Já apresentámos a razão fundamental do
conflito na Ucrânia em Fevereiro de 2014 (http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/02/cinco-casos-politicos.html
e http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/02/a-conquista-imperialista-da-ucrania.html
), a saber: domínio imperialista da Europa por parte do imperialismo ianque e
seus aliados Inglaterra e Alemanha, seguindo uma política de ocupação com
dependência neocolonial em todos os países ex-socialistas, procurando a todo o
preço levar as fronteiras da NATO até à Rússia. «Política de contenção da
Rússia», dizem eles. As condições de vida dos povos desses países não
melhoraram com a entrada na UE. Pelo contrário, pioraram; muitas vezes
dramaticamente. Um caso específico é o da Bulgária, onde a pobreza tem
aumentado de forma espantosa, bem como a mortalidade infantil e o abandono
escolar. Fenómenos desconhecidos no socialismo. Fenómenos semelhantes ocorrem
em todos os países ex-socialistas, com particular incidência na Roménia, na
Croácia, na Bósnia-Herzegovina, nos países bálticos, na Hungria e na Geórgia.
Só têm ganhado, como é óbvio, as oligarquias locais e suas clientelas.
Vejamos agora, tematicamente e desde a data do
nosso último artigo, algumas notícias menos conhecidas sobre a Ucrânia, que
ajudam a compreender o conflito.
Ajuda militar dos EUA à Junta fascista de
Kiev
Em 25 de Novembro de 2014 um grupo de hackers
ucraniano anti-governamental, CyberBerkut, conseguiu obter documentos
sobre: pedidos de apoio de Kiev aos EUA de milhões de dólares, nomeadamente em
armamento; concordância dos EUA a tais pedidos (estes últimos provenientes de
membros da delegação de Joe Biden a Kiev em 20-21/Nov/2014). Num dos
documentos, assinado por Obama, este delega em John Kerry a entrega a Kiev de
até 5 milhões de dólares em «artigos de defesa», educação e treino militar e de
20 milhões de dólares em outros apoios. Ver este documento no final do presente
artigo bem como a lista do armamento pedido por Kiev: 2.000 espingardas de
assalto, 720 lançadores de granadas, 200 morteiros, 420 mísseis anti-tanque,
etc.
As acusações de envolvimento da Rússia e
para que têm servido
Desde o início que o «Ocidente» acusa a Rússia
de ajuda militar e envolvimento directo no conflito entre Kiev e as repúblicas
separatistas, procurando um pretexto para a intervenção da NATO. Situação
comparável ao pretexto das inexistentes «armas de destruição maciça» para a
intervenção no Iraque. Ora, a última coisa que a Rússia pretende é dar
pretextos de intervenção da NATO. De facto, é até acusada pelos líderes
separatistas de não intervir suficientemente. As acusações «ocidentais» têm
levado a situações deploráveis e/ou ridículas, como os injustificados atrasos
impostos à ajuda humanitária da Rússia (camiões com alimentos e medicamentos) e
a histeria sobre os voos perfeitamente legais de aviões russos, numa reedição
do «Vêm aí os russos!» da guerra fria, esquecendo os voos e exercícios
militares provocatórios que a NATO realiza com grande frequência junto à
fronteira da Rússia (ver, p. ex., https://www.youtube.com/watch?v=bGAxckY7MtY).
Em 2 de
Setembro de 2014, aquando de uma cimeira de NATO em Gales, convocada para
«conter o comportamento agressivo da Rússia», um grupo de ex-funcionários
aposentados dos serviços de informação dos EUA (William Binney e David
MacMichael do NSA, Ray McGovern da CIA, Elizabeth Murray do National
Intelligence Office for Middle East, Ann Wright Coronel do exército dos
EUA, Coleen Rowley do FBI, Todd Pierce, juiz do exército dos EUA, etc.) enviou
um memorando a Angela Merkel pedindo contenção da NATO, afirmando: «não vimos
no passado qualquer evidência credível de armas de destruição maciça no Iraque,
não vemos agora qualquer evidência credível de uma invasão russa».
Os fascistas
de Kiev e agentes «ocidentais» têm apresentado fotos e imagens de satélite para
defender a tese do envolvimento russo. Todas essas fotos e imagens se têm
revelado como fraudes, mostrando manobras do exército russo dentro do seu território
e, por vezes, obtidas há anos atrás.
Isto não quer
dizer que não haja «voluntários russos em localidades da Ucrânia oriental» como
reconheceu Vitaly Churkin, representante russo na ONU. De facto, essencialmente
o mesmo povo, com a mesma língua russa, cultura e tradições históricas
milenares habita os dois lados da fronteira da Ucrânia oriental. Muitas
famílias têm membros dos dois lados da fronteira. É, portanto, perfeitamente
natural que muitos voluntários russos se alistem nas milícias das repúblicas
separatistas.
As acusações
contra a Rússia não param. Em 8/11/14 um porta-voz do governo de Kiev, A.
Lysenko, anunciou que a Rússia tinha enviado 32 tanques, 16 lançadores de
obuses, 30 camiões com munições e 3 camiões com radares para as zonas rebeldes.
Não apresentou qualquer evidência. Nessa altura, a atoarda era tão mirabolante
que o pentágono reconheceu isso (John Kirby, porta-voz do pentágono: «Não
possuo relatórios operacionais independentes capazes de confirmar que tais
meios cruzaram a fronteira»), mas deixando pairar a ideia de que as afirmações
de Kiev poderiam ser verdade. Aquando da cimeira de Davos, em Fevereiro de
2015, Poroshenko também exibiu em pose dramática supostas cédulas militares de
soldados russos apanhadas nas repúblicas separatistas, afirmando que 9.000
soldados russos tinham passado a fronteira. A notícia provocou celeuma nos
meios ocidentais. Moscovo afirmou que as «cédulas» na mão de Poroshenko eram
bilhetes de identidade e não cédulas militares. Um porta-voz dos negócios estrangeiros
russo declarou: «pedimos aos nossos interlocutores ucranianos cópias dos
documentos contendo os apelidos, porque tais BIs como os mostrados ontem,
poderiam ter sido facilmente comprados [...] a parte ucraniana não foi capaz de
nos dar cópias de tais documentos». Idem, para os 9.000 soldados. Não se
materializaram quaisquer provas da sua existência.
Para que tem
servido toda esta montanha de mentiras, toda esta confabulação sob o pretexto
de «conter a Rússia»? Tem servido para a NATO reforçar brutalmente as suas
posições, com novas bases e montanhas de armamento sofisticado nos países
limítrofes da Rússia, nomeadamente na Polónia e países bálticos. Na última
cimeira a NATO, inclusive, expressou o desejo dos membros europeus aumentarem o
seu financiamento em 2% do PIB durante os próximos 10 anos! Os filo-fascistas
nos governos da UE não se importarão de obrigar os respectivos povos a pagar o
belicismo do Império Ianque, ao serviço dos 0,1% do topo. O pretexto da
«contenção» tem servido também para justificar o apoio militar a Kiev. Apoio
que recentemente Obama declarou tencionar aumentar, fornecendo armamento
sofisticado aos fascistas de Kiev. Um Obama que em entrevista recente à CNN
reconheceu que os EUA tinham «intermediado o negócio da transição do poder na
Ucrânia». Isto é, na Ucrânia como em muitas outras partes do mundo
«intermediaram» o derrube pela força de um regime escolhido pelo povo. Em 11 de
Fevereiro de 2015, numa entrevista à Vox, Obama foi ainda mais claro: «temos o
maior poder militar do mundo, e temos ocasionalmente de torcer os braços de países
que não fariam o que precisamos que eles façam se não fosse através das várias
alavancas económicas e diplomáticas ou, em certos casos, militares que possuímos»
(http://www.vox.com/a/barack-obama-interview-vox-conversation/obama-foreign-policy-transcript
). Obama, nessa entrevista, chega ao cúmulo de justificar o «torcer de braços
de países» em nome do «realismo» porque «há má gente fora dos EUA».
A postura pró-fascista do Império actual
Em 22 de Novembro de 2014 a Rússia propôs na
ONU uma resolução condenando quaisquer tentativas de glorificar a ideologia
nazi e a negação dos crimes de guerra da Alemanha nazi, incluindo o holocausto
judaico. O documento denunciava, em particular, as tentativas de branquear os
colaboradores dos nazis apresentando-os como combatentes da resistência
nacionalista. A Ucrânia, os EUA e o Canadá foram os únicos países que
votaram contra. 155 países votaram a favor; 55 países, muitos dos quais
europeus, abstiveram-se. Mas Portugal – esse país que PS-PSD-CDS transformaram
em cãozinho lambe-botas da Alemanha & C.ª – absteve-se!!! Portugal foi o
único país de língua portuguesa que se absteve. Portugal, o país do 25 de
Abril, pactuando agora com a glorificação da ideologia nazi e a negação dos
crimes de guerra da Alemanha nazi, incluindo o holocausto judaico!!! (votação
final: http://www.un.org/en/ga/third/69/docs/voting_sheets/L56.Rev1.pdf
). Enfim, mais uma demonstração do
estado nojento a que chegou Portugal.
Disse, com razão, o ministro dos negócios
estrangeiros russo: «O facto dos EUA, Canadá e Ucrânia terem votado contra, e
Estados da UE se terem abstido na votação da proposta de resolução, que foi
apoiada por uma esmagadora maioria de Estados membros da ONU, é extremamente
lamentável [...] A posição da Ucrânia é particularmente desanimadora e
alarmante. É difícil entender como um país cujo povo sofreu uma parte de leão
dos horrores do nazismo e contribuiu significativamente para a vitória comum
contra ele, pode votar contra uma resolução condenando a sua glorificação». A
resolução foi formalmente adoptada pela ONU em Dezembro.
Quanto à postura dos «ocidentais», é ainda de
assinalar:
-- A atitude esclarecida e corajosa dos
estudantes espanhóis da Universidade Complutense de Madrid, em 10 de Outubro de
2014, ao escorraçarem um bando de arruaceiros fascistas ucranianos com
bandeiras de partidos fascistas como o Svoboda, quando estes irromperam pela
sala onde decorria uma apresentação sobre os crimes de Odessa cometidos por
Kiev, procurando interrompê-la. Os estudantes gritaram «fascistas, fora!» e
colaram posters contra o actual fascismo ucraniano. A reunião fazia
parte de uma iniciativa da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia, sobre
o tema «A crise humanitária no Sudeste da Ucrânia e suas consequências para a
Europa». Professores da Faculdade também estiveram com os estudantes,
procurando que os fascistas abandonassem a sala. Duvidosa é, contudo, a posição
das autoridades madrilenas. Os arruaceiros foram levados numa carrinha da
Embaixada da Ucrânia em Madrid. Complacentemente e sem reparos posteriores.
-- O continuado apoio da CIA ao regime de
Kiev. Apoio que começou com a «revolta» orquestrada da praça Maidan e o
massacre de manifestantes por snipers num cenário com as «impressões
digitais da CIA», como refere o realizador de cinema norte-americano Oliver
Stone, que preparou um documentário sobre os eventos (ver entrevista em 31 de
Dezembro, http://rt.com/news/218899-stone-kiev-massacre-cia/
). Oliver Stone aponta as semelhanças óbvias com outras intervenções da CIA,
nomeadamente contra Hugo Chávez na Venezuela, onde o mesmo método dos snipers
foi utilizado para depor Chávez em 2002. Neste caso a operação da CIA correu
mal porque o povo de Caracas não se amedrontou e lutou corajosamente, tendo
vencido os «depositores» e reintegrado Chávez na presidência.
-- O apoio da Alemanha ao regime de Kiev. Apoio
político, diplomático e, segundo notícias que têm transpirado, quase de certeza
também militar e dos serviços secretos. Alemanha que é a grande apoiante da
entrada da Ucrânia na UE. Uma Alemanha complacente com os nazis, cuja chanceler
Merkel não se indignou quando o primeiro-ministro de Kiev afirmou que foi a
URSS que na 2.ª Guerra Mundial atacou a Alemanha e a Ucrânia. Uma chanceler de
uma coligação (CDU/CSU) extremamente reaccionária, cujas fileiras engrossaram
com ex-nazis desde o fim da 2.ª Guerra Mundial (sendo um deles Konrad Adenauer)
e que em 1992, como ministra da família, visitou um clube de cabeças-rapadas
neo-nazis em Magdeburgo, responsáveis pelo assassinato de um antifascista. A
visita, alegadamente, era para ensinar boas maneiras aos cabeças-rapadas, para
os «afastar do racismo». As fotos da visita são do tipo «retrato de família»
(ver abaixo). O ensino de boas maneiras materializou-se na concessão de fundos
(tipo «coitadinhos, são cabeças-rapadas porque estão desinseridos da sociedade»).
A filantropia de Merkel para com os neo-nazis motivou que um jornal alemão
condenasse o «tratamento dos cabeças-rapadas à custa dos contribuintes» e um
dos neo-nazis dissesse mais tarde que os «tempos» da Merkel «tinham sido os
melhores tempos» do movimento (várias fontes alemãs; a mais concisa: http://critiqueaujourdhui.blogsport.de/2012/03/05/merkel-und-die-rummelnazis/).
Crimes de Guerra de Kiev no Leste da
Ucrânia
Em
21 de Outubro de 2014 a pró-«ocidental» Human Rights Watch (HRW) denunciou o uso de bombas
de fragmentação – proibidas por convenções internacionais dado serem armas de
terror contra civis -- pelo regime de Kiev em Donetsk. Donetsk está agora em
ruínas. A HRW afirmou nessa ocasião: «A melhor maneira das autoridades
ucranianas demonstrarem o seu compromisso em defenderem os civis, seria
prometerem parar de imediato o uso das munições de fragmentação». As
autoridades de Kiev mantiveram-se silenciosas.
A HRW conduziu uma investigação, enviando
missões ao teatro do conflito, tendo concluído que as bombas de fragmentação
foram usadas em zonas residenciais das repúblicas separatistas (Lugansk e
Donetsk). Mais tarde, em 3 de Dezembro, a HRW denunciou o facto de o governo de
Kiev não ter investigado o assunto, recomendando que o governo convidasse o
Tribunal Internacional de Crimes de Guerra. Como se os criminosos estivessem
interessados em investigar os seus próprios crimes! Não só não investigaram
como o Parlamento ucraniano aprovou uma lei concedendo amnistia às tropas
ucranianas e a «outras pessoas» -- os batalhões neo-nazis, armados pela NATO --
que cometem acções que «tenham as características de crimes de guerra»! Parece
incrível, mas é verdade. Talvez mais incrível ainda: os países da UE
permaneceram silenciosos! Nada de condenações dos recém-amiguinhos ucranianos. (Vídeo
da HRW silenciado na TV ucraniana: https://www.youtube.com/watch?v=SvLkBBh2DJ0
.)
No mesmo dia
10 de Setembro a Amnistia Internacional (AI) tinha publicado um relatório sobre
crimes de guerra, cometidos «em larga escala» e com o apoio das autoridades
ucranianas, pelo batalhão ucraniano Aidar em Lugansk, nomeadamente:
raptos, detenção ilegal, maus-tratos, roubos, extorsão e saques das populações
civis. (Existem alegações de execuções em massa, pessoas mortas e atiradas para
poços de minas, que ainda não foram confirmadas por fontes independentes, mas
existem vídeos.) O Secretário-Geral da AI pediu uma investigação urgente ao
governo de Kiev. Continua à espera.
As tropas do
batalhão Aidar, tal como outras milícias controladas por Kiev, usam
suásticas e símbolos nazis como as insígnias das SS e o Wolfsangel
também usado pelas SS e juventude hitleriana (ver fotos abaixo).
Entre os crimes de guerra assinale-se ainda:
-- A descoberta pelos separatistas ucranianos,
em Outubro de 2014, de valas comuns com mais de 400 corpos de vítimas
torturadas e abatidas pelas milícias de Kiev. Evidências testemunhais e
factuais foram recolhidas, apontando para o envolvimento da Guarda Nacional e o
partido paramilitar Sector da Direita, organizações fascistas de Kiev. Um dos
testemunhos proveio de um soldado do batalhão Dniepr de Kiev, detido em
Moscovo quando desertou e fugiu para a Rússia. O soldado reconheceu ter
pessoalmente liquidado civis, incluindo mulheres e crianças de várias
localidades. Confessou também ter recebido dinheiro pelos assassinatos de um
oligarca nomeado por Kiev como governador de Dniepropetrovsk.
O ministro dos
negócios estrangeiros russo informou a ONU, a OSCE e o Conselho da Europa da
descoberta das valas comuns e da correspondente documentação, manifestando a
expectativa de estas organizações assumirem uma «postura clara, imparcial e
objectiva», afirmando ser incontestável que «os crimes ocorreram claramente
quando essas zonas eram controladas pelo exército ucraniano».
As autoridades
de Kiev anunciaram na mesma altura ter descoberto três valas comuns na região
de Slaviansk, controlada pelos separatistas até Julho; isto é, o anúncio de
Kiev veio sete meses depois de controlarem a região e não ofereceram qualquer evidência
de se tratar de crimes de guerra cometidos pelos separatistas.
-- A tortura é sistematicamente usada pelas
milícias de Kiev (e, em certos casos, pelas tropas regulares). Há pouco tempo
atrás a TV ucraniana mostrou (com orgulho?) filhos de separatistas a serem
torturados. Das torturas faz parte queimar suásticas na pele (https://www.youtube.com/watch?v=kDuJWMBgE3U).
A situação
militar nas frentes de combate
As tropas das
repúblicas separatistas, denominadas Forças de Defesa de Novorossia (FDN), são
constituídas na sua esmagadora maioria por civis que se voluntarizaram na
defesa das suas repúblicas. Os comandantes revelam várias ideologias, da
direita nacionalista até à esquerda (https://www.youtube.com/watch?v=9bw7DMB37eA ; https://www.youtube.com/watch?v=fZMfB66fV2c ). O que os une é a defesa da autonomia da sua
terra natal, da sua língua, costumes e amizade com a Rússia.
Depois de um
primeiro avanço das forças mais volumosas e melhor armadas e preparadas de
Kiev, que tomaram Slavyansk, Kramatorsk e Artyomovsk em Julho e Mariupol em
Maio-Junho, assistiu-se à sua travagem nas batalhas de Lugansk e Donetsk. A
capacidade de combate das FDN tem vindo a aumentar, tendo tomado Ilovaisk onde
capturaram centenas de tropas de Kiev, e recentemente retomaram o aeroporto de
Donetsk bem como derrotaram totalmente as forças de Kiev na saliência
estratégica de Debaltsevo (17 de Fevereiro de 2015) entre Lugansk e Donetsk.
O moral das
FDN é também largamente superior aos das forças regulares de Kiev, onde as
deserções e fugas para a Rússia atingem grandes proporções. Atinge também
enormes proporções a recusa insurreccional e generalizada ao recrutamento nas
forças regulares de Kiev. Um bom exemplo disto é mostrado no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=eAQABuQUqMQ, onde uma mulher de Zaporojia, apoiada
pela população, desmantela a argumentação de um recrutador.
De facto, do
lado de Kiev as únicas forças aguerridas são as dos neo-nazis, conforme
reconheceu numa entrevista recente o embaixador de Kiev a uma televisão alemã (https://www.youtube.com/watch?v=QcR9jl4AM3A): «Sem elas o exército russo teria
avançado muito mais». É claro que para o embaixador de Kiev as forças
separatistas são o «exército russo». Segue a fraseologia da CIA que os media portugueses também tanto gostam de
seguir. Como na notícia do JN 1/10/2014, «Moscovo acusa
Kiev de "crimes de guerra" após descoberta de valas comuns», onde se
afirma que «O chefe da
diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou, esta quarta-feira, a Ucrânia de
"crimes de guerra" citando a descoberta, pelos separatistas
russos[...]». Separatistas russos? «Russos»? Então os separatistas pertenciam à
Rússia? Pretendem separar-se da Rússia? Enfim, mais um de muitos disparates
como a sistematicamente martelada «invasão russa». A desinformação ao serviço
do imperialismo no seu pleno.
Quanto ao
recrutamento, é precisamente o contrário que se passa do lado das FDN: aumentam
os alistamentos e a vontade de combater os agressores fascistas. É exemplo
eloquente disto o alistamento em massa de cossacos do Don, tradicionalmente
conservadores: https://www.youtube.com/watch?v=rY4KPcJ3WNQ; https://www.youtube.com/watch?v=oy8TX9jRJ-k. Notar, no primeiro vídeo, o fardamento de
acaso, o leque de idades e a presença de mulheres.
Se o conflito
não escalar para uma intervenção directa da NATO (como desejam Kiev e os EUA),
o que fatalmente desencadearia uma reposta da Rússia, então o factor tempo está
do lado das NFD, como é argumentado em http://www.informationclearinghouse.info/article38643.htm#.U4mPQBSBWnQ.email (vale a pena ler). É por isso que Obama se tem mostrado
ultimamente tão inclinado a intervir directa e militarmente.
Uma apreciação
final sobre o moral das FDN e de Kiev. Proveniente, não de um jornal alinhado
com a Rússia, mas, pelo contrário, alinhado com o «ocidente». Trata-se de um
artigo publicado em 17 de Fevereiro de 2015 por um correspondente
do jornal holandês De Telegraaf. O jornal é um vetusto ícone da direita holandesa. Mas o correspondente estava em
Kramatorsk e sentiu-se movido a descrever com honestidade
o que viu. Diz ele sobre os antecedentes do cerco separatista da saliência de Debaltsevo: «Kiev tem aproximadamente seis mil
soldados em Debaltsevo, mas permanece surdo às sugestões dos separatistas de
providenciar um corredor para a retirada dessas tropas. A lógica de Kiev só
pode ser vista como cínica, tendo em conta que cerca de cinco mil civis foram
apanhados como ratos numa ratoeira». O correspondente falou com uma mulher de
30 anos de Kramatorsk que disse assim: «Os oficiais de Kiev são loucos
sanguinários! A minha mãe e irmã ainda lá estão [em Debaltsevo]. Tenho tentado
contactá-las durante vários dias. Porque razão não podem eles simplesmente
entregar Debaltsevo?» e ainda «Na última semana Kramatorsk foi sujeita a ataque
de mísseis. Alegadamente pelos rebeldes. Contudo muita gente aqui viu que o
fogo proveio das posições ucranianas vizinhas».
*
* *
Há um tema que não referimos no presente
artigo. O do abate do voo MH17. Tem pairado um estranho silêncio dos meios
«ocidentais» sobre o assunto. Silêncio, inclusive, dos investigadores
holandeses que recolheram toneladas de destroços, caixas negras, etc.
Voltaremos a este assunto logo que dispusermos de resultados oficiais das
investigações.
*
* *
Memorando de Obama
dirigido a John Kerry delegando-lhe a ajuda à Ucrânia: 5 milhões de dólares em
artigos de defesa e serviços (ponto 1) e 20 milhões de dólares em bens não leais
e serviços (ponto 2).
A
lista de «encomendas» de Kiev. Uma longa lista de armamento, incluindo munições
(набої) de vários calibres (калібр) da NATO (HATO).
Batalhão Aidar com um
estandarte do Wolfsangel, símbolo rúnico usado pelas SS e juventude hitleriana.
Batalhão Azov. A
suástica ao lado da bandeira da NATO.
A ministra da família
Ângela Merkel, em 1992, acompanhada de outra ministra (camisola vermelha) em
alegre e simpática cavaqueira com elementos do clube neo-nazi Elbterrasen em
Magdeburgo. Anteriormente, membros do clube tinham assassinado um
anti-fascista. Merkel foi-lhes dizer para não serem mauzinhos e dar-lhes
dinheiro.
Na
alegre cavaqueira acima, em ambiente de alegria e descontracção, não podia
faltar a saudação nazi.