An episode of oligarchic reaction 2150 years ago
Desde que há milénios as sociedades humanas se dividiram em classes
antagónicas, de que uma governa explorando o trabalho de outras, o
imperialismo não tarda a instalar-se. Vemo-lo já nas civilizações antigas. Exploração
e imperialismo têm como corolários guerras, genocídios, massacres, assassinatos
políticos, etc. Estes males nunca terão fim enquanto existirem classes
antagónicas. E não importa as diversas pregações morais dos religiosos. Elas
já são pregadas há milénios sem qualquer resultado. Neste aspecto – como em
tudo na natureza – o que importa são as leis materiais concretas que regem as
sociedades, que têm como base as relações de produção. Aqui se aplica também
a célebre afirmação materialista de Marx: «Não é a consciência dos homens que determina
o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua
consciência» (Para a Crítica da Economia Política, Janeiro de 1859).
A divisão das sociedades em classes antagónicas tem também como
inescapável corolário as lutas de classes. Os explorados nunca se sujeitarão
passivamente à exploração, como demonstra a história. É instrutivo observar
como certos modus operandi dos
exploradores – e seus apaniguados -- permanecem constantes ao longo dos
milénios de lutas de classes abrangendo distintas formações sociais
(esclavagismo, feudalismo e capitalismo, e seus subtipos). Um deles, e
proeminente, é o uso sistemático do embuste, na difusão do qual os exploradores
sempre dispõem de meios avassaladoramente vantajosos (media, instituições «respeitáveis», oradores políticos,
historiadores incensados e pagos pelos exploradores, sacerdotes, etc.).
Não surpreende que o embuste seja um meio proeminente usado pelos exploradores.
Eles têm sempre uma necessidade premente em ocultar das massas ou
«justificar» a exploração. Só quando a «justificação» já não resulta é que
recorrem a meios mais radicais, como por exemplo o assassinato de líderes do
povo comum, sempre apresentado como tendo sido os próprios assassinados os
culpados do que lhes aconteceu.
O livro O Assassinato de Júlio
César [1], de Michael Parenti [2], fornece da história da antiga Roma várias
brilhantes confirmações do acima dito. Este bem documentado livro apresenta
uma análise das lutas de classes da Roma dita pré-imperial (de facto já
imperial), que contraria a historiografia dominante, sistematicamente
transmitida nas escolas, filmes, TV, etc. Isto é, contraria a historiografia
dos imperiais hodiernos.
No primeiro capítulo, História
dos Senhores, Parenti analisa vários retratos da história de Roma, apresentados
pelos historiadores simpatizantes do imperialismo. Nesse capítulo, Parenti
inclui a surpreendente observação do economista conservador Joseph Schumpeter
(1919) sobre o imperialismo romano, com «palavras que poderiam soar
familiares a críticos actuais do “globalismo” dos Estados Unidos».
A observação de Schumpeter é: «…Essa política que finge buscar a paz
mas inevitavelmente leva à guerra, a política de preparação contínua para a
guerra, a política do mais intrometido intervencionismo. Não havia canto no
mundo de então em que não se alegasse que alguns interesses estavam a ser
ameaçados ou atacados. Se os interesses não eram dos romanos, eram dos seus
aliados; e se não tinha aliados, Roma inventava-os. Quando era de todo impossível
fabricar esses interesses – então era a honra nacional que tinha sido
insultada. A luta era sempre investida de uma aura de legalidade. Roma estava
sempre a ser atacada por vizinhos mal-intencionados, sempre a lutar por
espaço para poder respirar. O mundo inteiro estava impregnado de inimigos, e
o dever manifesto de Roma era proteger-se dos seus desígnios inequivocamente
agressivos».
O que impressiona aqui, como ao longo de todo o livro, é precisamente
como a história da luta de classes da república romana tardia constantemente
nos evoca os meios ainda hoje usados pela reacção global para atacar os seus
opositores, incluindo na Venezuela. O embuste, a difamação, o denegrimento de
carácter, o uso de arruaceiros pagos, o concurso de intelectuais
confortavelmente instalados no sistema cantando loas e justificando a
reacção, etc., já foram inventados há milénios. A essência é a mesma. Só a
forma sofre alterações. A oligarquia romana não dispunha de televisão; mas já
dispunha de jornais de parede.
Passemos à análise breve de um caso.
Parenti descreve no capítulo 3, Uma
república para poucos, como no séc. II a.C., a aristocracia oligárquica –
a optimates -- da república romana
tardia, já como «senhora suprema do Mediterrâneo», adoptou uma política de
guerra praticamente contínua para saquear outros países. Além disso, a
guerra, para além de oferecer multidões de escravos, oferecia ainda outro
meio importante de enriquecimento da oligarquia. A plebs rústica, de pequenos proprietários rurais, compunha
esmagadoramente a infantaria que tombava nas batalhas ou se empobrecia por
não poder cuidar dos seus terrenos por longos períodos de tempo, e então
«ricos investidores compravam essas propriedades rurais por ninharias».
Havia também as terras públicas, ager
publicus, arrendadas pelo Estado a pequenos agricultores. «O facto de que
Roma podia ser alimentada por agricultores comuns, sem um centavo de lucro
para os ricos, ultrapassava a capacidade de tolerância para os ricos». «Para
proteger os pequenos arrendatários foi aprovada uma lei [em 367 a.C.] que
proibia qualquer indivíduo de arrendar mais de 500 iugera (cerca de 125 hectares [!])» Os ricos rapidamente furaram
a lei. Parenti cita Plutarco (um historiador conservador): «… os ricos,
usando o nome de arrendatários fictícios, conseguiram transferir grande parte
desses arrendamentos para si mesmos, e por fim tomaram posse, abertamente, da
maior parte da terra, usando o próprio nome».
As principais lutas de classes na república romana opunham não só os
escravos aos esclavagistas, como os pequenos camponeses à oligarquia. Os
escravos eram considerados como meros instrumentos de trabalho sem
personalidade jurídico-política. A situação quanto à plebe, rústica e urbana,
era diferente. Podiam expressar os seus protestos na Assembleia do Povo e, em
tempos idos, tinham conquistado o direito de ser defendidos por dois tribunos
do povo. A luta de classes plebe v. oligarquia manifestava-se na oposição
entre Assembleia do Povo e tribunos do povo face ao Senado, o órgão supremo
do poder dominado pela oligarquia.
Em 133 a.C., Tibério Graco foi eleito tribuno do povo. Apesar da sua
origem aristocrática, Tibério defendia uma distribuição de terras mais
equitativa. Parenti diz, justificadamente como veremos, que Tibério tinha
«fortes inclinações democráticas». Em todas as épocas tem havido excepções
como a de Tibério, isto é, de indivíduos provenientes de famílias de
exploradores que abraçam a causa dos explorados (e vice-versa). A observação
acima de Marx, como todas as leis sociais, é válida em termos de grandes
números, admitindo excepções.
Tibério, como todo o verdadeiro político democrata, mobilizou a plebe
urbana e rural para que fosse aprovada a sua lex agraria que ressuscitava a de 367 a.C., devendo a terra
indevidamente apropriada pelos ricos ser distribuída pelos pobres, sob
controlo de três comissários eleitos. Parenti informa-nos de como em Roma
houve nesta conjuntura historiadores (quase todos) que tratavam de difamar os
defensores do povo. Um deles foi o famoso Cícero que acusou os «agitadores
populares» de desequilibrados, que «devido a uma espécie de loucura
revolucionária inata vicejam na discórdia civil e sedição».
Ao elaborar a lei agrária Tibério teve o máximo cuidado: consultou
magistrados e ex-magistrados, contemplou a possibilidade de compensações e o
não processamento pelas ilegalidades cometidas pelos ricos. Como afirmou
Plutarco: «nenhuma lei contra a injustiça e a avareza jamais foi redigida em
termos mais suaves e conciliatórios». Foi em vão. A oligarquia jurou um ódio
de morte contra Tibério. Procurou lançar o povo contra Tibério acusando-o sem
fundamento de querer fomentar uma revolução para se apoderar do poder e
acabar com a república. A difamação como arma contra líderes populares é
velha como a história!
Parenti cita um fragmento de um discurso de Tibério que sobreviveu, em
que descreve a situação dos plebeus sem terra, muitos dos quais veteranos do
exército: «Sem terra e sem lar, são obrigados a pegar na mulher e nos filhos
e percorrer as estradas como mendigos… Lutam e tombam para servir apenas o
propósito de multiplicar os bens e o conforto dos ricos. Chamam-lhes senhores
do mundo mas não são donos de um torrão de terra que na realidade lhes
pertença». Ecoando historiadores dessa época alinhados com a defesa da
oligarquia imperial (como Dion Cássio,
155-235 d.C.), influentes historiadores modernos, «um coro de especialistas
posteriores» (Parenti cita obras de S.A. Handford, 1964, M. Grant, 1978, H.H.
Scullard, 1982 [3]) não pouparam esforços para difamar Tibério Graco: «fez um
mal inominável à República», era «arrogante», «farisaico», «metido em
caminhos ilegais», «desnecessariamente provocador e precipitado».
Tibério apresentou o seu projecto de lei na Assembleia do Povo e não no
Senado porque este se recusou a examiná-lo. Aí teve o veto inesperado do
outro tribuno do povo, Marco Otávio, que se alinhou com a oligarquia. Este
veto, indigno de um tribuno do povo, valeu a Marco Otávio a sua demissão da
Assembleia. A lei agrária foi aprovada no início de 133 a.C. Foi eleita uma
comissão agrária. O Senado teve a contragosto de reconhecer a lei mas
concedeu uma verba irrisória e ultrajante (9 asses/dia, segundo a proposta
aprovada de Públio Nasica, grande pontífice, grande proprietário, e um dos
mais ardentes inimigos da reforma) para a comissão agrária implementar a lei.
Por essa altura, a Assembleia do Povo aprovou que os rendimentos da província
da Ásia – doada pelo rei Atala ao povo romano – seriam postos à disposição da
comissão agrária. Entretanto, Tibério, propôs outras medidas democráticas:
reduzir o tempo de serviço militar (na época dos 17 aos 46 anos) e dar ao
povo direitos de recurso judicial.
O ódio votado pela oligarquia (encabeçada por Nasica) e pelo Senado a
Tibério subiu em flecha. Inundaram-no com uma torrente de calúnias. O que é
espantoso é que essas calúnias são repetidas com justificações ridículas por
historiadores modernos, alinhados com o capitalismo imperial, numa clara
demonstração do ódio intemporal votado pelos apoiantes ideológicos da
exploração mais desenfreada aos que lutam por uma sociedade mais justa. O
celebrado historiador alemão T. Mommsen [4] acusa Tibério, acerca da proposta
aprovada pela Assembleia do Povo de usar os rendimentos da província da Ásia,
de «mexer indevidamente nas finanças públicas». Outros historiadores modernos
citados por Parenti, consideram a decisão legal de Tibério se candidatar a
novo mandato de tribuno do povo, como «sem tacto e provocadora», sintomática
dos «líderes do populacho», «pressa indevida e tolice», etc.
«Em face da revolta popular contra a posse ilegal da terra, os
oligarcas não podiam facilmente atacar a lei de Tibério. Por isso atacaram o
próprio». Os oligarcas passaram a acusar sistematicamente Tibério de
demagogo, ditador, que queria tornar-se rei. Quando a Assembleia do Povo se
reuniu para votar a reeleição de Tibério, Nasica com um grupo de senadores e
um destacamento de assassinos pagos, invadiu a reunião e matou Tibério e 300
dos seus seguidores, todos desarmados. Segundo Plutarco o seu cadáver foi
indignamente ultrajado e lançado ao Tibre como os dos seus companheiros. «Não
ficaram por aí com a sua vingança: dos seus amigos, uns foram condenados ao
exílio sem qualquer espécie de processo e todos que puderam prender foram
mortos». [5]
Observa Parenti com toda a justeza: «É uma prática antiga culpar
reformadores «impetuosos» e «provocadores» pela violência das forças
reaccionárias de que são vítimas». Cita a propósito afirmações mirabolantes
de eminentes historiadores modernos: Mommsen acusa Tibério de ter «uma
escolta de guarda-costas recrutados no esgoto»; C. Robinson (1884-1981) [6]
responsabiliza as vítimas pelo massacre de 133 a.C., pois recorreram a «tácticas
temerárias e irregulares dos democratas Gracos» e a violência que causou a
morte de Tibério é algo «pelo qual ele, pelo menos parcialmente, deve ser
responsabilizado também»; para Scullard a oligarquia e os assassinos não
tiveram culpa nenhuma, foram forçados (!) a enfrentar Tibério, «a multidão
urbana que invadiu [!] a Assembleia [do Povo]… tornava-se cada vez mais
irresponsável… levando ao governo da multidão ou à ditadura».
Comenta, assim, Parenti: «Estes críticos não nos dizem que programa de
reformas Tibério poderia ter proposto que não incorresse na ira dos ricos
proprietários de terras». Efectivamente, «os ricos proprietários de terras»
foram de facto os expropriadores ilegais de terras e os exploradores brutais
e sem escrúpulos da fraqueza e miséria humanas. Mas, enquanto houver
sociedade de classes antagónicas, assistiremos sempre à benevolência de
tratamento dos exploradores, pelos aparelhos do governo, de justiça e de
comunicação de massas e ainda por uma enorme coorte de «eminentes» e «eméritos»
historiadores, que recebem louvores e prebendas dos ricos, e cujas doutas
opiniões – cujo único objectivo é justificar a exploração e o status quo que os alimenta – são
exaltadas, por tudo que é reacção anti-povo como opiniões definitivas e inapeláveis.
O que aconteceu com Tibério e seus seguidores em 133 aC ainda ressoa
fortemente nos brutais desmandos dos capitalistas e imperiais nos dias de
hoje. Desmandos que também encontram justificações numa larga coorte
contemporânea de «eminentes» e «eméritos» historiadores.
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Since human societies became divided millennia ago
into antagonistic classes, of which one rules by exploiting the work of
others, imperialism soon establishes itself. We observe it already in the
ancient civilizations. The corollaries of exploitation and imperialism are
wars, genocides, massacres, political assassinations, etc. These evils will
never end as far as there are antagonistic classes. The various moral
preaching of religious people do not matter at all. They have been ineffectually
preached for millennia. In this respect -- as in everything else in nature --
what does matter are the concrete material laws ruling societies, which are
based on the relations of production. Here too applies Marx's celebrated
materialist statement: “It is not
the consciousness of men that determines their existence, but their social
existence that determines their consciousness” (Contribution to the Critique of Political
Economy, January 1859).
Class struggle is also
an inescapable corollary of the division of societies into antagonistic
classes. The exploited people will never passively subject themselves to
exploitation, as history demonstrates. It is instructive to observe how
certain modus operandi of the
exploiters -- and their clients -- remain constant across millennia of class
struggles, encompassing distinct social formations (slavery, feudalism and
capitalism, and their subtypes). One of them and a prominent one is the
systematic use of deception, in the diffusion of which exploiters always have
overwhelming means to their advantage (media, "respectable"
institutions, political spokesmen, historians incensed and paid by explorers,
priests, etc.).
That deception is a
prominent tool used by the exploiters is not surprising. The exploiters always
have an urging need in hiding from the masses or “justify” exploitation. It
is only when “justifications” are no longer possible that they resort to more
radical means, such as the assassination of leaders of the common people,
always portrayed as having been the leaders themselves the culprits of what
happened to them.
The book The Assassination of Julius Caesar
[1], by Michael Parenti [2], provides from the history of ancient Rome several
bright confirmations of the above. This well documented book conveys an
analysis of the class struggles of the so-called pre-imperial Rome (but in
fact already imperial), which runs counter the mainstream historiography,
systematically transmitted in schools, films, TV, etc. That is, runs counter to
the historiography of today’s imperials.
In the first chapter, History of the Lords, Parenti analyzes
various portraits of the history of Rome, provided by historians sympathetic
to imperialism. (Please note that our citations
from the book are back-translated from the Brazilian edition, the only one we
have.) In this chapter, Parenti includes a surprising observation from
the conservative economist Joseph Schumpeter (1919) on Roman imperialism,
with "words that might sound familiar to the present critics of United
States ‘globalism’".
Schumpeter's
observation is (from the original): “… that policy which pretends to aspire
to peace but unerringly generates war, the policy of continual preparation
for war, the policy of meddlesome interventionism. There was no corner of the
known world where some interest was not alleged to be in danger or under
actual attack. If the interests were not Roman, they were those of Rome's
allies; and if Rome had no allies, then allies would be invented. When it was
utterly impossible to contrive such an interest—why, then it was the national
honor that had been insulted. The fight was always invested with an aura of
legality. Rome was always being attacked by evil-minded neighbors, always
fighting for a breathing space. The whole world was pervaded by a host of
enemies, and it was manifestly Rome's duty to guard against their indubitably
aggressive designs.”
What strikes here, as
throughout the book, is precisely how the history of class struggles of the
late Roman republic constantly reminds us of the means still being used today
by the global reaction to attack its opponents, in Venezuela too. Deception, slandering,
smearing of character, use of paid rogues, the support of intellectuals
comfortably installed in the system singing praises and justifying the
reaction, etc., have been invented millennia ago. The essence is the same.
Only the form changes. The Roman oligarchy had no television; but it already
had wall newspapers.
Let us proceed to the
brief analysis of a case.
Parenti describes in chapter 3, A republic for the few, how in the 2nd
century BC, the oligarchic aristocracy -- the optimates -- of the late Roman republic, which was already
"supreme rules of the Mediterranean", adopted an almost constant
policy of war to plunder other countries. The war, in addition to offering multitudes
of slaves, also offered another important means of enriching the oligarchy.
The plebs rustica, of petty
landowners, overwhelmingly composing the infantry, fell in battle or became
impoverished by not being able to care for their land for long periods of
time, and then "rich investors bought these rural properties for
trifles."
There were also public lands, ager publicus, leased by the state to
small farmers. "The fact that Rome could be fed by ordinary farmers,
without a cent of profit for the rich, surpassed the capacity of tolerance of
the rich." "In order to protect small tenants, a law had been
adopted [in 367 BC] which forbade any individual to rent more than 500 yugera (about 125 hectares [!])."
The rich quickly got around the law. Parenti cites Plutarch (a conservative
historian): "... the rich, using the name of fictitious tenants,
succeeded in transferring a large part of their leases to themselves, and
they ended up taking openly possession of most of the land, using their own
names."
The main class struggles in the Roman
republic opposed not only the slaves to the slave-owners, but also the small
peasantry to the oligarchy. Slaves were regarded as mere instruments of labor
without legal-political personality. The standing of the rustic and urban
plebs was a different thing. They could express their protests in the
People's Assembly, and they had won in the past the right to be defended by
two tribunes of the people. The class struggle plebs vs. oligarchy manifested
itself in the opposition between People's Assembly and tribunes of the people
vis-à-vis the Senate, the supreme organ of power dominated by the oligarchy.
In 133 BC, Tiberius Gracchus was
elected tribune of the people. Despite his aristocratic origin, Tiberius was
in favor of a more equitable distribution of land. Parenti writes,
justifiably as we shall see, that Tiberius had "strong democratic
inclinations." In all times there have been exceptions such as the one
of Tiberius, that is, individuals issued from families of exploiters who
embrace the cause of the exploited (and vice versa). The above observation by
Marx, like all social laws, is valid in terms of large numbers, admitting
exceptions.
Tiberius, like any true democratic
politician, mobilized the urban and rural plebs to approve his lex agraria, resurrecting that of 367 BC,
with the condition that the land wrongfully appropriated by the rich should
be distributed to the poor under the control of three elected commissioners.
Parenti informs us how in Rome there were at this juncture historians (almost
all of them) who engaged into defaming the defenders of the people. One of
them was the famous Cicero who accused the "popular agitators" of
being unbalanced people, who "due to a kind of innate revolutionary
madness thrive in civil discord and sedition."
In drafting the agrarian law Tiberius
took the utmost care: he consulted present and former magistrates,
contemplated the possibility of compensations to the rich and of non prosecution
for the illegalities they had committed. As stated by Plutarch: "No law
against injustice and avarice has ever been written in softer and more
conciliatory terms." It was in vain. The oligarchy swore a lethal hatred
against Tiberius. They tried to incite the people against Tiberius by
accusing him, with no fundament, of wanting to instigate a revolution in
order to seize power and to destroy the republic. Slandering as a weapon
against popular leaders is as old as history!
Parenti quotes a survived fragment of
a speech from Tiberius in which this leader describes the plight of landless
commoners, many of whom were veterans of the army: "Landless and
homeless, they are forced to take their wife and children and walk the roads
as beggars ... They fight and fall to serve only the purpose of multiplying
the goods and comfort of the rich. They call them masters of the world, but
they do not own a clod of the land that really belongs to them." Echoing
historians of that time aligned with the defense of the imperial oligarchy (for
instance, Dion Cassius, 155-235 AD), influential modern historians, "a
chorus of later specialists" (Parenti cites works by S.A. Handford,
1964, M. Grant, 1978, H.H. Scullard, 1982 [3]) spared no effort to defame
Tiberius Gracchus: "he did an unspeakable evil to the Republic," he
was "arrogant," "self-righteous," "engaged in
illegal ways," "unnecessarily provocative and reckless."
Tiberius presented his
bill at the People's Assembly and not at the Senate because the latter
refused to examine it. It got there the unexpected veto of the other tribune
of the people, Marcus Octavius, who aligned himself with the oligarchy. This
veto, unworthy of a tribune of the people, earned Marcus Octavius his discharge
from the Assembly. The agrarian law was approved at the beginning of 133 BC. An
agrarian commission was elected. The Senate had to reluctantly recognize the
law but granted a derisory and outrageous amount (9 assès / day, according to
the approved proposal of Publius Nasica, great pontiff, large landowner, and
one of the most rabid enemies of reform) to the agrarian commission implementing
the law. By that time, the People's Assembly approved that the income of the
province of Asia -- donated by King Atala to the Roman people -- would be made
available to the agrarian commission. Meanwhile, Tiberius proposed other
democratic measures: reducing the length of military service (at that time from
the age of 17 to 46) and giving the people rights of judicial appeal.
The hatred voted by the oligarchy (headed by
Nasica) and by the Senate to Tiberius shot up. They flooded him with a
torrent of slander. What is astonishing is that these slanders are repeated
with ridiculous justifications by modern historians, aligned with imperial
capitalism, in a clear demonstration of the timeless hatred voted by the
ideological supporters of the most unbridled exploitation to those who
struggle for a more just society. The celebrated German historian T. Mommsen
[4], on the proposal passed by the People's Assembly to use the income of the
province of
"In the face of the popular revolt against
the illegal possession of land, the oligarchs could not easily attack the law
of Tiberius. That's why they attacked him." The oligarchs systematically
accused Tiberius of being a demagogue, a dictator, who wanted to become king.
When the People's Assembly met to vote for the re-election of Tiberius,
Nasica with a group of senators and a detachment of paid assassins, invaded
the meeting and killed Tiberius and 300 of his followers, all unarmed. According
to Plutarch his corpse was outraged in an undignified way and thrown to the
Tiber like those of his companions. "They did not stop there with their
vengeance: some of his friends were condemned to exile without any sort of
process and all those who they were able to arrest were killed" [5]
Parenti with full justness remarks: "It is an
age-old practice to blame 'impetuous' and 'provoking' reformers for the
violence of the reactionary forces they are victims of." He cites on
this fantastic statements by eminent modern historians: Mommsen accuses
Tiberius of having "an escort of bodyguards recruited from the
sewer"; C. Robinson (1884-1981) [6] blames the victims for the 133 BC
massacre, for they resorted to "reckless and improper tactics by the
Gracchi democrats" and the violence that caused Tiberius' death is
something "for which he, at least in part, must be held accountable”;
for Scullard the oligarchy and the murderers were not to blame, for they were
forced (!) to confront Tiberius, "the urban crowd that invaded [!!] the People's
Assembly ... was becoming increasingly irresponsible ... leading to mob rule
or to the dictatorship.
Parenti comments: "These critics do not tell
us which reform program Tiberius could have proposed so that he would not
incur the wrath of the rich landowners." Indeed, "the rich
landowners" were in fact the illegal expropriators of land and the
brutal and unscrupulous exploiters of human weakness and misery. But as long
as there is a society of antagonistic classes, we will always witness to the
benevolence of the treatment of the exploiters by the apparatuses of
government, by the justice and mass communication, and by a large cohort of
"eminent" and "emeritus" historians who receive praises
and sinecures of the rich, and whose opinions -- whose sole purpose is to
justify exploitation and the status quo that feeds them -- are exalted as
final and irrevocable opinions by all that is anti-people reaction
What happened to Tiberius and his followers in 133
BC still resonates strongly in today’s brutal violence and violations of
capitalists and imperialists. Violence and violations who also find
justifications in a contemporary large cohort of "eminent" and
"emeritus" historians.
|
Notas | Notes
[1] «Michael John Parenti
é um cientista político americano e crítico cultural que escreve sobre temas
eruditos e populares. Leccionou em universidades americanas e internacionais e
foi palestrante convidado em universidades e audiências de comunidades»
(Wikipedia).
Parenti nas suas
palestras e nos seus livros, sempre bem documentados, demonstra uma atitude
frontal contra o imperialismo e a reacção e a favor das lutas dos trabalhadores
e dos povos oprimidos.
“Michael John Parenti is an
American political scientist and cultural critic who writes on scholarly and
popular subjects. He has taught at American and international universities and
has been a guest lecturer before campus and community audiences” (Wikipedia).
Parenti in his
well-documented lectures and books shows a frontal attitude against imperialism
and reaction and in favor of the struggles of the oppressed workers and
peoples.
[2] O Assassinato de Júlio César: Uma História Popular da Roma Antiga. Ed. Record, São Paulo, 2005.
The Assassination of
Julius Caesar: A People's History of Ancient Rome , The New Press, 2003.
[3] S.A. Handford, Introduction to Salluste, “The
Jugurthine War / The Conspiracy of Catiline” (Penguin Classics), 1964; M.
Grant, Introduction to Cicero , “On Government” (Penguin
Classics), 1978; H.H. Scullard, From the Gracchi to Nero, 1982.
[4]
Autor reaccionário de uma monumental História
de Roma (4 volumes, 1894-1908), ainda hoje servindo de referência nas
Universidades. | Reactionary author of a
monumental The History of Rome (4 volumes,
1894-1908), still today serving as reference in Universities.
[5] Citado em: V. Diakov,
S. Kovalev, História da Antiguidade. Roma,
Ed. Estampa, 1976. Esta obra, de grande interesse, traz informação complementar
sobre Tibério Graco.
[6] Autor
inglês de A History of the Roman Republic,
Methuen, 1952.