros povos da Europa, para um mercado comum» e de chegar «no mais curto tempo possível ao mais elevado grau de integração» efectuando essa integração por via «de um tratado de mercado comum» de preferência a ser feita pela «criação de novas altas autoridades». Também refere que «um orador Europeu exprimiu a sua preocupação quanto à necessidade de criar uma divisa comum e indicou que na sua opinião isso implicaria necessariamente a criação de uma autoridade política central». Os representantes dos EUA incitaram à criação rápida do mercado comum «com menos ênfase em considerações ideológicas e, acima de tudo, para que [os Europeus] fossem práticos e trabalhassem depressa».
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A mais longa (14 anos) e aprofundada investigação do Clube de Bilderberg foi levada a cabo por Daniel Estulin e é exposta no seu livro «The True Story of the Bilderberg Group» (2005). Eis algumas revelações do livro, divulgadas num trabalho de Stephen Lendman, Global Research, 15 de Maio de 2013:
·     Os membros do Clube representam as elites do Poder da América, Canadá e Europa Ocidental: David Rockefeller, Henry Kissinger, Bill Clinton, Gordon Brown, Angela Merkel, Alan Greenspan, Ben Bernanke, Larry Summers, Tim Geithner, Christine Lagarde, George Soros, presidente da Goldman Sachs, Donald Rumsfeld, Rupert Murdoch, chefes do Pentágono, chefes do FMI, Banco Mundial, Comissão Trilateral, banqueiros proeminentes, presidentes do BCE e do Banco de Inglaterra, Barack Obama, Durão Barroso, membros da realeza Europeia e figuras de topo dos media (como Pinto Balsemão). Todos os participantes aderem ao princípio de um governo de «Uma [única] Ordem Mundial» conduzida por elites do poder.
·     Estulin revela que não teria conseguido penetrar passo a passo nos segredos do Grupo sem a ajuda de «objectores de consciência» do interior e exterior do Grupo.
·     O livro também revela que Henry Kissinger, um membro permanente de Bilderberg, terá dito o seguinte sobre Durão Barroso: é «sem dúvida o pior primeiro-ministro na recente história política. Mas será o nosso homem na Europa».
·     O Grupo representa «um governo sombra mundial… ameaçando retirar-nos o direito de dirigir os nosso destinos […]» suplantando a soberania nacional por um governo global todo-poderoso, controlado pelas grandes empresas e sob a batuta da sujeição militarizada.
·     Desde o início os Bilderbergers decidiram criar uma «Aristocracia com um Projecto» entre a Europa e os EUA para alcançar consenso sobre a chefia do mundo em política, economia e estratégia. «A NATO era essencial para os seus planos – para assegurar “Guerra continua e chantagem nuclear” usadas sempre que necessárias». Os Bilderbergers procederam ao saque do planeta, para alcançar riqueza e poder fabulosos esmagando quaisquer oponentes. O controlo das finanças mundiais é crucial para os Bilderbergers.
·     Objectivos do Bilderberg: «Uma Ordem Mundial» («Empresa Mundial») com um mercado único, um exército único, regulada por um Banco Mundial com uma única divisa. Objectivos complementares: conjunto único de valores universais; controlo da opinião pública mundial; uma Nova Ordem Mundial sem classe média, apenas chefes e servos e sem democracia; uma sociedade de crescimento zero, com apenas maior riqueza para os líderes; crises manufactureiras e guerras perpétuas; controlo absoluto dos programas de educação; utilização da ONU como um governo mundial de facto, taxando um imposto sobre todos os cidadãos; fazer da NATO o poder militar mundial; impor um sistema legal universal; construir um «estado global de bem-estar no qual escravos obedientes são recompensados e os não-conformistas apontados para exterminação».
Estas notas bastam para mostrar o sinistro estado fascista que os Bilderbergers têm em mente e confirma uma tese já muitas vezes provada pela História: para os capitalistas a democracia, mesmo a mais modesta de tipo parlamentar, é considerada um luxo que estão sempre prontos a alijar quando necessário. O leitor interessado em mais detalhes sobre o livro de Estulin pode lê-los em http://www.globalresearch.ca/the-true-story-of-the-bilderberg-group-and-what-they-may-be-planning-now/13808. Diz Stephen Lendman que no passado as fontes de Estulin provaram ser muito precisas.
Eis a lista de convidados (em inglês) do Grupo de Bilderberg na sua passada reunião (6-9 de Junho de 2013)
Políticos, realeza e media
Empresários
Banqueiros e Investidores
Militares e académicos
J. Urpilainen, Finnish Minister of Finance
B. Wall, Premier of Saskatchewan Prov., Canada
Şafak Pavey, Turkish MP
Valérie Pécresse, French MP
Mark Rutte, Dutch PM
Mario Monti, Former Italian PM
George Osborne, Chancellor of the Exchequer
Paulo Portas, Minister of State and Foreign Affairs Portugal
António José Seguro, Secretary General, Portuguese Socialist Party
Jacek Rostowski, Minister of Finance and Deputy PM
Robert E. Rubin, Former Secretary of the Treasury
Andreas Schieder, Austrian State Secretary of Finance
Martin H. Wolf, Chief Economics Commentator, The Financial Times
Soli Özel, Senior Lecturer, Kadir Has University; Columnist, Habertürk Newspaper Alexis Papahelas, Executive Editor, Kathimerini Newspaper
John Micklethwait, Editor-in-Chief, The Economist
Baroness Williams of Crosby, Member, House of Lords
H.R.H. Princess Beatrix of The Netherlands
Baroness Williams (Clara Molden)
Craig B. Thompson, Pres. CEO, Memorial Sloan-Kettering Cancer Center
Daniel L. Vasella, Honorary Chairman, Novartis AG
Peter R. Voser, CEO, Royal Dutch Shell
G.Weston, Executive Chairman, Loblaw Companies Limited
Gianfelice Rocca, Chairman,Techint Group
James D. Wolfensohn, Chairman and CEO, Wolfensohn and Company
Craig J. Mundie, Senior Advisor to the CEO, Microsoft Corporation
Peter Mandelson, Chairman, Global Counsel; Chairman, Lazard International
Jorma Ollila, Chairman, Royal Dutch Shell, plc
J. Robert S Prichard, Chair, Torys LLP
Martin Taylor, Former Chairman, Syngenta AG
Andrew Y.Ng, Co-Founder, Coursera
Heather M. Reisman, CEO, Indigo Books & Music Inc.
Gianfelice Rocca, Chairman,Techint Group
Eric E. Schmidt, Executive Chairman, Google Inc.
Jean-Dominique Senard, CEO, Michelin Group
Kristin Skogen Lund, Director General, Confederation of Norwegian Enterprise
Jakob Haldor Topsøe, Partner, AMBROX Capital A/S
Simon Robertson, Partner, Robertson Robey Associates LLP; Deputy Chairman, HSBC Holdings
Jacob Wallenberg, Chairman, Investor AB
David Wright, Vice Chairman, Barclays plc Frank McKenna, Chair, Brookfield Asset Management
Alberto Nagel, CEO, Mediobanca
Peter A. Thiel, President, Thiel Capital
Tidjane Thiam, Group CEO, Prudential plc
Peter D. Sutherland, Chairman, Goldman Sachs International
Simon Robertson, Partner, Robertson Robey Associates LLP; Deputy Chairman, HSBC Holdings
Rudolf Scholten, Member of the Board of Executive Directors, Oesterreichische Kontrollbank AG

David H. Petraeus, General, U.S. Army (Retired)
Kevin Warsh, Distinguished Visiting Fellow, The Hoover Institution, Stanford University
Robert B. Zoellick, Distinguished Visiting Fellow, Peterson Institute for International Economics
Jessica T. Mathews, President, Carnegie Endowment for International Peace
Thierry de Montbrial, President, French Institute for International Relations
David Omand, Visiting Professor, King's College London
Emanuele Ottolenghi, Senior Fellow, Foundation for Defense of Democracies
Richard N. Perle, Resident Fellow, American Enterprise Institute
Viviane Reding, Vice President and Commissioner for Justice, Fundamental Rights and Citizenship, European Commission
Hélène Rey, Professor of Economics, London Business School
Anne-Marie Slaughter, Bert G. Kerstetter '66 University Professor of Politics and International Affairs, Princeton University


Nesta lista de convidados consta um único «socialista»: José Seguro. Terá sido erro de quem o convidou, que não mediu bem o perigo de convidar um subversivo «socialista» para um fórum de capitalistas? Um fórum cujos patrocinadores dizem representar pontos de vista «conservadores e liberais». (O «liberal» aqui é entendido no sentido americano, como um conservador com algumas ideias sociais, como Obama com a sua ideia de instaurar um sistema de saúde. Que, aliás, não instaurou.)
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2                    Qual a agenda da reunião de 2013?
Os tópicos divulgados da agenda foram:
• Podem os EUA e Europa crescer mais rapidamente e criar empregos?
• Empregos, direitos e dívida
• Como os grandes bancos de dados estão a mudar tudo
• Nacionalismo e populismo
• Política externa americana
• Desafios colocados pela África
• Guerra no ciber-espaço e a proliferação de ameaças assimétricas
• Grandes tendências da investigação médica
• Educação online: promessas e impactos
• Políticas da União Europeia
• Desenvolvimentos no Médio Oriente
• Assuntos correntes
A formulação dos temas é lacónica e algo críptica. Não obstante, tendo em conta o que representa o Clube Bilderberg e as preocupações actuais dos defensores do capitalismo, pensamos não arriscar muito com a seguinte tradução de alguns dos pontos:
1                    Podem os EUA e Europa crescer mais rapidamente e criar empregos?
O declínio do crescimento económico europeu, com muitos países em recessão ou à beira dela, representa um quebra-cabeças para o capitalismo, tanto mais que também pairam ameaças sobre o crescimento (actualmente módico) dos EUA. Como manter as políticas de austeridade, impostas pelos neoliberais para satisfazer os interesses do sector financeiro, e ao mesmo tempo procurar incrementar o crescimento e criar emprego? No nosso entender os dois objectivos (austeridade vs crescimento+emprego) são contraditórios. Pensamos que as receitas do Clube vão passar por mais privatização, liquidação de benefícios e de estruturas sociais, e aumento da precariedade e mobilidade do emprego.
2                    Empregos, direitos e dívida
A tese-chave do Clube será provavelmente a de que o aumento de emprego e diminuição da dívida passa pela retracção dos direitos dos trabalhadores (greve, contratação colectiva). É a tecla em que têm batido todos os representantes do capital: a economia não avança porque os trabalhadores têm benefícios a mais, estão mal habituados, os salários, subsídios e pensões estão muito altos. A velha receita: é preciso embaratecer o trabalho para que o capital dê lucros.
3                    Como os grandes bancos de dados estão a mudar tudo
Os grandes bancos de dados acessíveis pela Internet podem complicar a vida ao Império. Veja-se o caso do Wikileaks (Assange, Bradley Manning) que veio revelar a sujeira das guerras do Império no Iraque e Afganistão. Para os Bilderbergesr esta coisa do povoléu poder saber tudo ameaça a segurança nacional dos EUA. É preciso pôr cobro a isso.
4                    Guerra no ciber-espaço e a proliferação de ameaças assimétricas
Idem, com a discussão de medidas de combate aos hackers como os Anonymous. Quanto ás «ameaças assimétricas» («asymetric threat») existe um portal dedicado a este assunto (http://asymmetricthreat.net/know_lead.shtml) tendo como subtítulo: Thought Leadership for Today's US and Global Security Challenges que se poderá traduzir por «Liderança pelo Conhecimento para os EUA de Hoje e Desafios à Segurança Global». É preciso ter em conta que para as autoridades americanas tudo que possa ser entendido como uma ameaça qualquer (por exemplo, denúncia das desigualdades sociais com manifestações em Wall Street) quer nos EUA que noutra parte do mundo onde os EUA têm interesses (e os EUA têm sempre interesses em qualquer parte do mundo!) é sempre entendido como «Desafios à Segurança Global». Por outras palavras – e em consonância com a ideia de Uma Ordem Mundial – Os EUA são o mundo. E, como mundo que são, estão sempre prontos a defender-nos abnegadamente de qualquer ameaça. Pode ser uma simples acção de hacking. Pelo sim pelo não o portal divulga duas entrevistas com um encarregado sénior da segurança do governo dos EUA com os seguintes títulos: Parte I – Ataque da Google: Prelúdio para Mais Intrusões («Part 1 - Google Attack: Prelude to More Intrusions») e Parte 2 – Preparação para a Guerra no ciber-espaço («Part 2 - Getting Ready for Cyberwar»). E a reunião do Clube incluiu como não podia deixar de ser elementos da Google.
Entretanto, assinalemos que anteontem um jovem informático (Edward Snowden) num acto corajoso desertou da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, denunciando a existência de um programa informático («prism») que permite à «interceptar quase tudo», de chamadas telefónicas aos e-mails, passando pelas mensagens nas redes sociais, envolvendo a Google, Microsoft, Facebook e Skype. Fez a denúncia «para proteger as liberdades básicas das pessoa de todo o mundo». Isto é, os EUA já lançaram a guerra por «Uma Ordem Mundial».
5                    Nacionalismo e populismo
Não sabemos muito bem o que este ponto significa. Seja como for o Império anda preocupado com o «nacionalismo e populismo» na Venezuela, Equador, Brasil, Bolívia, etc. Então não é que no quintal dos EUA estão a aparecer uns gajos a questionar a hegemonia americana?
6                    Política externa americana
Idem, com o complemento de estudar a divisão de tarefas militares de repressão: o que incumbe aos EUA e o que incumbe aos Europeus. Perspectivar também a atitude a tomar face à Rússia e à China.
7                    Desafios colocados pela África
Como controlar as riquezas de África atalhando o passo aos Chineses que se estão a meter aí por todo o lado?
8                    Educação online: promessas e impactos
Toca a implementar a educação online a todo o vapor. Para os servos de «Uma Ordem Mundial» saber ler e contar já não é mau (como dizia Salazar). Com educação online podem pôr na rua todos esses professores que só lhes dão dores de cabeça para além de contribuírem para a despesa pública. Umas quantas escolas técnicas e Universidades (muito focadas numa nesga de especialização; nada de vistas largas) são para a «Ordem» suficientes.
9                    Políticas da União Europeia
Como manter o povo conformado, obediente e aquietado perante as políticas de austeridade? Que tal a colaboração para isso dos «socialistas» europeus?
10                Desenvolvimentos no Médio Oriente
Como acabar com as lutas dos trabalhadores do Médio Oriente encarrilando as revoluções da Primavera Árabe para a sábia liderança dos ocidentais?
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3                    O que foram lá fazer Seguro e Portas?
Quanto a Portas a resposta não é difícil. Portas tem já uma boa experiência nos tópicos 2 e 9 e todo o seu perfil ideológico é de um bom Bilderberger.
Quanto a Seguro a resposta parece mais difícil. Lembremo-nos, contudo, das palavras de Seguro «O país precisa de diálogo social e de diálogo político. Mas estamos bloqueados por responsabilidade deste governo, que se afasta do consenso que existe na sociedade portuguesa» (JN, 30/5). Lembremo-nos também de que o anúncio da recente reunião promovida por Mário Soares «para dinamizar a esquerda» justificava a sua necessidade com «Derrubar o governo e evitar a aliança PS-CDS». Note-se que tal aliança nada tem de inovador porque ainda mal se tinha saído do período revolucionário do 25 de Abril e já o PS se aliava com o CDS (II Governo Constitucional de 1978).
Recapitulemos:
a) Seguro acha que o «país precisa de diálogo social e de diálogo político». Tal como Cavaco, Seguro faz o diálogo com a restante direita.
b) Seguro acha que existe consenso na sociedade portuguesa (por exemplo, todos gostam de austeridade) mas que o PS está bloqueado pelo governo. Se PSD-CDS não bloqueassem, o PS dar-lhes-ia a mão (sem grande perturbação da sua base eleitoral) em prol do «consenso».
c) Até Mário Soares reconhece que a situação exige «evitar a aliança PS-CDS».
d) Finalmente, Seguro «não se compromete» com a greve geral anunciada para 27 de Julho (JN, 30/5).

Parece-nos que o mistério do único convidado «socialista» na reunião Bilderberg ¾ e logo um «socialista» português! Que palmarés! ¾ está, assim, explicado (ver ponto 9 da agenda).