domingo, 7 de abril de 2019

Justiça Venezuelana Reúne Provas Contra Guaidó

Dada a sua importância, aqui divulgamos um artigo publicado por O Lado Oculto de jornalismo de investigação.
Given its importance, we divulge here an article published by O Lado Oculto of investigative journalism.


Justiça Venezuelana Reúne Provas Contra Guaidó
Venezuelan Justice Gathers Proofs against Guaidó

Luís O. Nunes, Caracas, 2019-04-04

A Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela aceitou o pedido do presidente do Supremo Tribunal de Justiça para levantar a imunidade parlamentar de Juan Guaidó, de forma a prosseguir as investigações sobre as acusações que impendem sobre ele.

Entre as acusações formuladas pelo Supremo Tribunal contra o autoproclamado “presidente interino” contam-se as de violação da proibição de se ausentar do país, actividades financeiras ilícitas e incitamento à violência nas ruas.

Guaidó já fora anteriormente sancionado a nível administrativo com a perda do mandato parlamentar e a suspensão de elegibilidade por 15 anos, processo aberto pelo procurador-geral devido ao facto de nunca ter apresentado contas das suas deslocações ao estrangeiro enquanto presidente da Assembleia Nacional. Através desta prática, nos termos da Constituição, o “presidente interino” incorreu no crime de “corrupção”.


Guaidó efectuou 94 viagens ao estrangeiro durante o exercício de presidente do Parlamento e nunca apresentou quaisquer contas. A justiça venezuelana investiga agora a possibilidade de tais viagens deterem sido financiadas pelos Estados Unidos e o Reino Unido através dos bens sonegados por estes países ao Estado da Venezuela.


Bens do Estado em conta pessoal
O levantamento da imunidade parlamentar de Guaidó decorreu estritamente no âmbito da Constituição. Nenhuma das decisões assumidas pelo órgão que a decretou, a Assembleia Nacional Constituinte, podem ser revogadas por qualquer outra entidade do país, “nem o presidente, nem a Assembleia Nacional legislativa ou o Supremo Tribunal”, nos termos da Constituição em vigor.

A justiça venezuelana tem vindo a alargar o âmbito da investigação das actividades de Guaidó, sobretudo depois de ter sido detido o seu chefe de gabinete, o advogado Roberto Marrero.


Apesar de a libertação deste ter sido imediatamente pedida pelo Grupo de Lima, conjunto de países americanos que funciona como correia de transmissão das iniciativas dos Estados Unidos contra a Venezuela, a justiça tem provas do envolvimento do chefe de gabinete de Guaidó em práticas terroristas.


Segundo o ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodriguez, Roberto Marrero estaria envolvido na preparação de atentados contra o metropolitano e o teleférico de Caracas.


O advogado [Roberto Marrero] terá disposto de um orçamento diário de 500 a 700 mil dólares para desenvolver as suas actividades conspirativas, verbas essas pertencentes ao Estado venezuelano e que foram confiscadas pelos Estados Unidos e o Reino Unido.


Marrero dirige o recrutamento de mercenários em El Salvador, Guatemala e Honduras, de onde são enviados para a Colômbia, para serem treinados em acções de tipo comando. Em território colombiano, os efectivos são colocados à disposição do mafioso colombiano Wilfredo Gomez Torres, aliás “Neco”, segundo o seu cadastro em poder da Interpol.
Além do recrutamento de mercenários, Marrero e outros colaboradores próximos de Guaidó financiam, igualmente com dinheiro público venezuelano, uma “administração no exílio” que pretende tornar realidade a usurpação de poderes dirigida pela administração Trump. Três quartos dos países do mundo não reconheceram a “presidência” de Guaidó.


Na conferência de imprensa em que divulgou dados sobre as actividades de Guaidó e dos seus colaboradores mais próximos, o ministro da Comunicação revelou o episódio durante o qual dois humoristas venezuelanos telefonaram ao “presidente interino” fazendo-se passar pelo presidente suíço, Ueli Maurer.
 
Segundo o registo da conversa, o falso Maurer terá proposto a Guaidó a transferência dos bens do Estado venezuelano para uma conta na Suíça em seu nome pessoal, iniciativa a que o “presidente interino” respondeu afirmativamente.

The National Constituent Assembly of Venezuela accepted the request of the president of the Supreme Court of Justice to waive the parliamentary immunity of Juan Guaidó in order to continue investigations on the impending charges over him.

Among the accusations made by the Supreme Court against the self-proclaimed "interim president" are violations of the prohibition on leaving the country, illicit financial activities and incitement to street violence.

Guaidó had already been previously sanctioned at the administrative level with the loss of parliamentary mandate and the suspension of eligibility for 15 years, a lawsuit opened by the attorney general due to the fact that he never reported accounts of his foreign travels as president of the National Assembly. By engaging on this practice the "interim president" incurred in the crime of "corruption" under the terms of the Constitution,

Guaidó made 94 travels abroad during his mandate as President of the Parliament and he never submitted any accounts. The Venezuelan judiciary is now investigating the possibility that such travels may have been financed by the United States and the United Kingdom through assets misappropriated by these countries out of the State of Venezuela.

State assets in personal account

The lifting of Guaidó's parliamentary immunity was strictly within the scope of the Constitution. None of the decisions taken by the body that decreed it, the National Constituent Assembly, may be revoked by any other entity of the country, "neither the president, nor the National Legislative Assembly or the Supreme Court", under the terms of the current Constitution.

Venezuelan justice has broadened the scope of its investigation into Guaido's activities, especially after his chief of staff, Roberto Marrero, was arrested.

Although hiss release was immediately requested by the Lima Group, a group of American countries that acts as a conveyor belt of US initiatives against Venezuela, justice has evidence of the involvement of the Guaidó chief of staff in terrorist practices.

According to the Venezuelan Minister of Communication, Jorge Rodriguez, Roberto Marrero was involved in the preparation of attacks against the metropolitan and cable car of Caracas.

The lawyer [Roberto Marrero] may have had a daily budget of 500 to 700 thousand dollars to develop his conspiratorial activities, funds that belong to the Venezuelan state and that were confiscated by the United States and the United Kingdom.

Marrero operates the recruitment of mercenaries in El Salvador, Guatemala and Honduras, from where they are sent to Colombia, to be trained in commando-type actions. In Colombian territory, the personnel are placed at the disposal of the Colombian mafioso Wilfredo Gomez Torres, alias "Neco", according to his Interpol file.

In addition to the recruitment of mercenaries, Marrero and other close collaborators from Guaidó also finance using "Venezuelan public money" an "administration in exile" that intends to make real the usurpation of powers directed by the Trump administration. Three-quarters of the world's countries did not recognize Guaido's "presidency."

At the press conference in which he released information on the activities of Guaidó and his closest collaborators, the minister of communications revealed the episode during which two Venezuelan comedians telephoned the "interim president" posing as Swiss President Ueli Maurer.

According to the record of the conversation, the false Maurer had proposed to Guaidó the transfer of the assets of the Venezuelan State to a Swiss account in his personal name, an initiative to which the "interim president" responded affirmatively.