Continuação de / Continuation of:
4 – Revisão de
Conceitos e Resultados
5 – Determinismo
Estrito e Não Estrito
6 – Condições Normais
e Extraordinárias
7 – Leis Naturais e
Leis Sociais
8 – O Papel das Lutas
de Classes
9 – Fase Evolutiva de
uma Formação Classista
10 – Consciência de
Classe e Consciência Política
|
4 – Review of Concepts and Results
5 – Strict and Non-Strict Determinism
6 – Normal and Extraordinary Conditions
7 – Natural Laws and Social Laws
8 – The Role of Class Struggles
9 – Evolutionary Phase of a Class Formation
10 – Class Conscience and Political
Conscience
|
Analisaremos a evolução histórica das
formações sociais no próximo artigo.
We
shall analyze the historical evolution of social formations in the forthcoming
article.
Notas e
Referências
[1] A Ideologia Alemã (1845-46) de Marx e
Engels marca o início fundacional do MH. Sugerimos
a leitura atenta do seguinte excerto da secção I.4:
«A produção das
ideias, representações, da consciência, está a princípio directamente
entrelaçada com a actividade material e o intercâmbio material dos homens,
linguagem da vida real. […] Os homens são os produtores das suas representações,
ideias, etc., mas os homens reais, os homens que realizam, tal como se
encontram condicionados por um determinado desenvolvimento das suas forças
produtivas e do intercâmbio que a estas corresponde até às suas formações mais
avançadas. A consciência nunca pode ser outra coisa senão o ser
consciente, e o ser dos homens é o seu processo real de vida. [...]
Em completa oposição
à filosofia alemã [da época], a qual desce do céu à terra, aqui sobe-se da
terra ao céu. Isto é, não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam ou se
representam, e também não dos homens narrados, pensados, imaginados,
representados, para daí se chegar aos homens de carne e osso; parte-se dos
homens realmente activos, e com base no seu processo real de vida apresenta-se
também o desenvolvimento dos reflexos e ecos ideológicos deste processo de
vida. Também as fantasmagorias no cérebro dos homens são sublimados necessários
do seu processo de vida material empiricamente constatável e ligado a premissas
materiais. A moral, a religião, a metafísica, e a restante ideologia, e as
formas da consciência que lhes correspondem, não conservam assim por mais tempo
a aparência de antinomia. Não têm história, não têm desenvolvimento, são os
homens que desenvolvem a sua produção material e o seu intercâmbio material
que, ao mudarem esta sua realidade, mudam também o seu pensamento e os produtos
do seu pensamento. Não é a consciência que determina a vida, é a vida que
determina a consciência. […]
Lá onde a especulação
cessa, na vida real, começa, portanto, a ciência real, positiva, a
representação da actividade prática, do processo de desenvolvimento prático dos
homens. Cessam as frases sobre a consciência; o saber real tem de as
substituir. Com a representação da realidade, a filosofia autónoma perde o seu
meio de existência. Em seu lugar pode, quando muito, surgir uma súmula dos
resultados mais gerais que é possível abstrair da consideração do
desenvolvimento histórico. [...]»
The German Ideology by Marx
and Engels (1845-46) is a foundational milestone of HM. We
suggest the attentive reading of the following excerpt of its section I.4:
“The production of ideas, of conceptions, of consciousness, is at first
directly interwoven with the material activity and the material intercourse of
men – the language of real life. […] Men are the producers of their
conceptions, ideas, etc., that is, real, active men, as they are conditioned by
a definite development of their productive forces and of the intercourse
corresponding to these, up to its furthest forms. Consciousness can never be
anything else than conscious being, and the being of men is their actual
life-process. […]
In direct contrast to German philosophy [of the time] which descends
from heaven to earth, here it is a matter of ascending from earth to heaven.
That is to say, not of setting out from what men say, imagine, conceive, nor
from men as narrated, thought of, imagined, conceived, in order to arrive at
men in the flesh; but setting out from real, active men, and on the basis of
their real life-process demonstrating the development of the ideological
reflexes and echoes of this life-process. The phantoms formed in the brains of
men are also, necessarily, sublimates of their material life-process, which is
empirically verifiable and bound to material premises. Morality, religion,
metaphysics, and all the rest of ideology as well as the forms of consciousness
corresponding to these, thus no longer retain the semblance of independence.
They have no history, no development; but men, developing their material
production and their material intercourse, alter, along with this their actual
world, also their thinking and the products of their thinking. It is not
consciousness that determines life, but life that determines consciousness. […]
Where speculation ends, where real life starts, there consequently
begins real, positive science, the expounding of the practical activity, of the
practical process of development of men. Empty phrases about consciousness end,
and real knowledge has to take their place. When the reality is described, a
self-sufficient philosophy loses its medium of existence. At the best its place
can only be taken by a summing-up of the most general results, abstractions
which are derived from the observation of the historical development of men.
[…]”
[2] Friedrich Engels, Carta a Letter to Joseph Bloch (em Konigsberg ), 21-22 de
Setembro de 1890.
[4] Inúmeros factores
históricos obedecem a leis de probabilidade. Exemplos: volume de bens
produzidos, crescimento do PIB, intenção de voto Tipicamente, tais leis
permitem prever uma tendência central com alguma variabilidade em torno dessa
tendência.. A lei de probabilidade da maioria dos factores históricos é
desconhecida e só pode ser estimada. A enorme quantidade de factores com
interacções complexas dificulta enormemente a capacidade de previsão do detalhe
histórico.
Numerous historical factors obey to probability laws.
Examples: volume of produced goods, GDP growth rate, vote intentions. Typically,
such laws allow predicting a central tendency with some variability around that
tendency. The probability law of many historical factors is unknown and can
only be estimated. Moreover, the huge quantity of factors with complex
interactions renders the forecast of historical detail a task of enormous
difficulty.
[5] É um facto
histórico que o governo alemão aceitou transportar por carruagem fechada e em
regime de extraterritorialidade, Lenine e outros revolucionários russos, em 9
de Abril de 1917, de Gottmadingen na fronteira suíça até Sassnitz onde tomou um
ferry para a Suécia. Isto permitiu a Lenine alcançar Petrogrado a 16 de Abril
e, desde logo, ter uma influência decisiva sobre a revolução russa. Uma enorme
quantidade de factores imprevisíveis
poderia ter impedido ou atrasado a viagem para a Rússia, e, eventualmente,
alterar a evolução da revolução Russa e da história mundial. A progressão para
o socialismo a nível mundial poderia ter sofrido alterações geográficas e
temporais de monta. Certamente, as descolonizações acabariam por se fazer, mas
o tempo e as condições em que se fariam poderiam ser muito diferentes.
It is a historical fact that the German government
accepted transporting Lenin and other Russian revolutionaries, by sealed train
and in extraterritorial regime, from Gottmadigen at the Swiss border in April
9, 1917 to Sassnitz where a ferry took them to Sweden . This allowed Lenin to reach
Petrograd in April 16, and from that moment on
to have a decisive influence on the Russian revolution. A large number of
unforeseeable factors could have hindered or delayed the travel to Russia
and, eventually, change the course of the Russian revolution and of world
history. The progression to socialism at world level could have suffered major
temporal and geographical changes. To be sure, decolonization would ultimately
be carried out, but the conditions and timing could have been quite different.
[6] A Parte I do
livro da juventude de Lénine (24 anos) Quem
São os «Amigos do Povo» e como Lutam contra os Sociais-Democratas, 1894,
contém várias observações interessantes sobre este tópico.
Part I of the book of young Lenin (24 years old) What the “Friends of People” Are and How they Fight the
Social-Democrats, 1894, contains several interesting observations on this
topic.
[7] O determinismo
não estrito não é «exactamente» dada a variabilidade probabilística e não é
«sempre» porque eventos imprevisíveis podem desencadear evoluções muito
diversas.
A non-strict determinism is not “exactly” given the
probabilistic variability and is not “always” because unforeseeable events may
trigger very different evolutions.
[8] Uma série
aritmética é uma acumulação aditiva de uma dada quantidade constante (p. ex.,
10, 10+2, 10+2+2, etc.). Uma série geométrica é uma acumulação aditiva de uma
acumulação multiplicativa por uma dada quantidade constante (p. ex., 10,
10+2x10, 10+2x10+2x2x10, 10+2x10+2x2x10+2x2x2x10, etc.). O valor de uma série
geométrica cresce exponencialmente (no exemplo, 10(2n-1) para n
termos).
An arithmetic series is an additive accumulation of a
given constant amount (e.g., 10, 10+2, 10+2+2, etc.). A geometric series is an
additive accumulation of a multiplicative accumulation by a given constant
amount (e.g., 10, 10+2x10, 10+2x10+2x2x10, 10+2x10+2x2x10+2x2x2x10, etc.). The
value of a geometric series grows exponentially (10(2n-1) for n
terms, in the example).
[9]
Karl Marx, Critical Notes on the Article:
“The King of Prussia and Social Reform.
By a Prussian”, Vorwarts!, No.63, August 7, 1844.
[10] Já no tempo de
Malthus houve quem o criticasse mostrando que a produção de certos alimentos
cresce exponencialmente e não aritmeticamente. Nos EUA, p. ex., assim aconteceu
com a produção de trigo entre 1866 e 1981 (http://www.ers.usda.gov/data-products/wheat-data.aspx)
O uso de técnicas avançadas na produção de alimentos tem também um grande
impacto; em 2015 uma quinta de cereais na Holanda era seis vezes mais produtiva
do que uma da mesma área na Nigéria (dados do BM). Apesar de existirem
actualmente ainda mais pobres que no tempo de Malthus (ver Max Roser,
World Poverty, 2015, http://ourworldindata.org/data/growth-and-distribution-of-prosperity/world-poverty)
a população cresceu a uma taxa exponencial muito superior à do tempo de
Malthus, pelo que a taxa mundial de pobreza extrema declinou acentuadamente,
contrariamente às previsões de Malthus.
In Malthus’ time there were already people who
criticized him by pointing out that the production of some food commodities
grows exponentially and not arithmetically. That is the case, e.g., with the
production of wheat in the US between 1866 and 1981 (http://www.ers.usda.gov/data-products/wheat-data.aspx)
The use of advanced techniques in the production of food also has a great
impact; a Dutch cereal farm in 2015 was six times more productive than one of
the same area in Nigeria (WB data). Though there are nowadays more poor people
than in the time of Malthus (see Max Roser, World Poverty, 2015, http://ourworldindata.org/data/growth-and-distribution-of-prosperity/world-poverty)
the population grew at an exponential rate much higher than in the time of
Malthus; as a result the world rate of extreme poverty declined dramatically,
contrary to Malthus forecasts.
[11] Ver a nossa
análise sobre este tema em http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2013/09/desenvolvimento-sustentavel-iv-causa-da.html
e artigos da mesma série.
See our analysis of this issue in http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2013/09/desenvolvimento-sustentavel-iv-causa-da.html
and articles of the same suite.
[12] Marx também
criticou Malthus sob este ponto de vista. Marx also criticized Malthus from this
point of view:
Martha Gimenez, The Population Issue:
Marx vs. Malthus, University
of Colorado , 1973.
[16] O sobretrabalho
é o trabalho que excede o necessário para manter a vida de um produtor ao nível
adequado á manutenção da sua força de trabalho.
The surplus labor is the work in excess to the work
needed to maintain the life of a producer at a level adequate to the
maintenance of his/her work capability.
[17] Karl Marx, Contribuição para a Crítica da Economia
Política (1859), Editorial Estampa, 1974 (3ª edição). Karl Marx, Contribution
to the Critique of Political Economy (1859).
[18] O primeiro
capítulo do Manifesto começa
precisamente assim: «A história de toda a sociedade até aqui é a história de
lutas de classes.» Em prefácios e notas posteriores, Engels corrigiu esta
afirmação, esclarecendo que ela se referia a sociedades classistas (como é
óbvio). Mais tarde Engels analisou as sociedades pré-classistas na sua obra A Origem da Família, da Propriedade Privada
e do Estado. Note-se que a afirmação do Manifesto
não é «A história de toda a sociedade é a luta de classes» como supõem
alguns apressados «marxistas». Há, como já vimos, várias componentes e áreas de
conhecimento da história para além das lutas de classes. E mesmo nas formações
classistas, podem existir períodos em que a luta de classes não se manifesta.
The first chapter of the Manifesto begins this way: “The history of all hitherto existing
society is the history of class struggles.” Engels clarified this assertion in
later prefaces and notes, by noting that it respected the class-based societies
(as it is obvious). Later on Engels analyzed the pre-class formations in his
work The Origin of Family, Private
Property and the Sate. Note that the Manifesto
assertion is not “The history of all existing society is the class
struggles.” as some hurried “Marxists” suppose. There are many components and
areas of knowledge of history, besides class struggles. And even in class-based
formations there may exist periods where class struggle is not manifested.
[19] Exemplos: As
guerras da antiguidade eram de rapina de escravos, terras, etc. A guerra que os
Estados europeus monárquico-feudais impuseram à recém-nascida República
Francesa, revolucionario-burguesa (1792-1794), destinava-se a esmagar um novo MP
(capitalista) subversor das relações feudais prevalentes nos outros Estados. A
I.ª Guerra Mundial foi uma guerra entre Estados europeus imperialistas, de divisão
(como entre bandos concorrentes de gangsters) de colónias e «esferas de
influência» dos Estados mais fracos da Europa e mediterrânicos. A II.ª Guerra
Mundial foi de dupla natureza: de divisão entre imperialistas e de destruição e
pilhagem de um novo e incómodo MP: o modo socialista da URSS. A guerra
imperialista dos EUA contra o Vietname foi também de destruição de um novo e
incómodo MP para a pilhagem regional. A guerra colonial portuguesa foi para
manter a exploração, pela alta burguesia portuguesa, dos recursos e mercados
coloniais, nos moldes de rapina proporcionados pelo Estado fascista.
Examples: The ancient wars were of plunder for slaves, lands, etc. The
war that the monarchic-feudal Sates of Europe moved against the newly born
bourgeois-revolutionary French Republic (1792-1794), was moved by the goal of
destroying a new MP (capitalist) which subverted the feudal relations
prevailing in other States. WWI was a war between imperialist European States,
for the division of colonies and “spheres of influence” in the Mediterranean States and weakest States of Europe (as
between competing gangster groups). WWII was of a double nature: of imperialist
division and of destruction and plunder of a new MP seen as a nuisance: the
socialist mode of USSR .
The US imperialist war
against Vietnam
was also of destruction of a new MP seen as a nuisance to the regional plunder.
The Portuguese colonial war was carried out to maintain the exploitation of
colonial resources and markets by the high Portuguese bourgeoisie, in the
plundering ways afforded by the fascist State.
[20] Esta greve é
descrita num papiro do Museu de Turim, cuja tradução e notas encontrámos em Documents d’Histoire Vivante de l’Antiquité
à nos Jours, Dossier 1-Fiche 2, Éditions Sociales, s/ data. É também muito sumariamente
mencionada na wikipedia.
This strike is described in a papyrus of the Museum of Torino ,
whose translation and notes we found in Documents
d’Histoire Vivante de l’Antiquité à nos Jours, Dossier 1-Fiche 2, Éditions
Sociales, s/ data. It is also summarily mentioned in the Wikipedia.
[21]
Um exemplo é a revolta liderada por Nat Turner em 1831.
An example is the rebellion led by Nat Turner in 1831: https://en.wikipedia.org/wiki/Nat_Turner%27s_slave_rebellion
[22] O cristianismo
começou por ser uma religião de escravos e pobres, comportando-se perante as
autoridades como uma espécie de Gandhis em greve de zelo. Exprimia a luta das
classes oprimidas contra a classe dominante. Os patrícios entenderam bem isso;
daí a perseguição violenta que moveram contra os cristãos. Entretanto, as
reformas de Saulo de Tarso e de outros, permitiram um entendimento com os
patrícios e o aproveitamento do clero cristão no controlo das classes mais
baixas. A partir do imperador Constantino (324 d.C.) o cristianismo passou a
religião oficial do Estado e o alto clero veio a cimentar uma narrativa
canónica que perseguiu o cristianismo original como apócrifo ou herético.
Christianity was first a religion of slaves and poor people, behaving to
the authorities as some sort of Gandhis in slowdown strike. It expressed the
struggle of the oppressed classes against the dominant class. The
patricians understood that very well; they then moved a violent persecution
against the Christians. Meanwhile, the reforms of Saul of Tarsus and others
allowed an understanding with the patricians and the use of the Christian
clergy in the control of the lower classes. With Emperor Constantine (324 A.D.)
Christianity became the official religion of the State and the high clergy went
on cementing a canonical narrative that persecuted the original Christianity as
apocryphal or heretic.
[23] Quando dizemos,
p. ex., «protestantes huguenotes representando a burguesia mercantil», deverá
ser evidente que nem todos os burgueses eram protestantes, assim como nem todos
os nobres eram católicos; isto é, o nosso «representando» é em termos de
maiorias decisivas.
When we say, e.g., “Huguenot protestants representing
the mercantile bourgeoisie”, it goes without saying that not all bourgeois were
protestant, as well as not all noblemen were Catholic; i.e., our “representing”
is in terms of decisive majorities.
[24] O wahabismo da
Arábia Saudita é uma corrente ultra-conservadora do sunismo. O sunismo
representa 70% da população da Turquia. O actual PM da Turquia, Erdogan, um
grande amigo dos EUA e da NATO, é sunita.
The Wahabism of Saudi Arabia is an ultra-conservative current of Sunnism.
Sunnism represents 70% of the Turkish population. The present Turkish
PM, Erdogan, a great friend of US and NATO, is a Sunni.
[25] É certo que os
EUA se pronunciam agora contra o ISIL, que começa a conflituar com os seus
interesses na região. Mas não nos devemos esquecer que foram eles (com ingleses
e franceses) que armaram os jihadistas sunitas na Síria, convenientemente
etiquetados de «moderados». Aliás, ainda hoje os EUA e seus aliados na região
(Arábia Saudita, Kuwait, Turquia, etc.), apesar de dizerem que fazem ou vão
fazer guerra ao terrorismo, continuam a apoiar abertamente os «moderados»
sunitas na Síria e só atacam as forças de Assad, numa postura de enorme
hipocrisia.
The US
administration is now pronouncing itself against ISIL, which has become a
nuisance to their interests in the region. But we should not forget that the US authorities (with English and French) were
responsible of supplying arms to the Sunni jihadists in Syria , conveniently labelled as
“moderates”. Moreover, even today the US and their regional allies (Saudi
Arabia, Kuwait, Turkey, etc.), though they say that they are making war to
terrorism, they openly continue to support the Sunni “moderates” in Syria and
only attack Assad’s forces, in an attitude of blatant hypocrisy.
[26] Entendemos por
«ideologia» o conjunto de conceitos e ideias modais de uma dada classe social ou
corrente política.
We call “ideology” the set of modal concepts and ideas of a given social
class or political current.
[27] Sobre a
ideologia da classe dominante, há uma observação importante em A Ideologia Alemã II.4: «Daqui resulta que todas
as lutas no seio do Estado, a luta entre a democracia, a aristocracia e a
monarquia, a luta pelo direito de voto, etc., etc., não são mais do que as
formas ilusórias em que são travadas as lutas reais das diferentes classes
entre si […] e também que todas as classes que aspiram ao domínio, mesmo quando
o seu domínio, como é o caso com o proletariado, condiciona a superação de toda
a forma velha da sociedade e da dominação em geral, têm primeiro de conquistar
o poder político, para por sua vez representarem o seu interesse como o
interesse geral, coisa que no primeiro momento são obrigadas a fazer.»
Em III.1, deparamos
com outras observações de interesse:
«As ideias da classe
dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que
é o poder material dominante da
sociedade é, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual
dominante. A classe que tem à sua disposição os meios para a produção material
dispõe assim, ao mesmo tempo, dos meios para a produção espiritual, pelo que
lhe estão assim, ao mesmo tempo, submetidas em média as ideias daqueles a quem
faltam os meios para a produção espiritual. As ideias dominantes não são mais
do que a expressão ideal das relações materiais dominantes, as relações
materiais dominantes concebidas como ideias; portanto, das relações que
precisamente tornam dominante uma classe, portanto as ideias do seu domínio. Os
indivíduos que constituem a classe dominante também têm, entre outras coisas,
consciência, e daí que pensem; na medida, portanto, em que dominam como classe
e determinam todo o conteúdo de uma época histórica, é evidente que o fazem em
toda a sua extensão, e portanto, entre outras coisas, dominam também como
pensadores, como produtores de ideias, regulam a produção e a distribuição de
ideias do seu tempo; […]»
An important observation about the ideology of the dominant class is
found in The German Ideology II.4: “It
follows from this that all struggles within the state, the struggle between
democracy, aristocracy, and monarchy, the struggle for the franchise, etc.,
etc., are merely the illusory forms—altogether the general interest is the
illusory form of common interests—in which the real struggles of the different
classes are fought out among one another […]. Further, it follows that every
class which is aiming at domination, even when its domination, as is the case
with the proletariat, leads to the abolition of the old form of society in its
entirety and of domination in general, must first conquer political power in
order to represent its interest in turn as the general interest, which in the
first moment it is forced to do.”
Further observations of interest in III.1:
“The ideas of the ruling class are in every epoch the ruling ideas:
i.e., the class which is the ruling material force of society is at the same
time its ruling intellectual force. The class which has the means of material
production at its disposal, consequently also controls the means of mental
production, so that the ideas of those who lack the means of mental production
are on the whole subject to it. The ruling ideas are nothing more than the
ideal expression of the dominant material relations, the dominant material
relations grasped as ideas; hence of the relations which make the one class the
ruling one, therefore, the ideas of its dominance. The individuals composing
the ruling class possess among other things consciousness, and therefore think.
Insofar, therefore, as they rule as a class and determine the extent and
compass of an historical epoch, it is self-evident that they do this in its
whole range, hence among other things rule also as thinkers, as producers of
ideas, and regulate the production and distribution of the ideas of their age. […]”
[28] Isto decorre da
fundamentação do MP como factor determinante. Em A Ideologia Alemã
encontramos várias observações importantes em I.2 sobre este tema que
constitui o cerne científico do MH:
«As premissas com que
começamos não são arbitrárias, não são dogmas, são premissas reais […]. São os
indivíduos reais, a sua acção e as suas condições materiais de vida, tanto as
que encontraram como as que produziram pela sua própria acção. Estas premissas
são portanto, constatáveis de um modo puramente empírico. […] Podemos
distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião – por tudo o
que se quiser. Mas eles começam a distinguir-se dos animais assim que começam a
produzir os seus meios de vida,
passo este que é condicionado pela sua organização física. Ao produzirem os
seus meios de vida, os homens produzem indirectamente a sua própria vida
material.»
E em II.3:
«[…] temos de começar
por constatar a primeira premissa de toda a existência humana, e portanto,
também, de toda a história, ou seja, a premissa de que os homens têm de estar
em condições de viver para poderem “fazer história". Mas da
vida fazem parte sobretudo comer e beber, habitação, vestuário e ainda algumas
outras coisas. O primeiro acto histórico é, portanto, a produção
dos meios para a satisfação destas necessidades, a produção da própria vida
material, e a verdade é que este é um acto histórico, uma condição fundamental
de toda a história, que ainda hoje, tal como há milhares de anos, tem de ser
realizado dia a dia, hora a hora, para ao menos manter os homens vivos. [...]
A segunda premissa é
esta: a própria primeira necessidade satisfeita, a acção da satisfação e o
instrumento já adquirido da satisfação, conduz a novas necessidades – e esta
produção de novas necessidades é o primeiro acto histórico. [...]
A terceira premissa,
que logo desde o início entra no desenvolvimento histórico, é esta: os homens
que, dia a dia, renovam a sua própria vida começam a fazer outros homens, a
reproduzir-se – a relação entre homem e
mulher, pais e filhos, a família.
[...]
A produção da vida,
tanto da própria, no trabalho, como da alheia, na procriação, surge agora
imediatamente como uma dupla relação: por um lado como relação natural, por
outro como relação social – social no sentido em que aqui se entende a
cooperação de vários indivíduos seja em que circunstâncias for e não importa de
que modo e com que fim. Daqui resulta que um determinado modo de produção, ou
fase industrial, está sempre ligado a um determinado modo da cooperação, ou
fase social, e este modo da cooperação é ele próprio uma “força
produtiva"; e que a quantidade das forças produtivas acessíveis aos homens
condiciona o estado da sociedade, e portanto a “história da humanidade"
tem de ser sempre estudada e tratada em conexão com a história da indústria e
da troca. [...]»
This results from the foundation of MP as determinant
factor. We
find in The German Ideology I.2
several important observations on this topic, the scientific kernel of HM:
“The premises from which we begin are not arbitrary ones, not dogmas,
but real premises […]. They are the real individuals, their activity and the
material conditions of their life, both those which they find already existing
and those produced by their activity. These premises can thus be verified in a
purely empirical way. […] Men can be distinguished from animals by
consciousness, by religion or anything else you like. They themselves begin to
distinguish themselves from animals as soon as they begin to produce their
means of subsistence, a step which is conditioned by their physical
organisation. By producing their means of subsistence men are indirectly
producing their material life.”
And in II.3:
“[…] we must begin by stating the first premise of all human existence
and, therefore, of all history, the premise, namely, that men must be in a
position to live in order to be able to "make history". But life
involves before everything else eating and drinking, housing, clothing and
various other things. The first historical act is thus the production of the
means to satisfy these needs, the production of material life itself. And
indeed this is an historical act, a fundamental condition of all history, which
today, as thousands of years ago, must daily and hourly be fulfilled merely in
order to sustain human life. […]
The second point is that the satisfaction of the first need, the action
of satisfying and the instrument of satisfaction which has been acquired, leads
to new needs; and this creation of new needs is the first historical act. […]
The third circumstance which, from the very outset, enters into
historical development, is that men, who daily re-create their own life, begin
to make other men, to propagate their kind: the relation between man and woman,
parents and children, the family. […]
The production of life, both of one's own in labour and of fresh life in
procreation, now appears as a twofold relation: on the one hand as a natural,
on the other as a social relation – social in the sense that it denotes the
co-operation of several individuals, no matter under what conditions, in what
manner and to what end. It follows from this that a certain mode of production,
or industrial stage, is always combined with a certain mode of co-operation, or
social stage, and this mode of co-operation is itself a "productive
force". Further, that the aggregate of productive forces accessible to men
determines the condition of society, hence, the "history of humanity"
must always be studied and treated in relation to the history of industry and
exchange. […]”
[29] Conforme observa
Engels no Anti-Dühring (Edições
Afrodite, 1974):
«É fácil estar contra
a escravatura e outras coisas desse género, em termos gerais, e dar rédea solta
a indignação moral contra tais infâmias. Infelizmente, tal não transmite mais
do que o que toda a gente sabe, isto é, que essas antigas instituições já não
correspondem à nossa situação presente e aos sentimentos determinados por essa
situação, e nada nos ensina de importante sobre a origem dessas instituições,
porque existiram e o papel que representaram na história. Mas, se examinarmos
estas questões, vemo-nos obrigados a declarar – por muito contraditória e
herética que a afirmação possa parecer –, que a introdução da escravatura foi
um progresso nas condições prevalecentes na época. [...] É claro que, enquanto
o trabalho do homem era ainda tão pouco produtivo que deixava apenas algum
excedente, o incremento das forças produtivas, a extensão do comércio, o
desenvolvimento do Estado e do direito, o nascimento da arte e da ciência não
eram possíveis senão por uma maior divisão do trabalho. E a base necessária
para isso era a grande divisão do trabalho entre massas ocupadas no simples
trabalho manual e um reduzido número de privilegiados que dirigiram o trabalho,
se ocupavam do comércio, dos assuntos públicos e, mais tarde, da arte e da
ciência. A forma primitiva e mais simples desta divisão do trabalho foi,
precisamente, a escravatura. Dados os antecedentes históricos do mundo antigo,
principalmente do helénico, o progresso que consistia em passar a uma sociedade
fundada em antagonismos de classe não podia efectuar-se senão mediante a escravatura;
e isso foi um progresso, mesmo para os escravos, porque os prisioneiros de
guerra de entre os quais se recrutava a massa de escravos conservavam pelo
menos a vida e não os matavam ou assavam, como antes.»
Engels observes in the Anti-Dühring
“It is very easy to inveigh against slavery and similar things in
general terms, and to give vent to high moral indignation at such infamies.
Unfortunately all that this conveys is only what everyone knows, namely, that
these institutions of antiquity are no longer in accord with our present
conditions and our sentiments, which these conditions determine. But it does
not tell us one word as to how these institutions arose, why they existed, and
what role they played in history. And when we examine these questions, we are
compelled to say – however contradictory and heretical it may sound – that the
introduction of slavery under the conditions prevailing at that time was a
great step forward. […] It is clear that so long as human labor was still so
little productive that it provided but a small surplus over and above the
necessary means of subsistence, any increase of the productive forces,
extension of trade, development of the state and of law, or foundation of art
and science, was possible only by means of a greater division of labor. And the
necessary basis for this was the great division of labor between the masses
discharging simple manual labor and the few privileged persons directing
labour, conducting trade and public affairs, and, at a later stage, occupying
themselves with art and science. The simplest and most natural form of this
division of labor was in fact slavery. In the historical conditions of the
ancient world, and particularly of Greece , the advance to a society
based on class antagonisms could be accomplished only in the form of slavery.
This was an advance even for the slaves; the prisoners of war, from whom the
mass of the slaves was recruited, now at least saved their lives, instead of
being killed as they had been before, or even roasted, as at a still earlier
period.”
[29] Georges Politzer, Princípios Elementares da Filosofia, Ed. Prelo, 1974. Também
descarregável de
No capítulo em que Politzer discute
o papel da ideologia existe uma confusão entre a exemplificação de consciência
de classe e consciência política. O autor comete também um erro grave quando
afirma «A religião, a moral são formas da ideologia, do mesmo modo que a
ciência, a filosofia, a literatura, a arte, a poesia». É claro que a ciência é
feita de ideias, mas totalmente ao contrário da religião, moral, filosofia,
literatura, arte, poesia, etc.! A ciência é um conjunto estruturado e validado de ideias através do qual o
homem apreende a realidade, as propriedades da matéria, incluindo os produtos mentais
da matéria altamente organizada como o homo
sapiens. A validação vem da experimentação prática. Por isso mesmo a
ciência faz parte das forças produtivas. O erro de Politzer é um erro
fundacional de várias correntes idealistas de filósofos franceses, incluindo o
pós-modernismo.
Georges Politzer, Elementary Principles of Philosophy.
In the chapter where Politzer discusses the role of ideology, there is confusion
between exemplifying class conscience and political conscience. The author also
makes a serious mistake when he says “Religion, morals are forms of ideology,
in the same way as science, philosophy, literature, art, poetry, etc.” Of
course science is made of ideas, but in a totally opposite way to religion,
morals, philosophy, literature, art, poetry, etc.! Science is a structured and validated set of ideas, with which man apprehends
the reality, the properties of matter, including the mental products of highly
organized matter such as homo sapiens.
Validation comes from practical experimentation. That’s why science is part of
the productive forces. Politzer’s mistake is a foundational mistake of various
idealist currents of the French philosophers, incluing post-modernism.
[29]
V. I. Lenine, Que Fazer?, 1902. V. I. Lenine, What Has to Be Done?, 1902.