Panic in the Federal Reserve and return
to the “credit crunch” in an ocean of debts
Dado o seu interesse,
divulgamos abaixo um artigo da autoria de Eric Toussaint, docente na Universidade
de Liège, e porta-voz do CADTM - Committee
for the Abolition of Illegitimate Debt. Autor de vários livros sobre temas
económicos, coordenou o trabalho da Comissão
para a Verdade sobre a dívida pública, que funcionou sob a alçada do Parlamento
grego entre Abril e Outubro de 2015 e foi dissolvida a 12/11/2015. Encontrámos
este artigo em resistir.info com tradução
do original por Rui Viana Pereira.
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Given its interest, we post below a
translation of an article by Eric Toussaint, Professor at the
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Pânico no Federal Reserve* e retorno ao "credit crunch" num oceano de dívidas
Eric Toussaint
4 de Outubro de 2019
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Panic in the Federal Reserve and return to the “credit
crunch” in an ocean of debts
by Eric Toussaint
October 4, 2019
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*Federal Reserve,
ou Fed, é o banco central dos EUA.
Num cenário de descalabro, o FED injectou 53,2 mil milhões
de dólares nos bancos a 17 de Setembro de 2019, porque estes não conseguiam obter
financiamento corrente, dia a dia, nem no mercado interbancário nem nos money market funds (ver caixa "O que são os money market funds?").
O
Fed voltou a fazer o mesmo nos dias 18 e 19 de Setembro.
Este tipo de procedimento traz à memória o mês de setembro
de 2008, quando os grandes bancos, em pleno descalabro, deixaram de emprestar
dinheiro uns aos outros (o que, entre outras coisas, provocou a falência do banco
Lehman Brothers) e tiveram de apelar à ajuda dos bancos centrais. Os grandes bancos
privados já não confiavam uns nos outros. O mercado bancário secou subitamente;
a este estado de coisas a imprensa chamou credit
crunch. A partir desse momento, a Fed injectou continuamente liquidez nos
grandes bancos privados dos EUA e até 2011 permitiu que os bancos europeus recorressem
massivamente à liquidez em dólares. Tinha de ser: os bancos norte-americanos e
os bancos europeus estavam de tal maneira interligados, que a falta de liquidez
na Europa impediria os bancos europeus de honrar os seus compromissos com os bancos
norte-americanos, provocando-lhes graves dificuldades.
Na terça-feira, 17 de setembro de 2019, no mercado interbancário
e no mercado dos money market funds, os bancos viram-se na contingência de aceitar
pagar juros na ordem dos 10 % se quisessem ter acesso ao crédito, enquanto a taxa
a que a Fed emprestava dinheiro aos bancos rondava os 2 a 2,25 %. Por isso, face
à pressão do grande capital e de Trump, a Fed emprestou aos bancos privados 53,2
mil milhões de dólares ao fim do dia 17 de Setembro. E no dia seguinte, novamente
sob pressão de Trump, dos grandes bancos e das grandes empresas, a Fed baixou
a taxa de juros oficial pela primeira vez em 3 meses. Na quarta-feira, 18 de setembro,
a
taxa da Fed fixou-se em 1,75% e 2%, ou seja, desceu 0,25%. Apesar desta descida,
Trump exprimiu mais uma vez uma crítica dura, via tweet: "Jay Powell e o
Federal Reserve voltaram a falhar. Falta-lhes tomates, tino e visão". Trump
quer que o Fed reduza muito mais a taxa de juro, que a fixe em 0%, a fim de corresponder
à política do BCE e do Banco do Japão, cujas taxas já se situam nos 0%.
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In a disaster scenario, the Fed injected
$ 53.2 billion into banks on September 17, 2019, because they could not get day-to-day
financing for current tasks either in the interbank market or in the money market funds (see box "What are money market funds?"). The
Fed did the same again on 18 and 19 September.
This type of procedure brings to memory
the month of September 2008, when the big banks, in full disaster, stopped lending
each other money (which, among other things, caused the bankruptcy of Lehman Brothers)
and had to appeal to help from central banks. The big private banks no longer
trusted each other. The banking market suddenly dried up; this state of affairs
was called credit crunch by the press.
From that point on, the Fed continually injected liquidity into the large
On Tuesday, September 17, 2019, the
banks saw themselves in a position to agree to pay 10% interest if they wanted
to have access to credit in the inter-bank market and in money market funds, while
the rate at which the Fed lent money to banks stood at around 2 to 2.25 percent.
As a result, under pressure from big business and Trump, the Fed lent
private banks $ 53.2 billion by the end of the day of September 17. And the
next day, again under pressure from Trump, from the big banks and the big companies,
the Fed lowered its official interest rate for the first time in 3 months. On
Wednesday, September 18, the
Fed interest rate stood at 1.75% and 2%, i.e., it lowered 0.25%. Despite this
decrease, Trump once again voiced harsh criticism via tweet: "Jay Powell
and the Federal Reserve Fail Again. No guts, no sense, no vision!" Trump
wants the Fed to lower the interest rate much further, to set it at 0%, in order
to match the ECB and Bank of Japan policies, whose interest rates stand already
at 0%.
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O que são os money market funds (MMF)?
Os MMF são sociedades financeiras dos EUA e da Europa, pouco
ou nada controladas ou regulamentadas, pois nem sequer têm licença bancária. Fazem
parte do shadow banking. Em teoria,
os MMF têm uma política prudente, mas a realidade é outra. A administração Obama
tencionava regulamentá-los, porque, em caso de falência de um MMF, o risco de
ter de utilizar recursos públicos para os salvar é demasiado alto. Esta intenção
ficou a meio caminho. Os MMF suscitam muita inquietação, tendo em conta os consideráveis
fundos que gerem e a queda, desde 2008, da sua margem de lucro. Em 2019 os MMF
norte-americanos movimentaram 3400 mil milhões de dólares de fundos, contra
3800 mil milhões em 2008. Sendo fundos de investimento, os MMF colectam capitais
dos investidores (bancos, fundos de pensões, etc.). Estes dinheiros são depois
emprestados a muito curto prazo, frequentemente ao dia, aos bancos, às empresas
e aos Estados. Nos anos 2000 o financiamento prestado pelos MMF tornou-se um componente
importante do financiamento a curto prazo dos bancos.
A agência de notação Moody's calcula que, durante o período
2007-2009, 62 MMF tiveram de ser salvos da falência pelos bancos ou fundos de
pensões que os tinham criado. Estamos a falar de 36 MMF que operam nos EUA e 26
na Europa, e de um custo total de 12,1 mil milhões de dólares. Entre 1980 e 2007,
146 MMF tiveram de ser salvos pelos seus patrocinadores. Em 2010-2011, ainda segundo
a Moody's, 20 MMF tiveram de ser recapitalizados [1]. Isto mostra a que ponto
podem pôr em perigo a estabilidade do sistema financeiro privado.
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What are money market funds (MMF)?
The MMFs are US and European
financial corporations with little or no control or regulation as they do not
even have a banking license. They are part of shadow banking. In theory, MMF have a prudent policy, but the
reality is different. The Obama administration intended to regulate them,
because if an MMF goes bankrupt, the risk of having to use public resources
to rescue it is too high. This intention got stuck. MMFs are a matter of
concern given the considerable funds they manage and the decline in their
profit margin since 2008. In 2019 US MMFs transacted
$ 3,400 billion in funds, compared to $ 3,800 billion in 2008. As
investment funds, MMFs raise capital from investors (banks, pension funds,
etc.). These funds are then lent on a very short-term, often by the day, to
banks, businesses and states. In the 2000s, the financing provided by MMFs
became an important component of short-term bank financing.
The Moody's rating agency
estimates that during the period 2007-2009, 62 MMF had to be rescued from
bankruptcy by the banks or pension funds that had created them. We are
talking of 36 MMF operating in the
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O que acaba de acontecer é mais um sinal do estado da economia
capitalista mundial. O crescimento é extremamente débil nos países mais industrializados.
A economia dos EUA, que tinha sido dopada pelas medidas fiscais de Trump em 2017-2018
para favorecer o grande capital, entrou numa desaceleração progressiva que inquieta
os patrões. A economia alemã tem passado mal, a da Grã-Bretanha também, assim
como a italiana. O mercado automóvel anda na mó de baixo na Alemanha, na China,
na Índia… A China mantém um crescimento de 5 a 6%, mas esta é a sua taxa de crescimento
mais baixa nos últimos 30 anos.
A economia capitalista mantém-se à tona num oceano de dívidas
e a injecção massiva de liquidez fornecida pelos principais bancos centrais reforça
essa tendência.
Pouco ou nada dos lucros das empresas é reinvestido na produção;
os lucros vão para os bolsos dos accionistas e para a especulação em títulos financeiros
diversos, ou seja, para o capital fictício. Já para não falar na luta contra as
mudanças climáticas, que realmente não faz parte das preocupações dos chefes das
empresas e dos grandes accionistas privados. O sector bancário, desde 2008, não
foi minimamente saneado e a concentração bancária aumentou. Os grandes grupos
privados absorveram um grande número de bancos médios e prosseguiram numa lógica
de maximização dos lucros imediatos por via da especulação. As autoridades reguladoras
deixam andar. O mesmo fazem os governos ao serviço do grande capital.
A economia capitalista mantém-se à tona num oceano de dívidas
e a injecção massiva de liquidez fornecida pelos principais bancos centrais (o
BCE, o banco central dos EUA, do Japão, da Grã-Bretanha e da China) reforça essa
tendência.
Por causa das políticas levadas a cabo pelos bancos centrais
e pelos governos, a economia dos países mais industrializados caiu naquilo que
o economista britânico J. M. Keynes (1883-1946) chamou a armadilha da liquidez.
Enquanto os bancos centrais injectarem liquidez e baixarem as taxas de juros,
os bancos e as grandes empresas privadas preferirão arrecadar essa liquidez posta
ao seu dispor ou utilizá-la para especular.
Convém ainda recordar as palavras de Karl Marx (1818-1883) em O Capital: "Desde
o instante em que nasceram, os grandes bancos, repletos de títulos nacionais,
não passam de associações de especuladores privados plantadas ao lado dos governos
e que, graças aos privilégios que deles obtêm, vivem à custa do dinheiro público
emprestado". [2]
A questão não é: as bolhas especulativas irão rebentar ou não?
Mas sim: quando rebentarão elas?
A propósito das crises, acrescentava ele: "A crise rebenta
primeiro onde grassa a especulação e só depois alastra à produção. O observador
superficial não se apercebe da crise na produção. A desorganização consecutiva
da produção não parece ser o resultado inevitável da sua exuberância anterior,
mas sim uma simples reacção da especulação quando esta se deflaciona". [3]
Na situação actual, a economia capitalista mundial entrou numa nova fase de crise,
com uma desaceleração acentuada da produção, superprodução em relação à procura
real e especulação sobre uma série de activos principalmente financeiros (ver
adiante). Junta-se a isto uma guerra comercial acentuada pela política de Trump,
o reforço da corrida ao armamento e uma guerra de divisas. Entretanto a crise
ecológica assume novas proporções e o grande capital, na mira do lucro imediato,
adopta políticas que agravam essa crise. É tempo de fazer uma viragem radical
a favor da Natureza, da qual a Humanidade faz parte.
A armadilha da
liquidez
Nesta secção do artigo passo em revista o balanço da acção
dos bancos centrais dos países mais industrializados desde o início da crise e
resumo as ameaças inerentes às suas políticas. É importante sublinhar o dilema
com que se vêem confrontados, dilema pelo qual são responsáveis.
Ponhamos as coisas de forma simples e um pouco esquemática:
os banqueiros centrais perguntam-se quanto tempo irão manter a política actual,
que consiste em injectar massivamente liquidez nos bancos e manter uma taxa real
de juros muito baixa, próxima do zero, ou pelo menos inferior à inflação. Faz
bastante tempo que eles sabem muito bem que ao aplicarem esta política, a fim
de permitirem que os bancos (e as grandes empresas não financeiras) se mantenham
à tona de água, favorecem o nascimento de novas bolhas especulativas, as quais
podem rebentar a curto ou médio prazo. A questão não é: irão elas rebentar ou
não? Mas sim: quando rebentarão?
Ao mesmo tempo, os dirigentes dos bancos centrais sabem que
se reduzirem nitidamente as injecções de liquidez, vão causar dificuldades aos
grandes bancos e provocar o rebentamento de novas bolhas especulativas que se
formaram ao longo dos últimos anos. Se além disso aumentarem as taxas de juros,
aumentam ainda mais o risco de falências bancárias e rebentamento de bolhas. Ainda
por cima, se aumentarem as taxas de juros, aumentam automaticamente o custo do
pagamento da dívida pública e agravam o défice dos Estados [4].
É claro que existem alternativas (ver "Manifesto por Um Novo Internacionalismo
dos Povos na Europa" e "Gilets jaunes: apprendre de l'histoire et agir
dans le présent"). Estas alternativas implicam optar por uma mudança radical
de políticas, parar de favorecer os 1 % mais ricos e encetar reformas profundas
em proveito dos 99 %. Ora os banqueiros centrais não têm apetência nem intenções
de mudar o conteúdo de classe da sua política: estão ao serviço do 1 % e do sistema
capitalista que lhe dá vida.
Isto coloca-lhes um dilema: prosseguir grosso modo a política
actual (injecções de liquidez nos bancos e baixas taxas de juros) ou iniciar uma
viragem sem mudar de lógica, ou seja reduzir a injecção de liquidez [5] e ir aumentando
a taxa de juros. É como escolher entre a peste ou a cólera.
A aplicação de uma política que conjuga taxas de juros muito
baixas com a injecção de grandes quantidades de liquidez nos bancos provocou os
seguintes efeitos [6]:
1. Os bancos conseguem manter-se à tona de água (com raras
excepções) porque recebem dos bancos centrais uma quantidade de fundos que já
não conseguem obter nos mercados financeiros, em virtude da escassez de empréstimos
interbancários, da grande dificuldade de vender títulos de crédito bancário a
longo prazo – covered bonds e outros títulos, etc. Por outro lado, o financiamento
através dos bancos centrais, ao qual se juntam várias outras ajudas dos Estados,
permite-lhes ter acesso aos money
market funds para o financiamento dia a dia. Este acesso pode evaporar-se
da noite para o dia, como aconteceu a 17 de setembro de 2019. Em suma: os bancos
privados dependem completamente do apoio dos Estados.
2. Os bancos desenvolveram as suas operações especulativas
favorecendo as actividades que oferecem rendimentos mais elevados: abandonaram
(durante algum tempo) o mercado imobiliário para se dedicarem à especulação sobre
as matérias-primas e alimentares (sobretudo em 2008-2009), os títulos da dívida
pública (desde 2009), as obrigações das empresas não financeiras (corporate bonds),
os valores bolsistas (desde inícios de 2013), as divisas … Por conseguinte as
suas actividades de trading não se reduziram. As técnicas especulativas evoluíram
e em certos casos agravaram-se, nomeadamente com o reforço do trading de alta
frequência.
3. Os bancos reduziram o crédito às famílias e às empresas,
em particular as pequenas e médias empresas, que representam a maioria dos empregos.
As economias periféricas da União Europeia são as mais afectadas. Os bancos endureceram
as condições de concessão de crédito à economia real (constituída pelas famílias
e empresas não financeiras, em particular as pequenas e médias empresas [PME]),
o que vai contra a vontade expressa dos bancos centrais, que afirmam que os bancos
devem aumentar os seus créditos. Mas por detrás dos discursos, os banqueiros centrais
(e os governos) não tomam qualquer medida que force os bancos a abrirem os cordões
à bolsa em benefício dos sectores que poderiam relançar a procura privada e alimentar
algum crescimento, ou pelo menos mantê-lo.
4. As grandes empresas não financeiras, vendo-se privadas de
crédito, recorrem à emissão de obrigações (corporate bonds) para se financiarem.
Os bancos e outros especuladores compram essas obrigações, que geralmente geram
bons rendimentos.
Em caso de necessidade, podem revender as obrigações no mercado
secundário. Quem fica a perder são as pequenas e médias empresas, que não têm
meios para emitir obrigações nos mercados financeiros. O que Mario Draghi propõe
aos banqueiros europeus, para os encorajar a abrirem os seus créditos às PME,
é que aumentem a emissão de produtos estruturados, constituídos por pacotes de
créditos às PME. Significa isto que os bancos que concedem créditos às PME podem
retirá-los dos seus balanços, titularizando-os por via do seu empacotamento num
produto estruturado (asset backed securities). O BCE propõe que os bancos de seguida
usem esses pacotes como colateral (= garantia) junto do BCE, a fim de obterem
crédito a 0% de juros. Uma vez que as taxas de juro impostas às PME pelos bancos
oscilam entre os 5% e os 6% em Espanha e Itália, entre os 3% e os 4% em França
e Alemanha, os bancos poderiam obter lucros muito interessantes, afirma Mario
Draghi. Apesar desta proposta tão apelativa, os bancos mantêm-se relutantes em
aumentar os seus créditos às PME e em fabricarem mais produtos estruturados, conforme
propõe o presidente do BCE. Este mostra-se muito desiludido e continua a insistir
na mesma proposta sempre que tem ocasião.
5. A política dos bancos em relação às dívidas públicas soberanas assume formas
contrastantes e complementares. Por um lado, não hesitam em especular contra as
dívidas soberanas de países que os próprios bancos ajudaram a fragilizar. Para
isso – quando não intervêm directamente – servem-se dos seus braços financeiros:
hedge funds, special purpose vehicle (SPV), fundos de investimento, etc. Ao mesmo
tempo, os bancos incrementaram fortemente a sua actividade de compra de títulos
soberanos, que não só constituem uma fonte de rendimentos muito elevados (trata-se
de títulos espanhóis ou italianos, para falar do mercado mais importante, mas
também títulos ucranianos, turcos, etc.), mas também servem de garantia e meios
de liquidez (títulos soberanos dos EUA, do Reino Unido, da Alemanha, França, Benelux
e outros países da zona euro ) … Por isso não nos surpreende o aparecimento de
políticas bancárias que podem parecer contraditórias, uma vez que os bancos se
especializaram no câmbio das suas actividades especulativas (na expectativa de
rendimentos elevados) e noutros tipos de investimentos.
6. Dito isto, acrescentemos que os bancos não sanearam de facto
os seus balanços nem diminuíram significativamente a sua alavancagem. Os reveses
do Deutsche Bank em 2018-2019 são um dos muitos exemplos.
7. Regra geral, a política dos bancos centrais e dos governos teve efeitos muito
negativos na saúde das economias, sempre em proveito dos bancos e doutras sociedades
financeiras, bem como das grandes empresas não financeiras. Foram suprimidos dezenas
de milhões de empregos, milhões de famílias perderam a sua habitação, a pobreza
e as desigualdades aumentaram a olhos vistos, a qualidade dos serviços públicos
foi deliberadamente degradada … e desenvolveram-se novas bolhas especulativas.
8. Eis uma lista incompleta das novas bolhas especulativas
que geram rendimentos consideráveis e que podem rebentar a qualquer instante:
-- A bolha das obrigações
de empresas não financeiras, os corporate bonds (ver "A Montanha de Dívidas
Privadas das Empresas Estará no Âmago da Próxima Crise Financeira"). A última
queda retumbante remonta a 1994, a anterior ocorreu em 1987.
-- A bolha bolsista,
em plena expansão desde 2013 (a anterior data de 2007-2008).
-- A bolha imobiliária
em formação nos EUA e na China. Basta que uma delas rebente para provocar efeitos
encadeados de enorme amplitude.
A novidade das bolhas actuais é que elas se desenvolvem num
contexto de fraco crescimento económico, para não dizer estagnação económica,
nos países mais industrializados, ao passo que as fases de desenvolvimento das
bolhas nos últimos 40 anos aconteceram no contexto de uma certa euforia económica
e de uma taxa de crescimento muito alta.
9. Por causa das políticas levadas a cabo pelos bancos centrais e pelos governos,
a economia dos países mais industrializados caiu no que J. M. Keynes chamou a
armadilha da liquidez. Enquanto os bancos centrais injectarem liquidez e baixarem
as taxas de juros, os bancos e as grandes empresas privadas preferirão manter
essa liquidez à mão de semear. Os bancos guardam-na para fazer face aos golpes
provocados pelas bombas ao retardador que detêm no seu balanço e pelas novas bolhas
que contribuíram para criar. As empresas industriais e de serviços consideram
que não vale a pena investir, porque a procura privada e pública está
anémica. Sentam-se, por assim dizer, num monte de liquidez e utilizam-na para
especular. As grandes empresas privadas não estão interessadas em investir a sua
liquidez na economia produtiva ou em emprestá-la às PME e às famílias. Segundo
J. M. Keynes, para sair da armadilha da liquidez é necessário que os poderes públicos
aumentem as despesas públicas, a fim de relançar a procura e, por arrasto, a economia:
despesas de investimento (poder-se-ia evidentemente investir na transição ecológica,
em energias renováveis, em grandes obras públicas úteis, em edifícios escolares
e comunitários), despesas de contratação de pessoal nos serviços públicos e melhoria
da sua remuneração, despesas sociais (saúde, educação, serviços sociais), aumento
do montante das pensões de reforma e de vários subsídios sociais … Mas disso os
banqueiros centrais e os governos nem querem ouvir falar.
A política aplicada até hoje pelos bancos centrais e pelos
governos provocou um forte aumento da dívida pública, em consequência de vários
factores encadeados.
10. Em consequência da sua política, o volume do balanço dos bancos centrais aumentou
consideravelmente. Este enorme crescimento num período muito curto serviu para
manter intacto o poder dos grandes bancos privados, sem no entanto fazer as economias
sair da crise. Assim indicam os pontos precedentes. Para além das declarações
propagandísticas, não foi tomada nenhuma iniciativa capaz de sanear
verdadeiramente o sistema bancário. Graças à intervenção dos bancos centrais (e
às decisões dos governos), os grandes bancos continuam a exercer as suas actividades
especulativas, frequentemente fraudulentas, para não dizer criminosas. Estas actividades
são mantidas graças a uma transfusão permanente de recursos (créditos públicos
ilimitados, taxas de juro quase nulas ou mesmo negativas). Alguns bancos – e não
poucos – mantêm-se vivos por respiração artificial (aos créditos públicos junta-se
uma injecção de capitais públicos, a fim de os recapitalizar, e garantias públicas
sobre as suas dívidas).
A política aplicada até hoje pelos bancos centrais e pelos governos provocou um
forte aumento da dívida pública, em consequência de vários factores encadeados:
o custo do resgate dos bancos, o custo da crise – cuja responsabilidade cabe aos
bancos centrais, aos governos, aos bancos privados e a outras grandes empresas
–, as isenções fiscais oferecidas às grandes empresas e às grandes fortunas …
Tudo isto somado confere um carácter claramente ilegítimo a uma parte muito considerável
da dívida pública. A sua anulação faz parte das propostas para sair da crise.
A acção dos bancos centrais e a função
das crises no sistema capitalista
No sistema capitalista uma crise serve, de certa maneira, para repor o
contador a zeros: quando as bolhas especulativas rebentam, o preço dos activos
volta a aproximar-se do seu valor real de mercado; as empresas menos
rentáveis vão à falência e uma parte do capital é destruído. O desemprego
aumenta e os salários baixam. As crises fazem parte do metabolismo do
capitalismo. Não pretendo com isto justificar as crises ou o capitalismo,
quero apenas sublinhar que o funcionamento do sistema capitalista implica o
rebentamento periódico de crises.
Até agora, a intervenção dos poderes públicos, que
responderam docilmente às exigências dos patrões, permitiu evitar ou impedir
que a crise exercesse a sua função normal de "purga" do sistema
capitalista. Enquanto do lado da maioria da população há dezenas de milhões
de vítimas, do lado dos responsáveis pela crise o capital não é metido na
ordem, as falências das grandes empresas são muito limitadas, os bancos não
sanearam as suas contas e vão-se formando novas bolhas especulativas. Não se
verifica a retoma do investimento produtivo.
É necessário adoptar uma estratégia
internacionalista
A fraca quantidade de falências bancárias nos EUA, na Europa e no Japão não pode
ser atribuída senão à ajuda prestada aos banqueiros privados pelos bancos centrais
e pelos governos. Os governantes acharam que os bancos privados eram demasiado
grandes para caírem na falência. A manutenção de uma política governamental que
favorece os interesses das grandes empresas privadas e ataca os interesses económicos
e sociais das populações, a insuficiente (e sempre em queda) procura pública e
privada, as bolhas especulativas persistentes … são os ingredientes necessários
ao prolongamento da crise. Se não se fizer uma viragem a favor da justiça social,
a crise irá arrastar-se durante muitos anos ou assumir um carácter brutal e súbito.
É necessário adoptar uma estratégia internacionalista. Há também
que procurar constantemente desenvolver campanhas e acções coordenadas a nível
internacional nos domínios da dívida, da ecologia, do direito à habitação, do
acolhimento de imigrantes, refugiados e refugiadas, da saúde pública, da educação
pública e de outros serviços públicos, do direito ao trabalho. Têm de ser
travadas lutas para pôr mão nos bancos centrais através dos poderes públicos,
a fim de os pôr ao serviço do povo, para socializar a banca, as seguradoras e
o sector da energia, para fazer retornar ao domínio público os bens
comunitários, para anular as dívidas ilegítimas, para fechar as centrais nucleares,
para reduzir radicalmente o recurso às energias fósseis, para impedir o dumping
fiscal e os paraísos fiscais, para defender e alargar os direitos das mulheres
e LGBTI, para promover os bens e serviços públicos e o lançamento de processos
constituintes. Em suma, é preciso um programa resolutamente anticapitalista,
feminista, internacionalista e ecologista.
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What has just happened is yet
another sign of the present state of the world capitalist economy. Growth is
extremely weak in the most industrialized countries. The
The capitalist economy remains
afloat in an ocean of debts, and the massive injection of liquidity provided
by major central banks reinforces this trend.
Little or nothing of corporate
profits is reinvested in production; profits go to the pockets of
shareholders and to speculation in miscellaneous financial securities, that
is, to fictitious capital. Not to mention the fight against climate change,
which really is not part of the concerns of corporate bosses and large
private shareholders. Since 2008, the banking sector has not been cleaned up
and banking concentration has increased. Large private groups absorbed a
large number of medium-sized banks and have pursued the logic of maximizing
immediate profits through speculation. Regulatory authorities close their
eyes. So do governments at the service of big business.
The capitalist economy remains
afloat in an ocean of debts and the massive injection of liquidity provided
by the major central banks (the ECB, the central bank of the
Because of policies pursued by
central banks and governments, the economy of the most industrialized
countries has fallen into what British economist J. M. Keynes (1883-1946)
called the liquidity trap. As long as central banks inject liquidity and
lower interest rates, banks and large private companies will prefer to hoard
that liquidity at their disposal or use it to speculate.
It is also worth recalling the
words of Karl Marx (1818-1883) in Capital:
"From the moment they were born, large banks, filled up of national securities,
have been associations of private speculators planted alongside governments
and which, thanks to the privileges they derive from them, they live at the
expense of borrowed public money." [2]
The question is not: will
speculative bubbles burst or not? But rather: when will they burst?
On the subject of crises, he
added: "The crisis breaks out first where speculation rages and only
then it spreads to production. The superficial observer is unaware of the
crisis in production. The subsequent disorganization of production does not
seem to be the inevitable result of its former exuberance, but a simple
reaction of speculation when it deflates". [3]
In the present situation, the
world capitalist economy has entered a new stage of crisis, with a sharp
slowdown in production, an overproduction in relation to real demand and
speculation on a range of mainly financial assets (see below). In addition to
this there is a trade war accentuated by Trump's policy, the reinforcement of
the arms race and a currency war. In the meantime the ecological crisis takes
on new proportions and big capital, in the aim of immediate profit, adopts
policies that aggravate this crisis. It is time to make a radical turn in
favor of nature, of which humanity is a part.
The liquidity trap
In this section of the article I
review the account of the actions by the central banks of the most
industrialized countries since the beginning of the crisis and summarize the
threats inherent in their policies. It is important to underline the dilemma
they are faced with, the dilemma for which they are responsible.
Let's put it simply and somewhat
schematically: central bankers wonder how long they will stick to the current
policy which consists of massively injecting liquidity into banks and
maintaining a very low real interest rate, near zero, or at least below
inflation. They have long known that by applying this policy in order to
allow banks (and large non-financial corporations) to stay afloat favours the
birth of new speculative bubbles, which may burst on a short or medium term.
The question is not: will they burst or not? But rather: when will they
burst?
At the same time, central bankers
know that were they to sharply decrease liquidity injections, they would
cause difficulties to big banks and would provoke the burst of the new
speculative bubbles that have been forming over the last years. If, in
addition, they increase interest rates they will then further increase the
risks of bank crashes and of bubble bursts. On top of that, if interest rates
rise, they automatically increase the cost of public debt repayment and
aggravate states deficits. [4]
Of course there are alternatives
(see "Manifesto for a New Internationalism of Peoples in
This poses a dilemma for them: to
either broadly pursue the current policy (liquidity injections into banks and
low interest rates) or to embark on a turn without changing of [capitalist] logic,
i.e., to reduce the liquidity injection [5] and to increase the interest rates.
It is like choosing between plague or cholera.
Applying a policy that combines
very low interest rates with the injection of large amounts of liquidity into
banks has resulted in the following effects [6]:
1. Banks are able to stay afloat
(with rare exceptions) because they receive from central banks an amount of
funds they can no longer obtain from financial markets because of the shortage
of inter-bank lending, and of the great difficulty of selling long-term
securities of bank credit -- covered bonds and other securities, etc. On the
other hand, financing through central banks, with the addition of various
other state aids, gives them access to money market funds for day-to-day
financing. This access can evaporate overnight, as happened on September 17,
2019. In short: private banks are completely dependent on state support.
2. Banks have developed their
speculative operations by favouring the activities which offer higher
yieldings: they abandoned (for a while) the real estate market and engaged in
speculation on raw materials and food commodities (particularly in
2008-2009), public debt securities (since 2009), non-financial corporate
bonds, stock market values (since early 2013), currencies… Therefore, their
trading activities have not been reduced. Speculative techniques have developed
and in some cases have worsened, notably with the reinforcement of high
frequency trading.
3. Banks have reduced credit to
households and businesses, particularly small and medium-sized enterprises,
which account for the majority of jobs. The peripheral economies of the
European Union are the hardest hit. Banks have tightened lending conditions
for the real economy (consisting of households and non-financial
corporations, in particular small and medium-sized enterprises [SMEs]), and
this goes against the express wishes of central banks, with their statements
that banks should increase granting credits. But behind such speeches,
central bankers (and governments) take no action to force banks to open up
their purses to the benefit of sectors that could relaunch private demand and
sustain some growth or at least maintain it.
4. The large non-financial
corporations, being deprived of credit, resort to the issuance of corporate
bonds to finance themselves. Banks and other speculators buy these bonds,
which usually generate good returns.
If necessary, they may resell the
bonds in the secondary market. The losers are small and medium-sized
enterprises, which cannot afford to issue bonds in the financial markets.
What Mario Draghi proposes to European bankers, to encourage them to grant
their loans to SMEs, is to increase the issuance of structured products
consisting of loan packages to the SMEs. This means that banks that lend to
SMEs could withdraw them from their balance sheets by securitizing them by
packaging them into a structured package (asset backed securities). The ECB
proposes that banks then use these packages as collateral with the ECB in
order to obtain 0% interest credit. As interest rates imposed on SMEs by
banks range from 5% to 6% in
5. Banks' policies towards
sovereign public debt take on contrasting and complementary forms. On the one
hand, they do not hesitate to speculate against the sovereign debts of countries
that the banks themselves have helped to undermine. For that purpose – and when
they do not intervene directly -- they resort to their financial arms: hedge
funds, special purpose vehicles (SPV), investment funds, etc. At the same
time, banks have greatly increased their activity in buying sovereign bonds,
which are not only a source of very high yields (not only the Spanish or
Italian securities, just to mention the most important market, but also
Ukrainian, Turkish securities, etc.), but also serve as collateral and
liquidity means (sovereign bonds of the US, UK, Germany, France, Benelux and
other eurozone countries)… That’s why one should not be surprised by the
emergence of banking policies that may look contradictory, because banks became
specialized in altering their speculative activities (in anticipation of high
returns) and in other types of investments.
6. That said, let us add that
banks did not actually clean up their balance sheets or significantly reduce
their leverage. Deutsche Bank's setbacks in 2018-2019 are one of many
examples.
7. As a rule, the policy of
central banks and governments has had very negative effects on the health of
economies, always to the benefit of banks and other financial corporations,
as well as large non-financial corporations. Tens of millions of jobs have
been suppressed, millions of families have lost their homes, poverty and
inequalities have risen sharply, the quality of public services has been
deliberately degraded… and new speculative bubbles have developed.
8. Here is an incomplete list of
the new speculative bubbles that generate considerable yields and which can
burst at any moment:
-- The corporate bond bubble, bonds
of the non-finantial corporations (see "The Mountain of Corporate
Private Debt Will Be at the Heart of the Next Financial Crisis"). The
last serious fall dates back to 1994, the previous one occurred in 1987.
-- The stock bubble, which has
been booming since 2013 (the previous one dates back from 2007-2008).
-- The real estate bubble in a growth
process in the
The novelty of today's bubbles is
that they grow up in a context of weak economic growth, not to say economic
stagnation, in the most industrialized countries, whereas the bubble's
development stages over the last 40 years have come in the context of a
certain economic euphoria and a very high growth rate.
9. Because of policies pursued by
central banks and governments, the economies of the most industrialized
countries have fallen into what J. M. Keynes called the liquidity trap. As
long as central banks inject liquidity and lower their interest rates, banks
and large private companies will prefer to hoard that liquidity ready to be
of use. The banks keep it to cope with the blows that may be caused by the
retarded bombs they maintain in their accounts and by the new bubbles they
have contributed to creating. Industrial and service companies consider that
it is not worth investing because private and public demand is anemic. They
sit, as it were, in a lot of liquidity and use it to speculate. Large private
companies are not interested in investing their liquidity in the productive
economy or lending it to SMEs and households. According to JM Keynes, getting
out of the liquidity trap requires public authorities to increase public
spending in order to relaunch demand and, on account of that by the economy: investment spending
(one could of course invest in the ecological transition, renewable energy,
major useful public works, school and community buildings), expenditure on
hiring staff in public services and improving their remuneration, social
expenditure (health, education, social services), increased retirement
pensions and of various social subsidies… But the central bankers and
governments don't even want to hear about that.
The policy applied to this day by
central banks and governments has led to a sharp increase in public debt as a
result of a number of linked factors.
10. As a result of their policy,
the balance sheet volume of central banks increased considerably. This huge
growth over a very short period has served to keep the power of the large
private banks intact, but without pulling the economies out of the crisis. This
is indicated by the preceding points. Apart from the propaganda statements,
no action has been taken to truly remedy the banking system. Thanks to the
intervention of central banks (and government decisions), large banks
continue to carry on their often fraudulent, not to say criminal, speculative
activities. These activities are maintained thanks to a permanent transfusion
of resources (unlimited public loans, almost zero or even negative interest
rates). Some banks -- and not a few -- are kept alive by artificial breathing
(to public credit is added an injection of public capital to recapitalize
them and public guarantees on their debts).
The policy applied to this day by
central banks and governments has led to a sharp rise in public debt, as a result
of several linked factors: the cost of bailing out banks, the cost of the
crisis -- the responsibility of which lies with central banks, governments,
private banks and other large corporations -- the tax exemptions offered to
large corporations and large fortunes… All this added up to a very
considerable amount of public debt being clearly illegitimate. Its
cancellation is part of the proposals to get out of the crisis.
Central bank action and the role of crises in the
capitalist system
In the capitalist system a crisis
serves to some extent to reset the counter to zero: when speculative bubbles
burst, the price of assets returns to their real market value again; The
least profitable companies go bankrupt and some of the capital is destroyed.
Unemployment rises and wages fall. Crises are part of the metabolism of
capitalism. I do not intend with this to justify crises or capitalism, I just
want to underline that the functioning of the capitalist system implies the
periodic burst of crises.
So far, the intervention of the
public authorities, who have responded meekly to the demands of the bosses,
has allowed avoiding or impeding the crisis from performing its normal
function of "purging" the capitalist system. Whereas on the side of
the majority of the population there are tens of millions of victims, on the
side of those responsible for the crisis capital stays unscathed, the
bankruptcies of large companies are very limited, banks have not cleared
their accounts and new speculative bubbles are being formed. And there is no
recovery of productive investment.
It is necessary to adopt an internationalist
strategy
The low amount of bank crashes in
the
It is necessary to adopt an
internationalist strategy. Continued efforts should also be made to develop
internationally coordinated campaigns and actions in the fields of debt,
ecology, housing rights, reception of immigrants, refugees’ men and women,
public health, public education and other public services, and the right to work.
Struggles have to be fought to get hold of central banks through the public
authorities in order to put them at the service of the people, to socialize
the banking, insurance and energy sectors, to return community assets to the
public domain, to cancel illegitimate debts, to close nuclear power plants,
to radically reduce the use of fossil fuels, to prevent tax dumping and tax
havens, to defend and extend women's and LGBTI rights, to promote public
goods and services and the launching of constituent processes. In short, we
need a resolutely anti-capitalist, feminist, internationalist and ecologist
program.
|
Notas | Notes
[1] Financial Times, "20 money market funds rescued", 21-Oct-2013.
[2] Karl Marx, 1867, Le Capital, livre I, Œuvres I, Gallimard, La Pléiade,
1963, cap. 31.
[3] "Crise, prospérité et révolutions",
Marx-Engels, Revue de mai à octobre 1850 in Marx-Engels, La crise, 10-18, 1978,
p. 94. [N. do T.: disponível (em francês) em pdf descarregável].
[4] É importante notar que o aumento das taxas de juros tem efeitos negativos em
todos os países em desenvolvimento, que passam a ter maiores dificuldades no refinanciamento
das suas dívidas e que verão uma grande quantidade de capitais partir em busca de
melhores rendimentos nos países mais industrializados. Mas isto não comove os banqueiros
centrais, conforme declarou publicamente a presidente do Fed em Fevereiro de 2014.
Isto traz-nos à memória o que se passou em 1980-1981, quando as taxas de juros aumentaram
brutalmente em consequência de uma decisão do Fed. Vários autores analisaram os
efeitos da reviravolta.
It
is important to note that rising interest rates have negative effects on all
developing countries, which are finding it more difficult to refinance their
debts and will see a large amount of capital to flee the country in order to
seek better returns in the more industrialized countries. But this does not
move the central bankers, as the Fed president publicly stated in February
2014. This brings to mind what happened in 1980-1981, when interest rates rose
sharply as a result of a Fed decision. Several
authors have analyzed the effects of the turnaround.
[5] O Fed iniciou prudentemente esta viragem a partir de dezembro de 2013, reduzindo
o volume mensal de compra de produtos hipotecários estruturados (MBS) e de títulos
do Tesouro (US Treasury Bonds). A seguir a Fed suspendeu essas operações, mas apenas
vendeu uma parcela muito reduzida dos MBS, a fim de evitar que os grande bancos
privados fossem afectados por um desmoronamento do mercado. Na realidade, a Fed
conserva em seu poder 1,6 mil milhões de MBS, que são produtos estruturados altamente
tóxicos. Mais recentemente, sob pressão de Trump e dos grandes bancos, a Fed regressou
à política de quantitative easing.
The
Fed prudently began this shift from December 2013, reducing the monthly
purchase volume of structured mortgage products (MBS) and US Treasury Bonds.
The Fed then suspended these operations, but only sold a very small portion of
the MBS in order to prevent large private banks from being affected by a market
collapse. In fact, the Fed retains 1.6 billion MBS in its possession, which are
highly toxic structured products. More recently, under pressure from Trump and the
big banks, the Fed has returned to its quantitative easing policy.
[6] Não abordo aqui os delitos, crimes e manipulações a que se dedicam os
grandes bancos. Tudo isso foi analisado na série "Os Bancos e a Nova Doutrina
"Too Big to Jail"" www.cadtm.org/Os-bancos-e-a-nova-doutrina-Too
, publicada em 2014 e contida igualmente no meu livro Bancocracie – ver www.cadtm.org/Bancocratie-outil-indispensable.
I do not deal here with the delicts, crimes
and manipulations of the big banks. All this was analyzed in the series
"Banks and the New Doctrine "Too Big to Jail"" www.cadtm.org/Os-bancos-e-a-nova-doutrina-Too
, published in 2014 and also included in my book Bancocracie - see www.cadtm.org/Bancocratie-outil-indispensable.