quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Recortes de Dezembro

5/12
«Hospital de Guimarães: doentes internados ficam a dormir no corredor do hospital»

Mais uma amostra da sistemática degradação do SNS.


5/12
«Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, padre Jardim Moreira: “A pobreza não é um acidente nem uma fatalidade, é o resultado de uma escolha política e económica”. Acrescentou que Estratégia Europeia 2020 para a redução da pobreza “não está a ser levada a sério”, UE não está a conseguir oferecer nenhum sinal de esperança, e que “os efeitos perversos das prioridades macroeconómicas focalizadas na austeridade tiveram um impacto na queda do limiar de pobreza [...] um aumento dos trabalhadores pobres associado ao aumento do desemprego, no crescimento da pobreza infantil, no progressivo desmantelamento do Estado Social e no aumento das desigualdades sociais [...] O declínio dos direitos não resulta de uma simples distorção dos mesmos. Acima de tudo, é uma consequência directa do mercado, que não redistribui riqueza.”»

Concordamos inteiramente com estas afirmações do padre Joaquim Moreira.


6/12
«Comunistas estiveram em 4 cidades minhotas para falar da crise e da situação política, com uma tribuna pública para dar a voz ao povo. As pessoas podiam usar o microfone para dizerem o que pensavam sobre o estado do país».

Excelente iniciativa do PCP, que rompe com o rotineirismo enquistado de outras actividades, contribuindo para fortalecer a ligação às massas populares.


10/12
«Banqueiros em guerra por causa da falência do BES. Guerra de acusações sobre responsabilidades entre Ricardo Salgado, Carlos Costa, J. M. Ricciardi, antigos administradores do BES e actual presidente do BESI»

Arrufos de comadres. Para a plateia ver. Logo que terminem os trabalhos da Comissão de Inquérito – que, como as outras, não vai levar a nada (a não ser a eventual obtenção de mais informação) – e de outros órgãos institucionais, ficará mais ou menos tudo como dantes. Com as comadres amigas como sempre. E com chorudos milhões nos bolsos.


10/12
«Manuel Alegre foi visitar Sócrates e levou-lhe o seu livro “Tudo é e não é”»

“Tudo é e não é”. Dialéctica ao serviço da ciência? Não. Baixa dialéctica ao serviço do dobrar de espinha.


11/12
«Fuga aos impostos vale mais de metade da dívida à troika. Actividade não registada avaliada [economia paralela] em 46 B€, cerca de 26,81% do PIB»

A fuga aos impostos tem duas componentes. Uma, a da falta de pagamento, ou de pagamento abaixo das disposições legais, dos muitos ricos e das grandes corporações, incluindo os bancos. Outra, a fuga dos pobres ao IVA de 23%. Esta última componente da «economia paralela» sempre sobe quando a economia oficial não funciona.


12/12
«Costa [depois de encontro com Passos Coelho] defende um compromisso político para o País que tenha “um projecto estratégico comum”».

Esta do «projecto estratégico» já tem barbas. É uma formulação suficientemente vaga para nela, teoricamente, caber tudo. Na prática anterior do PS só coube, de facto, o favorecimento do grande capital. Todas as declarações e posicionamentos recentes do PS indicam que mais uma vez a prática do «projecto estratégico» irá ser a mesma do antigamente. A posição de classe das cúpulas e de muitos militantes influentes do PS não mudou.


12/12
«Livre agrega à candidatura às eleições o Fórum Manifesto, a Renovação Comunista, e independentes do Manifesto 3D e do Congresso Democrático das Alternativas, bem como Boaventura Sousa Santos».

Salgalhada pequeno-burguesa anti-marxista e anti-comunista. Eclética, positivista (logo, idealista, logo, anti-científica) e confusionista.


17/12
«Escolas abrem cantinas a pais que passam fome.»

Comentário desnecessário.


18/12
«Arquivado o processo de corrupção dos submarinos [...] Investigadores não puderam aceder a documentos apreendidos no dossier BES [...] Houve condenações na Alemanha [...] Ricardo Salgado admitiu ter recebido dinheiro dos submarinos [...] Documentos desapareceram».

O segredo é a alma do negócio e em Portugal é o negócio do grande capital quem mais ordena. Além disso, há muito que Portugal deixou de ser um «Estado de Direito» para ser um «Estado de Direita».

  
23/12
«Comissão Europeia quer mais cortes nas pensões, nomeadamente da Segurança Social, e aumentar a idade da reforma. [...] Quer ver um “consenso político alargado” (PS, PSD, CDS) para os cortes e outras medidas. [...] Criticou duramente o aumento de salário mínimo de 485 € para 505 € porque vai “dificultar ainda mais a transição dos mais vulneráveis para o emprego”».

«É assim mesmo, Comissão Europeia! Quem cala, consente. E toca a impor a solução governativa a esses gajos que ainda têm veleidades de não se submeter inteiramente aos neoliberais da «Europa connosco». Quanto ao salário mínimo, então esses gajos não sabem que há emprego em barda, só que os trabalhadores são uns mandriões que se recusam a trabalhar? Não sabem que não há outra solução senão a nossa? Para bem deles?»


30/12
«Os 400 mais ricos do mundo tornaram-se mais ricos em 2014, com um acréscimo de 92 biliões [mil milhões] de dólares» («World’s 400 richest get richer, adding $92bn in 2014»).


Comentário desnecessário. Notar apenas que 92 biliões de dólares correspondem a 55,5% do PIB português. Isto é, os 400 mais ricos tiveram um acréscimo de fortuna equivalente a mais de metade de todo o valor produzido em Portugal durante 2014.