domingo, 22 de fevereiro de 2015

Ucrânia: Ponto da Situação

    Já apresentámos a razão fundamental do conflito na Ucrânia em Fevereiro de 2014 (http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/02/cinco-casos-politicos.html e http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/02/a-conquista-imperialista-da-ucrania.html ), a saber: domínio imperialista da Europa por parte do imperialismo ianque e seus aliados Inglaterra e Alemanha, seguindo uma política de ocupação com dependência neocolonial em todos os países ex-socialistas, procurando a todo o preço levar as fronteiras da NATO até à Rússia. «Política de contenção da Rússia», dizem eles. As condições de vida dos povos desses países não melhoraram com a entrada na UE. Pelo contrário, pioraram; muitas vezes dramaticamente. Um caso específico é o da Bulgária, onde a pobreza tem aumentado de forma espantosa, bem como a mortalidade infantil e o abandono escolar. Fenómenos desconhecidos no socialismo. Fenómenos semelhantes ocorrem em todos os países ex-socialistas, com particular incidência na Roménia, na Croácia, na Bósnia-Herzegovina, nos países bálticos, na Hungria e na Geórgia. Só têm ganhado, como é óbvio, as oligarquias locais e suas clientelas.
    Vejamos agora, tematicamente e desde a data do nosso último artigo, algumas notícias menos conhecidas sobre a Ucrânia, que ajudam a compreender o conflito.
   
Ajuda militar dos EUA à Junta fascista de Kiev
   
    Em 25 de Novembro de 2014 um grupo de hackers ucraniano anti-governamental, CyberBerkut, conseguiu obter documentos sobre: pedidos de apoio de Kiev aos EUA de milhões de dólares, nomeadamente em armamento; concordância dos EUA a tais pedidos (estes últimos provenientes de membros da delegação de Joe Biden a Kiev em 20-21/Nov/2014). Num dos documentos, assinado por Obama, este delega em John Kerry a entrega a Kiev de até 5 milhões de dólares em «artigos de defesa», educação e treino militar e de 20 milhões de dólares em outros apoios. Ver este documento no final do presente artigo bem como a lista do armamento pedido por Kiev: 2.000 espingardas de assalto, 720 lançadores de granadas, 200 morteiros, 420 mísseis anti-tanque, etc.
   
As acusações de envolvimento da Rússia e para que têm servido
   
    Desde o início que o «Ocidente» acusa a Rússia de ajuda militar e envolvimento directo no conflito entre Kiev e as repúblicas separatistas, procurando um pretexto para a intervenção da NATO. Situação comparável ao pretexto das inexistentes «armas de destruição maciça» para a intervenção no Iraque. Ora, a última coisa que a Rússia pretende é dar pretextos de intervenção da NATO. De facto, é até acusada pelos líderes separatistas de não intervir suficientemente. As acusações «ocidentais» têm levado a situações deploráveis e/ou ridículas, como os injustificados atrasos impostos à ajuda humanitária da Rússia (camiões com alimentos e medicamentos) e a histeria sobre os voos perfeitamente legais de aviões russos, numa reedição do «Vêm aí os russos!» da guerra fria, esquecendo os voos e exercícios militares provocatórios que a NATO realiza com grande frequência junto à fronteira da Rússia (ver, p. ex., https://www.youtube.com/watch?v=bGAxckY7MtY).
    Em 2 de Setembro de 2014, aquando de uma cimeira de NATO em Gales, convocada para «conter o comportamento agressivo da Rússia», um grupo de ex-funcionários aposentados dos serviços de informação dos EUA (William Binney e David MacMichael do NSA, Ray McGovern da CIA, Elizabeth Murray do National Intelligence Office for Middle East, Ann Wright Coronel do exército dos EUA, Coleen Rowley do FBI, Todd Pierce, juiz do exército dos EUA, etc.) enviou um memorando a Angela Merkel pedindo contenção da NATO, afirmando: «não vimos no passado qualquer evidência credível de armas de destruição maciça no Iraque, não vemos agora qualquer evidência credível de uma invasão russa».
     Os fascistas de Kiev e agentes «ocidentais» têm apresentado fotos e imagens de satélite para defender a tese do envolvimento russo. Todas essas fotos e imagens se têm revelado como fraudes, mostrando manobras do exército russo dentro do seu território e, por vezes, obtidas há anos atrás.
    Isto não quer dizer que não haja «voluntários russos em localidades da Ucrânia oriental» como reconheceu Vitaly Churkin, representante russo na ONU. De facto, essencialmente o mesmo povo, com a mesma língua russa, cultura e tradições históricas milenares habita os dois lados da fronteira da Ucrânia oriental. Muitas famílias têm membros dos dois lados da fronteira. É, portanto, perfeitamente natural que muitos voluntários russos se alistem nas milícias das repúblicas separatistas.
    As acusações contra a Rússia não param. Em 8/11/14 um porta-voz do governo de Kiev, A. Lysenko, anunciou que a Rússia tinha enviado 32 tanques, 16 lançadores de obuses, 30 camiões com munições e 3 camiões com radares para as zonas rebeldes. Não apresentou qualquer evidência. Nessa altura, a atoarda era tão mirabolante que o pentágono reconheceu isso (John Kirby, porta-voz do pentágono: «Não possuo relatórios operacionais independentes capazes de confirmar que tais meios cruzaram a fronteira»), mas deixando pairar a ideia de que as afirmações de Kiev poderiam ser verdade. Aquando da cimeira de Davos, em Fevereiro de 2015, Poroshenko também exibiu em pose dramática supostas cédulas militares de soldados russos apanhadas nas repúblicas separatistas, afirmando que 9.000 soldados russos tinham passado a fronteira. A notícia provocou celeuma nos meios ocidentais. Moscovo afirmou que as «cédulas» na mão de Poroshenko eram bilhetes de identidade e não cédulas militares. Um porta-voz dos negócios estrangeiros russo declarou: «pedimos aos nossos interlocutores ucranianos cópias dos documentos contendo os apelidos, porque tais BIs como os mostrados ontem, poderiam ter sido facilmente comprados [...] a parte ucraniana não foi capaz de nos dar cópias de tais documentos». Idem, para os 9.000 soldados. Não se materializaram quaisquer provas da sua existência.
    Para que tem servido toda esta montanha de mentiras, toda esta confabulação sob o pretexto de «conter a Rússia»? Tem servido para a NATO reforçar brutalmente as suas posições, com novas bases e montanhas de armamento sofisticado nos países limítrofes da Rússia, nomeadamente na Polónia e países bálticos. Na última cimeira a NATO, inclusive, expressou o desejo dos membros europeus aumentarem o seu financiamento em 2% do PIB durante os próximos 10 anos! Os filo-fascistas nos governos da UE não se importarão de obrigar os respectivos povos a pagar o belicismo do Império Ianque, ao serviço dos 0,1% do topo. O pretexto da «contenção» tem servido também para justificar o apoio militar a Kiev. Apoio que recentemente Obama declarou tencionar aumentar, fornecendo armamento sofisticado aos fascistas de Kiev. Um Obama que em entrevista recente à CNN reconheceu que os EUA tinham «intermediado o negócio da transição do poder na Ucrânia». Isto é, na Ucrânia como em muitas outras partes do mundo «intermediaram» o derrube pela força de um regime escolhido pelo povo. Em 11 de Fevereiro de 2015, numa entrevista à Vox, Obama foi ainda mais claro: «temos o maior poder militar do mundo, e temos ocasionalmente de torcer os braços de países que não fariam o que precisamos que eles façam se não fosse através das várias alavancas económicas e diplomáticas ou, em certos casos, militares que possuímos» (http://www.vox.com/a/barack-obama-interview-vox-conversation/obama-foreign-policy-transcript ). Obama, nessa entrevista, chega ao cúmulo de justificar o «torcer de braços de países» em nome do «realismo» porque «há má gente fora dos EUA».
   
A postura pró-fascista do Império actual
   
    Em 22 de Novembro de 2014 a Rússia propôs na ONU uma resolução condenando quaisquer tentativas de glorificar a ideologia nazi e a negação dos crimes de guerra da Alemanha nazi, incluindo o holocausto judaico. O documento denunciava, em particular, as tentativas de branquear os colaboradores dos nazis apresentando-os como combatentes da resistência nacionalista. A Ucrânia, os EUA e o Canadá foram os únicos países que votaram contra. 155 países votaram a favor; 55 países, muitos dos quais europeus, abstiveram-se. Mas Portugal – esse país que PS-PSD-CDS transformaram em cãozinho lambe-botas da Alemanha & C.ª – absteve-se!!! Portugal foi o único país de língua portuguesa que se absteve. Portugal, o país do 25 de Abril, pactuando agora com a glorificação da ideologia nazi e a negação dos crimes de guerra da Alemanha nazi, incluindo o holocausto judaico!!! (votação final: http://www.un.org/en/ga/third/69/docs/voting_sheets/L56.Rev1.pdf ).  Enfim, mais uma demonstração do estado nojento a que chegou Portugal.
    Disse, com razão, o ministro dos negócios estrangeiros russo: «O facto dos EUA, Canadá e Ucrânia terem votado contra, e Estados da UE se terem abstido na votação da proposta de resolução, que foi apoiada por uma esmagadora maioria de Estados membros da ONU, é extremamente lamentável [...] A posição da Ucrânia é particularmente desanimadora e alarmante. É difícil entender como um país cujo povo sofreu uma parte de leão dos horrores do nazismo e contribuiu significativamente para a vitória comum contra ele, pode votar contra uma resolução condenando a sua glorificação». A resolução foi formalmente adoptada pela ONU em Dezembro.
    Quanto à postura dos «ocidentais», é ainda de assinalar:
   
-- A atitude esclarecida e corajosa dos estudantes espanhóis da Universidade Complutense de Madrid, em 10 de Outubro de 2014, ao escorraçarem um bando de arruaceiros fascistas ucranianos com bandeiras de partidos fascistas como o Svoboda, quando estes irromperam pela sala onde decorria uma apresentação sobre os crimes de Odessa cometidos por Kiev, procurando interrompê-la. Os estudantes gritaram «fascistas, fora!» e colaram posters contra o actual fascismo ucraniano. A reunião fazia parte de uma iniciativa da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia, sobre o tema «A crise humanitária no Sudeste da Ucrânia e suas consequências para a Europa». Professores da Faculdade também estiveram com os estudantes, procurando que os fascistas abandonassem a sala. Duvidosa é, contudo, a posição das autoridades madrilenas. Os arruaceiros foram levados numa carrinha da Embaixada da Ucrânia em Madrid. Complacentemente e sem reparos posteriores.
    
-- O continuado apoio da CIA ao regime de Kiev. Apoio que começou com a «revolta» orquestrada da praça Maidan e o massacre de manifestantes por snipers num cenário com as «impressões digitais da CIA», como refere o realizador de cinema norte-americano Oliver Stone, que preparou um documentário sobre os eventos (ver entrevista em 31 de Dezembro, http://rt.com/news/218899-stone-kiev-massacre-cia/ ). Oliver Stone aponta as semelhanças óbvias com outras intervenções da CIA, nomeadamente contra Hugo Chávez na Venezuela, onde o mesmo método dos snipers foi utilizado para depor Chávez em 2002. Neste caso a operação da CIA correu mal porque o povo de Caracas não se amedrontou e lutou corajosamente, tendo vencido os «depositores» e reintegrado Chávez na presidência.
   
-- O apoio da Alemanha ao regime de Kiev. Apoio político, diplomático e, segundo notícias que têm transpirado, quase de certeza também militar e dos serviços secretos. Alemanha que é a grande apoiante da entrada da Ucrânia na UE. Uma Alemanha complacente com os nazis, cuja chanceler Merkel não se indignou quando o primeiro-ministro de Kiev afirmou que foi a URSS que na 2.ª Guerra Mundial atacou a Alemanha e a Ucrânia. Uma chanceler de uma coligação (CDU/CSU) extremamente reaccionária, cujas fileiras engrossaram com ex-nazis desde o fim da 2.ª Guerra Mundial (sendo um deles Konrad Adenauer) e que em 1992, como ministra da família, visitou um clube de cabeças-rapadas neo-nazis em Magdeburgo, responsáveis pelo assassinato de um antifascista. A visita, alegadamente, era para ensinar boas maneiras aos cabeças-rapadas, para os «afastar do racismo». As fotos da visita são do tipo «retrato de família» (ver abaixo). O ensino de boas maneiras materializou-se na concessão de fundos (tipo «coitadinhos, são cabeças-rapadas porque estão desinseridos da sociedade»). A filantropia de Merkel para com os neo-nazis motivou que um jornal alemão condenasse o «tratamento dos cabeças-rapadas à custa dos contribuintes» e um dos neo-nazis dissesse mais tarde que os «tempos» da Merkel «tinham sido os melhores tempos» do movimento (várias fontes alemãs; a mais concisa: http://critiqueaujourdhui.blogsport.de/2012/03/05/merkel-und-die-rummelnazis/).
   
Crimes de Guerra de Kiev no Leste da Ucrânia
   
    Em 21 de Outubro de 2014 a pró-«ocidental» Human Rights Watch (HRW) denunciou o uso de bombas de fragmentação – proibidas por convenções internacionais dado serem armas de terror contra civis -- pelo regime de Kiev em Donetsk. Donetsk está agora em ruínas. A HRW afirmou nessa ocasião: «A melhor maneira das autoridades ucranianas demonstrarem o seu compromisso em defenderem os civis, seria prometerem parar de imediato o uso das munições de fragmentação». As autoridades de Kiev mantiveram-se silenciosas.
    A HRW conduziu uma investigação, enviando missões ao teatro do conflito, tendo concluído que as bombas de fragmentação foram usadas em zonas residenciais das repúblicas separatistas (Lugansk e Donetsk). Mais tarde, em 3 de Dezembro, a HRW denunciou o facto de o governo de Kiev não ter investigado o assunto, recomendando que o governo convidasse o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra. Como se os criminosos estivessem interessados em investigar os seus próprios crimes! Não só não investigaram como o Parlamento ucraniano aprovou uma lei concedendo amnistia às tropas ucranianas e a «outras pessoas» -- os batalhões neo-nazis, armados pela NATO -- que cometem acções que «tenham as características de crimes de guerra»! Parece incrível, mas é verdade. Talvez mais incrível ainda: os países da UE permaneceram silenciosos! Nada de condenações dos recém-amiguinhos ucranianos. (Vídeo da HRW silenciado na TV ucraniana: https://www.youtube.com/watch?v=SvLkBBh2DJ0 .)
    No mesmo dia 10 de Setembro a Amnistia Internacional (AI) tinha publicado um relatório sobre crimes de guerra, cometidos «em larga escala» e com o apoio das autoridades ucranianas, pelo batalhão ucraniano Aidar em Lugansk, nomeadamente: raptos, detenção ilegal, maus-tratos, roubos, extorsão e saques das populações civis. (Existem alegações de execuções em massa, pessoas mortas e atiradas para poços de minas, que ainda não foram confirmadas por fontes independentes, mas existem vídeos.) O Secretário-Geral da AI pediu uma investigação urgente ao governo de Kiev. Continua à espera.
    As tropas do batalhão Aidar, tal como outras milícias controladas por Kiev, usam suásticas e símbolos nazis como as insígnias das SS e o Wolfsangel também usado pelas SS e juventude hitleriana (ver fotos abaixo).
    Entre os crimes de guerra assinale-se ainda:
   
-- A descoberta pelos separatistas ucranianos, em Outubro de 2014, de valas comuns com mais de 400 corpos de vítimas torturadas e abatidas pelas milícias de Kiev. Evidências testemunhais e factuais foram recolhidas, apontando para o envolvimento da Guarda Nacional e o partido paramilitar Sector da Direita, organizações fascistas de Kiev. Um dos testemunhos proveio de um soldado do batalhão Dniepr de Kiev, detido em Moscovo quando desertou e fugiu para a Rússia. O soldado reconheceu ter pessoalmente liquidado civis, incluindo mulheres e crianças de várias localidades. Confessou também ter recebido dinheiro pelos assassinatos de um oligarca nomeado por Kiev como governador de Dniepropetrovsk.
   O ministro dos negócios estrangeiros russo informou a ONU, a OSCE e o Conselho da Europa da descoberta das valas comuns e da correspondente documentação, manifestando a expectativa de estas organizações assumirem uma «postura clara, imparcial e objectiva», afirmando ser incontestável que «os crimes ocorreram claramente quando essas zonas eram controladas pelo exército ucraniano».
As autoridades de Kiev anunciaram na mesma altura ter descoberto três valas comuns na região de Slaviansk, controlada pelos separatistas até Julho; isto é, o anúncio de Kiev veio sete meses depois de controlarem a região e não ofereceram qualquer evidência de se tratar de crimes de guerra cometidos pelos separatistas.
   
-- A tortura é sistematicamente usada pelas milícias de Kiev (e, em certos casos, pelas tropas regulares). Há pouco tempo atrás a TV ucraniana mostrou (com orgulho?) filhos de separatistas a serem torturados. Das torturas faz parte queimar suásticas na pele (https://www.youtube.com/watch?v=kDuJWMBgE3U).
   
A situação militar nas frentes de combate
   
    As tropas das repúblicas separatistas, denominadas Forças de Defesa de Novorossia (FDN), são constituídas na sua esmagadora maioria por civis que se voluntarizaram na defesa das suas repúblicas. Os comandantes revelam várias ideologias, da direita nacionalista até à esquerda (https://www.youtube.com/watch?v=9bw7DMB37eA ; https://www.youtube.com/watch?v=fZMfB66fV2c ). O que os une é a defesa da autonomia da sua terra natal, da sua língua, costumes e amizade com a Rússia.
Depois de um primeiro avanço das forças mais volumosas e melhor armadas e preparadas de Kiev, que tomaram Slavyansk, Kramatorsk e Artyomovsk em Julho e Mariupol em Maio-Junho, assistiu-se à sua travagem nas batalhas de Lugansk e Donetsk. A capacidade de combate das FDN tem vindo a aumentar, tendo tomado Ilovaisk onde capturaram centenas de tropas de Kiev, e recentemente retomaram o aeroporto de Donetsk bem como derrotaram totalmente as forças de Kiev na saliência estratégica de Debaltsevo (17 de Fevereiro de 2015) entre Lugansk e Donetsk.
    O moral das FDN é também largamente superior aos das forças regulares de Kiev, onde as deserções e fugas para a Rússia atingem grandes proporções. Atinge também enormes proporções a recusa insurreccional e generalizada ao recrutamento nas forças regulares de Kiev. Um bom exemplo disto é mostrado no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=eAQABuQUqMQ, onde uma mulher de Zaporojia, apoiada pela população, desmantela a argumentação de um recrutador.
    De facto, do lado de Kiev as únicas forças aguerridas são as dos neo-nazis, conforme reconheceu numa entrevista recente o embaixador de Kiev a uma televisão alemã (https://www.youtube.com/watch?v=QcR9jl4AM3A): «Sem elas o exército russo teria avançado muito mais». É claro que para o embaixador de Kiev as forças separatistas são o «exército russo». Segue a fraseologia da CIA que os media portugueses também tanto gostam de seguir. Como na notícia do JN 1/10/2014, «Moscovo acusa Kiev de "crimes de guerra" após descoberta de valas comuns», onde se afirma que «O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou, esta quarta-feira, a Ucrânia de "crimes de guerra" citando a descoberta, pelos separatistas russos[...]». Separatistas russos? «Russos»? Então os separatistas pertenciam à Rússia? Pretendem separar-se da Rússia? Enfim, mais um de muitos disparates como a sistematicamente martelada «invasão russa». A desinformação ao serviço do imperialismo no seu pleno.
    Quanto ao recrutamento, é precisamente o contrário que se passa do lado das FDN: aumentam os alistamentos e a vontade de combater os agressores fascistas. É exemplo eloquente disto o alistamento em massa de cossacos do Don, tradicionalmente conservadores: https://www.youtube.com/watch?v=rY4KPcJ3WNQ; https://www.youtube.com/watch?v=oy8TX9jRJ-k. Notar, no primeiro vídeo, o fardamento de acaso, o leque de idades e a presença de mulheres.
    Se o conflito não escalar para uma intervenção directa da NATO (como desejam Kiev e os EUA), o que fatalmente desencadearia uma reposta da Rússia, então o factor tempo está do lado das NFD, como é argumentado em http://www.informationclearinghouse.info/article38643.htm#.U4mPQBSBWnQ.email (vale a pena ler).  É por isso que Obama se tem mostrado ultimamente tão inclinado a intervir directa e militarmente.
Uma apreciação final sobre o moral das FDN e de Kiev. Proveniente, não de um jornal alinhado com a Rússia, mas, pelo contrário, alinhado com o «ocidente». Trata-se de um artigo publicado em 17 de Fevereiro de 2015 por um correspondente do jornal holandês De Telegraaf. O jornal é um vetusto ícone da direita holandesa. Mas o correspondente estava em Kramatorsk e sentiu-se movido a descrever com honestidade o que viu. Diz ele sobre os antecedentes do cerco separatista da saliência de Debaltsevo: «Kiev tem aproximadamente seis mil soldados em Debaltsevo, mas permanece surdo às sugestões dos separatistas de providenciar um corredor para a retirada dessas tropas. A lógica de Kiev só pode ser vista como cínica, tendo em conta que cerca de cinco mil civis foram apanhados como ratos numa ratoeira». O correspondente falou com uma mulher de 30 anos de Kramatorsk que disse assim: «Os oficiais de Kiev são loucos sanguinários! A minha mãe e irmã ainda lá estão [em Debaltsevo]. Tenho tentado contactá-las durante vários dias. Porque razão não podem eles simplesmente entregar Debaltsevo?» e ainda «Na última semana Kramatorsk foi sujeita a ataque de mísseis. Alegadamente pelos rebeldes. Contudo muita gente aqui viu que o fogo proveio das posições ucranianas vizinhas».
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    Há um tema que não referimos no presente artigo. O do abate do voo MH17. Tem pairado um estranho silêncio dos meios «ocidentais» sobre o assunto. Silêncio, inclusive, dos investigadores holandeses que recolheram toneladas de destroços, caixas negras, etc. Voltaremos a este assunto logo que dispusermos de resultados oficiais das investigações.
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Memorando de Obama dirigido a John Kerry delegando-lhe a ajuda à Ucrânia: 5 milhões de dólares em artigos de defesa e serviços (ponto 1) e 20 milhões de dólares em bens não leais e serviços (ponto 2).
A lista de «encomendas» de Kiev. Uma longa lista de armamento, incluindo munições (набої) de vários calibres (калібр) da NATO (HATO).
Batalhão Aidar com um estandarte do Wolfsangel, símbolo rúnico usado pelas SS e juventude hitleriana.
Batalhão Azov. A suástica ao lado da bandeira da NATO.
 
A ministra da família Ângela Merkel, em 1992, acompanhada de outra ministra (camisola vermelha) em alegre e simpática cavaqueira com elementos do clube neo-nazi Elbterrasen em Magdeburgo. Anteriormente, membros do clube tinham assassinado um anti-fascista. Merkel foi-lhes dizer para não serem mauzinhos e dar-lhes dinheiro.
 

Na alegre cavaqueira acima, em ambiente de alegria e descontracção, não podia faltar a saudação nazi.