segunda-feira, 30 de maio de 2016

Fraud and Corruption – The Easy Option of Big Capital


Introdução
A Ernst & Young (EY), uma transnacional dos EUA de serviços de auditoria e consultoria, publicou em 2015 o estudo Fraude e Corrupção – A Opção Fácil de Crescimento? (Fraud and Corruption – The Easy Option for Growth?). A resposta da EY à questão que coloca – e colocá-la é já sintomático – é um «Não» mediado pela mensagem de que é possível um «crescimento» dos «negócios» sem recurso a fraude e corrupção. Contudo, ao longo do estudo, a EY deixa escapar várias evidências a favor do «Sim».

O número de fraudes e corrupções – envolvendo altos quadros de grandes empresas privadas e de instituições públicas – tem aumentado aceleradamente em Portugal nos últimos anos, a seguir à crise de 2008. O mesmo se observa noutros países que os defensores do capital denominam de «Mercados Desenvolvidos». (Para os defensores do capital já não há países e povos, mas só mercados. Globais e abstractos.)

Fraudes e corrupções constituíram sempre uma componente importante do Capitalismo Monopolista de Estado (CME). Em 1981, um consenso de economistas soviéticos caracterizou assim o CME: «união pessoal entre o capital financeiro e as instituições governamentais; suborno de funcionários governamentais; actividades dos partidos burgueses que são de facto financiadas pelos monopólios […] Rendimento nacional redistribuído principalmente no interesse da burguesia monopolista através do sector estatal da economia. O Estado concede certos privilégios aos monopólios, isentando-os do pagamento de impostos sobre parte considerável dos seus lucros, e sanciona a depreciação prematura e cancelamento do capital fixo […]» [1]. Este caldo de cultura de fraudes e corrupções fortalece-se em tempo de crise, quando os meios legais de saciamento do grande capital lhe surgem como estreitos.

O estudo da EY merece ser analisado em detalhe. A sua análise revelar-nos-á as artes a que recorrem os defensores do capital no branqueamento da podridão do actual CME.

Tese central do estudo da Ernst & Young
A tese central do estudo é a de que as grandes empresas, principalmente oligopólios, [2] podem «crescer» sem recorrer à fraude e corrupção, desde que os seus quadros sejam treinados em práticas éticas. É claro que se trata aqui essencialmente do «crescimento» dos bolsos dos quadros dirigentes das empresas. E também é claro que a EY sabe bem que a fraude e corrupção são a sua «opção fácil».

Apesar da sua tese central, a EY reconhece que a fraude e a corrupção nunca estiveram tão altas –  «O custo de comportamento não ético nunca esteve tão alto», «Os riscos de fraude, suborno e corrupção permanecem generalizados e continuamos a ver negócios que falham em mitigar tais riscos», «Mais de metade de todos os inquiridos  crêem que o suborno e a corrupção estão generalizadas no seu país», «37% dos inquiridos crêem que o desempenho financeiro dos negócios nos seus mercados é frequentemente sobrestimado», etc.

Contudo, para a EY, a motivação para a fraude e corrupção não reside na caça ao lucro a todo o transe por parte da liderança transnacional. Não. Reside no facto de que «Os negócios enfrentam cada vez desafios mais complexos para crescer – volatilidade dos mercados, instabilidade geopolítica, choques do petróleo e sanções económicas. E estão também sob tremendas pressões para obter tal crescimento.»
Atente-se bem na última frase. Não são os capitalistas (dirigentes e gestores que ganham milhões por ano) que querem ver os seus lucros crescer. Não. É o povo que coloca «tremendas pressões» sobre os capitalistas para «obter este crescimento». Crescimento de quê? A EY pudicamente cala-se. Seja como for, os capitalistas, sensíveis aos desejos populares, como beneméritos do povo, suam as estopinhas para satisfazer as «tremendas pressões» de «crescimento» vindas do povo.

Uma componente da tese central da EY é de ser possível o «crescimento» sem recorrer à fraude e corrupção, se as empresas aplicarem medidas designadas por ASAC (Anti-Suborno e Anti-Corrupção), compelindo a um comportamento ético. De forma geral, o ASAC envolve: avaliação e monitorização das transacções de alto risco de comportamento não ético, auditoria, vias de denúncia interna de comportamento não ético.

O calcanhar de Aquiles do ASAC, que transparece em várias passagens do estudo, é o empenho da «gestão sénior» no ASAC. Em português claro: os calcanhares de Aquiles são os capitalistas. A EY, como seria de esperar, não menciona uma única vez a palavra «capitalista». Para a EY, directores, gestores seniores, outros gestores, trabalhadores, etc., são todos «empregados» em pé de igualdade. Os trabalhadores, que constituem 63% dos inquiridos do estudo, são simplesmente «outros empregados». O mundo da EY é como se fosse um mundo não capitalista. Apenas com «mercados», «negócios» e «empregados».

A EY é uma das transnacionais que vende serviços de instalação e treino ASAC. Tem, portanto, que defender o que vende. E, para as empresas, quanto mais não seja, dizer que têm ASAC ajuda a ostentar uma fachada de respeitabilidade.

Quem é a Ernst & Young?
A EY é uma das 4-grandes: quatro maiores oligopólios mundiais de serviços de auditoria e consultoria de transacções corporativas, incluindo evasão fiscal por meios ditos «legais» (chamada eufemísticamente de elisão fiscal). As outras são a PwC, a KPMG e a Deloitte. A EY está presente em 150 países, tem 728 escritórios e mais de 190 mil funcionários. Uma enorme transnacional de serviços ao grande capital.

Que pergaminhos ostenta a EY para pregar moralidade? Maus.
Juntamente com a PwC, KPMG e Deloitte esteve envolvida no escândalo do «Luxemburgo leaks»: a organização da enormíssima evasão fiscal de 340 transnacionais entre 2002 e 2010 [3]. Evasão dita «legal» por ter sido feita ao abrigo de acordos secretos com o governo do Luxemburgo. No fundo, um conluio criminoso (o secretismo dos acordos é sintomático) pelo qual corporações, 4-grandes e dirigentes do Luxemburgo (incluindo a ovelhinha Jean-Claude Juncker) repartiram entre si biliões de dólares de impostos não pagos; isto é, biliões de dólares roubados aos trabalhadores de muitos países.
As 4-grandes são grandes organizadoras de fugas de fundos para offshores e estão todas envolvidas em outros processos escuros [3].

Erros metodológicos do estudo da EY
No estudo da EY fazem-se afirmações como estas: «O bom cumprimento [do ASAC] e bons padrões éticos podem ir – e de facto vão – a par com o crescimento de retornos», «Suborno e corrupção continuam, entretanto, a ser um risco significativo, especialmente nos mercados de rápido crescimento».
Tais afirmações partem de factos – respostas obtidas em inquéritos – para atingir conclusões gerais. Trata-se, portanto, de inferências.

O erro básico que mina completamente o estudo EY é que não distingue factos de inferências. Como esta questão metodológica é essencial, comecemos por a esclarecer.

Factos e inferências
Quando alguém diz «o dia 2 de Março foi mais quente que o dia 22 de Junho» afirma um facto. O facto pode ser verdadeiro ou não.
Quando, com base em temperaturas médias de alguns dias de Inverno e de Verão, se diz «o Inverno é mais quente que o Verão» afirma-se uma inferência. A inferência pode ser verdadeira ou não. Mas o que distingue uma inferência de factos é que propõe uma conclusão geral baseada num conjunto restrito de factos.

As inferências são parte maior do conhecimento humano. Estamos sempre mais interessados em regras gerais do que em factos avulsos. Dizer que certos 5 dias de Inverno foram mais quentes que certos 5 dias de Verão não tem qualquer interesse. Dizer que o Inverno dos últimos 20 anos é, em geral, mais quente que o dos 20 anos anteriores pode ter interesse (aquecimento global?).

Seja a comparação Inverno-Verão. A inferência parte de um reduzido número de factos ou objectos (p. ex., temperaturas médias) para chegar a uma conclusão geral aplicável a conjuntos arbitrariamente grandes de objectos, ditos populações (p. ex., Invernos e Verões de vários anos). Qualquer inferência para ser legítima deve satisfazer certas condições:

a) As populações têm de ser bem definidas. (No hemisfério Norte não faz sentido incluir Dezembro no Verão.)

b) As classes de objectos têm de ser bem definidas. (Não podemos para certos dias usar temperaturas diurnas e para outros diurnas e nocturnas.)

c) Os objectos dos conjuntos usados para a inferência (amostras) só podem provir das populações e classes definidas. (Não podemos usar dias da Primavera e Outono.)

d) A amostra deve ser parte da população. (Não podemos usar dias de 2015 para inferir sobre o séc. XX. Se usarmos todos os dias de Inverno e Verão de um ano para «inferir» sobre ele, não estamos a inferir mas sim a comparar factos.)

e) Os objectos devem ser escolhidos ao acaso e sem qualquer parcialidade na escolha. (Não podemos, p. ex., escolher propositadamente os dias mais quentes de Inverno e os mais frios de Verão.)

f) A inferência terá de ser validada estatisticamente, usando testes adequados que decidirão se sim ou não se pode aceitar a inferência com elevada probabilidade. (Facilmente se compreende que se basearmos a comparação Inverno-Verão num único dia de cada estação a probabilidade de inferência errada é elevada. Ela decresce à medida que aumenta o número de dias, atingindo 0% quando a amostra coincide com a população.)

Os erros inferenciais do estudo
1) O estudo baseia-se em comparações de factos: resultados de inquéritos a «empregados» de empresas.
Os resultados são proporções de respostas afirmativas dos inquiridos em certas classes de questões.
Os inquiridos constituem amostras de empresas e de países: 2797 empresas e 38 países (de 206).
O estudo formula conclusões gerais baseadas nas amostras. Confunde, assim, factos com inferências, passando a ideia de que comparações de factos por só si autorizam inferências. Não existe validação estatística. (Infracção das condições «d» e «f» acima.)

2) O inquérito envolveu 100 «empregados» (directores, gestores seniores ou não, trabalhadores) dos 38 países. Um total de 3.800 inquiridos.
O número reduzido de inquiridos por país (100) implica um reduzido significado estatístico nas comparações entre países e entre grupos de países (MD - «mercados desenvolvidos», MRC - «mercados de rápido crescimento», «outros»). Ver «f» e [4].

3) Os resultados são proporções de classes de respostas apresentadas em gráficos de barras, para forçar uma leitura fácil mas acrítica. É descurado o facto de que as proporções, só por si, podem transmitir uma imagem falseada da realidade [5].

4) Mais de um terço dos inquiridos (34%) eram do segmento director-gestor capitalista [6] de onde emanam fraudes e corrupção com vista ao «crescimento fácil». O segmento dos interessados em respostas que minoram, escondem ou desmentem os factos críticos.
Aliás, a própria EY reconhece que o problema está no topo da gestão: «A gestão sénior ainda tem muito que andar». [7] Ao fundir resultados do segmento director-gestor com resultados de trabalhadores a EY funde alhos com bugalhos. (Infracção da condição «e».)

5) A classificação EY dos MRC é sumamente estranha: a par de países de elevado crescimento como a Índia e os EAU inclui países como a Turquia, a Nigéria, e… a Ucrânia! [8].
Segundo a EY a classificação obedece a três critérios: i) «forte crescimento comprovado [do PIB] e potencial futuro»; ii) «dimensão da economia e da população»; iii) «importância estratégica para os negócios». A EY bem reconhece que o crescimento da Ucrânia é «perto de zero este ano» mas logo acrescenta «mas as exportações vão promover o crescimento em 2014-16». Afirmação falsa: no 1.º trimestre de 2016 o crescimento da Ucrânia foi de -0,7% e as exportações caíram a pique em Janeiro de 2016 (para 2/3 do valor de Janeiro 2015) e ainda não recuperaram. (Infracção das condições «a», «c» e «e».)

6) Vê-se que a Ucrânia é incluída nos MRC por satisfazer o critério (iii): «importância estratégica para os negócios». Isto é, a Ucrânia tem “poencial futuro” como campo de pilhagem para as firmas de John McCain, Joe Biden, etc. Oito dos onze MRC têm crescimento do PIB perto de zero ou negativo e/ou valor de exportações em declínio [9]. O que a EY devia ter dito é que estava a comparar MD com «países estratégicos para o grande capital dos EUA». (Infracção da condição «a».)

7) Quase todos os resultados incluem respostas múltiplas: com os inquiridos que escolheram uma única classe de resposta foram contabilizados outros que também escolheram outras classes. Tais resultados não têm uma interpretação estatística única. (Infracção das condições «b» e «c».)

Erros do estudo da EY por tema

O empenho dos gestores
A EY diz eufemísticamente que «O que observamos nos resultados é que os gestores seniores podem estar a sobrestimar o seu impacto [na aplicação do ASAC]». Isto é, mentem. Tanto mais que «44% dos inquiridos da gestão sénior dizem que frequentemente comunicam a importância dos padrões éticos elevados, mas só 30% dos outros empregados concordam.» Isto é, 70% dos «outros empregados» (os trabalhadores) não acredita nas belas palavras da gestão. E ainda não chegámos ao Frei Tomás [10].
Note-se que a EY fala de «gestão sénior» mas intitula assim resultados que também incluem a direcção das empresas, num total de 9% dos inquiridos.

A Figura 1 do estudo EY [11] pretende suportar a inferência de que quem considera «muito bons» os padrões éticos da sua empresa tende a avaliar mais positivamente o empenho da «gestão sénior», do que quem considera «pobres» esses padrões.

Temos, portanto, duas populações ou grupos de «empregados»:
- Os que consideram «muito bons» os padrões éticos da sua empresa. Chamemos-lhe grupo 1 ou G1.
- Os que consideram «pobres» os padrões éticos da sua empresa. Grupo 2 ou G2.
Para inferir que G1 tende a avaliar mais positivamente o empenho da «gestão sénior» do que G2, foram usadas uma amostra de 999 inquiridos de G1 e uma amostra de 554 de G2.

Existem quatro classes de respostas, como esta algo cómica «[Os inquridos dizem que] a gestão sénior comunicou enfaticamente o seu empenho com políticas ASAC» com 72% de sins de G1 e 28% de sins de G2.

A fiabilidade dos resultados da Figura 1 é desconhecida dado que os inquiridos podem ter incluído o segmento director-gestor [6]. A EY não esclarece. Isto é, pode ter havido muitos inquiridos que se avaliaram a si próprios. (Infracção de «e».).

Os resultados incluem respostas múltiplas, pelo que a soma das votações de todas as classes de resposta por Grupo excede a dimensão do Grupo. Isto permite as mais díspares interpretações, incluindo as que não suportam a mensagem da EY [11].

Outros resultados não alteram a conclusão sobre o empenho irrelevante dos directores-gestores [12] e a própria EY mostra não estar nada optimista a este respeito quando diz: «O futuro ambiente dos negócios pode ser ainda mais difícil. Isso poderia incitar ao comportamento fraudulento e corrupto».

A alegada culpa dos MRC e dos novos negócios
A EY defende que um dos desafios das empresas são os negócios com os MRC que, ao invés dos MD, exibem «menor crescimento económico do que o esperado» (não é isto contraditório com a classificação da EY?), «instabilidade política», e «incerteza acerca da nossa capacidade de negociar devido a sanções económicas e controlos de exportação».

Esta tese é justificada com os resultados da Figura 2 que não provam a tese por duas razões: as respostas dos MRC podem estar (e quase de certeza estão) inflacionadas porque muitas empresas dos MRC são transnacionais dos MD e os respectivos inquiridos tenderão a dar a resposta MD corrente; os resultados são de resposta múltipla, suportando, tal como acima, interpretações contrárias às da EY [13].
A EY apresenta ainda outros resultados de comparação MRC-MD (Figura 5) sem interesse porque além de respostas múltiplas mistura alhos com bugalhos (mistura países com gestão).

Uma outra ideia defendida pela EY é a de que os novos negócios (criados há menos de dois anos) exibem mais corrupção. Apresenta para isso resultados (Figura 4) e, neste caso, se as classes de resposta forem distintas – o que a EY não assegura – um simples teste estatístico aceita a elevada significância das diferenças no sentido defendido pela EY. Note-se que tal conclusão, se válida, constituiria mais uma evidência da tendência de aumento de fraude e corrupção com a crise do capitalismo.

O sector financeiro
Para além de alguns números meramente caracterizadores das «pressões» sobre o sector financeiro, a EY apresenta resultados (Figuras 8, 10 e 11) que usa para defender a ideia de que o sector financeiro tem feito um maior esforço do que outros sectores em prol do comportamento ético. As tabelas enfermam dos habituais males de inclusão do segmento director-gestor e das respostas múltiplas, pelo que nenhuma conclusão válida se pode extrair [14].

O impacto das medidas ASAC
O estudo da EY revela que 57% de todos os inquiridos dizem que a sua empresa possui um código de conduta ASAC e 48% de que são aplicadas sanções por violação desse código. Mas também diz que de 2013 para 2015 não houve progresso na introdução de ASAC: a percentagem de inquiridos que disseram que a sua empresa possui um código de conduta ASAC permaneceu o mesmo.

A avaliação do impacto de medidas ASAC nos resultados das empresas é feita apenas pelas percentagens de respostas de «impacto positivo» de inquiridos de 2.132 empresas com retornos aumentados – chamemos-lhe G1 – e 665 com retornos diminuídos – G2 – à pergunta [15]: «Que impacto teve a actividade reguladora sobre os resultados da sua empresa nos últimos dois anos?».
A percentagem de inquiridos das empresas G1 que respondeu «impacto positivo» é de 26%; a dos inquiridos das empresas G2 é de 8%. É claro que tendo havido aquelas percentagens de respostas de impacto positivo, há que admitir respostas de impacto negativo, ou sem impacto, ou não sabe. A EY é muda quanto a isto.

A aceitação tout-court desta comparação – a única que sustenta a tese da EY de que a instalação e treino ASAC é benéfica ao «crescimento» – levanta várias objecções que a invalidam:
a) Pode corresponder a um resultado de um vasto conjunto de resultados alternativos com maior percentagem de respostas de impacto negativo do ASAC de G1 face a G2, como p. ex.  Este (n é o número de respostas):
Introduction
Ernst & Young (EY), an US transnational of audit and advisory services, published in 2015 its study Fraud and Corruption – The Easy Option for Growth?
EY’s answer to the stated question – and stating it is already symptomatic – is a “No” mediated by the message that ”growth” of “business” is achievable without resorting to fraud and corruption. Nevertheless, throughout the study, EY lets several evidences in favor of a “Yes” slip through.

The number of frauds and corruptions – involving high-ranking cadre of large private firms and of public institutions – has increased sharply in Portugal in the last years, following the 2008 crisis. The same phenomenon is observed in countries that the defenders of capital call “Developed Markets”. (To the defenders of capital, countries and peoples have ceased to exist. There are only markets. Global and abstract.)

Fraud and corruption have always been an important component of State-Monopoly Capitalism (SMC). In 1981 a consensus of Soviet economists characterized SMC this way: “personal union between finance capital and government institutions; bribing of government officials; activities of bourgeois parties, which are in fact funded by the monopolies […] National income is redistributed chiefly in the interests of the monopoly bourgeoisie through the state sector of the economy. The state grants certain privileges to the monopolies, exempts them from paying taxes on a considerable part of their profits, and sanctions the premature depreciation and write off of fixed capital […]” [1]. This culture broth of frauds and corruptions thickens up in times of crisis, when big capital considers the legal means to satiate it as being narrow ones.

EY’s study deserves a detailed analysis. Its analysis will reveal us the crafts to which resort the defenders of capital in white-washing the rottenness of today’s SMC.

The central thesis of Ernst & Young’s study
The central thesis of the study is that the large business companies, and chiefly the oligopolies, [2] are able to “grow” without resorting to fraud and corruption, provided their cadre are trained in ethical practices. Sure enough we are dealing here on the main with the growth of the pockets of the company head officers. And it is also clear that EY knows far too well that fraud and corruption are their “easy option”.

In spite of its central thesis, EY reckons that fraud and corruption were never so high – “The cost of unethical behavior has never been higher”, “The risks of fraud, bribery and corruption remain widespread and we continue to see businesses failing to mitigate these risks”, “More than half of all respondents believe that bribery and corruption is widespread in their country”, “37% of respondents believe that the financial performance of businesses in their markets is often overstated”, etc.

However, to EY, the motivation of fraud and corruption is not to be found in profit hunting at any cost driven by transnational leadership. No. It is explained by the fact that “Businesses are facing increasingly complex challenges to growth – market volatility, geopolitical instability, oil shocks and economic sanctions. But businesses are also under tremendous pressure to achieve this growth.”
Let us pay attention to the last sentence. It is not the capitalist class (board directors and CEOs earning millions per year) who want to see their profits growing. No. It is the people who put “tremendous pressure” upon the capitalists “to achieve this growth”. Growth of what? EY prudishly doesn’t say. In any case, the capitalists being sensible to the popular wishes, and as benefactors of the people, sweat their blood off to comply with the “tremendous pressures” coming from the people to get a “growth”.

A component of EY’s central thesis is that “growth” can be achieved without resorting to fraud and corruption through the application by the companies of measures compelling to ethical behavior, the so-called ABAC (Anti-Bribery and Anti-Corruption) code of conduct. In a general way the ABAC corresponds to: evaluation and monitoring of transactions with high risk of unethical behavior, audit, and whistle-blowing internal hot-lines of unethical behavior.

The Achilles heel of ABAC, coming to light in several passages of EY’s study, is the commitment of the “senior management” with ABAC. In plain English: the Achilles heels are the capitalists. EY, as one might expect, doesn’t mention the word “capitalist” a single time. To EY, board directors, senior managers, other managers, workers, etc., are all “employees” in equal footing. The workers, amounting to 63% of the study respondents, are simply named as “other employees”. EY’s world is as though it were not a capitalist world. Only with “markets”, “businesses”, and “employees”.

EY is one of the transnationals selling ABAC installation and training services. It is bound to defend what it sells. And, to the companies, even if serving no other purpose, the simple fact of saying they have ABAC helps to flaunt a façade of respectability.

Who is Ernst & Young?
EY is one of the 4-Big: the four largest world oligopolies of financial audit, consulting and advisory services of corporative transactions, including tax evasion by so-called “legal” means (euphemistically called tax avoidance). The other ones are PwC, KPMG and Deloitte. EY is present in 150 countries, has 728 offices and over 190 thousand employees. A huge transnational of services to the big capital.

Which certificates does EY possess to preach morals? Bad ones.
Jointly with PwC, KPMG, and Deloitte, EY was involved in the “Luxembourg leaks” scandal: the organization of a huge tax evasion of 340 transnationals between 2002 and 2010 [3]. An evasion considered “legal” because it was carried out under the cover of secret agreements with the government of Luxembourg. It was, after all, the work of a criminal collusion (the secrecy of the agreements is symptomatic) by which corporations, 4-Big and Luxembourg leaders (including the tender-eyed lamb Jean-Claude Juncker) shared out among them billions of dollars of unpaid taxes; that is, billons of dollars stolen from the workers of many countries.
The 4-Big are big organizers of fund evasion to offshores, and are all involved in other shady processes [3].

Methodological flaws of EY’s study
EY’s study contains statements as these ones: “Good [ABAC] compliance, and good ethical standards, can — and in fact do — go hand in hand with revenue growth”. “Bribery and corruption meanwhile remains a significant risk, especially in rapid-growth markets”.
Such statements start off from facts – answers to opinion surveys – to reach general conclusions. One is thus dealing here with inferences.

The basic mistake that completely undermines EY’s study is that it does not distinguish facts from inferences. Since this is an essential methodological issue let us first clarify it.

Facts and inferences
When someone says “March 2 was a hotter day than June 22” she/he is stating a fact. The fact can either be true or false.
When someone says, on basis of average temperatures of a few Winter and Summer days, that “Winter is hotter than Summer” an inference is stated. The fact can either be true or false. But what distinguishes an inference from facts is that it proposes a general conclusion based on a set of a restricted number of facts.

Inferences form a major part of human knowledge. We are always far more interested in general rules than we are in isolated facts. Saying that some 5 Winter days were hotter than some 5 Summer days is of no interest at all. Saying that the last 20-year Winters were generally hotter than those of the previous 20 years may be of interest (global warming?).

Take the Summer vs. Winter comparison. The inference starts off from a restricted number of facts or objects (e.g., average temperatures) to reach a general conclusion applicable to arbitrarily large sets of objects called populations (e.g., Winters and Summers of several years). In order to be legitimate an inference must satisfy certain conditions:

a) The populations must be well defined. (In the Northern hemisphere makes no sense to include December in the Summer.)

b) The classes of objects must be well defined. (We are not allowed to use diurnal temperatures in certain days and diurnal and nocturnal temperatures in other days.)

c) The objects composing the sets used to derive an inference (samples) can only come from the defined populations and classes. (We cannot use Spring or Autumn days.)

d) The sample must be part of the population. (We cannot use 2015 days to infer about the twentieth century. If we use all Winter and Summer days of a given year in order to infer about it, we are not inferring but comparing facts.)

e) The objects must be randomly chosen and without any bias whatsoever in their choice. (E.g., we are not allowed to purposefully pick up the hottest Winter days and the coldest Summer days.)

f) The inference must be statistically validated, by using adequate tests which will decide whether or not the inference can be accepted with high probability. (It is easily understood that if we base the Winter-Summer comparison in a sole day from each season the probability of a wrong inference is high. The probability of wrong inference decreases as the number of days increases, reaching 0% when the sample coincides with the population.)

The inferential flaws of the study
1) The study is based on comparisons of facts: results from opinion polls to “employees” of companies.
The results are proportions of affirmative answers of the respondents to certain classes of questions.
The respondents constitute samples of companies and countries: 2797 companies and 38 countries (out of 206).
The study formulates general conclusions based on the samples. It thus confuses facts with inferences, implying the idea that facts by themselves alone authorize inferences. There is no statistical validation. (The above conditions “d” and “f” are infringed.)

2) The opinion survey involved 100 “employees” (board directors, senior management and other management, workers) from the 38 countries. A total of 3.800 respondents.
The low number of respondents per country (100) implies a reduced statistical significance in comparisons between countries and between groups of countries (DM – “developed markets”, RGM – “rapid-growth markets”, “others”). See “f” and [4].

3) The results are proportions of classes of answers presented in bar graphs, to enforce an easy but uncritical reading. The fact that proportions, by themselves alone, may elicit a falsified image of the reality [5] is neglected.

4) Over one third of the respondents (34%) were from the capitalist director-management segment [6] from where frauds and corruption emanate having in view the “easy growth”. The segment of those interested in answers that white-wash, hide or deny the critical facts.
Besides, EY itself reckons that the problem lies at the top of the management: “senior management still has much to do” [7]. Nonetheless, by merging results from the director-management segment with results from the workers EY is mixing up chalk and cheese. (Condition “e” is infringed.)

5) EY’s classification of RGMs is highly weird: on a par with high growth countries such as India and UAE are put together countries like Turkey, Nigeria, and…  Ukraine! [8].
According to EY the classification is based on three criteria: i) “Proven strong growth [of GDP] and future potential”; ii) “Size of the economy and population”; iii) “Strategic importance for business”. EY does indeed recognize that Ukraine growth is “close to zero this year” but immediately adds in “but exports will drive pickup in 2014–16”. A false statement: Ukraine growth in the first trimester of 2016 was of          -0.7% and exports plunged in January 2016 (to 2/3 of the January 2015 value) and haven’t yet fully recovered. (Conditions “a”, “c”, and “e” are infringed.)

6) One sees that Ukraine was included in the RGMs because it satisfies criterion (iii): “Strategic importance for business”. That is, Ukraine has “future potential” as plundering field for corporations from John McCain, Joe Biden, etc. Eight of the eleven RGM have GDP growth close to zero or negative and/or declining export value [9]. EY should have stated that it was comparing DM with “countries that are strategic to the big US capital”. (Condition “a” was infringed.)

7) Almost all results include multiple answers: together with the respondents that chose a single class of answer were counted in those who also chose other classes. Such results do not have a unique statistical interpretation. (Conditions “b” and “c” are infringed.)

EY’s study flaws per topic

The commitment of the management
EY tells us euphemistically that “What we see in the results is that senior managers may be overestimating their impact [in ABAC application].” That is, they lie. The more so because “44% of senior management respondents said they frequently communicate the importance of high ethical standards but only 30% of other employees agree.” That is, 70% of the “other employees” don’t believe the nice words of the management. And we haven’t yet come to mention St Thomas [10].
Note that EY speaks of “senior management” but entitles as such results that also include the board direction of the firms, adding up to a total of 9% respondents.

Figure 1 of EY’s study [11] is intended to support the inference that those who regard as “very good” the ethical standards of their firm also show a tendency to evaluate more positively the commitment of the “senior management”, than those who regard the ethical standards as “poor”.

We thus have two populations or groups of “employees”:
- Those who regard as “very good” the ethical standards of their firm. Let us call them group 1 or G1.
- Those who regard as “poor” the ethical standards of their firm. Group 2 or G2.
In order to infer that G1 tends to evaluate more positively the commitment of the «senior management” than G2, a sample of 999 respondents from G1 and a sample of 554 respondents from G2 were used.

There are four classes of answers, such as this somewhat comic one “[The respondents say] senior management has strongly communicated its commitment to ABAC policies” with 72% of “ayes” from G1 and 28% of “ayes” from G2.

The reliability of Figure 1 results is unknown given that the respondents may have included the director-management segment [6]. EY’s study does not clarify. This way, many of the respondents may have evaluated themselves. (Condition “e” is infringed.)

The results include multiple answers. For this reason, the sum of the percentages of all classes of answers per Group exceeds the Group size. This allows the most varied interpretations; including those who run counter to EY’s message [11].

Other results do not alter the conclusion of an irrelevant commitment of the directors-managers [12] and EY itself does not endorse an optimist view on this issue when it says: “The future business environment is likely to be even tougher. This could drive fraudulent and corrupt behavior.”

The alleged guilt of the RGM and the new businesses
EY claims that one of the challenges faced by companies are the businesses with the RGMs which, contrary to the DMs, display “Slower economic growth than expected” (isn’t this contradictory to EY’s classification?), “Political instability”, and “Uncertainty about our ability to trade due to economic sanctions or export controls.”

This thesis is justified with the results of Figure 2, which do not prove the thesis for two reasons: the RGM responses may be (and almost certainly are) inflated because many of the RGM companies are DM transnationals and the respective respondents will tend to give the current DM answer; the results are of multiple answers, supporting, as above, interpretations contrary to EY’s [13].
EY presents further results on the RGM-DM comparison (Figure 5) of no interest because of multiple answers and of mixing cheese with chalk (mixes up countries with management).

Another idea, claimed by EY, is that new businesses (created less than two years ago) show more corruption. Results (Figure 4) are presented to support the claim and, in this case, if the classes of answers are distinct – EY doesn’t assure it – a simple statistical test accepts the high significance of the differences in the sense claimed by EY. Note that such conclusion, if valid, would correspond to a further piece of evidence on the tendency of fraud and corruption having increased with the capitalist crisis.

The financial sector
Besides a few figures merely characterizing the “pressures” upon the financial sector, EY’ study presents results (Figures 8, 10 and 11) which are used to support the idea that the financial sector has engaged into a bigger effort than other sectors for ethical behavior. The tables suffer from all the usual shortcomings of inclusion of the director-management segment and of multiple answers,  and for these reasons no valid conclusion can be drawn from them [14].

The impact of ABAC measures
EY’s study reveals that 57% of all respondents say their company has an ABAC code of conduct and 48% say that sanctions are applied when the code is breached. But it also reveals that from 2013 to 2015 there was no progress in the introduction of ABAC: the percentage of respondents who say their company as an ABAC code of conduct stayed the same.

The evaluation of the impact of ABAC measures in the results of the companies is only done by comparing the percentages of “positive impact” answers, from respondents of 2.132 companies with increased revenues – let us call G1 – and 665 with decreased revenues – G2 – to the question [15]: “What impact has regulatory activity in the last two years had upon results in your company?”.
The percentage of respondents from G1 companies who answered “positive impact” was 26%; from G2 companies the respective percentage was 8%. Sure enough, if there were those percentages of answers of positive impact one has to consider answers of negative impact, or of no impact, or of don’t know. EY is mute on this issue.

The tout-court acceptance of that comparison – the only one supporting EY’s thesis of the beneficial effect for “growth” derived from ABAC installing and training – raises several objections that invalidate it:
a) It may correspond to one result out of a large set of alternative results with higher percentage of G1 answers of negative impact in contrast to corresponding G2 answers; an example is given below (n is the number of answers):



Impacto positivo
Positive impact
Não sabe
Don’t know
Impacto negativo
Negative impact
Total
G1
n
554
748
830
2132
%
26%
35%
39%
100%
G2
n
53
472
140
665
%
8%
71%
21%
100%
As proporções do estudo EY mantêm-se (amarelo), mas a percentagem de respostas de impacto negativo do ASAC (verde) em G1 (retornos aumentados) supera significativamente a de G2 (retornos diminuídos).
The proportions of EY’s study are maintained (yellow) but the percentage of answers of ABAC negative impact (green) from G1 (increased revenues) is significantly larger than from G2 (decreased revenues).


b) A «actividade reguladora» da pergunta não é necessariamente ASAC.
c) Retornos não são lucros.
d) Se a mensagem de que o ASAC tem um impacto três vezes mais positivo nos retornos do que sem ASAC fosse verdadeira, todas as empresas correriam a comprar ASAC. Não se compreenderia, portanto, a constatação acima da EY de que de 2013 para 2015 não houve progresso na introdução de ASAC.
e) Retornos não são lucros, mas lucros crescentes precisam, em igualdade de circunstâncias, de retornos crescentes. A adopção do código ASAC seria então a panaceia universal para acabar com as crises do capitalismo e torná-lo eterno. E em «crescimento». Pelo menos em crescimento dos bolsos dos grandes capitalistas.

Conclusão
No seu estudo a EY pretende demonstrar com resultados as teses que a priori, mesmo sem resultados, tinha vantagem em transmitir.

Teses como «corporações que são vistas como possuindo altos padrões éticos são as que mais provavelmente verão os seus retornos crescer», adquirir ASAC é bom, fraude e corrupção são consequência de enormes «pressões» que pesam sobre as empresas, nomeadamente dos negócios com os MRC, o sector financeiro tem feito mais investimento e tido mais progresso em ética que outros sectores. No entanto, como demonstrámos, estas teses da EY não podem ser validadas por variadas razões. Incluindo a razão básica: metodologia errada.

Além disso, a própria realidade desmente as teses da EY. Quem, por exemplo, acredita ser o progresso ético do sector financeiro um facto,  quando o comportamento não ético dos bancos tem claramente aumentado e não diminuído?
E aqui e além no seu estudo, a realidade transparece, nomeadamente quanto à conversão à ética da «gestão sénior». Isto é, a conversão sacrossanta do grande capital.

A realidade da fraude e corrupção assenta em causas bem diferentes daquelas que a EY defende. As sementes da fraude e corrupção das empresas não podem ser extirpadas por códigos éticos, quaisquer que eles sejam. Elas residem na própria lógica do sistema, accionado pela busca de lucro a todo o custo e consequente domínio de mercados, para além da extracção de mais-valia dos trabalhadores.

Os códigos ASAC constituem mera operação cosmética que em nada altera a lógica do sistema. Operação cosmética que, no fundo, se destina a apoiar os apetites imperiais, justificando o direito à pilhagem dos recém-baptizados MRC como a Ucrânia ou a Nigéria. Ou o direito à intervenção noutros países, como a Venezuela, por sofrerem de «instabilidade política».

Nunca veremos na EY, e similares, preocupações éticas com as infracções aos direitos do trabalho, a utilização de mão-de-obra infantil nos MRC, a precariedade de emprego, a falta de contratação colectiva, ou a descida dos salários reais, impostas pela «gestão sénior» aos «outros empregados».

Continuaremos a ver, contudo, da parte da EY ou similares, as consultorias que permitem às grandes transnacionais a fuga ao fisco por meios «legais», como no caso do «Luxemburgo leaks» e dos «Panamá papers». Fuga que não é difícil porque o aparelho de estado capitalista – incluindo a componente legislativa – está, por definição e facto, nas mãos dos capitalistas. E, no entendimento da EY e similares, a imoralidade legalizada ou encoberta da «gestão sénior» não infringe «padrões éticos». Isto, e mais umas vendas de ASAC, serão sempre suficientes para dormirem descansados, continuando a viver em grande estilo. A viver, afinal, à custa da «opção fácil do crescimento».
b) The “regulatory activity” of the question is not necessarily ABAC.
c) Revenues are not profits.
d) If the message that ABAC has three times more positive impact in the revenues than without ABAC was true, most companies would run fast to purchase ABAC. The above observation that from 2013 to 2015 there was no progress in the introduction of ABAC would be then incomprehensible.
e) Revenues are not profits, but all other things being equal, growing profits need growing revenues. The adoption of the ABAC code would then amount to a universal panacea to finish with the crises of capitalism and making it eternal. And always with “growth”. At least the growth of the pockets of the big capitalists.

Conclusion
With its study EY intends to demonstrate with empirical results the theses that a priori, even without results, were to its advantage to transmit.

Theses such as “companies seen to have high ethical standards are also more likely to be seeing their revenues grow”, having ABAC – sold by EY – is good, fraud and corruption are the consequence of “enormous pressures” weighing over the companies, especially when businesses with RGMs are involved, the financial sector has made more investment and has had more progress in ethics than other sectors. However, as we have shown, these EY theses cannot be validated for various reasons. Including the basic reason: wrong methodology.

Moreover, reality itself belies EY’ theses. Who would, for instance, believe that ethical progress of the financial sector is a fact, when bank unethical behavior is clearly increasing, not decreasing?
And here and there in EY’s study the reality pierces through, namely concerning the conversion of “senior management” to ethics. The holy conversion of the big capital.

The reality of fraud and corruption has main causes quite distinct from those claimed by EY. The seeds of fraud and corruption in the companies cannot be extirpated by ethical codes, whatever they may be. They are planted into the system logic itself, driven by the search for profit at all costs and the consequent domination of markets, as well the extraction of surplus value from the workers.

The ABAC codes constitute a mere cosmetic operation changing nothing of the system logic. A cosmetic operation which, after all, is destined to uphold imperial appetites, justifying the right to plunder the newly baptized RGMs such as Ukraine and Nigeria. And also the right to intervene in other countries, such as Venezuela, since their “political instability” constitute a “challenge” to the markets.

From the side of EY and the likes we shall never see ethical preoccupations with infringements of workers rights, the use of infant handwork in the RGMs, job precariousness, lack of collective contracts, and decrease of wages in real value, imposed by the “senior management” to the “other employees”.

From the side of EY and the likes we shall see, however, the consultancies allowing tax evasion of large transnationals by “legal” means as in the cases of the “Luxembourg leaks” and the “Panama papers”. An evasion which is not that difficult to implement since the capitalist state apparatus – including the legislative component – is, by definition and fact, in capitalist hands. And in the understanding of EY and the likes, the immorality legalized or covered by “senior management” constitutes no breach of “ethical standards”. This, with the addition of further ABAC sales, will always be sufficient for them to have a good night sleep and continue living in great style. Living, after all, at the expense of the “easy option for growth”.

Notas | Notes

[1] Citado em | Cited in: Zoltan Zigedy, State-Monopoly Capitalism Today, http://mltoday.com/article/372-state-monopoly-capitalism-today/52
[2] Das empresas estudadas, 51% tinham mais de 5.000 trabalhadores, 83% mais de 1.000, e 7% menos de 500. Isto é, uma maioria de empresas eram oligopólios (por vezes designados sem rigor por monopólios).
Out of the studied companies 51% had over 5.000 workers, 83% over 1.000, and 7% less than 500. Thus, the majority of firms were oligopolies (often called monopolies without rigor).
[3] Ver | See: Hudson M, Chavkin  S, Mos B, Big 4 Audit Firms Play Big Role in Offshore Murk, Nov 5, 2014, https://www.icij.org/project/luxembourg-leaks/big-4-audit-firms-play-big-role-offshore-murk. Aí se descreve o escândalo, revelado por 80 jornalistas de 36 países, bem como outros escândalos das 4-Grandes que retratam bem a podridão do sistema.
This article describes the scandal, revealed by 80 journalists from 36 countries, and other scandals of the 4-Big, which portray the systemic rottenness.
[4] A diferença de duas proporções, com significado estatístico, diminui com o aumento da dimensão da amostra.
Tomemos a Irlanda e Áustria da Tabela 1 do estudo EY, com proporções de 50% e 42% dos que reconhecem ser prática frequente a fraude e corrupção. Parecem valores bastante afastados (diferença de 8%). Contudo, a probabilidade do excesso da primeira proporção face à segunda ser devida ao acaso é de uns confortáveis 12,8%. Isto é, contrariamente ao que poderíamos supor, tal diferença de proporções estimadas em 100 casos não tem qualquer significado. Poderia dever-se ao acaso. Se em vez de 100 casos tivéssemos 1.000 casos, a probabilidade da mesma diferença de proporções ser devida ao acaso seria quase nula, passando a ter significado estatístico. Com 100 casos, seria preciso que a diferença de proporções fosse bem maior para ter significado; p. ex., 50% e 32% (diferença de 18%).
The difference of two proportions having statistical significance decreases with the increase of the sample size.
Let us take Ireland and Austria from Table 1 of EY’s study, with proportions of 50% and 42% of those that acknowledge fraud and corruption as being a widespread practice. They seem to be quite distinct values (a difference of 8%). However, the probability that the first proportion exceeds the second one due to chance is of a comfortable 12,8%. That is, contrary to what we might think, such a difference of proportions estimated on 100 cases has no meaning at all. It could be due to chance alone. If instead of 100 cases we had 1.000 cases, the probability of the same difference of proportions being due to chance would then be almost zero, having then a statistical significance. With 100 cases, one would need a larger difference of proportions in order to be significant; e. g., 50% and 32% (a difference of 18%).
[5]
A razão porque algumas vezes não se deve basear comparações em percentagens é que a qualidade da estimativa de uma proporção, como vimos acima, depende do número de casos em que foi estimada. A tabela abaixo (Fig. 4 do estudo EY), mostra percentagens de inquiridos de negócios novos e antigos para duas classes de comportamento não ético.
The reason why one sometimes should not base comparisons on percentages has to do with the quality of a proportion estimate, which we saw above as depending on the number of cases. The table below (Fig. 4 of EY’s study), shows percentages of respondents of new and old businesses for two classes of unethical behavior.

Classes de respostas
Classes of answers
Negócios novos
New businesses
Negócios antigos
Old businesses
1. Gestão esconde desempenho negativo
Management hides negatve performance
26%
20%
2. Suborno justificado com sobrevivência da firma
Bribery justified with company survival
25%
15%

Parece que a diferença entre os dois tipos de firmas, nas duas classes de comportamento não ético, não é grande. Efectivamente, um teste estatístico, tratando as percentagens como núeros de casos em 100 casos, confirma esta impressão. A hipótese de igualdade dos dois tipos de firmas é aceite com elevada probabilidade (p): p=57%.
As proporções, porém, não foram estimadas em 100 casos. Tomando em conta as dimensões das amostras de firmas, a tabela a considerar em número de casos, é:
It looks as though the difference between the two types of firms with respect to the two classes of unethical behavior is not that big. And, in fact, a statistical test treating the percentages as numbers of cases in 100 cases, confirms that impression. The equality hypothesis of the two types of firms is accepted with high probability (p): p=57%.
The proportions, however, were not estimated in 100 cases. Taking into account the sizes of the firm samples, the table one has to consider with numbers of cases, is:

Classes de respostas
Classes of answers
Negócios novos
New businesses
936
Negócios antigos
Old businesses
2802
1. Gestão esconde desempenho negativo
Management hides negatve performance
243
560
2. Suborno justificado com sobrevivência da firma
Bribery justified with company survival
234
420

Agora o teste estatístico rejeita a hipótese de igualdade. A probabilidade de obter tais valores, sob essa hipótese e em amostras de firmas dessas dimensões, devido ao acaso, é demasiado baixa: 3%. Vemos como o ter em conta as reais contagens de casos em vez de proporções pode modificar drasticamente a inferência de uma comparação.
The statistical test now rejects the equality hypothesis. The probability of obtaining such values, under that hypothesis and in firm samples of those sizes, due to chance, is too low: 3%. We see how by taking into account numbers of cases instead of percentages can drastically modify the inference from a comparison.

[6] O segmento director-gestor corresponde às categorias «membro da direcção», «gestor sénior», e «outros gestores», num total de 1.292 (34%) inquiridos.
The director-management segment corresponds to the categories “board director”, “senior management”, and “other management”, totaling 1,292 (34%) respondents.
[7] A EY reconhece este aspecto iniludível em várias passagens: «o engajamento da gestão sénior permanece como o factor mais crítico para mudar a cultura da organização», «a gestão sénior ainda tem muito que andar», «eles sobrestimam … como efectivamente comunicam a importância de altos padrões éticos», etc.
EY acknowledges this inescapable aspect in several passages: “The commitment of senior leadership remains the most critical factor in changing an organization’s culture”, “senior management still has much to do”, “they overestimate … how effectively they are communicating the importance of high ethical standards”, etc.
[8] A classificação da EY vem no seu folheto Rapid-Growth Markets Forecast: July 2014 e inclui nos MRC: República Checa, Egipto, Índia, Nigéria, Polónia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, EAU, Ucrânia.
EY’s classification is given in the brochure Rapid-Growth Markets Forecast: July 2014 and includes in the RGM: Czech Republic, Egypt, India, Nigeria, Poland, Russia, Saudi Arabia, South Africa, Turkey, UAE and Ukraine.
[9] Crescimento do PIB no 1.º trimestre de 2016: República Checa 0,5%, Polónia -0,1%, Rússia -0,6%, África do Sul 0,6%, Turquia 0,7%, Ucrânia -0,7%. Países com exportações em declínio: Nigéria, Rússia, Arábia Saudita, Ucrânia.
GDP growth in the 1st trimester 2016: Czech Republic 0.5%, Poland -0.1%, Russia -0.57%, South Africa 0.6% , Turkey 0.7%, and Ukraine -0.7%. Countries with declining exports: Nigeria, Russia, Saudi Arabia, and Ukraine.
[10] Bem prega Frei Tomás, fazei o que ele diz e não o que ele faz.
A reference to an ironic Portuguese saying: Thus preaches well St Thomas, do what he says not what he does.
[11] Tabela correspondente à Figura 1 com o número de casos n que é sempre omitido no estudo EY | The table corresponding to Figure 1 with the number of cases n always omitted in EY’s study:

Classes de respostas
Classes of answers
%
n
G1
G2
G1
G2
1. Gestão sénior obtém níveis correctos de dados
Head management obtain right level of data
86%
39%
859
216
2. Gestão sénior disse enfaticamente empenho em ASAC
Senior management strongly said committed to ABAC
72%
28%
719
155
3. Gestão sénior entende ambiente negocial que enfrenta
Head management knows business environment they face
66%
25%
659
139
4. Gestão sénior diz muitas vezes ética elevada importante
Senior management often says high ethics important
61%
18%
609
100
TOTAL obtido | Observed TOTAL
285%
110%
2846
610
TOTAL esperado | Expected TOTAL
100%
100%
999
554

Devido a respostas múltiplas os totais percentuais (amarelo) não somam 100%. As classes de respostas não estão bem definidas, permitindo várias interpretações em termos de classes bem definidas e com os mesmos totais de respostas da tabela acima. Como esta:
Due to multiple answers the percentage totals (yellow) do not add up to 100%. The classes of answers are not well defined, allowing several interpretations in terms of well defined classes and with the same totals of answers as in the above table. As this one:

Classes
%
n
G1
G2
G1
G2
1. só | alone
20%
35%
198
196
2. só | alone
6%
24%
63
135
3. só | alone
1%
21%
9
119
4. só | alone
1%
15%
9
82
5. 1+2+3
12%
1%
120
4
6. 1+2+4
7%
0%
70
2
7. 1+3+4
6%
0%
64
2
8. 2+3+4
6%
0%
59
2
9. 1+2+3+4
41%
2%
407
12
TOTAL
100%
100%
999
554

Neste caso, G1 é estatisticamente diferente de G2 (p = 0), mas as respostas nas classes 1, 2, 3 e 4 de G1 são proporcionalmente inferiores as de G2, e superiores nas respostas das classes de 6 a 9. Tudo se passa como se G1, tendo estado exposto à propaganda da «gestão sénior», fosse muito mais abrangente e descuidado nas suas respostas do que G2; este, mais específico nas questões merecedoras de resposta. Esta interpretação é diferente da da EY.
In this case, G1 is statistically different from G2 (p = 0), but the answers in the classes 1, 2, 3, and 4, from G1 are proportionally inferior to those of G2, and superior in the classes 6 to 9. This can be read as if G1, having been under the propaganda of the “senior management”, was much more overarching and sloppy in its answers than G2, choosy in addressing specific issues deserving an answer. This interpretation differs from the one given by EY.

 [12] P. ex., só 1/3 dos inquiridos acha que as denúncia internas de corrupção seriam sempre tidas em conta pela gestão. Isto num inquérito que envolve 1/3 de gestores (!) e com 41% de inquiridos que preferiram não responder (Figura 15).
For instance, only 1/3 of the respondents think that internal whistle-blowing on corruption would always be taken into account by the management, in an enquiry involving 1/3 managers (!) and 41% of respondents opting for no answer.
[13]
Os resultados da Figura 2 correspondem à seguinte tabela (a amarelo o que mostra a EY) onde, para além das percentagens, se apresentam os números de casos:
The results of Figure 2 correspond to the table below (in yellow what EY shows) where, besides percentages, are also presented the numbers of cases:


Classes
%
n
MD
DM
MRC
RGM
MD
DM
MRC
RGM
1. Lento crescimento económico
Slow  economic growth
54
62
864
682
2. Instabilidade política
Political instability
25
41
400
451
3. Incerteza no comércio
Uncertainty in trade
20
30
320
330
TOTAL obtido | Observed TOTAL
99
133
1584
1463
TOTAL esperado | Expected TOTAL
100
100
1600
1100

A percentagem de 99% to total de MD pode dever-se a arredondamentos mas pode também dever-se a respostas do tipo «Não sabe», que a EY diz em várias figuras que «foram omitidas para permitir melhor comparação entre as respostas dadas». Uma verdadeira mistificação porque uma resposta «Não sabe» é uma resposta. Se não o fosse, as duas tabelas abaixo teriam o mesmo significado estatístico e não têm. A inferência sobre a tabela da esquerda à EY (a amarelo o que a EY mostra) aceita a igualdade dos grupos com máxima significância (p=1) confirmando a mensagem à EY baseada apenas nas proporções. Mas, de facto, a tabela a considerar é a da direita, que rejeita a igualdade das distribuições (p=0).
The total DM percentage of 99% can be due to roundings, but can also be due to answers of the “Don’t know” type, which EY says in several figures “’Don’t know’ percentages have been omitted to allow better comparison between the responses given.” A true mystification because a “Don’t know” answer is an answer. If it were not the two tables below would have the same statistical significance, and they don’t have. The inference on the left table à la EY (in yellow what EY shows) accepts the group equality with maximum significance (p=1) confirming the message à la EY solely based on proportions. But, as a matter of fact, the table one has to consider is the one on the right, which rejects the equality of the distributions (p=0).



%
n
Classes
 G 1
G 2
G 1
G 2
1.
50%
49%
500
500
2.
50%
49%
500
500
TOTAL
100%
98%
1000
1000

%
n
Classes
 G 1
G 2
G 1
G 2
1.
50%
49%
500
500
2.
50%
49%
500
500
3. Não sabe
Don’t know
0
2%
0
20
TOTAL
100%
100%
1000
1020

Voltemos à Figura 2. A percentagem de 133% de MRC só pode dever-se a respostas múltiplas. Uma variante possível com classes distintas, mantendo todos os totais, é mostrada abaixo. Nesta solução, todas as percentagens de inquiridos dos MDs quanto aos «desafios» são superiores às dos MRCs quando só escolhem um «desafio». Só não o são em três combinações de «desafios».
Let us go back to Figure 2. The MRC percentage of 133% can only be due to multiple answers. A possible variant with distinct classes and maintaining all totals, is shown below. In this solution all percentages of DM respondents to the “challenges” are larger than those of the RGM when only a single “challenge” is chosen.  The exception to this is in tree combinations of “challenges”.



%
n
Classes
MD
DM
MRC
RGM
MD
DM
MRC
RGM
1. só | alone
50%
44%
800
481
2. só | alone
21%
20%
336
225
3. só | alone
17%
10%
264
108
4. 1+2
4%
16%
56
177
5. 1+3
1%
1%
8
14
6. 2+3
0%
1%
0
10
7. 1+2+3
0%
3%
0
35
8. Não sabe
Don’ t know
9%
5%
136
50
TOTAL
100%
100%
1600
1100

[14] Os resultados da avaliação da «gestão sénior» no sector financeiro, face a outros sectores, são suspeitosamente mais favoráveis (diferenças entre 15% a 26% da Figura 11) do que os resultados que só envolvem a avaliação de comportamentos não éticos (diferenças entre 4% e 12% da Figura 8). Neste último caso, existe mesmo uma classe de questões («fornecedor aprovado de bases de dados») que avaliada isoladamente revela pouco significado estatístico da diferença (p unilateral = 3%).
The results evaluating the “senior management” in the financial sector, in contrast to other sectors, are suspiciously more favorable (differences between 15% to 26% in Figure 11) than the results only involving the evaluation of unethical behavior (differences between 4% to 12% in Figure 8). In this last case there is even a class of questions (“approved data base supplier”) revealing a low statistical significance of the difference (unilateral p = 3%) when evaluated in isolation.
[15] Tabela da página 8 do estudo EY. Todas as outras linhas desta tabela dizem respeito aos «padrões éticos» e não aos retornos das empresas. O mesmo se aplica à outra tabela da página 8. Note-se que o simples facto de adquirir instalação e treino de ASAC, e de se falar nisso dentro da empresa, pode criar e impor a ideia de que os padrões éticos melhoraram.

Page 8 table of EY’s study. All other rows from this table respect the “ethical standards”, not the revenues of the companies. The same applies to the other table of page 8. Note that the simple fact of purchasing ABAC installation and training, and speaking about it inside the company, may create and impose the idea on its “employees” that the ethical standards have improved.