About an
article by Lenin on Trotskyist conciliationism
I - Introdução
Em 31 de Outubro de 1911, o Sotsial-Demokrat, órgão central (O.C.) do POSDR [1], publicou um
artigo de Lénine intitulado A Nova
Fracção dos Conciliadores, ou os Virtuosos. (A tradução em português – que não consta das obras de Lénine em seis
tomos das Edições Avante! – será publicada no próximo artigo deste blog.)
No nosso estudo sobre o percurso político de Trotski deparámos com este artigo que não nos
parece ter sido muito citado, ou quando muito só superficialmente, e que,
todavia, contém várias observações e análises importantes, que vão além do
conciliacionismo trotskista, assinalando traços essenciais do trotskismo.
Para compreender bem o artigo importa recordar primeiro os
antecedentes [2].
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I - Introduction
On
October 31, 1911, the Sotsial-Demokrat,
central organ (C.O.) of the RSDLP [1], published an article by Lenin entitled
The New Faction of Conciliators, or the
Virtuous. In our
study of Trotsky's political career we came across this article which does
not seem to have been much quoted, or at best only superficially, but which, nonetheless,
contains a number of important analyzes and observations that reach beyond
Trotskyist conciliationism, pointing out essential features of Trotskyism.
(We
changed, in quotations from Lenin below, a few words of MIA English
translation which don’t match the original in Russian and translations in
other idioms as well. Our changes are marked yellow. The reader can see the
MIA version in Notes.)
In
order to fully understand the article one needs first to recall the antecedents
[2].
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II - Antecedentes
As
poderosas lutas do operariado russo, após a revolução de Janeiro de 1905, foram
esmagadas ao longo dos dois anos e meio seguintes. Algumas conquistas foram,
contudo, obtidas, p. ex. a possibilidade de participação de
sociais-democratas (membros do POSDR) na Duma (parlamento russo), o que lhes
permitia alguma denúncia pública das medidas contra-revolucionárias do
governo totalmente dominado pela nobreza latifundiária com o apoio da grande
burguesia industrial e financeira. Em Junho de 2007 a II Duma foi dissolvida pelo
PM Stolipin e proclamada uma nova lei eleitoral que aumentava
consideravelmente a representação dos latifundiários e da burguesia reduzindo
o já escasso número de representantes dos trabalhadores. Em 1908, a
contra-revolução campeava. Os bolcheviques [3] foram perseguidos, muitos
foram presos, e a sua imprensa proibida.
Sob pressão da contra-revolução formaram-se três fracções
no POSDR:
(i) Nos mencheviques [3] formou-se em Dezembro de 1908 uma
fracção importante que advogava a limitação da actividade do partido às
organizações legais, isto é, consentidas pelo governo de Stolipin, a
dissolução da actividade clandestina, a transformação do partido num conjunto
solto de organizações, e a aliança dos trabalhadores com a burguesia. No
fundo, o que esta corrente advogava levaria à liquidação do partido como
partido marxista revolucionário e, por isso mesmo, os seus membros eram
designados por liquidadores. O
jornal dos liquidadores era o Golos
Sotsial-Demokrata (Voz Social-Democrata), pelo que também eram designados
por Golos-istas.
(ii) Nos bolcheviques formou-se na Primavera de 1908 uma
pequena fracção «esquerdista» que argumentava que a reacção esmagadora obrigava
o partido a limitar-se ao trabalho ilegal, pelo que não devia exercer
qualquer actividade nas organizações legais ou semi-legais (Duma, sindicatos,
cooperativas, etc.). Defendiam que o partido devia imediatamente revocar
(retirar da Duma) os seus deputados, pelo que ficaram conhecidos por otzovistas (do russo, “revocadores”). A tese dos
otzovistas teria isolado o partido das massas, transformando-o numa
organização sectária incapaz de reunir forças para outro surto
revolucionário. Era a liquidação pela «esquerda». Os otzovistas formaram com
outros o grupo Vperiod (Avante!)
que publicava um jornal com o mesmo nome.
(iii) O pequeno grupo de Trotski e seguidores, do seu jornal
Pravda de Viena, adoptou desde Dezembro
de 1909 a posição de conciliadores.
Em palavras, diziam querer unir todas a fracções, conciliá-las. Na prática,
porém, fechavam os olhos e secretamente estimulavam as acções anti-partido
dos liquidadores e otzovistas, erigindo como inimigos Lénine e o que chamavam
de «bolchevismo oficial».
Lénine e outros bolcheviques combateram renhidamentes
estas fracções que arruinavam o partido. [4] Logo em Maio de 1908, na
conferência social-democrata da cidade de Moscovo, derrotaram uma moção
otzovista. Na V Conferência do POSDR, de 3 a 9 de Janeiro de 1909, lutaram
contra os liquidadores que se opuseram em todos os pontos da conferência e
contra os otzovistas que se opuseram em vários pontos. Numa reunião da
Redacção do O.C.
em 3 de Novembro de 1909, Lénine propôs a
publicação de um artigo
editorial apelando à luta decidida contra o liquidacionismo, mas a maioria
conciliatória-liquidacionista da Redacção (os bolcheviques G. Zinoviev, L. Kamenev e Varski, aliados ocultos de Trotski, [5] e o
menchevique Mártov) rejeitaram o artigo de Lénine, bem como uma sua proposta
de resolução. Em Dezembro de 1909 Estáline também enviou ao O.C. a sua Carta do Cáucaso descrevendo a luta contra
os liquidacionismo local. Foi também rejeitada pela Redacção [6].
De 15 de Janeiro a 5 de Fevereiro de 1910 decorreu em
Paris um plenário do Comité Central (CC) do POSDR, com representantes de
todas as fracções. Zinoviev, Kámenev e A. Ríkov, aliados ocultos de Trotski [5], lideraram essa convocatória [7] que
tinha grandes defensores no grupo de Trotski. O plenário foi dominado pelos
conciliadores -- Trotski e o seu grupo de Viena, e outros -- a que se
juntaram Zinoviev, Kámenev, Ríkov e mesmo os liquidadores. Este importante
plenário iria influenciar acontecimentos posteriores. É citado por Lénine em
vários trabalhos da época apenas como o «plenário». Durante as sessões do
plenário Lénine lutou tenazmente contra os oportunistas e conciliadores.
(Mais tarde caracterizou assim o clima do plenário numa carta a M. Gorki
(11-Abr-1910): «foram três semanas extenuantes, que nos destroçaram os
nervos; algo de mil diabos!") Lénine conseguiu que fosse aprovada uma
resolução que condenava o liquidacionismo e otzovismo e apelava a
combatê-las. Mas liquidadores + otzovistas + conciliacionistas (LOCs) impuseram
várias medidas duras aos bolcheviques – que estes cumpriram – a troco de
medidas mais suaves para eles, que não
cumpriram. Lénine denunciou esse não cumprimento e a política sem
princípios de Trotski na Carta Aberta
ao Colégio do CC do POSDR na Rússia, de 28 de Dezembro de 1910. Escreveu
também uma carta ao CC em 4 de Fevereiro de 1911, onde, recordando o
incumprimento dos LOCs, declara «Restabelecemos
a nossa liberdade de lutar contra os liberais e anarquistas, que são
encorajados pelo líder dos "conciliadores", Trotski».
A corrente leninista procurou na primavera de 1911 obter
do Bureau do CC no Estrangeiro (BCCE) a convocação urgente de um plenário do
CC para resolver a crise no partido, mas a maioria conciliatória-liquidadora
do BCCE obstruiu repetidamente tal diligência, violando disposições do
partido. Perante isto, Lénine convocou uma reunião dos membros do CC do POSDR no estrangeiro (10 a 17 de
Junho de 1911) e logo depois uma reunião do II Grupo do POSDR de Paris. Estas diligências acabam por levar à
constituição de comissões de organização (na Rússia, COR e no estrangeiro,
COE) da VI Aconferência de Toda a
Rússia do POSDR (18–30 de Janeiro de 1912), em Praga, que
desempenhou um papel extraordinário na criação do Partido Bolchevique, um
partido de tipo novo.
Enquanto se processavam as diligências de organização da
VI Conferência os conciliadores que dominavam a Comissão Técnica no
Estrangeiro (CTE) [8], sediada em Paris, boicotaram a convocação da
conferência, retendo fundos para a COE e um jornal bolchevique e atacaram
Lénine no boletim oficial da CTE, Informatsionnii
Biulleten, e num folheto.
É a resposta de Lénine a estes ataques dos conciliadores
da CTE que iremos agora analisar.
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II - Antecedents
The
powerful struggles of the Russian working class after the January 1905
revolution were crushed over the next two and a half years. Some achievements
were, nevertheless, obtained, e.g., the possibility of social democrats
(members of the RSDLP) participating in the Duma (Russian Parliament), therefore
allowing some public exposure of the counterrevolutionary measures of a
government totally dominated by the landlord nobility with the support of the
big industrial and financial bourgeoisie. In June 2007 the 2nd Duma was
dissolved by PM Stolypin and a new electoral law was proclaimed that
considerably increased the representation of landlords and the bourgeoisie by
reducing the already small number of workers' representatives. In 1908, the
counterrevolution raged. The Bolsheviks [3] were persecuted, many were
arrested, and their press banned.
Under
counter-revolution pressure three factions were formed in the RSDLP:
(i)
Within the Mensheviks [3] was formed in December 1908 an important faction
advocating the limitation of party activity to legal organizations, that is, those
allowed by Stolypin’s government, the dissolution of clandestine activity,
the transformation of the party into a loose set of organizations, and the
alliance of the workers with the bourgeoisie. In essence, what this trend advocated
would lead to the liquidation of the party as a revolutionary Marxist party,
and for this very reason its members were designated liquidators. The liquidators' newspaper was the Golos Sotsial-Demokrata (Social
Democratic Voice) and for that reason they were also designated Golosists.
(ii)
Within the Bolsheviks a small “leftist” faction was formed in the spring of
1908, arguing that the overwhelming reaction forced the party to confine
itself to illegal work and therefore should not engage in any activity in
legal or semi-legal organizations (Duma, trade unions, cooperatives, etc.).
They argued that the party should immediately recall (remove from the Duma)
its deputies, so they became known as otzovists
("recallers" in Russian). The otzovist
thesis would have isolated the party from the masses, transforming it into a
sectarian organization unable to gather forces for another revolutionary upsurge.
It amounted to liquidation from the "left". The otzovists formed
with others the Vperiod (Forward)
group and published a newspaper with the same name.
(iii)
The small group of Trotsky and associates of his
Lenin
and other Bolsheviks fought tenaciously against these factions which were ruining
the Party [4]. As early as May 1908, at the Moscow Social Democratic
Conference, they defeated an otzovist motion. At the Fifth RSDLP Conference, from
3 to 9 January 1909, they fought against the liquidators who stood as opposition
in all topics of the conference, and against the otzovists who stood opposed in
several topics. At a meeting of the C.O. editorial board on 3 November 1909,
Lenin proposed the publication of an editorial article demanding a determined
fight against liquidationism, but the conciliatory-liquidationist majority of
the editorial board (the Bolsheviks G. Zinoviev, L. Kamenev and Varski, concealed agents of Trotsky [5], and
the Menshevik Martov) rejected Lenin's article, as well as his proposal for a
resolution. In December 1909 Stalin also sent the C.O. his Letter from the Caucasus describing
the fight against local liquidationism. It was also rejected by the editorial
board [6].
From
January 15 to February 5, 1910, a plenary meeting of the RSDLP Central
Committee (CC) was held in
The
Leninist trend took steps in the spring of 1911 to obtain from the CC
Bureau Abroad (CCBA) the urgent convening of a CC plenum to resolve the party
crisis, but the conciliatory-liquidationist majority of the CCBA repeatedly
obstructed this, violating party provisions. In this light, Lenin convened a meeting of the CC members of the RSDLP
abroad (10-17 June 1911) and shortly thereafter a meeting of the Second Paris Group of the RSDLP. These
moves ultimatey led to the setting up of organizational committees (in
Russia, OCR and abroad, OCA) of the Sixth RSDLP All-Russian Conference (18–30
January 1912) in Prague, which played an extraordinary role in building the
Bolshevik Party, a party of new type.
While
the Sixth Conference was being organized, the conciliators who dominated the
Paris-based Technical Commission Abroad (TCA) [8] boycotted the convening of
the conference, withholding funds for the OCA and for a Bolshevik newspaper,
and attacked Lenin in the TCA official newsletter, the Informatsionnyi Biulleten, and in a leaflet.
It
is Lenin's response to these attacks by the TCA conciliators that we will now
analyze.
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IV – Síntese
No que se segue identificamos e sintetizamos as principais
características de Trotski e seus associados, os conciliadores de Paris, que
Lénine revela neste trabalho. Cada
característica é exemplificada com citações de Lénine. (Só usamos as
citações acima. No artigo completo de Lénine encontram-se muitos mais
exemplos.) Em cada citação, o que respeita à característica identificada é
marcado a negrito e por vezes também sublinhado. As características estão
numeradas mas a ordem é irrelevante. Todas as interpolações nas citações são
nossas.
1 - Os adversários
Os adversários concretos de Trotski e trotskistas não são os partidos de direita. São os «bolcheviques oficiais [!]», os «bolcheviques
leninistas».
a) «[Os dois documentos]
assinados por “Grupo de bolcheviques pró-partido”, que apareceram em Paris
... são ataques semelhantes no
conteúdo contra o “bolchevismo oficial” ou, segundo outra expressão, contra os “bolcheviques leninistas”. Estes
documentos estão cheios de cólera; contêm mais exclamações e declamações de
cólera do que substância real».
b) «Os fundamentos falsos do conciliacionismo são: o desejo de construir
a unidade do partido do proletariado pela aliança de todas as fracções, incluindo as fracções anti-social-democratas e
não-proletárias; a ausência total de princípios da sua projecto-mania
«unificadora» que não leva a nada; as suas falsas frases contra as “fracções”
... frases impotentes para dissolver as fracções anti-partido e que minam a fracção bolchevique que
suportou nove décimos do peso da luta contra o liquidacionismo e o otzovismo».
c) «Trotski fornece-nos uma abundância de exemplos de projecto-mania
“unificadora” carente de princípios. Lembremo-nos ... de como elogiou o Rabotchaia Jizn [jornal de conciliadores e liquidadores].
Sublime! -- dizia Trotski nos seus escritos -- "nem bolchevique, nem
menchevique, mas social-democrata revolucionário". O pobre herói das
frases só não percebeu uma mera
bagatela: só é revolucionário o social-democrata que compreende o dano do pseudo-social-democratismo
anti-revolucionário num dado país num dado momento».
d) «Ao beijar o Rabotchaia Jizn
-- que nunca lutou contra os social-democratas não-revolucionários da Rússia -- Trotski não fez senão desmascarar
o plano dos liquidadores a quem serve fielmente: .... Isso asseguraria a vitória completa dos
liquidadores [contra o POSDR maioritariamente bolchevique] e só os seus lacaios podiam propor ou
defender um tal plano».
2 - A fraseologia
Fraseologia de «esquerda», empolada, vazia de conteúdo
real, para esconder a demagogia, a falta de princípios e acções de apoio à
direita.
a) «... Estes
documentos estão cheios de cólera; contêm mais exclamações e declamações de
cólera do que substância real»
b) «... as suas falsas
frases contra as “fracções” ... frases
impotentes para dissolver as fracções anti-partido e que minam a fracção bolchevique ...»
c) «Trotski
fornece-nos uma abundância de exemplos de projecto-mania “unificadora”
carente de princípios. Lembremo-nos
... de como elogiou o Rabotchaia Jizn
[jornal de conciliadores e liquidadores]. Sublime! -- dizia Trotski nos seus escritos -- "nem bolchevique, nem menchevique, mas
social-democrata revolucionário". O pobre herói das frases só não percebeu uma mera bagatela: só é revolucionário o social-democrata
que compreende o dano do
pseudo-social-democratismo anti-revolucionário num dado país num dado momento»
e) «Mesmo agora, as vossas
exclamações contra o fraccionismo continuam a ser meras frases, porque vós
mesmos sois uma fracção, e certamente uma das piores, das menos seguras,
das mais carentes de princípios»
f) «Como pôde acontecer, estimados conciliadores, que,
apesar da vossa virtude, todos vos obstacularizaram, ao passo que todos nos
ajudaram apesar da nossa maldade fraccionista? Foi porque a política do vosso grupito dependia
apenas de frases, muitas vezes muito benevolentes e bem intencionadas, porém
vazias».
g) «O desarmamento [de fundos e jornais] das fracções só é
possível na base da reciprocidade; caso contrário [caso de Trotski], é uma palavra de ordem reaccionária,
extremamente prejudicial à causa do proletariado; é uma palavra de ordem demagógica, pois apenas facilita a luta implacável dos liquidadores contra o partido».
3 - A incapacidade teórica
A incapacidade teórica está intimamente relacionada com o
posicionamento de classe do trotskismo e traduz-se em: o desprezo pela
realidade concreta, a falta de princípios, as vacilações entre direita e
esquerda.
b) «Os fundamentos falsos do conciliacionismo
são: o desejo de construir a
unidade do partido do proletariado pela aliança de todas as fracções, incluindo as fracções anti-social-democratas e
não-proletárias; a ausência total
de princípios da sua projecto-mania “unificadora” que não leva a nada ...»
c) «Trotski fornece-nos uma abundância de exemplos de
projecto-mania “unificadora” carente de princípios. ... Sublime! -- dizia Trotski nos seus
escritos -- "nem bolchevique, nem menchevique, mas social-democrata
revolucionário". ...»
h) «Trotski vem
pregando com obstinação – desde há bastante tempo, oscilando umas vezes mais para o lado dos bolcheviques e outras vezes
mais para o lado dos mencheviques -- esse
acordo (ou compromisso) entre todas e quaisquer fracções».
i) «Vocês tornam-se ridículos quando, como Trotski, lançam
acusações de fraccionismo uns aos outros ...; não se dão sequer ao trabalho de pensar:
o que é uma fracção? Tratem de defini-la, e prevemos que irão
enredar-se ainda mais, porque vocês mesmos constituem uma fracção -- uma
fracção vacilante, sem princípios
...».
j) «Isto é completamente falso, e constitui precisamente o erro de princípio que Trotski fez e que
desmascarei há ano e meio. ... O
erro de Trotski foi continuar a apresentar a aparência como realidade ....
Depois do plenário e desde a primavera de 1910, Trotski enganou os trabalhadores da maneira mais sem princípios e
desavergonhada, assegurando-lhes que os obstáculos à unidade eram
principalmente (se não totalmente) de natureza organizativa. ...»
4 - A inconsistência
k) «[os conciliadores de Paris, trotskistas] não apresentam uma única tese sem
imediatamente a refutar»
l) «A única
diferença entre Trotski e os conciliadores de Paris é que os últimos
consideram Trotski um fraccionista e consideram-se a si próprios não-fraccionistas, enquanto
Trotski mantém a visão oposta».
5 – A mentira
Trotski e os trotskistas usam a distorção dos factos e a
mentira pura e simples para os mais variados propósitos:
a) «[Os dois documentos os conciliadores de Paris,
trotskistas] assinados por “Grupo de
bolcheviques pró-partido”, que apareceram em Paris ...».
Duas mentiras para
se fazerem passar pelo que não são: 1) queriam passar por bolcheviques,
dissimulando esta mentira sob o pretexto de que não eram «bolcheviques
oficiais» ou «bolcheviques leninistas», como se houvesse outros! 2) queriam
passar por pró-partido, embora fizessem tudo para fraccionar o partido.
j) «Isto é
completamente falso, e constitui precisamente o erro de princípio que
Trotski fez e que desmascarei há ano e meio. ... O erro de Trotski foi continuar a apresentar a aparência como realidade .... Depois do plenário e desde a
primavera de 1910, Trotski enganou os trabalhadores da maneira
mais sem princípios e desavergonhada,
assegurando-lhes que os obstáculos à unidade eram principalmente (se não
totalmente) de natureza organizativa. ...»
Mentira para
«apresentar a aparência como
realidade» e com isso enganar os trabalhadores.
m) «A fim de
dissimular o facto político indiscutível do completo fracasso do conciliacionismo, os conciliadores são forçados a
recorrer à distorção total dos factos. Escute-se o que dizem: “A política
fraccionista dos bolcheviques
leninistas foi particularmente prejudicial porque contavam com a maioria em todas as principais instituições do partido,
de modo que...” ...»
Lénine desmente a com factos bem conhecidos esta mentira usada pelos trotskistas para dissimular
o seu fracasso político atribuindo a culpa pelo fracasso aos bolcheviques
leninistas.
n) «Por que
precisam os conciliadores desta distorção de factos bem conhecidos? Para
piscar o olho aos liquidadores, e obter a sua benevolência. Por um lado,
“o trabalho conjunto com os liquidadores é impossível”. Por outro lado, o fraccionismo dos bolcheviques
"justifica-os"!».
Mentira para ficar
de bem com a direita e atribuir a culpa aos bolcheviques leninistas.
o) «Eles [os conciliadores de Paris, trotskistas] dizem
que são bolcheviques que “não
compartilham das concepções organizativas do bolchevismo oficial”».
Mentira para
sustentar a sua auto-intitulação como bolcheviques que só diferem nas
concepções organizativas, como se isso não fosse contraditório com ser
bolchevique. (Lénine desmente tal tese detalhadamente.)
p) «Trotski e Iónov
[membro do Bund!] ... também asseguravam estar contra os
liquidadores, mas que entendiam de forma
diferente a tarefa de combatê-los. Isto é ridículo, camaradas --
declarar, três anos após o início da luta, que entendem o carácter dessa luta
de forma diferente!»
Mentira para
dissimular o apoio à direita a pretexto de que entendem de forma diferente
a tarefa de combatê-la. De facto, não a
combatendo.
6 –
Incapacidade de auto-crítica
A culpa do constante fracasso político de Trotski e
trotskistas é sempre dos outros, principalmente dos «representantes oficiais
do bolchevismo».
q) «... a culpa
[atribuída pelos conciliadores de Paris, trotskistas] é do fraccionismo, o fraccionismo dos mencheviques, do grupo Vperiod e do Pravda ... e, por último, dos “representantes oficiais do
bolchevismo” que “provavelmente ultrapassaram todos esses grupos nos seus
esforços fraccionistas”»
r) «Disse que depois de ano e meio de domínio nos centros
do partido o conciliacionismo sofreu o mais rotundo fracasso político. A
réplica usual é: sim, mas isso é
porque vocês, os fraccionistas nos estorvaram (veja-se a carta dos conciliadores – mas não bolcheviques -- Guermann e Arkadi no Pravda [do grupo Trotski de Viena], n.º 20)».
f) «Como pôde
acontecer, estimados conciliadores, que, apesar da vossa virtude, todos vos
obstacularizaram, ao passo que todos nos ajudaram apesar da nossa maldade
fraccionista? ...»
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IV - Synthesis
In
what follows we identify and synthesize the main features of Trotsky and his
associates, the
1 - The opponents
The
concrete opponents of Trotsky and Trotskyists are not the right-wing parties. They are indeed the "official [!]
Bolsheviks", the "Leninist Bolsheviks".
a)
“[The two documents] signed by ‘A Group of Pro-Party Bolsheviks’, which appeared … in
b)
“The very foundation
of conciliationism is false -- the wish to base the unity of the party of the
proletariat on an alliance of all factions, including the
anti-Social-Democratic, non-proletarian factions; false are its unprincipled
“unity” schemes which lead to nothing; false are its phrases against
“factions” … phrases that are powerless to dissolve the anti-Party factions, but are intended to weaken the Bolshevik
faction which bore nine-tenths of the brunt of the struggle against
liquidationism and otzovism."
c)
“Trotsky provides us with an
abundance of instances of scheming to establish unprincipled “unity”. Recall
… how he praised the
d)
“By his kissing of Rabochaya
Zhizn which had never fought against the non-revolutionary
Social-Democrats in Russia, Trotsky was merely revealing the
plan of the liquidators whom he serves faithfully -- ... This
would assure complete victory for the liquidators [against the RSDLP of Bolshevik
majority] and only their lackeys could
pursue or defend such a line of action.”
2 - Phraseology
“Leftist”
phraseology, pompous, empty of any real content, destined to mask demagogy,
lack of principles and supportive actions to the rightists.
a)
“… These documents are full of ire;
they contain more angry exclamations and declamations than real substance.”
b)
“... false are its phrases against “factions” … phrases that are powerless to
dissolve the anti-Party factions, but
are intended to weaken the Bolshevik faction ..."
c)
“Trotsky provides us with an
abundance of instances of scheming to establish unprincipled “unity”. Recall
… how he praised the Paris Rabochaya Zhizn [newspaper of conciliators and liquidators]. How wonderful! -- wrote Trotsky -- “neither Bolshevik, nor Menshevik, but revolutionary Social-Democrat”.
The poor hero of phrase-mongering
failed to notice a mere bagatelle -- only
that Social-Democrat is revolutionary who understands how harmful
anti-revolutionary pseudo-Social-Democracy can be in a given country at a
given time.”
e)
"Even
now, your outbursts against
factionalism remain mere words, because you yourselves are a faction,
one of the worst, least reliable, unprincipled factions."
f)
“How is
it, my dear conciliators, that, notwithstanding your virtue everybody
hampered you, whereas everyone helped us in spite of all our factional
wickedness? It was because the policy of your petty group hinged
only on phrase-mongering, often very well-meaning and well-intentioned
phrase-mongering, but empty nonetheless.”
g)
“The
disarming [of funds and newspapers] of the factions is possible only on the
basis of reciprocity -- otherwise it is a
reactionary slogan, extremely harmful to the cause of the proletariat;
it is a demagogical slogan, for it only facilitates the
uncompromising struggle of the liquidators against the Party.”
3 - Theoretical inability
The
theoretical inability is intimately related to the class position of Trotskyism,
and translates into: contempt for concrete reality, lack of principles,
vacillations between right and left.
b)
“The very foundation of
conciliationism is false -- the wish to base the unity of the party of the
proletariat on an alliance of all factions, including the
anti-Social-Democratic, non-proletarian factions; false are its unprincipled
“unity” schemes which lead to nothing ..."
c)
“Trotsky provides us with an
abundance of instances of scheming to establish unprincipled ‘unity’. … How wonderful! -- wrote Trotsky – ‘neither
Bolshevik, nor Menshevik, but revolutionary Social-Democrat.’ …”
h)
“For a
long time now, Trotsky -- who at one moment has wavered more to the
side of the Bolsheviks and at another more to that of the Mensheviks -- has
been persistently carrying on propaganda for
an agreement (or compromise) between all and sundry factions.”
i)
You make yourselves ridiculous when you
and Trotsky hurl accusations of factionalism at one another …; you do not take the trouble to think:
what is a faction? Try to give a definition, and we predict that you
will entangle yourselves still more; for you yourselves are a faction—a
vacillating, unprincipled faction
…”
j)
“This is obviously untrue, and
constitutes the very error of principle which Trotsky made, and which I
exposed a year and a half ago. ... Trotsky’s
error was in continuing to pass off the apparent for the real ... But after
it [the Plenary], ever since the spring of 1910, Trotsky has been deceiving
the workers in a most unprincipled and shameless manner by assuring them that
the obstacles to unity were principally (if not wholly) of an organisational
nature.”
4 – Inconsistency
k)
“Every proposition the authors of
the pamphlet [the
l)
“The only difference between Trotsky
and the conciliators in
5 – Lies
Trotsky
and the Trotskyists use the distortion of the facts and outright lies for
various purposes:
a)
"[The two documents of the
Two lies aimed at pretending to be
what they were not: 1) They wanted to be seen as Bolsheviks, concealing this lie under
the pretext they were not "official Bolsheviks" or "Leninist
Bolsheviks" as if there were others sorts! 2) They wanted to be seen as
pro-Party, although they did everything to split the party.
j)
“This is obviously untrue, and
constitutes the very error of principle which Trotsky made, and which I
exposed a year and a half ago. ... Trotsky’s
error was in continuing to pass off the apparent for the real
...
But after it [the Plenary], ever since the spring of 1910, Trotsky has been deceiving the
workers in a most unprincipled and shameless manner by assuring them that the
obstacles to unity were principally (if not wholly) of an organisational
nature.”
A lie to present appearance as
reality and thereby deceive workers.
m)
“In order to obscure this undoubted
political fact, the complete failure of conciliationism, the
conciliators are forced to resort to a downright distortion of facts. Just listen to this: ‘The
factional policy of the Leninist
Bolsheviks was particularly harmful because they had a majority in all the principal Party institutions, so
that ...’”
Lenin
refutes with well-known facts this lie
used by the Trotskyists to conceal their political failure by blaming the
Leninist Bolsheviks for it.
n)
“Why did the conciliators resort to
such a distortion of well-known facts? In order to give a wink to the liquidators,
and curry favour with them. On the one hand, ‘joint work with the liquidators
is impossible’. On the other hand—they
are ‘justified’ by the factionalism of the Bolsheviks!”
A lie to curry favour with the
right-wing and to blame the Leninist Bolsheviks.
o)
"They [the Trotskyist Paris conciliators] say they are Bolsheviks who ‘do not share the organisational views of official
Bolshevism’."
A lie to support their self-entitlement
as Bolsheviks who only differ in organizational conceptions, as if this was
not contradictory to being Bolshevik. (Lenin refutes such a thesis in
detail.)
p)
“Trotsky and Ionov [member of the Bund!],
who asserted that they too
were opposed to the liquidators, but that they understood the task of
combating them differently. It is ridiculous, comrades—to
declare, three years after the struggle began, that you understand the
character of this struggle differently!”
A lie to dissimulate support of
the right-wing on the grounds that they understand in a different way the task
of fighting it. In fact, amounting to not fighting it.
6 - Inability to self-criticize
The
cause of the continuing political failure of Trotsky and Trotskyists is
always blamed on others, especially the "official representatives of
Bolshevism."
(q)
“… it is [as attributed by the Paris
Trotskyist conciliators] the fault of
factionalism, the factionalism of the Mensheviks, the Vperyod group,
and of Pravda … and, finally, of the ‘official representatives of
Bolshevism” who “have probably outdone all these groups in their factional
efforts’.”
r)
“I have
said that after a year and a half of domination in the Party
centres, conciliationism has suffered complete political bankruptcy. The
usual answer to this is yes, but that
is because you factionalists were hampering us (see the letter of the conciliators—not Bolsheviks—Hermann
and Arkady in Pravda [Trotsky’s
f)
“How is it, my dear conciliators,
that, notwithstanding your virtue everybody hampered you, whereas everyone
helped us in spite of all our factional wickedness?...”
|
Notas | Notes
[1] POSDR = Partido
Operário Social-Democrata Russo. Nessa época os vários partidos marxistas designavam-se
social-democratas. O Sotsial-Demokrat
era o jornal do POSDR publicado na clandestinidade de Fevereiro de 1908 a
Janeiro de 1917 (58 números). Mais de 80 artigos e notas de Lenin apareceram no
Sotsial-Demokrat. Alguns dos editores
(Kámenev e Zinoviev) adoptaram uma atitude conciliatória em relação aos liquidadores
e tentaram impedir a implementação da linha leninista. Os membros mencheviques,
Mártov e Dan, sabotaram o trabalho da Redacção do jornal e defendiam
abertamente o liquidacionismo no Golos
Sotsial-Demokrata. A luta intransigente de Lénine contra os liquidadores
levou Mártov e Dan a saírem da Redacção em Junho de 1911.
RSDLP
= Russian Social Democratic Labour Party.
At the time the various Marxist parties were denominated social democratic. The
Sotsial-Demokrat was the RSDLP journal
published clandestinely from February 1908 to January 1917 (58 issues). Over 80
articles and notes by Lenin appeared in Sotsial-Demokrat. Some of the editors
(Kamenev and Zinovyev) adopted a conciliatory attitude towards the liquidators,
and tried to prevent the implementation of the Leninist line. The Menshevik
members, Martov and Dan, sabotaged the work of the Editorial Board of the paper
and openly defended liquidationism in Golos Sotsial-Demokrata. Lenin’s
uncompromising struggle against the liquidators led to Martov and Dan leaving
the Editorial Board of Sotsial-Demokrat in June 1911.
[2] Na descrição de acontecimentos históricos baseamo-nos
não só nos trabalhos de Lénine como também em notas a esses trabalhos
publicadas pelas Edições Progresso de
Moscovo, usadas nas obras completas de Lénine em várias línguas, nomeadamente
em português, inglês (no MIA com apreciável influência trotskista), espanhol,
francês e italiano, que compulsámos. Essas notas baseiam-se em factos
objectivos: actas de reuniões, conferências e congressos, que foram publicadas
e eram do domínio público, órgãos editoriais de jornais, dados sobre votações,
etc. Em algumas poucas actas originais em russo que analisámos em parte não
encontrámos discrepância com notas das Edições
Progresso. Também nos socorremos de artigos e livros de historiadores de
várias persuasões (citados em artigos anteriores) onde nunca encontrámos
qualquer desmentido sobre as referidas notas, inclusive de historiadores hostis
ao poder soviético.
In
describing historical events we rely not only on Lenin's works but also on the
respective notes published by the Progress
Editions, Moscow, which appear in Lenin's complete works in various
languages, namely Portuguese, English (in MIA with considerable Trotskyist
influence), Spanish, French and Italian, which we have consulted and compared. These
notes are based on objective facts: minutes of meetings, conferences and
congresses, which were published and were in the public domain, newspaper
editorial bodies, voting data, etc. In the few original Russian minutes we have
partially analysed, we found no discrepancy with the notes from Progress Editions. We have also relied
on articles and books by historians of various persuasions (cited in previous
articles) where we have never found any denial of the mentioned notes, including
from historians hostile to Soviet power.
[3] Os bolcheviques correspondiam à fracção maioritária (daí
o nome) que emergiu do II Congresso do POSDR como defensora de um partido
marxista revolucionário. Os mencheviques correspondiam à fracção minoritária (daí
o nome) que emergiu do II Congresso do POSDR com posições oportunistas. Ver: Sobre Trotski I e II e nota 12 de II.
The
Bolsheviks corresponded to the majority faction (hence the name) that emerged
from the Second RSDLP Congress as defender of a revolutionary Marxist party.
The Mensheviks corresponded to the minority faction (hence the name) that
emerged from the II RSDLP Congress with opportunistic positions. See: On
Trotsky I and II
and note 12 of II.
[4] No trabalho No
Caminho, de 10 de Fevereiro de 1909, Lénine retrata bem a gravíssima crise
que atravessava o POSDR: «Passámos por um ano de desintegração, un ano de
discrepâncias ideológicas e politicas, un ano de desorientação do partido.
Todas as organizações do partido viram reduzidos os seus efectivos, e algumas
-- precisamente as que contavam com uma menor quantidade de proletários --
ruíram. As organizações partidárias semilegais criadas pela revolução sofreram
golpe atrás de golpe. A tal ponto chegaram as coisas que alguns membros do
partido, influenciados pelo ambiente de desagregação, preguntavam se era
preciso manter o Partido Social-Democrata tal como antes ...»
Também Estáline, escrevia do Cáucaso em Agosto de 1909 em A Crise do Partido e as nossas Tarefas:
«Não é segredo para ninguém que o
Partido está a passar por uma crise severa. A perda de membros, a contracção e
debilidade das organizações, o seu mútuo isolamento, a ausência de trabalho
coordenado do Partido – tudo isto mostra que o Partido não anda bem, está a
passar por uma grave crise.»
In
his work On the Road, 10 February
1909, Lenin presents a clear picture of the very serious crisis that the RSDLP
was going through: “A year of disintegration, a year of ideological and
political disunity, a year of Party driftage lies behind us. The membership of
all our Party organisations has dropped. Some of them—namely, those whose
membership was least proletarian—have fallen to pieces. The Party’s semi-legal
institutions created by the revolution have been broken up time after time.
Things reached a point when some elements within the Party, under the impact of
the general break-up, began to ask whether it was necessary to preserve the old
Social-Democratic Party ...”
Stalin
also wrote from the Caucasus on August 1 and
27, 1909, in The Party Crisis and Our
Tasks: “It is no secret to anyone that our Party is passing through a
severe crisis. The Party’s loss of members, the shrinking and weakness of the
organisations, the latter’s isolation from one another, and the absence of
co-ordinated Party work—all show that the Party is ailing, that it is passing
through a grave crisis.”
[5] A asserção de que G. Zinoviev e L. Kamenev (e outros)
eram já nessa altura aliados ocultos de Trotski, que consta das notas das Edições Progresso, parece-nos bem
alicerçada em muitos factos, nomeadamente:
-- A rejeição do artigo de Lénine na reunião da Redacção do Sotsial-Demokrat
em 3 de Novembro de 1909.
-- Na conferência da
Redacção ampliada do Proletari (órgão
dos bolcheviques) convocada por Lénine e realizada em Paris de 21 al 30 de
Junho de 1909, Zinóviev, Kámenev, Rikov e Tomski tomaram posições conciliadoras
em várias questões. Na conferência participaram otzovistas: A. Bogdánov, V.
Shántser e o representante da organização regional de Moscovo, V. Shuliátikov.
-- Em Novembro de 1909, Lénine, de acordo com a resolução da
citada conferència do Proletari,
apresentou um plano de aproximação dos bolcheviques com os mencheviques
pró-partido para lutar em comum contra os liquidadores e otzovistas. Zinóviev,
Kámenev e Rikov opuseram-se ao plano leninista e tomaram posições conciliadoras
semelhantes às de Trotski.
-- No plenário do CC em Paris de 15 de Janeiro a 5 de Fevereiro
de 1910, Zinóviev, Kámenev e Rikov de novo tomam posições conciliadoras.
Quando, na resolução final, se decide subsidiar o Pravda (de Viena) de Trotski, sob condição de incorporar um
representante do CC na sua Redacção, é bastante suspeito que tenha sido nomeado
Kámenev, cunhado de Trotski, para desempenhar esse cargo. É ainda mais suspeito
que Trotski não tenha encontrado em Kámenev oposição à sua violação da
resolução; pelo contrário, de imediato
o «exonerou» do cargo.
-- Lénine diz o numa Carta
a G. Zinoviev de 24 de Agosto de
1909 (ver em Trotski II) «... espero que o tenha convencido de que Trotski se
comporta como um infame carreirista e fraccionista do tipo Ryazanov e C.ª».
Este «espero que o tenha convencido» só pode significar que Lénine sabia que
Zinoviev ainda não estava «convencido».
We
consider the assertion which appears in the notes of Progress Editions, that G. Zinoviev and L. Kamenev (and others)
were already at that time concealed allies of Trotsky, to be well grounded in
many facts, particularly:
--
The rejection of Lenin's article at the meeting of the Sotsial-Demokrat editorial board on 3 November 1909.
--
At the Proletari (Bolshevik organ)
conference convened by Lenin and held in Paris from 21 to 30 June 1909,
Zinoviev, Kamenev, Rykov and Tomsky took conciliatory positions on a number of
issues. The conference was attended by otzovists: A. Bogdánov, V. Shántser, and
the representative of the Moscow
regional organization, V. Shuliátikov.
--
In November 1909, Lenin, in accordance with the resolution of the cited Proletari conference, proposed a plan
for a rapprochement of the Bolsheviks with the pro-party Mensheviks in order to
fight together against the liquidators and otzovists. Zinoviev, Kamenev, and
Rikov opposed the Leninist plan and took conciliatory positions similar to those
of Trotsky.
--
At the CC plenum in Paris
from 15 January to 5 February 1910, Zinoviev, Kamenev and Rykov again took
conciliatory positions. When in the final resolution it was decided to
subsidize Trotsky's Pravda (of Vienna ), on condition that
it incorporated a CC representative into its editorial board, it is highly
suspicious that Trotsky's brother-in-law Kamenev was appointed to that position.
It raises even more suspicions that Trotsky did not find from Kamenev any opposition
to his violation of the resolution; on the contrary, he immediately discharged” him from office.
--
Lenin says in a letter to G. Zinoviev of 24 August 1909 (see Trotsky II) “... I
hope it has convinced you that Trotsky behaves like a despicable careerist and
factionalist of the Ryazanov-and-Co. type”. This "I hope it has convinced you"
can only mean that Lenin knew that Zinoviev wasn’t yet "convinced".
[6] Lénine refere-se em Notas
de um Publicista (Março 19 e Junho 7, 1910) a esta carta de Estáline (camarada K. St.),
que desenvolvia a sua actividade revolucionária no Cáucaso. A carta, dirigida
contra os liquidadores de Tiflis, foi escrita em Dezembro de 1909. A fracção
menchevique da Redacção do Sotsial-Demokrat
negou-se a publicar a carta; apareceu em 7 de Junho de 1910 no Diskussionnii Listok, n.º 2, junto com a
resposta de N. Jordania, dirigente dos mencheviques do Cáucaso. Lénine diz que
a resposta de Jordania (camarada An) «confirma as graves acusações do autor da Carta
do Cáucaso »
Lenin
mentions this letter from Stalin (Comrade
K. St. ) in Notes
from a Publicist (March 19 and June 7, 1910). Stalin was then engaged in
revolutionary activity in the Caucasus . The
letter, directed against the Tiflis
liquidators, was written in December 1909. The Menshevik section of the Sotsial-Demokrat editorial board refused
to publish the letter; it appeared on June 7, 1910 in Diskussionnyi Listok, No. 2, along with the response of N. Jordania,
leader of the Caucasus Mensheviks. Lenin says that Jordania's response (Comrade
An) "confirms the gravest accusations of the author of the Letter from
the Caucasus”.
[7] Em Novembro de 1909, Lénine, de acordo com a resolução
da Conferência da Redacção ampliada do Proletari
(jornal bolchevique), apresentou um plano de aproximação e formação de um bloco
dos bolcheviques com os mencheviques pró-partido (grupo Plekanov) para lutarem
juntos contra os liquidadores e otzovistas. Os conciliadores Zinóviev, Kámenev
e Rikov esforçavam-se por unir os bolcheviques com os liquidadores e os
trotskistas. Os membros do CC I. Dubrovinski e V. Noguin mostraram uma atitude
vacilante e conciliadora. A rejeição da proposta de Lénine motivou a convocação
do plenário do CC.
In
November 1909, Lenin, in accordance with the resolution of the Conference of
the enlarged editorial board of Proletari
(Bolshevik newspaper), presented a plan for a rapprochement and formation
of a block of the Bolsheviks with the pro-party Mensheviks (Plekhanov group) to
fight together against the liquidators and otzovists. The conciliators
Zinoviev, Kamenev, and Rykov strove to unite the Bolsheviks with the
liquidators and the Trotskyists. The CC
members I.
Dubrovinski and V. Noguin showed a vaccilating and conciliatory attitude. The
rejection of Lenin's proposal led to the convening of the CC plenum.
[8] A CTE foi constituída numa reunião do CC a 14 de Junho
de 1911, com a missão de cumprir funções técnicas de edições do partido,
transporte de publicações, etc. Depois dos ataques da CTE e da sua recusa de
acatar as decisões da COR numa reunião de 1 de Novembro de 1911, os
bolcheviques romperam com ela.
The
TCA was formed at a CC meeting on 14 June 1911, with the mission of fulfilling
technical functions of party editions, transportation of publications, etc. Following
the TCA attacks and its refusal to abide by OCR's decisions at a meeting on
November 1, 1911, the Bolsheviks broke with it.
[8a] MIA: message
[8b] MIA: quite
[9] Iónov (F. M. Koigen) era um dos líderes do Bund,
uma organização dos trabalhadores judeus na Lituânia, Polónia e Rússia filiada no
POSDR, que a partir de 1906 aderiu aos mencheviques. Tomava posições nacionalistas.
Ionov
(F. M. Koigen) was one of the leaders of the Bund, an RSDLP-affiliated Jewish
workers' organization in Lithuania ,
Poland and Russia which from 1906 joined the
Mensheviks. It took nationalist positions.
[9a]
The MIA translation uses “is” instead of the equal sign standing in the
original (and in translations in other languages). Uses also “vice” instead of
wickedness
[9b]
MIA: object. (Below, they use “aim”.)
[9c] MIA: hint.
[9d] MIA: émigré.
[9e] MIA: bouquets.
[9f] MIA: praise.
[10] Lénine refere-se à resolução «Sobre o liquidacionismo»
adoptada pela «Conferência das Organizações Social-Democráticas
Transcaucasianas», que foi na verdade uma conferência de liquidadores
caucasianos. A natureza anti-partidária da «conferência» foi exposta em
correspondência publicada no n.º 24 de
Sotsial-Demokrat de 31 de Outubro, 1911.
Lenin
is referring to the resolution “On Liquidationism” adopted by the “Conference
of Transcaucasian Social-Democratic Organisations”, which was really a
conference of Caucasian liquidators. The anti-Party nature of the “conference”
was exposed in correspondence published in No. 24 of Sotsial-Demokrat
of October 18 (31), 1911.
[11] “Machismo” designa aqui a filisosofia empriocriticista
do físico Ernst Mach que Lénine analisou em detalhe no seu livro Materialismo e Empiriocriticismo.
Comentários críticos sobre uma filosofia reaccionária, escrito em 1908.
Nele expõe o conteúdo idealista do empriocriticismo de Mach e de outros.
[11a]
MIA: (missing).
[11b]
MIA: The
Diary of a Social-Democrat.
[11c] MIA: remains suspended.