quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Sobre Trotski – II | On Trotsky - II

Vimos no artigo anterior como Trotski no II Congresso do POSDR em 1903 alinhou com a ala oportunista [12], menchevique. Logo após o Congresso Trotski escreveu um relatório para o seu grupo: Relatório da Delegação Siberiana, onde não poupa as palavras contra Lénine e os bolcheviques:

«No Segundo Congresso ... esse homem [Lénine], com toda a energia e todo o talento típico dele, actuou como desorganizador. ... Atrás de Lénine, durante o segundo período de trabalhos do congresso, havia uma nova maioria compacta de Iskra-istas duros, opostos aos Iskra-istas suaves. Nós, como delegados da União Siberiana, estávamos entre os suaves.»

Insinuando que os bolcheviques faziam do «centralismo» uma abstracção desligada das tarefas do partido, Trotski não se coibe de recorrer à mentira dizendo que o “centralismo” de Lénine era formal e que os seus defensores eram ex-«economistas» (a tendência mais à  direita do POSDR [11,16]):

«É por isso que ... o “centralismo” uni-linear [noutro local chama-lhe “burocrático”], isto é, o centralismo puramente formal proposto por Lénine, encontrou os seus mais calorosos defensores em certos ex-economistas. Foram eles que se tornaram os mais duros Iskra-istas.»

Trotski prossegue com uma série de tiradas disparatadas que apenas servem para mostrar como detestava Lénine. Alguns exemplos:

«O "estado de sítio" em que Lénine insistiu com tanta energia requer "plenos poderes". A prática da desconfiança organizada exige mão de ferro. O sistema do Terror é coroado por um Robespierre. O camarada Lénine analisou na sua mente os membros do Partido e chegou à conclusão de que essa mão de ferro só podia ser ele. ...
Lénine transformou o modesto Conselho [do Partido] num todo poderoso Comité de Salvação Pública, para assumir o papel de Incorruptível. Tudo o que estava no seu caminho teve de ser removido. A perspectiva da destruição da Montanha Iskra-ista não impediu o camarada Lénine. Foi simplesmente uma questão de estabelecer, por intermédio do Conselho, e sem resistência, uma “República da Virtude e do Terror”.»
We saw in the previous article how Trotsky at the II Congress of the RSDLP in 1903 sided with the opportunist [12], Menshevik wing. Shortly after the Congress, Trotsky wrote a report to his group: Report of the Siberian Delegation, where he doesn’t mince words against Lenin and the Bolsheviks:

“At the Second Congress … this man [Lenin], with all the energy and all the talent typical of him, acted as disorganizer. ... Behind Lenin, during the second period of the congress’ work, there was a new compact majority of hard Iskra-ists, opposed to the soft Iskra-ists. We as delegates of the Siberian Union, were among the soft ones.”

Insinuating that for the Bolsheviks "centralism" was an abstraction detached from the party's tasks, Trotsky does not shy of resorting to lies, saying that Lenin's "centralism" was a formality and that its defenders were the former “economists” (the most rightist trend of the RSDLP [11, 16]):

“This is why … uni-linear ‘centralism’ [he calls it ‘bureaucratic’ in another place], that is the purely formal centralism put forward by Lenin, found its warmest supporters in certain ex-Economists. They were the ones who turned out to be the hardest Iskra-ists.”

Trotsky goes on with a series of nonsensical tirades that only serve to portray how he loathed Lenin. A few examples:

“The ‘state of siege’ on which Lenin insisted with such energy, requires ‘full powers’. The practice of organized distrust demands an iron hand. The system of Terror is crowned by a Robespierre. Comrade Lenin reviewed the members of the Party in his mind, and reached the conclusion that this iron hand could only be himself. …
Lenin transformed the modest [Party] Council into an all powerful Committee of Public Salvation, in order to take on himself the role of the Incorruptible. Everything which was in his way had to be swept aside. The perspective of the destruction of the Iskra-ist Montagne did not stop Comrade Lenin. It was simply a question of establishing, through the intermediary of the Council, and without resistance, a ‘Republic of Virtue and Terror’.”

1904 – Trotski e o novo «Iskra»

Após o II Congresso, os mencheviques, que queriam apoderar-se da direcção do partido, criaram a sua própria organização. Realizaram em Genebra uma conferência fraccionista (Setembro de 1903) de 17 mencheviques, encabeçados por Mártov. Trotski e Mártov redigiram a resolução da conferência com um plano de luta contra os bolcheviques e os órgãos eleitos pelo congresso. Em Outubro Mártov recusou-se a obedecer à decisão do congresso sobre a composição do conselho editorial do Iskra: Lénine, Plekanov e Mártov. Quis, com Trotski, manter a anterior Redacção de maioria oportunista [13]. No final de Outubro, Plekanov (elemento vacilante) passou para os oportunistas. O novo Iskra com a ajuda de Plekanov passou a ser o órgão central (O.C.) dos oportunistas [14] e não do POSDR. Lénine, não concordando com a violação de uma decisão do Congresso, resignou do cargo no conselho editorial. Explicou a sua decisão numa carta aos membros do partido: Porque renunciei à Redacção do Iskra. O novo Iskra recusou-se a publicar a carta de Lénine (saiu depois em panfleto). Trotski, porém, encontrou bom acolhimento no novo Iskra, publicando um panfleto, As Nossas Tarefas Políticas, que Lénine comentou assim (os ênfases a negrito são sempre nossas) [15]:

«Saiu recentemente, como tinha sido anunciado, um novo panfleto de Trotski a cargo do conselho editorial do Iskra. Isso torna-o, digamos assim, o "Credo" do novo Iskra. O panfleto é uma pilha de mentiras descaradas, uma distorção dos factos. E isso é feito a cargo do conselho editorial do OC. O trabalho do grupo Iskra é difamado em todos os sentidos, os economistas [16], alegadamente, fizeram muito mais, o grupo Iskra não demonstrou nenhuma iniciativa, não pensou no proletariado, estava mais preocupado com a intelectualidade burguesa, introduziu uma burocracia mortal por todo o lado -- o trabalho do grupo reduziu-se a pôr em prática o programa do famoso "Credo". O Segundo Congresso foi, nas palavras dele, uma tentativa reaccionária de consolidar métodos sectários de organização, etc. ...»

Nesse panfleto Trotski também ataca Lénine  quanto aos princípios de organização do partido, argumentando que conduziria ao estabelecimento da ditadura de um indivíduo contra a classe operária:

«Na política interna do partido estes métodos levam … a que a organização do partido “substitua” o partido, o Comité Central substitua à organização do partido, e por fim o ditador substitua o Comité Central.»

Lénine refutou estes argumentos noutros trabalhos [17]. Note-se que Trotski usou exactamente os mesmos argumentos quando mais tarde atacou Estáline.
1904 – Trotsky and the new “Iskra

After the Second Congress, the Mensheviks, who had in mind to seize the leadership of the party, created their own organization. They held a fractional conference in Geneva (September 1903) of 17 Mensheviks headed by Martov. Trotsky and Martov drafted the resolution of the conference with a plan of struggle against the Bolsheviks and the organs elected by the congress. In October Martov refused to obey the congressional decision on the composition of the Iskra editorial board: Lenin, Plekhanov and Martov. He (with Trotsky) wanted to keep the previous editorship of opportunist majority [13]. At the end of October, Plekhanov (a vacillating element) sided with the opportunists. The new Iskra with the help of Plekhanov became the central organ (C.O.) of the opportunists [14], and not of the RSDLP. Lenin, disagreeing with the violation of a congressional decision, resigned from his post in the editorial board. He explained his decision in a letter to the members of the party: Why I Resigned from the Iskra Editorial Board. The new Iskra refused to publish Lenin's letter (came out later as a pamphlet). Trotsky, however, found a warm welcome in the new Iskra, where he published a pamphlet, Our Political Tasks, which Lenin commented this way (emphasis in bold are always ours) [15]:
  
A new pamphlet by Trotsky came out recently, under the editorship of Iskra, as was announced. This makes it the “Credo” as it were of the new Iskra. The pamphlet is a pack of brazen lies, a distortion of the facts. And this is done under the editorship of the C.O. The work of the Iskra group is vilified in every way, the Economists [16], it is alleged, did far more, the Iskra group displayed no initiative, they gave no thought to the proletariat, were more concerned with the bourgeois intelligentsia, introduced a deadly bureaucracy everywhere -- their work was reduced to carrying out the programme of the famous “Credo”. The Second Congress was, in his words, a reactionary attempt to consolidate sectarian methods of organisation, etc. …”

In the pamphlet Trotsky also attacked Lenin’s principles of Party organisation, claiming it would lead to the establishment of dictatorship of an individual over the working class:

“In the internal politics of the Party these methods lead … to the Party organisation ‘substituting’ itself for the Party, the Central Committee substituting itself for the Party organisation, and finally the dictator substituting himself for the Central Committee.”

Lenin refuted in other works [17] these allegations. Notice that Trotsky used exactly the same arguments when he later attacked Stalin.

1905 – Fora da revolução  real nasce a «revolução permanente» parvuista-trotskista

1905 é o ano da 1.ª revolução russa que se inicia com o fuzilamento por tropas czaristas de uma manifestação pacífica (9 de Janeiro), encabeçada pelo padre Gapon.

Os autores trotskistas fazem de Trotski o herói da revolução de 1905. Apresentam-no falsamente como o criador e primeiro presidente do primeiro soviete de trabalhadores em S. Petersburgo. O próprio Trotski contribuiu para essa lenda. De facto, foram os trabalhadores de comum acordo que formaram o soviete (conselho ou assembleia de trabalhadores) e elegeram como presidente o trabalhador Tchrustalev-Nosar [18]. Só quando Tchrustalev-Nosar foi preso o menchevique Trotski se tornou presidente.

Outros aspectos da lenda:

-- Escreve o proeminente trotskista Isaac Deutscher [19]: «O soviete [presidido por Trotski] apelou ao país para deixar de pagar impostos ao Czar». Este apelo, que Deutscher chama de grande «heroísmo revolucionário» também foi feito pelo partido Cadete da grande burguesia no seu Manifesto de Viborg (bairro operário de S. Petersburgo). Deutscher «esquece-se» de dizer isto.

-- Deutscher e outros trotskistas também não dizem que enquanto Trotski perorova teatralmente no soviete foram os bolcheviques que encabeçaram nas ruas as lutas verdadeiramente revolucionárias: a greve política e combates de rua de 1905, a insurreição de Moscovo, etc., etc., que deitaram abaixo a I Duma reaccionária e fizeram recuar a autocracia levando-a a conceder uma II Duma com algumas concessões à participação de forças do povo.

-- Deutscher e outros trotskistas também se «esquecem» de dizer que, enquanto os trabalhadores lutavam e morrian, Trotski com os mencheviques se opuseram ferozmente aos bolcheviques e condenaram todas essas lutas. Trotski andava mais preocupado com a sua «teoria» da «revolução permanente» de que falaremos abaixo. Sobre isto escreve Lénine em Sobre as Tácticas do Oportunismo, 8 de Março de  1907: «O desenvolvimento da revolução trouxe a vitória completa do bolchevismo, e nos dias de Outubro e Novembro [greve política e combates de rua que deitaram abaixo a I Duma] só as exuberâncias de Trotski distinguiram os mencheviques». Diz também o historiador M. N. Pokrovsky que Trotski era «um genuíno e completo menchevique que não tinha qualquer desejo de uma insurreição armada e era totalmente averso a levar a revolução até ao fim, isto é, até ao derrube do czarismo». [20]

-- Deutscher mente descaradamente quando, contra todos os factos, afirma que na revolução de 1905 Trotski foi o único «líder» e que «No “ensaio geral” todos os principais actores, excepto Trotski ... falharam durante os actos mais importantes».

Entretanto, em Duas Tácticas (14 de Fevereiro) Lénine de novo denuncia o reformismo dos mencheviques do novo Iskra que agora alinham com os «economistas» [16]; ambos se opõem a organizar os trabalhadores na luta revolucionária que se travava. Num artigo de 15 de Fevereiro, Breve Esboço da Cisão no POSDR, Lénine menciona:

«A linha do Iskra desviou-se tanto para o velho Rabocheye Dyelo-ismo [jornal dos economistas] ... que até mesmo Trotski, um membro proeminente da minoria, autor do panfleto programático As Nossas Tarefas Políticas, que apareceu a cargo da Redacção do novo "Iskra", afirmou literalmente: "Há um abismo entre o velho 'Iskra' e o novo 'Iskra'"

O citado panfleto de Trotski, As Nossas Tarefas Políticas – que Trótski dedicou ao líder dos mencheviques: «Ao meu caro mestre Pavel Borisovich Axelrod» [3] -- já tinha, aliás, merecido os elogios do liberal Peter Struve [21] conforme assinala Lénine em Osvobojdenie-istas e Novo-Iskra-istas, Monarquistas e Girondinos (8 de Março):

«Tinha ou não razão o Sr. Struve ao argumentar que o panfleto de Trotsky, As Nossas Tarefas Políticas, publicado sob redação do “Iskra” ... “está perfeitamente certo ao defender certas ideias com as quais os leitores da literatura social-democrata estão familiarizados a partir das obras dos senhores Akimov, Martynov, Krichevsky e outros chamados economistas?” (Osvobojdenie, [jornal da burguesia liberal-monarquista] n.º 57 )?»

Dmitriev e Ivanov ([3]) acrescentam: «Os elogios com que o premiaram os líderes mencheviques e da burguesia subiram à cabeça de Trotski. Perdeu de tal forma o sentido das proporções que até começou a conspirar contra Dan [líder menchevique no estrangeiro] com o propósito de ganhar influência no partido menchevique. Em defesa de F. Dan, um dos líderes do menchevismo, Potresov, escreveu que Trotski mudava facilmente de opinião, dependendo das circunstâncias, de que lutava evitando o debate aberto, trapaceava e fugia. Em Setembro de 1904, Trotski anunciou que não pertencia a nenhuma facção. Na verdade, nunca rompeu com o menchevismo, nem na ideologia nem na táctica.»

Trotski usou o emblema de «não-faccionalismo» durante o resto da sua vida política; servia-lhe de bandeira política à sombra da qual desejava formar a sua própria facção destinada a criar um partido anti-leninista. Em 1905 continuou alinhado com os mencheviques, mas usando o palavreado «revolucionário» que aprendera com Parvus [22], o seu mentor da «teoria» da «revolução permanente», que os trotskistas consideram uma magna contribuição para o marxismo. Diz assim Lénine em A Social-Democracia e o Governo Provisório Revolucionário (5-12 de Abril) [23]:

«Depois de se libertar do pesadelo da sapientíssima teoria de Axelrod ... da organização como processo, Parvus soube finalmente avançar, em vez de andar para trás como um caranguejo. ... Defendeu abertamente (infelizmente, junto com o saco de vento Trotski num prefácio do panfleto bombástico deste último, Até ao 9 de Janeiro [cuja introdução foi escrita por Parvus]) a ideia de ditadura democrática revolucionária, a ideia de que era dever da social-democracia participar no governo provisório revolucionário após o derrube da autocracia.»
  
Mencionámos acima a «teoria» da «revolução permanente». Os trotskistas consideram-na criação de Trotski em 1905. Foi, porém, uma co-criação Parvus-Trotski (ambos estavam em S. Petersburgo nessa altura e eram amigos) [24] que serviu a Trotski para esconder o seu menchevismo-economismo sob capa ultra-revolucionária.
  
A «teoria» (é de facto uma ideia e não uma teoria) opunha-se à concepção leninista – que provou ser correcta na Revolução de Outubro – da necessidade, imposta pela realidade concreta da Rússia, de uma etapa revolucionária conduzida pelo proletariado em aliança com e liderando o campesinato pobre (e outros grupos sociais). Lénine analisa este tema em vários trabalhos. A «teoria» de Parvus-Trotski, pelo contrário, advogava o estabelecimento imediato de um governo proletário. Em 1905 Parvus-Trotski lançaram a palavra de ordem antibolchevique «nenhum Czar, mas sim um governo operário» defendendo uma revolução sem o campesinato [25].
No trabalho supracitado (A Social-Democracia...) Lénine desmonta a tese de Parvus-Trotski ao continuar o trecho assinalado desta forma:
  
«São igualmente incorrectas ... as afirmações de Parvus de que “o governo provisório revolucionário na Rússia será o governo da democracia operária”, de que “se a social-democracia estiver à cabeça do movimento revolucionário do proletariado russo, esse governo será social-democrata”, de que o governo provisório social-democrata “será um governo integral com uma maioria social-democrata”. Isto é impossível se se falar não de episódios casuais, efémeros, mas de uma ditadura revolucionária minimamente durável e capaz de deixar uma marca na história. Isto é impossível, porque só pode ser minimamente sólida (é claro que não absolutamente mas relativamente) uma ditadura revolucionária que se apoie na imensa maioria do povo. Mas o proletariado russo constitui actualmente uma minoria da população da Rússia. Só se pode tornar a imensa, a esmagadora maioria se se unir à massa dos semiproletários, dos semiproprietários, isto é, à massa dos pequeno-burgueses da cidade e dos pobres do campo. Esta composição da base social de uma ditadura democrática revolucionária possível e desejável reflecte-se, naturalmente, na composição do governo revolucionário ... Seria extremamente prejudicial ter a este respeito quaisquer ilusões. Se aquele saco de vento Trotsky escreve agora (infelizmente, ao lado de Parvus) que “um padre Gapon só poderia aparecer uma vez”, que “não há lugar para um segundo Gapon”, fá-lo simplesmente porque é um saco de vento. Se na Rússia não houvesse lugar para um segundo Gapon, não haveria também lugar para uma revolução democrática realmente «grande», que vá até ao fim».
  
Finalmente, eis como Lénine caracteriza o comportamento político de Trotski até 1905 num artigo publicado em Maio de 1914 (Ruptura da Unidade Encoberta por Clamores pela Unidade):
  
«Trótski foi um fervoroso iskrista em 1901-03, e Ryazanov descreveu o seu papel no Congresso de 1903 como “o cacete de Lénine”. No final de 1903, Trótski era um fervoroso menchevique, i. e., desertou dos iskristas para os economistas. Disse que “entre o velho e o novo Iskra há um abismo”. Em 1904-05, abandonou os mencheviques e ocupou uma posição vacilante, ora cooperando com Martynov (o economista), ora proclamando a sua teoria absurdamente esquerdista da "revolução permanente"».
   
Vários autores analisaram a «teoria»  da «revolução permanente», incluindo naturalmente autores trotskistas. De todas que lemos, a melhor, mais factual e sintética -- que não é negada pelas descrições trotskistas, excepto na demonstração das falhas e da oposição leninista a tal «teoria» que os trotskistas escondem ou rejeitam -- deve-se a Estáline na sua série de artigos Os Fundamentos do Leninismo. Apresentamo-la em Apêndice no final do presente artigo. O  leitor encontra em Os Fundamentos do Leninismo a citação de mais um trabalho de Lénine que severamente desmente a «teoria» trotskista, a qual, como outras construções de Trotski, se baseia numa leitura apressada de Marx.
1905 – Away of the real revolution the Parvuist-Trotskist “permanent revolution” is born

1905 is the year of the first Russian revolution, which begins with the shooting by Tsarist troops of a peaceful demonstration headed by the priest Gapon (January 9).

Trotskyist authors present Trotsky as the hero of the 1905 revolution. They falsely present him as the creator and first chairman of the first workers' Soviet in St. Petersburg. Trotsky himself contributed to this legend. In truth, it were the workers who by common understanding formed the Soviet (workers' council or assembly) and elected as their chairman the worker Chrustalev-Nosar [18]. Only when Chrustalev-Nosar was arrested did the Menshevik Trotsky become chairman.

Other aspects of the legend:

-- The prominent Trotskyist Isaac Deutscher wrote [19]: “The Soviet [chaired by Trotsky] called on the country to stop paying taxes to the Tsar.” This appeal, which Deutscher calls great “revolutionary heroism” was also made by the Cadet party of the big bourgeoisie in their Viborg Manifesto (Viborg was a working-class neighbourhood of St. Petersburg) Deutscher "forgets" to say this.

-- Deutscher and other Trotskyists do not say either that while Trotsky theatrically perorated in the Soviet it was the Bolsheviks who led on the streets the truly revolutionary struggles: the political strike and street fighting of 1905, the Moscow uprising, and so on and so forth, which have brought down the reactionary I Duma and compelled the autocracy to step back and having to grant a II Duma with some concessions to the participation of popular forces.

-- Deutscher and other Trotskyists also “forget” to say that, in the time the workers were struggling and dying, Trotsky with the Mensheviks fiercely opposed the Bolsheviks and condemned all those struggles. Trotsky was more concerned with his “theory” of "permanent revolution" which we shall talk about below. Lenin writes about this in On the Tactics of Opportunism, 8 March 1907: “The development of the revolution brought complete victory for Bolshevism; and in the October and November days [political strike and street fights which brought down the I Duma] only Trotsky’s exuberances distinguished the Mensheviks.” The historian M. N. Pokrovsky also says that Trotsky was "a genuine, full-blown Menshevik who had no desire whatever for armed insurrection and was altogether averse to bringing the revolution to its completion, i.e., to the overthrow of Tsarism." [20]
  
-- Deutscher lies shamelessly when, against all facts, he claims that in the 1905 revolution Trotsky was the only “leader” and that "At the 'general rehearsal' the chief actors, apart from Trotsky … failed during the most important acts."

Meanwhile, In Two Tactics (February 14) Lenin again exposes the reformism of the Mensheviks of the new Iskra, who now side with the "economists" [16]; they both oppose organizing the workers for the ensuing revolutionary struggle. In an article of February 15, A Brief Outline of the Split in the R.S.D.L.P., Lenin mentions:

“The Iskra line veered so sharply towards the old Rabocheye Dyelo-ism [Economists’ newspaper] … that even Trotsky, a prominent member of the Minority, author of the programmatic pamphlet Our Political Tasks, which appeared under the editorship of the new “Iskra”, stated literally: ‘There is a gulf between the old ‘Iskra’ and the new ‘Iskra’ ’.”

The cited pamphlet by Trotsky, Our Political Tasks -- which Trotsky dedicated to the leader of the Mensheviks: "To my dear teacher Pavel Borisovich Axelrod" [3] -- had already, in fact, been anointed with the praises of the liberal Peter Struve [21] as noted by Lenin in Osvobozhdeniye-ists and New-Iskrists, Monarchists and Girondists (March 8):

“Was Mr. Struve right or wrong in contending that Trotsky’s pamphlet Our Political Tasks, published under the editorship of “Iskra” … “is perfectly right in defending certain ideas with which readers of Social-Democratic literature have been familiar from the writings of Messrs. Akimov, Martynov, Krichevsky, and other so-called Economists” (Osvobozhdeniye [newspaper of the liberal-monarchist bourgeoisie], No. 57)?”

Dmitriev and Ivanov ([3]) write in addition: “The praises lavished on Trotsky by the Menshevik leaders and the bourgeoisie went to his head. His sense of proportion was so obviously lacking that he even began to conspire against Dan [émigré Menshevik leader] for the purpose of winning influence in the Menshevik party. In defence of F. Dan one of the leaders of Menshevism, Potresov, wrote that Trotsky easily changed his views, depending on circumstance, that he fought shy of open debate, and was a cunning dodger. In September, 1904, Trotsky announced that he belonged to no faction. In actual fact, he had never broken with Menshevism, either ideologically or tactically.”

Trotsky wore the badge of "non-factionalism" throughout his subsequent political life; he used it as political banner in the shadow of which he wanted to set up his own faction aimed at setting up an anti-Leninist party. In 1905 he stood hand in hand with the Mensheviks, but resorting to the “revolutionary” verbiage he had learned from Parvus [22], his mentor on the “theory” of “permanent revolution” that the Trotskyites consider a major contribution to Marxism. Lenin wrote as follows in Social-Democracy and the Provisional Revolutionary Government (April 5-12) [23]:

“… having freed himself from the nightmare of the profound organisation-as-process theory advanced by Axelrod … Parvus managed at last to go forward, instead of moving backward like a crab… He openly advocated (unfortunately, together with the windbag Trotsky in a foreword to the latter’s bombastic pamphlet Before the Ninth of January [with an introduction written by Parvus]) the idea of the revolutionary-democratic dictatorship, the idea that it was the duty of Social-Democrats to take part in the provisional revolutionary government after the overthrow of the autocracy."

We mentioned above the “theory” of “permanent revolution”. It is considered by the Trotskyites as a creation of Trotsky in 1905. It was, however, a Parvus-Trotsky co-creation (both were in St. Petersburg at the time and were friends) [24]; the “theory” was used by Trotsky to hide his Menshevism-Economism under an ultra-revolutionary cloak.

The “theory” (it’s indeed an idea and not a theory) was opposed to the Leninist conception – which proved to be correct in the October Revolution – of the need,  imposed by the concrete reality of Russia, of a revolutionary stage conducted by the proletariat in alliance and with leadership of the poor peasantry (and other social groups). In opposition to that the “theory” of Parvus-Trotsky claimed the immediate setting-up of a proletarian government. In 1905 Parvus-Trotsky put up the slogan “No Tsar, but a workers’ government, defending a revolution without the peasantry [25].

In the aforementioned work (Social-Democracy...) Lenin denounces the Parvus-Trotsky thesis in continuance of the quoted text as follows:

Equally incorrect … are Parvus’ statements that “the revolutionary provisional government in Russia will be a government of working-class democracy”, that “if the Social-Democrats are at the head of the revolutionary movement of the Russian proletariat, this government will be a Social-Democratic government”, that the Social-Democratic provisional government “will be an integral government with a Social-Democratic majority”. This is impossible, unless we speak of fortuitous, transient episodes, and not of a revolutionary dictatorship that will be at all durable and capable of leaving its mark in history. This is impossible, because only a revolutionary dictatorship supported by the vast majority of the people can be at all durable (not absolutely, of course, but relatively). The Russian proletariat, however, is at present a minority of the population in Russia. It can become the great, overwhelming majority only if it combines with the mass of semi-proletarians, semi-proprietors, i.e., with the mass of the petty-bourgeois urban and rural poor. Such a composition of the social basis of the possible and desirable revolutionary-democratic dictatorship will, of course, affect the composition of the revolutionary government ... It would be extremely harmful to entertain any illusions on this score. If that windbag Trotsky now writes (unfortunately, side by side with Parvus) that “a Father Gapon could appear only once”, that “there is no room for a second Gapon”, he does so simply because he is a windbag. If there were no room in Russia for a second Gapon, there would be no room for a truly “great”, consummated democratic revolution.”

Finally, here is how Lenin characterizes the political behaviour of Trotsky until 1905, in an article published in May 1914 (Disruption of Unity Under Cover of Outcries for Unity):

“Trotsky was an ardent Iskrist in 1901-03, and Ryazanov described his role at the Congress of 1903 as “Lenin’s cudgel”. At the end of 1903, Trotsky was an ardent Menshevik, i. e., he deserted from the Iskrists to the Economists. He said that ‘between the old Iskra and the new lies a gulf”. In 1904-05, he deserted the Mensheviks and occupied a vacillating position, now co-operating with Martynov (the Economist), now proclaiming his absurdly Left ‘permanent revolution’ theory.”

Several authors have analyzed the "theory" of the "permanent revolution", including of course Trotskyite authors. Of all we have read, the best, most factual, and synthetic -- which is not denied by Trotskyite descriptions, except in the demonstration of the flaws and the Leninist opposition to such "theory" that Trotskyites hide or reject -- is due to Stalin in his series of articles The Foundations of Leninism. We present it in the Appendix at the end of this article. The reader finds in The Fundamentals of Leninism the quotation from another work by Lenin that severely denies Trotsky's “theory”, which, like other Trotsky constructs, is based on a hurried reading of Marx.

1906 – Trotskistas sem influência no Congresso de Unificação. Trotski em Viena

Com os avanços da revolução de 1905 muitos trabalhadores, bolcheviques e mencheviques, defendiam unir o partido [26]. Por sugestão de Lénine, o CC dirigiu um apelo «A todas as organizações do partido e a todos os operários social-democratas», para participar no IV Congresso (de Unificação) do POSDR (23 de Abril a 8 de Maio de 1906). No Relatório sobre o Congresso de Unificação do POSDR, Carta aos Operários de S. Petersburgo, Maio de 1906, Lénine refere que  «O Congresso foi um congresso menchevique» o que influenciou muitas das medidas adoptadas [27]. Sobre a maioria menchevique, Lénine assinala:

«... foi notável a ausência total entre os mencheviques da corrente que tão claramente se manifestou em Natchalo e que no partido costumava estar ligada aos nomes dos camaradas Parvus e Trotsky. É possível que entre os mencheviques houvesse "parvusistas" e trotskistas -- disseram-me que havia cerca de 8 -- mas, dado que a questão do governo provisório revolucionário foi retirada da ordem de trabalhos, não tiveram oportunidade de intervir.»

Deve-se ter em conta, porém, que na altura do IV Congresso Parvus e Trotski estavam presos. Em Outubro de 1906, quando a caminho do exílio na Sibéria, Trotski fugiu e acabou por ir para Viena. Durante os sete anos seguintes, participou nas actividades do Partido Social-Democrata Austríaco e, ocasionalmente, do Partido Social-Democrata Alemão. Em Viena Trotski tornou-se próximo de Adolph Joffe. Em Berlim, de Karl Kautsky.

A este propósito, vale a pena ter em conta o que assinala o trotskista Tony Cliff na sua obra Lenin, Volume One: Building the Party [28]: «... Trotsky também não estava envolvido na administração partidária. Mas isso era assim porque, de facto, ele não pertencia a nenhum partido concreto. Entre 1904, quando rompeu com os mencheviques e 1917, quando se juntou aos bolcheviques, esteve apenas ligado a um pequeno grupo informal de escritores

Segundo um artigo do grupo trotskista International Communist League [29], o proeminente historiador trotskista Pierre Broué também converge nesta apreciação. No seu livro sobre Trotsky (1988) diz que este era «uma espécie de elemento autónomo [freelancer] do partido». Broué elogia Trotski por isso, dizendo: «De facto, efetivamente demitido de quaisquer obrigações faccionistas, a uma boa distância dos altos e baixos dos conflitos entre as duas principais facções, satisfeito a esse respeito com a sua posição “unitária” cuja vitória parecia assegurada no futuro, Trotski tinha as mãos completamente livres para dedicar a sua atenção e actividade aos eventos que se desenrolavam na Rússia ...»

Moissaye Olgin, op. cit. [18], correctamente observa:

«Ele nunca esteve no meio dos trabalhadores como construtor das suas organizações. Nunca conseguiu conquistar para o seu lado qualquer número considerável de trabalhadores. Sempre foi, e sempre permaneceu, apenas um escritor e orador, desfrutando de grande popularidade entre os intelectuais pequeno-burgueses. Quando o movimento revolucionário dos trabalhadores russos era jovem, um homem com caneta afiada e talento oratório como Trotski poderia ser facilmente notado. Foi por essas qualidades que ele se tornou membro do Primeiro Soviete dos Deputados dos Trabalhadores, organizado durante a Revolução de 1905.»
1906 – No influence of the Trotskyites in the Unity Congress. Trotsky in Vienna.

With the advances of the 1905 revolution, many workers, Bolsheviks and Mensheviks, favoured the unifying of the party [26]. At the suggestion of Lenin, the CC issued an appeal "To All Party Organizations and to All Social-Democratic Workers" to take part in the Fourth (Unification) Congress of the RSDLP (April 23 to May 8, 1906). In the Report on the Unity Congress of the RSDLP, A Letter to the St. Petersburg Workers, May 1906, Lenin states that “The Congress was a Menshevik congress", which influenced many of the adopted decisions [27]. Regarding the Menshevik majority, Lenin points out:

a striking thing was the complete absence among the Mensheviks of the trend that was so clearly revealed in Nachalo, and which in the Party we are accustomed to connect with the names of Comrades Parvus and Trotsky. True, it is quite possible that there were some  “Parvusites” and “Trotskyites” among the Mensheviks -- I was told that there were about eight of them -- but, owing to the removal from the agenda of the question of the provisional revolutionary government, they had no opportunity of making a show.”

One should take into account, however, that at the time of the Fourth Congress Parvus and Trotsky were in jail. In October 1906, when going to Siberia, Trotsky escaped and moved to Vienna. For the next seven years, he often took part in the activities of the Austrian Social Democratic Party and, occasionally, of the German Social Democratic Party. In Vienna, Trotsky became close to Adolph Joffe. In Berlin, to Karl Kautsky.

In this regard, it is worth noticing what the Trotskyite Tony Cliff points out in his book Lenin, Volume One: Building the Party [28]: "… Trotsky was also not involved in party administration. But this was because he did not, in fact, belong to any real party. Between 1904, when he broke with the Mensheviks, and 1917, when he joined the Bolsheviks, he was associated only with a small loose group of writers.

According to an article of the Trotskyite group International Communist League [29], the prominent Trotskyist historian Pierre Broué also converges in this assessment. In his book on Trotsky (1988) he writes that he was “a sort of freelancer in the party”. Broué praises Trotsky for that, writing: "'In fact, effectively fired from any factional obligations, at a good distance from the up and downs of the conflicts between the two main factions, satisfied in this respect with his ‘unitary' position whose victory seemed to him assured in the future, Trotsky had his hands completely free to devote his attention and activity to the events that were unfolding in Russia...”


Moissaye Olgin, op. cit. [18], correctly observes:

“He never was in the thick of the workers’ life as builder of their organizations. He never succeeded in winning to his particular side any considerable numbers of workers. He always was, and always remained, a writer and speaker only, enjoying great popularity among the petty-bourgeois intellectuals. When the revolutionary labour movement in Russia was young, a man with a sharp pen and an oratorical talent such as Trotsky could easily become noted. It is for these qualities that he became a member of the First Soviet of Workers’ Deputies organized during the Revolution in 1905.” 

1907 – Trotski «centrista»

No final de Maio de 2007 teve lugar o V Congresso do POSDR. O período revolucionário tinha fornecido grandes lições aos trabalhadores. Desta vez os trabalhadores elegeram maioritariamente delegados bolcheviques [30]. O Congresso terminou com a vitória completa do bolchevismo sobre o menchevismo.  Trotski, na sua pose de estar acima das facções, adoptou no congresso uma posição centrista:

«Algumas palavras sobre Trotski. Ele falou em nome do "Centro" e expressou os pontos de vista do Bund [31]. Fulminou contra nós por introduzirmos a nossa “inaceitável” resolução. Ameaçou com uma cisão imediata, a retirada do grupo da Duma, supostamente ofendido pela nossa resolução. Realço estas palavras. Peço-vos que releiam a nossa resolução com atenção. Não é monstruoso ver algo ofensivo num sereno reconhecimento de erros, desacompanhado de qualquer censura dura, e falar de cisão por causa disso?
...
«Quando Trotski declarou: "A vossa inaceitável resolução impede que as vossas ideias correctas sejam postas em prática", pedi-lhe: "Dê-nos a sua resolução!" Trotski respondeu: "Não, primeiro retire a sua." Uma bela posição para o “Centro”, não é? Por causa do nosso erro (na opinião de Trotsky) ("falta de tacto"), ele pune todo o Partido, privando-o da exposição feita por ele com "tacto" dos mesmos princípios!Esta é uma posição baseada não em princípios, mas na falta de princípios do Centro.»
Lénine, V Congresso do POSDR, 13 de Maio a 1 de Junho de 1907

Em 16 de Junho a II Duma foi dissolvida pelo governo czarista e foi proclamada uma nova lei eleitoral que aumentava consideravelmente a representação dos latifundiários e da burguesia reduzindo consideravelmente o já escasso número de representantes de trabalhadores e camponeses. A revolução de 1905 chegara ao fim.
1907 – The “centrist” Trotsky

The Fifth Congress of the RSDLP took place at the end of May 2007. The revolutionary period had provided great lessons to the workers. This time the workers in their most elected Bolshevik delegates [30]. The Congress ended with the complete victory of Bolshevism over Menshevism. Trotsky, in his pose of being above factions, adopted a centrist position in the congress:

A few words about Trotsky. He spoke on behalf of the “Centre”, and expressed the views of the Bund [31]. He fulminated against us for introducing our “unacceptable” resolution. He threatened an outright split, the withdrawal of the Duma group, which is supposedly offended by our resolution. I emphasise these words. I urge you to reread our resolution attentively. Is it not monstrous to see something offensive in a calm acknowledgement of mistakes, unaccompanied by any sharply expressed censure, to speak of a split in connection with it?
...
“When Trotsky stated: “Your unacceptable resolution prevents your right ideas being put into effect,” I called out to him: “Give us your resolution!” Trotsky replied: “No, first withdraw yours.” A fine position indeed for the “Centre” to take, isn’t it? Because of our (in Trotsky’s opinion) mistake (“tactless-ness”), he punishes the whole Party, depriving it of his “tactful” exposition of the very same principles!That is a position based not on principle, but on the Centre’s lack of principle.”
Lenin, The Fifth Congress of the RSDLP May 13-June 1, 1907

On 16 June the II Duma was dissolved by the Tsarist government and a new electoral law was proclaimed which considerably increased the representation of landowners and the bourgeoisie, and considerably reduced the already scarce number of workers’ and peasants' representatives. The 1905 revolution had come to an end.

1909 – Trotski, menchevique e liquidacionista

Com o fim da revolução de 1905 vários líderes do POSDR analisaram-na, procurando tirar as lições dos acontecimentos. As apreciações de Trotski mereceram o apoio entusiástico de Mártov (o líder menchevique) que procurou contrapô-las às teses bolcheviques que a revolução demonstrara serem correctas. Em O Objectivo da Luta do Proletariado na Nossa Revolução (22 de Março e 3 de Abril de 1909), Lénine começa por referir:

«O erro fundamental de Trotski consistiu em ignorar o carácter burguês da revolução e não ter uma concepção clara da transição desta revolução para a revolução socialista. Deste erro fundamental derivam os erros parciais que o camarada Mártov repete ao reproduzir com simpatia a aprovação um par de citações.»

Lénine passa à análise de três argumentos de Trotski:

[1.º argumento de Trotski]
«Uma coligação do proletariado e do campesinato "pressupõe que o campesinato cairá sob a influência de um dos partidos burgueses existentes ou que formará um poderoso partido independente".
Isto é obviamente falso tanto do ponto de vista teórico geral como do da experiência da revolução russa. Uma “coligação” de classes não pressupõe em geral a existência de um partido ou partidos poderosos.» Lénine dá vários exemplos da revolução russa.

[2.º argumento de Trotski]
«A segunda afirmação de Trotski citada pelo camarada Mártov também está errada. Não é verdade que “toda a questão consiste em quem determinará o conteúdo da política do governo, em quem reunirá nele uma maioria homogénea”, etc. ... O próprio Trotski, no decurso de sua argumentação, admite a “participação de representantes da população democrática” no “governo dos trabalhadores”, i. e., admite que haverá um governo formado por representantes do proletariado e do campesinato. ... A questão da ditadura das classes revolucionárias não pode, porém, ser reduzida a uma questão da "maioria" em um ou outro governo revolucionário, ou dos termos em que a participação dos social-democratas em tal governo é admissível.»

[3.º argumento de Trotski]
«Por último, a mais falaciosa das opiniões de Trotski que o camarada Mártov cita e considera “justa” é a terceira, a saber: “mesmo que eles [o campesinato] façam isso [“apoiem o regime da democracia da classe trabalhadora”] sem mais compreensão política do que costumam apoiar um regime burguês.” O proletariado não pode contar com a ignorância e os preconceitos do campesinato como os poderes de um regime burguês contam e dependem deles, nem pode assumir que em tempo de revolução o campesinato permanecerá no seu estado habitual de ignorância política e passividade.» Lénine ilustra com exemplos da revolução russa.
  
O desânimo com a derrota da revolução de 1905, o aumento da reacção e a repressão levaram ao aparecimento no seio do POSDR de correntes oportunistas e cisionistas. As mais importantes eram as dos «liquidadores» e dos «otzovistas».

Os liquidadores advogavam a dissolução de organizações ilegais e da actividade revolucionária clandestina do Partido e a transformção do partido num conjunto solto de organizações. Instaram a classe trabalhadora a reconciliar-se com a burguesia. Os liquidadores eram chefiados por Martov, Axelrod, Dan, Martynov, Potresov e outros mencheviques.

Os otzovistas  (do russo, “revocadores”) advogavam, no pólo oposto, que o partido não devia exercer qualquer actividade nas organizações legais ou semi-legais (Duma, sindicatos, cooperativas, etc.) argumentando que a reação esmagadora obrigava o partido a limitar-se ao trabalho ilegal. Isso teria isolado o partido das massas transformando-o numa organização sectária incapaz de reunir forças para outro surto revolucionário. A esta facção oportunista pertenciam os bolcheviques Bogdanov, Pokrovski, Lunacharski, Maximov e mais uns poucos.

Lénine combateu incansavelmente ambas as facções que arruinavam o partido, analisando-as em detalhe e apontando onde estavam erradas. Trotski declarando estar acima das facções, era contudo um activo elemento faccionista, alinhado com os liquidadores. Lenine diz o seguinte numa Carta a G. Zinoviev datada de 24 de Agosto [32]:

«No que diz respeito ao Pravda, leu a carta de Trotski a Inok [33]? Se a leu, espero que o tenha convencido de que Trotski se comporta como um infame carreirista e faccionalista do tipo Ryazanov e C.ª. Ou igualdade na direcção editorial, subordinação ao CC e não transferência de ninguém para Paris, excepto Trotski (o malandro quer "acomodar" às nossas custas toda a camarilha aventureira do Pravda!) -- ou rompemos com esse vigarista e desmascaramo-lo no O.C. Ele perora sobre o Partido mas comporta-se pior que qualquer outro dos faccionalistas

Note-se que o Pravda mencionado na carta não é o futuro O.C. bolchevique (e do PCUS), mas sim o periódico da facção trotskista publicado em Viena entre 1908 e 1912, sob direcção de Trotski. Desde os primeiros números, sob a máscara de que era «não fraccionista», de que era «conciliador», atacou o bolchevismo, defendeu o liquidacionismo, o otzovismo, e a «teoría» centrista da co-existência de revolucionários e oportunistas em um mesmo partido.
1909 – Trotsky, Menshevik and Liquidationist

With the end of the 1905 revolution, several leaders of the RSDLP analyzed it seeking to learn from the events. Trotsky's assessments received the enthusiastic endorsement of Martov (the Menshevik leader) who tried to counter them to the Bolshevik theses which the revolution had shown to be correct. In The Aim of the Proletarian Struggle in Our Revolution (March 22 and April 3, 1909), Lenin begins by remarking:

Trotsky’s major mistake is that he ignores the bourgeois character of the revolution and has no clear conception of the transition from this revolution to the socialist revolution. This major mistake leads to those mistakes on side issues which Comrade Martov repeats when he quotes a couple of them with sympathy and approval.”

Lenin then proceeds to analyse three arguments from Trotsky:

[1st argument from Trotsky]
“A coalition of the proletariat and the peasantry ‘presupposes either that the peasantry will come under the sway of one of the existing bourgeois parties, or that it will form a powerful independent party’.
This is obviously untrue both from the standpoint of general theory and from that of the experience of the Russian revolution. A ‘coalition’ of classes does not at all presuppose either the existence of any particular powerful party, or parties in general.” Lenin presents several examples from the Russian revolution.

[2nd argument from Trotsky]
“Trotsky’s second statement quoted by comrade Martov is wrong too. It is not true that ‘the whole question is, who will determine the government’s policy, who will constitute a homogeneous majority in it’, and so forth. ... Trotsky himself, in the course of his argument, concedes that ‘representatives of the democratic population will take part’ in the ‘workers’ government’, i. e., concedes that there will be a government consisting of representatives of the proletariat and the peasantry. ... The question of the dictatorship of the revolutionary classes, however, cannot be reduced to a question of the ‘majority’ in any particular revolutionary government, or of the terms on which the participation of the Social-Democrats in such a government is admissible.

[3rd argument from Trotsky]
“Lastly, the most fallacious of Trotsky’s opinions that Comrade Martov quotes and considers to be “just” is the third, viz.: ‘even if they [the peasantry] do this [“support the regime of working-class democracy”] with no more political understanding than they usually support a bourgeois regime.’ The proletariat cannot count on the ignorance and prejudices of the peasantry as the powers that be under a bourgeois regime count and depend on them, nor can it assume that in time of revolution the peasantry will remain in their usual state of political ignorance and passivity.” Lenin illustrates with examples from the Russian revolution.

Discouragement with the defeat of the 1905 revolution and the increased reaction and repression led to the emergence in the RSDLP of opportunist and scissionist currents. The most important ones were those of the "liquidators" and the "otzovists".

The liquidators advocated the disbandment of illegal Party organizations and the cessation of underground revolutionary activity and the transformation of the party into a loose ensemble of organizations. They urged the working class to come to terms with the bourgeoisie. The liquidators were headed by Martov, Axelrod, Dan, Martynov, Potresov and other Mensheviks.

On the opposite pole, the otzovists (from the Russian “recallers”) advocated that the party should not engage in legal or semi-legal organizations (Duma, trade unions, cooperatives, etc.) arguing that the overwhelming reaction compelled the Party to restrict itself to illegal work. This would have isolated the Party from the masses and turn it into a sectarian organization incapable of mustering the forces for another revolutionary upsurge. To this opportunist faction belonged the Bolsheviks Bogdanov, Pokrovsky, Lunacharsky, Maximov and a few other ones.

Lenin fought relentlessly both factions which were ruining the party, analyzing them in detail and pointing out why they were wrong. Trotsky, claiming to be above the factions, was nevertheless an active factional element, siding with the liquidators. In a Letter to G. Zinoviev dated 24 August, [32] Lenin wrote:

 “As regards Pravda, have you read Trotsky’s letter to Inok [33]? If you have, I hope it has convinced you that Trotsky behaves like a despicable careerist and factionalist of the Ryazanov-and-Co. type. Either equality on the editorial board, subordination to the CC and no one being transferred to Paris, except Trotsky (the scoundrel wants to ‘accommodate’ the entire Pravda crew of adventurers at our expense!) -- or we break with this swindler and expose him in the C.O. He pontificates about the Party and behaves worse than any other of the factionalists.”

Note that the Pravda mentioned in the letter is not the later Bolshevik C.O. (from the CPSU too), but the periodical of the Trotskyist faction published in Vienna from 1908 to 1912, under direction of Trotsky. Since the earliest issues, and under the mask of "non-factionalist," of being a «conciliator», it attacked Bolshevism, defended liquidationism, otzovism, and the centrist "theory" of the co-existence of revolutionaries and opportunists in one and the same party.

1910 – Trotski, o conciliador-mor

De 15-Jan a 5-Fev de 1910 decorreu em Paris um plenário do CC do POSDR, com representantes de todas as facções. Fora convocado alegadamente para unir o partido, mas contra a opinião de Lénine. G. Zinoviev, L, Kámenev e A. Ríkov -- aliados ocultos de Trotski – apoiaram a convocatória. A carta acima de Lénine a Zinoviev tem a ver com esta convocatória.

O plenário foi dominado pelos «conciliadores»: Trotski e os seu grupo de Viena, a que se juntaram Zinoviev, Kámenev, Ríkov e outros, ajudados pelos oportunistas. Diziam procurar conciliar os liquidacionistas e otzovistas, com os leninistas e o grupo de Plekanov. O que passou no plenário iria influenciar acontecimentos posteriores.

Lénine, após luta encarniçada, conseguiu ver aprovada uma resolução que condenava as tendências liquidacionistas e otzovistas  (sem as nomear!) e apelava a combatê-las. Mas os conciliadores impuseram: (a) subsidiar o Pravda (de Viena) de Trotski, sob condição de incorporar um representante do CC no seu conselho editorial (foi nomeado Kamenev, cunhado de Trotski); (b) dissolver a organização central bolchevique suspendendo a publicação do seu jornal Proletari -- isso foi feito, e os bolcheviques tiveram de entregar uma parte dos seus fundos ao CC e a parte restante a três personalidades (K. Kautsky, F. Mehring e C. Zetkin), nomeadas como depositárias e que teriam de devolver esses fundos ao CC após dois anos; (c) em contrapartida, os liquidadores e otzovistas teriam também de dissolver as suas organizações centrais e parar de publicar os respectivos jornais, Golos e Vperiod (os conciliadores neste caso aceitaram promessas verbais!).

Logo após o plenário, os liquidadores, otzovistas e trotskistas recusaram-se a cumprir as respectivas decisões. O Golos e Vperiod não foram encerrados e continuaram a sua actividade fraccionista. O Pravda de Trotsky recusou submeter-se ao controlo do CC. Perante isso, no Outono de 1910 os bolcheviques declararam desligar-se das obrigações impostas no plenário. Começaram a editar o seu próprio jornal (Rabóchaia Gazeta), convocaram um novo plenário e exigiram que os fundos que haviam colocado condicionalmente nas mãos do CC lhes fossem devolvidos.

Entretanto, a 17 de Abril, o «Clube de Viena do partido social-democrata» do conciliador Trotski, aprovou uma resolução de «conciliação». Lénine denunciou Trotski nestes termos (Notas de um Publicista, 19 de Março e 7 de Junho):

«Desde as primeiras palavras da sua resolução, Trotski exprime plenamente o espírito do pior tipo de conciliação, a "conciliação" entre aspas, a conciliação de clube, pequeno-burguesa, que lida com "determinadas pessoas" e não com determinada linha, com determinado espírito, com determinado conteúdo ideológico e político do trabalho do Partido.

«É nisso que reside a enorme diferença entre o partidismo real, que consiste em expurgar o Partido do liquidacionismo e do otzovismo, e a "conciliação" de Trotsky e C.ª, que, na verdade, presta o mais fiel serviço aos liquidadores e otzovisistas; é, por isso, um mal bem mais perigoso para o partido, porque é mais astuto, subtil e que se dissimula retoricamente com declarações pseudo-partidistas e supostamente antifraccionistas».

Entretanto, em Viena e Berlim Trotski trata de desinformar os respectivos partidos sociais-democratas sobre Lénine e o POSDR. Quando Lénine participava num Congresso da II Internacional (28 de Agosto a 3 de Setembro) apareceu no Vorwärts, O.C. do Partido Social-Democrata Alemão um artigo anónimo que difamava o POSDR, Lénine e Plekhanov. Lénine veio a conhecer mais pormenores, e soube do próprio Trotski que o autor anónimo era Trotski. Em 8 de Outubro Lénine escreveu sobre isto em Como Alguns Sociais Democrtas Informam a Internacional sobre a Situação no POSDR:

«Estará já o leitor a adivinhar de que pluma “não faccionista” provém o artigo [difamador]? Pois claro, não se engana. Sim, é do “não-faccionista” camarada Trotski que não tem escrúpulos em anunciar abertamente a folha de propaganda da sua facção. E fornece aos insuficientemente informados leitores alemães a mesma avaliação da política da maioria do Partido que a dos liquidadores

Em Setembro-Novembro Lénine escreve um extenso artigo onde explica O Sentido Histórico da Luta Dentro do Partido. Começa assim:

«O tema indicado no título é abordado nos artigos de Trótski e Mártov nos nº 50 e 51 da Neue Zeit [34]. Mártov expõe as concepções do menchevismo. Trótski segue na esteira dos mencheviques, encobrindo-se com uma fraseologia particularmente sonora.»

Lénine expõe as teorias de Mártov e Trotski mostrando como «Mártov e Trótski oferecem aos camaradas alemães concepções liberais retocadas de modo marxista» e – recorrendo a factos concretos e dados numéricos -- apresenta exemplos «das frases sonoras mas ocas em que é mestre o nosso Trótski», da sua «verborreia verdadeiramente “descomedida”», de seus raciocínios «radicalmente» errados, da sua deturpação do bolchevismo e da história da revolução de 1905. Combatendo as mentiras e falsificações de Trotski na imprensa social-democrata alemã e acusando Trotski de seguir uma política "publicitária", de "descaramento em rebaixar o partido, enaltecendo-se a si próprio perante os alemães", Lénine conclui:

«Por isso, se Trótski diz aos camaradas alemães que representa a “tendência geral do partido”, então eu devo declarar que Trótski representa apenas a sua fracção e que goza de alguma confiança exclusivamente junto dos otzovistas e liquidacionistas.»

Lénine pretendia responder a Trotski e Mártov na mesma revista, mas os editores de Neue Zeit, Kautsky e Wurm -- influenciados por Trotsky -- não publicaram o artigo de Lénine!

Num artigo de 5 de Dezembro, Carta Aberta a Todos os Social-Democratas Pró-Partido, Lénine escreve:

«Os liquidacionistas e os otzovistas têm um excelente entendimento da verborreia conciliatória e fazem excelente uso dela contra o Partido. O herói de tais frases, Trotski, tornou-se naturalmente o herói e defensor juramentado dos liquidacionistas e otzovistas, com quem ele não concorda em nada teoricamente, mas em tudo na prática.

«Quando Trotski e defensores similares dos liquidacionistas e otzovistas declaram essa aproximação “desprovida de conteúdo político”, tais discursos testemunham apenas a total falta de princípios de Trotski, a verdadeira hostilidade da sua política à real abolição das facções (e não apenas confinada a promessas)».

Em 28 de Dezembro Lénine escreve uma Carta Aberta ao Colégio do CC do POSDR na Rússia, onde informa que a facção anti-partido «Clube de Viena» -- «um grupo de emigrados trotskistas que são simples peões nas mãos de Trotski» -- em resultado da sua resolução de 10 de Novembro, tinha organizado «um fundo geral do partido para preparar e convocar uma conferência do POSDR». Esse «fundo» era apoiado pelos liquidadores e otzovistas. Isto é, Trotski propunha-se violar a legalidade partidária para unir todos os grupos anti-partido contra os bolcheviques que constituíam a maioria eleita do CC. Diz também Lénine:

«É uma aventura no aspecto ideológico. Trotski agrupa todos os inimigos do marxismo, unindo Potresov e Maximov [Golos e Vperiod] que odeiam o bloco “Lenin-Plekanov” como gostam de lhe chamar. Trotski agrupa todos que têm gosto e carinho pela decadência ideológica; a todos que não se interessam pela defesa do marxismo; ...»

Lénine termina a carta apelando à «luta contra a aventura cisionista e sem princípios de Trotski ...»
1910 – Trotsky, the chief conciliator

From Jan-15 to Feb-5, 1910, a plenum of the RSDLP CC was held in Paris, with representatives of all factions. It was allegedly convened to unite the party, in spite of Lenin's opinion. G. Zinoviev, L. Kamenev, and A. Rykov -- Trotsky's hidden allies – gave their assistance to the convening. The above letter from Lenin to Zinoviev has to do with this convening.

The plenum was dominated by the “conciliators”: Trotsky and his Vienna group, joined by Zinoviev, Kamenev, Rykov and others, aided by the opportunists. They said they sought to reconcile the liquidationists and otzovists with the Leninists and Plekanov's group. What happened in the plenum would influence later events.

Lenin, after a bitter struggle, was able to pass a resolution condemning the liquidationist and otzovist trends (without their denominations!) appealing to combat them. But the conciliators imposed: (a) to subsidize Trotsky's (Vienna) Pravda, on condition that it incorporated a CC representative on its editorial board (Trotsky's brother-in-law Kamenev was appointed); (b) to dissolve the Bolshevik central organization and suspend the publication of its Proletari newspaper -- this was done, and the Bolsheviks had to hand over part of their funds to the CC and the remaining part to three personalities (K. Kautsky, F. Mehring and C. Zetkin), appointed as depositaries who would have to return these funds to the CC after two years; (c) in return, the liquidators and otzovists would also have to dissolve their central organizations and stop publishing their newspapers, Golos and Vperiod (the conciliators in this case have accepted verbal promises!).

Shortly after the plenum, the liquidators, otzovists and Trotskyists refused to comply with its decisions. The Golos and Vperiod were not closed and continued their fractional activity. Trotsky’s Pravda refused to submit to CC control. In the face of this, in the autumn of 1910 the Bolsheviks declared to be detached from the obligations imposed by the plenum. They began editing their own newspaper (Rabochaya Gazeta), convened a new plenum, and demanded that the funds they had conditionally placed in the hands of the CC be returned to them.

In the meantime, on 17 April, the “Vienna Social Democratic Party Club” of the conciliator Trotsky adopted a "conciliation" resolution. Lenin denounced Trotsky in these terms (Notes of a Publicist, March 19 and June 7, 1910):

"In the very first words of his resolution Trotsky expressed the full spirit of the worst kind of conciliation, 'conciliation' in inverted commas, of a sectarian and philistine conciliation, which deals with 'given persons' and not the given line of policy, the given spirit the given ideological and political content of Party work.

"It is in this that the enormous difference lies between real partyism, which consists in purging the Party of liquidationism and otzovism, and the 'conciliation' of Trotsky and Co., which actually renders the most faithful service to the liquidators and otzovists, and is therefore an evil that is all the more dangerous to the party the more cunningly, artfully and rhetorically it cloaks itself with professedly pro-party, professedly anti-factional declamations."
  
Meanwhile, in Vienna and Berlin Trotsky does his best to misinform the respective social-democratic parties about Lenin and the RSDLP. While Lenin was participating at the Congress of the Second International (28 August to 3 September), an anonymous article appeared in Vorwärts, C. O. of the German Social Democratic Party, which defamed the RSDLP, Lenin and Plekhanov. Lenin came to know further details about the article, and learned from Trotsky himself that the anonymous author was Trotsky. On October 8 Lenin wrote about this in How Some Social Democrats Report to the International on the RSDLP Situation:

Don’t you begin to guess, reader, to whose ‘non-factional’ pen this [defaming] article belongs? You are not mistaken, of course. Yes, it is the ‘non-factional’ Comrade Trotsky, who has no compunction about openly advertising his faction’s propaganda sheet. He provides the insufficiently informed German readers with the same appraisal of the policy of the Party majority as that made by the liquidators.

In September-November Lenin writes an extensive article explaining The Historical Meaning of the Inner-Party Struggle in Russia. It starts this way:

“The subject indicated by the above title is dealt with in articles by Trotsky and Martov in Nos. 50 and 51 of Neue Zeit [34]. Martov expounds Menshevik views. Trotsky follows in the wake of the Mensheviks, taking cover behind particularly sonorous phrases.”

Lenin expounds Martov and Trotsky's theories by showing how “Martov and Trotsky are putting before the German comrades liberal views with a Marxist coating” and -- using concrete facts and numerical data -- reveals examples of “the resonant but empty phrases of which our Trotsky is a master”, of his “truly unrestrained” phrase-mongering”, his 'radically' wrong reasoning, his misrepresentation of Bolshevism and of the history of the 1905 revolution. Countering Trotsky's lies and falsifications in the German Social-Democrat press and accusing Trotsky of following a policy of "advertisement", of "shamelessness in belittling the Party and exalting himself before the Germans,” Lenin concludes:

"Therefore, when Trotsky tells the German comrades that he represents the 'general Party tendency’ I am obliged to declare that Trotsky represents only his own faction and enjoys a certain amount of confidence exclusively among the otzovists and the liquidators."

Lenin intended to answer Trotsky and Martov in the same magazine, but the editors of Neue Zeit, Kautsky and Wurm – influenced by Trotsky -- did not publish Lenin’s article!

In an article of December 5 An Open Letter to All Pro-Party Social-Democrats, Lenin writes:

“The liquidators and otzovists have an excellent understanding of conciliatory phrase-mongering and make excellent use of it against the Party. The hero of such phrases, Trotsky, has quite naturally become the hero and sworn advocate of the liquidators and otzovists, with whom he agrees on nothing theoretically but in everything practically.

“If Trotsky and similar advocates of the liquidators and otzovists declare this rapprochement ‘devoid of political content,’ such speeches testify only to Trotsky’s entire lack of principle, the real hostility of his policy to the policy of the actual (and not merely confined to promises) abolition of factions.”

On 28 December Lenin writes a Letter to the Russian Collegium of the Central Committee of the RSDLP, informing that the anti-party faction “Vienna Club” -- “a circle of Trotskyites, exiles who are pawns in the hands of Trotsky” – following its resolution of November 10 had organized “a general Party fund for the purpose of preparing and convening a conference of the RSDLP”. This "fund" was supported by the liquidators and otzovists. Thus, Trotsky intended to violate party legality by uniting all anti-party groups against the Bolsheviks who constituted the CC elected majority. Lenin writes further:

"It is an adventure in the ideological sense. Trotsky groups all the enemies of Marxism, he unites Potresov and Maximov, who detest the 'Lenin-Plekhanov' bloc, as they like to call it. Trotsky unites all those to whom ideological decay is dear; all who are not concerned with the defence of Marxism; …”

Lenin ends the letter by calling, inter alia, for "struggle against the splitting tactics and the unprincipled adventurism of Trotsky. …"

Também escrito em 28 de Dezembro é outro artigo de Lénine, A Situação no Partido, escrito,  que apresenta uma extensa e minuciosa análise suportada em claras evidências do oportunismo de Trotski -- «Trotsky, que tem o hábito de se juntar a qualquer grupo que por acaso seja a maioria no momento» --, do seu aventureirismo -- «a política de Trotsky é o aventureirismo no sentido organizacional» --, da sua falta de princípios da sua ignorância do marxismo, etc. Eis alguns excertos:

«Transcrevemos integralmente as razões dadas por Trotski para assegurar que a luta do órgão central não é justificada por nenhuma diferença básica de princípio.

"Em todas [itálico de Trotski] as tendências do partido está firmemente arraigada a convicção de que é preciso restabelecer a organização ilegal ..."

«Este é um exemplo de como belas palavras são esfarrapadas por verborreia destinada a encobrir uma enorme mentira, um enorme engano tanto daqueles que se embriagam com a verborreia como de todo o Partido.
Porque é uma mentira evidente e patente que todas as tendências do Partido estejam convencidas da necessidade de restabelecer a organização ilegal».

«Trotski silencia esta verdade indiscutível porque os objectivos reais da sua política não suportam a verdade».

«Trotsky não se atreve a dizer que considera Potresov e os otzovistas como autênticos marxistas, ... A essência da posição de um aventureiro é que deve sempre recorrer a evasivas. ...
A razão mais profunda pela qual esse bloco está condenado ao fracasso, por maiores que sejam os seus êxitos entre os filisteus e por maiores que sejam os “fundos” que Trotsky consiga reunirr ... é que se trata de um bloco sem princípios. A teoria marxista, "os princípios fundamentais" de toda a nossa concepção do mundo e do programa e táctica do nosso Partido, está agora na linha de frente de toda a vida do Partido não por mero acaso, mas porque é inevitável.»
  
«Devemos explicar de novo às massas os fundamentos do marxismo; a defesa da teoria marxista está novamente na ordem do dia. Quando Trotsky diz que a reaproximação entre os mencheviques pró-partido e os bolcheviques é "destituída de conteúdo político" e "instável", só mostra com isso a sua profunda ignorância, e revela a sua absoluta insensatez.»
Also written on December 28 is another article by Lenin, The State of Affairs in the Party, where an extensive and detailed analysis supported by hard evidence is presented of Trotsky's opportunism -- “Trotsky, who is in the habit of joining any group that happens to be in the majority at the moment” --, of his adventurism -- “Trotsky’s policy is adventurism in the organisational sense” --, his lack of principles, his ignorance of Marxism, etc. Here are some excerpts:

“We quote in full the reasons given by Trotsky for his statement that the struggle of the Central Organ is not justified by any basic difference of principle.

‘The conviction has taken firm root among all [Trotsky’s italics] Party trends, that it is necessary to restore the illegal organisation, …’

“That is an example of how fine words are worn into shreds by phrase-mongering intended to disguise a monstrous untruth, a monstrous deception both of those who revel in phrase-mongering and of the whole Party.
It is a plain and crying untruth that all Party trends are convinced of the need to revive the illegal organisation.”

Trotsky maintains silence on this undeniable truth, because the truth is detrimental to the real aims of his policy.”

Trotsky does not dare to say that he sees in Potresov and in the otzovists real Marxists, ... The essence of the position of an adventurer is that he must forever resort to evasions. …
The most profound reason why this bloc is doomed to failure—no matter how great its success among the philistines and no matter how large the ‘funds’ Trotsky may succeed in collecting ... is that it is an unprincipled bloc. The theory of Marxism, ‘the fundamental principles’ of our entire world outlook and of our entire Party programme and tactics, is now in the forefront of all Party life not by mere chance, but because it is inevitable.”
  
We must again explain the fundamentals of Marxism to these masses; the defence of Marxist theory is again on the order of the day. When Trotsky declares that the rapprochement between the pro-Party Mensheviks and the Bolsheviks is ‘devoid of political content’ and ‘unstable,’ he is thereby merely revealing the depths of his own ignorance, he is thereby demonstrating his own complete emptiness.”


Balanço do Período 1903-1910
  
O período 1903-1910 revela já os seguintes traços Trotski que irão manter-se e até agravar-se no resto da sua vida:

a) O oportunismo [12]. Trotski «nasceu» e permaneceu menchevique. Em certos momentos esteve mesmo com a ala direita dos mencheviques: «economistas»,  Bund e liquidadores. No papel de «conciliador» apoiou também os otzovistas, o que não admira porque estes no fundo conduziam ao mesmo objectivo – fracturar o partido, deitar abaixo Lénine – apenas se distinguindo dos liquidadores por usarem vias de «esquerda». A «conciliação» de Trotski significava isto: tudo que levar à destruição bolchevismo e Lénine deve ser «unido» e apoiado.

É claro que a burguesia se apercebeu que Trotski desempenhava um papel que lhe era útil, como vimos p. ex. no Osvobojdenie, jornal da burguesia liberal-monarquista, em 1905.

b) A ocultação do oportunismo com verborreia revolucionária recheada de frases sonoras, bombásticas. A «teoria» trotskista da «revolução permanente» desempenhou esse papel de defesa do salto aventureiro de etapas que lhe permitia vituperar contra (e afastar-se de) qualquer revolução concreta: não se tinha desenrolado conforme os ensinamentos de Trotski.

c) A falta de princípios, com o recurso à mentira e à aldrabice. Vimos acima vários exemplos disso assinalados por Lénine. Uma das aldrabices era querer parecer mais do que o que era -- Lénine: «se Trótski diz aos camaradas alemães que representa a “tendência geral do partido”, então eu devo declarar que Trótski representa apenas a sua fracção...» -- e de se querer apresentar acima do partido -- Lénine: «descaramento, rebaixando o partido e enaltecendo-se a si próprio perante os alemães».

d) A violação sistemática da disciplina partidária e o fraccionismo. Também vimos exemplos disso, aliás reconhecidos por historiadores trotskistas («não pertencia a nenhum partido concreto»,  era «uma espécie de freelancer»). Esta característica, marcadamente individualista, fazia com que para Trotski, como iremos ver, o partido ideal fosse ele mais um pequeno grupo de obedientes seguidores.

e) A intriga política, a conspiração. Exemplos:
-- A conspiração contra F. Dan em 1905 para ganhar influência no partido menchevique;
-- A difamação de Lénine e dos bolcheviques junto de Kautsky (e outros) para virar o Partido Social-Democrata Alemão contra eles (o que conseguiu);
-- O «Clube de Viena», a organização do plenário do CC em 1910 com os seus aliados ocultos -- Zinoviev, Kámenev e Rikov -- e a questão dos «fundos», tudo com o objectivo de apear Lénine e os bolcheviques da liderança do partido.

f) A substituição do debate de ideias pelo debate de pessoas, recorrendo à caracterização abusiva e mesmo à  difamação quando as ideias e acções da pessoa em causa não agradam a Trotski. Tudo que Trotski escreveu acerca de Lénine no II Congresso em 1903 («Robespierre», «sistema do Terror», «tentativa reaccionária de consolidar métodos sectários de organização», etc.) são exemplos disso.

g) A distorção dos factos históricos por forma a ajustarem-se à sua mensagem. Lénine assinala isso nos erros de Trótski ao apreciar a revolução de 1905. Distorção também para engrandecer o papel de Trotski.

h) O duvidoso conhecimento do marxismo. Esta afirmação parecerá chocante para muitos, especialmente para os trotskistas. Mas vejamos o que Lénine disse em 1910:

-- «Mártov e Trótski oferecem aos camaradas alemães concepções liberais retocadas de modo marxista»;  
-- «Trotski agrupa todos os inimigos do marxismo»;
-- «Trotski agrupa ... a todos que não se interessam pela defesa do marxismo»;
-- «Devemos explicar de novo às massas os fundamentos do marxismo; a defesa da teoria marxista está novamente na ordem do dia. Quando Trotsky diz que a reaproximação entre os mencheviques pró-partido e os bolcheviques é "destituída de conteúdo político" e "instável", só mostra com isso a sua profunda ignorância, e revela a sua absoluta insensatez».

Um aspecto que salta aos olhos do mau domínio que Trotski tinha do marxismo é que falhava constantemente em algo tão fundamental no marxismo como aplicar a dialéctica à realidade concreta. A sua «teoria» da «revolução permanente» é já um exemplo disso. Mas veremos mais tarde outros exemplos gritantes.

Não deixa de ser irónico que o homem que esreveu Em Defesa do Marxismo tenha sido logo caracterizado em 1910, por Lénine, como agrupando «todos que não se interessam pela defesa do marxismo».
An Account of the Period 1903-1910

The period 1903-1910 already reveals the following traits of Trotsky which will be maintained and will even get worse in the rest of his life:

a) Opportunism [12]. Trotsky was "born" and remained Menshevik. At times he even sided with the right wing of the Mensheviks: "economists", Bund and liquidators. In the role of “conciliator” he also supported the Otzovists, which is no wonder since they after all pursued the same objective -- to break the party, to put down Lenin -- only distinguishing themselves from the liquidators for using “left” methods. Trotsky's "conciliation" meant: whatever leads to the destruction of Bolshevism and Lenin must be "united" and supported.

The bourgeoisie soon realized that Trotsky played a useful role for them, as we saw e.g. in the Osvobojdenie, newspaper of the liberal-monarchist bourgeoisie, in 1905.

b) The concealment of opportunism with revolutionary verbiage filled with sonorous, bombastic phrases. The Trotskyist "theory" of the "permanent revolution" played that role in defending the adventurous leap of stages that allowed him to vituperate against (and move away from) any concrete revolution: it had not unfolded according to Trotsky's teachings.

c) The lack of principles, by resorting to lies and deceit. We have seen above several examples of this trait pointed out by Lenin. One of the deceits was to engage on portraying himself higher than he was -- Lenin: “when Trotsky tells the German comrades that he represents the ‘general Party tendency’, I am obliged to declare that Trotsky represents only his own faction ...' – and even presenting himself above the party -- Lenin: "shamelessness in belittling the Party and exalting himself before the Germans."

d) Systematic violation of party discipline and factionalism. We have also seen examples of this, moreover recognized by Trotskyist historians ("he did not belong to any real party", he was "a kind of freelancer"). This strikingly individualistic trait meant that for Trotsky, as we shall see, the ideal party was he himself plus a small group of obedient followers.

e) The political intrigue, the conspiracy. Examples:
- The conspiracy against F. Dan in 1905 to gain influence in the Menshevik party;
- The defamation of Lenin and the Bolsheviks conveyed to Kautsky (and others) to turn the German Social Democrat Party against them (which he succeed in doing);
- The “Vienna Club”, the organization of the CC plenum in 1910 with his hidden allies -- Zinoviev, Kámenev and Rikov -- and the “funds” issue, all with the aim of bringing down Lenin and the Bolsheviks from the party leadership .

(f) Replacing the debate of ideas with the debate of persons, using abusive characterization and even defamation when the ideas and actions of the person concerned did not please Trotsky. Everything Trotsky wrote about Lenin at the Second Congress in 1903 (“Robespierre”, “system of Terror”, “reactionary attempt to consolidate sectarian methods of organization”, etc.) are examples of this.

g) The distortion of historical facts in order to support his message. Lenin points this out in Trotsky's errors when appreciating the 1905 revolution. Distortion was also used  to enhance Trotsky's role.

h) The dubious knowledge of Marxism. This statement will be seen as shocking to many, especially to the Trotskyites. But let us look at what Lenin said in 1910:

-- "Martov and Trotsky are putting before the German comrades liberal views with a Marxist coating";
-- "Trotsky groups all the enemies of Marxism";
-- "Trotsky unites ... all who are not concerned with the defence of Marxism";
-- “We must again explain the fundamentals of Marxism to these masses; the defence of Marxist theory is again on the order of the day. When Trotsky declares that the rapprochement between the pro-Party Mensheviks and the Bolsheviks is ‘devoid of political content’ and ‘unstable,’ he is thereby merely revealing the depths of his own ignorance, he is thereby demonstrating his own complete emptiness.”

One thing that is strikingly clear regarding Trotsky's poor mastery of Marxism is that he systematically failed in something as fundamental to Marxism as applying dialectics to concrete reality. His "theory" of the "permanent revolution" is already an example of this. But we will see other glaring examples later.

It is ironic that the man who wrote In Defense of Marxism was already characterized in 1910 by Lenin as bringing together "all who are not concerned with the defence of Marxism."

Apêndice – Estaline sobre a «teoria» da «revolução permanente»

No importantíssimo trabalho Os Fundamentos do Leninismo (Pravda, April 26-May 18, 1924) [35] Estaline analisa na secção III-Teoria as várias teses da teoria leninista da revolução proletária e a sua aplicação à Rússia, nomeadamente as respectivas etapas revolucionárias. A este propósito cita Lénine (A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky):

«As coisas passaram-se exactamente como tínhamos dito. O curso da revolução confirmou a justeza do nosso raciocínio. A princípio, juntamente com “todo” o campesinato contra a monarquia, contra os latifundiários, contra o medievalismo (e nesta medida a revolução continua a ser burguesa, democrática burguesa). Depois, juntamente com o campesinato pobre, juntamente com o semiproletariado, juntamente com todos os explorados, contra o capitalismo, incluindo os camponeses ricos, os kulaques, os especuladores, e nesta medida a revolução torna-se socialista. Tentar erguer uma muralha da China, artificial, entre uma e outra, separar uma da outra doutro modo que não seja pelo grau de preparação do proletaridado e o grau da sua união com os camponeses pobres, é a maior deturpação do marxismo, a sua vulgarização, a sua substituição pelo liberalismo.»

Depois desta citação, Estaline prossegue:

«Muito bem, podem dizer-nos; mas se é assim, por que razão Lénine combateu a ideia da "revolução permanente (ininterrupta)"?

«Porque Lénine propôs que as capacidades revolucionárias do campesinato fossem "esgotadas", fosse feito o mais completo uso da sua energia revolucionária para a completa liquidação do czarismo e para a transição para a revolução proletária, enquanto os adeptos da "revolução permanente" não compreendiam o papel importante do campesinato na revolução russa, subestimavam a força da energia revolucionária do campesinato, subestimavam a força e a capacidade do proletariado russo de liderar o campesinato, dificultando, assim,  a tarefa de emancipar o campesinato da influência burguesa, a tarefa de reunir os camponeses em torno do proletariado.

«Porque Lénine propôs que a revolução culminasse com a transferência de poder para o proletariado, enquanto os adeptos da revolução "permanente" queriam começar imediatamente com o estabelecimento do poder do proletariado, não percebendo que ao fazê-lo estavam a fechar os olhos a um "detalhe tão pequeno" como sobrevivências da servidão e estavam a pôr de lado uma força tão importante quanto o campesinato russo, não conseguindo entender que tal política só podia atrasar a conquista do campesinato para o lado do proletariado.

«Por isso, Lénine lutou contra os adeptos da revolução "permanente", não sobre a questão da ininterrupção, pois o próprio Lénine manteve o ponto de vista da revolução ininterrupta, mas por subestimarem o papel do campesinato, que é uma enorme reserva do proletariado, e não conseguirem entender a ideia da hegemonia do proletariado.

«A ideia da revolução "permanente" não deve ser considerada uma ideia nova. Foi Marx quem primeiro avançou a ideia no final dos anos quarenta na sua conhecida Mensagem à Liga Comunista (1850). [36] É deste documento que os nossos "permanentistas" tiraram a ideia de revolução ininterrupta. Deve-se notar que, ao tirá-la de Marx, os nossos "permanentistas" a alteraram um pouco e, alterando-a, "a estragaram" tornando-a imprópria para uso prático. Era necessária a mão experiente de Lénine para corrigir esse erro, para tomar a ideia de revolução ininterrupta de Marx na sua forma pura e torná-la a pedra angular da sua teoria da revolução.

«Eis o que Marx diz na sua Mensagem sobre a revolução (permanente) ininterrupta, depois de enumerar uma série de exigências democrático-revolucionárias que pede aos comunistas as tornem suas:

Ao passo que os democratas pequeno-burgueses querem pôr fim à revolução o mais depressa possível, com a conquista, quando muito, das exigências atrás referidas, é do nosso interesse e é nossa tarefa tornar permanente a revolução até que todas as classes mais ou menos possidentes estejam afastadas da sua posição dominante, até que o poder de Estado tenha sido conquistado pelo proletariado, que a associação dos proletários, não só num país, mas em todos os países dominantes do mundo inteiro, tenha avançado a tal ponto que tenha cessado a concorrência dos proletários nesses países e que, pelo menos, estejam concentradas nas mãos dos proletários as forças produtivas decisivas.

«Por outras palavras:

«a) Marx não propôs, de forma alguma, iniciar a revolução na Alemanha nos anos cinquenta com o estabelecimento imediato do poder proletário -- contrariamente aos planos dos nossos "permanentistas" russos.

«b) Marx propunha apenas que a revolução culminasse com o estabelecimento do poder do Estado proletário, tirando, passo a passo, uma secção da burguesia após outra das esferas do poder, tendo em vista, após a conquista do poder pelo proletariado, acender o fogo da revolução em todos os países -- e tudo o que Lénine ensinou e realizou no curso da nossa revolução, seguindo a sua teoria da revolução proletária sob as condições do imperialismo, estava em plena sintonia com essa proposição.

«Conclui-se, portanto, que os nossos "permanentistas" russos não apenas subestimaram o papel do campesinato na revolução russa e a importância da ideia de hegemonia do proletariado, mas alteraram (para pior) a ideia de Marx de revolução "permanente", tornando-a inadequada para aplicação à prática.

«É por isso que Lénine ridicularizou a teoria dos nossos "permanentistas", chamando-a de "original" e "magnífica", acusando-os de se recusarem a "pensar por que razão, durante dez anos inteiros, a vida passou ao lado dessa magnífica teoria" [37]. (O artigo de Lénine foi escrito em 1915, dez anos depois do aparecimento da teoria dos "permanentistas" na Rússia. Ver Vol. XVIII, p. 317.)

«É por isso que Lénine considerava essa teoria como uma teoria semi-menchevique e dizia que ela "toma de empréstimo dos bolcheviques o apelo por uma luta revolucionária resoluta pela conquista do poder político por parte do proletariado, e dos mencheviques o ‘repúdio’ do papel do campesinato" (ver o artigo de Lénine Sobre as Duas Linhas da Revolução, ibid.)».
Appendix – Stalin on the “theory” of “permanent revolution

In the much important work The Foundations of Leninism (Pravda, April 26-May 18, 1924) [35] Stalin analyzes in Section III-Theory the various theses of the Leninist theory of proletarian revolution and its application to Russia, namely the respective revolutionary stages. In this regard he quotes Lenin (The Proletarian Revolution and the Renegade Kautsky):

"Things have turned out just as we said they would. The course taken by the revolution has confirmed the correctness of our reasoning. First, with the “whole” of the peasants against the monarchy, against the landowners, against medievalism (and to that extent the revolution remains bourgeois, bourgeois-democratic). Then, with the poor peasants, with the semi-proletarians, with all the exploited, against capitalism, including the rural rich, the kulaks, the profiteers, and to that extent the revolution becomes a socialist one. To attempt to raise an artificial Chinese Wall between the first and second, to separate them by anything else than the degree of preparedness of the proletariat and the degree of its unity with the poor peasants, means to distort Marxism dreadfully, to vulgarise it, to substitute liberalism in its place."

After this quote, Stalin goes on like this:

“Very well, we may be told; but if that is the case, why did Lenin combat the idea of "permanent (uninterrupted) revolution’?

“Because Lenin proposed that the revolutionary capacities of the peasantry be ‘exhausted’ and that the fullest use be made of their revolutionary energy for the complete liquidation of tsarism and for the transition to the proletarian revolution, whereas the adherents of ‘permanent revolution’ did not understand the important role of the peasantry in the Russian revolution, underestimated the strength of the revolutionary energy of the peasantry, underestimated the strength and ability of the Russian proletariat to lead the peasantry and thereby hampered the work of emancipating the peasantry from the influence of the bourgeois, the work of rallying the peasantry around the proletariat.

“Because Lenin proposed that the revolution be crowned with the transfer of power to the proletariat, whereas the adherents of "permanent" revolution wanted to begin at once with the establishment of the power of the proletariat, failing to realise that in so doing they were closing their eyes to such a ‘minor detail’ as the survivals of serfdom and were leaving out of account so important a force as the Russian peasantry, failing to understand that such a policy could only retard the winning of the peasantry over to the side of the proletariat.

“Consequently, Lenin fought the adherents of ‘permanent’ revolution, not over the question of uninterruptedness, for Lenin himself maintained the point of view of uninterrupted revolution, but because they underestimated the role of the peasantry, which is an enormous reserve of the proletariat, because they failed to understand the idea of the hegemony of the proletariat.

“The idea of ‘permanent’ revolution should not be regarded as a new idea. It was first advanced by Marx at the end of the forties in his well-known Address to the Communist League (1850) [36]. It is from this document that our ‘permanentists’ took the idea of uninterrupted revolution. It should be noted that in taking it from Marx our ‘permanentists’ altered it somewhat, and in altering it ‘spoilt’ it and made it unfit for practical use. The experienced hand of Lenin was needed to rectify this mistake, to take Marx's idea of uninterrupted revolution in its pure form and make it a cornerstone of his theory of revolution.

“Here is what Marx says in his Address about uninterrupted (permanent) revolution, after enumerating a number of revolutionary-democratic demands which he calls upon the Communists to win:

While the democratic petty bourgeois wish to bring the revolution to a conclusion as quickly as possible, and with the achievement, at most, of the above demands, it is our interest and our task to make the revolution permanent, until all more or less possessing classes have been forced out of their position of dominance, until the proletariat has conquered state power, and the association of proletarians, not only in one country but in all the dominant countries of the world, has advanced so far that competition among the proletarians of these countries has ceased and that at least the decisive productive forces are concentrated in the hands of the proletarians.

“In other words:

“a) Marx did not at all propose to begin the revolution in the Germany of the fifties with the immediate establishment of proletarian power -- contrary, to the plans of our Russian ‘permanentists.’

“b) Marx proposed only that the revolution be crowned with the establishment of proletarian state power, by hurling, step by step, one section of the bourgeoisie after another from the heights of power, in order, after the attainment of power by the proletariat, to kindle the fire of revolution in every country - and everything that Lenin taught and carried out in the course of our revolution in pursuit of his theory of the proletarian revolution under the conditions of imperialism was fully in line with that proposition.

“It follows, then, that our Russian ‘permanentists’ have not only underestimated the role of the peasantry in the Russian revolution and the importance of the idea of hegemony of the proletariat, but have altered (for the worse) Marx's idea of ‘permanent’ revolution and made it unfit for practical use.

“That is why Lenin ridiculed the theory of our ‘permanentists,’ calling it ‘original’ and ‘splendid,’ and accusing them of refusing to ‘think why, for ten whole years, life has passed by this splendid theory.’ [37] (Lenin's article was written in 1915, ten years after the appearance of the theory of the ‘permanentists’ in Russia. See Vol. XVIII, p. 317.)

“That is why Lenin regarded this theory as a semi-Menshevik theory and said that it ‘borrows from the Bolsheviks their call for a resolute revolutionary struggle by the proletariat and the conquest of political power by the latter, and from the Mensheviks the 'repudiation' of the role of the peasantry’ (see Lenin's article Two Lines of the Revolution, ibid.).”

Notas | Notes

[12] Vimos no artigo anterior que os dirigentes oportunistas, sejam de direita ou de «esquerda» e independentemente das suas afirmações, mostram nos seus feitos estarem sempre prontos a seguir políticas dependentes do entendimento com a burguesia com vista à «conciliação» (a favor da burguesia, claro) dos interesses antagónicos do trabalho e do capital. Remetem sempre o socialismo para as calendas gregas. Iludem os trabalhadores para se manterem como «chefes» e para, alçando-se no poder com o apoio da burguesia, gozarem das oportunidades que lhes concede o capitalismo.
We have seen in the previous article that the opportunist leaders, be they right-wing or "left"-wing and regardless of their statements, show in their deeds that they are always ready to pursue policies dependent on understandings with the bourgeoisie with a view to "conciliation" (in favour of the bourgeoisie, of course) of the antagonistic interests of labour and capital. They always postpone socialism to the Greek calends. They deceive the workers into maintaining themselves as 'bosses' and, by rising to power with the support of the bourgeoisie, to enjoy the opportunities afforded to them by capitalism.

[13] O antigo conselho editorial do Iskra era constituído por Lénine, Plekanov, Martov, Axelrod, Potresov, e Vera Zasulich. Os quatro últimos eram oportunistas. Vieram a integrar o partido menchevique.
The previous editorial board of Iskra was composed of Lenin, Plekhanov, Martov, Axelrod, Potresov, e Vera Zasulich. The last four were opportunists. They later became members of the Menshevik Party.

[14] Em 26 de Novembro de 1903, Plekanov agindo de moto próprio e em violação da decisão do Congresso, co-optou todos os antigos membros mencheviques da Redacção. A partir da edição n.º 52 o Iskra tornou-se o O.C. dos  mencheviques.
On November 26, 1903, Plekhanov, acting on his own and in violation of the decision of the Congress, co-opted all Menshevik ex-editors to the editorial board. Beginning with issue No. 52, Iskra became the C.O. of the Mensheviks.

[15] V. I. Lenin, Carta a Stasova, F.V. Lengnik e outros, 14 de Outubro de 1904. O texto foi traduzido a partir do original em russo.
V.I. Lenin, Letter to Stasova, F.V. Lengnik, and Others, October 14, 1904. The text from MIA was revised according to the original in Russian.

[16] A corrente dita «economista» era a corrente mais à direita do  POSDR. Limitavam as aspirações da classe operária a uma luta económica por salários mais altos e melhores condições de trabalho, afirmando que a luta política era do foro da burguesia liberal. Defendiam a espontaneidade do movimento da classe operária, e eram contra a importância da luta revolucionária e da consciência de classe, afirmando que a ideologia socialista poderia surgir espontaneamente. Em consequência, negavam o papel de vanguarda de um partido da classe operária, considerando que o partido deveria meramente observar o processo espontâneo do movimento e registar os eventos. Lénine analisou detalhadamente as teses dos «economistas» mostrando que de facto pregavam a instilação de valores burgueses nos trabalhadores.
The so-called “economist” faction was the far right trend of the RSDLP. The "economists" limited the aspirations of the working class to an economic struggle for higher wages and better working conditions, asserting that political struggle was the business of the liberal bourgeoisie. They defended the spontaneity in the working-class movement and were against the importance of revolutionary struggle and class-consciousness, and instead asserted that socialist ideology could arise spontaneously. They consequently denied the vanguard role of a party of the working class, considering that the party should merely observe the spontaneous process of the movement and register events. Lenin analysed in detail the theses of the “economists”, showing that they were in fact preaching the instillation of bourgeois values in the workers.

[17] Ver, em especial: V.I. Lénine, Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo (Cap. V), Abril-Maio de 1920:
«Já a simples colocação da questão -- "ditadura do partido ou ditadura da classe? ditadura (partido) dos chefes ou ditadura (partido) das massas?" -- demonstra a mais incrível e desesperada confusão de idéias. ...»
See especially: V.I. Lenin, “Left-Wing” Communism: an Infantile Disorder (Ch. V), April–May 1920:
“The mere presentation of the question – ‘dictatorship of the party or dictatorship of the class; dictatorship (party) of the leaders, or dictatorship (party) of the masses?’ -- testifies to most incredibly and hopelessly muddled thinking. ...”

[18] Ver | See: Moissaye J. Olgin, Trotskyism Counter-Revolution in Disguise, Workers Library Publishers, NY, 1935 (MIA):
«O soviete dessa altura, segundo Lénine, era uma “ampla união combatente de socialistas e democratas revolucionários -- sem forma definida”. O primeiro presidente do Soviete, Tchrustalev-Nosar, nem sequer era socialista.»
“The Soviet of that time, according to Lenin, was a ‘broad fighting union of Socialists and revolutionary democrats -- lacking definite form’. The first chairman of the Soviet, Chrustalev-Nosar, was not even a Socialist.”

[19] Isaac Deutscher, Stalin, A Political Biography, Penguin Books, 1990.

[20] M. N. Pokrovsky, Brief History of Russia, Vol. II, p. 320, 1920 (citado por | quoted by Mossaye Olgin, op. cit.) O livro de Pokrovsky foi bastante apreciado por Lénine | The book written by Pokrovsky was much acclaimed by Lenin.

[21] Peter Struve, social-democrata russo, foi um defensor do «marxismo legal»; juntou-se ao partido Cadete, de direita, em 1905 e tornou-se mais tarde monarquista. Lénine chamou ao struvismo uma distorção burguesa-liberal do marxismo.
Peter Struve, Russian Social-Democrat, was an advocate of "legal Marxism"; he joined the right-wing Cadet Party in 1905 and became later a monarchist. Lenin characterized Struvism as a liberal-bourgeois distortion of Marxism.

[22] Alexander Parvus (I. Helphand, Bielorrusso, 1869-1924), membro do Partido Social-Democrata da Alemanha, desenvolveu o conceito de "revolução permanente" com base no trabalho de Karl Marx. Comunicou essa ideia a Trótski, que a expandiu. Regressado à Rússia, aderiu aos mencheviques após o II Congresso do POSDR e apoiou o novo Iskra. Esteve na Rússia no período da primeira revolução de 1905-1907, onde trabalhou no jornal menchevique Natchalo. Aventureiro político de moral duvidosa, regressou à Alemanha onde se tornou líder de uma corrente pró-guerra (1.ª GM) da social-democracia alemã, tendo colaborado com os serviços secretos militares da Alemanha.
Alexander Parvus (I. Helphand, a Byelorussian, 1869-1924), member of the German Social-Democrat Party, developed the concept of the “permanent revolution" based on work by Karl Marx. He conveyed that idea to Trotsky, who elaborated on it. Having gone back to Russia, Parvus adhered to the Mensheviks after the Second Congress of the RSDLP and supported the new Iskra. He was in Russia in the period of the first revolution, 1905-1907, where he worked in the Menshevik newspaper Nachalo. A political adventurer of shady morals, Parvus went back to Germany where he became leader of a pro-war (WWI) current of the German social-democracy, and collaborated with the German army secret services.

[23] Usámos a versão que corresponde ao manuscrito de Lénine, devidamente confrontada com o original em russo | We use the version that corresponds to Lenin's manuscript, duly confronted with the original in Russian.

[24] O autor trotskista Matthew (Trotsky and permanent revolution, 5 October, 2011) reconhece a co-autoria de Parvus e, indirectamente, a influência de Lassale em Trotski.
The Trotskyite author Matthew (Trotsky and permanent revolution, 5 October, 2011) acknowledges the co-authorship of Parvus and, indirectly, Lassale's influence on Trotsky.

[25] Lénine, Cartas sobre a Táctica, 26 de Abril de 1917 | Lenin, Letters on Tactics, April 26, 1917

[26] Lénine em A Reorganização do Partido, Novembro de 1905, já mencionva a pressão dos trabalhadores para unificar o partido e defendia um congresso com esse fim.
Lenin in The Reorganisation of the Party, November 1905, already mentioned the pressure of the workers to unify the party and advocated a congress for that purpose.

[27] No congresso, que se reuniu em Estocolmo, havia aproximadamente 62 mencheviques e 46 bolcheviques. Foi eleito um Comité Central de três bolcheviques e sete mencheviques e um conselho editorial menchevique do órgão central. Contudo, o congresso adoptou algumas propostas bolcheviques, como aplicar de forma ampla princípios  de eleição, o centralismo democrático, e a formulação de Lénine do famoso §1.
In the congress, gathered at Stockholm, were approximately 62 Mensheviks and 46 Bolsheviks. The congress elected a Central Committee of three Bolsheviks and seven Mensheviks, and a Menshevik editorial board of the Central Organ. However, the congress adopted some Bolshevik proposals, such as broadly applying elective principles, democratic centralism, and Lenin's formulation of the famous §1.


[29] Citado em Harpal Brar, Trotskyism or Leninism?, London, 1993. O artigo «foi a revisão, nos n.ºs do Spartacist 45 e 46, Inverno 1990-91, edição em inglês, por um membro da ICL, Daniel Dauget, de uma biografia de Leon Trotski publicada em 1988 por Pierre Broué”.
Quoted in Trotskyism or Leninism? By Harpal Brar, London, 1993. The article “was the revision, in Spartacist Nos. 45 and 46, Winter 1990-91, English edition, by an ICL member, Daniel Dauget, of a biography of Leon Trotsky published in 1988 by Pierre Broué”.

[30] O Congresso contou com 336 delegados com direito a voto e com voz consultiva; destes, 105 eram bolcheviques, 97 eram mencheviques, 57 eram membros do Bund, 44 eram social-democratas polacos, 29 eram social-democratas da Letónia e 4 eram "não-faccionistas". Os bolcheviques eram apoiados pelos polacos e letões e tinham uma maioria estável no Congresso. As resoluções bolcheviques foram adoptadas em todas as questões de princípio. O Comité Central eleito pelo Congresso consistia em 5 bolcheviques, 4 mencheviques, 1 letão e 2 social-democratas polacos.
The Congress was attended by 336 delegates with a vote and with consultative voice; of these 105 were Bolsheviks, 97 were Mensheviks, 57 were Bund members, 44 were Polish Social-Democrats, 29 were Latvian Social-Democrats and 4 were “non-factional”. The Bolsheviks were supported by the Poles and Latvians and had a stable majority at the Congress. Bolshevik resolutions were adopted on all questions of principle. The Central Committee elected by the Congress consisted of 5 Bolsheviks, 4 Mensheviks, 1 Latvian and 2 Polish Social-Democrats.

[31] União Geral dos Trabalhadores Judeus na Lituânia, Polónia e Rússia que se filiou no POSDR (1898-1903) e a partir de 1906 aderiu aos mencheviques. Tomava posições nacionalistas.
General Union of Jewish Workers in Lithuania, Poland, and Russia, affiliated to RSDLP (1898-1903) and from 1906 sided with Mensheviks. It took nationalist positions.

[32] Não encontrámos esta carta na versão inglesa do MIA. Mas existe na versão em espanhol. As nossas traduções foram baseadas no original em russo.
We did not find this letter in the English version of MIA. But it exists in the Spanish version. Our translations were based on the original in Russian.

[33] Inokenti, pseudónimo de I.F. Dubrovinsky, foi um dos editores do jornal bolchevique Proletari dirigido por Lénine que funcionou na prática como OC dos bolcheviques de 3 de Setembro de 1906 até 11 de Dezembro de 1909.

[34] Die Neue Zeit (Tempos Novos): revista teórica do Partido Social-Democrata Alemão. Die Neue Zeit (New Times): theoretical journal of the German Social-Democrat Party.

[35] Neste trabalho Estaline faz a correcta e sintética definição do leninismo: «O leninismo é o marxismo da era do imperialismo e da revolução proletária. Para ser mais exacto, o leninismo é a teoria e a táctica da revolução proletária em geral, a teoria e a táctica da ditadura do proletariado em particular.»
In this work Stalin formulates the correct and synthetic definition of Leninism: “Leninism is Marxism of the era of imperialism and the proletarian revolution. To be more exact, Leninism is the theory and tactics of the proletarian revolution in general, the theory and tactics of the dictatorship of the proletariat in particular.”

[36] Karl Marx/Friedrich Engels, Mensagem da Direcção Central à Liga dos Comunistas, Março de 1850.
Karl Marx/Friedrich Engels, Address of the Central Committee to the Communist League. March 1850.

[37] Lénine em Sobre as Duas Linhas da Revolução, 20 de Novembro de 1915:
«Quanto a Trotsky, este propõe uma solução errónea em Nashe Slovo, repetindo a sua teoria "original" de 1905 e recusando-se a reflectir sobre as causas pelas quais, durante dez anos, a vida passou ao lado dessa magnífica teoria.»
Lenin in On the Two Lines in the Revolution, November 20, 1915:
“This task is being wrongly tackled in Nashe Slovo by Trotsky, who is repeating his ‘original’ 1905 theory and refuses to give some thought to the reason why, in the course of ten years, life has been bypassing this splendid theory.”