Vimos no artigo anterior como Trotski no II
Congresso do POSDR em 1903 alinhou com a ala oportunista [12], menchevique. Logo
após o Congresso Trotski escreveu um relatório para o seu grupo: Relatório da Delegação Siberiana, onde
não poupa as palavras contra Lénine e os bolcheviques:
«No Segundo Congresso ... esse
homem [Lénine], com toda a energia e todo o talento típico dele, actuou como
desorganizador. ... Atrás de Lénine, durante o segundo período de trabalhos do
congresso, havia uma nova maioria compacta de Iskra-istas duros, opostos aos Iskra-istas
suaves. Nós, como delegados da União Siberiana, estávamos entre os suaves.»
Insinuando que os bolcheviques faziam do «centralismo» uma
abstracção desligada das tarefas do partido, Trotski não se coibe de recorrer à
mentira dizendo que o “centralismo” de Lénine era formal e que os seus
defensores eram ex-«economistas» (a tendência mais à direita do POSDR [11,16]):
«É por isso que ... o
“centralismo” uni-linear [noutro local chama-lhe “burocrático”], isto é, o
centralismo puramente formal proposto por Lénine, encontrou os seus mais
calorosos defensores em certos ex-economistas. Foram eles que se tornaram os
mais duros Iskra-istas.»
Trotski prossegue com uma série de tiradas disparatadas que
apenas servem para mostrar como detestava Lénine. Alguns exemplos:
«O "estado de sítio" em
que Lénine insistiu com tanta energia requer "plenos poderes". A
prática da desconfiança organizada exige mão de ferro. O sistema do Terror é
coroado por um Robespierre. O camarada Lénine analisou na sua mente os membros
do Partido e chegou à conclusão de que essa mão de ferro só podia ser ele. ...
Lénine transformou o modesto
Conselho [do Partido] num todo poderoso Comité de Salvação Pública, para
assumir o papel de Incorruptível. Tudo o que estava no seu caminho teve de ser removido.
A perspectiva da destruição da Montanha Iskra-ista
não impediu o camarada Lénine. Foi simplesmente uma questão de estabelecer, por
intermédio do Conselho, e sem resistência, uma “República da Virtude e do
Terror”.»
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We
saw in the previous
article how Trotsky at the II Congress of the RSDLP in 1903 sided with the
opportunist [12], Menshevik wing. Shortly after the Congress, Trotsky wrote a
report to his group: Report of the Siberian
Delegation, where he doesn’t mince words against Lenin and the Bolsheviks:
“At the Second Congress … this man
[Lenin], with all the energy and all the talent typical of him, acted as
disorganizer. ... Behind Lenin, during the second period of the congress’ work,
there was a new compact majority of hard Iskra-ists, opposed to the soft Iskra-ists. We as delegates of the Siberian Union, were among the
soft ones.”
Insinuating
that for the Bolsheviks "centralism" was an abstraction detached from
the party's tasks, Trotsky does not shy of resorting to lies, saying that
Lenin's "centralism" was a formality and that its defenders were the former
“economists” (the most rightist trend of the RSDLP [11, 16]):
“This is why … uni-linear ‘centralism’
[he calls it ‘bureaucratic’ in another place], that is the purely formal
centralism put forward by Lenin, found its warmest supporters in certain
ex-Economists. They were the ones who turned out to be the hardest Iskra-ists.”
Trotsky
goes on with a series of nonsensical tirades that only serve to portray how he loathed
Lenin. A few examples:
“The ‘state of siege’ on which Lenin
insisted with such energy, requires ‘full powers’. The practice of organized
distrust demands an iron hand. The system of Terror is crowned by a
Robespierre. Comrade Lenin reviewed the members of the Party in his mind, and
reached the conclusion that this iron hand could only be himself. …
Lenin transformed the modest [Party]
Council into an all powerful Committee of Public Salvation, in order to take on
himself the role of the Incorruptible. Everything which was in his way had to
be swept aside. The perspective of the destruction of the Iskra-ist Montagne did not stop Comrade
Lenin. It was simply a question of establishing, through the intermediary of
the Council, and without resistance, a ‘
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1904 – Trotski e o novo «Iskra»
Após o II Congresso, os mencheviques, que queriam
apoderar-se da direcção do partido, criaram a sua própria organização. Realizaram
em Genebra uma conferência fraccionista (Setembro de 1903) de 17 mencheviques,
encabeçados por Mártov. Trotski e Mártov
redigiram a resolução da conferência com um plano de luta contra os
bolcheviques e os órgãos eleitos pelo congresso. Em Outubro Mártov
recusou-se a obedecer à decisão do congresso sobre a composição do conselho
editorial do Iskra: Lénine, Plekanov
e Mártov. Quis, com Trotski, manter a anterior Redacção de maioria oportunista
[13]. No final de Outubro, Plekanov (elemento vacilante) passou para os
oportunistas. O novo Iskra com a
ajuda de Plekanov passou a ser o órgão central (O.C.) dos oportunistas [14] e
não do POSDR. Lénine, não concordando com a violação de uma decisão do
Congresso, resignou do cargo no conselho editorial. Explicou a sua decisão numa carta aos membros do partido: Porque renunciei à Redacção do Iskra. O
novo Iskra recusou-se a publicar a
carta de Lénine (saiu depois em panfleto). Trotski, porém, encontrou bom
acolhimento no novo Iskra, publicando
um panfleto, As Nossas Tarefas Políticas,
que Lénine comentou assim (os ênfases a negrito são sempre nossas) [15]:
«Saiu recentemente, como tinha
sido anunciado, um novo panfleto de
Trotski a cargo do conselho editorial do Iskra.
Isso torna-o, digamos assim, o "Credo" do novo Iskra. O panfleto é uma
pilha de mentiras descaradas, uma distorção dos factos. E isso é feito a
cargo do conselho editorial do OC. O
trabalho do grupo Iskra é difamado em
todos os sentidos, os economistas [16], alegadamente, fizeram muito mais, o
grupo Iskra não demonstrou nenhuma
iniciativa, não pensou no proletariado, estava mais preocupado com a intelectualidade
burguesa, introduziu uma burocracia mortal por todo o lado -- o trabalho do
grupo reduziu-se a pôr em prática o programa do famoso "Credo". O Segundo Congresso foi, nas palavras dele,
uma tentativa reaccionária de consolidar métodos sectários de organização, etc.
...»
Nesse panfleto Trotski também ataca Lénine quanto aos princípios de organização do
partido, argumentando que conduziria ao estabelecimento da ditadura de um
indivíduo contra a classe operária:
«Na política interna do partido
estes métodos levam … a que a organização do partido “substitua” o partido, o
Comité Central substitua à organização do partido, e por fim o ditador
substitua o Comité Central.»
Lénine refutou estes argumentos noutros trabalhos [17].
Note-se que Trotski usou exactamente os mesmos argumentos quando mais tarde
atacou Estáline.
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1904 – Trotsky and the new “Iskra”
After
the Second Congress, the Mensheviks, who had in mind to seize the leadership of
the party, created their own organization. They held a fractional conference in
“A new pamphlet by Trotsky came out recently, under the editorship of Iskra,
as was announced. This makes it the “Credo” as it were of the new Iskra. The pamphlet is a pack of brazen lies, a distortion of the facts. And this is
done under the editorship of the C.O. The
work of the Iskra group is vilified
in every way, the Economists [16], it is alleged, did far more, the Iskra group displayed no initiative,
they gave no thought to the proletariat, were more concerned with the bourgeois
intelligentsia, introduced a deadly bureaucracy everywhere -- their work was
reduced to carrying out the programme of the famous “Credo”. The Second Congress was, in his words, a
reactionary attempt to consolidate sectarian methods of organisation, etc. …”
In
the pamphlet Trotsky also attacked Lenin’s principles of Party organisation,
claiming it would lead to the establishment of dictatorship of an individual over
the working class:
“In the internal politics of the
Party these methods lead … to the Party organisation ‘substituting’ itself for
the Party, the Central Committee substituting itself for the Party organisation,
and finally the dictator substituting himself for the Central Committee.”
Lenin
refuted in other works [17] these allegations. Notice that Trotsky used exactly
the same arguments when he later attacked Stalin.
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1905 – Fora da revolução real nasce
a «revolução permanente» parvuista-trotskista
1905 é o ano da 1.ª revolução russa que se inicia com o fuzilamento
por tropas czaristas de uma manifestação pacífica (9 de Janeiro), encabeçada
pelo padre Gapon.
Os autores trotskistas fazem de Trotski o herói da revolução
de 1905. Apresentam-no falsamente como o criador e primeiro presidente do
primeiro soviete de trabalhadores em S. Petersburgo. O próprio Trotski
contribuiu para essa lenda. De facto, foram os trabalhadores de comum acordo
que formaram o soviete (conselho ou assembleia de trabalhadores) e elegeram
como presidente o trabalhador Tchrustalev-Nosar [18]. Só quando Tchrustalev-Nosar
foi preso o menchevique Trotski se tornou presidente.
Outros aspectos da lenda:
-- Escreve o proeminente trotskista
Isaac Deutscher [19]: «O soviete [presidido por Trotski] apelou ao país para
deixar de pagar impostos ao Czar». Este apelo, que Deutscher chama de grande
«heroísmo revolucionário» também foi feito pelo partido Cadete da grande
burguesia no seu Manifesto de Viborg (bairro operário de S. Petersburgo).
Deutscher «esquece-se» de dizer isto.
-- Deutscher e outros trotskistas
também não dizem que enquanto Trotski perorova teatralmente no soviete foram os
bolcheviques que encabeçaram nas ruas as lutas verdadeiramente revolucionárias:
a greve política e combates de rua de 1905, a insurreição de Moscovo, etc.,
etc., que deitaram abaixo a I Duma reaccionária e fizeram recuar a autocracia
levando-a a conceder uma II Duma com algumas concessões à participação de forças
do povo.
-- Deutscher e outros trotskistas
também se «esquecem» de dizer que, enquanto os trabalhadores lutavam e morrian,
Trotski com os mencheviques se opuseram
ferozmente aos bolcheviques e
condenaram todas essas lutas. Trotski andava mais preocupado com a sua «teoria»
da «revolução permanente» de que falaremos abaixo. Sobre isto escreve Lénine em
Sobre as Tácticas do Oportunismo, 8
de Março de 1907: «O desenvolvimento da
revolução trouxe a vitória completa
do bolchevismo, e nos dias de Outubro e Novembro [greve política e combates de
rua que deitaram abaixo a I Duma] só as exuberâncias de Trotski distinguiram os
mencheviques». Diz também o historiador M. N. Pokrovsky que Trotski era «um
genuíno e completo menchevique que não tinha qualquer desejo de uma insurreição
armada e era totalmente averso a levar a revolução até ao fim, isto é, até ao
derrube do czarismo». [20]
-- Deutscher mente descaradamente
quando, contra todos os factos, afirma que na revolução de 1905 Trotski foi o
único «líder» e que «No “ensaio geral” todos os principais actores, excepto
Trotski ... falharam durante os actos mais importantes».
Entretanto, em Duas
Tácticas (14 de Fevereiro) Lénine de novo denuncia o reformismo dos
mencheviques do novo Iskra que agora
alinham com os «economistas» [16]; ambos se opõem a organizar os trabalhadores na
luta revolucionária que se travava. Num artigo de 15 de Fevereiro, Breve Esboço da Cisão no POSDR, Lénine
menciona:
«A linha do Iskra desviou-se tanto para o velho Rabocheye Dyelo-ismo [jornal dos economistas] ... que até mesmo Trotski, um membro proeminente da minoria, autor do panfleto programático As Nossas Tarefas Políticas, que
apareceu a cargo da Redacção do novo "Iskra",
afirmou literalmente: "Há um abismo
entre o velho 'Iskra' e o novo 'Iskra'".»
O citado panfleto de Trotski, As Nossas Tarefas Políticas – que Trótski dedicou ao líder dos
mencheviques: «Ao meu caro mestre Pavel Borisovich Axelrod» [3] -- já tinha,
aliás, merecido os elogios do liberal Peter Struve [21] conforme assinala
Lénine em Osvobojdenie-istas e Novo-Iskra-istas,
Monarquistas e Girondinos (8 de Março):
«Tinha ou não razão o Sr. Struve
ao argumentar que o panfleto de Trotsky, As
Nossas Tarefas Políticas, publicado sob redação do “Iskra” ... “está perfeitamente certo ao defender certas ideias com
as quais os leitores da literatura social-democrata estão familiarizados a
partir das obras dos senhores Akimov, Martynov, Krichevsky e outros chamados
economistas?” (Osvobojdenie, [jornal
da burguesia liberal-monarquista] n.º 57 )?»
Dmitriev e Ivanov ([3]) acrescentam: «Os elogios com que o
premiaram os líderes mencheviques e da burguesia subiram à cabeça de Trotski. Perdeu
de tal forma o sentido das proporções que até começou a conspirar contra Dan [líder
menchevique no estrangeiro] com o propósito de ganhar influência no partido
menchevique. Em defesa de F. Dan, um dos líderes do menchevismo, Potresov,
escreveu que Trotski mudava facilmente
de opinião, dependendo das circunstâncias, de que lutava evitando o debate aberto,
trapaceava e fugia. Em Setembro de
1904, Trotski anunciou que não pertencia a nenhuma facção. Na verdade,
nunca rompeu com o menchevismo, nem na ideologia nem na táctica.»
Trotski usou o emblema de «não-faccionalismo» durante o
resto da sua vida política; servia-lhe de bandeira política à sombra da qual
desejava formar a sua própria facção destinada a criar um partido
anti-leninista. Em 1905 continuou alinhado com os mencheviques, mas usando o
palavreado «revolucionário» que aprendera com Parvus [22], o seu mentor da
«teoria» da «revolução permanente», que os trotskistas consideram uma magna
contribuição para o marxismo. Diz assim Lénine em A Social-Democracia e o Governo Provisório Revolucionário (5-12 de
Abril) [23]:
«Depois de se libertar do pesadelo
da sapientíssima teoria de Axelrod ... da organização como processo, Parvus soube finalmente avançar, em vez de
andar para trás como um caranguejo. ... Defendeu abertamente (infelizmente, junto com o saco de vento Trotski
num prefácio do panfleto bombástico deste último, Até ao 9 de Janeiro [cuja introdução foi escrita por Parvus]) a
ideia de ditadura democrática revolucionária, a ideia de que era
dever da social-democracia participar no governo provisório revolucionário após
o derrube da autocracia.»
Mencionámos acima a «teoria» da «revolução permanente». Os
trotskistas consideram-na criação de Trotski em 1905. Foi, porém, uma
co-criação Parvus-Trotski (ambos estavam em S. Petersburgo nessa altura e eram
amigos) [24] que serviu a Trotski para esconder o seu menchevismo-economismo
sob capa ultra-revolucionária.
A «teoria» (é de facto uma ideia e não uma teoria) opunha-se
à concepção leninista – que provou ser correcta na Revolução de Outubro – da
necessidade, imposta pela realidade concreta da Rússia, de uma etapa
revolucionária conduzida pelo proletariado em aliança com e liderando o
campesinato pobre (e outros grupos sociais). Lénine analisa este tema em vários
trabalhos. A «teoria» de Parvus-Trotski, pelo contrário, advogava o
estabelecimento imediato de um governo proletário. Em 1905 Parvus-Trotski
lançaram a palavra de ordem antibolchevique «nenhum Czar, mas sim um
governo operário» defendendo uma revolução sem o campesinato [25].
No trabalho supracitado (A
Social-Democracia...) Lénine desmonta a tese de Parvus-Trotski ao continuar
o trecho assinalado desta forma:
«São igualmente incorrectas ... as afirmações de Parvus de que “o
governo provisório revolucionário na Rússia será o governo da democracia
operária”, de que “se a social-democracia estiver à cabeça do movimento
revolucionário do proletariado russo, esse governo será social-democrata”, de
que o governo provisório social-democrata “será um governo integral com uma
maioria social-democrata”. Isto é impossível
se se falar não de episódios casuais, efémeros, mas de uma ditadura
revolucionária minimamente durável e capaz de deixar uma marca na história. Isto é impossível, porque só pode ser
minimamente sólida (é claro que não absolutamente mas relativamente) uma
ditadura revolucionária que se apoie na imensa maioria do povo. Mas o
proletariado russo constitui actualmente uma minoria da população da Rússia. Só
se pode tornar a imensa, a esmagadora maioria se se unir à massa dos
semiproletários, dos semiproprietários, isto é, à massa dos pequeno-burgueses
da cidade e dos pobres do campo. Esta composição da base social de uma
ditadura democrática revolucionária possível e desejável reflecte-se,
naturalmente, na composição do governo revolucionário ... Seria extremamente
prejudicial ter a este respeito quaisquer ilusões. Se aquele saco de vento Trotsky escreve agora (infelizmente, ao lado de
Parvus) que “um padre Gapon só poderia aparecer uma vez”, que “não há lugar
para um segundo Gapon”, fá-lo simplesmente porque é um saco de vento. Se na
Rússia não houvesse lugar para um segundo Gapon, não haveria também lugar para
uma revolução democrática realmente «grande», que vá até ao fim».
Finalmente, eis como Lénine caracteriza o comportamento político
de Trotski até 1905 num artigo publicado em Maio de 1914 (Ruptura da Unidade Encoberta por Clamores pela Unidade):
«Trótski foi um fervoroso iskrista
em 1901-03, e Ryazanov descreveu o seu papel no Congresso de 1903 como “o
cacete de Lénine”. No final de 1903,
Trótski era um fervoroso menchevique, i. e., desertou dos iskristas para os
economistas. Disse que “entre o velho e o novo Iskra há um abismo”. Em 1904-05, abandonou os mencheviques e
ocupou uma posição vacilante, ora cooperando com Martynov (o economista), ora
proclamando a sua teoria absurdamente esquerdista da "revolução
permanente"».
Vários autores analisaram a «teoria» da «revolução permanente», incluindo
naturalmente autores trotskistas. De todas que lemos, a melhor, mais factual e
sintética -- que não é negada pelas descrições trotskistas, excepto na
demonstração das falhas e da oposição leninista a tal «teoria» que os
trotskistas escondem ou rejeitam -- deve-se a Estáline na sua série de artigos Os Fundamentos do Leninismo.
Apresentamo-la em Apêndice no final do presente artigo. O leitor encontra em Os Fundamentos do Leninismo a citação de mais um trabalho de Lénine
que severamente desmente a «teoria» trotskista, a qual, como outras construções
de Trotski, se baseia numa leitura apressada de Marx.
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1905 – Away
of the real revolution the Parvuist-Trotskist “permanent revolution” is born
1905
is the year of the first Russian revolution, which begins with the shooting by
Tsarist troops of a peaceful demonstration headed by the priest Gapon (January
9).
Trotskyist
authors present Trotsky as the hero of the 1905 revolution. They falsely
present him as the creator and first chairman of the first workers' Soviet in
Other
aspects of the legend:
-- The prominent Trotskyist Isaac
Deutscher wrote [19]: “The Soviet [chaired by Trotsky] called on the country to
stop paying taxes to the Tsar.” This appeal, which Deutscher calls great
“revolutionary heroism” was also made by the Cadet party of the big bourgeoisie
in their Viborg Manifesto (Viborg was a working-class neighbourhood of St.
Petersburg) Deutscher "forgets" to say this.
-- Deutscher and other Trotskyists
do not say either that while Trotsky theatrically perorated in the Soviet it
was the Bolsheviks who led on the streets the truly revolutionary struggles:
the political strike and street fighting of 1905, the Moscow uprising, and so
on and so forth, which have brought down the reactionary I Duma and compelled
the autocracy to step back and having to grant a II Duma with some concessions
to the participation of popular forces.
-- Deutscher and other Trotskyists
also “forget” to say that, in the time the workers were struggling and dying, Trotsky with the Mensheviks fiercely
opposed the Bolsheviks and condemned all those struggles. Trotsky was more concerned
with his “theory” of "permanent revolution" which we shall talk about
below. Lenin writes about this in On the
Tactics of Opportunism, 8 March 1907: “The development
of the revolution brought complete
victory for Bolshevism; and in the October and November days [political
strike and street fights which brought down the I Duma] only Trotsky’s
exuberances distinguished the Mensheviks.” The historian M. N. Pokrovsky also
says that Trotsky was "a genuine, full-blown Menshevik who had no desire
whatever for armed insurrection and was altogether averse to bringing the
revolution to its completion, i.e., to the overthrow of Tsarism."
[20]
-- Deutscher lies shamelessly when,
against all facts, he claims that in the 1905 revolution Trotsky was the only “leader”
and that "At the 'general rehearsal' the chief actors, apart from Trotsky …
failed during the most important acts."
Meanwhile,
In Two Tactics (February 14) Lenin
again exposes the reformism of the Mensheviks of the new Iskra, who now side with the "economists" [16]; they both
oppose organizing the workers for the ensuing revolutionary struggle. In an
article of February 15, A
Brief Outline of the Split in the R.S.D.L.P., Lenin mentions:
“The Iskra line veered so sharply towards the old Rabocheye Dyelo-ism [Economists’
newspaper] … that even Trotsky, a
prominent member of the Minority, author of the programmatic pamphlet Our Political Tasks, which appeared under
the editorship of the new “Iskra”, stated
literally: ‘There is a gulf between the old ‘Iskra’ and the new ‘Iskra’
’.”
The
cited pamphlet by Trotsky, Our Political
Tasks -- which Trotsky dedicated to the leader of the Mensheviks: "To
my dear teacher Pavel Borisovich Axelrod" [3] -- had already, in fact, been
anointed with the praises of the liberal Peter Struve [21] as noted by Lenin in
Osvobozhdeniye-ists and New-Iskrists,
Monarchists and Girondists (March 8):
“Was Mr. Struve right or wrong in
contending that Trotsky’s pamphlet Our
Political Tasks, published under the editorship of “Iskra” … “is perfectly right in defending certain ideas with which
readers of Social-Democratic literature have been familiar from the writings of
Messrs. Akimov, Martynov, Krichevsky, and other so-called Economists” (Osvobozhdeniye [newspaper of the
liberal-monarchist bourgeoisie], No. 57)?”
Dmitriev
and Ivanov ([3]) write in addition: “The praises lavished on Trotsky by the
Menshevik leaders and the bourgeoisie went to his head. His sense of proportion
was so obviously lacking that he even began to conspire against Dan [émigré
Menshevik leader] for the purpose of winning influence in the Menshevik party.
In defence of F. Dan one of the leaders of Menshevism, Potresov, wrote that Trotsky easily changed his views, depending
on circumstance, that he fought shy of open debate, and was a cunning dodger.
In September, 1904, Trotsky announced that he belonged to no faction. In
actual fact, he had never broken with Menshevism, either ideologically or
tactically.”
Trotsky
wore the badge of "non-factionalism" throughout his subsequent political
life; he used it as political banner in the shadow of which he wanted to set up
his own faction aimed at setting up an anti-Leninist party. In 1905 he stood
hand in hand with the Mensheviks, but resorting to the “revolutionary” verbiage
he had learned from Parvus [22], his mentor on the “theory” of “permanent
revolution” that the Trotskyites consider a major contribution to Marxism. Lenin
wrote as follows in Social-Democracy and
the Provisional Revolutionary Government (April 5-12) [23]:
“… having freed himself from the
nightmare of the profound organisation-as-process theory advanced by Axelrod … Parvus managed at last to go forward,
instead of moving backward like a crab… He openly advocated (unfortunately, together with the windbag Trotsky
in a foreword to the latter’s bombastic pamphlet Before the Ninth of
January [with an introduction written by Parvus]) the idea of the
revolutionary-democratic dictatorship, the idea that it was the duty of
Social-Democrats to take part in the provisional revolutionary government after
the overthrow of the autocracy."
We
mentioned above the “theory” of “permanent revolution”. It is considered by the
Trotskyites as a creation of Trotsky in 1905. It was, however, a Parvus-Trotsky
co-creation (both were in
The
“theory” (it’s indeed an idea and not a theory) was opposed to the Leninist
conception – which proved to be correct in the October Revolution – of the
need, imposed by the concrete reality of
Russia, of a revolutionary stage conducted by the proletariat in alliance and with
leadership of the poor peasantry (and other social groups). In opposition to
that the “theory” of Parvus-Trotsky claimed the immediate setting-up of a
proletarian government. In 1905 Parvus-Trotsky put up the slogan “No Tsar, but
a workers’ government”, defending a revolution without the peasantry [25].
In
the aforementioned work (Social-Democracy...)
Lenin denounces the Parvus-Trotsky thesis in continuance of the quoted text as
follows:
“Equally incorrect … are Parvus’
statements
that “the revolutionary provisional government in
Finally,
here is how Lenin characterizes the political behaviour of Trotsky until 1905,
in an article published in May 1914 (Disruption
of Unity Under Cover of Outcries for Unity):
“Trotsky was an ardent Iskrist in
1901-03, and Ryazanov described his role at the Congress of 1903 as “Lenin’s
cudgel”. At the end of 1903, Trotsky was
an ardent Menshevik, i. e., he deserted from the Iskrists to the Economists.
He said that ‘between the old Iskra and
the new lies a gulf”. In 1904-05, he
deserted the Mensheviks and occupied a vacillating position, now co-operating
with Martynov (the Economist), now proclaiming his absurdly Left ‘permanent
revolution’ theory.”
Several
authors have analyzed the "theory" of the "permanent
revolution", including of course Trotskyite authors. Of all we have read,
the best, most factual, and synthetic -- which is not denied by Trotskyite
descriptions, except in the demonstration of the flaws and the Leninist
opposition to such "theory" that Trotskyites hide or reject -- is due
to Stalin in his series of articles The
Foundations of Leninism. We present it in the Appendix at the end of this
article. The reader finds in The
Fundamentals of Leninism the quotation from another work by Lenin that
severely denies Trotsky's “theory”, which, like other Trotsky constructs, is
based on a hurried reading of Marx.
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1906 – Trotskistas sem influência no Congresso de Unificação. Trotski
em Viena
Com os avanços da revolução de 1905 muitos trabalhadores,
bolcheviques e mencheviques, defendiam unir o partido [26]. Por sugestão de Lénine,
o CC dirigiu um apelo «A todas as organizações do partido e a todos os operários
social-democratas», para participar no IV Congresso (de Unificação) do POSDR (23
de Abril a 8 de Maio de 1906). No Relatório
sobre o Congresso de Unificação do POSDR, Carta aos Operários de S. Petersburgo,
Maio de 1906, Lénine refere que «O
Congresso foi um congresso menchevique» o que influenciou muitas das medidas
adoptadas [27]. Sobre a maioria menchevique, Lénine assinala:
«... foi notável a ausência total entre os mencheviques da corrente que tão
claramente se manifestou em Natchalo
e que no partido costumava estar ligada aos nomes dos camaradas Parvus e
Trotsky. É possível que entre os mencheviques houvesse
"parvusistas" e trotskistas -- disseram-me que havia cerca de 8 --
mas, dado que a questão do governo provisório revolucionário foi retirada da
ordem de trabalhos, não tiveram oportunidade de intervir.»
Deve-se ter em conta, porém, que na altura do IV Congresso
Parvus e Trotski estavam presos. Em Outubro de 1906, quando a caminho do exílio
na Sibéria, Trotski fugiu e acabou por ir para Viena. Durante os sete anos
seguintes, participou nas actividades do Partido Social-Democrata Austríaco e,
ocasionalmente, do Partido Social-Democrata Alemão. Em Viena Trotski tornou-se
próximo de Adolph Joffe. Em Berlim, de Karl Kautsky.
A este propósito, vale a pena ter em conta o que assinala o
trotskista Tony Cliff na sua obra Lenin,
Volume One: Building the Party [28]: «... Trotsky também não estava envolvido na administração partidária. Mas
isso era assim porque, de facto, ele não pertencia a nenhum partido concreto.
Entre 1904, quando rompeu com os mencheviques e 1917, quando se juntou aos
bolcheviques, esteve apenas ligado a um pequeno grupo informal de escritores.»
Segundo um artigo do grupo trotskista International Communist League [29], o proeminente historiador
trotskista Pierre Broué também converge nesta apreciação. No seu livro sobre Trotsky
(1988) diz que este era «uma espécie de
elemento autónomo [freelancer] do
partido». Broué elogia Trotski por isso, dizendo: «De facto, efetivamente
demitido de quaisquer obrigações faccionistas, a uma boa distância dos altos e
baixos dos conflitos entre as duas principais facções, satisfeito a esse
respeito com a sua posição “unitária” cuja vitória parecia assegurada no
futuro, Trotski tinha as mãos completamente livres para dedicar a sua atenção e
actividade aos eventos que se desenrolavam na Rússia ...»
Moissaye Olgin, op.
cit. [18], correctamente observa:
«Ele nunca esteve no meio dos
trabalhadores como construtor das suas organizações. Nunca conseguiu conquistar
para o seu lado qualquer número considerável de trabalhadores. Sempre foi, e
sempre permaneceu, apenas um escritor e orador, desfrutando de grande popularidade
entre os intelectuais pequeno-burgueses. Quando o movimento revolucionário dos
trabalhadores russos era jovem, um homem com caneta afiada e talento oratório
como Trotski poderia ser facilmente notado. Foi por essas qualidades que ele se
tornou membro do Primeiro Soviete dos Deputados dos Trabalhadores, organizado
durante a Revolução de 1905.»
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1906 – No
influence of the Trotskyites in the Unity Congress. Trotsky in
With
the advances of the 1905 revolution, many workers, Bolsheviks and Mensheviks,
favoured the unifying of the party [26]. At the suggestion of Lenin, the CC
issued an appeal "To All Party Organizations and to All Social-Democratic
Workers" to take part in the Fourth (Unification) Congress of the RSDLP (April
23 to May 8, 1906). In the Report on the
Unity Congress of the RSDLP, A Letter to the St. Petersburg Workers, May
1906, Lenin states that “The Congress was a Menshevik congress", which
influenced many of the adopted decisions [27]. Regarding the Menshevik
majority, Lenin points out:
“… a striking thing was the complete absence among the Mensheviks of the
trend that was so clearly revealed in Nachalo, and which in the Party
we are accustomed to connect with the names of Comrades Parvus and Trotsky.
True, it is quite possible that there were some “Parvusites” and “Trotskyites” among the
Mensheviks -- I was told that there were about eight of them -- but, owing to
the removal from the agenda of the question of the provisional revolutionary
government, they had no opportunity of making a show.”
One
should take into account, however, that at the time of the Fourth Congress
Parvus and Trotsky were in jail. In October 1906, when going to Siberia, Trotsky
escaped and moved to
In
this regard, it is worth noticing what the Trotskyite Tony Cliff points out in
his book Lenin, Volume One: Building the
Party [28]: "… Trotsky was also
not involved in party administration. But this was because he did not, in fact,
belong to any real party. Between 1904, when he broke with the Mensheviks, and
1917, when he joined the Bolsheviks, he was associated only with a small loose
group of writers.”
According
to an article of the Trotskyite group International Communist League [29], the
prominent Trotskyist historian Pierre Broué also converges in this assessment.
In his book on Trotsky (1988) he writes that he was “a sort of freelancer
in the party”. Broué praises Trotsky for that, writing: "'In fact,
effectively fired from any factional obligations, at a good distance from the
up and downs of the conflicts between the two main factions, satisfied in this
respect with his ‘unitary' position whose victory seemed to him assured in the
future, Trotsky had his hands completely free to devote his attention and
activity to the events that were unfolding in Russia...”
Moissaye
Olgin, op. cit. [18], correctly
observes:
“He never was in the thick of the
workers’ life as builder of their organizations. He never succeeded in winning
to his particular side any considerable numbers of workers. He always was, and
always remained, a writer and speaker only, enjoying great popularity among the
petty-bourgeois intellectuals. When the revolutionary labour movement in
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1907 – Trotski «centrista»
No final de Maio de 2007 teve lugar o V Congresso do POSDR.
O período revolucionário tinha fornecido grandes lições aos trabalhadores. Desta
vez os trabalhadores elegeram maioritariamente delegados bolcheviques [30]. O
Congresso terminou com a vitória completa do bolchevismo sobre o menchevismo. Trotski, na sua pose de estar acima das
facções, adoptou no congresso uma posição centrista:
«Algumas palavras sobre Trotski. Ele falou em nome do "Centro"
e expressou os pontos de vista do Bund [31]. Fulminou contra nós por
introduzirmos a nossa “inaceitável” resolução. Ameaçou com uma cisão imediata, a retirada do grupo da Duma,
supostamente ofendido pela nossa resolução. Realço estas palavras. Peço-vos que
releiam a nossa resolução com atenção. Não é monstruoso ver algo ofensivo num sereno
reconhecimento de erros, desacompanhado de qualquer censura dura, e falar de cisão
por causa disso?
...
«Quando Trotski declarou: "A
vossa inaceitável resolução impede que as vossas ideias correctas sejam postas
em prática", pedi-lhe: "Dê-nos a sua
resolução!" Trotski respondeu: "Não, primeiro retire a sua." Uma
bela posição para o “Centro”, não é? Por
causa do nosso erro (na opinião de Trotsky) ("falta de tacto"), ele
pune todo o Partido, privando-o da exposição feita por ele com
"tacto" dos mesmos princípios! … Esta é uma posição baseada não em princípios, mas na falta de princípios
do Centro.»
Lénine, V Congresso do POSDR, 13 de Maio a 1 de Junho de 1907
Em 16 de Junho a II Duma foi dissolvida pelo governo
czarista e foi proclamada uma nova lei eleitoral que aumentava
consideravelmente a representação dos latifundiários e da burguesia reduzindo
consideravelmente o já escasso número de representantes de trabalhadores e
camponeses. A revolução de 1905 chegara ao fim.
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1907 – The “centrist” Trotsky
The
Fifth Congress of the RSDLP took place at the end of May 2007. The revolutionary
period had provided great lessons to the workers. This time the workers in
their most elected Bolshevik delegates [30]. The Congress ended with the
complete victory of Bolshevism over Menshevism. Trotsky, in his pose of being
above factions, adopted a centrist position in the congress:
“A few words about Trotsky. He spoke on behalf of the “Centre”, and
expressed the views of the Bund [31]. He fulminated against us for
introducing our “unacceptable” resolution. He
threatened an outright split, the withdrawal of the Duma group, which is
supposedly offended by our resolution. I emphasise these words. I urge you to
reread our resolution attentively. Is it not monstrous to see something
offensive in a calm acknowledgement of mistakes, unaccompanied by any sharply
expressed censure, to speak of a split in connection with it?
...
“When Trotsky stated: “Your
unacceptable resolution prevents your right ideas being put into effect,” I
called out to him: “Give us your resolution!” Trotsky replied: “No,
first withdraw yours.” A fine position indeed for the
“Centre” to take, isn’t it? Because of
our (in Trotsky’s opinion) mistake (“tactless-ness”), he punishes the whole
Party, depriving it of his “tactful” exposition of the very same principles!
…That is a position based not on
principle, but on the Centre’s lack of principle.”
Lenin, The Fifth Congress of the RSDLP May 13-June 1, 1907
On
16 June the II Duma was dissolved by the Tsarist government and a new electoral
law was proclaimed which considerably increased the representation of
landowners and the bourgeoisie, and considerably reduced the already scarce
number of workers’ and peasants' representatives. The 1905 revolution had come
to an end.
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1909 – Trotski, menchevique e liquidacionista
Com o fim da revolução de 1905 vários líderes do POSDR
analisaram-na, procurando tirar as lições dos acontecimentos. As apreciações de
Trotski mereceram o apoio entusiástico de Mártov (o líder menchevique) que
procurou contrapô-las às teses bolcheviques que a revolução demonstrara serem
correctas. Em O Objectivo da Luta do
Proletariado na Nossa Revolução (22 de Março e 3 de Abril de 1909), Lénine
começa por referir:
«O erro fundamental de Trotski consistiu em ignorar o carácter burguês
da revolução e não ter uma concepção clara da transição desta revolução para a
revolução socialista. Deste erro fundamental derivam os erros parciais que
o camarada Mártov repete ao
reproduzir com simpatia a aprovação um par de citações.»
Lénine passa à análise de três argumentos de Trotski:
[1.º argumento de Trotski]
«Uma coligação do proletariado e
do campesinato "pressupõe que o campesinato cairá sob a influência de um
dos partidos burgueses existentes ou que formará um poderoso partido
independente".
Isto é obviamente falso tanto do ponto de vista teórico geral como do
da experiência da revolução russa. Uma “coligação” de classes não pressupõe
em geral a existência de um partido ou partidos poderosos.» Lénine dá vários
exemplos da revolução russa.
[2.º argumento de Trotski]
«A segunda afirmação de Trotski
citada pelo camarada Mártov também está errada. Não é verdade que “toda a questão consiste em quem determinará o
conteúdo da política do governo, em quem reunirá nele uma maioria homogénea”,
etc. ... O próprio Trotski, no decurso de sua argumentação, admite a
“participação de representantes da população democrática” no “governo dos
trabalhadores”, i. e., admite que haverá um governo formado por representantes
do proletariado e do campesinato. ... A
questão da ditadura das classes revolucionárias não pode, porém, ser reduzida a
uma questão da "maioria" em um ou outro governo revolucionário, ou
dos termos em que a participação dos social-democratas em tal governo é
admissível.»
[3.º argumento de Trotski]
«Por último, a mais falaciosa das opiniões de Trotski que o camarada Mártov cita
e considera “justa” é a terceira, a saber: “mesmo que eles [o campesinato] façam isso [“apoiem o regime da
democracia da classe trabalhadora”] sem mais compreensão política do que
costumam apoiar um regime burguês.” O proletariado não pode contar com a
ignorância e os preconceitos do campesinato como os poderes de um regime
burguês contam e dependem deles, nem pode assumir que em tempo de revolução o
campesinato permanecerá no seu estado habitual de ignorância política e
passividade.» Lénine ilustra com exemplos da revolução russa.
O desânimo com a derrota da revolução de 1905, o aumento da
reacção e a repressão levaram ao aparecimento no seio do POSDR de correntes
oportunistas e cisionistas. As mais importantes eram as dos «liquidadores» e
dos «otzovistas».
Os liquidadores advogavam a dissolução de organizações
ilegais e da actividade revolucionária clandestina do Partido e a transformção
do partido num conjunto solto de organizações. Instaram a classe trabalhadora a
reconciliar-se com a burguesia. Os liquidadores eram chefiados por Martov,
Axelrod, Dan, Martynov, Potresov e outros mencheviques.
Os otzovistas (do russo,
“revocadores”) advogavam, no pólo oposto, que o partido não devia exercer
qualquer actividade nas organizações legais ou semi-legais (Duma, sindicatos,
cooperativas, etc.) argumentando que a reação esmagadora obrigava o partido a
limitar-se ao trabalho ilegal. Isso teria isolado o partido das massas
transformando-o numa organização sectária incapaz de reunir forças para outro
surto revolucionário. A esta facção oportunista pertenciam os bolcheviques Bogdanov,
Pokrovski, Lunacharski, Maximov e mais uns poucos.
Lénine combateu incansavelmente ambas as facções que
arruinavam o partido, analisando-as em detalhe e apontando onde estavam
erradas. Trotski declarando estar acima
das facções, era contudo um activo elemento faccionista, alinhado com os
liquidadores. Lenine diz o seguinte numa Carta a G. Zinoviev datada de 24 de Agosto [32]:
«No que diz respeito ao Pravda, leu a carta de Trotski a Inok [33]?
Se a leu, espero que o tenha convencido de que Trotski se comporta como um infame carreirista e faccionalista do tipo
Ryazanov e C.ª. Ou igualdade na direcção editorial, subordinação ao CC e não transferência de ninguém para Paris, excepto
Trotski (o malandro quer "acomodar" às nossas custas toda a camarilha
aventureira do Pravda!) -- ou rompemos com esse vigarista e desmascaramo-lo no O.C.
Ele perora sobre o Partido mas
comporta-se pior que qualquer outro dos faccionalistas.»
Note-se que o Pravda
mencionado na carta não é o futuro O.C. bolchevique (e do PCUS), mas sim o periódico
da facção trotskista publicado em Viena entre 1908 e 1912, sob direcção de
Trotski. Desde os primeiros números, sob a máscara de que era «não fraccionista»,
de que era «conciliador», atacou o bolchevismo, defendeu o liquidacionismo, o
otzovismo, e a «teoría» centrista da co-existência de revolucionários e
oportunistas em um mesmo partido.
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1909 –
Trotsky, Menshevik and Liquidationist
With
the end of the 1905 revolution, several leaders of the RSDLP analyzed it seeking
to learn from the events. Trotsky's assessments received the enthusiastic endorsement
of Martov (the Menshevik leader) who tried to counter them to the Bolshevik theses
which the revolution had shown to be correct. In The Aim of the Proletarian Struggle in Our Revolution (March 22 and
April 3, 1909), Lenin begins by remarking:
“Trotsky’s major mistake is that he ignores the bourgeois character of
the revolution and has no clear conception of the transition from this
revolution to the socialist revolution. This major mistake leads to those
mistakes on side issues which Comrade Martov repeats when he quotes a couple of them with sympathy and approval.”
Lenin
then proceeds to analyse three arguments from Trotsky:
[1st
argument from Trotsky]
“A coalition of the proletariat and
the peasantry ‘presupposes either that the peasantry will come under the sway
of one of the existing bourgeois parties, or that it will form a powerful
independent party’.
This is
obviously untrue both from the standpoint of general theory and from that of
the experience of the Russian revolution. A ‘coalition’ of classes does
not at all presuppose either the existence of any particular
powerful party, or parties in general.” Lenin presents several examples
from the Russian revolution.
[2nd
argument from Trotsky]
“Trotsky’s second statement
quoted by comrade Martov is wrong too. It
is not true that ‘the whole question is, who will determine the government’s
policy, who will constitute a homogeneous majority in it’, and so forth.
... Trotsky himself, in the course of his argument, concedes that ‘representatives
of the democratic population will take part’ in the ‘workers’ government’, i.
e., concedes that there will be a government consisting of representatives of
the proletariat and the peasantry. ... The question of the dictatorship of the revolutionary classes, however,
cannot be reduced to a question of the ‘majority’ in any particular revolutionary
government, or of the terms on which the participation of the
Social-Democrats in such a government is admissible.”
[3rd
argument from Trotsky]
“Lastly, the most fallacious of Trotsky’s opinions that Comrade Martov
quotes and considers to be “just” is the third, viz.: ‘even if they [the peasantry] do this [“support the regime of
working-class democracy”] with no more political understanding than they
usually support a bourgeois regime.’ The proletariat cannot count on the
ignorance and prejudices of the peasantry as the powers that be under a
bourgeois regime count and depend on them, nor can it assume that in time of
revolution the peasantry will remain in their usual state of political
ignorance and passivity.” Lenin illustrates with examples from the Russian
revolution.
Discouragement
with the defeat of the 1905 revolution and the increased reaction and
repression led to the emergence in the RSDLP of opportunist and scissionist
currents. The most important ones were those of the "liquidators" and
the "otzovists".
The
liquidators advocated the disbandment of illegal Party organizations and the
cessation of underground revolutionary activity and the transformation of the
party into a loose ensemble of organizations. They urged the working class to
come to terms with the bourgeoisie. The liquidators were headed by Martov,
Axelrod, Dan, Martynov, Potresov and other Mensheviks.
On
the opposite pole, the otzovists (from the Russian “recallers”) advocated that
the party should not engage in legal or semi-legal organizations (Duma, trade
unions, cooperatives, etc.) arguing that the overwhelming reaction compelled
the Party to restrict itself to illegal work. This would have isolated the
Party from the masses and turn it into a sectarian organization incapable of
mustering the forces for another revolutionary upsurge. To this opportunist
faction belonged the Bolsheviks Bogdanov, Pokrovsky, Lunacharsky, Maximov and a
few other ones.
Lenin
fought relentlessly both factions which were ruining the party, analyzing them
in detail and pointing out why they were wrong. Trotsky, claiming to be above the factions, was nevertheless an active
factional element, siding with the liquidators. In a Letter to G. Zinoviev dated 24 August, [32] Lenin wrote:
“As regards Pravda, have you read Trotsky’s letter to Inok [33]? If you have, I
hope it has convinced you that Trotsky
behaves like a despicable careerist and factionalist of the Ryazanov-and-Co.
type. Either equality on the editorial board, subordination to the CC and no one being transferred to
Note
that the Pravda mentioned in the
letter is not the later Bolshevik C.O. (from the CPSU too), but the periodical
of the Trotskyist faction published in
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1910 – Trotski, o conciliador-mor
De 15-Jan a 5-Fev de 1910 decorreu em Paris um plenário do
CC do POSDR, com representantes de todas as facções. Fora convocado
alegadamente para unir o partido, mas contra a opinião de Lénine. G. Zinoviev,
L, Kámenev e A. Ríkov -- aliados ocultos de Trotski – apoiaram a convocatória. A
carta acima de Lénine a Zinoviev tem a ver com esta convocatória.
O plenário foi dominado pelos «conciliadores»: Trotski e os
seu grupo de Viena, a que se juntaram Zinoviev, Kámenev, Ríkov e outros,
ajudados pelos oportunistas. Diziam procurar conciliar os liquidacionistas e
otzovistas, com os leninistas e o grupo de Plekanov. O que passou no plenário
iria influenciar acontecimentos posteriores.
Lénine, após luta encarniçada, conseguiu ver aprovada uma
resolução que condenava as tendências liquidacionistas e otzovistas (sem as nomear!) e apelava a combatê-las. Mas
os conciliadores impuseram: (a) subsidiar o Pravda
(de Viena) de Trotski, sob condição de incorporar um representante do CC no seu
conselho editorial (foi nomeado Kamenev, cunhado de Trotski); (b) dissolver a
organização central bolchevique suspendendo a publicação do seu jornal Proletari -- isso foi feito, e os
bolcheviques tiveram de entregar uma parte dos seus fundos ao CC e a parte
restante a três personalidades (K. Kautsky, F. Mehring e C. Zetkin), nomeadas
como depositárias e que teriam de devolver esses fundos ao CC após dois anos;
(c) em contrapartida, os liquidadores e otzovistas teriam também de dissolver
as suas organizações centrais e parar de publicar os respectivos jornais, Golos e Vperiod (os conciliadores neste caso aceitaram promessas verbais!).
Logo após o plenário,
os liquidadores, otzovistas e trotskistas recusaram-se a cumprir as respectivas
decisões. O Golos e Vperiod não foram encerrados e
continuaram a sua actividade fraccionista. O
Pravda de Trotsky recusou submeter-se
ao controlo do CC. Perante isso, no Outono de 1910 os bolcheviques
declararam desligar-se das obrigações impostas no plenário. Começaram a editar
o seu próprio jornal (Rabóchaia Gazeta),
convocaram um novo plenário e exigiram que os fundos que haviam colocado
condicionalmente nas mãos do CC lhes fossem devolvidos.
Entretanto, a 17 de Abril, o «Clube de Viena do partido
social-democrata» do conciliador Trotski, aprovou uma resolução de «conciliação».
Lénine denunciou Trotski nestes termos (Notas
de um Publicista, 19 de Março e 7 de Junho):
«Desde as primeiras palavras da
sua resolução, Trotski exprime plenamente o espírito do pior tipo de conciliação,
a "conciliação" entre aspas, a conciliação de clube, pequeno-burguesa,
que lida com "determinadas pessoas" e não com determinada linha, com
determinado espírito, com determinado conteúdo ideológico e político do
trabalho do Partido.
«É nisso que reside a enorme
diferença entre o partidismo real, que consiste em expurgar o Partido do
liquidacionismo e do otzovismo, e a
"conciliação" de Trotsky e C.ª, que, na verdade, presta o mais fiel
serviço aos liquidadores e otzovisistas; é, por isso, um mal bem mais perigoso
para o partido, porque é mais astuto, subtil e que se dissimula retoricamente
com declarações pseudo-partidistas e supostamente antifraccionistas».
Entretanto, em Viena e Berlim Trotski trata de desinformar
os respectivos partidos sociais-democratas sobre Lénine e o POSDR. Quando
Lénine participava num Congresso da II Internacional (28 de Agosto a 3 de
Setembro) apareceu no Vorwärts, O.C. do Partido
Social-Democrata Alemão um artigo anónimo que difamava o POSDR, Lénine e
Plekhanov. Lénine veio a conhecer mais pormenores, e soube do próprio
Trotski que o autor anónimo era Trotski.
Em 8 de Outubro Lénine escreveu sobre isto em Como Alguns Sociais Democrtas Informam a Internacional sobre a Situação
no POSDR:
«Estará já o leitor a adivinhar de
que pluma “não faccionista” provém o artigo [difamador]? Pois claro, não se
engana. Sim, é do “não-faccionista”
camarada Trotski que não tem escrúpulos em anunciar abertamente a folha de
propaganda da sua facção. E fornece aos insuficientemente informados leitores
alemães a mesma avaliação da política da maioria do Partido que a dos
liquidadores.»
Em Setembro-Novembro Lénine escreve um extenso artigo onde
explica O Sentido Histórico da Luta
Dentro do Partido. Começa assim:
«O tema indicado no título é
abordado nos artigos de Trótski e Mártov nos nº 50 e 51 da Neue Zeit
[34]. Mártov expõe as concepções do menchevismo. Trótski segue na esteira dos mencheviques,
encobrindo-se com uma fraseologia particularmente sonora.»
Lénine expõe as teorias de Mártov e Trotski mostrando como «Mártov e Trótski oferecem aos camaradas
alemães concepções liberais retocadas
de modo marxista» e – recorrendo a factos concretos e dados numéricos -- apresenta
exemplos «das frases sonoras mas ocas em
que é mestre o nosso Trótski», da sua «verborreia
verdadeiramente “descomedida”», de seus raciocínios «radicalmente» errados,
da sua deturpação do bolchevismo e da história da revolução de 1905. Combatendo
as mentiras e falsificações de Trotski na imprensa social-democrata alemã e
acusando Trotski de seguir uma política "publicitária", de "descaramento em rebaixar o partido,
enaltecendo-se a si próprio perante os alemães", Lénine conclui:
«Por isso, se Trótski diz aos
camaradas alemães que representa a “tendência geral do partido”, então eu devo
declarar que Trótski representa apenas a
sua fracção e que goza de alguma confiança exclusivamente junto dos otzovistas
e liquidacionistas.»
Lénine pretendia responder a Trotski e Mártov na mesma
revista, mas os editores de Neue Zeit, Kautsky e Wurm --
influenciados por Trotsky -- não publicaram o artigo de Lénine!
Num artigo de 5 de Dezembro, Carta Aberta a Todos os Social-Democratas Pró-Partido, Lénine
escreve:
«Os liquidacionistas e os
otzovistas têm um excelente entendimento da verborreia conciliatória e fazem
excelente uso dela contra o Partido. O
herói de tais frases, Trotski, tornou-se naturalmente o herói e defensor
juramentado dos liquidacionistas e otzovistas, com quem ele não concorda em nada teoricamente, mas em tudo na prática.
«Quando Trotski e defensores
similares dos liquidacionistas e otzovistas declaram essa aproximação “desprovida
de conteúdo político”, tais discursos
testemunham apenas a total falta de princípios de Trotski, a verdadeira
hostilidade da sua política à real abolição das facções (e não apenas confinada
a promessas)».
Em 28 de Dezembro Lénine escreve uma Carta Aberta ao Colégio do CC do POSDR na Rússia, onde informa que a
facção anti-partido «Clube de Viena» -- «um grupo de emigrados trotskistas que
são simples peões nas mãos de Trotski» -- em resultado da sua resolução de 10
de Novembro, tinha organizado «um fundo geral do partido para preparar e
convocar uma conferência do POSDR». Esse «fundo» era apoiado pelos liquidadores
e otzovistas. Isto é, Trotski propunha-se violar a legalidade partidária para
unir todos os grupos anti-partido contra os bolcheviques que constituíam a
maioria eleita do CC. Diz também Lénine:
«É uma aventura no aspecto
ideológico. Trotski agrupa todos os
inimigos do marxismo, unindo Potresov e Maximov [Golos e Vperiod] que
odeiam o bloco “Lenin-Plekanov” como gostam de lhe chamar. Trotski agrupa todos que têm gosto e carinho pela decadência
ideológica; a todos que não se interessam pela defesa do marxismo; ...»
Lénine termina a carta apelando à «luta contra a aventura cisionista e sem princípios de Trotski ...»
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1910 –
Trotsky, the chief conciliator
From
Jan-15 to Feb-5, 1910, a plenum of the RSDLP CC was held in
The
plenum was dominated by the “conciliators”: Trotsky and his
Lenin,
after a bitter struggle, was able to pass a resolution condemning the
liquidationist and otzovist trends (without their denominations!) appealing to combat
them. But the conciliators imposed: (a) to subsidize Trotsky's (Vienna) Pravda, on condition that it incorporated
a CC representative on its editorial board (Trotsky's brother-in-law Kamenev was
appointed); (b) to dissolve the Bolshevik central organization and suspend the
publication of its Proletari
newspaper -- this was done, and the Bolsheviks had to hand over part of their
funds to the CC and the remaining part to three personalities (K. Kautsky, F.
Mehring and C. Zetkin), appointed as depositaries who would have to return
these funds to the CC after two years; (c) in return, the liquidators and otzovists
would also have to dissolve their central organizations and stop publishing
their newspapers, Golos and Vperiod (the conciliators in this case
have accepted verbal promises!).
Shortly after the plenum, the
liquidators, otzovists and Trotskyists refused to comply with its decisions. The Golos and Vperiod were not closed and continued their fractional activity. Trotsky’s Pravda refused to submit to CC control. In the face of this, in
the autumn of 1910 the Bolsheviks declared to be detached from the obligations
imposed by the plenum. They began editing their own newspaper (Rabochaya Gazeta), convened a new plenum,
and demanded that the funds they had conditionally placed in the hands of the
CC be returned to them.
In
the meantime, on 17 April, the “Vienna Social Democratic Party Club” of the conciliator
Trotsky adopted a "conciliation" resolution. Lenin denounced Trotsky
in these terms (Notes of a Publicist,
March 19 and June 7, 1910):
"In the very first words of his
resolution Trotsky expressed the full spirit of the worst kind of conciliation,
'conciliation' in inverted commas, of a sectarian and philistine conciliation,
which deals with 'given persons' and not the given line of policy, the given
spirit the given ideological and political content of Party work.
"It is in this that the
enormous difference lies between real partyism, which consists in purging the
Party of liquidationism and otzovism, and the
'conciliation' of Trotsky and Co., which actually renders the most faithful
service to the liquidators and otzovists, and is therefore an evil that is all
the more dangerous to the party the more cunningly, artfully and rhetorically
it cloaks itself with professedly pro-party, professedly anti-factional
declamations."
Meanwhile,
in
“Don’t you begin to guess, reader, to whose ‘non-factional’ pen
this [defaming] article belongs? You are not mistaken, of course. Yes, it is the ‘non-factional’ Comrade Trotsky, who
has no compunction about openly advertising his faction’s propaganda sheet. He provides the insufficiently informed German readers with the same
appraisal of the policy of the Party majority as that made by the liquidators.”
In
September-November Lenin writes an extensive article explaining The Historical Meaning of the Inner-Party
Struggle in Russia. It starts this way:
“The subject indicated by the above
title is dealt with in articles by Trotsky and Martov in Nos. 50 and 51 of
Neue Zeit [34]. Martov expounds Menshevik views. Trotsky follows in the wake of the Mensheviks, taking cover behind
particularly sonorous phrases.”
Lenin
expounds Martov and Trotsky's theories by showing how “Martov and Trotsky are putting before the German comrades liberal
views with a Marxist coating” and -- using concrete facts and
numerical data -- reveals examples of “the
resonant but empty phrases of which our Trotsky is a master”, of his “truly unrestrained” phrase-mongering”, his
'radically' wrong reasoning, his misrepresentation of Bolshevism and of the
history of the 1905 revolution. Countering Trotsky's lies and falsifications in
the German Social-Democrat press and accusing Trotsky of following a policy of
"advertisement", of "shamelessness
in belittling the Party and exalting himself before the Germans,” Lenin
concludes:
"Therefore, when Trotsky tells
the German comrades that he represents the 'general Party tendency’ I am
obliged to declare that Trotsky
represents only his own faction and enjoys a certain amount of confidence
exclusively among the otzovists and the liquidators."
Lenin
intended to answer Trotsky and Martov in the same magazine, but the editors of Neue Zeit,
Kautsky and Wurm – influenced by Trotsky -- did not publish Lenin’s article!
In
an article of December 5 An Open Letter to All Pro-Party
Social-Democrats, Lenin writes:
“The liquidators and
otzovists have an excellent understanding of conciliatory phrase-mongering and
make excellent use of it against the Party. The hero of such phrases, Trotsky, has quite naturally
become the hero and sworn advocate of the liquidators and otzovists, with whom
he agrees on nothing theoretically
but in everything practically.
“If Trotsky and similar advocates of
the liquidators and otzovists declare this rapprochement ‘devoid of political
content,’ such speeches testify only to
Trotsky’s entire lack of principle, the real hostility of his policy to the
policy of the actual (and not merely confined to promises) abolition of
factions.”
On
28 December Lenin writes a Letter to the
Russian Collegium of the Central Committee of the RSDLP, informing that the
anti-party faction “Vienna Club” -- “a circle of Trotskyites, exiles who are
pawns in the hands of Trotsky” – following its resolution of November 10 had
organized “a general Party fund for the purpose of preparing and convening a
conference of the RSDLP”. This "fund" was supported by the
liquidators and otzovists. Thus, Trotsky intended to violate party legality by
uniting all anti-party groups against the Bolsheviks who constituted the CC elected
majority. Lenin writes further:
"It is an adventure in the
ideological sense. Trotsky groups all
the enemies of Marxism, he unites Potresov and Maximov, who detest the
'Lenin-Plekhanov' bloc, as they like to call it. Trotsky unites all those to whom ideological decay is dear; all who are
not concerned with the defence of Marxism; …”
Lenin
ends the letter by calling, inter alia,
for "struggle against the splitting
tactics and the unprincipled adventurism of Trotsky. …"
|
Também escrito em 28 de Dezembro é outro artigo de Lénine, A Situação no Partido, escrito, que apresenta uma extensa e minuciosa análise
suportada em claras evidências do oportunismo de Trotski -- «Trotsky, que tem o hábito de se juntar a
qualquer grupo que por acaso seja a maioria no momento» --, do seu
aventureirismo -- «a política de Trotsky
é o aventureirismo no sentido organizacional» --, da sua falta de
princípios da sua ignorância do marxismo, etc. Eis alguns excertos:
«Transcrevemos integralmente as
razões dadas por Trotski para assegurar que a luta do órgão central não é
justificada por nenhuma diferença básica de princípio.
"Em todas [itálico de Trotski] as tendências do partido está firmemente
arraigada a convicção de que é preciso restabelecer a organização ilegal
..."
«Este é um exemplo de como belas palavras são esfarrapadas por
verborreia destinada a encobrir uma enorme mentira, um enorme engano tanto
daqueles que se embriagam com a verborreia como de todo o Partido.
Porque é uma mentira evidente e patente que todas as tendências do Partido estejam
convencidas da necessidade de restabelecer a organização ilegal».
«Trotski silencia esta verdade indiscutível porque os objectivos reais da sua política não suportam a
verdade».
«Trotsky não se atreve a dizer
que considera Potresov e os otzovistas como autênticos marxistas, ... A essência da posição de um aventureiro é
que deve sempre recorrer a evasivas. ...
A razão mais profunda pela qual esse bloco está condenado ao fracasso,
por maiores que sejam os seus êxitos entre os filisteus e por maiores que sejam
os “fundos” que Trotsky consiga reunirr ... é que se trata de um bloco sem
princípios. A teoria marxista, "os princípios fundamentais" de toda a nossa concepção do mundo
e do programa e táctica do nosso Partido, está agora na linha de frente de toda
a vida do Partido não por mero acaso, mas porque é inevitável.»
«Devemos explicar de novo às massas os fundamentos do marxismo; a defesa da teoria marxista está novamente
na ordem do dia. Quando Trotsky diz que a reaproximação entre os mencheviques
pró-partido e os bolcheviques é "destituída de conteúdo político" e
"instável", só mostra com isso a sua profunda ignorância, e revela a
sua absoluta insensatez.»
|
Also
written on December 28 is another article by Lenin, The State of Affairs in the Party, where an extensive and detailed
analysis supported by hard evidence is presented of Trotsky's opportunism -- “Trotsky, who is in the habit of joining any
group that happens to be in the majority at the moment” --, of his
adventurism -- “Trotsky’s policy is
adventurism in the organisational sense” --, his lack of principles, his ignorance
of Marxism, etc. Here are some excerpts:
“We quote in full the reasons given
by Trotsky for his statement that the struggle of the Central Organ is not
justified by any basic difference of principle.
‘The conviction has taken firm root
among all [Trotsky’s italics] Party
trends, that it is necessary to restore the illegal organisation, …’
“That is an
example of how fine words are worn into shreds by phrase-mongering intended to
disguise a monstrous untruth, a monstrous deception both of those who revel in
phrase-mongering and of the whole Party.
It is a plain and crying untruth that all Party trends are convinced of the need to revive the illegal
organisation.”
“Trotsky maintains silence on this undeniable truth, because the truth
is detrimental to the real aims of his policy.”
“Trotsky does
not dare to say that he sees in Potresov and in the otzovists real
Marxists,
... The essence of the position of an
adventurer is that he must forever resort to evasions. …
The most profound reason why this bloc is doomed to
failure—no matter how great its success among the philistines and no matter
how large the ‘funds’ Trotsky may succeed in collecting ... is that it is an unprincipled bloc. The theory of Marxism, ‘the fundamental principles’ of our entire
world outlook and of our entire Party programme and tactics, is now in the
forefront of all Party life not by mere chance, but because it is
inevitable.”
“We must again explain the
fundamentals of Marxism to these masses; the defence of Marxist theory is
again on the order of the day. When Trotsky declares that the rapprochement
between the pro-Party Mensheviks and the Bolsheviks is ‘devoid of political
content’ and ‘unstable,’ he is thereby merely revealing the depths of his own
ignorance, he is thereby demonstrating his own complete emptiness.”
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Balanço do Período 1903-1910
O período 1903-1910 revela já os seguintes traços Trotski
que irão manter-se e até agravar-se no resto da sua vida:
a) O oportunismo
[12]. Trotski «nasceu» e permaneceu menchevique. Em certos momentos esteve
mesmo com a ala direita dos mencheviques: «economistas», Bund e liquidadores. No papel de
«conciliador» apoiou também os otzovistas, o que não admira porque estes no
fundo conduziam ao mesmo objectivo – fracturar o partido, deitar abaixo Lénine
– apenas se distinguindo dos liquidadores por usarem vias de «esquerda». A
«conciliação» de Trotski significava isto: tudo que levar à destruição
bolchevismo e Lénine deve ser «unido» e apoiado.
É claro que a burguesia se apercebeu que Trotski
desempenhava um papel que lhe era útil, como vimos p. ex. no Osvobojdenie, jornal da burguesia
liberal-monarquista, em 1905.
b) A ocultação do
oportunismo com verborreia revolucionária recheada de frases sonoras,
bombásticas. A «teoria» trotskista da «revolução permanente» desempenhou esse
papel de defesa do salto aventureiro de etapas que lhe permitia vituperar
contra (e afastar-se de) qualquer revolução concreta: não se tinha desenrolado
conforme os ensinamentos de Trotski.
c) A falta de
princípios, com o recurso à mentira e à aldrabice. Vimos acima vários
exemplos disso assinalados por Lénine. Uma das aldrabices era querer parecer
mais do que o que era -- Lénine: «se Trótski diz aos camaradas alemães que
representa a “tendência geral do partido”, então eu devo declarar que Trótski representa apenas a sua
fracção...» -- e de se querer apresentar acima do partido -- Lénine: «descaramento,
rebaixando o partido e enaltecendo-se a si próprio perante os alemães».
d) A violação
sistemática da disciplina partidária e o fraccionismo. Também vimos
exemplos disso, aliás reconhecidos por historiadores trotskistas («não
pertencia a nenhum partido concreto»,
era «uma espécie de freelancer»).
Esta característica, marcadamente individualista, fazia com que para Trotski,
como iremos ver, o partido ideal fosse ele mais um pequeno grupo de obedientes
seguidores.
e) A intriga política,
a conspiração. Exemplos:
-- A conspiração contra F. Dan em 1905 para ganhar
influência no partido menchevique;
-- A difamação de Lénine e dos bolcheviques junto de Kautsky
(e outros) para virar o Partido Social-Democrata Alemão contra eles (o que
conseguiu);
-- O «Clube de Viena», a organização do plenário do CC em
1910 com os seus aliados ocultos -- Zinoviev, Kámenev e Rikov -- e a questão
dos «fundos», tudo com o objectivo de apear Lénine e os bolcheviques da
liderança do partido.
f) A substituição do
debate de ideias pelo debate de pessoas, recorrendo à caracterização
abusiva e mesmo à difamação quando as
ideias e acções da pessoa em causa não agradam a Trotski. Tudo que Trotski
escreveu acerca de Lénine no II Congresso em 1903 («Robespierre», «sistema do
Terror», «tentativa reaccionária de consolidar métodos sectários de organização»,
etc.) são exemplos disso.
g) A distorção dos
factos históricos por forma a ajustarem-se à sua mensagem. Lénine assinala
isso nos erros de Trótski ao apreciar a revolução de 1905. Distorção também
para engrandecer o papel de Trotski.
h) O duvidoso
conhecimento do marxismo. Esta afirmação parecerá chocante para muitos,
especialmente para os trotskistas. Mas vejamos o que Lénine disse em 1910:
-- «Mártov e Trótski oferecem aos
camaradas alemães concepções liberais
retocadas de modo marxista»;
-- «Trotski agrupa todos os
inimigos do marxismo»;
-- «Trotski agrupa ... a todos que
não se interessam pela defesa do marxismo»;
-- «Devemos explicar de novo às
massas os fundamentos do marxismo; a
defesa da teoria marxista está novamente na ordem do dia. Quando Trotsky diz
que a reaproximação entre os mencheviques pró-partido e os bolcheviques é
"destituída de conteúdo político" e "instável", só mostra
com isso a sua profunda ignorância, e revela a sua absoluta insensatez».
Um aspecto que salta aos olhos do mau domínio que Trotski
tinha do marxismo é que falhava constantemente em algo tão fundamental no
marxismo como aplicar a dialéctica à realidade concreta. A sua «teoria» da
«revolução permanente» é já um exemplo disso. Mas veremos mais tarde outros
exemplos gritantes.
Não deixa de ser irónico que o homem que esreveu Em Defesa do Marxismo tenha sido logo
caracterizado em 1910, por Lénine, como agrupando «todos que não se interessam
pela defesa do marxismo».
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An Account of the Period 1903-1910
The
period 1903-1910 already reveals the following traits of Trotsky which will be
maintained and will even get worse in the rest of his life:
a)
Opportunism [12]. Trotsky was
"born" and remained Menshevik. At times he even sided with the right
wing of the Mensheviks: "economists", Bund and liquidators. In the
role of “conciliator” he also supported the Otzovists, which is no wonder since
they after all pursued the same objective -- to break the party, to put down
Lenin -- only distinguishing themselves from the liquidators for using “left” methods.
Trotsky's "conciliation" meant: whatever leads to the destruction of
Bolshevism and Lenin must be "united" and supported.
The
bourgeoisie soon realized that Trotsky played a useful role for them, as we saw
e.g. in the Osvobojdenie, newspaper
of the liberal-monarchist bourgeoisie, in 1905.
b)
The concealment of opportunism with
revolutionary verbiage filled with sonorous, bombastic phrases. The
Trotskyist "theory" of the "permanent revolution" played
that role in defending the adventurous leap of stages that allowed him to
vituperate against (and move away from) any concrete revolution: it had not
unfolded according to Trotsky's teachings.
c)
The lack of principles, by resorting to
lies and deceit. We have seen above several examples of this trait pointed
out by Lenin. One of the deceits was to engage on portraying himself higher
than he was -- Lenin: “when Trotsky tells the German comrades that he
represents the ‘general Party tendency’, I am obliged to declare that Trotsky
represents only his own faction ...' – and even presenting himself above the
party -- Lenin: "shamelessness in belittling the Party and exalting
himself before the Germans."
d)
Systematic violation of party discipline
and factionalism. We have also seen examples of this, moreover recognized
by Trotskyist historians ("he did not belong to any real party", he
was "a kind of freelancer"). This strikingly individualistic trait
meant that for Trotsky, as we shall see, the ideal party was he himself plus a small
group of obedient followers.
e)
The political intrigue, the conspiracy.
Examples:
-
The conspiracy against F. Dan in 1905 to gain influence in the Menshevik party;
-
The defamation of Lenin and the Bolsheviks conveyed to Kautsky (and others) to
turn the German Social Democrat Party against them (which he succeed in doing);
-
The “Vienna Club”, the organization of the CC plenum in 1910 with his hidden
allies -- Zinoviev, Kámenev and Rikov -- and the “funds” issue, all with the
aim of bringing down Lenin and the Bolsheviks from the party leadership .
(f)
Replacing the debate of ideas with the
debate of persons, using abusive characterization and even defamation when
the ideas and actions of the person concerned did not please Trotsky.
Everything Trotsky wrote about Lenin at the Second Congress in 1903 (“Robespierre”,
“system of Terror”, “reactionary attempt to consolidate sectarian methods of organization”,
etc.) are examples of this.
g)
The distortion of historical facts in
order to support his message. Lenin points this out in Trotsky's errors when
appreciating the 1905 revolution. Distortion was also used to enhance Trotsky's role.
h)
The dubious knowledge of Marxism.
This statement will be seen as shocking to many, especially to the Trotskyites.
But let us look at what Lenin said in 1910:
-- "Martov and Trotsky are
putting before the German comrades liberal views with a Marxist
coating";
-- "Trotsky groups all the
enemies of Marxism";
-- "Trotsky unites ... all who
are not concerned with the defence of Marxism";
-- “We must again explain the fundamentals of Marxism to these masses;
the defence of Marxist theory is again on the order of the day. When Trotsky
declares that the rapprochement between the pro-Party Mensheviks and the
Bolsheviks is ‘devoid of political content’ and ‘unstable,’ he is thereby
merely revealing the depths of his own ignorance, he is thereby demonstrating
his own complete emptiness.”
One
thing that is strikingly clear regarding Trotsky's poor mastery of Marxism is
that he systematically failed in something as fundamental to Marxism as
applying dialectics to concrete reality. His "theory" of the
"permanent revolution" is already an example of this. But we will see
other glaring examples later.
It
is ironic that the man who wrote In
Defense of Marxism was already characterized in 1910 by Lenin as bringing
together "all who are not concerned with the defence of Marxism."
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Apêndice – Estaline sobre a «teoria» da «revolução permanente»
No importantíssimo trabalho Os Fundamentos do Leninismo (Pravda,
April 26-May 18, 1924) [35] Estaline analisa na secção III-Teoria as várias
teses da teoria leninista da revolução proletária e a sua aplicação à Rússia,
nomeadamente as respectivas etapas revolucionárias. A este propósito cita
Lénine (A Revolução Proletária e o
Renegado Kautsky):
«As coisas passaram-se
exactamente como tínhamos dito. O curso da revolução confirmou a justeza do
nosso raciocínio. A princípio, juntamente
com “todo” o campesinato contra a monarquia, contra os latifundiários, contra o
medievalismo (e nesta medida a revolução continua a ser burguesa, democrática
burguesa). Depois, juntamente com o
campesinato pobre, juntamente com o semiproletariado, juntamente com todos os
explorados, contra o capitalismo, incluindo
os camponeses ricos, os kulaques, os especuladores, e nesta medida a revolução
torna-se socialista. Tentar erguer
uma muralha da China, artificial, entre uma e outra, separar uma da outra
doutro modo que não seja pelo grau de preparação do proletaridado e o grau da
sua união com os camponeses pobres, é a maior deturpação do marxismo, a sua
vulgarização, a sua substituição pelo liberalismo.»
Depois desta citação, Estaline prossegue:
«Muito bem, podem dizer-nos; mas se é assim, por que razão Lénine
combateu a ideia da "revolução permanente (ininterrupta)"?
«Porque Lénine propôs que as capacidades revolucionárias do
campesinato fossem "esgotadas", fosse feito o mais completo uso da
sua energia revolucionária para a completa liquidação do czarismo e para a
transição para a revolução proletária, enquanto os adeptos da "revolução
permanente" não compreendiam o papel importante do campesinato na
revolução russa, subestimavam a força da energia revolucionária do campesinato,
subestimavam a força e a capacidade do proletariado russo de liderar o
campesinato, dificultando, assim, a
tarefa de emancipar o campesinato da influência burguesa, a tarefa de reunir os
camponeses em torno do proletariado.
«Porque Lénine propôs que a revolução culminasse com a
transferência de poder para o proletariado, enquanto os adeptos da revolução
"permanente" queriam começar imediatamente com o estabelecimento do
poder do proletariado, não percebendo que ao fazê-lo estavam a fechar os olhos
a um "detalhe tão pequeno" como sobrevivências da servidão e estavam a
pôr de lado uma força tão importante quanto o campesinato russo, não
conseguindo entender que tal política só podia atrasar a conquista do
campesinato para o lado do proletariado.
«Por isso, Lénine lutou contra os adeptos da revolução
"permanente", não sobre a questão da ininterrupção, pois o próprio Lénine
manteve o ponto de vista da revolução ininterrupta, mas por subestimarem o
papel do campesinato, que é uma enorme reserva do proletariado, e não conseguirem
entender a ideia da hegemonia do proletariado.
«A ideia da revolução "permanente" não deve ser
considerada uma ideia nova. Foi Marx quem primeiro avançou a ideia no final dos
anos quarenta na sua conhecida Mensagem à
Liga Comunista (1850). [36] É deste documento que os nossos "permanentistas"
tiraram a ideia de revolução ininterrupta. Deve-se notar que, ao tirá-la de
Marx, os nossos "permanentistas" a alteraram um pouco e, alterando-a,
"a estragaram" tornando-a imprópria para uso prático. Era necessária a
mão experiente de Lénine para corrigir esse erro, para tomar a ideia de
revolução ininterrupta de Marx na sua forma pura e torná-la a pedra angular da
sua teoria da revolução.
«Eis o que Marx diz na sua Mensagem sobre a revolução (permanente) ininterrupta, depois de
enumerar uma série de exigências democrático-revolucionárias que pede aos
comunistas as tornem suas:
Ao passo que os democratas pequeno-burgueses querem pôr fim à revolução
o mais depressa possível, com a conquista, quando muito, das exigências atrás
referidas, é do nosso interesse e é nossa tarefa tornar permanente a revolução
até que todas as classes mais ou menos possidentes estejam afastadas da sua
posição dominante, até que o poder de Estado tenha sido conquistado pelo
proletariado, que a associação dos proletários, não só num país, mas em todos
os países dominantes do mundo inteiro, tenha avançado a tal ponto que tenha
cessado a concorrência dos proletários nesses países e que, pelo menos, estejam
concentradas nas mãos dos proletários as forças produtivas decisivas.
«Por outras palavras:
«a) Marx não propôs, de forma alguma, iniciar a revolução na
Alemanha nos anos cinquenta com o estabelecimento imediato do poder proletário
-- contrariamente aos planos dos nossos "permanentistas" russos.
«b) Marx propunha apenas que a revolução culminasse com o
estabelecimento do poder do Estado proletário, tirando, passo a passo, uma secção
da burguesia após outra das esferas do poder, tendo em vista, após a conquista
do poder pelo proletariado, acender o fogo da revolução em todos os países -- e
tudo o que Lénine ensinou e realizou no curso da nossa revolução, seguindo a
sua teoria da revolução proletária sob as condições do imperialismo, estava em
plena sintonia com essa proposição.
«Conclui-se, portanto, que os nossos
"permanentistas" russos não apenas subestimaram o papel do
campesinato na revolução russa e a importância da ideia de hegemonia do
proletariado, mas alteraram (para pior) a ideia de Marx de revolução
"permanente", tornando-a inadequada para aplicação à prática.
«É por isso que Lénine ridicularizou a teoria dos nossos
"permanentistas", chamando-a de "original" e "magnífica",
acusando-os de se recusarem a "pensar por que razão, durante dez anos
inteiros, a vida passou ao lado dessa magnífica teoria" [37]. (O artigo de
Lénine foi escrito em 1915, dez anos depois do aparecimento da teoria dos
"permanentistas" na Rússia. Ver Vol. XVIII, p. 317.)
«É por isso que Lénine considerava essa teoria como uma
teoria semi-menchevique e dizia que ela "toma de empréstimo dos
bolcheviques o apelo por uma luta revolucionária resoluta pela conquista do
poder político por parte do proletariado, e dos mencheviques o ‘repúdio’ do
papel do campesinato" (ver o artigo de Lénine Sobre as Duas Linhas da Revolução, ibid.)».
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Appendix –
Stalin on the “theory” of “permanent revolution
In
the much important work The Foundations
of Leninism (Pravda, April 26-May
18, 1924) [35] Stalin analyzes in Section III-Theory the various theses of the Leninist
theory of proletarian revolution and its application to
"Things have turned out just as
we said they would. The course taken by the revolution has confirmed the
correctness of our reasoning. First, with the “whole” of the peasants
against the monarchy, against the landowners, against medievalism (and to that
extent the revolution remains bourgeois, bourgeois-democratic). Then,
with the poor peasants, with the semi-proletarians, with all the exploited, against
capitalism, including the rural rich, the kulaks, the profiteers, and to
that extent the revolution becomes a socialist one. To attempt to
raise an artificial Chinese Wall between the first and second, to separate them
by anything else than the degree of preparedness of the proletariat
and the degree of its unity with the poor peasants, means to distort Marxism
dreadfully, to vulgarise it, to substitute liberalism in its place."
After
this quote, Stalin goes on like this:
“Very
well, we may be told; but if that is the case, why did Lenin combat the idea of
"permanent (uninterrupted) revolution’?
“Because
Lenin proposed that the revolutionary capacities of the peasantry be ‘exhausted’
and that the fullest use be made of their revolutionary energy for the complete
liquidation of tsarism and for the transition to the proletarian revolution,
whereas the adherents of ‘permanent revolution’ did not understand the
important role of the peasantry in the Russian revolution, underestimated the
strength of the revolutionary energy of the peasantry, underestimated the
strength and ability of the Russian proletariat to lead the peasantry and
thereby hampered the work of emancipating the peasantry from the influence of
the bourgeois, the work of rallying the peasantry around the proletariat.
“Because
Lenin proposed that the revolution be crowned with the transfer of power to the
proletariat, whereas the adherents of "permanent" revolution wanted
to begin at once with the establishment of the power of the proletariat,
failing to realise that in so doing they were closing their eyes to such a ‘minor
detail’ as the survivals of serfdom and were leaving out of account so
important a force as the Russian peasantry, failing to understand that such a
policy could only retard the winning of the peasantry over to the side of the
proletariat.
“Consequently,
Lenin fought the adherents of ‘permanent’ revolution, not over the question of
uninterruptedness, for Lenin himself maintained the point of view of
uninterrupted revolution, but because they underestimated the role of the
peasantry, which is an enormous reserve of the proletariat, because they failed
to understand the idea of the hegemony of the proletariat.
“The
idea of ‘permanent’ revolution should not be regarded as a new idea. It was
first advanced by Marx at the end of the forties in his well-known Address to the Communist League (1850) [36].
It is from this document that our ‘permanentists’ took the idea of
uninterrupted revolution. It should be noted that in taking it from Marx our ‘permanentists’
altered it somewhat, and in altering it ‘spoilt’ it and made it unfit for practical
use. The experienced hand of Lenin was needed to rectify this mistake, to take
Marx's idea of uninterrupted revolution in its pure form and make it a
cornerstone of his theory of revolution.
“Here
is what Marx says in his Address
about uninterrupted (permanent) revolution, after enumerating a number of
revolutionary-democratic demands which he calls upon the Communists to win:
While the
democratic petty bourgeois wish to bring the revolution to a conclusion as
quickly as possible, and with the achievement, at most, of the above demands,
it is our interest and our task to make the revolution permanent, until all
more or less possessing classes have been forced out of their position of
dominance, until the proletariat has conquered state power, and the association
of proletarians, not only in one country but in all the dominant countries of
the world, has advanced so far that competition among the proletarians of these
countries has ceased and that at least the decisive productive forces are concentrated
in the hands of the proletarians.
“In
other words:
“a)
Marx did not at all propose to begin the revolution in the
“b)
Marx proposed only that the revolution be crowned with the establishment of
proletarian state power, by hurling, step by step, one section of the
bourgeoisie after another from the heights of power, in order, after the
attainment of power by the proletariat, to kindle the fire of revolution in
every country - and everything that Lenin taught and carried out in the course
of our revolution in pursuit of his theory of the proletarian revolution under
the conditions of imperialism was fully in line with that proposition.
“It
follows, then, that our Russian ‘permanentists’ have not only underestimated
the role of the peasantry in the Russian revolution and the importance of the
idea of hegemony of the proletariat, but have altered (for the worse) Marx's
idea of ‘permanent’ revolution and made it unfit for practical use.
“That
is why Lenin ridiculed the theory of our ‘permanentists,’ calling it ‘original’
and ‘splendid,’ and accusing them of refusing to ‘think why, for ten whole years,
life has passed by this splendid theory.’ [37] (Lenin's article was written in
1915, ten years after the appearance of the theory of the ‘permanentists’ in
“That
is why Lenin regarded this theory as a semi-Menshevik theory and said that it ‘borrows
from the Bolsheviks their call for a resolute revolutionary struggle by the
proletariat and the conquest of political power by the latter, and from the
Mensheviks the 'repudiation' of the role of the peasantry’ (see Lenin's article
Two Lines of the Revolution, ibid.).”
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Notas | Notes
[12] Vimos no artigo anterior que os dirigentes oportunistas,
sejam de direita ou de «esquerda» e independentemente das suas afirmações,
mostram nos seus feitos estarem sempre prontos a seguir políticas dependentes
do entendimento com a burguesia com vista à «conciliação» (a favor da
burguesia, claro) dos interesses antagónicos do trabalho e do capital. Remetem
sempre o socialismo para as calendas gregas. Iludem os trabalhadores para se
manterem como «chefes» e para, alçando-se no poder com o apoio da burguesia,
gozarem das oportunidades que lhes
concede o capitalismo.
We
have seen in the previous
article that the opportunist leaders, be they right-wing or
"left"-wing and regardless of their statements, show in their deeds
that they are always ready to pursue policies dependent on understandings with
the bourgeoisie with a view to "conciliation" (in favour of the bourgeoisie,
of course) of the antagonistic interests of labour and capital. They always postpone
socialism to the Greek calends. They deceive the workers into maintaining
themselves as 'bosses' and, by rising to power with the support of the
bourgeoisie, to enjoy the opportunities
afforded to them by capitalism.
[13] O antigo conselho editorial do Iskra era constituído por Lénine, Plekanov, Martov, Axelrod,
Potresov, e Vera Zasulich. Os quatro últimos eram oportunistas. Vieram a
integrar o partido menchevique.
The
previous editorial board of Iskra was
composed of Lenin, Plekhanov, Martov, Axelrod, Potresov, e Vera Zasulich. The
last four were opportunists. They later became members of the Menshevik Party.
[14] Em 26 de Novembro de 1903, Plekanov agindo de moto próprio
e em violação da decisão do Congresso, co-optou todos os antigos membros
mencheviques da Redacção. A partir da edição n.º 52 o Iskra tornou-se o O.C. dos
mencheviques.
On
November 26, 1903, Plekhanov, acting on his own and in violation of the decision
of the Congress, co-opted all Menshevik ex-editors to the editorial board.
Beginning with issue No. 52, Iskra became the C.O. of the Mensheviks.
[15] V. I. Lenin, Carta
a Stasova, F.V. Lengnik e outros, 14 de Outubro de 1904. O texto foi traduzido a partir do original
em russo.
V.I.
Lenin, Letter to Stasova, F.V. Lengnik,
and Others, October 14, 1904. The text from MIA was revised according
to the original
in Russian.
[16] A corrente dita «economista» era a corrente mais à
direita do POSDR. Limitavam as
aspirações da classe operária a uma luta económica por salários mais altos e
melhores condições de trabalho, afirmando que a luta política era do foro da
burguesia liberal. Defendiam a espontaneidade do movimento da classe operária,
e eram contra a importância da luta revolucionária e da consciência de classe,
afirmando que a ideologia socialista poderia surgir espontaneamente. Em
consequência, negavam o papel de vanguarda de um partido da classe operária,
considerando que o partido deveria meramente observar o processo espontâneo do
movimento e registar os eventos. Lénine analisou detalhadamente as teses dos
«economistas» mostrando que de facto pregavam a instilação de valores burgueses
nos trabalhadores.
The
so-called “economist” faction was the far right trend of the RSDLP. The
"economists" limited the aspirations of the working class to an
economic struggle for higher wages and better working conditions, asserting
that political struggle was the business of the liberal bourgeoisie. They defended
the spontaneity in the working-class movement and were against the importance
of revolutionary struggle and class-consciousness, and instead asserted that
socialist ideology could arise spontaneously. They consequently denied the
vanguard role of a party of the working class, considering that the party
should merely observe the spontaneous process of the movement and register
events. Lenin analysed in detail the theses of the “economists”, showing that they
were in fact preaching the instillation of bourgeois values in the workers.
[17] Ver, em especial: V.I. Lénine, Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo (Cap. V), Abril-Maio de
1920:
«Já a simples colocação da questão -- "ditadura do partido
ou ditadura da classe? ditadura
(partido) dos chefes ou ditadura
(partido) das massas?" -- demonstra a mais incrível e desesperada confusão
de idéias. ...»
See
especially: V.I. Lenin, “Left-Wing”
Communism: an Infantile Disorder (Ch. V), April–May 1920:
“The
mere presentation of the question – ‘dictatorship of the
party or dictatorship of the class; dictatorship (party) of the
leaders, or dictatorship (party) of the masses?’ -- testifies to most
incredibly and hopelessly muddled thinking. ...”
[18] Ver | See: Moissaye J. Olgin, Trotskyism Counter-Revolution in Disguise,
Workers Library Publishers, NY, 1935 (MIA):
«O soviete dessa altura, segundo Lénine, era uma “ampla
união combatente de socialistas e democratas revolucionários -- sem forma
definida”. O primeiro presidente do Soviete, Tchrustalev-Nosar, nem sequer era
socialista.»
“The
Soviet of that time, according to Lenin, was a ‘broad fighting union of
Socialists and revolutionary democrats -- lacking definite form’. The first
chairman of the Soviet, Chrustalev-Nosar, was not even a Socialist.”
[19] Isaac Deutscher,
Stalin, A Political Biography, Penguin Books, 1990.
[20] M. N. Pokrovsky, Brief History of Russia, Vol. II, p. 320, 1920 (citado por | quoted by Mossaye Olgin, op. cit.) O livro de Pokrovsky foi bastante apreciado por Lénine | The book written by Pokrovsky was much acclaimed by Lenin.
[21] Peter Struve, social-democrata russo, foi um defensor
do «marxismo legal»; juntou-se ao partido Cadete, de direita, em 1905 e
tornou-se mais tarde monarquista. Lénine chamou ao struvismo uma distorção
burguesa-liberal do marxismo.
Peter
Struve, Russian Social-Democrat, was an advocate of "legal Marxism"; he
joined the right-wing Cadet Party in 1905 and became later a monarchist. Lenin characterized
Struvism as a liberal-bourgeois distortion of Marxism.
[22] Alexander Parvus (I. Helphand, Bielorrusso, 1869-1924),
membro do Partido Social-Democrata da Alemanha, desenvolveu o conceito de
"revolução permanente" com base no trabalho de Karl Marx. Comunicou
essa ideia a Trótski, que a expandiu. Regressado à Rússia, aderiu aos
mencheviques após o II Congresso do POSDR e apoiou o novo Iskra. Esteve na Rússia no período da primeira revolução de
1905-1907, onde trabalhou no jornal menchevique Natchalo. Aventureiro político de moral duvidosa, regressou à
Alemanha onde se tornou líder de uma corrente pró-guerra (1.ª GM) da social-democracia
alemã, tendo colaborado com os serviços secretos militares da Alemanha.
Alexander
Parvus (I. Helphand, a Byelorussian, 1869-1924), member of the German
Social-Democrat Party, developed the concept of the “permanent revolution"
based on work by Karl Marx. He conveyed that idea to Trotsky, who elaborated on
it. Having gone back to Russia ,
Parvus adhered to the Mensheviks after the Second Congress of the RSDLP and supported
the new Iskra. He was in Russia
in the period of the first revolution, 1905-1907, where he worked in the
Menshevik newspaper Nachalo. A
political adventurer of shady morals, Parvus went back to Germany where he became leader of a
pro-war (WWI) current of the German social-democracy, and collaborated with the
German army secret services.
[23] Usámos
a versão que corresponde ao manuscrito de Lénine, devidamente confrontada com o
original em russo | We use the version that corresponds to Lenin's manuscript,
duly confronted with the original in Russian.
[24] O autor trotskista Matthew (Trotsky and permanent revolution,
5 October, 2011) reconhece a co-autoria de
Parvus e, indirectamente, a influência de Lassale em Trotski.
The
Trotskyite author Matthew (Trotsky
and permanent revolution, 5 October, 2011) acknowledges the
co-authorship of Parvus and, indirectly, Lassale's influence on Trotsky.
[25] Lénine, Cartas
sobre a Táctica, 26 de Abril de 1917 | Lenin, Letters on Tactics, April 26, 1917
[26] Lénine em A Reorganização
do Partido, Novembro de 1905, já mencionva a pressão dos trabalhadores para
unificar o partido e defendia um congresso com esse fim.
Lenin
in The Reorganisation of the Party,
November 1905, already mentioned the pressure of the workers to unify the party
and advocated a congress for that purpose.
[27] No congresso, que se reuniu em Estocolmo, havia
aproximadamente 62 mencheviques e 46 bolcheviques. Foi eleito um Comité Central
de três bolcheviques e sete mencheviques e um conselho editorial menchevique do
órgão central. Contudo, o congresso adoptou algumas propostas bolcheviques,
como aplicar de forma ampla princípios
de eleição, o centralismo
democrático, e a formulação de Lénine do famoso §1.
In
the congress, gathered at Stockholm ,
were approximately 62 Mensheviks and 46 Bolsheviks. The congress elected a
Central Committee of three Bolsheviks and seven Mensheviks, and a Menshevik
editorial board of the Central Organ. However, the congress adopted some
Bolshevik proposals, such as broadly applying elective principles, democratic
centralism, and Lenin's formulation of the famous §1.
[29] Citado em Harpal Brar, Trotskyism or Leninism?, London, 1993. O artigo «foi a revisão, nos
n.ºs do Spartacist 45 e 46, Inverno
1990-91, edição em inglês, por um membro da ICL, Daniel Dauget, de uma
biografia de Leon Trotski publicada em 1988 por Pierre Broué”.
Quoted
in Trotskyism or Leninism? By Harpal
Brar, London ,
1993. The article “was the revision, in Spartacist
Nos. 45 and 46, Winter 1990-91, English edition, by an ICL member, Daniel
Dauget, of a biography of Leon Trotsky published in 1988 by Pierre Broué”.
[30] O Congresso contou com 336 delegados com direito a voto
e com voz consultiva; destes, 105 eram bolcheviques, 97 eram mencheviques, 57
eram membros do Bund, 44 eram social-democratas polacos, 29 eram
social-democratas da Letónia e 4 eram "não-faccionistas". Os
bolcheviques eram apoiados pelos polacos e letões e tinham uma maioria estável
no Congresso. As resoluções bolcheviques foram adoptadas em todas as questões
de princípio. O Comité Central eleito pelo Congresso consistia em 5
bolcheviques, 4 mencheviques, 1 letão e 2 social-democratas polacos.
The
Congress was attended by 336 delegates with a vote and with consultative voice;
of these 105 were Bolsheviks, 97 were Mensheviks, 57 were Bund members, 44 were
Polish Social-Democrats, 29 were Latvian Social-Democrats and 4 were
“non-factional”. The Bolsheviks were supported by the Poles and Latvians and
had a stable majority at the Congress. Bolshevik resolutions were adopted on
all questions of principle. The Central Committee elected by the Congress consisted
of 5 Bolsheviks, 4 Mensheviks, 1 Latvian and 2 Polish Social-Democrats.
[31] União Geral dos Trabalhadores Judeus na Lituânia, Polónia
e Rússia que se filiou no POSDR (1898-1903) e a partir de 1906 aderiu aos
mencheviques. Tomava posições
nacionalistas.
General
Union of Jewish Workers in Lithuania ,
Poland , and Russia ,
affiliated to RSDLP (1898-1903) and from 1906 sided with Mensheviks. It took nationalist positions.
[32] Não encontrámos esta carta na versão inglesa do MIA. Mas
existe na versão em espanhol. As
nossas traduções foram baseadas no original em russo.
We
did not find this letter in the English version of MIA. But it exists in the
Spanish version. Our translations were based on
the original in Russian.
[33] Inokenti, pseudónimo de I.F. Dubrovinsky, foi um dos
editores do jornal bolchevique Proletari
dirigido por Lénine que funcionou na prática como OC dos bolcheviques de 3 de Setembro de 1906 até 11 de Dezembro de
1909.
[34] Die Neue Zeit
(Tempos Novos): revista teórica do Partido Social-Democrata Alemão. Die Neue Zeit (New Times): theoretical journal of
the German Social-Democrat Party.
[35] Neste trabalho Estaline faz a correcta e sintética
definição do leninismo: «O leninismo é o marxismo da era do imperialismo e da
revolução proletária. Para ser mais exacto, o leninismo é a teoria e a táctica
da revolução proletária em geral, a teoria e a táctica da ditadura do
proletariado em particular.»
In
this work Stalin formulates the correct and synthetic definition of Leninism: “Leninism
is Marxism of the era of imperialism and the proletarian revolution. To be more
exact, Leninism is the theory and tactics of the proletarian revolution in
general, the theory and tactics of the dictatorship of the proletariat in
particular.”
Karl
Marx/Friedrich Engels, Address of the
Central Committee to the Communist League. March 1850.
[37] Lénine em Sobre
as Duas Linhas da Revolução, 20 de Novembro de 1915:
«Quanto a Trotsky, este propõe uma solução errónea em Nashe Slovo, repetindo a sua teoria
"original" de 1905 e recusando-se a reflectir sobre as causas pelas
quais, durante dez anos, a vida passou ao lado dessa magnífica teoria.»
Lenin
in On the Two Lines in the Revolution,
November 20, 1915:
“This
task is being wrongly tackled in Nashe
Slovo by Trotsky, who is repeating his ‘original’ 1905 theory and
refuses to give some thought to the reason why, in the course of ten years,
life has been bypassing this splendid theory.”