O portal da WikiLeaks (https://search.wikileaks.org/search?q=portugal)
disponibiliza várias dezenas de documentos de grande interesse para a análise
da Revolução Portuguesa. São quase todos do repositório designado por
«telegramas de Kissinger» (Kissinger Cables), desclassificados em
2005-2006. Muitos deles têm os cabeçalhos originais, com o assunto, nível de
confidencialidade – secreto, confidencial, uso oficial limitado –, o emissor e
o(s) destinatário(s), etc. (ver Nota.)
Infelizmente, a muitos falta o texto e é patente (por faltas de telegramas
referenciados) que muitos ou ainda não foram desclassificados ou não foram
obtidos pelo WikiLeaks.
Não se encontra na WikiLeaks um único
telegrama sobre o envolvimento dos serviços secretos dos EUA nas iniciativas
contra-revolucionárias: intentona do «28 de Setembro», putch do «11 de
Março» e golpe do «25 de Novembro». È evidente que essas manobras passavam por
canais próprios dos serviços secretos, fora dos canais diplomáticos
Kissinger-Embaixadas dos EUA.
Henry Kissinger foi o todo-poderoso Secretário
de Estado de várias administrações estado-unidenses, em particular durante o
período da Revolução Portuguesa, de 25/4/1974 a 25/11/1975. Kissinger era, de
facto se não de jure, o controleiro-mor de todos os serviços secretos e
de todas as iniciativas da política externa dos EUA, incluindo a missão dos EUA
na NATO.
Os «telegramas» dizem respeito a vários temas:
1) política interna de Portugal, 2) questões coloniais (auto-determinação das
ex-colónias); 3) segurança da NATO; 4) adesão de Portugal à CEE; 5) relações
com os países socialistas; 6) outros (pressões sobre a INTER, promessas de
ajuda dos EUA, participação de Portugal na UNESCO, participação em cimeiras
regionais, por exemplo, OEA, etc.). No presente artigo vamos focar unicamente
as questões da política interna de Portugal, apresentando os «telegramas»
pertinentes por ordem quase cronológica. (A consulta da WikiLeaks é de
Janeiro de 2015).
Muitos telegramas são longos. Removemos de
vários deles segmentos de texto de nenhum ou reduzido interesse. Inserimos
títulos e comentários mínimos (entre parênteses rectos). Todos eles confirmam o
que já dissemos na nossa série de artigos «A história ignominiosa do PS».
Trazem, contudo, novos elementos para reflexão.
1974
O primeiro telegrama disponível na WikiLeaks
sobre o «25 de Abril» data de 3 de Maio de 1974.
3 de Maio de 1974
Uso oficial limitado | De:
Missão dos EUA na NATO | Para: Kissinger, Embaixada dos EUA em Lisboa.
O representante permanente Português [na NATO]
Nogueira anunciou formalmente a 2 de
Maio que a nova e proclamada Junta se comprometeu a respeitar os anteriores
compromissos internacionais de Portugal, guiada pelos princípios de
independência e igualdade entre Estados e não-interferência. Rumsfeld.
Tudo normalíssimo. Parece que não houve
revolução. O salazarento Franco Nogueira continua a representar Portugal na
NATO e até a designação «Junta» se presta a equívocos. Equívocos, aliás,
justificados. Dos 7 elementos da Junta 4 são de extrema-direita (Spínola,
Galvão de Melo, Diogo Neto, Silvério Marques).
São muito poucos os telegramas disponíveis de
1974 abordando questões de política interna. A esmagadora maioria trata das
questões coloniais – revelando a grande inquietação dos EUA com o futuro regime
político das colónias portuguesas, em particular de Angola – e a preocupação
dos EUA, Canadá e países europeus com a segurança de programas da NATO, devido
à presença de elementos do PCP nos governos de Portugal. A representação
portuguesa na NATO foi excluída da participação nas reuniões do programa
nuclear da NATO. Exclusão aceite por Costa Gomes e reportada nestes termos num
telegrama de 7/11/1974: «Costa Gomes disse que retiraria Portugal do programa
nuclear e de actividades relacionadas até o sistema de segurança de Portugal
cumprir os padrões da NATO». Isto é, logo que os comunistas saiam do governo.
Note-se a posição servil de Costa Gomes.
Durante todo o ano de 1974 a impressão que se
colhe da leitura dos telegramas é a de que os EUA pensam que o governo
português que saiu de um «golpe» quer apenas resolver a questão colonial e
orientar-se para um país capitalista «normal». Passou-lhes ao lado a componente
revolucionária popular do processo.
Um telegrama de 1974 sobre Angola merece ser
mencionado (apresentamos apenas alguns segmentos) porque ilustra a informação
deficiente que o embaixador dos EUA, Scott, passava nessa altura aos seus
superiores:
27 de Novembro de 1974
Secreto | De: Embaixada dos EUA
em Lisboa | Para: Kissinger
1. O "alvarez" de Bula [Bula Mandungu, o
homem de Mobutu em Portugal e Angola] é sem dúvida o Major Victor Alves, que é,
como o Major Melo Antunes, um ministro sem pasta, membro da Comissão
Coordenadora do MFA e conselheiro de Estado. Alves, Antunes e o PM [Vasco] Gonçalves
são em tudo os membros mais influentes do governo.[...] Antunes é geralmente
considerado o mais esquerdista dos três. Se isto faz dele “orientado por
Moscovo” pode depender do ponto de vista do observador. Ele evidencia
claramente ser “orientado para o Terceiro Mundo” e parece partilhar a visão
terceiro-mundista a favor do MPLA [...]
2. Depois do golpe, as opiniões sobre Victor Alves
eram inicialmente confusas (o que se aplica praticamente a todos os
desconhecidos homens do MFA), alguns chamando-o comunista, outros insistindo
que ele era fascista. Agora é considerado um moderado dentro do MFA […] Alves,
claro, opera dentro da orientação política geral do MFA que é claramente à
esquerda do regime de Caetano [...] Não rejeitamos a possibilidade que a
presente e aparente orientação do MFA possa ser o lobo comunista com pele de
cordeiro. [...] Scott.
1975
Carlucci e Soares entram em cena
Durante todo o ano de 1974 foi embaixador dos
EUA em Lisboa Stuart Nash Scott. Veio a ser despedido por não ter visto que
estava em curso uma revolução. Foi substituído a 25/1/75 por Frank Carlucci,
homem da CIA tarimbado no ex-Congo Belga, que iria tratar de esmagar a
revolução. Há razões para crer que a sua vinda e o alerta dos EUA para o
«perigo comunista» foram influenciados por Mário Soares, na altura ministro dos
Negócios Estrangeiros. Veja-se o seguinte telegrama de uma semana antes da
chegada de Carlucci a Lisboa:
19 de Janeiro de 1975
Assunto: SOARES VÊ A SITUAÇÃO
CRÍTICA
Secreto | De: Embaixada dos EUA
em Lisboa | Para: Kissinger
1. Dcm Okun e eu tivemos uma conversa de duas horas com o ministro Soares a 18 de
Janeiro. […] 2. Soares não perdeu tempo a dizer-nos como a situação actual da
cena política doméstica lhe parecia crítica. Segundo Soares, a questão da lei
da unicidade sindical escalou a situação de deterioração da coligação no
governo 3.[...] segundo Soares, o MFA e os comunistas votarão em bloco a favor
da lei e ela será aprovada. "perderemos", disse, "numa questão
muito crítica" 4. Soares criticou acidamente a atitude do PM [Vasco] Gonçalves
na reunião de 17 de Janeiro […] Quando apontou a Gonçalves que a lei de
unicidade sindical não era necessária para filiação na OIT o PM descartou a
questão dizendo que a OIT era uma "organização reaccionária." [Que de
facto era e é. Basta aqui dizer que entre os dirigentes da OIT estão patrões!]
[…] Fiz notar a Soares que a sua
avaliação da situação actual da cena política portuguesa era bastante negra.
Ele encolheu os ombros e fez notar o controlo comunista dos media e da estrutura organizativa dos
sindicatos. […] O aspecto mais optimista da situação é que os socialistas
finalmente acordaram para o facto de que o curso actual do governo português
coloca uma ameaça real a eles como partido. Carlucci.
Apecie-se, agora, esta entrevista de Soares a
um semanário monarquista espanhol:
11 de Fevereiro de 1975
Assunto: ATAQUE DE SOARES A
CUNHAL
Uso oficial limitado | De:
Embaixada dos EUA em Madrid | Para:
Kissinger, Embaixadas dos EUA em Lisboa, Bona, Londres, Paris, Missão dos EUA
na NATO
1. A última edição da revista semanal "Blanco y
Negro" (monarquista) traz uma entrevista com o ministro dos negócios
estrangeiros e líder socialista Soares. Pontos salientes da entrevista:
inquirido sobre uma afirmação anterior da possibilidade de guerra civil, Soares
respondeu que tal posiibilidade era plausível se os socialistas abandonassem o
governo e o deixassem nas mãos dos comunistas e dos militares; “por essa razão
vamos permanecer no governo” [mais tarde abandonaram o governo; queriam guerra
civil?] [...] (d) “o partido comunista não joga o jogo democrático e tem sob
seu controlo exclusivo a rádio e a televisão. Estou desapontado. Álvaro Cunhal
não joga limpo” [...]
O único telegrama sobre o «11 de Março»
11 de Março de 1975
Não classificado | De: Embaixada
dos EUA em Madrid | Para: Kissinger, Embaixada dos EUA em Lisboa
[…] 2.O Gen.
Antonio Spinola acompanhado da mulher e de vários oficiais portugueses
subordinados chegou à Base Aérea espanhola de Talavera esta tarde, onde foram
“internados” pelas autoridades espanholas 3. Toda a fronteira
espanhola-portuguesa foi fechada às 1800 horas de hoje por iniciativa das
autoridades portuguesas. 4. O governo Espanhol emitiu um comunicado negando
qualquer envolvimento na insurreição contra o governo português, reafirmando a
sua adesão ao princípio de não intervenção.
Facetas do Senhor Carvalho
Várias passagens do telegrama
abaixo indicam que «Carvalho» é Otelo Saraiva de Carvalho. Os estrangeiros
referiam-no quase sempre por Carvalho ou Otelo de Carvalho. Repare-se na têmpera
revolucionária do sujeito.
9 de Abril de 1975
Secreto | De: Embaixada dos EUA
em Londres | Para: Kissinger, Embaixada dos EUA em Lisboa, Dep. Secretário
Assistente Hartman em Lisboa, embaixador Carlucci
1. Elliott Roosevelt telefonou-me a 7 de Abril. 2. Ele
chegou recentemente ao Reino Unido vindo de Portugal onde viveu e tem
interesses de negócios. [...]. Relatou que o seu advogado lisboeta, Dr. Manuel
Salema, que representa os interesses legais de Roosevelt em Portugal, lhe disse
durante um almoço que Carvalho -- segundo Salema, um amigo pessoal próximo --
está ainda na defensiva acerca do incidente do golpe de 11 de Março, no qual
ele [Carvalho] avisou o embaixador Carlucci que, pessoalmente, não poderia
garantir-lhe a segurança. Segundo Salema, Carvalho vê com maus olhos as
perspectivas a longo prazo de Portugal, é altamente critico da chefia do
governo, e teme que a situação possa
degenerar num caos conducente ao domínio comunista do país. Salema descreveu
Carvalho como ambicioso com um olho em ser primeiro-ministro. 2. Salema disse
especificamente que Carvalho desejaria abrir um canal não-oficial com o governo
dos EUA mas aparentemente sem especificar qual o objectivo de tal canal. [...].
3. Roosevelt […] sugeriu que o embaixador [Carlucci] poderia considerar entrar
em contacto com Salema, sem dar nas vistas, para ver exactamente o que ele
tinha em vista e o que Carvalho pensava sobre um canal informal privilegiado ao
governo dos EUA. Lewis disse que Salema é um membro de uma das mais importantes
firmas judiciais de Liboa, a qual é dirigida por um certo Dr. Pereira que tinha
ligações fortes ao anterior regime e que
vive agora na Suíça. Salema é considerado um anglófilo e socialista convicto
mas não um comunista. […]
Repare-se nas seguintes facetas do Senhor
Carvalho:
«está ainda na defensiva acerca do incidente
do golpe de 11 de Março». Confere com Otelo que não mexeu uma palha para travar
o putsch e veiculou essa «defensiva»,
isto é, procurou, ainda que sem grande alarde, passar a mensagem do putsch como uma inventona comunista.
«é
altamente critico da chefia do governo». Confere com Otelo. Foi Otelo que demitiu
e ostracizou Vasco Gonçalves.
«teme
que a situação possa degenerar num caos conducente ao domínio
comunista». Confere com Otelo, para quem o inimigo principal sempre foi o PCP.
«Carvalho como ambicioso». Confere com Otelo,
o auto-proclamado «Fidel da Europa».
«com um olho em ser primeiro-ministro».
Confere com Otelo, que se fez ao lugar depois da demissão de Vasco Gonçalves.
O único aspecto novo neste telegrama e que
clarifica a têmpera do «revolucionário» sempre pronto a traições é que
«desejaria abrir um canal não-oficial com o governo dos EUA»!...
Imperiais Europeus: É preciso apoiar os moderados
(leia-se, o PS)
20 de Maio de 1975
Secreto | De: Embaixada dos EUA
em Londres | Para: Kissinger
Durante a minha conversa com o secretário dos negócios
estrangeiros [Jim Callaghan] em 19 de Maio, ele falou de Portugal. […] Disse
que francamente discordava da apreciação do secretário sobre a situação em
Portugal e que, tal como outros líderes europeus, pessoalmente acreditava que
Portugal não estava para além da salvação. Callaghan indicou que sentia
convictamente que na cimeira da NATO o presidente e secretário não deviam
deixar de passar algum tempo com a delegação
portuguesa [não esqueçamos que a delegação portuguesa foi escolhida por
Soares] de forma a fortalecer as posições dos moderados de Lisboa. Hattersley,
que estava presente, deixou saber que os países da CEE tinham-se mostrado
entusiasmados em levar a cabo acções práticas
(p. ex., assistência económica, visitas, etc.) para apoiar as posições
dos moderados em Portugal.
Mas os EUA têm pouca fé nas tácticas dos
imperiais subalternos
22 de Maio de 1975
Secreto | De: Kissinger (em
Ankara) | Para: Embaixada dos EUA em Londres
Se vir Callaghan antes dele prtir para a reunião em
Paris apresente-lhe os seguintes pontos que também eu vou apresentar aqui a
Hattersley: A. Os EUA não “desistiram” de Portugal. Simplesmente fazemos um
análise da situação significativamente mais pessimística, a qual parece ser
mais realista cada dia que passa. B. Não temos nenhuma intenção de afrontar os líderes portugueses. Vi [Melo]
Antunes em Bona e o presidente irá avistar-se com [Vasco] Gonçalves em
Bruxelas. Expressar-lhes-emos as nossas preocupações com os desenvolvimentos
internos de Potugal e mais partiularmente a nossa incompreensão de como a
aliança NATO possa ter membros com políticas externas algures entre a da
Jugoslávia e a da Argélia. C. Os europeus deviam pensar melhor sobre a sua tese
de que ajudando um Portugal radical e “dispendendo mais tempo com” os seus
líderes radicais irão de alguma forma fortalecer os moderados. Estamos a fazer
ambas as coisas, mas dificilmente com a convicção de que o resultado ajudará os
moderados; mais porque não conseguimos tirar os nossos amigos europeus das suas
convicções. [...] Pergunto-me, [o que acontecerá] se Soares acabar por ser
arriado e os europeus tentarem encontrar um outro escuro cavalo “moderado” até
que a ala esquerda da ditadura neutralista apoiada pelos comunistas estiver
instalada como um exemplo para outros da europa ocidental seguirem. [O mau
exemplo de Portugal: uma constante dor de cabeça para os imperiais]
Mon ami Mitterand [Soares dixit]
o «socialismo do Sul da Europa» e a liberdade dos patrões decidirem do que se
deve noticiar
5 de Junho de 1975
Uso oficial limitado | De:
Embaixada dos EUA em Paris | Para: Kissinger, info Embaixadas dos EUA em
Londres, Bona
1. Mitterrand e o caso [do jornal] República. Em 29 de
Maio o semanário do PS [francês] l’Unité publicou artigos condenando o apoio do
PCF aos ataques do PCP às liberdades portuguesas. […] Vários quadros e
jornalistas bem colocados do PS [francês] disseram à embaixada que o apoio de
Mitterrand ao [jornal] República e aos socialistas portugueeses (PSP) resulta
de três factores: -- o afecto e respeito pessoal de Mitterrand por Soares e o
tipo de socialismo que este defende; -- o desejo de Mitterrand de novamente
enfatizar até onde o socialismo do Sul da Europa pode e deve seguir um caminho
de cooperação com os comunistas e simultaneamente servir de protector da
democracia pluralista e civil – o desejo do PS [francês] de claramente apontar
aos votantes fanceses a diferença de atitudes entre o PS e o PCF face às
liberdades civis. [...]
De como a imprensa deve «esclarecer» as razões
pelas quais os socialistas abandonaram o governo (IV Governo Provisório)
11 de Julho de 1975
Assunto: GUIÃO DE IMPRENSA
SUGERIDO PARA 11 DE JULHO
Uso oficial limitado | De:
Kissinger | Para: Secretário da delegação dos EUA, imediato
Recomendo que o porta-voz do departamento de imprensa
responda como se segue, na sessão informativa de 11 de Julho, às questões que
presumo serão colocadas sobre a saída dos socialistas do governo provisório
português. – questão: o departamento [de Estado dos EUA] tem algum comentário a
fazer sobre a saída dos socialistas do governo português? – resposta:
consideramos isso uma mudança significativa da situação em Portugal. Tal como a
entendemos, as razões que impeliram o partido socialista a abandonar o governo
são razões graves. Tinham sido dadas garantias sobre o jornal “República” que
não foram seguidas. Lembrar-se-ão que o Secretário [Kissinger] tinha expresso
há algum tempo atrás a nossa preocupação sobre uma possível evolução não
democrática dos acontecimentos em Portugal. Conforme mostraram as eleições de
Abril, os socialistas são de longe o maior partido em Portugal. A sua saída do
governo irá por isso causar apreensão e preocupação sobre o curso dos
acontecimentos em Lisboa. Citado por Carlucci.
A independência do Algarve, Açores e Madeira e
as estranhas atitudes da Espanha sobre o assunto
18 de Julho de 1975
Assunto: ACTIVIDADES DAS
ORGANIZAÇÕES DE INDEPENDÊNCIA DOS AÇORES
Confidencial | De: Embaixada dos
EUA em Madrid | Para: Kissinger, info Embaixada dos EUA em Lisboa
1. Um funcionário da Embaixada [dos EUA] recebeu a 11
de Julho um cidadão português que se identificou como tendo residido no Canadá
e está agora a residir em Faro, Algarve, que é activo no movimento para a
independência do Algarve. Esta fonte alegou que duas outras organizações de
independência dos Açores e Madeira concluiram recentemente um acordo para
trabalhar em conjunto com aquela a que ele pertence, e pressionar o governo
português a reverter a sua política extremista. O objectivo anunciado da
organização é a independência, mas o objectivo real, segundo a fonte, era
meramente colocar pressão no governo português. O funcionário disse ao
português que o governo dos EUA tem relações normais com o governo português e
não podia ser envolvido nos assuntos internos portugueses. 2. O director para
os assuntos da Europa Ocidental do Ministério dos Negócios Estrangeiros
[espanhol] disse ao funcionário, a 14 de Julho, que a organização da
independência dos Açores tinha contactado a Embaixada de Espanha em Washington.
O embaixador espanhol em Washington recusou receber os representantes da
organização mas autorizou um funcionário da Embaixada a encontrar-se com um
representante dos Açores num restaurante em Washington. O director do
Ministério dos Negócios Estrangeiros [espanhol] não acreditava que qualquer
movimento no Algarve tivesse algum sucesso mas estava bem consciente que os
açoreanos tinham um grupo numeroso e influente nos EUA. 3. A imprensa espanhola
tem incluído vários relatos detalhados sobre distúrbios em Ponta Delgada. 4. Comentário:
na medida em que o director do Ministério dos Negócios Estrangeiros [espanhol]
levantou a questão sobre os Açores ao funcionário da embaixada [dos EUA], é
possível que o director procurasse obter alguma indicação da atitude dos EUA
sobre a situação dos Açores, pensando que qualquer mudança de estatuto das
ilhas poderia afectar o curso das actuais conversações bilaterais EUA/Espanha.
O funcionário da Embaixada disse-lhe que a posição dos EUA era neutral e que
não tínhamos nenhum interesse em envolver-nos numa questão sobre a integridade
de Portugal.
Três meses depois, quando a administração Ford
já não punha de parte a independência dos Açores, a FLA sobe de tom, levando a
questão à Missão dos EUA na ONU:
14 de Outubro de 1975
Assunto: PORTUGAL E OS AÇORES
Confidencial | De: Missão dos EUA na ONU | Para: Kissinger |
Distribuição Exclusiva de Goott para Lowenstein
1. A fonte que Lowenstein referiu a Goott na Missão
dos EUA na ONU informou este último que Augusto Soares [chefe da FLA] tenciona
telefonar a Laingen [...] A fonte considera Soares um jovem “brilhante, muito
perceptivo e prometedor”. 2. […] Soares e colega relataram que o movimento de
independência dos Açores está extremamente forte e confiante. Estão empenhados
na política de emissão de uma declaração pedindo o direito de auto-determinação
através de plebiscito aberto sob supervisão internacional [...] Originalmente
tinham planeado contar com o apoio dos EUA, mas agora viram que os EUA não
podem ter uma responsabilidade directa. Estão muito ansiosos sobre a garantia
de que a política dos EUA estará completamente planeada e atenta em antecipação
do evento, que poderá ocorrer a todo o momento. Sobretudo, desejam que os EUA
desencoragem o governo de Lisboa de enviar cruzadores ou paraquedistas para a
ilha e use a força para impedir o referendo. […] gostariam que nós estivéssemos
preparados para dizer em Washington, Lisboa, Bruxelas e ONU, que o requisito de
plebiscito parece razoável, ou não desrazoável, ou qualquer coisa de melhor se
possível.
3. A fonte não faz outras recomendações específicas
nesta altura, a não ser para que nós prestemos uma atenção cuidadosa à
perspectiva da autodeterminação dos Açores e à sequente reacção dos EUA, e
particularmente a desejável não utilização das bases militares dos EUA para os
fins indicados acima.
Os imperiais subalternos usam a CSCE (Comissão
para a Segurança e Cooperação na Europa) para admoestar a URSS
22 de Julho de 1975
Assunto: PORTUGAL E A CSCE
Secreto | De: Embaixada dos EUA
em Londres | Para: Kissinger
Durante uma discussão geral com Jim Callaghan
[ministro inglês dos negócios estrangeiros] num evento social deste
fim-de-semana, este disse-me que tinha tido discussões com Giscard [PR francês]
e Schmidt [Chanceler RFA] durante o Conselho de Chefes de Governo da CEE na
última semana. Ambos, Giscard e Schmidt, disseram que planeavam aproveitar-se
da oportunidade oferecida pela reunião de Helsinki [da CSCE] para dizer aos
soviéticos que o apoio deles aos comunistas portugueses ia contra o espírito de
détente e era inconsistente com a
própria CSCE. Ele [Callaghan] pediu-me para lhe confidenciar isto. Richardson.
Uma arma imperial sempre de grande recurso: o
Vaticano
21 de Agosto de 1975
Secreto | De: Kissinger | Para:
Embaixada dos EUA em Roma, info imediata Embaixada dos EUA em Lisboa
Julgamos importante ter uma troca contínua de ideias
com o Vaticano sobre a situação em Portugal. Solicito-lhe, portanto, marcar um
encontro com o secretário de Estado Casaroli para uma troca de pontos de vista
[...] Deverá inquirir qual é a percepção do Vaticano sobre Portugal e perguntar
a Casaroli que papel a Igreja pensa desempenhar que contribua para uma evolução
mais esperançosa em Portugal. [...].
27 de Agosto de 1975
Secreto | De: Kissinger | Para: Secretário da Delegação dos EUA em
Bruxelas
[…] Casaroli disse que o Vaticano partilhava das
preocupações dos EUA com a evolução da situação política portuguesa. […] disse
que o episcopado tem um poder potencialmente considerável mas que tem sido
cuidadoso na forma de como o exerce por três razões: falta de organização ao
nível político; receio de represálias da extrema-esquerda; auto-contenção, em
geral, em actividades políticas directas. A Igreja portuguesa tem evitado
publicamente uma associação com os partidos políticos existentes. [...] Tem
também mantido contactos (não identificdos) com o MFA. No Norte, disse, o papel da Igreja tem sido
mais visível e mais directo. A este respeito citou o exemplo das actividades do
arcebispo de Braga, [Francico Maria] da Silva [reaccionário, que recomendava
publicamente aos cristãos votarem ou no CDS ou no PDC. Responsável moral pelos
ataques bombistas e assassinatos coordenados pelo seu braço direito, cónego
Melo], e disse que o arcebispo do Porto poderia provavelmente ser um
mobilizador mais eficaz da opinião pública dado o seu passado como opositor de
Salazar.
2 de Setembro de 1974
Secreto | De: Embaixada dos EUA
em Roma | Para: Kissinger
[…] Como sugeriu na referência B [não encontrada]
qualquer desenvolvimento específico da nossa iniciativa sobre Portugal deverá
depender da resposta de Casaroli. O embaixador [dos EUA] Lodge poderá, porém,
pronunciar-se sobre pontos da referência B durante a reunião planeada com
Casaroli e o arcebispo Benelli, scretário de Estado adjunto [do Vaticano].
As manobras de Costa Gomes sobre desconsiderar
ou não o documento COPCON e Programa do V Governo Provisório, em favor do
Documento dos Nove. Isto é, sobre embarcar ou não no barco da contra-revolução.
25 de Agosto de 1975
Assunto: SUMÁRIO DE PORTUGAL ÀS
12:00 DE NOVA IORQUE, 25 DE AGOSTO
Secreto | De: Kissinger | Para:
Secretário da Missão dos EUA na NATO imediato
A menos de um dia da emissão de um comunicado em seu
nome, o presidente Costa Gomes autorizou um comunicado e desautorizou outro,
que tinha sido interpretado como vitória do PM [Vasco] Gonçalves. Costa Gomes
não negou a autoria do primeiro e ambíguo comunicado (tratado no sumário de 24
de Agosto, 13:00 horas NI), o qual o partido comunista, a imprensa e as
organizaçõe sindicais rapidamente interpretaram como favoráveis aos seus pontos
de vista. O segundo comunicado, emitido por Costa Gomes a 24 de Agosto, 22:00
tempo de Lisboa, pela pró-comunista quinta divisão das forças armadas, era uma
exortação muito menos ambígua a: -- respeito pela Assembleia do MFA; -- unidade
do MFA em torno do programa de acção política do COPCON e do programa do
governo de Gonçalves em defesa da revolução, e rejeição do documento [Melo]
Antunes; -- elaboração de uma proposta de aliança directa do MFA com o povo,
e -- decisão sobre o destino dos membros
[dos Nove] suspensos do Conselho da Revolução (Antunes e companhia) pela
Assembleia radical do MFA.
Costa Gomes declarou nulo e sem efeito o segundo
comunicado porque tinha sido obtido e publicado sem o conhecimento do
presidente. [...] É ainda muito cedo para dizer se, todavia, o segundo
comunicado foi inventado pela quinta divisão, ou se Costa Gomes foi obrigado a
recuar de afirmações que tinha autorizado. Tudo isto aponta para a dificuldade
em confiar em Costa Gomes para forçar a saída de Gonçalves. De qualquer forma,
os “moderados” estão conscientes da necessidade de se moverem depressa e dos
riscos de dar muita confiança a Costa Gomes.
Há relatos de que uma unidade do exército leal a
Gonçalves “se prepara para a luta” e que unidades opositoras do exército estão
em manobras [...] Contudo, a embaixada em Lisboa frisou que a atmosfera geral
na segunda-feira era a mesma – tensa mas calma [...] relatos de imprensa
indicam que o almirante Vitor Cespo poderia ser o novo PM responsável pela
economia num novo governo mais moderado [...]
Pressões («iniciativas»!) imperiais sobre
Costa Gomes:
29 de Agosto de 1975
Assunto: INICIATIVAS A TOMAR COM
COSTA GOMES
Secreto | De: Kissinger | Para:
Embaixada dos EUA em Lisboa imediato, info Embaixadas dos EUA em Londres, Bona,
imediato
[...] 1. Falei com o encarregado de negócios britânico
Moreton sobre a prevista iniciativa deles sobre Costa Gomes. Disse que tínhamos
sido informados de que esta iniciativa seria muito menos impositiva do que
aquela que você [Carlucci] tinha apresentado. Disse-lhe que o nosso desejo de
encorajar iniciativas impositivas dos europeus ocidentais foi reforçado, por
informação recente e fiável, de que tinham tido um efeito útil sobre Costa
Gomes, e que abordagens semelhantes dos britânicos e outros também teriam.
Moreton disse que o embaixador Trent estava bastante hesitante sobre a
utilidade de uma iniciativa tal como a que propusemos. Sugeri que Trent talvez
quizesse entrar em contacto consigo para obter a sua apreciação mais actual da
situação.
2. Também comuniquei aos alemães o nosso
desapontamento com a falta de firmeza [force]
da iniciativa deles. Sugeri-lhes que talvez quizessem que o encarregado de
negócios deles entrasse em contacto consigo, e tendo feito isso, pudessem então
examinar se a abordagem deles poderia ser reforçada de forma útil. 3.Você
talvez deseje passar aos colegas britânicos e alemães alguns dos aspectos específicos
que o levaram a julgar ser útil aplicar nesta altura iniciativas vigorosas dos
europeus ocidentais.
Os imperiais aborrecidos com um sucesso
económico do governo de Vasco Gonçalves. Afinal, não há caos em «Lisboa».
3 de Outubro de 1975
Assunto: O DÉFICE
MENSAL DA BALANÇA COMERCIAL DE PORTUGAL DECRESCE ACENTUADAMENTE
Uso oficial limitado | De:
Embaixada dos EUA em Lisboa | Para: Kissinger, info Embaixadas dos EUA em Bona,
Bruxelas, Copenhaga, Dublin, Londres, Luxemburgo, Madrid, Paris, Roma, e Haia,
Missão da CEE em Bruxelas, Mssão dos EUA na OCDE em Paris, Missão dos EUA na
NATO, Cônsul dos EUA no Porto [Ó da
guarda, que o défice comercial de Portugal baixou!!!]
1. Dados apresentados ontem (2/10) pelo INE mostram
que o nível do défice mensal da balança comercial de Portugal baixou
drasticamente desde Maio. As importações (a preços ajustados) durante
Janeiro-Abril 1975 totalizaram 36,2 biliões de escudos (27,24 escudos equivalem
a um dólar EUA), um crescimento de 59% desde Janeiro-Abril 1974. O mais
surpreendente é que caíram de 8,4 biliões para 4,9 biliões de escudos entre
Abril e Julho de 1975. O último valor representa uma descida de 44% face às
importações de Julho 1974. Logo, durante Janeiro-Julho 1975, elas alcançaram 51
biliões de escudos, ou seja um aumento de apenas 13% face a igual período de
1974.
2. As exportações (a preços ajustados) diminuiram um
pouco, mas mantiveram-se bastante bem. Diminuiram de 4,5 biliões de escudos em
Janeiro para 4,2 biliões em Julho, este último valor estando só ligeiramnte
abaixo dos 4,5 biliões exportados em Julho 1974.
3. Este forte desvio no padrão commercial estreitou
consideravelmente o défice. Eenquanto o défice no periodo Janeiro-Abril 1975
tinha alcançado 18,7 biliões de escudos, durante os três meses subsequentes
cresceu apenas para 25,5 biliões. Em Julho, o défice totalizou 0,7 billiões
de escudos comparados com os 5,1 em Janeiro 1974 e 4,0 billiões em Julho 1974. [negrito
nosso]
4. As causas desta melhoria dramática são ainda
incertas. É atribuída considerável importância ao aumento de taxas sobre as
importações desde 1 de Maio, mas a causa principal é provavelmente a actual
recessão. [...] 5. Em suma, a evolução das importações em Julho representam uma
melhoria notável da balança comercial. É pouco provável, contudo, que o nível
extremamente baixo das importações registado em Julho possa ser mantido até ao
fim do ano. [...]
O que Carlucci não
via ou não queria ver foi o aumento da produção de muitas pequenas empresas e
da zona da Reforma Agrária para o mercado interno. Isto, juntamente com as
restrições às importações de artigos de luxo, explica o «milagre». Uma lógica
em tudo diferente da actual em que, apesar da recessão – que segundo Carlucci
explicaria o «milagre»!!! -- o défice da balança comercial tem sempre aumentado
e muito. Carlucci dizia «É pouco provável, contudo, que o nível extremamente
baixo das importações registado em Julho possa ser mantido até ao fim do ano».
Tinha razão. As coisas logo descambaram com o VI Governo Provisório do PS-PPD.
Mais tarde, com o I Governo Constitucional do PS, o défice da balança comercial
sofreu um aumento em flecha.
O golpe contra-revolucionário do 25 de
Novembro
18 de Novembro de 1975
Assunto: A VISITA DE SPINOLA AOS
EUA
Confidencial | De: Embaixada dos
EUA em Madrid | Para: Kissinger imediato, info Embaixada dos EUA em Lisboa
1. A embaixada informou a 18/11 o director [do
departamento] para os assuntos europeus do ministério dos negócios estrangeiros
[espanhol] sobre a planeada visita de Spínola. O director apreciou a recepção
da informação e a clarificação de que o ramo executivo dos EUA não estava de
nenhuma forma envolvido na visita. O director disse que a visita era de todo
indesejável nas actuais circunstâncias porque seria usada pelos elementos
portugueses de esquerda para demonstrar que forças externas estavam ansiosas de
desfazer os resultados revolucionários da insurreição militar do 25 de Abril.
Do seu ponto de vista, a data da visita de Spínola não podia ter sido pior
escolhida, por se seguir a um fim-de-semana em que as forças pró-Vasco
Gonçalves estavam a concentrar-se para o assalto final ao governo de Azevedo.
2. O director informou a embaixada de que o ministério
dos negócios estrangeiros [espanhol] tinha sabido que Vasco Gonçalves e o
general Otelo de Carvalho tinham tido um encontro secreto em Beja, no Sábado de
15 de Novembro. Embora Carvalho tivesse sido gradualmente destituído de algum
do seu poder, ele é ainda uma figura imensamente popular entre as massas e tem
de se contar com isso, disse o director. […]
Note-se neste telegrama o tratamento de Otelo
por «Otelo de Carvalho» e «Carvalho».
26 de Novembro de 1975
Assunto: POSSÍVEL GUIÃO DE
IMPRENSA
Uso oficial limitado | De:
Embaixada dos EUA em Lisboa | Para Kissinger
1. Se os desenvolvimentos correntes em Portugal forem
levantados na conferência de imprensa hoje à noite, sugere-se o seguinte guião
possível da imprensa para ser usado se perguntado, repito se perguntado: --
questão: o que está a contecer em Portugal? -- resposta: como todos sabem,
pelos telegramas das agências noticiárias, parece que o governo teve sucesso no
esmagamento de uma rebelião liderada por paraquedistas amotinados. questão: isso foi um tentativa comunista de
derrubar o governo? – resposta: penso que a situação ainda não é clara e preferiria
não entrar para já nas motivações. – questão: mas esses paraquedistas eram de
orientação radical, não eram? – resposta: basicamente, concordaria consigo. Mas
os paraquedistas também tinham os seus problemas internos. – questão: os EUA
tiveram alguma acção durante esta crise? – resposta: claro que seguimos a
situação de perto. Mas, contudo, isto é um puro assunto interno português. –
questão: houve americanos feridos? A nossa embixada foi atacada? – resposta:
tanto quanto sabemos nenhuns americanos foram feridos. A embaixada está a
trabalhar normalmente.
Nas respostas
sugeridas por Carlucci, para a conferência de imprensa da Secretaria de Estado
Norte-Americana em Washington, é patente a preocupação em afastar, a nível
internacional, qualquer suspeita de envolvimento dos EUA no 25 de Novembro.
Embora se saiba sobejamente que tal envolvimento existiu, o que o próprio
Carlucci mais tarde reconheceu.
Nota
Os telegramas usam
muitas siglas o que pode dificultar a tarefa de decifração ao principiante.
Aqui deixamos ficar o significado de algumas delas:
AMEMBASSY: American
Embassy, Embaixada dos EUA
CONCEPTS:
aspectos envolvidos
EMBOFF: Embassy
Official, funcionário da embaixada
EXDIS: Exclusive
Distribution, Distribuição Exclusiva
FM: From,
De
GOP: Government
of Portugal, Governo de Portugal
MFA: Ministry
of Foreign Affairs, Ministério dos Negócios Estrangeiros
Atenção: não confundir com o nosso MFA, que em
inglês é AFM (Armed Forces Movement)
MNUC:
Military and Defense Affairs-Military Nuclear Applications (NATO), Assunto Militares e de Defesa - Aplicações
Militares Nucleares (OTAN)
NPG:
Nuclear Planning
Group (NATO) Grupo
de Planeamento Nuclear
PERMREP: Permanent
Representative, Representante Permanente
PFOR:
Political
Affairs - Foreign
Policy and Relations, Assuntos
Políticos – Política e Relações Externas
PO
- Portugal
REFTEL: Reference Telegram,
Telegrama de Referência
SS, SECSTATE: Secretary
of State, Secretário de Estado (equivalente a PM nos EUA)
USDEL: US Delegation in Brussels, Delegação dos
EUA em Bruxelas
USMISSION: US
Mission, Representação (Missão) dos EUA (p. ex., na NATO)