O Período de Março de 1914 a Março de 1917
The Period
from March 1914 to March 1917
A «Teoria» de Trotski sobre o Imperialismo
Fevereiro-Maio de 1914, Julho de 1916 --Trotski contra o direito das nações à
auto-determinação
Março-Junho de 1914 – De novo o pretenso «não
fraccionismo» de Trotski
Novembro de 1915 – De novo a «revolução permanente»
O Falso Internacionalismo de Trotski
Inicio de 1915 – As ligações de
Trotski a social-nacionalistas
1915 - 1916 - Fevereiro de 1917. A
Conferência de Zimmerwald. O «centrista» Trotski com os social-chauvinistas
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Trotsky’s
“Theory” on the Imperialism
February-May
1914, July 1916 -- Trotsky against
the right of nations to self-determination
March-June 1914 –
Again Trotsky's alleged "non factionalism"
November 1915 -
Again the “permanent revolution”
Trotsky's False
Internationalism
Early 1915 – Trotsky’s ties to social-nationalists
1915 - 1916 - February 1917. The Zimmerwald Conference. The «centrist»
Trotsky with the social-chauvinists
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Vimos no artigo
anterior como o grupito de Viena de Trotski e outros grupos de
oportunistas e liquidadores de várias cores se «uniram» em Agosto de 1912 num
«bloco» sem princípios, dito de «Agosto». O bloco distinguiu-se pelos seus ataques
anti-bolcheviques. E Trotski distinguiu-se por -- além de mascarar o
oportunismo com verborreia de «esquerda» -- intrigar contra o partido,
nomeadamente em jornais do Partido Social Democrata Alemão com o apoio do
respectivo líder K. Kautsky de quem Trotski era politicamente próximo [49].
Sobre a ligação de Trotski a Kautsky vale a pena citar o
trotskista e biógrafo de Trotski Isaac Deutscher [50]:
“Curiosamente, os laços mais
próximos de Trotski não eram com a ala radical do socialismo alemão, liderada
por Rosa Luxemburg, Karl Liebknecht e Franz Mehring, os futuros fundadores do
Partido Comunista, mas com os homens ... que mantinham aparências da ortodoxia
marxista, mas estavam de facto a levar o partido a render-se às ambições
imperialistas do império dos Hohenzollern”.
O “curiosamente” de Deutscher é precioso!
No início de 1914 o «bloco de Agosto» estava já
desagregado.
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We saw in the previous article how Trotsky's small group of
Vienna and other groups of opportunists and liquidators of various shades “united”
in August 1912 in an unprincipled “bloc” called “of August”. The bloc
distinguished itself by its anti-Bolshevik attacks. And Trotsky distinguished
himself by -- in addition to masking the opportunism with “leftist” verbiage
-- intriguing against the party, namely in the newspapers of the German
Social Democratic Party with the assistance of the respective leader K. Kautsky,
with whom Trotsky was politically close [49].
On
Trotsky's ties to Kautsky it is worth quoting Trotsky's biographer, the Trotskyist
Isaac Deutscher [50]:
“Curiously enough, Trotsky’s
closest ties were not with the radical wing of German socialism, led by Rosa
Luxemburg, Karl Liebknecht and Franz Mehring, the future founders of the
Communist Party, but with the men … who maintained the appearances of Marxist
orthodoxy, but were in fact leading the party to its surrender to the
imperialist ambitions of the Hohenzollern empire”.
Deutscher’s
“curiously enough” is precious!
By
early 1914 the “August bloc» had already broken up.
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A «Teoria» de Trotski sobre o Imperialismo
A fim de bem compreender alguns aspectos políticos,
teóricos e práticos, de Trotski, que começaram a evidenciar-se a partir de
1914, convém analisar a forma como Trotski compreendia o imperialismo.
Socorremo-nos para tal de citações do trabalho escrito em 1932 por V. Serebriakov, Contra as Concepções Trotskistas do
Imperialismo [51]:
«Primeiro, tratarei da posição
de Trotski sobre a questão do imperialismo. Essa posição é essencialmente diferente
da de Lénine, mas, por isso mesmo, muito próxima da de Kautsky. ... O
kautskismo e o trotskismo provaram ser duas variantes do centrismo; ...
«A definição que Trotski dá do
imperialismo é: “O que é imperialismo? É a aspiração do capitalismo de acabar
com a existência de pequenos governos”. Não é difícil ver que esta é uma
formulação kautskista pura. A teoria kautskista do imperialismo encobre as
contradições mais enraizadas e fundamentais do imperialismo ligadas ao
domínio dos monopólios. A contradição entre o carácter social da produção e a
forma privada de apropriação, a contradição entre monopólios e meios não
monopolistas, as contradições entre os próprios monopolistas, etc. ... são
ignoradas por essa teoria.
«É precisamente essa ignorância
das contradições do imperialismo que Lénine sublinhou ... Nas obras de Trotski
e dos trotskistas, o imperialismo não é interpretado como o último estádio do
capitalismo, preparado pela marcha do desenvolvimento das contradições do
capitalismo ... mas apenas como uma espécie de representação de acções, “nascida
das pretensões internacionais do capital nacional das grandes potências” [52].
O imperialismo aparece também não como uma fase especial do capitalismo, mas
apenas como uma tendência política específica, ... O carácter monopolista do
capitalismo é completamente ignorado ou deixado na sombra.
«Na medida em que fala das
contradições do imperialismo, Trotski identifica-as completamente com a
contradição entre a economia mundial e os estados nacionais. A soma total de
profundas contradições e antagonismos do imperialismo, de acordo com a sua
teoria, é apenas uma formulação derivada do facto de que as fronteiras entre
os estados nacionais impedem as relações económicas internacionais. "O imperialismo",
segundo Trotsky, "é a expressão capitalista-predatória dessa tendência
da economia -- de finalmente romper com o idiotismo dos limites nacionais,
como já havia escapado ao idiotismo das fronteiras da aldeia e
regionais" [53].
«... o papel do imperialismo,
na visão de Trotsky, leva essencialmente ao cumprimento da tarefa progressiva
de "romper com o idiotismo dos limites nacionais" e construir uma
economia global. ... isso aparece ainda mais claramente em outras formulações
de Trotski. "O imperialismo", escreve, "é uma expressão
capitalista-predatória de uma tendência progressiva do desenvolvimento económico:
construir uma economia humana numa estrutura global, libertando-a dos freios
embaraçosos da nação e do estado". ...[54]
«Em todas as suas formulações ...
Trotski ignora as contradições do imperialismo, identificando-o completamente
com a teoria do fascismo social contemporâneo, afastando-se decisivamente dos
ensinamentos leninistas sobre o imperialismo. Para Trotski, as profundas
contradições entre as forças produtivas e as relações capitalistas de produção,
as contradições na própria base do capitalismo, não existem.
«Mesmo quando age directamente
contra Kautsky, Trotski formula o assunto da seguinte forma: “As poderosas
forças produtivas, esse factor decisivo do movimento histórico, ficaram
bloqueadas nessas organizações de superestruturas retrógradas em que estavam
envolvidas pelo desenvolvimento anterior”.
“Não há dúvida de que entre o
crescimento das forças produtivas da economia global e a sua repartição por
estados, existe uma contradição aguda e profunda, cujo resultado directo foi
a Guerra Mundial (1914-1918). Mas, primeiro, não se pode separar essa
contradição de todo o sistema de contradições do imperialismo. Não se pode
tomá-la senão como uma expressão do conflito geral entre o carácter social da
produção e a forma privada de apropriação, ... Em segundo lugar, não é
possível formular a profunda contradição entre o crescimento das forças de
produção mundial e as fronteiras dos estados nacionais como uma tese
apologética de que o imperialismo é a luta pela afirmação mundial e é direccionado
precisamente para o objetivo de libertar a economia do “idiotismo dos limites
nacionais".
«Esta tese apologética é repetida
com prazer, na esteira de Trotski, por um dos representantes mais
inteligentes e astutos do social-fascismo, Karl Renner [55]. Num artigo ... e
mais tarde no folheto ... Renner expande ... teses que não são diferentes das
de Trotski. A contradição básica do mundo contemporâneo, segundo Renner, é a
contradição entre a economia mundial e os estados nacionais. A luta dessas
duas forças, segundo Renner, levará à vitória da economia internacional
capitalista e ao estabelecimento de uma nova ordem internacional em
desenvolvimento livre. ...
«A "soberania estatal",
escreve Renner, "tornou-se um freio para o desenvolvimento da
economia". "A economia nacional está a travar uma batalha
desesperada contra a economia internacional, uma batalha com um resultado
duvidoso, mas muitas vezes indiscutível". ... “Estamos a passar por um
processo dialéctico, do qual emergirá uma nova ordem mundial.” E dessa cadeia
de raciocínios, Renner chega à conclusão de que a classe trabalhadora deve
esforçar-se para se separar do quadro dos governos nacionais, apoiando a Liga
das Nações, a união pan-europeia etc., e ... deve lutar pelo desenvolvimento
da economia mundial capitalista.
«A conhecida palavra de ordem
de Trotski “Estados Unidos da Europa” é uma palavra de ordem, segundo Lénine,
profundamente reaccionária, pois substitui a tarefa da luta pela revolução
socialista pela luta pela criação de um governo federativo capitalista. Essa
ideia corresponde estreitamente às afirmações de Renner e Hilferding.
«Se seguirmos a génese da
teoria, segundo a qual a única e decisiva contradição do mundo moderno é a
contradição entre a economia mundial e as fronteiras dos estados-nação, chegaremos
ao “pai” dessa teoria social-fascista, Kautsky. Nas obras de Kautsky, lemos
que a solução para essa contradição não é o socialismo, mas o
ultra-imperialismo.
«Até Trotski não pode evadir
essa conclusão.»
Trotski rejeitou a conclusão de Lénine de que o
imperialismo anunciava a revolução proletária. Defendia que o capitalismo
moderno tendia a equilibrar o desenvolvimento económico e político dos países
e negou o facto de que o capitalismo estava a evoluir de maneira desigual.
Trotski foi sempre incapaz de fazer uma análise económica marxista, nunca
demonstrou ter compreendido O Capital de
Marx e provavelmente nunca o leu. (Ver também [53].)
Iremos apreciar neste artigo como a «teoria» do
imperialismo de Trotski influenciou o seu posicionamento face a duas questões
específicas: o direito das nações à autodeterminação e a posição marxista
face à 1.ª GM. Ao analisar essas posições de Trotski devemos sempre
lembrar-nos que a sua tese nuclear do imperialismo é: o imperialismo exprime uma tendência progressiva de criar uma
economia global, libertando-a dos freios da nação, libertando-a do “idiotismo
dos limites nacionais". Trotski despreza o papel dos monopólios e suas
contradições, o papel da luta de classes, a existência de colónias, o
desenvolvimento desigual do capitalismo, etc. A sua “teoria” do imperialismo
converge com a do «ultra-imperialismo» de Kautsky e a do social-fascismo de
Renner de que a classe trabalhadora deveria apoiar a união pan-europeia e
lutar pelo desenvolvimento da economia mundial capitalista. Segundo Kautsky e
Trotski só na fase «ultra-imperialista» se abriria a perspectiva do
socialismo, o que correspondia a uma capitulação da luta dos trabalhadores e
dos povos oprimidos face ao capitalismo.
Colocámos «teoria» entre aspas no título desta secção porque não se baseava em
análises científicas baseadas em premissas válidas e factos verdadeiros,
nomeadamente económicos. Basta ver o não reconhecimento do desenvolvimento
desigual do capitalismo.
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Trotsky’s “Theory” on the Imperialism
In
order to achieve a good understanding of some political aspects, theoretical
and practical, of Trotsky, which became more evident in 1914 and thereafter,
it is advisable to examine how Trotsky understood imperialism. For that
purpose, we resort to some quotations from V. Serebriakov's work Against the Trotskyist Concepts of Imperialism
written in 1932 [51]:
“I will first deal with Trotsky’s
positing of the problem of imperialism. This position is different at the core
from Lenin’s, but is therefore very close to Kautsky’s. .... Kautskyism and
Trotskyism have proved themselves to be two variations of centrism; ...
“The definition that Trotsky gives
of imperialism is: ‘What is imperialism? It is the aspiration of capitalism
to stop the existence of small governments’. It is not difficult to see that
here is a pure Kautskyist formulation. The Kautskyist theory of imperialism
glosses over the more entrenched and core contradictions of imperialism that
are tied up with the supremacy of monopolies. The contradiction between the
social character of production and the private form of appropriation, the
contradiction between monopolies and non-monopoly milieux, the contradictions
between the monopolists themselves, etc. … are ignored by this theory.
“It is precisely this ignoring of
the contradictions of imperialism that Lenin had underlined … In the works of
Trotsky and the Trotskyites imperialism is not interpreted as the last stage
of capitalism, prepared by the march of the development of contradictions of
capitalism … but only as some kind of a representation of actions, ‘born of
the international pretensions of the national capital of the great powers’
[52]. Imperialism appears further not as a special stage of capitalism, but
only as a specific political tendency, the temporal limits of which are quite
blurred, and the spatial – very narrow. The monopolistic character of
capitalism is either completely ignored or is left in the shadows.
“To the extent that Trotsky speaks
of the contradictions of imperialism, he completely identifies them with the
contradiction between world economy and national states. The whole sum of
deep contradictions and antagonisms of imperialism, according to his theory,
is just an elaborate stating of the fact that national-state boundaries stand
in the way of international economic relationships. ‘Imperialism’, formulates
Trotsky, ‘is that capitalist-predatory expression of this tendency of the
economy – to finally break out of this idiotism of national limitations as it
had in its time got out of the idiotism of the village and regional
boundaries’ [53].
“… the role of imperialism, in
Trotsky’s view, essentially leads to the fulfilment of the progressive task
of ‘breaking off from the idiotism of nationalist limits’ and to build a
global economy. … this is even more obvious in other formulations of Trotsky.
‘Imperialism’, he writes, ‘is a capitalist-predatory expression of a
progressive tendency of economic development: to build a human economy in global
framework, freeing it of the embarrassing fetters of the nation and state’. …[54]
“In all his formulations … Trotsky
ignores the contradictions of imperialism, fully identifying it with the
theory of contemporary social fascism and decisively parting with the
Leninist teaching on imperialism. For Trotsky the deep contradictions between
the productive forces and capitalist relations of productions, the
contradictions in the very base of capitalism, do not exist at all.
“Even when Trotsky acts directly
against Kautsky, he formulates the matter in the following way: ‘The powerful
productive forces, this decisive factor of historical movement choked in
those backward superstructural organisations in which they were enclosed by
the preceding development’.
“There is no doubt that between
the growth of productive forces of global economy and its partition into
state, there exists a sharp and deep contradiction, the direct result of
which was the World War (1914-1918). But firstly, one cannot separate this
contradiction from the whole system of contradictions of imperialism. One
cannot take it as anything but as an expression of the general conflict
between the social character of production and the private form of
appropriation, ... Secondly, it is not possible to formulate the deep
contradiction between the growth of world production forces and
national-state boundaries as an apologetic thesis that imperialism is the
struggle for world assertion and is directed precisely towards the aim of
breaking economy from the ‘the idiotism of national limitations’.
“This apologetic thesis repeats
with pleasure, on the heels of Trotsky, one of the more intelligent and
cunning representatives of social-fascism, Karl Renner [55]. In a special
article … and later in the brochure … Renner … expands theses which are not
dissimilar to those of Trotsky. The basic contradiction of the contemporary
world according to Renner – is the contradiction between the world economy
and national states. The struggle of these two forces according to Renner
will lead to the victory of capitalist international economy and the
establishing of a new free developing international order. ....
“‘State sovereignty’, writes
Renner, ‘became a brake for the development of economy’. ‘National economy is
staging a desperate battle against international economy, a battle with a
doubtful, but often indisputable, outcome’. National economy and
international economy have become two poles of antagonistic development. ‘We
are experiencing a dialectical process, from which will emerge a new world
order.’ And from this chain of judgements, Renner comes to the conclusion
that the working class should strive towards parting with the framework of
national governments by supporting the
“Trotsky’s well-known slogan
‘United States of Europe’ is a slogan, according to Lenin, deeply
reactionary, substituting the task of the struggle for socialist revolution
with the struggle for the creation of a capitalist federative government.
This idea corresponds closely to the statements of Renner and Hilferding.
“If we follow the genesis of the
theory, according to which the decisive and sole contradiction of the modern
world is the contradiction between world economy and nation-state boundaries,
then we will reach the ‘father’ of this social-fascist theory, Kautsky. And
in the works of Kautsky we will read that the solution to this contradiction
is not socialism, but ultra-imperialism.
“Even Trotsky cannot get out of
this conclusion.”
Trotsky
rejected Lenin's conclusion about imperialism heralding the proletarian
revolution. He claimed that modern capitalism tended to even out the economic
and political development of individual countries, and denied the fact that
capitalism was developing in an uneven way. Trotsky has always been unable to
make a Marxist economic analysis, he never proved to have understood Marx's Capital, and probably never read it. (See
[53] too.)
We
will appraise in this article how Trotsky's “theory” on imperialism
influenced his positioning on two specific issues: the right of nations to
self-determination and the Marxists' stance on the WWI. In analyzing this
positioning of Trotsky we must always remember that his core thesis of
imperialism was: imperialism expresses a
progressive tendency to build a global economy, freeing it from the fetters
of the nation, freeing it from the "idiotism of national limitations".
Trotsky glosses over the role of
monopolies and their contradictions, the role of class struggle, the
existence of colonialism, the uneven development of capitalism, etc. His
"theory" of imperialism converges with that of Kautsky's
"ultra-imperialism" and of Renner's social-fascism that the working
class should support the pan-European union and fight for the development of
the capitalist world economy. According to Kautsky and Trotsky only the “ultra-imperialist”
stage would open the perspective of socialism; this amounted to a capitulation
of the struggle of workers and oppressed peoples in the face of capitalism.
We
have put “theory” in the title in quotation marks because it was not based on
scientific analysis based on valid assumptions and true facts, namely
economic ones. An example is the non-recognition of the uneven development of
capitalism.
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Março-Junho de 1914
De novo o pretenso «não fraccionismo» de
Trotski
Num artigo de 4 de Maio, A Luta Ideológica no Movimento dos Trabalhadores, Lénine, ao
analisar a história do movimento operário assinala que «O economismo e o liquidacionismo
são duas formas diferentes do mesmo oportunismo intelectual pequeno-burguês,
que existe desde há vinte anos. É um facto indubitável que existe uma relação
não só ideológica, mas também pessoal entre todas estas formas de oportunismo»
e, sobre isto, afirma:
«Aqueles que (como os liquidadores e Trotski) silenciam ou falseiam
esta história de vinte anos de luta ideológica no movimento operário, causam
um dano incalculável aos operários.»
Por esta altura, Trotski,
tendo-se já separado do «bloco
de Agosto» editava o seu jornal Borbá.
Num artigo de 13 de Maio, intitulado A
Unidade dos Trabalhadores e as «Tendências» Intelectuais, Lénine comenta
a rejeição pelos trabalhadores dos jornais de certos «unificadores», e diz:
«Qualquer grupito de intelectuais
pode editar um folheto ou um periódico insignificante e proclamar-se “tendência”,
como por exemplo o grupo do filósofo anti-marxista Bogdanov, ou o grupo de
Trotski, ou o de N. N. Guimmer, que vacila entre os populistas e os
marxistas, etc.»
Entretanto, os insultos lançados por liquidadores e trotskistas
sobre o partido bolchevique e o seu jornal Pravda, continuavam. Procuravam passar a mentira de que eles é
que representavam os trabalhadores, enquanto os Pravdistas (bolcheviques) eram uma mera fracção. Lénine refutou
várias vezes tal mentira, na Rússia e no estrangeiro. No artigo Unidade (30 de Maio), apresenta os
seguintes dados:
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March-June 1914
Again Trotsky's alleged "non factionalism"
In
a May 4 article, Ideological Struggle
in Working-Class Movement, Lenin, analyzing the history of the working-class
movement, points out that “Economism and liquidationism are two different
forms of the same petty-bourgeois, intellectualist opportunism that
has existed for twenty years. That there is a personal as well as ideological
connection between all these forms of opportunism is an undoubted fact.” And he
adds:
“People who (like the liquidators and Trotsky) ignore or falsify this
twenty years’ history of the ideological struggle in the working-class
movement do tremendous harm to the workers.”
By
this time Trotsky, having already split away from the “August bloc”, was
publishing his newspaper, Borba. In
a May 13 article, entitled Workers’
Unity and Intellectualist “Trends”, Lenin comments on workers’ rejection of
newspapers of certain “unifiers”, and says:
“Any
little group of intellectuals can publish a pamphlet or a paltry journal, and
proclaim themselves a ‘trend’, as, for example, the group of the anti-Marxist
philosopher Bogdanov, or Trotsky’s group, or N. N. Himmer’s, which
vacillates between the Narodniks and the Marxists, and so forth.”
Meanwhile,
abuse from liquidators and Trotskyites cast on the Bolshevik party and its
newspaper Pravda continued. They
sought to pass the lie that it was they who represented the workers, while
the Pravdists (Bolsheviks) were nothing
but a mere fraction. Lenin unrelentingly refuted this lie in
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Número de grupos de operários
que deram contribuições para jornais de S. Petersburgo:
The number of workers’ groups in which
collections were made for newspapers in St. Petersburg :
Pravdistas Liquidacionistas
Pravdist Liquidationist
Em dois anos completos, 1912
e 1913 ................................
2 801 750
For the
two full years, 1912 and 1913
Na primeira metade de 1914 (1
de Janeiro a 13 de Maio) ... 2 873 671
For half of 1914 (January 1 to May 13)
Total......................................................................................
5 674 1 421
E diz:
«Estes números, que já foram
publicados muitas vezes sem que ninguém os rectificasse ou contestasse, mostram
que os liquidadores contam com o apoio de apenas
um quinto dos operários com consciência de classe (e os números deles
incluem todos os seus aliados: caucasianos,
trotskistas, bundistas, e letões; os seus aliados estão agora a abandoná-los; os letões já o fizeram).
...
«... Os operários não são crianças
para crer que essa maioria de 4/5 vai permitir à minoria de 1/5, ou a
intelectuais sem qualquer apoio operário, que burlem a vontade da maioria dos operários! ...
«Que injuriem os pravdistas e lhes
chamem “usurpadores”. Que tais injúrias sirvam para unir os liquidadores, Plekanov
[57], Trotski, os partidários de Vperiod,
os bundistas, ... São apenas injúrias provenientes de grupitos impotentes,
irritados perante a sua própria impotência.»
Em Maio de 1914 a revista Prosveschenie (Esclarecimento),
publica o artigo de Lénine Sobre a
Violação da Unidade Encoberta com Gritos de Unidade. Este longo e
importante artigo ao mesmo tempo que actualiza a análise do artigo A Nova Fracção dos Conciliadores, ou os Virtuosos,
de 31 de Outubro de 1911, denuncia novas mentiras, novas distorções da
história, novas incompreensões do marxismo por parte de Trotski, e o seu
tratamento dos operários como se fossem atrasados mentais. Citamos algumas
passagens que nos parecem mais importantes:
«Trotski chama “não
fraccionista” à sua nova revista [Borbá].
Coloca esta palavra em primeiro lugar nos anúncios, realça-a em todos os tons
nos artigos de fundo, tanto na própria Borbá como na liquidacionista Sievernaia Rabotchaia Gazeta, ...
«O que é esse “não
fraccionismo”?
«A “revista operária” de Trotski é a revista de Trotski para
operários, pois nela não há nem sinal de iniciativa operária nem de ligação a
organizações operárias. No seu afã de escrever num estilo popular,
Trotski explica aos seus leitores, na sua revista para operários, o
significado de palavras como “território", “factor”, etc.
«Muito bem. Porque não explica
também aos operários a palavra “não-fraccionismo”? Será que ela é mais fácil de compreender que as
palavras “território” e “factor”?
«Não, não é isso. É que a
etiqueta de “não fraccionismo” é usada pelos piores representantes dos piores
restos de fraccionismo para enganar
a jovem geração de operários. ...»
Após descrever a história das cisões:
«Basta recordar estes factos do conhecimento geral para ver que
clamorosas mentiras são difundidas por Trotski.»
À afirmação de Trotski do «caos da luta fraccionista»,
Lénine contrapõe dados objectivos que lhe permitem afirmar que não há qualquer
tipo de “caos” na luta entre os marxistas e os populistas nem entre os
marxistas e os liquidadores. Lénine analisa então o que se passa com os
pequenos grupos no estrangeiro que constituíram o «bloco»:
«E aqui, em determinado sentido,
Trotski tem razão: isto é efectivamente fraccionismo, isto é efectivamente
caos!
...
«Nem
uma só destas cinco fracções no estrangeiro fez qualquer coisa de marcante
durante todo este período de dois anos [1912 e 1913], nem sequer numa só das manifestações acima
indicadas do movimento operário de massas na Rússia!
«Este é um facto que qualquer
um pode facilmente verificar.
«E este facto comprova que
tínhamos razão ao dizer que Trotski era um representante dos “piores restos
do fraccionismo”.
«Não fraccionista em palavras, Trotski, como sabem todos os que
conhecem minimamente o movimento operário na Rússia, é o representante da “fracção de
Trotski”»
Sobre a ideologia de certos grupitos no estrangeiro, Lénine
observa que não «se pode negar [terem] uma certa precisão», mas...
«Mas em Trotski não existe precisão ideológico-política alguma, pois a
patente do “não fraccionismo” significa apenas (já veremos isso mais
pormenorizadamente) uma patente de plena liberdade de passar de uma fracção a outra e inversamente.
...
“...Trotski não explica nem compreende o
significado histórico das divergências ideológicas entre as
correntes e fracções no marxismo, apesar de estas divergências encherem
vinte anos de história da social-democracia...
...
«... Cobrindo-se com o “não fraccionismo” Trotski
defende uma das fracções no estrangeiro especialmente sem ideias e sem bases
no movimento operário da Rússia.»
Comentando a vociferação de
Trotski de que «a táctica cisionista [dos bolcheviques] está a obter vitórias
suicidas, uma atrás da outra», diz Lénine:
«”Suicídio” é simplesmente uma
frase, uma frase oca, apenas “trotskismo”.
«Cisionismo é uma acusação
política séria. Esta acusação é repetida contra nós de mil maneiras tanto
pelos liquidacionistas como por todos os grupos, acima enumerados ...
...
«Vós acusais-nos de cisionismo,
e entretanto não vemos diante de nós, na arena do movimento operário da
Rússia, senão o liquidacionismo. Quer dizer, vós considerais errada a nossa
atitude para com o liquidacionismo? ...
...
«Se a nossa atitude para com o liquidacionismo é errada no plano
teórico, dos princípios, Trotski deveria tê-lo dito directamente, declarado precisamente,
indicado sem rodeios, em que vê esse erro. Mas Trotski evita há anos
este ponto fundamental.»
Comentando outra vociferação de
Trotski de que «Numerosos
operários avançados em estado de plena desorientação política transformam-se
eles próprios com frequência [devido aos bolcheviques] em agentes activos da
cisão»:
«Esta explicação, é
desnecessário dizer, é extremamente lisonjeira para Trotski, para todas as
cinco fracções no estrangeiro e para os liquidacionistas. Trotski gosta muito de usar, com o ar
erudito do conhecedor, frases pomposas e sonoras, para explicar fenómenos
históricos de um modo lisonjeiro para Trotski. Se “numerosos operários
avançados” se tornam “agentes activos” de uma linha política e partidária que
não se coaduna com a linha de Trotski, então Trotski resolve a questão, sem constrangimento, imediata e
directamente: esses operários avançados encontram-se “em estado de plena
desorientação política”, e ele, Trotski, evidentemente, “em estado” de
firmeza política, clareza e justeza de linha!... E este mesmo Trotski,
batendo com a mão no peito, fulmina o fraccionismo, o espírito de círculo, a
tendência própria de intelectuais para impor a sua vontade aos operários!»
Lénine analisa vários dados objectivos, concluindo a
análise do cisionismo com:
«O “não-fraccionismo” de Trotski
é de facto táctica cisionista no sentido da mais desavergonhada burla da
vontade da maioria dos operários.»
Prosseguindo com a análise detalhada e documentada da
desintegração do «bloco de Agosto», do conciliacionismo e das concepções
liquidacionistas de Trotski, que põem a nu as posições sem princípios de
Trotski, Lénine diz nomeadamente:
«Trotski
repete as calúnias liquidacionistas contra o partido, temendo referir-se à
história de vinte anos de luta de correntes dentro do partido.
...
«Se se aborda a história, há
que explicar as questões concretas e as raízes de classe das diversas
correntes; ... Mas Trotski “aborda” a
história para fugir às questões concretas e inventar uma justificação ou um
simulacro de justificação para os oportunistas actuais!
...
«Trotski evita os factos e as referências concretas porque elas
desmentem implacavelmente todas as suas irritadas exclamações e frases
pomposas. Evidentemente que dar-se ares e dizer “grosseira caricatura
sectária” é muito fácil. Ou acrescentar umas palavrinhas ainda mais mordazes
e pomposas, sobre a “emancipação em relação ao fraccionismo conservador”.
...
«Os “vira-casacas de Tuchino” [58]
declaram-se acima das fracções com base na única razão de que “tomam de
empréstimo” as ideias hoje de uma fracção e amanhã de outra. Trotski era um ardoroso “iskrista”
nos anos de 1901-1903, e Riazánov chamou ao seu papel no congresso de
1903 de “cacete de Lénine”. Nos fins
de 1903 Trotski era um ardoroso menchevique, isto é, dos iskristas passou
para os “economistas”; proclamou que “entre o velho e o novo Iskra há um
abismo”. Em 1904-1905 desertou dos mencheviques
e ocupou uma posição vacilante, ora colaborando com Martínov (o “economista”)
ora proclamando a teoria absurdamente esquerdista da “revolução permanente”.
Em 1906-1907 aproximou-se dos bolcheviques
e na Primavera de 1907 declarou estar de acordo com Rosa Luxemburgo.
«Na época da desagregação, após longas vacilações “não fraccionistas”,
vai de novo para a direita e em Agosto de 1912 entra num bloco com os liquidacionistas.
Agora afastou-se de novo deles, mas repete no fundo as suas mesmas
ideiazinhas.»
Em 1914 Lénine ainda refere a falta de princípios de Trotski
em dois artigos: 1) O Significado
Político das Injúrias (24 de Junho) – «Pareceria que o valente Plekanov [57],
o intrépido Trotski, os audazes partidários do Vperiod e os nobres liquidadores não poderiam ter-se unido para
injuriar os usurpadores [os bolcheviques], sem também se unirem para derrubar
os usurpadores», mas não o conseguiram fazer; 2) Dados Objectivos Sobre a Força das Distintas Tendências no Movimento
Operário (26 de Junho) -- «Um dos principais erros (ou crimes contra a
classe operária), se não o mais grave, dos populistas e liquidadores assim
como dos diversos grupitos de intelectuais -- partidários do Vperiod, plekanovistas, trotskistas – é
o seu subjectivismo. Procuram constantemente fazer passar os seus desejos, as
suas “opiniões”, as suas apreciações da situação e os seus “planos” como se fossem
a vontade dos operários, as necessidades do movimento operário».
|
And
states:
“These figures, which have
been published many times and have never been revised or challenged, show
that the liquidators have the support of only one-fifth of the
class-conscious workers (and their figures include all their allies: the Caucasians, Trotskyites, Bundists and the
Letts; their allies are now falling
away from them; the Letts have
already done so).
....
“… The workers are not
infants to believe that this four-fifths majority will allow the minority of
one-fifth, or intellectuals who have no workers’ backing at all, to flout the will of the
majority of the workers!...
“Let those who want to abuse
the Pravdists and call them “usurpers” do so. Let this abuse unite the
liquidators, Plekhanov [57], Trotsky, the Vperyodists, the Bundists, ... This
is abuse coming from impotent little groups, who are angry at their own
impotence.”
In
May 1914 the magazine Prosveschenye
(Enlightment), published Lenin's
article Disruption of Unity Under Cover
of Outcries for Unity. This long and important article, updates the
analysis of the article The New Faction of
the Conciliators, or the Virtuous, of 31 October 1911, and exposes
new lies, new distortions of history, new misunderstandings of Marxism by
Trotsky, and his addressing to the workers as if they were mentally retarded.
We quote here some excerpts that seem to us to be the most important ones:
“Trotsky calls his new journal [Borba] ‘non-factional’. He puts this
word in the top line in his advertisements; this word is stressed by him in
every key, in the editorial articles of Borba itself, as well as in
the liquidationist Severnaya
Rabochaya Gazeta, ...
“What is this ‘non-factionalism’?
“Trotsky’s ‘workers’ journal’ is Trotsky’s
journal for workers, as there is not a trace in it of either
workers’ initiative, or any connection with working-class organisations.
Desiring to write in a popular style, Trotsky, in his journal for workers,
explains for the benefit of his readers the meaning of such foreign words as ‘territory’,
‘factor’, and so forth.
“Very good. But why not also
explain to the workers the meaning of the word ‘non-factionalism’? Is that
word more intelligible
than the words ‘territory’ and ‘factor’?
“No, that is not the reason. The
reason is that the label ‘non-factionalism’ is used by the worst
representatives of the worst remnants of factionalism to mislead the younger generation of
workers. …”
After
describing the history of splits:
“It is sufficient to recall these commonly known facts to realise what
glaring falsehoods Trotsky is spreading.”
To
Trotsky's statement of the "chaos of the factional strife," Lenin
counters with objective data that allow Lenin to say that there is no
"chaos" in the struggle between Marxists and populists, nor between
Marxists and liquidators. Lenin then analyzes what happens to the little
groups abroad that had formed the “bloc”':
“Here Trotsky is right in a
certain sense; this is indeed group-division, chaos indeed!
…
“Throughout those two years [1912
and 1913], not one of these five groups abroad asserted itself in the
slightest degree in any of the
activities of the mass working-class movement in
“That is a fact that anybody can
easily verify.
“And that fact proves that we were
right in calling Trotsky a representative of the ‘worst remnants of
factionalism’.
“Although he claims to be non-factional, Trotsky is known to everybody
who is in the least familiar with the working-class movement in
On
the ideology of certain small groups abroad, Lenin makes the observation that
“It cannot be denied that … [they] possess a degree of definiteness”, but …
“Trotsky, however, possesses no ideological and political
definiteness, for his patent for “non-factionalism”, as we shall soon see in
greater detail, is merely a patent to flit freely to and fro, from
one group to another.
…
“… Trotsky does not explain, nor does he understand, the historical
significance of the ideological disagreements among the various
Marxist trends and groups, although these disagreements run through the
twenty years’ history of Social Democracy…
…
“…Under cover of ‘non-factionalism’ Trotsky is championing the
interests of a group abroad which particularly lacks definite principles, and
has no basis in the working-class movement in Russia.”
Commenting
on Trotsky's vociferation “Splitting tactics [of the Bolsheviks] are winning
one suicidal victory after another”, Lenin says:
“’Suicide’ is a mere empty phrase, mere ‘Trotskyism’.
“Splitting tactics are a grave
political accusation. This accusation is repeated against us in a thousand
different keys by the liquidators and by all the groups enumerated above …
…
“You accuse us of being splitters
when all that we see in front of us in the arena of the working-class
movement in
…
“If our attitude towards liquidationism is wrong in theory, in principle,
then Trotsky should say so straightforwardly, and state definitely,
without equivocation, why he thinks it is wrong. But Trotsky has been evading this extremely important point for
years.”
Commenting
another vociferation of Trotsky that “Numerous advanced workers, in a state of utter
political bewilderment, themselves often become [due to the Bolsheviks] active
agents of a split”:
“Needless to say, this explanation
is highly flattering to Trotsky, to all five groups abroad, and to the
liquidators. Trotsky is very fond of
using, with the learned air of the expert, pompous and high-sounding phrases
to explain historical phenomena in a way that is flattering to Trotsky.
Since “numerous advanced workers” become “active agents” of a political and
Party line which does not conform to Trotsky’s line, Trotsky settles the question unhesitatingly, out of hand: these
advanced workers are “in a state of utter political bewilderment”, whereas
he, Trotsky, is evidently “in a state” of political firmness and clarity, and
keeps to the right line!... And this very same Trotsky, beating his
breast, fulminates against factionalism, parochialism, and the efforts of
intellectuals to impose their will on the workers!”
Lenin
provides various objective data, concluding his analysis of the splitting
issue with:
“Trotsky’s ‘non-factionalism’ is,
actually, splitting tactics, in that it shamelessly flouts the will of the
majority of the workers.”
Continuing
with a detailed and documented analysis of the break-up of the “August bloc”,
and of Trotsky’s conciliationism and liquidationist conceptions, an analysis
which lay bare Trotsky’s unprincipled stances, Lenin says namely:
“Trotsky repeats the
liquidationist slander against the Party and is afraid to mention the history
of the twenty years’ conflict of trends within the Party.
…
“When dealing with history, one
must explain concrete questions and the class roots of the different trends; ...
But Trotsky ‘deals with’ history only
in order to evade concrete questions and to invent a justification, or a
semblance of justification, for the present-day opportunists!
...
“The reason why Trotsky avoids facts and concrete references is
because they relentlessly refute all his angry outcries and pompous phrases.
It is very easy, of course, to strike an attitude and say: ‘a crude and
sectarian travesty’. Or to add a still more stinging and pompous
catch-phrase, such as ‘emancipation from conservative factionalism’.
...
“The only ground the ‘Tushino
turncoats’ [58] have for claiming that they stand above groups is that they ‘borrow’
their ideas from one group one day and from another the next day. Trotsky was an ardent Iskrist in 1901-1903,
and Ryazanov described his role at the Congress of 1903 as ‘Lenin’s cudgel’. At the end of
1903, Trotsky was an ardent Menshevik, i. e., he deserted from the
Iskrists to the Economists. He said that ‘between
the old Iskra and the new lies a gulf’. In
1904-1905, he deserted the Mensheviks and occupied a vacillating position,
now co-operating with Martynov (the Economist), now proclaiming his absurdly
Left ‘permanent revolution’ theory. In
1906-07, he approached the Bolsheviks, and in the spring of 1907 he declared
that he was in agreement with Rosa Luxemburg.
“In the period of disintegration, after long ‘non-factional’
vacillation, he again went to the right, and in August 1912, he entered into
a bloc with the liquidators. He has now deserted them again, although in
substance he reiterates their shoddy ideas.”
In
1914 Lenin makes yet further references to the unprincipled stances of
Trotsky in two articles: 1) The Political
Significance of Vituperation (June 24) – “It would seem that the brave
Plekhanov [57], the courageous Trotsky, the bold Vperyodists and the noble liquidators could not have
united to abuse the usurpers without also uniting for the
purpose of overthrowing the usurpers”, but they were unable to achieve that;
2) Objective Data on
the Strength of Various Trends in the Workers’ Movement (June 26) -- “One of the greatest, if not the greatest,
faults (or crimes against the working class) of the Narodniks and
liquidators, as well as of the various groups of intellectuals such as the
Vperyodists, Plekhanovites and Trotskyists, is their subjectivism. At every
step they try to pass off their desires, their ‘views’, their appraisals of
the situation and their ‘plans’, as the will of the workers, the needs of the
working-class movement.”
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Novembro de 1915 – De novo a «revolução
permanente»
Trotski nunca se libertou da sua «teoria da revolução
permanente» de que já falámos em artigo
anterior, «teoria» que, como vimos acima, Lénine chamava de «absurdamente
esquerdista». Algumas palavras mais sobre esta teoria que Trotski e seus
seguidores consideravam uma magna contribuição para o marxismo (sobre o uso
abusivo de Marx em apoio da «teoria», ver artigo
anterior).
A «revolução permanente» de Trotski resumia-se a incitar o
proletariado a um «permanente» brincar às revoluções, sem ter em conta a
correlação de forças, sem aliados e sem etapas. Trotski confiava na
espontaneidade da acção proletária e defendia um curso aventureiro de
rebelião desordenada. A sua palavra de ordem «tudo ou nada» estava na base da
sua rejeição do desenvolvimento etapa por etapa da revolução [3]. Trotski
insistiu que não havia necessidade de estabelecer uma ampla coligação de massas
proletárias e não proletárias, rejeitando na Rússia o papel do campesinato
que era precisamente a camada social maioritária na Rússia (aprox. 82% em
1917). Tentou sustentar que a participação do campesinato «anti-socialista»
na revolução russa comprometeria a plena vitória do proletariado. Considerava
o desenvolvimento etapa por etapa da revolução como produto de um exercício
intelectual, e não como produto do processo histórico objectivo. Baseando-se
na sua teoria do imperialismo defendia que somente na arena internacional os
problemas da revolução russa poderiam ser resolvidos. Denunciando o
aventureirismo esquerdista desta tese, Lénine apontou que era tarefa do
partido proletário não brincar às revoluções, não embarcar na revolução por
uma questão de revolução, mas guiar a luta de classes do proletariado em nome
da sua emancipação.
Num artigo de 20 de Novembro intitulado Sobre as Duas Linhas da Revolução, Lénine
comenta a falência de Trotsky em
entender a importância do campesinato, dizendo:
«A tarefa principal de um
partido revolucionário é esclarecer a correlação de classes na revolução que
se aproxima. ... Nesta questão, Trotski
propõe uma solução errada no Nashe
Slovo, repetindo a sua “original” teoria de 1905 [da «revolução
permanente»] e negando-se a reflectir
sobre as causas pelas quais, durante dez anos, a vida passou ao lado dessa
magnífica teoria.
«A original teoria de Trotski copia dos bolcheviques o apelo ao
proletariado a uma luta revolucionária decidida e à conquista do poder
político, e dos mencheviques, a “negação” do papel do campesinato. O
campesinato -- diz ele --diferenciou-se ...: o seu possível papel revolucionário
só tem vindo a diminuir; uma revolução “nacional” é impossível na Rússia;
“vivemos na era do imperialismo” e “o imperialismo não contrapõe a nação
burguesa ao antigo regime, mas sim o proletariado à nação burguesa”.
«Temos aqui um divertido exemplo
de como se pode jogar com a palavra “imperialismo”! Se na Rússia o proletariado já se contrapõe à “nação burguesa”, quer
dizer que a Rússia se encontra em vésperas de uma revolução socialista! Mas então a palavra de
ordem de “expropriação das terras dos latifundiários” (repetida por Trotski em
1915 ...) é incorrecta, e não se deve falar de um governo “operário
revolucionário”, mas de um governo “operário socialista”! Trotski embrulha-se a tal ponto que chega a declarar
que o proletariado, com a sua firmeza, arrastará também “as masas populares não
proletárias” ...! Trotski não pensou que se o proletariado arrasta as massas
não proletárias do campo à expropriação das terras dos latifundiários e derruba
a monarquia, isso será precisamente a consumação da "revolução nacional
burguesa” na Rússia, será justamente a ditadura democrática revolucionária do
proletariado e do campesinato!
«... Porém, o antagonismo entre
o campesinato, por um lado, e os Markovs, Romanovs e Kvostovs, por outro,
acentuou-se e agudizou-se. Isto é uma verdade tão evidente que nem os milhares
de frases em dezenas de artigos de Trotski em Paris poderão “refutá-la”. Trotski ajuda na prática os políticos
trabalhistas liberais da Rússia que entendem por “negação” do papel do
campesinato uma recusa quanto a sublevar
os camponeses para a revolução!»
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November 1915 - Again the “permanent revolution”
Trotsky
never broke free from his "theory of the permanent revolution" of
which we have already spoken in a previous
article, "theory" which, as we saw above, Lenin called "absurdly
Left." A few more words about this theory that Trotsky and his followers
considered a major contribution to Marxism (on the "theory" misuse
of Marx, see previous
article).
Trotsky's
"permanent revolution" boiled down to inciting the proletariat to a
"permanent" playing at revolutions, without regard to the
correlation of forces, without allies and without stages. Trotsky relied on the
spontaneity of proletarian action and advocated an adventurous course of
disorderly rebellion. His slogan "all or nothing" was at the root
of his rejection of the stage-by stage development of the revolution [3].
Trotsky insisted that there was no need to establish a broad coalition of
proletarian and non-proletarian masses, rejecting in
In
a November 20 article entitled On the Two Lines in the Revolution
Lenin comments on Trotsky’s failure to
realize the importance of the peasantry, saying:
“To bring clarity into the
alignment of classes in the impending revolution is the main task of a
revolutionary party. ... This task is
being wrongly tackled in Nashe Slovo
by Trotsky, who is repeating his ‘original’ 1905 theory [of the ‘permanent
revolution’] and refuses to give some
thought to the reason why, in the course of ten years, life has been
bypassing this splendid theory.
“From the Bolsheviks Trotsky’s original theory has borrowed their call
for a decisive proletarian revolutionary struggle and for the conquest of
political power by the proletariat, while from the Mensheviks it has borrowed
‘repudiation’ of the peasantry’s role. The peasantry, he asserts, … have
become differentiated; their potential revolutionary role has dwindled more
and more; in Russia a ‘national’ revolution is impossible; ‘we are living in
the era of imperialism,’ says Trotsky, and ‘imperialism does not contrapose
the bourgeois nation to the old regime, but the proletariat to the bourgeois
nation.
“Here we have an amusing example
of playing with the word ‘imperialism’. If, in Russia, the proletariat already stands contraposed to the ‘bourgeois
nation’, then Russia is facing a socialist
revolution (!), and the slogan ‘Confiscate the landed estates’ (repeated by
Trotsky in 1915, …), is incorrect; in that case we must speak, not of a ‘revolutionary
workers’ government’, but of a ‘workers’ socialist
government’! The length Trotsky’s muddled thinking goes to is evident from his
phrase that by their resoluteness the proletariat will attract the
‘non-proletarian popular masses’ as well…! Trotsky has not realized that if
the proletariat induce the non-proletarian masses to confiscate the landed
estates and overthrown the monarchy, then that will be the consummation of
the ‘national bourgeois revolution’ in
“…However, the antagonism between
the peasantry, on the one hand, and the Markovs, Romanovs and Khvostovs, on
the other, has become stronger and more acute. This is such an obvious truth that
not even the thousands of phrases in scores of Trotsky’s
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O Falso Internacionalismo de Trotski
Os trotskistas gritam muito sobre o nobre internacionalismo de Trotski e deles próprios.
Nas denominações de muitos grupitos trotskistas não falta a palavra
«internacionalista». Nada há, porém, de mais falso que o pretenso
internacionalismo de Trotski!
Já vimos como na sua “teoria” do imperialismo Trotski
dizia que o imperialismo exprimia uma
tendência progressiva de criar uma economia global, libertando-a dos freios
da nação, convergindo com o seu aliado Kautsky na ideia do
ultra-imperialismo. Vamos agora ver, como na crise da 1.ª GM, Lénine comenta
mais uma das muitas reviravoltas oportunistas de Trotski, desta vez ligando-se ao social-nacionalismo.
Inicio de 1915 – A ligação de Trotski ao
social-nacionalismo
No início de 1915 Lénine escreveu Sob uma Bandeira Alheia onde critica Potressov, líder dos
liquidadores, por defender posições nacionalistas fazendo-se passar por
internacionalista. Potressov justificava-se com análises históricas que Marx
aplicara a movimentos nacionais libertadores (concretamente, à guerra de libertação
nacional da Itália em 1859), em que a burguesia tinha tido um papel
progressista, silenciando o facto de que a época em que escrevia era bem
diferente: era a do capital financeiro reaccionário e imperialista. Lénine
assinala que Potressov «esquecia» que o «método de Marx consiste antes de mais
em ter em conta o conteúdo objectivo
do processo histórico num dado momento concreto, numa dada situação concreta,
a fim de compreender antes de mais nada qual
é a classe cujo movimento é a mola principal do progresso possível nessa situação
concreta.» Potressov também defendia que a chamada segunda época do
capitalismo (aprox. 1871-1914: ascenso da burguesia, dos movimentos democráticos
burgueses em geral) era caracterizada pelo «gradualismo», pelo «avanço sistemático,
constante e cauteloso» e de “nem revolução, nem guerras” na Europa. Sobre
isto, Lénine diz:
«O principal defeito desta caraterização, tal como da caracterização
da mesma época feita por Trotski, consiste em não querer ver e admitir as
profundas contradições internas na democracia moderna que se desenvolveu
sobre a base descrita...
...
«A “ideia do gradualismo que
permeia tudo” não foi de modo nenhum a disposição inteiramente dominante da democracia
moderna, como se conclui de Potressov e Trotski. Não, esta ideia de gradualismo
cristalizou-se numa determinada tendência, que criou frequentemente na Europa
desse período fracções separadas e por vezes mesmo partidos separados ... Mais
ainda, essa tendência apoiava-se cada vez mais – e por fim “apoiou-se” definitivamente,
digamos assim – nos interesses duma certa camada social no seio da democracia
moderna.
«A “ideia do gradualismo que
permeia tudo” atraiu naturalmente às fileiras da democracia moderna toda uma série
de companheiros de jornada pequeno-burgueses ... formou-se, de forma mais ou menos
nítida e pronunciada, uma espécie de burocracia e aristocracia da classe operária.
«Considere-se, por exemplo, a posse
de colónias, a expansão dos domínios coloniais. Este foi sem dúvida um dos traços
distintivos da época descrita e da maioria dos grandes Estados. Economicamente,
que significava isso? Um certo volume de super-lucros e privilégios particulares
para a burguesia. E também a possibilidade para uma pequena minoria de pequenos
burgueses, de empregados e funcionários melhor colocados do movimento operário,
etc., receberem algumas “migalhas do grande bolo”...
«Em suma, a ”ideia do gradualismo que permeia tudo” da segunda época (ou
época de ontem) não criou apenas uma certa “inadaptabilidade às quebras do desenvolvimento
gradual”, como pensa A. Potréssov, ou apenas certas inclinações “possibilistas”,
como supõe Trotski: ela criou toda uma tendência oportunista que se apoia numa
determinada camada social no seio da democracia moderna, ligada à burguesia da
sua “cor” nacional pelos múltiplos laços dos interesses económicos, sociais e
políticos comuns -- tendência directa, aberta e inteiramente consciente, e sistematicamente
hostil a qualquer ideia de “quebra do gradualismo”.
«A raiz de toda uma série de erros tácticos e organizativos de Trotski
... reside precisamente no seu receio ou recusa ou incapacidade de reconhecer
este facto da completa “maturidade” da tendência oportunista, bem
como da sua estreitíssima e indissolúvel ligação com os nacionais-liberais
(ou social-nacionalismo) dos nossos dias. [itálicos nossos]
«A ligação entre o oportunismo e o social-nacionalismo é negada, de modo
geral, tanto por Potressov, como por Mártov, Axelrod, ... e Trotski.»
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Trotsky's False Internationalism
Trotskyists
shout a lot about the noble internationalism of Trotsky and of themselves. In
the denominations of many Trotskyist groups the word
"internationalist" is a must. In
spite of all that, there is nothing more false than Trotsky's alleged
internationalism!
We
have already seen how in his "theory" of imperialism Trotsky said
that imperialism expressed a progressive
tendency to build a global economy, freeing it from the fetters of the
nation, thereby converging with his ally Kautsky on the idea of
ultra-imperialism. Let us now see, how in full crisis of the WWI, Lenin comments
on yet another of Trotsky's many opportunistic twists, this time of his
linking to social-nationalism.
Early 1915 – Trotsky’s link to social-nationalism
In
early 1915 Lenin wrote Under a False Flag
where he criticizes Potresov, leader of the liquidators, for defending nationalist
positions although posing as an internationalist. Potresov justified himself
with historical analyzes that Marx had applied to national liberating movements
(namely, the national liberation war of
“The chief shortcoming in this characterisation, as in Trotsky’s
characterisation of the same epoch, is a reluctance to discern and recognise
the deep contradictions in modern democracy, which has developed on the
foundation described above. …
…
“’The idea of all-pervading gradualism’
was in no way the predominant sentiment in all contemporary democracy, as the
writings of Potresov and Trotsky imply. No, this gradualism was taking shape as
a definite political trend, which at the time often produced individual groups,
and sometimes even individual parties of modern democracy in Europe ... Moreover,
this trend was more and more basing itself—and ultimately ‘based’ itself solidly,
let us say —on the interests of a definite social stratum within the modern democracy.
“’The idea of all-pervading gradualism’
naturally attracted into the ranks of modern democracy a number of petty-bourgeois
fellow-travellers … a kind of bureaucracy and aristocracy of the working class
was arising in a manner more or less pronounced and clear-cut.
“Take, for instance, the possession
of colonies and the expansion of colonial possessions. These were undoubted
features of the period dealt with above, and with the majority of big states.
What did that mean in the economic sense? It meant a sum of super-profits and
special privileges for the bourgeoisie. It meant, moreover, the possibility of
enjoying ‘crumbs from this big cake’ for a small minority of the petty bourgeois,
as well as for the better placed employees, officials of the labour movement,
etc. ...
“In a word, the ’idea of all-pervading gradualism’ of the second epoch
(the one of yesterday) has created, not only a certain ‘non-adaptability to any break in gradualness’,
as A. Potresov thinks, not only certain ‘possibilist’ tendencies, as Trotsky supposes,
but an entire opportunist trend based on a definite social stratum within present-day
democracy, and linked with the bourgeoisie of its own national ‘shade’ by numerous
ties of common economic, social, and political interests -- a trend directly,
openly, consciously, and systematically hostile to any idea of a ‘break in gradualness’.
“A number of Trotsky’s tactical and organisational errors … spring
from his fear, or his reluctance, or inability to recognise the fact of the
“maturity” achieved by the opportunist trend, and also its intimate and
unbreakable link with the national-liberals (or social-nationalists) of our
times. [our italics]
“The link between opportunism and social-nationalism is, generally
speaking, denied by Potresov as well as by Martov, Axelrod, … and by Trotsky.”
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1915 - 1916 - Fevereiro de 1917
A Conferência de Zimmerwald. O
«centrista» Trotski com os social-chauvinistas
1915
O falso internacionalismo, o social-nacionalismo de
Trotski iria um pouco mais tarde, em Setembro de 1915, revelar-se em toda a sua plenitude.
Em 28 de Julho de 1914 teve início a 1.ª GM, guerra
inter-imperialista para a redivisão do mundo em colónias e protectorados, impulsionada pela burguesia imperialista,
nomeadamente a do capital financeiro. Qual foi a atitude da II Internacional
perante a guerra? Em 24-25 de Novembro de 1912, quando as nuvens da guerra
pairavam no horizonte, o seu Congresso
Extraordinário em Basileia, aprovou um manifesto que advertia os povos sobre a ameaça da guerra,
revelava os objectivos de pilhagem desta guerra e apelava aos operários de
todos os países para travarem uma luta decidida pela paz, opondo «ao imperialismo
capitalista a força da solidariedade internacional do proletariado». Incluía
também um ponto, formulado por Lénine (já em 1907), de que, caso fosse
desencadeada a guerra imperialista, era dever dos socialistas aproveitarem-se
da crise económica e política provocada pela guerra para erguer o povo e
acelerar a queda da classe capitalista. Contudo, quando a guerra sobreveio,
os dirigentes oportunistas dos partidos sociais-democratas da Alemanha,
França, Bélgica, etc. [59], «esqueceram» o manifesto: aliaram-se à burguesia,
aprovaram créditos para armamentos, e serviram os interesses dos «seus»
círculos do capital financeiro – política
social-chauvinista. A quebra da solidariedade internacionalista levou a
divisões e confrontos entre partidos social-democratas [60].
O partido bolchevique foi o único que, no seu todo, se
manteve fiel ao manifesto de Basileia. Por iniciativa de Lénine foi convocada
uma conferência dos social-democratas que se opunham ao militarismo e, muitos
deles, ao social-chauvinismo. A
conferência teve lugar em Zimmerwald (Suíça) de 5 a 8 de Setembro, com 38
representantes de 11 países europeus. Os participantes dividiram-se não
segundo linhas nacionais mas segundo linhas ideológicas [61]: a direita, que considerava a conferência
apenas como mera manifestação contra a guerra, defendeu um pacifismo
abstracto (social-pacifismo); a esquerda (Lénine, Zinoviev, Radek,
Platten, Höglund, etc.) apelava a esclarecer e estimular o sentimento
revolucionário das massas procurando transformar a guerra imperialista numa
guerra civil pelo socialismo [62]; o «centro»
que mascarava o seu oportunismo com frases empoladas como a palavra de ordem
do Partido Socialista Italiano: «Nem participar na guerra nem sabotá-la» [63]
que, na prática, significava o apoio à guerra.
Trotski participou na conferência como representante do Nashe Slovo [56]. Foi um dos «centristas»;
repetiu a tese de Kautsky de que a guerra paralisava as potencialidades
revolucionárias do proletariado e, portanto, antes de pensar em revolução, a
classe trabalhadora tinha que garantir a paz. A palavra de ordem de Trotski
era «luta revolucionária contra a guerra».
Trotski não negava que a guerra havia colocado a questão
de uma situação revolucionária, mas, como seguidor de Kautsky, acreditava que
a guerra era acidental e transitória, pois o imperialismo criara condições
para o desenvolvimento «pacífico» do capitalismo, para fundir monopólios
capitalistas num «super» monopólio nos Estados Unidos da Europa (ideia de
Kautsky [64]). Lénine provou o absurdo da ideia dos Estados Unidos da Europa
(ou de todo o mundo) como condição prévia para a vitória da revolução
proletária, escrevendo em Sobre a
Palavra de Ordem dos Estados Unidos da Europa (23 de Agosto): «A
desigualdade do desenvolvimento económico e político é uma lei absoluta do
capitalismo. Daí decorre que é possível a vitória do socialismo primeiramente
em poucos países ou mesmo num só país capitalista»
Em 26 de Julho foi publicado o artigo de Lénine A Derrota do Próprio Governo na Guerra Imperialista,
cujo título era a tese de Lénine em Zimmerwald e passou a ser tese da
esquerda zimmerwaldista. O artigo abre com a frase «Durante uma guerra
reaccionária, a clase revolucionária não pode senão desejar a derrota do seu
governo» e logo a seguir diz:
«Isto é um axioma que só contestam os partidários concientes ou os
lacaios impotentes dos social-chauvinistas. Entre os primeiros figura,
por exemplo, Semkovski, do CO [Comité Organizador dos mencheviques, ver nota 65]...;
entre os segundos, Trotski e Bukvoied [66],
e, na Alemanha, Kautsky. Desejar a
derrota da Rússia, escreve Trotski, é “uma concessão, não motivada e
injustificada à metodologia política do social-patriotismo, que substitui a
luta revolucionária contra a guerra e contra as condições que levaram a ela,
por uma orientação, altamente arbitrária nas condições actuais, segundo a
linha do mal menor” ...
«Este é um exemplo das frases empoladas com as quais Trotski sempre justifica
o oportunismo. Uma “luta
revolucionária contra a guerra” é apenas uma exclamação vazia e sem conteúdo
-- uma dessas em que são mestres os heróis da II Internacional -- se não significar as acções
revolucionárias contra o próprio
governo também em tempo de guerra. ... Ora, as acções revolucionárias durante a guerra, contra o próprio
governo significam inegável e incontestavelmente não só o desejo da sua
derrota, como ainda a contribuição prática para essa derrota. (Para o
“leitor perspicaz”: isto não significa “fazer saltar pontes”, organizar
greves votadas ao insucesso nas indústrias de guerra, nem, em geral, ajudar o
governo a derrotar os revolucionários.)
«Trotski, que se esconde atrás de frases, afoga-se num copo de água.
Julga que desejar a derrota da Rússia significa
desejar a vitória da Alemanha (Bukvoied e Semkovski expressam mais
francamente este “pensamento” ... que compartilham com Trotski). Mas Trotski vê nisto “a metodologia do
social-patriotismo”! Para ajudar a gente que não é capaz de pensar por si
mesma, a resolução de Berna [67]
... explicou que, em todos os países imperialistas, o
proletariado deve agora desejar a derrota do seu próprio governo. Bukvoied e
Trotski preferiram evitar esta verdade ...
«Tomemos o exemplo da Comuna de
Paris. A Alemanha venceu a França, mas os operários foram vencidos por Bismarck
e Thiers! Se Bukvoied e Trotski
tivessem reflectido, teriam compreendido que adoptaram o ponto de vista dos governos e da burguesia sobre a
guerra, isto é, que se ajoelham ante a “metodologia política do
social-patriotismo”, para empregar a linguagem rebuscada de Trotski.»
Mais adiante, numa clara alusão a Trotski (e Riazanov [66])
que já nessa altura defendia «nem vitória nem derrota» (antecipando o seu
«nem paz nem guerra» de Brest-Litovsk!) Lénine diz:
«”O sentido da nossa votação de
4 de Agosto é: não somos pela guerra, mas somos contra a derrota”, escreve no
seu livro E. David [68], líder dos oportunistas. Os do CO, juntamente com Bukvoied e Trotski, ao defender a palavra de
ordem “nem vitória nem derrota”, situam-se no mesmo plano do de David.
«Se examinarmos de perto esta
palavra de ordem, vemos que significa a “trégua de classes”, a renúncia à
luta classista das clases oprimidas em todos os países beligerantes, porque a
luta classista é impossível se não se golpeia a “própria” burguesia e o
“próprio” governo, ...
...
«Quem defende a palavra de ordem “nem vitória nem derrota” é um
chauvinista conciente ou inconciente; no melhor dos casos, é um pequeno
burguês conciliador e, de qualquer modo, um inimigo da política proletária, um partidário dos actuais
governos, das actuais classes dominantes.
«Os partidários da palavra de ordem ‘nem vitória nem derrota’ estão de
facto do lado da burguesia e dos oportunistas, já que ‘não crêem’ na
possibilidade de acções revolucionárias internacionais da classe operária
contra os seus próprios governos, nem querem contribuir para desenvolver tais
acções, tarefa sem dúvida difícil, porém a única digna de um proletário, a
única socialista.»
Durante a 1.ª GM, Trotski
intensificou as suas actividades cisionistas na arena mundial. Ajudou os seguidores de Kautsky a impedir
que os social-democratas revolucionários se unissem na linha
internacionalista. Insistiu que a
unidade internacionalista dos partidos proletários só poderia ser restaurada se a luta contra o oportunismo fosse
interrompida. Isso representaria uma capitulação completa dos elementos
de esquerda e a adopção por eles dos princípios oportunistas [3].
Lénine denunciou o oportunismo, e a aliança com o
social-chauvinismo de Trotski em outros escritos de 1915. No artigo Situação na Social-Democracia da Rússia
de 26 de Julho: «Trotski que, como
sempre, por princípio não está nada de acordo com os social-chauvinistas, mas
na prática concorda com eles em tudo...» No artigo O Socialismo e a Guerra (cap. I, secção: O
“Kautskismo”), de Julho-Agosto: «... O kautskismo ... [é] junção da fidelidade em palavras ao marxismo
com a submissão de facto ao oportunismo. Esta mentira fundamental do
«kautskismo» manifesta-se de diferentes formas nos diferentes países. ... Na Rússia, Trotski, rejeitando
igualmente essa ideia [de defesa da pátria], defende apesar disso a unidade com o grupo oportunista e
chauvinista do Nasha Zariá.»
Numa carta a Alexandra Kollontai escrita após 4 de Agosto: «Roland-Holst [69], como Rakovsky ... como Trotski, são todos, na minha opinião, os
mais prejudiciais “kautskistas”, no sentido de que todos eles de várias
formas advogam a unidade com os oportunistas, todos de várias formas embelezam o oportunismo, todos (de
vários modos) pregam o ecletismo em vez do marxismo revolucionário.»
|
1915 - 1916 - February 1917
The Zimmerwald Conference. The «centrist» Trotsky with
the social-chauvinists
1915
Trotsky's
false internationalism, his social-nationalism, would somewhat later, in
September 1915, blossom in their fulness.
On
July 28, 1914, began the WWI, an inter-imperialist war for the redivision of
the world into colonies and protectorates, spurred on by the imperialist
bourgeoisie, namely the bourgeoisie of finance capital. What was the attitude
of the II International as regards the war? On November 24-25, 1912, as the
clouds of war hung over the horizon, its Extraordinary
Congress at Basel approved a manifesto
warning the peoples of the threat of war, exposing the plundering aims of such
war, and calling on the workers of all countries to wage an unrelented fight
for peace, opposing "to capitalist imperialism
the international solidarity of the proletariat." It also
included a point formulated by Lenin (as early as 1907) that if the
imperialist war were to be unleashed, it was the duty of the socialists to
take advantage of the economic and political crisis brought about by the war
to rouse the masses of the people and hasten the downfall of the capitalist
class. However, when war broke out, the opportunistic leaders of the social
democratic parties of
The
Bolshevik party was the only party that, as a whole, remained faithful to the
Trotsky
attended the conference as a representative of Nashe Slovo.[56] He was one of the "centrists" and repeated
Kautsky's thesis that the war paralyzed the revolutionary potentialities of
the proletariat, and therefore, before thinking of revolution, the working
class had to secure peace. Trotsky's slogan was "revolutionary struggle
against war".
Trotsky
did not deny that the war had brought the revolutionary situation to a head,
but, being a follower of Kautsky, he believed that the war was accidental and
transitory, for imperialism had created conditions for the
"peaceful" development of capitalism, for uniting capitalist
monopolies into one "super" monopoly in the United States of Europe
(Kautsky's idea [64]). Lenin proved the absurdity of the idea of the United
States of Europe (or of the whole world) as a precondition for the victory of
the proletarian revolution. In On the Slogan
for a United States of Europe (August 23) Lenin wrote: “Uneven
economic and political development is an absolute law of
capitalism. Hence, the victory of socialism is possible first in
several or even in one capitalist country alone.”
On
July 26th, Lenin's article The Defeat
of One’s Own Government in the Imperialist War was published. The title
was a thesis that Lenin had presented at Zimmerwald and which became a thesis
of the Zimmerwald Left. The article opens with the sentence "During a
reactionary war a revolutionary class cannot but desire the defeat of its
government” and then Lenin goes further as follows:
“This is axiomatic, and disputed only by conscious partisans or
helpless satellites of the social-chauvinists. Among the former, for instance, is
Semkovsky of the OC [Organising Committee of the Mensheviks, see Note 65] …; and among the latter, Trotsky and Bukvoyed, [66] and Kautsky in
“This is an instance of high-flown phraseology with which Trotsky
always justifies opportunism. A ‘revolutionary struggle against the war’ is
merely an empty and meaningless exclamation -- something at which the heroes
of the Second International excel --, unless
it means revolutionary action against
one’s own government even in wartime. … And the wartime revolutionary
action against one’s own government indubitably and unequivocally means, not
only desiring its defeat, but really the practical contribution to such a
defeat.
(‘Discerning reader’: note that this does not mean ‘blowing up bridges’,
organising unsuccessful strikes in the war industries, and, in general,
helping the government defeat the revolutionaries.)
“The phrase-bandying Trotsky has completely lost his bearings on a
simple issue. It seems to him that to desire
“Take the example of the Paris
Commune.
Further
on, in a clear allusion to Trotsky (and Ryazanov [66]), who at that time
advocated "neither victory nor defeat" (anticipating his “neither
peace nor war!" at Brest-Litovsk!), Lenin says:
“The significance of our August 4
vote was that we are not for war but against defeat," David [68], a
leader of the opportunists, writes in his book. The Organising Committee, together with Bukvoyed and Trotsky, stand
on fully the same ground as David when they defend the ‘neither-victory
nor-defeat’ slogan.
“On closer examination, this
slogan will be found to mean a ‘class truce’, the renunciation of the class
struggle by the oppressed classes in all belligerent countries, since the
class struggle is impossible without dealing blows at one’s ‘own’
bourgeoisie, one’s ‘own’ government, …
…
“Whoever is in favour of the slogan of ‘neither victory nor defeat’ is
consciously or unconsciously a chauvinist; at best he is a conciliatory petty
bourgeois but in any case he is an enemy to proletarian policy, a
partisan of the existing governments, of the present-day ruling classes.
“Those who stand for the ‘neither-victory-nor-defeat’ slogan are in
fact on the side of the bourgeoisie and the opportunists, for they ‘do not
believe’ in the possibility of international revolutionary action by the
working class against their own governments, and do not wish to help develop
such action, which, though undoubtedly difficult, is the only task worthy of
a proletarian, the only socialist task.”
In
the years of the first world war Trotsky
intensified his splitting activities in the world arena. He helped Kautsky's followers to prevent the revolutionary social
democrats from uniting on internationalist lines. Trotsky insisted that the
internationalist unity of proletarian parties could only be restored if the struggle against opportunism was
discontinued. This in effect amounted to a complete capitulation of the
left-wing elements and the adoption by them of the opportunist principles
[3].
Lenin
denounced Trotsky's opportunism, and alliance with social-chauvinism, in
other writings of 1915. In the article The
State of Affairs in Russian Social-Democracy of July 26: “Trotsky, who as always entirely disagrees
with the social-chauvinists in principle, but agrees with them in everything
in practice...” In the article Socialism
and War (Chapter I, section: “Kautskyism”), of July-August: “… Kautskyism
… [is] a combination of loyalty to Marxism in words and subordination to
opportunism in deeds. This fundamental falseness of “Kautskyism” manifests
itself in different ways in different countries. ... In
|
1916
Num artigo
publicado em 18 de Fevereiro, Têm o CO
e o Grupo de Tchkeidze uma linha própria?, Lénine mostra que elementos do
CO e o grupo oportunista de Tchkeidze (um menchevique) na Liga de Zimmerwald
mentiam quando nas suas publicações diziam ser internacionalistas. Com eles
estava também Trotski:
«Trotski pode gritar contra o nosso fraccionismo para encobrir com
esses gritos ... as suas próprias “expectativas”, seguramente não
fraccionistas, de que alguém do grupo de Tchkeidze está “de acordo” com ele,
e jura que é de esquerda, um intemacionalista, etc. Mas factos são
factos.»
Em O «Programa da
Paz», publicado em 25 de Março, Lénine, analisando esse programa «da união
e conciliação internacional dos social-chauvinistas» apadrinhado por Kautsky,
escreve:
«E Trotski? Ele está de corpo e alma pela auto-determinação, mas também
isso é nele uma frase oca, já que não exige a liberdade de separação para as
nações oprimidas pela “pátria” de um socialista de detrminada nacionalidade; e
não fala da hipocrisia de Kautsky e dos kautskistas!»
Numa carta de 8 de Março para Henriette Roland-Holst [69] Lénine
comenta:
“Quais são as nossas diferenças com Trotski? ... Em resumo, ele é um kautskista,
ou seja, representa a unidade com os kautskistas na Internacional e com o
grupo parlamentar de Tchkheidze na Rússia. Somos absolutamente contra essa
unidade. ... Actualmente, Trotski
é contra o CO (Axelrod e Martov), mas é pela unidade com o grupo de Tchkheidze
na Duma! Somos decididamente contra isso.”
|
1916
In
an article published on February 18, Have
the Organising Committee and the Chkheidze Group a Policy of Their Own?,
Lenin exposes the lies of members of the OC and of the opportunist Chkeidze’s
group (Chkeidze was a Menshevik) in the Zimmerwald League when they claimed in
their publications to be internationalists. Siding with them was also
Trotsky:
“Trotsky may shout against our factionalism, concealing with these
shouts … his own, no doubt non-factional, ‘expectations’ that someone in
Chkheidze’s fraction is ‘in agreement’ with him, and swears that he is a
Left, an internationalist, etc. But facts remain facts.”
In The “Peace Program”, published on 25 March, Lenin, analyzing this
program of “international social-chauvinist unity and conciliation” sponsored
by Kautsky, stated:
“What about Trotsky? He is body and soul for self-determination, but
in this case, too, it is an empty phrase, for he does not demand freedom of
secession for nations oppressed by the ‘fatherland’ of a socialist of a
certain nationality; he is silent about the hypocrisy of Kautsky and his
followers.”
In
a March 8 letter to Henriette Roland-Holst [69] Lenin commented:
“What are our differences with Trotsky? ... In brief -- he is a
Kautskyite, that is, he stands for unity with the Kautskyites in the
International and with Chkheidze’s parliamentary group in
|
Entretanto, a própria crise da guerra ia abrindo fissuras.
Em Dezembro de 1916, no artigo O Grupo
de Tchkeidze e o Papel que Desempenha, Lénine diz o seguinte:
«A pressão dos factos obriga, cada vez mais, o Nashe Slovo e Trotski, que censuram o nosso “fraccionismo”, a
iniciar a luta contra o CO e Tchkeidze. O problema é, contudo, que só “sob
pressão” (da nossa crítica e da crítica dos factos) os partidários do Nashe Slovo cederam posição atrás de
posição, sem dizer ainda a palavra decisiva. Unidade ou ruptura com o
grupo de Tchkeidze? Ainda temem tomar uma decisão! ...
...
«Recorde-se a polémica no Nashe Slovo entre Trotski e Martov,
antes deste último se retirar da Redacção. Martov censurou Trotski por não ter decidido se, no momento decisivo,
iria ou não seguir atrás de Kautsky. ...»
E, na Carta Aberta a
Boris Souvarine [70] escrita no final de Dezembro, Lénine escreve:
«E Trotski? Depois de romper com o partido de Martov, continua a
acusar-nos de sermos divisionistas. Pouco a pouco desloca-se para a esquerda
e propõe inclusive romper com os dirigentes social-chauvinistas russos, mas
não disse definitivamente se deseja a unidade ou ruptura com a fracção de
Tchkeidze.»
|
In
the meantime, the war crisis itself was opening cracks. In December 1916, in
the article The Chkheidze Faction and
Its Role, Lenin says:
“The pressure of facts has increasingly compelled Nashe Slovo and Trotsky, who reproach us for our ‘factionalism’,
to take up the struggle against the O.C. and Chkheidze. The trouble,
however, is that it was only ‘under pressure’ (of our criticism and the
criticism of the facts) that the Nashe
Slovo supporters retreated from position to position; but they
have not yet said the decisive word. Unity or a split with the Chkheidze
faction? They are still afraid to decide! …
…
“Recall the controversy between
Trotsky and Martov in Nashe Slovo
prior to the latter’s resignation from the Editorial Board. Martov reproached Trotsky for not having
made up his mind whether or not he would follow Kautsky at the decisive
moment. …”
And
in the Open Letter to Boris Souvarine
[70] written in late December, Lenin writes:
“And Trotsky? Having broken with Martov’s party, he continues to
accuse us of being splitters. Little by little he is moving to the Left, and
even calls for a break with the
Russian social-chauvinist leaders. But he has not definitely said whether he
wants unity or a break with the Chkheidze faction.”
|
Fevereiro de 1917
Deportado de França e Espanha, Trotski chegou a Nova
Iorque a 13 de Janeiro de 1917. Quando chegou, N. Bukarin foi o primeiro a
cumprimentá-lo. Bukarin editava em Nova Iorque o jornal Novi Mir (Novo Mundo) em que colaborava Trotski. Numa Carta a Alexandra Kollontai, escrita
em 17 de Fevereiro, Lénine diz:
«Tanto como me alegrou saber de
si a vitória alcançada por N. Iv. [71] e Pávlov no Novi Mir ..., consternou-me
ler sobre o bloco de Trotski com a direita para lutar contra N. Iv. Este
Trotski é um javardo: frases de esquerda e um bloco com a direita contra a
esquerda de Zimmerwald! Há que desmascará-lo (você deveria fazê-lo), mesmo
que só fosse por uma breve carta ao SotsiaI-Demokrat!»
E, numa Carta a
Inessa Armand de 19 de Fevereiro:
«... chegou Trotski [a Nova Iorque] e esse canalha entendeu-se logo com a ala direita do Novi Mir contra os zimmerwaldistas de
esquerda! Foi assim! É assim o Trotski! Sempre fiel a si mesmo, reviravoltas,
embustes, poses de esquerda e ajuda
a direita sempre que pode...»
|
February 1917
Deported
from
“Pleasant as it was to learn from
you of the victory of N.Iv. [71] and Pavlov no Novy Mir ... it was just as sad to read about the bloc between Trotsky and the
Right for the struggle against N. Iv. What a swine this Trotsky is -- Left
phrases, and a bloc with the Right against the Zimmerwald Left! He ought
to be exposed (by you) if only in a brief letter to the Sotsial-Demokrat!”
And
in a letter to Inessa Armand of February 19:
“...Trotsky arrived [to
|
Notas | Notes
[49] Em 1916, quando preparava a nova edição de Sobre o Direito das Nações à
Autodeterminação (Fevereiro-Maio de 1914),
Lénine inseriu no capítulo I, onde menciona Kautsky, a seguinte nota: «Rogamos
ao leitor que não esqueça que até 1910, ano em que foi publicado o magnífico folheto
O caminho para o poder de Kautsky, este
foi inimigo do oportunismo, em cuja defesa só embarcou em 1910-1911; e que mais
tarde, em 1914-1916, se converteu num declarado oportunista».
In
1916, while preparing the new edition of The
Right of Nations to Self-Determination (February-May 1914), Lenin inserted
in Chapter I, where he mentions Kautsky, the following note: “We ask the reader
not to forget that until 1910, the year in which the excellent pamphlet The Way to Power by Kautsky was
published, he was an enemy of opportunism, in whose defence he only embarked in
1910-1911, and it was later, in 1914-1916, that he became an outright
opportunist.”
[50] I. Deutscher, The Prophet Armed. Trotsky: 1879-1921, London , 1970. Cited
in Revisionism
in Russia Trotsky against the Bolsheviks - 1909- 1910.
[51] Referimo-nos
a extractos do trabalho de V. Serebriakov
publicados com introdução por Vijay Singh --
A Teoria do Imperialismo de L. Trotski e a Crise Universal do Capitalismo
-- em | We refer to extracts from the work of V. Serebryakov published with an introduction
by Vijay Singh -- L. Trotsky's Theory of
Imperialism and the Universal Crisis of Capitalism -- in https://www.revolutionarydemocracy.org/rdv9n1/trotsky.htm
(Não
conseguimos encontrar o original em russo | We could
not find the original in Russian: V.
Serebryakov, L. Kasharshii, «Protiv trotskistskoi kontseptsii imperializma»,
Leningradskoe otdelenie kommunisticheskoi akademii pri TsIK SSSR, Institut
ekonomiki, Partiinoe izdatelstvo, Moscow, Leningrad, 1932.)
As análises
de Serebriakov são corroboradas no
capítulo V do livro: | Serebryakov's analyses are corroborated in chapter V of the
book: The Bolshevik Party’s Struggle
Against Trotskyism (1903-February
1917) by V.A. Grinko, N.A. Mitkin, Y.F. Sopin and S.S. Shaumyan, Progress
Pubs., Moscow, 1960.
[52] III Congress of the Communist International, Stenographic
Report. GIZ, 1922.
[52] L. Trotsky, Basic
Questions of Imperialism, GIZ, 1923.
[53] L. Trotsky, War and
Revolution, Vol. II.
O esquema de Trotsky da economia da vila, regional e mundial,
não tem nada a ver com o materialismo histórico de Marx e Lénine. É apenas uma
cópia bastante má dos esquemas burgueses de Byukher e Maslov.
Trotsky’s
schema of the village, regional and world economy has nothing in common with
the historical materialism of Marx and Lenin and is only a rather bad copy of
the bourgeois schemas of Byukher and Maslov.
[54] L. Trotsky, War and
Revolution, Vol. I.
[55] Karl Renner, expoente com Otto Bauer da corrente
oportunista do austro-marxismo, membro do Partido Operário Social-Democrata da
Áustria (PSDA). No final da 1.ª GM defendeu a formação da «República da Áustria
Alemã» integrada num estado supranacional da República de Weimar. (wikipedia).
Por pressão da Entente a República da Áustria foi formada com Renner como
chanceler. No período austrofascista – católico, corporativista e de
nacionalismo austríaco -- iniciado em 1934 o PSDA foi proibido e Renner
arredado do poder. Renner preferia um estado supranacional pangermânico, razão
porque acolheu bem o Anschluss com a
Alemanha nazi em 1938.
Karl
Renner, an exponent with Otto Bauer of the opportunist current of
Austro-Marxism, member of the Austrian Social Democratic Labor Party (ASDP). At
the end of the WWI he defended the formation of the "Republic
of German Austria " integrated in
a supranational state of the Republic
of Weimar (wikipedia).
Under pressure from the Entente, the Republic
of Austria was formed
with Renner as chancellor. In the Austro-fascist period – Catholic, corporatist
and Austrian nationalism - installed in 1934 the ASDP was banned and Renner
removed from power. Renner preferred a pan-Germanic supranational state, and
that is why he welcomed the Anschluss
with Nazi Germany in 1938.
[56] Nashe Slovo
(“A Nossa Palavra”): periódico menchevique publicado em Paris desde Janeiro de
1915 até Setembro de 1916 em substituição do Golos. Um dos seus
directores foi Trotski.
Nashe Slovo (“Our Word”): a Menshevik
newspaper published in Paris
from January 1915 to September 1916 replacing Golos. One of its directors was
Trotsky.
[57] Em Maio de 1914, Plekanov, que até essa altura tinha
ajudado a desmascarar os liquidadores aproximando o seu grupo dos «mencheviques
partidistas» aos bolcheviques, efectuou mais uma das suas várias mudanças.
Embora condenando o liquidacionsimo, passou a defender a «unidade» com os
liquidadores! (Ver: Lénine, Plekanov, que
não sabe o que quer, 25 de Maio de 1914.)
In
May 1914, Plekhanov, who until that time had helped unmask the liquidators by
bringing his group of "pro-party Mensheviks" closer to the
Bolsheviks, made one of his several turns. While condemning liquidationism, he then
turned to defending "unity" with the liquidators! (See: Lenin, Plekhanov, Who Knows Not What He Wants,
May 25, 1914.)
[58] Lénine chama aqui "vira-casacas" a Trotski,
comparando-o a um tristemente famoso vira-casacas russo chamado Tuchino.
Lenin
is calling here Trotsky a “turncoat” comparing him to a sadly famous Russian
turncoat named Tushino.
[59]
Dirigentes oportunistas da II Internacional | II
International opportunist leaders:
Alemanha | Germany: K. Kautsky, H. Haase, E.
Bernstein, A. Sudekum, E. David, P. Scheidmann, and K. Legien; França | France: E.
Vaillant, J. Guesde, A. Thomas, Renaudel, Sembat and Hervé; Bélgica | Belgium: E. Vandervelde; Grã-Bretanha | Britain: H. Hyndman; Itália | Italy: Bissolati; Suécia |Sweden:
Branting; Holanda | Holland: Troelstra;
Dinamarca | Denmark: Stauning; EUA |USA: V. Berger.
[60] Um exemplo. No L’Humanité
de 6 de Setembro de 1914 foi publicado um apelo ao povo alemão das delegações francesa
e belga do Bureau da Internacional Socialista em que era denunciado o governo
alemão pelas suas aspirações de conquista e os soldados alemães pelas
atrocidades cometidas nas regiões ocupadas. Em 10 de Setembro a direcção do Partido
Social-Democrata Alemão publicou no Vorwärts,
um protesto contra este apelo. Por este motivo, iniciou-se na imprensa una polémica
entre os social-chauvinistas franceses e alemães na qual ambos se esforçaram
por justificar a participação na guerra dos seus próprios governos e culpar os
governos de outros países.
An
example. In the L'Humanité of 6
September 1914 an appeal was published to the German people by the French and
Belgian delegations of the Bureau of the Socialist International denouncing the
German government for its aspirations of conquest and the German soldiers for
the atrocities committed in the occupied lands. On 10 September the leadership
of the German Social Democratic Party published in the Vorwärts a protest against this appeal. For this reason, a controversy
began in the press between the French and German social-chauvinists, in which
both endeavoured to justify the participation in the war of their own
governments and blaming the governments of other countries.
[61] Detalhes sobre os participantes | Details about the participants: https://en.wikipedia.org/wiki/Zimmerwald_Conference#Participants
[62] Os social-democratas de vários países pertencentes ao
grupo da esquerda de Zimmerwald realizaram um trabalho revolucionário activo e
desempenharam um papel importante no estabelecimento de partidos comunistas nos
seus países.
The
Social-Democrats of various countries who belonged to the Zimmerwald Left group
carried on active revolutionary work and played an important role in the
establishment of Communist parties in their countries.
[63] Nota 15 de: Lenin, La
Guerra Europea y el Socialismo Internacional, Agosto-Setembro de 1914, vol.
XXII, O.C. de Lenie, Akal
Editor.
Note
21 of: Lenin, The European War and
International Socialism, August–September 1914, MIA.
[64] Kautsky avançou uma teoria segundo a qual o fim da
Primeira Guerra Mundial seria seguido por uma fase do capitalismo
"pacífico", o mais alto e mais progressista, livre de conflitos.
Kautsky
advanced a theory that the end of World War I would be followed by a phase of
"peaceful" capitalism, the highest and most progressive,
conflict-free.
[65] CO: Comité Organizador dos jornais mencheviques Izvestia e Nashe Dyelo. O CO foi criado em 1912 na conferência de Agosto dos
mencheviques. Durante a 1.ª GM, o CO justificou a guerra por parte do czarismo
e defendeu as ideias do nacionalismo e do chauvinismo. O CO funcionou até à
eleição do Comité Central do partido menchevique em Agosto de 1917.
O menchevique S. Yu. Semkovski, de nome de família
Bronstein, era primo de Lev D. Bronstein, isto é, Trotski.
OC:
Organizing Committee of the Menshevik newspapers Izvestia and Nashe Dyelo.
The OC was created in 1912 at the Menshevik’s August conference. During WWI,
the OC justified the war on the side of Tsarism and defended the ideas of
nationalism and chauvinism. The OC functioned until the election of the
Menshevik Central Committee in August 1917.
The
Menshevik S. Yu. Semkovsky, of family name Bronstein, was cousin of Lev D.
Bronstein, i.e., Trotsky.
[66] Bukvoied era o pseudónimo de D. Riazanov que na altura
era um forte associado político de Trotski, contribuindo regularmente para o Pravda de Viena de Trotski, vindo mais tarde a apoiar activamente o Comité
Interdistrital de Trotski.
Bukvoyed
was the pseudonym of D. Ryazanov who at the time was a strong political
associate of Trotsky, regularly contributing to Trotsky's Vienna Pravda
and later actively supported Trotsky's Interdistrict Committee.
[67] Lénine refere-se à Conferência
das secções do POSDR no Estrangeiro que teve lugar em Berna (Suíça) de 27
de Fevereiro a 4 de Março de 1915 e, em
particular, à secção da Resolução sobre a Derrota da Monarquia Czarista onde se
afirmava: «Em cada país, a luta contra o próprio governo que leva a cabo uma
guerra imperialista, não deve recuar perante a possibilidade da derrota do país
como resultado da agitação revolucionária. A derrota do exército do governo
enfraquece esse governo, favorece a libertação de nacionalidades que ele oprime
e facilita a guerra civil contra as classes dominantes.»
Lenin
refers to the Conference of the R.S.D.L.P. Groups Abroad held in Berne
(Switzerland) from 27 February to 4 March 1915 and, in particular, to the
section of the Resolution on the Defeat of the Tsarist Monarchy, which stated: “In each
country, the struggle against a government that is waging an imperialist war
should not falter at the possibility of that country’s defeat as a result of
revolutionary propaganda. The defeat of the government’s army weakens the
government, promotes the liberation of the nationalities it oppresses, and
facilitates civil war against the ruling classes.”
[68] Eduard
David, um líder oportunista do PSDA | Eduard David, an
opportunistic leader of the GSDP.
[69] A socialista holandesa Henriette Roland-Holst que na
conferência de Zimmerwald se juntou ao Centro juntou-se mais tarde, antes de
Maio de 1917, à esquerda de Zimmerwald.
The
Dutch socialist Henriette Roland-Holst, who at the Zimmerwald conference joined
the Center, later joined, before May 1917, the Zimmerwald Left.
[70] O socialista francês Boris Souvarine, nascido em
Kiev como Boris Konstantinovich Lifschits, participou na criação em 1920
da Secção Francesa da Internacional Comunista (SFIC) que depois de várias
cisões se chamou PC-SFIC (PC=Parti Communiste) em 1921. Tornou-se Trotskista,
abandonando o PC-SFIC em 1924. Nos anos 30, dizendo-se anti-estalinista,
escreveu um livro anti-leninista. Depois da 2.ª GM tornou-se anti-comunista. É
muito estimado e citado pela reacção mundial.
The
French socialist Boris Souvarine, born in Kiev as Boris Konstantinovich
Lifschits, participated in the creation in 1920 of the French Section of the
Communist International (SFIC) which after several splits was called PC-SFIC
(PC = Parti Communiste) in 1921. He became a Trotskyist, leaving the PC-SFIC in
1924. In the 1930s, declaring to be anti-Stalinist, he wrote an anti-Leninist
book. After WWII he became a full-fledged anti-communist. He is highly praised
and cited by the worldwide reaction.
[71] Trata-se de Bukarin (Nikolai Ivanovitch) que na altura era
considerado de esquerda. This refers to Bukharin (Nikolai Ivanovich) who at the time was
considered a leftist.