Artigo antecedente: http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/05/marxismo-e-ciencia-i-introducao.html
* *
*
Uma exposição detalhada sobre o materialismo
dialéctico está fora dos propósitos deste blog. Limitamo-nos a indicar alguns
aspectos relevantes do tema, como etapa prévia à compreensão do «materialismo
histórico», a apresentar mais tarde e que constitui o cerne da metodologia
científica do marxismo, com consequências na análise da economia e da política.
* *
*
I -
Idealismo e Materialismo
O aparecimento da espécie humana sobre a Terra
teve consequências notáveis, pelo menos ao nível local. Uma delas é que, pela
primeira vez num (neste nosso) insignificante planeta – e talvez só nele em
todo o Universo –, um agregado altamente estruturado de matéria se tornava
pensante e consciente. Interagia com outra matéria, colocava-a ao seu serviço, e
replicava-se enormemente modificando o próprio planeta.
Desde os primórdios da civilização que os
seres humanos, conscientes da sua posição única entre os seres materiais, se
colocaram a questão essencial da filosofia: a questão da primazia na relação do
pensar com o ser, do espírito com a natureza. A questão assim formulada: que é
o originário, o espírito ou a matéria?
Conforme respondiam a esta pergunta, os
filósofos, estudiosos das questões mais gerais da existência e do conhecimento,
e seus seguidores (políticos, clero, cientistas, inclusive os homens comuns) dividiram-se
em dois grandes grupos: os idealistas,
defendem a primazia do espírito face à matéria; os materialistas, defendem a primazia da matéria face ao espírito.
Os idealistas agrupam-se fundamentalmente em
duas grandes correntes:
1) Os idealistas
absolutos ou objectivos, como Platão, defendem que o mundo exterior que
percebemos pelos sentidos não existe; só têm existência real as ideias, que se
formam num mundo à parte, um mundo místico, onde permanece a alma humana mesmo
antes de o homem nascer. O filósofo alemão do século XIX Georg Hegel também era
um idealista absoluto, defendendo a existência daquilo que denominava por «a
Ideia» (Ideia Absoluta) que supostamente ditaria ao homem iluminado por tal
Ideia o que era correcto ou não nas leis da natureza e nas leis sociais. Georg
Hegel era, naturalmente, um dos iluminados. É óbvio que quer o «mundo das
ideias» ou a Ideia Absoluta de Hegel são sinónimos filosóficos de Deus.
2) Os idealistas
relativos ou subjectivos, de que um dos expoentes foi o bispo irlandês
George Berkeley (séc. XVIII), defendem que não existem as coisas-em-si – isto
é, os seres materiais fora do conhecimento humano. Para Berkeley e outros
idealistas subjectivos -- como o filósofo e físico Ernst Mach (1838-1916),
«pai» do chamado positivismo lógico ou pragmatismo americano -- só existem
«complexos de sensações». Fora da mente humana os objectos não existem. O
idealismo subjectivo sofre de duas graves consequências decorrentes do postulado
de que «fora da mente humana [fora dos complexos ou combinações de sensações]
os objectos não existem»: o solipsismo (se fora da mente os objectos não
existem então o idealista subjectivo terá, para ser consequente, de admitir que
está sozinho no mundo) e a não existência do Universo antes de surgirem os
seres humanos. A resposta dos idealistas subjectivos para saírem destes
embaraços é sumamente cómica: propuseram que desde a origem do tempo cada um
dos idealistas subjectivos já existia «em potência» (ninguém sabe o que isto
concretamente significa -- limbo divino? -- nem sequer os próprios idealistas
subjectivos) e, ao existir em potência, determinou o Universo antes da
existência real dos idealistas subjectivos, bem como a existência de quem não é
idealista subjectivo!
Os materialistas dividem-se em três correntes:
1) Os materialistas
primitivos ou ingénuos correspondem à atitude do homem comum perante o
mundo exterior. Tomam as sensações imediatas e/ou aquilo que é imediatamente
percebido na natureza, pela essência dos objectos. Por exemplo, Aristóteles, ao
postular que tudo no Universo era constituído por quatro elementos principais –
ar, terra, fogo e água –, comportava-se como um materialista ingénuo. Um outro
exemplo de materialismo ingénuo é a teoria do flogisto, aceite pelos físicos do
século XVII e princípios do século XVIII para explicar a transmissão do calor.
Postulava a existência de um fluido calorífico dentro dos corpos, como se fosse
uma espécie de água quente a correr dentro dos corpos! Em certa medida, a
hipótese do éter, postulado como meio de transmissão de ondas electromagnéticas
por analogia com a propagação do som, era também materialista ingénua. Foi
descartada no início do século XX uma vez confirmadas as teorias de Einstein.
2) Os materialistas
mecanicistas. Em consequência das grandes descobertas científicas dos
séculos XII e XVIII (Copérnico, Newton, Galileu, Kepler, etc.) e a ascensão da
burguesia como classe social progressista que procurava colocar as leis da natureza
ao seu serviço, as teorias idealistas entraram em recuo. As descobertas
científicas seguiam metodologias experimentais e de observação da natureza (já
propostas por Roger Bacon no século XIII). Na medida em que se ia procurar à
matéria a explicação das leis da natureza – abandonando postulações e
pré-conceitos dos cérebros iluminados pela Ideia – a atitude dos cientistas
passou a ser uma atitude materialista. Contudo, até finais do século XIX, os
materialistas, cientistas ou não, permaneceram mecanicistas; isto é,
consideravam o Universo como uma complexa construção mecânica perfeitamente
determinística: planetas e estrelas tinham sido sempre os mesmos e com os
mesmos movimentos; tinham sempre existido os mesmos seres vivos aparte umas
poucas extinções (a explicação dos fósseis ainda não era clara); oceanos e
continentes eram praticamente imutáveis, tendo-se estes formado como uma
espécie de precipitado de um oceano primitivo (Werner, 1774); o corpo humano
era um simples arranjo mecânico que funcionava como um relógio ou um autómato
(Descartes, 1647; Descartes, aliás, não era propriamente materialista mas sim
dualista [1]); Pierre Cabanis dizia em 1795 que «o cérebro segrega o pensamento
como o fígado segrega a bílis»; etc.
3) Os materialistas
dialécticos. No final do século XIX e princípios do século XX várias
descobertas científicas destronaram a concepção mecanicista, substituindo-a por
uma concepção evolutiva, transformativa, do mundo material: a teoria da
evolução das espécies de Charles Darwin (e de outros); a evolução gradualista
da Terra de James Hutton; a termodinâmica e as transformações de fases (sólida,
líquida, gasosa) dos compostos químicos; a teoria da hereditariedade de Mendel;
as teorias celulares dos seres vivos, etc. Karl Marx e Friedrich Engels foram
pioneiros no desenvolvimento da concepção materialista dialéctica; Engels,
particularmente, dedicou grande atenção e estudo das descobertas científicas do
seu tempo. A concepção dialéctica do mundo natural veio a reforçar-se com a
imensidão das descobertas científicas subsequentes: a teoria da tectónica das
placas continentais de Wegener; a descoberta dos quanta (Max Planck) e da natureza probabilística do mundo
microscópico (Max Born); a descoberta do ADN e da constituição celular; a
descoberta das partículas fundamentais da matéria e da transmutação de
elementos; a descoberta de uma forma particular de matéria, designada por
anti-matéria; a descoberta do surgimento aleatório de pares matéria-antimatéria
a partir do «vácuo», a rejeição, com base em resultados experimentais e
teóricos, do modelo estacionário do Universo e a aceitação do modelo
cosmológico dito do big-bang, etc.
II -
Alguns esclarecimentos
Circulam muitas falsas ideias sobre idealismo
e materialismo. A definição precisa da questão primeira da filosofia está dada
acima. Resume-se, no fundo, ao reconhecimento (materialismo) ou não (idealismo)
de uma realidade objectiva, material, independente e fora do espírito humano
que se reflecte no pensamento. Também são diferentes as posições idealistas e
materialistas relativamente à segunda questão principal da filosofia, ligada à
teoria do conhecimento: será possível conhecer as coisas-em-si, isto é a
essência dos objectos do Universo, as leis que regem a natureza, incluindo o
próprio espírito humano? Os idealistas respondem negativamente; só a «Ideia»
(Deus) os pode conhecer (idealistas absolutos) ou só podemos conhecer
«complexos de sensações» (idealistas subjectivos). Pelo contrário, para os
materialistas o mundo é cognoscível. Os materialistas encaram as sensações,
incluindo as que resultam da aplicação de instrumentos de medição, como originando
reflexos na mente de «objectos» (seres inorgânicos ou orgânicos, corpúsculos,
energia, campos, etc.) realmente
existentes. Para os materialistas dialécticos, as sensações, a observação e a actividade prática de interacção com a
natureza (incluindo a interacção com outros seres humanos) permitem chegar a
verdades relativas sobre as «coisas-em-si» que ao longo da história são cada
vez mais próximas de uma verdade absoluta (possivelmente nem sempre
alcançável). A aquisição de conhecimento é, assim, encarada como um sistema
evolutivo e progressivo que cada vez melhor descreve a realidade exterior ao
pensamento humano e a própria formação do pensamento e da consciência.
Apresentamos de seguida alguns esclarecimentos
que julgamos pertinentes:
-- Na linguagem comum entende-se muitas vezes
por idealista aquele que possui ou luta por um ideal. Trata-se aqui de idealismo no sentido moral; não no
sentido da teoria do conhecimento. No sentido moral quer idealistas quer
materialistas podem possuir e lutar por ideais. Muitas vezes, inclusive, lutam
lado a lado pelos mesmos ideais. Por exemplo, nas guerrilhas cubana e
nicaraguense combateram lado a lado, pelo mesmo ideal de justiça social, quer
comunistas (materialistas) quer padres e frades católicos (idealistas).
Inúmeros exemplos deste tipo ocorreram e ocorrem ao longo da História.
-- Poder-se-ia julgar que o materialismo e o
idealismo são correntes filosóficas unicamente ocidentais. Na verdade, as
mesmas correntes filosóficas, as mesmas discussões entre materialistas e
idealistas surgiram (e surgem) na Índia, na China e em outros lugares do mundo.
São idiossincráticas da posição única da espécie humana.
-- Na vida quotidiana a maior parte dos
cidadãos vive alheada destas questões: são, esmagadoramente, materialistas
ingénuos nas suas tarefas e preocupações materiais do dia-a-dia, reservando uma
parcela de idealismo primitivo e tradicional sobre a vida além da morte e a necessidade
de promessas à divindade em troca de um qualquer favor.
-- Os que trabalham em ciência,
particularmente nas ciências da natureza, são materialistas no seu trabalho. São, como dissemos no
artigo anterior, espontaneamente materialistas. Note-se que, por vezes, o
materialismo é designado de outras formas. É usual os físicos chamarem realismo ao materialismo. Einstein diz
claramente: «A crença na existência de um mundo exterior, independente do
sujeito que o descobre, é a base de todas as ciências da natureza» ([2]).
Einstein admitia, contudo, um tipo muito ligeiro e subtil de deísmo que ele
caracterizava como «sentimento religioso cósmico» que «não possui noção
definida nem de Deus nem de Teologia». Uma posição a que outros cientistas e
intelectuais aderem.
Note-se que a designação «realismo» não é
rigorosa. O pensamento e a consciência humana também têm existência reais. A
questão não reside na sua realidade, na sua existência, mas sim, como já
dissemos, na sua primazia ou não face
à matéria. Muitos físicos (mas não todos!) fogem a usar «materialismo»
substituindo-o pelo termo menos rigoroso de «realismo», possivelmente por
«vergonha» de alguma conotação política do termo materialismo.
-- Houve e há quem procure um «casamento»
entre materialismo e idealismo. São os chamados positivistas, cujo «pai» foi o filósofo francês Auguste Comte
(expôs as suas concepções na obra «Sistema de Filosofia Positiva»). Como tal
casamento é manifestamente impossível, na prática os positivistas oscilam entre
um e outro, de forma intrincada e em muitas vezes sumamente cómica ([3]). O
físico Ernst Mach, que mencionámos acima, também tinha devaneios positivistas.
Em geral era um idealista subjectivo como Berkeley, quando dizia por exemplo
(itálicos nossos): «As sensações não são os “símbolos dos objectos” [os
reflexos mentais dos objectos]; antes o “objecto” é que é um símbolo mental
referente a um complexo de sensações relativamente estável. Não são os objectos (os corpos), mas as cores, os sons, as pressões, os
espaços, os tempos, (o que chamamos comummente de sensações), que constituem os
verdadeiros elementos do universo». Mas, por vezes, escorregava para
posições materialistas como nestas afirmações: «Não devemos filosofar a partir de nós próprios mas devemos recorrer
à experiência», «O que observamos na
natureza é impresso [...] sobre as
nossas ideias, as quais [...] imitam os processos da natureza» e «A ligação
profunda entre pensamento e experiência cria a moderna ciência da natureza. A experiência é que origina um pensamento.».
Mach afirma aqui, embora de forma algo confusa, o que qualquer materialista
defende: a matéria existe fora de nós; é a matéria que «imprime» as ideias,
através do que se chama «experiência»; é a experiência que origina um
pensamento. Isto é, como defendem os materialistas, a matéria é a fonte última
do conhecimento; a observação da matéria, a experiência, a interacção com a
matéria é o meio pelo qual o homem adquire conhecimento da natureza.
-- Muitos positivistas (nomeadamente
cientistas) são materialistas nas ciências da natureza e idealistas nas
ciências sociais. Agem como se as sociedades humanas não fizessem parte da
natureza!
-- Muitos livros académicos nas ciências da
natureza, particularmente na Física, adoptam abordagens positivistas, também
qualificadas como «operacionalistas» e «empiricistas» (ver [4]). Pelo
contrário, na Biologia e na Geologia são comuns as abordagens materialistas
dialécticas.
-- Existem também aqueles que se eximem a
tomar uma posição entre idealismo e materialismo. Dizem-se agnósticos, termo inventado pelo biólogo do século XIX Thomas
Huxley que defendia as posições do filósofo inglês do século XVIII David Hume
cujo pensamento se sintetiza nesta frase: «realismo e idealismo são hipóteses
igualmente prováveis». O agnóstico defende que não há maneira de saber se os
nossos sentidos (directa ou indirectamente através de instrumentos) nos
fornecem uma representação correcta dos objectos, logo nada podemos saber de
verdadeiro sobre eles. Vale a pena ver como o materialista Engels refuta esta
argumentação ([5]):
«Ora, esta linha de
raciocínio parece sem dúvida difícil de refutar usando mera argumentação. Mas
antes da argumentação existia a acção. Im Anfang war die Tat [no princípio estava a acção - Goethe].
E a acção humana resolveu esta dificuldade muito antes do engenho humano a ter
inventado. A
prova do pudim está em comê-lo. Desde o momento em que submetemos ao nosso
próprio uso esses objectos, de acordo com as qualidades que percebemos neles,
nós submetemos a um teste infalível a correcção ou não das nossas percepções
sensoriais. Se essas percepções estiverem erradas, então a nossa avaliação do
uso a que submetemos o objecto deverá também estar errada, e a nossa tentativa
[nesse sentido] deverá falhar. Mas se formos bem sucedidos no cumprimento dos
nossos objectivos, se descobrimos que o objecto efectivamente concorda com a
nossa ideia dele, e efectivamente satisfaz aos propósitos que intentávamos para
ele, então isso é uma prova positiva de que as nossas percepções dele e das sus
qualidades, de facto concordam com a realidade fora de nós próprios.»
Frequentemente e na prática os agnósticos comportam-se como
materialistas envergonhados.
-- Note-se que o
termo «matéria» foi e é sempre empregue no sentido de tudo que tem existência objectiva, exterior ao pensamento humano,
que afecta directa ou indirectamente os órgãos dos sentidos, reflectindo-se por
essa via no pensamento. Assim, são não só matéria os corpos materiais
construídos à custa de átomos, mas também a energia, as partículas elementares
com ou sem massa e todas as formas de radiação que é sempre mediada por
partículas elementares manifestando-se em «campos» de «acção à distância». É
também «matéria» todo o conjunto de partículas ditas de anti-matéria. A noção
de matéria tem vindo constantemente a conhecer novos desenvolvimentos, com os
avanços espectaculares da Física moderna. Quando o físico inglês Paul Davies
(que subscreve teses idealistas na Mecânica Quântica) argumenta sobre o «mito
da matéria» (no livro The Matter Myth: Dramatic Discoveries That Challenge
Our Understanding of Physical Reality,
[6]) restringe o entendimento de «matéria» à natureza corpuscular da matéria. Para Davies, energia, ondas, etc., não são
matéria. Note-se que, no próprio título, cai já em contradição: de facto a
«realidade física» de que fala não é outra coisa senão a materialidade física
(já vimos que muitos físicos gostam de usar «realismo» em vez de
«materialismo»).
-- Em geral os poderes estatais reaccionários
defendem posições idealistas; praticam abertamente o acorrentamento ideológico
dos cidadãos a uma visão idealista do mundo (encorajamento por diversas formas
da influência religiosa, incluindo apoios materiais, alcandoramento e elogio
sistemático de intelectuais idealistas, menosprezo quando não perseguição aberta
de intelectuais materialistas, tempo de antena concedido a videntes,
cartomantes, etc.). A lógica é esta: um povo acorrentado a uma visão idealista
do mundo é um povo que depende passivamente da opinião dos «iluminados», dos «espiritistas»,
que se habitua a alhear-se do mundo real, a ser conformado, a não exercer
espírito crítico, a consumir o fútil, a ter como única perspectiva de vida a
procura animal de prazer. É um povo alienado, e a alienação popular mais
facilmente permite que os 1% do topo possam controlar os restantes 99%.
Pelo contrário, os poderes estatais
progressistas -- limitamo-nos aqui à época actual, logo aos sistemas
socialistas ou que rumam em direcção ao socialismo -- só podem sobreviver na
medida em que exista um engajamento popular interessado nessa sobrevivência,
dado faltarem os instrumentos de coerção económica usados pelo capitalismo (de
que o primeiro se enuncia assim: «só trabalhas se eu te der trabalho e te
portares bem»). É necessário que as massas populares olhem para o real e o
saibam interpretar. E é necessário que haja quem faça a análise científica de
como evolui o «real» e quais as suas perspectivas difundindo esse conhecimento
e estimulando a discussão crítica entre as massas, proporcionando assim um
amplo conhecimento e domínio da realidade objectiva. Uma análise científica da
sociedade pressupõe uma análise materialista dialéctica.
-- Apesar do que acabámos de dizer não se deve
cair na visão simplista de que todos os idealistas são reaccionários e todos os
materialistas são progressistas. Isso é absolutamente falso. Já vimos acima que
existem imensos exemplos de idealistas progressistas, incluindo membros do
clero. Também é possível indicar imensos exemplos de materialistas
reaccionários. Na Revolução Francesa, o monarquista reaccionário Talleyrand,
apesar de bispo, era materialista e ateu; mesmo o antigo seminarista Joseph
Fouché, materialista e inicialmente ultra-revolucionário, não teve pejo em
trair os revolucionários, acabando como chefe de polícia dos Bourbons
restaurados e promovido a Duque de Otranto. Exemplos deste tipo encontram-se em
todas as épocas. Inclusive entre cientistas. O eminente biólogo e materialista
inglês Richard Dawkins, apesar das campanhas ardorosas em prol do materialismo
e ateísmo, é apoiante do reaccionário partido Liberal.
-- O materialista consequente é obviamente
ateu. Muitos cientistas e outros intelectuais materialistas tiveram a coragem
de enfrentar preconceitos sociais e declararem-se abertamente como ateus.
-- Uma das melhores obras em defesa do ateísmo
e do materialismo é o «Testamento» do padre francês Jean Meslier (1644-1729).
Trata-se de uma obra notável, densa de argumentação lógica em defesa do
ateísmo. Como o título indica, a obra só foi conhecida depois da morte do
padre. Nela pede desculpa aos seus paroquianos por se ter visto obrigado a
mentir-lhes. A obra é também percursora do materialismo moderno suplantando
mesmo em alguns aspectos os mais avançados materialistas das Luzes, como Diderot,
o barão D’Holbach e Helvetius. Infelizmente pouco conhecido -- não encontrámos
a sua obra traduzida em português -- os próprios pioneiros do materialismo
dialéctico, Marx e Engels, bem como Plekhanov, Lenine e outros, desconheciam-no
([7]).
--------------------
No próximo artigo propomo-nos abordar os
seguintes temas: a dialéctica e dois desafios ao materialismo dialéctico: um,
sério, a Mecânica Quântica; outro, ridículo, o pós-modernismo.
--------------------
Notas
[1] Os dualistas,
como René Descartes, defendem a existência de duas «substâncias» distintas: a matéria e o espírito (a alma
humana). São de facto metafísicos e não materialistas. Descartes teve, contudo,
um papel progressista, justamente destacado por marxistas (ver, p. ex., Georges Politzer, The Tri-centennial of the
Discourse on Method, 2012 in http://marxistupdate.blogspot.pt/2012/01/descartes.html).
Sobre Descartes disse D’Alembert: «Descartes pelo menos ousou mostrar aos bons
espíritos como abalar o jugo dos escolásticos [medievais], da opinião, da
autoridade, numa palavra, dos preconceitos e da barbárie. E, por esta revolta,
cujos frutos nós agora colhemos, prestou um serviço talvez mais essencial à
filosofia do que esta deve aos seus ilustres sucessores»
[2]
A. Einstein “Ideas and Opinions”,
Broadway Books; Reprint edition (June 6, 1995).
[3] Para além de
Ernst Mach é possível apresentar muitos outros exemplos de cientistas ou
intelectuais positivistas (de uma ou outra variante; há inúmeras e ricas em
invenções de termos arrevesados!) oscilando entre posições materialistas e
idealistas. Um exemplo notável é o do físico Hermann von Helmholtz (1821-1894) conhecido pelas suas importantes
contribuições para a teoria da conservação da energia, a termodinâmica e as
percepções sensoriais.
Disse ele no seu
discurso de 1878 «Os Factos da
Percepção» (versão inglesa disponível no MIA - Marxists Internet Archive, http://www.marxists.org/ ): «As nossas sensações são
simplesmente os efeitos nos nossos órgãos de causas objectivas; a forma exacta
como os próprios efeitos se manifestam depende principal e essencialmente do
tipo de dispositivo que reage às causas objectivas» e «E todas as leis naturais
afirmam que a partir de condições iniciais que são as mesmas vistas de qualquer
modo específico, resultam consequências que são as mesmas segundo outro
qualquer modo específico. [...] Se, por exemplo, alguma qualidade de cereja ao
amadurecer forma um pigmento vermelho e ao mesmo tempo também açúcar, nós
encontraremos uma cor vermelha e um concomitante sabor doce nas nossas
sensações de cerejas dessa qualidade». Estas são afirmações claramente
materialistas. Mas, mais à frente, Helmotz diz coisas espantosas como estas «Se
chamarmos ao grupo completo de agregados de sensações [«complexos de sensações»
de Mach, que influenciou von Helmotz] que pode ser potencialmente trazido à
consciência durante um certo período de tempo, através de um grupo específico e
limitado de volições, de presentabilia
temporários, em contraste com o presente, isto é o agregado de sensações que é
objecto doe uma consciência imediata – então o nosso indivíduo hipotético está
limitado em qualquer momento a um círculo específico de presentabilia [...]» e, invocando os presentabilia, «Enquanto sonhamos
acreditamos que estamos a
executar algum movimento e então sonhamos mais e os resultados desse movimento
ocorrem [...] Nestes casos parece ao sonhador que está a ver as consequências
das suas acções e que as percepções do seu sonho são realizadas por meio de
puros processos psíquicos. [...] Se tudo nos sonhos viesse a ocorrer em
concordância definitiva com as leis da natureza não existiria qualquer
distinção entre estar a dormir ou acordado, excepto que a pessoa que está
acordada pode quebrar a série de impressões que está a sentir». Isto é, a
famosa cereja a que se referia materialisticamente von Helmotz, tanto pode
existir objectivamente, fora do pensamento, ou corresponder a presentabilia de um sujeito a dormir. E
como é que Helmotz sabe que o sujeito a dormir não quebra «a série de
impressões que está a sentir»? E acorda convencido que provou o sabor doce de
uma cereja que ingeriu? Só que infelizmente e estranhamente ela não se encontra
no estômago? Assim, von Helmotz, que começou o discurso como materialista,
acaba a dizer que «Não vejo como um sistema mesmo do mais extremo idealismo
subjectivista, mesmo um que trata a vida como um sonho, possa ser refutado»!
Bom, no caso da cereja temos uma solução a propor: abra-se o estômago do
indivíduo e veja-se se está lá a cereja.
[4]
Sobre este assunto, ver: Erwin Marquit,
Philosophy
of Physics in General Physics Courses, originalmente publicado em “Dialectics of Motion in Discrete and
Continuous Spaces”, Science & Society, 42 (Winter,
1978–79), pp. 410–25. (Received 25 April
1997; accepted 28 February 1979). Descarregável de http://www.tc.umn.edu/~marqu002/philphys.htm
.
Erwin Marquit, é um
físico marxista e comunista (membro do PCEUA) que, depois de vencer várias
perseguições académicas (e não só) é, actualmente Professor Emérito de Física
da Universidade de Minnesota. Foi cofundador da Marxist Education Press e editor da revista de estudos marxistas Nature,
Society, and Thought.
Neste artigo Marquit
começa por referir que um seu colega dizia numa aula de filosofia que ele,
físico, não usava filosofia. Esta é uma ilusão muito comum entre cientistas.
Mas não em todos. Einstein, por exemplo, nas suas polémicas com Niels Bohr,
sabia bem que defendia uma posição «realista» contra as posições «idealistas»
de Bohr. Pior ainda é quando os livros académicos são portadores de uma
determinada visão filosófica sem que os leitores se apercebam disso.
Marquit refere que
nos EUA a posição mais difundida nos textos académicos é a do positivismo de Mach, sob a capa de «operacionalismo».
Menciona, por exemplo, que na introdução de um livro muito conhecido, Introductory Nuclear Physics, o autor,
Halliday, faz afirmações como estas: «Na física nuclear, como em todos os ramos
da ciência, é desejável um ponto de vista unificado. Um, que é aceite por
alguns cientistas hoje em dia, mas de forma nenhuma por todos, é o positivismo
lógico cujo pai fundador foi o físico austríaco Ernst Mach.»; «Um positivista,
comprometido como está com o operacionalismo, não descortina forma de decidir
se uma dada teoria ou hipótese representa ou não a “verdade absoluta” [de
facto, nem os materialistas nem ninguém afirma isso; aqui Halliday exagera
propositadamente usando “verdade absoluta” em vez de “realidade objectiva"
fora das sensações]. Em resultado disso ele tende a descartar tal conceito. O seu objectivo é descrever de forma tão
compacta quanto possível as percepções sensoriais que provêm (ou se pode
fazer com que provenham) da experiência» (itálicos nossos).
O artigo desmonta as
argumentações positivistas-operacionalistas-empiricistas, citando a propósito a
crítica de um físico (Mario Bunge) de que apresentamos aqui um extracto:
«Quando aplicado ao caso da intensidade do campo eléctrico E este dogma [operacionalista] sustenta que E só adquire um significado físico quando é prescrito um procedimento
de medição dos valores de E. Mas isto
é impossível; as medições só nos permitem um número finito de valores de uma
função [...] Para além disso, o valor numérico de uma grandeza ou quantidade
física é apenas um dos constituintes dela. Por exemplo, o conceito de campo
eléctrico, falando matematicamente, é uma função e portanto tem três
ingredientes: dois conjuntos (o domínio e contradomínio da função) e a
correspondência precisa entre eles. Um conjunto de valores medidos é apenas uma
amostra do contradomínio da função. [...] Logo, longe de atribuir significados,
a medição pressupõe-os». Isto é, as próprias medições já são feitas tendo por
base o que lhes dá significação: a realidade objectiva. No caso do exemplo, a
existência de um campo eléctrico. Mas
Mario Bunge enterra definitivamente o operacionalismo-positivismo quando a
seguir diz: «Para além disso, há muitas maneiras de medir os valores de E. Portanto, se [como pretendem os
operacionalistas] cada uma dessas maneiras fosse usada para determinar o
conceito de intensidade de campo eléctrico, teríamos um número arbitrário de
diferentes conceitos de campo eléctrico em vez do conceito único que faz parte
da teoria de Maxwell».
[5] F. Engels, «Do
Socialismo Utópico ao Socialismo Científico», 1892. O texto citado faz parte da
Introdução a esta obra, Introdução essa que não encontrámos traduzida em
português (embora a restante obra o esteja). A versão integral em outras
línguas está disponível no MIA.
[6]
Pauls Davies «The Matter Myth: Dramatic Discoveries That Challenge Our
Understanding of Physical Reality (com John Gribbin); Simon & Schuster;
1992.
[7] O
anti-clericalista e anti-religioso Voltaire, que era também deísta, idealista e
ideólogo da ala mais à direita da burguesia francesa, sempre pronta a todos os
arranjos com monarcas e aristocratas, é o grande culpado do desconhecimento de
Jean Meslier. Tendo ouvido falar de Meslier em 1735 só passados 27 anos voltou
a debruçar-se sobre o «Testamento», comunicando a D’Alembert: «Estremeci de
horror ao lê-lo!» -- esta fase diz tudo de Voltaire. Voltaire compôs então um
«Extracto» de Meslier que editou na Holanda e onde distorce e minimiza o
pensamento profundo do socialista utópico Jean Meslier. Meslier, para além da
argumentação materialista em defesa do ateísmo submeteu a uma crítica mordaz o
dualismo cartesiano, em particular a visão cartesiana dos animais como simples
máquinas («Esta opinião é absolutamente condenável porque é falsa e ridícula
[…] tende declaradamente a abafar no coração dos homens todos os sentimentos de
doçura e bondade que poderiam ter para com os animais»); opunha-se
violentamente à divisão da sociedade em «estados» (classes sociais);
caracterizava correctamente os meios de opressão usados pela aristocracia e
pelo clero para oprimir o campesinato e os trabalhadores; condenava a guerra
que só aproveitava aos reis e nobreza; defendia a instauração da comunidade dos
bens, assente na abolição da propriedade privada da terra; incitava os cidadãos
à revolução sublinhando várias vezes que a libertação do povo é obra do próprio
povo: «Nada deveis esperar de quem quer que seja. A vossa salvação está nas
vossas próprias mãos»; propunha a criação de organizações de luta e a união das
forças à escala internacional: «Povos, uni-vos! Se sois inteligentes, uni-vos
todos se tiverdes coragem para vos libertardes das vossas misérias comuns.
[...] Espalhai por toda a parte, o mais habilmente possível, textos deste tipo
[...]».
Sobre o pensamento
fascinante de Jean Meslier recomendamos: Abram Déborine, «Jean Meslier (1664-1729)» in «Utopia e Utopistas Franceses do Séc.
XVIII», Livros Horizonte (Colecção Dialéctica), 1980. O «Testamento» é
descarregável do MIA (em inglês e francês).
Referências
de Leitura
Para além das obras clássicas de Karl Marx e Friedrich Engels, em
particular o «Anti-Dühring» e a «Dialéctica da Natureza» de Engels (ao ler
estes livros deve-se ter em conta o estado das ciências da natureza na altura
em que foram escritos), parecem-nos importantes, e mais ou menos por ordem de
prioridade, s seguintes obras:
Georges Politzer, Princípios
Elementares da Filosofia, Ed.
Prelo, 1974.
Uma excelente e didáctica introdução às
questões essenciais da filosofia e ao materialismo dialéctico. O livro
baseia-se nas notas das aulas de Politzer na Universidade Operária de Paris. O
filósofo comunista Georges Politzer foi fuzilado pelos nazis em 1942 pelo crime
de ser comunista e patriota, depois de meses de tortura. Foi entregue aos nazis
pelo governo fascista e colaboracionista da França, dito de Vichy. O livro pode
ser descarregado gratuitamente a partir de http://www.dorl.pcp.pt/index.php/outros-textos-de-divulgacao-do-marxismo-leninismo/3222-politzer-os-princpios-elementares-da-filosofia.
História das Ideologias (4 tomos). Direcção de V. S. Pokrovski. Editorial
Estampa, 1973.
Importante obra que descreve a evolução do pensamento humano face às
grandes questões filosóficas, desde as sociedades esclavagistas até às
primeiras sociedades socialistas. A abordagem materialista dialéctica confere à
obra valor acrescido. De facto, ao invés dos tratados convencionais que não
passam de enumerações descritivas de como certas figuras proeminentes
«pensavam», a obra supre uma deficiência essencial desses tratados que não vão
além da esfera do «pensamento»: esclarece quais as razões, condições e
interesses materiais que levaram a que os homens pensassem como «pensaram».
V. I. Ulianov
(Lenine) Materialismo e
Empirio-Criticismo, 1908. Publicado em várias línguas, embora não o
encontrássemos em português. Descarregável gratuitamente a partir do MIA.
Em 1908, no intervalo entre duas revoluções russas, Lenine, para grande
desespero dos seus colaboradores mais próximos que não entendiam a perda de
tempo com filosofices, gastou nove meses percorrendo as bibliotecas de Genebra
e de Londres (aqui com a finalidade de obter conhecimento detalhado da moderna filosofia e
dos recentes resultados científicos) compondo esta obra magistral, com mais de
200 referências, onde argumenta de forma lógica e consistente contra o
idealismo e o positivismo de Ernst Mach e seus seguidores. A obra desempenhou
um papel importante no combate ao desvio positivista do marxismo. Consideramos
esta obra de Lenine de leitura
imprescindível, se se quiser seguir essa grande verdade que o próprio
Lenine seguia: não é possível uma prática correcta sem uma teoria correcta.
(Embora uma teoria correcta, só por si não assegure uma prática correcta. Dispor
de uma teoria correcta é, portanto, uma condição necessária mas não
suficiente.)
Phil Gasper, Bookwatch:
Marxism and Science, Issue 79 of International Socialism, July 1998.
Um artigo que sintetiza de forma excelente os
aspectos essenciais do marximo, enquanto materialismo dialéctico e materialismo
histórico, bem a crescente
sofisticação da «categoria» matéria à luz dos sucessivos progressos das
ciências naturais. O autor é Professor Emérito de Filosofia da Ciência numa Universidade da
Califórnia. Descarregável a partir d http://www.marxists.org/history/etol/newspape/isj2/1998/isj2-079/gasper.htm
Paul Langevin, Pensamento e Acção, Seara
Nova, 1974.
Paul Langevin é um físico famoso (faleceu em 1946) pelos seus trabalhos
em magnetismo, piezoelectricidade, sonar, movimento browniano (equação de
Langevin). Organizador dos famosos congressos Solvay. Teve uma ligação amorosa com a sua colega Marie
Curie. Marxista e comunista francês, a sua oposição militante
contra o fascismo valeu-lhe a prisão em 1930 e mais tarde a prisão domiciliária
até 1944, decretada pelo governo colaboracionista de Vichy. No livro expõe as
suas posições materialistas dialécticas em relação com o seu trabalho
científico e militante.
Fundamentos de Filosofia Marxista-Leninista, Parte I –
Materialismo Dialéctico (em
espanhol). Academia das Ciências da União Soviética, Editorial Progresso,
Moscovo.
Manual didáctico, de excelente qualidade, para centros de ensino
superior.
John
Haldane, Why I am a Materialist, Rationalist Annual, 1940
O autor é um biólogo famoso (faleecu em 1964) pelos seus trabalhos
neo-darwnianos e na genética das populações. Marxista, foi membro durante alguns
anos do partido comunista da Grã-Bretanha. Descarregável a partir de http://www.marxists.org/
Georges Plekhanov, O Materialismo Militante: questões fundamentais do marxismo. Moraes, Lisboa,1976.
Um excelente trabalho de desmontagem do positivismo de Ernst Mach e
consortes russos. Plekhanov, revolucionário russo, trabalhador administrativo e
num instituto de metalurgia, escritor e auto-didacta, foi o fundador do embrião
do partido social-democrata russo (1883). Foi introdutor do marxismo na Rússia
e mentor inicial de Lenine.
Richard C. Vitzthum, Philosophical Materialism, http://infidels.org/library/modern/richard_vitzthum/materialism.html
Este artigo parece ser uma súmula do livro do autor, Materialism: An
Affirmative History and Definition (Buffalo, NY: Prometheus Books, 1995)
que não lemos. O interese do artigo (e possivelmente do livro) reside na
análise materialista da formação das ideias e da consciência, que o autor tece
à luz das descobertas da neurociências.
António Damásio, O Sentimento de Si, Europa-América,
2000.
Neste livro o autor descreve essencialmente uma teoria fundamentada em
recentes descobertas científicas da formação da consciência, assente em bases
biológicas. Trata-se de uma teoria objectivamente e obviamente materialista e
também (menos obviamente) dialéctica. Uma teoria que, a nosso ver, representa a
machadada final no positivismo.
Roland Desné. Os Materialistas Franceses. De 1750 a 1800.
Seara Nova, 1969.
Os pontos de vista dos principais materialistas franceses (em geral
mecanicistas, mas alguns já com embrionárias ideias dialécticas) que tanta influência
tiveram na Revolução Francesa, expostos de forma cuidada.
Georges Plekhanov, Ensaios sobre a história do materialismo :
D'Holbach, Helvetius, Marx. Estampa (2.ª ed.), 1979.
Uma análise cuidada da evolução das posições dos materialistas
franceses até ao materialismo dialéctico de Marx.
F. T. Arjipsev, A matéria como categoria filosófica,
Editorial Estampa, 1973.
O desenvolvimento das concepções materialistas ao longo da História,
não só no chamado mundo ocidental, bem como na Índia e na China. O título pode
induzir em erro. O livro, infelizmente, não aborda a crescente sofisticação da
«categoria» matéria à luz dos sucessivos progressos das ciências naturais.