segunda-feira, 27 de abril de 2015

A submissão do Syriza ao imperialismo

    Já no passado mês de Fevereiro mostrámos as limitações políticas do Syriza (ver http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2015/02/syriza-salvacao-do-capitalismo-syriza.html ). Limitações que configuram um monumental embuste em prol da salvação do capitalismo e, ao fim  ao cabo, em prol da continuação das mesmas políticas do agrado da troika. Troika essa agora rebaptizada pelo Syriza em «as autoridades de Bruxelas». Como se a mudança de nome fizesse diferença. Muitos que votaram no Syriza já se aperceberam do que, de facto, significa o Syriza e afastaram-se dele.
    Voltamos de novo ao tema «Syriza» por uma razão simples. É que também temos «Syrizas» em Portugal: Congresso das Alternativas Democráticas, BE e todos os seus rebentos: Livre, Tempo de Agir, Fórum Manifesto, Renovadores Comunistas, etc., etc.
    Lembremo-nos que o Syriza para formar governo não teve escrúpulos em se aliar com um partido da direita populista e nacionalista, o ANEL, que se pronunciou contra os acordos com a troika e pela exigência de reparações de guerra da Alemanha, ao mesmo tempo que defende uma política anti-imigrantes, xenófoba e de discriminação religiosa (a favor da Igreja Ortodoxa Grega) típica da direita grega.
    Já vimos qual o comportamento do Syriza-Anel na frente económica. Quanto ao comportamento na frente anti-imperialista, o Syriza-Anel mostrou em Abril a sua face:
   
Pela primeira vez, forças estado-unidenses e israelitas participarão nos exercícios das forças armadas gregas “INIOHOS 2015”.
   
    Esta notícia, amplamente divulgada internacionalmente, por estranho esquecimento não apareceu em Portugal.
    Portanto, os imperialistas ianques e seus cães de guarda no Médio Oriente sentem-se perfeitamente à vontade com a «esquerda radical» do Syriza. E, claro, também se sentem à vontade as altas patentes militares gregas. Altas patentes intocadas pelo Syriza. E descendentes daqueles coronéis fascistas que ficaram tão bem conhecidos. Sobre o “INIOHOS 2015” disse assim o Partido Cominista Grego a 16 de Abril (http://es.kke.gr/es/articles/Por-primera-vez-fuerzas-estadounidenses-e-israelies-participaran-en-los-ejercicios-de-las-fuerzas-armadas-griegas-INIOHOS-2015/):
    
    «O governo do SYRIZA-ANEL, que opera no mesmo estilo que o governo anterior do ND-PASOK, está a dar um passo em frente numa maior aproximação das forças armadas gregas com as dos EUA e de Israel.
    Assim, de segunda-feira, dia 20, até quinta-feira, dia 30 de Abril, será levado a cabo o exercício conjunto de meia escala “INIOHOS 2015”, em combinação com o exercício “ASTRAPÍ” da marinha. Este exercício prevê a realização de missões aéreas complexas em todo o espaço aéreo de Atenas, com a participação de um grande número de forças aéreas e navais, assim como de forças do exército terrestre. Pela primeira vez participarão forças de países estrangeiros e, particularmente, de Israel e dos EUA.
    O exercício está relacionado com a tentativa da burguesia, que é perigosa para o povo, de melhorar a sua posição em termos geoestratégicos, através do desenvolvimento da cooperação com os EUA e com Israel. Espera-se, pois, um maior envolvimento das forças armadas gregas nos planos imperialistas no Médio Oriente e na Norte de África.

   Ficou claro que estavam equivocadas as comemorações pela vitória do SYRIZA nas últimas eleições gregas, por parte de várias forças de esquerda, inclusive comunistas e, entre elas, forças do Oriente Médio.»