segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O Tratado de Brest-Litovsk (I) | The Brest-Litovsk Treaty (I)

Este artigo
This article
(I)
1 – Introdução    | Introduction
2 – Preparativos | Preparations
3 – Armistício      | Armistice
4 – Inauguração da Conferência de Paz | Inauguration of the Peace Conference
5 – O Primeiro Ultimato | First Ultimatum
      Apêndice – As Posições Políticas de Kamenev até Abril de 1918
      Appendix – The Poltical Positions of Kamenev up to April 1918
       Notas e Referências | Notes and References
Artigo
seguinte
Following article
(II)
6 – As Teses Leninistas e seus Opositores | The Leninist Theses and their Opponents
7 – «Nem Paz, Nem Guerra» | "Neither Peace, Nor War"
8 – O Ultimato Final               | Final Ultimatum
9 – «A Fraseologia Revolucionária» | “Revolutionary Phrase-Making”
      Apêndice – As Posições Políticas de Bukharin até Abril de 1918
      Appendix – The Poltical Positions of Bukharin up to April 1918
       Notas e Referências | Notes and References


Brest-Litovsk é uma cidade da Bielorrússia junto da fronteira com a Polónia. A sua fortaleza é célebre por duas razões: pelo cerco heroicamente sustentado por forças soviéticas aquando da invasão nazi da URSS em Junho de 1941; por aí se terem desenrolado, perto do final da 1.ª GM, as negociações de paz entre a Quádrupla Aliança e a Rússia Soviética, que acabara de nascer.

É sobre este último tema que nos vamos debruçar. Lenine atribuía grande importância aos ensinamentos políticos do tratado de paz de Brest-Litovsk. Neste primeiro artigo analisaremos as secções de 1 a 5 acima e Apêndice. Concluiremos o nosso estudo num segundo artigo. As questões específicas da Ucrânia no âmbito das negociações de paz já foram tratadas noutro artigo.

1 - Introdução

Em 25 de Outubro de 1917 – 7 de Novembro de 1917 no nosso calendário, que usaremos [1] --, no terceiro ano da 1.ªGM, o assalto das milícias operárias ao Palácio de Inverno de Petrogrado marcou o desenlace da Revolução de Outubro [1a], revolução socialista liderada pelo partido bolchevique [2]. Terminava o governo provisório burguês surgido da revolução democrático-burguesa de 8 de Março de 1917. Governo apoiado pelos partidos pequeno-burgueses menchevique [2] e socialista-revolucionário (SR) [3], que não tinha resolvido nenhum dos problemas prementes do povo russo – fim da guerra, fome, reforma agrária, etc. –, e constantemente o traía com belas palavras, entrando em acordos com a reacção latifundiária-monarquista e encobrindo golpes militares. Entretanto, retomando a experiência revolucionária russa de 1905, tinham surgido por todo o lado assembleias deliberativas-executivas de operários, soldados e camponeses – os sovietes.

Com a Revolução de Outubro o poder foi assumido pelo II Congresso dos Sovietes de Deputados Operários e Soldados de Toda a Rússia -- 649 deputados eleitos por 318 sovietes, com a seguinte composição: 390 bolcheviques (comunistas), 100 SRs de esquerda, 60 SRs de direita [3], 72 mencheviques (sociais-democratas), 14 sociais-democratas internacionalistas, e 13 de outros partidos. Um pouco mais tarde os sovietes camponeses uniram-se aos de operários e soldados. O poder soviético, representado pelo Conselho dos Comissários do Povo (CCP) nomeado pelo Congresso dos Sovietes, iria iniciar a construção do primeiro estado socialista da história -- a República Socialista Federativa Soviética da Rússia (RSFSR).

Todas as promessas feitas pelos bolcheviques foram cumpridas. A promessa de retirar a Rússia da guerra imperialista [4] entre a Entente e a Quádrupla Aliança foi uma delas. Todos os partidos representados no II Congresso dos Sovietes votaram unanimemente, logo no dia 8 de Novembro, o primeiro decreto, o Decreto Sobre a Paz, de Lenine, Presidente do CCP, onde constava [5]:

O governo operário e camponês, criado pela revolução de 24-25 de Outubro e que se apoia nos Sovietes de deputados operários, soldados e camponeses, propõe a todos os povos beligerantes e aos seus governos que se iniciem imediatamente negociações sobre uma paz justa e democrática.
[…] por tal paz entende o governo uma paz imediata, sem anexações (isto é, sem conquista de terras estrangeiras, sem incorporação pela força de povos estrangeiros) e sem indemnizações.

O Congresso da II Internacional de 1912 tinha denunciado a natureza imperialista da guerra que se aproximava, apelando aos trabalhadores de todos os países para lutar pela paz, e – cláusula de Lenine -- no caso da guerra ter lugar, aproveitar a crise resultante para apressar a queda do capitalismo, lutando pela revolução socialista. A guerra veio e os diversos líderes socialistas europeus imediatamente «esqueceram» o prometido. Só o partido bolchevique permaneceu fiel. Ainda muito antes da revolução Lenine defendeu em várias publicações e encontros a proposta imediata de paz. Em As Tarefas da Revolução (9-Out-1917), escreveu na secção Paz aos Povos:

O governo soviético deverá propôr imediatamente a todos os povos beligerantes (isto é, ao mesmo tempo aos seus governos e às massas trabalhadoras e camponesas) a conclusão de uma paz geral imediata em bases democráticas e também a conclusão de um armistício imediato [...]
A condição principal para uma paz democrática é a renúncia às anexações. Porém, não no falso sentido de que todas as potências recuperem o que perderam, mas sim no único sentido justo, de que toda a nacionalidade sem qualquer excepção, tanto na Europa como nas colónias, deve obter a sua liberdade e a possibilidade de decidir por si mesma se deseja constituir-se em Estado separado ou formar parte de qualquer outro Estado.
Ao oferecer estas condições de paz, o governo soviético deve imediatamente tomar medidas para o seu cumprimento, ou seja, deve publicar e repudiar os tratados secretos pelos quais estamos vinculados até agora […].

A 23 de Novembro de 1917 o jornal Izvestia, órgão do Conselho Executivo Central (CEC) dos sovietes, publicou os tratados secretos da Rússia czarista com outras potências. Esta denúncia da política de rapina dos imperialistas teve impacto internacional. A 19 de Dezembro a Dieta de Finlândia aprovou a declaração de independência da Finlândia. Fiel à sua política de autodeterminação, o CCP da RSR aprovou a 31 de Dezembro o decreto sobre a independência da Finlândia e Lenine entregou pessoalmente o texto do decreto ao PM finlandês Svinhufvud (que era hostil ao regime soviético). As palavras de ordem bolcheviques «autodeterminação das nações» e «paz sem anexações e indemnizações» tornaram-se internacionais.

No que se segue, para além de mencionarmos factos históricos bem estabelecidos, usaremos como fontes principais textos de Lenine, documentos oficiais [6], e o livro do historiador burguês [7] J. Wheeler-Bennett já citado no artigo sobre a Ucrânia.

2 - Preparativos

Uma vez terminado a 13 de Novembro de 1917 um motim contra-revolucionário [8] perto de Petrogrado, o CCP enviou a 20 de Novembro instruções ao general czarista N. Dukhonin, chefe do Estado-Maior do Exército estacionado em Moguilev [9], para se dirigir ao comando alemão propondo um armistício e negociações de paz no âmbito da decisão do CCP de «fazer imediatamente uma proposta formal de armistício a todos os países beligerantes, tanto aos aliados quanto aos que estão em guerra connosco" (Izvestia, 23-Nov-1917).

Dukhonin, conluiado com generais contra-revolucionários e as missões militares dos países da Entente, recorreu a manobras para não cumprir a ordem do CCP. Desmascarada a sua oposição ao CCP foi de imediato demitido e substituído pelo alferes N. Krilenko, Comissário do Povo para o Exército [10]. A 3 de Dezembro, o Estado-Maior em Moguilev que era um centro de planeamento contra o poder soviético, foi tomado pelas tropas revolucionárias. Entre outras medidas, Krilenko incentivou a confraternização de tropas em todas as frentes, uma medida há muito defendida pelos bolcheviques: a paz teria de vir não só de cima mas também de baixo.

A 21 de Novembro o Comissário do Povo das Relações Externas, Lev Trotski, enviou uma nota aos governos dos países beligerantes propondo concluir imediatamente uma trégua em todas as frentes e iniciar negociações de paz. A Entente não respondeu. Nem a esta nem a outras notas idênticas da Rússia enviadas antes e durante as negociações com a Alemanha. (Usaremos Alemanha em vez de Quádrupla Aliança porque era a Alemanha quem mandava e eram os seus exércitos que confrontavam os da Rússia.) O rechaço da iniciativa de paz soviética pela Entente forçou o CCP a iniciar negociações separadas com a Alemanha. De facto, a Entente tinha já outros planos de rapina, compreendendo o esmagamento da Rússia soviética e a distribuição de partes do seu território pela Inglaterra, França e Japão. Estes planos levaram à invasão e intervenção estrangeira na Rússia que analisaremos noutro artigo.

3 - Armistício

O Alto Comando alemão comunicou a 27 de Novembro aceitar conversações de paz [11] na fortaleza de Brest-Litovsk, ocupada pelos alemães. A 1.ª reunião teve início a 2 de Dezembro. A delegação alemã era chefiada pelo Secretário dos Negócios Estrangeiros Kühlmann assessorado pelo general Hoffmann [12] e outros. A delegação russa, escolhida por Trotski, era chefiada por A. Ioffe, assessorado por L. Karakhan, L. Kamenev (representando o CEC) e outros. Ioffe e Karakhan eram membros de um grupo político criado por Trotski [13] que durante a 1.ªGM oscilou entre posições mencheviques e bolcheviques. Só em Maio-Junho de 1917 se aproximou dos bolcheviques e foi aceite no POSDR(b) [2] no seu 6.º Congresso em 26 de Julho. O passado de Trotski -- que analisaremos noutro artigo -- não era brilhante: tinha sido menchevique, inimigo de Lenine, fraccionista do POSDR [2], falso unificador e intriguista político. Quanto a Kamenev, genro de Trotski, a sua conduta política como bolchevique também não era brilhante; tinha constantemente adoptado posições conciliadoras e capitulacionistas face aos mencheviques e SRs, que escalaram até à traição ao partido e à revolução socialista, conforme documentamos abaixo em Apêndice.

Como resultado das negociações, foi acordada a 5 de Dezembro uma trégua de 10 dias que as delegações aproveitaram para conferenciar com os respectivos governos. A 15 de Dezembro foram retomadas as negociações e acordado um armistício por 28 dias (até 14 de Janeiro de 1918), automaticamente prolongado a não ser que notificado o seu fim com uma semana de antecedência. Este acordo previa a troca de prisoneiros civis e militares (o que foi feito) e a convocação de uma conferência de paz a inaugurar a 22 de Dezembro.

Entretanto, a 10 de Dezembro, Lenine elaborou com Estaline o Guião do Programa das Negociações de Paz, como instrução da delegação soviética [14]. É importante assinalar neste documento: a definição de anexações, que não se cingia aos territórios ocupados durante a 1.ª GM; o reconhecimento da autodeterminação das nações e condições para a implementar.


Na primeira sessão da Conferência de Paz de Brest-Litovsk a 22 de Dezembro de 1917, Ioffe apresentou seis princípios principais que deveriam basear as condições de paz (seguindo o Guião): 1 - Nenhuma anexação de territórios tomados durante a guerra, devendo os exércitos de ocupação ser retirados; 2 - Independência política completa dada às nacionalidades privadas dela desde o início da guerra; 3 – Permitir às nacionalidades que não gozavam de independência política o direito de decidir por meio de um referendo (com total liberdade de voto) se optavam pela independência ou por unir-se a outros Estados; 4 - No caso de territórios com várias nacionalidades, salvaguardar os direitos das minorias; 5 – Nenhuma indemnização de guerra seria paga pelas potências beligerantes, devendo as requisições de guerra ser devolvidas e as vítimas da guerra compensadas ​​através de um fundo especial estabelecido pelos países beligerantes proporcionalmente aos seus recursos; 6 – Questões coloniais a ser resolvidas de acordo com os pontos 1, 2, 3 e 4. A delegação soviética propôs ainda que não fosse tolerada qualquer restrição da liberdade das nações mais fracas pelas mais fortes, como boicotes económicos e imposição de tratados económicos e convenções aduaneiras prejudicando a liberdade de comércio.

Kühlmann e o chefe da delegação austríaca, Czernin, declararam aceitar os princípios soviéticos se a Entente também concordasse em negociar a paz em termos semelhantes. Porém, o general Hoffmann, representante da camarilha reaccionária do Alto Comando alemão, protestou. A 25 de Dezembro, Czernin declarou em nome da Quádrupla Aliança que as propostas soviéticas formavam uma base para discutir uma paz geral imediata sem anexações e sem indemnizações de guerra. A Aliança estava pronta a iniciar tal paz com duas condições: uma, a adesão da Entente; a outra, que a questão da auto-determinação de nacionalidades poiticamente dependentes fosse resolvida, não a nível internacional, mas por cada Estado em conjunto com as nacionalidades em questão e de acordo com a Constituição desse Estado. Era, na prática, boicotar e esvaziar de sentido os princípios soviéticos.

Segundo o historiador Wheeler-Bennett «Ioffe acolheu calorosamente a decisão da Aliança e aceitou as suas reservas em princípio, embora lamentando a necessidade delas». Assinala, porém, que a «imprensa soviética criticou bastante a segunda reserva da Aliança, declarando que falar de "canais constitucionais" a este respeito era anular o princípio em questão». O Alto Comando alemão considerou a declaração de Czernin uma traição. Hoffmann foi escolhido para «desiludir imediatamente os russos». Em 26 de Dezembro Hoffmann disse a Ioffe que os russos estavam a compreender mal a frase «sem anexações», dado que para a Alemanha não era anexação se partes do Império Russo tivessem, por sua própria vontade e agindo através das autoridades devidamente constituídas, escolhido separar-se da Rússia e assumir uma existência independente ou um estatuto protegido dentro do Império Alemão. Hoffmann referia-se a territórios ocupados pela Alemanha durante a 1.ªGM (Polónia, Lituânia, Letónia, partes da Estónia, Bielorrússia e Ucrânia) onde tinha instalado governos-fantoche.

Os alemães consideravam portanto, cinicamente, as suas anexações como não anexações. Ioffe protestou e ameaçou romper as negociações. Nessa altura Hoffmann assinalou no seu diário algo que Lenine há muito ponderara, mas não outros membros do partido bolchevique: «Não se colocava a questão das negociações serem interrompidas. A única chance que tinham os bolcheviques de permanecer no poder era assinar uma paz. Eram obrigados a aceitar as condições das Potências Centrais [Alemanha e Áustria-Hungria], por mais duras que fossem». A delegação soviética avançou com condições sobre plebiscistos nos territórios ocupados pela Alemanha; esta contrapôs em 28 de Dezembro com condições que lhe eram mais favoráveis. Os conceitos de auto-determinação de ambas as partes eram irreconciliáveis. As negociações foram suspensas para seram retomadas a 9 de Janeiro de 1918.

5 - O Primeiro Ultimato

A moral do exército russo tinha sido quebrada pela guerra imperialista, cujos objetivos eram estranhos aos soldados. Tratados como escravos pelos oficiais monarquistas e sofrendo as piores privações, largas massas de soldados -- na maior parte camponeses – fugiram para suas casas depois da revolução, prara participar da divisão da terra e na criação do novo sistema social soviético. Lenin e outros bolcheviques conheciam isso bem. Lenine procurou obter informações actuais e detalhadas a 30 de Dezembro. Enviou dez Perguntas aos Delegados do Congresso do Exército sobre a Desmobilização do Exército [15].
Oito perguntas cobriam questões específicas (1. A probabilidade de os alemães iniciarem uma ofensiva no futuro próximo é grande ou pequena – a) do ponto de vista físico e técnico? b) Do ponto de vista do estado de ânimo dos soldados alemães? Pode esse estado de ânimo impedir a ofensiva ou pelo menos retardá-la?; 2. Pode-se presumir que os alemães, se rompermos imediatamente as negociações de paz e se as suas tropas tomarem imediatamente a ofensiva, serão capazes de nos infligir uma derrota decisiva? Poderiam tomar Petrogrado?; etc.)
Duas perguntas pediam conclusões gerais (6. Do ponto de vista do estado do exército, deveríamos arrastar as negociações de paz, ou seria preferível rompê-las imediatamente de forma revolucionária, por causa da política anexionista alemã […]?; 10. Se o exército pudesse votar, fá-lo-ia a favor da paz imediata em condições anexionistas (perda das regiões ocupadas) e economicamente muito duras para a Rússia, ou a favor do máximo esforço por uma guerra revolucionária, ou seja, de resistência ao alemães?).

As respostas às Perguntas, o relatório de Krilenko sobre a situação na frente, e o estado do exército, foram analisados na reunião do CCP no dia seguinte. O CCP aprovou o Projecto de Resolução do Conselho de Comissrios do Povo de Lenine advogando no ponto 3 transferir as negociações de paz para Estocolmo e no ponto 7 «Propaganda e agitação sobre a necesidade de uma guerra revolucionária». Os outros pontos tornam claro o carácter defensivo dessa guerra: «1. Intensificar a agitação contra a política anexionista dos alemães. 2. Alocar recursos suplementares para esta agitação. 4. Continuar as negociações de paz e resistir à sua aceleração por parte dos alemães. 5. Reforçar as medidas de reorganização do exército, reduzindo o seu número e aumentando a sua capacidade defensiva. 6. Medidas urgentes de defesa em caso de rompimento para Petrogrado.». Nesta altura, segundo Trotski (nas obras Lenine e A Minha Vida), Lenine pediu-lhe para se juntar à delegação soviética com o fim de arrastar as negociações. Os dotes oratórios de Trotski eram efectivamente úteis para esta finalidade.

As negociações foram retomadas a 9 de Janeiro de 1918 em Brest-Litovsk (A Alemanha recusou a transferência para Estocolmo.) Na véspera, os delegados da Quádrupla Aliança tinham-se reunido e decidido não deixar Trotski falar e confrontá-lo com um ultimato. Na sessão de 9 de Janeiro Kühlmann declarou que como a Entente não tinha aderido às negociações, as declarações das Potências Centrais de 25 e 28 de Dezembro eram anuladas. Trotski pediu uma suspensão. A 10 de Janeiro fez um discurso em que reafirmou a recusa da RSFSR de aceitar a visão alemã da autodeterminação para os territórios ocupados, «pelo qual a vontade do povo é, na realidade, substituída pela vontade de um grupo privilegiado que actua sob o controlo das autoridades que administram os territórios». Confirmou, contudo, a intenção do CCP de continuar as negociações para uma paz separada.

Os Poderes Centrais levaram consigo uma delegação da sua marioneta Rada Ucraniana, que tinha lançado uma luta armada contra a República Soviética da Ucrânia, proclamada no I Congresso de Sovietes da Ucrânia, realizado em Kharkov em Dezembro de 1917, e estava em estado de guerra com a RSFSR. Trotski sabia disso. Contudo, na sessão de 10 de Janeiro, Trotski reconheceu a autoridade da Rada como representante da Ucrânia. "O Presidente da Delegação Ucraniana [Rada] agradeceu" a Trotski esse reconhecimento! Wheeler-Bennett -- que demonstra em todo o livro simpatia por Trotsky e antipatia por Lenine -- omite esse episódio que é descrito com detalhes em documentos oficiais.

Até 18 de Janeiro Trotsky e Kühlmann enveredaram por uma longa discussão sobre ética, formas e princípios de autodeterminação e a sua aplicação aos estados fronteiriços, com Trotsky a exigir um referendo sem a presença de tropas estrangeiras e Kühlmann a recusar a evacuação das tropas alemãs e alegando que os territórios ocupados já haviam declarado a sua vontade através dos órgãos criados sob os auspícios da administração alemã! Por fim, a uma pergunta irónica de Trotski sobre qual a área exacta contemplada pelo princípio alemão de autodeterminação, Hoffmann, em jeito de ultimato, desdobrou sobre a mesa um mapa que mostrava a «futura» fronteira entre a Rússia e a Alemanha, correspondendo ao limite de ocupação alemã.

Entretanto -- segundo se depreende de textos de Trotski a este respeito --, já nesta altura Trotsky contemplava a ideia de a RSFSR se retirar das negociações sem assinar o tratado imposto pelos alemães. Ideia aceite por Kamenev e fundamentada na convicção de que os alemães não atacariam porque a revolução alemã estava para breve. Trotski enviou uma carta a Lenine, aparentemente a esse respeito. Lenine refere-se a uma carta de Trotski numa conversa telefónica com este a 16 de Janeiro [16]: «(1) Aqui Lenine. Acabo de receber a sua carta especial. Estaline não está e ainda não pude mostrar-lha. Parece-me que vale a pena discutir o seu plano […] (2) Gostaria de consultar Estaline antes de responder à sua questão […]» E, mais tarde, já com Estaline: «Por favor informe Trotski. Rogamos-lhe que arranje um adiamento e regresse a Petrogrado». Trotski regressou a 18 de Janeiro.

O historiador burguês Wheeler-Bennett apresenta no seu livro, sem citar a fonte, a carta que Trotsky teria enviado a Lenine, conendo entre outras coisas «Nós anunciamos o encerramento da guerra e desmobilização sem assinar qualquer paz. [...] Os alemães não poderão atacar-nos depois de declararmos que a guerra terminou». Esta carta não aparece nos escritos de Trotsky [17]. Wheeler-Bennett foi ao México em Setembro de 1937 para falar com Trotski e diz que foi aí que Trotsky lhe confirmou a «autenticidade dessa carta, posta em dúvida durante 20 anos». Trotski escreveu sem dúvida uma carta a Lenine, mas não é claro que seja a que Wheeler-Bennett apresenta.
Brest-Litovsk is a Belarus city close to the border with Poland. Its fortress is famous for two reasons: because of the siege heroically withstood by Soviet forces when of the Nazi invasion of the USSR in June 1941; because it was the venue where, near the end of WWI, the peace negotiations between the Quadruple Alliance and the newborn Soviet Russia took place.


It is the latter topic that we are going to look on. Lenin attached great importance to the political lessons of the Brest-Litovsk peace treaty. In this first article we will look at sections 1 through 5 above and Appendix. We will complete our study in a second article. The specific issues of Ukraine in the peace negotiations have already been dealt with in another article.


1 - Introduction

On 25 October 1917 -- 7 November 1917 by our calendar, which we will use [1] -- in the third year of WWI, the assault of the workers’ militias on the Winter Palace of Petrograd marked the denouement of the October Revolution [1a], the socialist revolution led by the Bolshevik party [2]. The bourgeois provisional government that had emerged from the bourgeois-democratic revolution of March 8 1917 came to an end. This was a government supported by the Menshevik and Socialist-Revolutionary (SR) petty bourgeois parties [3], which had solved none of the pressing problems of the Russian people -- end of war, famine, land reform, etc. -- and constantly betrayed the people with nice words, entering into agreements with the landowner-monarchist reaction and covering up military coups. In the meantime, resuming the Russian revolutionary experience of 1905, deliberative-executive councils of workers, soldiers, and peasants had sprung up everywhere -- the soviets.


With the October Revolution the power fell in the hands of the 2nd All-Russia Congress of Soviets of Workers' and Soldiers' Deputies -- 649 deputies elected by 318 soviets, composed of: 390 Bolsheviks (Communists), 100 left-wing SRs, 60 right-wing SRs [3], 72 Mensheviks (Social-Democrats), 14 Internationalist Social-Democrats, and 13 deputies from other parties. A little later the Peasants' Soviets merged with those of the workers and soldiers. Soviet power, represented by the Council of People's Commissars (CPC) appointed by the Congress of Soviets, was to begin construction of the first socialist state in history -- the Russian Soviet Federative Socialist Republic (RSFSR).



All the promises made by the Bolsheviks were fulfilled. The promise to withdraw Russia from the imperialist war [4] between the Entente and the Quadruple Alliance was one of them. All the parties represented in the Second Congress of the Soviets unanimously voted, on 8 November, the first decree, the Decree on Peace, written by Lenin, Chairman of the CPC, where it was stated [5]:


The workers' and peasants' government, created by the Revolution of October 24-25 and basing itself on the Soviet of Workers', Soldiers' and Peasants' Deputies, calls upon all the belligerent peoples and their government to start immediate negotiations for a just, democratic peace.
[…] by such a peace the government means an immediate peace without annexations (i.e., without the seizure of foreign lands, without the forcible incorporation of foreign nations) and without indemnities.

The Congress of the 2nd International of 1912 had exposed the imperialist nature of the approaching war, appealing to the workers of all countries to fight for peace, and -- Lenin's clause -- in case the war took place, to take advantage of the resulting crisis to hasten the fall of capitalism, fighting for the socialist revolution. The war came and the various European socialist leaders immediately "forgot" what they had promised. Only the Bolshevik party remained faithful to its pledge. Long before the revolution had taken place Lenin defended in several publications and meetings the immediate proposal of peace. In The Tasks of Revolution (Oct 9, 1917), he wrote in the section Peace to the Peoples:

The Soviet Government must straight away offer to all the belligerent peoples (i.e., simultaneously both to their governments and to the worker and peasant masses) to conclude an immediate general peace on democratic terms, and also to conclude an immediate armistice […]
The main condition for a democratic peace is the renunciation of annexations -- not in the incorrect sense that all powers get back what they have lost, but in the only correct sense that every nationality without any exception, both in Europe and in the colonies, shall obtain its freedom and the possibility to decide for itself whether it is to form a separate state or whether it is to enter into the composition of some other state.
In offering the peace terms, the Soviet Government must itself immediately take steps towards their fulfillment, i.e., it must publish and repudiate the secret treaties by which we have been bound up to the present time […]

On November 23, 1917, the newspaper Izvestia, organ of the Central Executive Council (CEC) of the Soviets, published the secret treaties of Tsarist Russia with other powers. This denunciation of the imperialist prey policy had an international impact. On 19 December the Diet of Finland approved Finland's declaration of independence. Faithful to its policy of self-determination, the RSR CPC approved the decree on the independence of Finland on 31 December and Lenin personally handed over the text of the decree to the Finnish PM Svinhufvud (who was hostile to the Soviet regime). The Bolshevik slogans "self-determination of nations" and "peace without annexations and indemnities" became international.


In what follows, in addition to well-established historical facts, we will use as main sources Lenin texts, official documents [6], and the book of the bourgeois historian [7] J. Wheeler-Bennett already quoted in the article on Ukraine.


2 – Preparations


After having put an end to a counter-revolutionary mutiny near Petrograd on November 13, 1917 [8], the CPC sent instructions on November 20 to the Tsarist General N. Dukhonin, chief of the Army General Staff stationed at Mogilev [9], to address the German Command proposing an armistice and peace negotiations within the scope of the CPC's decision of "to immediately make a formal proposal of armistice to all the belligerent countries, both to allies and to those who are at war with us" (Izvestia, 23- 1917).



Dukhonin, being colluded with counter-revolutionary generals and with the military missions of the Entente countries, resorted to maneuvers not to comply with the order of the CPC. Once his opposition to the CPC was unmasked he was immediately dismissed and replaced by Ensign N. Krylenko, People's Commissar for the Army [10]. On the 3rd December, the General Staff at Mogilev, which was a planning center against Soviet power, was taken over by revolutionary troops. Among other measures, Krylenko encouraged the fraternization of troops on all fronts, a measure long defended by the Bolsheviks: peace would have to come not only from above but also from below.

On November 21 the People's Commissar of External Relations, Lev Trotski, sent a note to the governments of the belligerent countries proposing to immediately conclude a truce on all fronts and to initiate peace negotiations. The Entente did not answer. Neither to this nor to other similar notes from Russia sent before and during the negotiations with Germany. (We will use Germany instead of Quadruple Alliance because it was Germany who was in command and were its armies that confronted those of Russia.) The rejection of the Soviet peace initiative by the Entente forced the CPC to initiate separate negotiations with Germany. In fact, the Entente already had other plundering plans, including the crushing of Soviet Russia and the distribution of parts of its territory by England, France and Japan. These plans led to the invasion and foreign intervention in Russia that we will analyze in another article.


3 – Armistice


The German High Command notified on 27 November accepting peace talks [11] at the German-occupied fortress of Brest-Litovsk. The first meeting began on the 2nd December. The German delegation was headed by the Secretary of Foreign Affairs Kühlmann assisted by General Hoffmann [12] and others. The Russian delegation, chosen by Trotsky, was led by A. Ioffe, assisted by L. Karakhan, L. Kamenev (representing the CEC) and others. Ioffe and Karakhan were members of a political group created by Trotsky [13] which during WWI had vacillated between Menshevik and Bolshevik positions. It was only in May-June 1917 that the group approached the Bolsheviks and was accepted in the RSDLP(b) [2] at its 6th Congress on 26 July. Trotsky's past -- which we shall look at in another article -- was not brilliant: he had been a Menshevik, an enemy of Lenin, a fraction-monger of the RSDLP, a false unifier and political intriguist. As for Kamenev, Trotsky's son-in-law, his political conduct as a Bolshevik was not brilliant either. He had consistently adopted conciliatory and capitulationist views vis-a-vis the Mensheviks and SRs, who escalated to party betrayal and betrayal to the socialist revolution, as documented below in Appendix.

As a result of the negotiations, a 10-day truce was agreed on 5 December of which delegations made use to confer with their respective governments. On 15 December the negotiations were resumed and an armistice was agreed for 28 days (i.e., until 14 January 1918), automatically prolonged unless a week's notice of termination was given. This agreement provided for the exchange of civilian and military prisoners (what was done) and the convening of a peace conference to be inaugurated on 22 December.

Meanwhile, on 10 December, Lenin prepared with Stalin the Outline Programme for Peace Negotiations, to instruct the Soviet delegation [14]. The following are worth notice in this document: the definition of annexations, which is not limited to the territories occupied during WWI; the recognition of the self-determination of nations and the conditions that should be set forth to implement it.


3 - Inauguration of the Peace Conference


At the first session of the Brest-Litovsk Peace Conference on December 22, 1917, Ioffe presented six main principles on which should be based the conditions of peace (following the Outline Programme): 1 - No annexation of territories seized during the war, and the occupation armies to be withdrawn; 2 - Complete political independence to be given to nationalities deprived of it since the beginning of the war; 3 - Nationalities not hitherto enjoying political independence to be allowed the right to decide by means of a referendum (with complete freedom of voting) whether they chose independence or to be united to other states; 4 - In the case of territories inhabited by different nationalities, to safeguard the rights of minorities; 5. No war indemnity would be paid by the belligerent Powers, war requisitions should be returned and war victims compensated through a special fund levied on all belligerent countries in proportion to their resources; 6 - Colonial issues to be settled in conformity with points 1, 2, 3 and 4. The Soviet delegation further proposed that no restriction on the liberty of weaker nations imposed by the stronger should be tolerated, such as economic boycotts and subjection to economic treaties and Customs conventions hindering freedom of commerce.


Kühlmann and the head of the Austrian delegation, Czernin, declared that they accepted the Soviet principles if the Entente also agreed to negotiate peace in similar terms. But General Hoffmann, a representative of the reactionary clique of the German High Command, protested. On December 25, Czernin stated on behalf of the Quadruple Alliance that the Soviet proposals formed a basis for discussing an immediate general peace without annexations and without war indemnities. The Alliance was ready to begin such a peace on two conditions: the Entente's adherence; that the question of the self-determination of politically dependent nationalities should be settlled, not at an international level, but by each State in conjunction with the nationalities concerned and in accordance with the Constitution of that State. This meant, in practice, to boycott and deprive Soviet principles of their meaning.

According to historian Wheeler-Bennett, "Joffe warmly welcomed the decision of the Alliance and accepted their reservations in principle, though regretting the necessity for them”. He notes, however, that the “Soviet press, criticized the second reservation of the Alliance somewhat sharply, declaring that to speak of ‘constitutional channels’ in this connection was to nullify the principle at issue”. The German High Command considered Czernin's declaration a betrayal. Hoffmann was chosen to “immediately disillusion the Russians”. On December 26 Hoffmann told Ioffe that the Russians were misunderstanding the phrase "without annexations", since for Germany it was not annexation if parts of the Russian Empire had, by their own will and acting through the duly constituted authorities, chosen to separate from Russia and to assume an independent existence or a protected status within the German Empire. Hoffmann referred to territories occupied by Germany during WWI (Poland, Lithuania and Latvia, parts of Estonia, Belarus and Ukraine) where she had installed puppet governments.


The Germans therefore regarded, cynically, their annexations as non-annexations. Ioffe protested and threatened to break the negotiations. At that time Hoffmann noted in his diary something that Lenin had long pondered, but not other members of the Bolshevik party: "There was no question of negotiations being broken off; the only chance the Bolsheviks had of remaining in power was by signing a peace. They were obliged to accept the conditions of the Central Powers [Germany and Austria-Hungary], however hard they might be." The Soviet delegation put forward conditions on referenda in the territories occupied by Germany. Germany countered on 28 December with conditions that were more favorable to her. The concepts of self-determination of both sides were irreconcilable. The negotiations were suspended and set to be resumed on January 9, 1918.


5 - The First Ultimatum


The morale of the Russian army was broken by the imperialist war, whose goals were alien to the soldiers. Treated like slaves by the monarchist officers and suffering the worst deprivations, large masses of soldiers – mostly peasants -- rushed home after the revolution, wishing to take part in the division of the land and in the creation of a new, Soviet social system. Lenin and other Bolsheviks knew this well. Lenin sought out updated and critical information on 30 December. He sent ten Questions to Delegates to the Army Congress on the Demobilization of the Army [15].

Eight questions covered specific issues (1. Is the likelihood of the Germans starting an offensive in the near future great or small - a) from the viewpoint of the physical and technical possibility? b) From the viewpoint of the mood of the mass of the German soldiers? Is that mood capable of preventing an offensive, or at least of retarding it?; 2. Can it be assumed that the Germans, if we immediately break off peace negotiations, and if their troops immediately take the offensive, are capable of inflicting a decisive defeat upon us? Will they be able to take Petrograd?; etc.)

Two questions demanded general conclusions. (6. From the point of view of the state of the army, should we strive to drag out the peace negotiations, or would it be preferable to break them off immediately in revolutionary fashion, because of the Germans annexationist policy […]?; 10. If the army could vote would it be in favour of immediate peace on annexationist (loss of the occupied regions) and economically very harsh terms for Russia, or would it favour the maximum effort for a revolutionary war, i.e., resistance to the Germans?).


The answers to the Questions, Krylenko's report on the situation at the front, and the state of the army were discussed at the CPC meeting the following day. The CPC approved Lenin's Draft Resolution of the Council of People’s Commissars advocating in paragraph 3 transferring the peace negotiations to Stockholm and in paragraph 7 “Propaganda and agitation on the necessity for a revolutionary war”. The other points made clear the defensive character of this war: "1. Intensified agitation against the annexationist policy of the Germans. 2. Allocation of additional funds for this agitation. 4. Continuation of peace negotiations and resistance to their speed-up by the Germans. 5. Greater efforts to reorganise the army, reducing its strength and enhancing its defence potential. 6. Urgent measures for defence in the event of a breakthrough to Petrograd.” At this time, according to Trotsky (in his works Lenin and My Life), Lenin asked him to join the Soviet delegation in order to drag the negotiations. Trotsky's oratory skills were indeed useful for this purpose.


Negotiations were resumed on 9 January 1918 in Brest-Litovsk (Germany refused to transfer the venue to Stockholm.) The day before, the delegates of the Quadruple Alliance had met and decided not to let Trotsky speak and confront him with an ultimatum. At the sitting of 9 January Kühlmann stated that since the Entente had not adhered to the negotiations, the declarations of the Central Powers of 25 and 28 December were canceled. Trotsky called for an adjournment. On 10 January he made a speech in which he reaffirmed the refusal of the RSFSR to accept the German view on self-determination for the occupied territories, "whereby the will of the people is actually replaced by the will of a privileged group acting under the control of the authorities administering the territories”. He confirmed, however, the CPC's intention to continue negotiations for a separate peace.


The Central Powers had taken with them a delegation of the Ukranian Rada, their puppet which had launched an armed struggle against against the Soviet republic of Ukraine proclaimed at the 1st All-Ukraine Congress of Soviets held in Kharkov in December 1917, and was in a state of war with the RSFSR. Trotsky knew all this. In spite of that, on the session of January 10 Trotsky recognized the authority of the Rada as representative of Ukraine. “The President of the Ukrainian Delegation [Rada] expressed his thanks” to Trotsky for this recognition! Wheeler-Bennett -- who throughout the book shows sympathy for Trotsky and antipathy for Lenin -- omits this episode which is given with details in official documents.

Until 18 January Trotsky and Kühlmann embarked on a long discussion on ethics, forms and principles of self-determination and their application to the border states, with Trotsky demanding a referendum without the presence of foreign troops and Kühlmann refusing to evacuate German troops and claiming that the occupied territories had already declared their will through bodies created under the auspices of the German administration! Finally, to an ironic question of Trotsky as to the precise area contemplated by the German principle of self-determination, Hoffmann, as an ultimatum, unfolded a map over the table showing the "future" frontier between Russia and Germany, corresponding to the limit of the German occupation.

In the meantime -- as can be grasped from Trotsky’s texts to this respect -- Trotsky was already contemplating the idea of RSFSR withdrawing from the negotiations without signing the treaty imposed by the Germans. An idea accepted by Kamenev and based on the conviction that the Germans would not attack because the German revolution was coming shortly. Apparently Trotsky sent a letter to Lenin in that regard. Lenin does refer to a letter from Trotsky in a telephone conversation with him on 16 January [16]: “(1) Lenin here. I have just received your special letter. Stalin is away and I have not been able to show it to him. I think your plan is worth discussing [...] (2) I should like to consult Stalin before replying to your question [...] » And later, already with Stalin: "Please inform Trotsky. Request arrange adjournment and return to Petrograd." Trotsky returned on 18 January.

Wheeler-Bennett presents in his book, without citing the source, the letter that Trotsky would have sent to Lenin, stating among other things “We announce the termination of the war and demobilization without signing any peace. […] The Germans will be unable to attack us after we declare the war ended.” This letter does not appear in Trotsky's writings [17]. Wheeler-Bennett went to Mexico in September 1937 to speak to Trotsky and says that it was there that Trotsky confirmed the “authenticity of this letter, which had been doubted for 20 years”. Trotsky has certainly written a letter to Lenin, but it is not clear that it is the one presented by Wheeler-Bennett.

Apêndice – As Posições Políticas de Kamenev até Abril de 1918

Descrevem-se a seguir a títulos de obras de Lenine, as respectivas atitudes liquidacionistas, capitulacionistas [18] e de traição ao partido de Kamenev (e outros).

Conferência do Conselho Editorial Alargado do Proletary, 20-Jun-1909
A conferência condenou membros do POSDR -- Bogdanov, Shantser, Lunacharsky, Bubnov, etc. – pelo seu  liquidacionismo de esquerda, removendo os dois primeiros do Conselho Editorial do Proletary. Kamenev, Zinoviev, Rykov e Tomsky tomaram uma atitude conciliatória com os liquidacionistas.

Projecto de Resolução sobre a Consolidação do Partido e da sua Unidade, 3-Nov-1909
A resolução foi apresentada por Lenine ao conselho editorial do Sotsial-Demokrat, órgão central do POSDR, com a proposta de publicar um artigo editorial (não encontrado) defendendo uma luta determinada contra o liquidacionismo. A maioria do conselho editorial -- Kamenev, Zinoviev e Varsky, que eram agentes escondidos de Trotsky, e o menchevique Martov -- rejeitou o artigo de Lenin como artigo editorial e o projecto de resolução.

Notas de um Publicista, 19-Mar-1910
Lenine, de acordo com a resolução da Conferência do Proletari, apresentou um plano de aproximação dos bolcheviques com os mencheviques pró-partido para lutar contra os liquidacionistas. Em oposição ao plano leninista, os conciliadores Kamenev, Zinoviev, e Rykov esforçaram-se por unir os bolcheviques com os mencheviques liquidacionistas e os trotskistas, o que equivalia à liquidação do partido bolchevique.

Cartas sobre Tácticas, 21-26-Abr-1917
Num artigo no Pravda Kamenev manifestou discordância com Lenine quanto à transformação da revolução democrático-burguesa numa revolução socialista. Lenine analisa nesse artigo as assunções incorrectas de Kamenev.

O Discurso de Kamenev no CEC na Conferência de Estocolmo, 29-Ago-1917
A Conferência foi convocada pelo oportunista dinamarquês Borgbjerg, agente dos imperialistas alemães. Mencheviques e SRs aceitaram logo participar. O POSDR(b) pronunciou-se enfaticamente contra a participação na conferência, denunciando a sua natureza imperialista. Kamenev, violando a decisão do partido, participou. Entre outros disparates afirmou na conferência: «A ampla bandeira revolucionária sob a qual as forças do proletariado mundial se estão a reunir começa a voar sobre Estocolmo».

A Catástrofe que nos Ameaça e como Combatê-la, 23-Set-1917
Lenine refere neste trabalho a Conferência Democrática de Toda a Rússia como uma falsa solução para a catástrofe que ameaçava a Rússia. De facto, a Conferência foi convocada pelos mencheviques e SRs para travar a maré revolucionária. Por proposta de Lenine o CC do POSDR decidiu que os bolcheviques deveriam retirar-se da Conferência. Só os capitulacionistas Kamenev, Rykov e Ryazanov, que estavam contra o curso do partido pela revolução socialista, insistiram na participação na Conferência.

Os Bolcheviques Devem Tomar o Poder. Carta ao Comité Central, aos Comités de Petrogrado e de Moscovo do POSDR(b), 14-Set-1917
O CC discutiu esta carta em 15 de Setembro e decidiu convocar para breve uma reunião para discutir tácticas. Kamenev, que se opunha à linha do Partido para a revolução socialista, propôs uma moção de resolução contra a proposta de Lenine de organizar uma insurreição armada armado. O CC rechaçou a moção de Kamenev.

Os Heróis da Fraude e os Erros dos Bolcheviques, 22-Set-1917
Lenine criticou os erros dos bolcheviques com respeito à Conferência Democrática (ver acima), particularmente os de Zinoviev e Kamenev. «O camarada Kamenev estave mal ao fazer o primeiro discurso na Conferência num espírito puramente "constitucional" quando levantou a pergunta tola sobre a confiança ou falta de confiança no governo».

Reunião do Comité Central do POSDR(b), 23-Out-1917
O CC aprovou nesta reunião, por 10 votos contra 2, a proposta de Lenine de preparação imediata da insurreição armada. Só Zinoviev e Kamenev votaram contra. Trotsky absteve-se, por considerar que a insurreição deveria ser adiada até ao II Congresso dos Sovietes, o que, de facto, significava dificultá-la e permitir que o governo provisório concentrasse as forças necessárias para a esmagar no dia da abertura do Congresso.
No dia seguinte, 24 de Outubro, Zinoviev e Kamenev enviaram cartas ao CC e a vários comités e grupos do POSDR(b) onde falaram contra a resolução do CC.

Reunião do Comité Central do POSDR(b), 29-Out-1917
Nesta reunião alargada do CC Lenine informou sobre a resolução de 23 de Outubro. Kamenev e Zinoviev novamente se manifestaram contra, tentando fazer crer que as forças dos bolcheviques eram escassas e que era necessário esperar até à Assembleia Constituinte. Djerjinski, Kalinin, Rakhia, Sverdlov, Skripnik, Estaline e outros apoiaram decididamente a resolução e criticaram severamente a posição capitulacionista de Kamenev e Zinoviev. A resolução foi aprovada por 19 votos a favor, 2 contra e 4 abstenções. Numa reunião do CC à porta fechada foi criado o Centro Militar revolucionário para dirigir a insurreição, composto pelos seguintes membros CC: Bubnov, Djerjinski, Sverdlov, Estaline e Uritski.
Lenine desmontou minuciosamente os agumentos de Kamenev e Zinoviev na sua Carta a Camaradas de 30-Out-1917.

Carta aos Membros do Partido Bolchevique, 31-Out-1917
Carta ao Comité Central do POSDR(b), 1-Nov-1917
Como não obtivessem qualquer apoio às suas declarações e cartas contra a insurreição armada, Kamenev e Zinoviev caíram na traição.
Em 31 de Outubro Kamenev publicou num jornal semi-menchevique uma nota intitulada «I. Kamenev e a "insurreição"», onde em seu nome e no de Zinoviev se manifestou contra a insurreição armada, revelando ao inimigo a resolução mais importante e secreta do partido! Lenin escreveu no mesmo dia e seguinte as cartas acima. Em ambas chamou Kamenev e Zinoviev de fura-greves, considerando a sua atitude como traição à revolução, exigindo que fossem expulsos do partido.
A carta de Lenine foi apreciada na reunião do CC de 2 de Novembro. Kamenev foi demitido do CC e proibido, assim como qualquer membro do CC, de fazer declarações contra as resoluções do CC.

Intervenções na Reunião do Comité Central do POSDR(b), 14-Nov-1917
A 11 de Novembro iniciou-se uma conferência convocada pelo Vikjel (Com. Exec. do Sindicato dos Ferroviários de Toda a Rússia) para criar um “governo socialista uniforme”. O Vikjel, dominado por mencheviques e SRs, era contra-revolucionário. O POSDR(b) decidiu participar na conferência declarando que quaisquer discussões sobre alargamento do governo e do CEC só poderiam ser feitas com base no programa adoptado pelo II Congresso dos Sovietes. Participaram Kamenev, Sokolnikov e Ryazanov.
O Vikjel exigiu várias medidas reaccionárias: não resistência às tropas de Kerenski, novo governo liderado por SRs de direita, etc. Kamenev, Sokolnikov e Ryazanov tomaram uma atitude conciliadora face às propostas dos mencheviques e SRs. O CC do POSDR(b) discutiu a questão a 14 de Novembro. A maioria do CC propôs ou acabar com as conversações ou apresentar um ultimato. Face à insistência de Kamenev, Milyutin, Rykov e Ryazanov o CC autorizou bolcheviques a participar na conferência com o único fim de denunciar as tentativas fúteis de criar um governo de coaligação e encerrar as negociações. No entanto, Kamenev, Zinoviev, Rykov, Milyutin, Larin e Ryazanov assumiram uma posição oportunista de direita e opuseram-se à decisão do CC.

Ultimato da Maioria do CC do POSDR(b) à Minoria, 16-Nov-1917
Na reunião do CEC de 15 de Novembro quando os SRs de esquerda exigiram uma revisão da decisão do CEC sobre o acordo de constituição do CCP, Kamenev e Zinoviev apresentaram uma resolução em termos totalmente opostos à resolução do CC adoptada anteriormente, aceitando uma mudança na composição do governo que dava aos bolcheviques apenas metade dos cargos.
Depois do ultimato que a maioria do CC apresentou à minoria, Kamenev, Zinoviev, Rykov, Milyutin e Nogin retiraram-se do CC, e os três últimos renunciaram aos seus cargos de Comissários do Povo, com uma declaração a que aderiram Ryazanov e Larin.

Do Comité Central do POSDR(b), 18/19-Nov-1917
A todos os membros do partido e a todas as classes trabalhadoras da Rússia
«Camaradas, ontem, 4 (17) de Novembro, vários membros do Comité Central do nosso Partido e do Conselho dos Comissários do Povo - Kamenev, Zinoviev, Nogin, Rykov, Milyutin e alguns outros - renunciaram ao Comité Central do nosso Partido, e os três últimos ao Conselho dos Comissários do Povo. Num grande partido como o nosso, apesar da linha proletária e revolucionária da nossa política, era inevitável que camaradas individuais tivessem mostrado ser insuficientemente convictos e firmes na luta contra os inimigos do povo. As tarefas que o nosso Partido agora enfrenta são realmente imensas, as dificuldades são enormes, e vários membros do nosso Partido, que anteriormente ocupavam cargos de responsabilidade, recuaram diante das investidas da burguesia e fugiram de nossas fileiras.»

Do Comité Central do POSDR(b), 18/19-Nov-1917
Aos camaradas Kamenev, Zinoviev, Ryazanov e Larin
«O Comité Central já apresentou, noutra ocasião, um ultimato aos representantes mais destacados de vossa política (Kamenev e Zinoviev), exigindo total conformidade com a linha e as resoluções do CC, e a renúncia total à sabotagem do seu trabalho e a toda actividade desorganizadora. Ao retirarem-se do CC mas permanecerem no partido, os representantes da vossa política comprometeram-se a respeitar as deliberações do CC. No entanto, vós, na verdade, não vos limitastes à crítica dentro do partido, mas criastes confusão nas fileiras dos lutadores de uma insurreição que ainda não terminou e continuastes a violar a disciplina do partido, não fazendo caso das resoluções CC e obstruindo o seu trabalho fora do partido, nos sovietes, nos órgãos municipais, nos sindicatos, etc.
Em vista disto, o CC é obrigado a reiterar o seu ultimato e a solicitar-vos que vos comprometeis imediatamente por escrito a respeitar as resoluções do CC e a seguir a sua política em todas as vossas declarações ou, caso contrário, a abandonar toda a actividade pública do partido e a renunciar a todos os cargos de responsabilidade no movimento operário, até ao próximo congresso do partido.
A recusa de seguir por um dos dois caminhos colocará o CC perante a necessidade de considerar a questão da vossa expulsão imediata do partido.»

Appendix – The Poltical Positions of Kamenev up to April 1918

The liquidationist, capitulationist stances [18] and of treason to the Party of Kamenev (and others) are described following the respective titles of Lenin's works.

Conference of the Extended Editorial Board of Proletary, 20-Jun-1909
The conference condemned members of the RSDLP - Bogdanov, Shantser, Lunacharsky, Bubnov, etc. – of their left liquidationism, removing the first two from the Editorial Board of Proletary. Kamenev, Zinoviev, Rykov and Tomsky took a conciliatory stand towards the liquidationists.

Draft Resolution on the Consolidation of the Party and of Its Unity, 3-Nov-1909
The resolution was moved by Lenin to the editorial board of Sotsial-Demokrat, central organ of the RSDLP, with a proposal of the publication of an editorial article (not yet found) demanding a determined fight against liquidationism. The majority of the editorial board, -- Kamenev, Zinoviev and Varsky, who were concealed agents of Trotsky, and the Menshevik Martov -- rejected Lenin’s article as an editorial and also the draft resolution.

Notes of a Publicist, 19-Mar-1910
Lenin, according to the resolution of the Conference of Proletary, presented a plan of approaching the Bolsheviks with the pro-party Mensheviks to fight the liquidationists. In opposition to the Leninist plan, the conciliators Kamenev, Zinoviev, and Rykov strove to unite the Bolsheviks with the liquidationist Mensheviks and the Trotskyites, which amounted to the liquidation of the Bolshevik party.

Letters on Tactics, 21-26-Apr-1917
In an article in Pravda Kamenev expressed disagreement with Lenin about the transformation of the bourgeois-democratic revolution into a socialist revolution. Lenin analyzes in this article, the incorrect assumptions of Kamenev.

Kamenev’s Speech in the CEC on the Stockholm Conference, 29-Aug-1917
The Conference was convened by the Danish opportunist Borgbjerg, agent of the German imperialists. Mensheviks and SRs rushed to participate. The RSDLP(b) emphatically declared to be against participating in the conference, exposing its imperialist nature. Kamenev violating the party's decision, participated. Among several nonsenses he said in the conference "The broad revolutionary banner under which the forces of the world proletariat are gathering begins to fly over Stockholm."

The Impending Catastrophe and How to Combat It, 23- Sep-1917
Lenin mentions in this work the All-Russia Democratic Conference as a false solution to the catastrophe threatening Russia. In fact, the Conference was called by the Mensheviks and SRs to stem the revolutionary tide. The RSDLP CC decided that the Bolsheviks should withdraw from the Conference. Only the capitulators Kamenev, Rykov and Ryazanov, who were against the Party’s course for the socialist revolution, insisted on participating in the Conference.

The Bolsheviks Must Assume Power. A Letter to the Central Committee and the Petrograd and Moscow Committees of the RSDLP(B), 14-Sep-1917
The CC discussed this letter on 15 September and decided to call a meeting shortly to discuss tactics. Kamenev, who opposed the Party’s line towards a socialist revolution, motioned a resolution against Lenin's proposal to organize an armed uprising. The CC rejected Kamenev's motion.

Heroes of Fraud and the Mistakes of the Bolsheviks, 22-Sep-1917
Lenin criticised the mistakes of the Bolsheviks with respect to the Democratic Conference (see above), particularly those of Zinoviev and Kamenev. “Comrade Kamenev was wrong in delivering the first speech at the Conference in a purely "constitutional" spirit when he raised the foolish question of confidence or non-confidence in the government.”

Meeting of the Central Committee of the RSDLP(B), 23-Oct-1917
The CC approved at this meeting, by 10 votes to 2, Lenin's proposal for immediate preparation of the armed uprising. Only Zinoviev and Kamenev voted against. Trotsky abstained, considering that the uprising should be postponed until the 2nd Congress of the Soviets, which in practice meant bungling the uprising and allowing the Provisional Government to pull up its forces to crush the uprising on the day the Congress opened.
The following day, October 24, Zinoviev and Kamenev sent letters to the CC and various committees and groups of the RSDLP (b) where they wrote against the resolution of the CC.

Meeting of the Central Committee of the RSDLP(B), 29-Oct-1917
At this extended meeting of the CC Lenin reported on the resolution of October 23. Kamenev and Zinoviev once again opposed the resolution and tried to pass the idea that the Bolshevik forces were weak and that it was necessary to wait until the Constitutional Assembly. Dzherzhinski, Kalinin, Rakhia, Sverdlov, Skripnik, Stalin and others strongly supported the resolution and severely criticized the capitulationist position of Kamenev and Zinoviev. The resolution was adopted by 19 votes to 2, with 4 abstentions. A CC meeting behind closed doors set up the Revolutionary Military Center to lead the insurrection, composed of the following CC members: Bubnov, Dzherzhinski,  Sverdlov, Stalin and Uritski.
Lenin thoroughly dismantled the arguments of Kamenev and Zinoviev in his Letter to Comrades, 30-Oct-1917.

Letter to Bolshevik Party Members, 31-Oct-1917
Letter to the Central Committee of the RSDLP(B), 1-Nov-1917
Since they had got no support for their statements and letters against the armed insurrection, Kamenev and Zinoviev fell into treachery.
On 31 October Kamenev published a note on a semi-menshevik newspaper, entitled “I. Kamenev and the ‘insurrection’", where in his name and that of Zinoviev he stated his opposition to the armed insurrection, revealing to the enemy the most important and secret resolution of the party! Lenin wrote the above letters in the same day and the following day. In both he called Kamenev and Zinoviev strike-breakers, considering their attitude as betrayal of the revolution, demanding that they be expelled from the party.
Lenin's letter was discussed at the CC meeting on November 2. In the end Kamenev was dismissed from the CC and prohibited, as well as any member of the CC, from making any statement against the resolutions of the CC.

Speeches at the Meeting of the Central Committee of the RSDLR (b), 14-Nov-1917
On 11 November began a conference convened by the Vikjel (All-Russian Exec. Committee of the Union of Railwaymen) with the aim of creating a "uniform socialist government". The Vikjel, dominated by Mensheviks and SRs, was counter-revolutionary. The RSDLP(B) decided to participate in the conference, stating that any discussions on the enlargement of government and CEC could only be made on the basis of the programme adopted by the 2nd Congress of Soviets. Kamenev, Sokolnikov and Ryazanov participated.
The Vikjel demanded a number of reactionary measures: non-resistance to Kerensky's troops, a new government headed by right-wing SRs, etc.

Kamenev, Sokolnikov and Ryazanov took a conciliatory attitude to the proposals of the Mensheviks and SRs. The RSDLP(B) CC discussed this issue on 14 November. The majority of the CC proposed either to terminate the talks or present an ultimatum. At the insistence of Kamenev, Milyutin, Rykov and Ryazanov, the CC authorized Bolsheviks to participate in the conference for the sole purpose of denouncing futile attempts to create a coalition government and to break negotiations. However, Kamenev, Zinoviev, Rykov, Milyutin, Larin, and Ryazanov, took a right opportunist position and opposed the decision of the CC.


Ultimatum from the C.C. Majority, of the RSDLP(B) to the Minority, 16-Nov-1917
At the CEC meeting on 15 November, when the left-wing SRs demanded a revision of the CEC decision regarding the composition of the CPC, Kamenev and Zinoviev submitted a resolution in total opposite terms to the CC resolution adopted earlier, accepting a change in the composition of the government giving the Bolsheviks only half of the charges.
After the ultimatum which the majority of the CC presented to the minority, Kamenev, Zinoviev, Rykov, Milyutin and Nogin withdrew from the CC, and the latter three resigned their positions of People's Commissars, with a statement to which Ryazanov and Larin adhered to.

From the Central Committee of the RSDLP(B), 18/19-Nov-1917
To All Party Members and to All the Working Classes of Russia
“Comrades, yesterday, November 4, several members of the Central Committee of our Party and of the Council of People's Commissars—Kamenev, Zinoviev, Nogin, Rykov, Milyutin and a few others—resigned from the Central Committee of our Party, and the three last named from the Council of People's Commissars. In a large party like ours, notwithstanding the proletarian and revolutionary line of our policy, it was inevitable that individual comrades should have proved to be insufficiently staunch and firm in the struggle against the enemies of the people. The tasks that now face our Party are really immense, the difficulties are enormous, and several members of our Party who formerly held posts of responsibility have flinched in face of the onslaught of the bourgeoisie and fled from our ranks.”

From the Central Committee of the RSDLP(B), 18/19-Nov-1917
To Comrades Kamenev, Zinoviev, Ryazanov and Larin
“Once before, the Central Committee delivered an ultimatum to the leading exponents of your policy (Kamenev and Zinoviev), demanding complete subordination to the Central Committee’s line and decisions, and renunciation of efforts to sabotage its work and of all subversive activity.
By leaving the Central Committee, but remaining in the Party, the exponents of your policy undertook to abide by Central Committee decisions. Actually, however, you have not confined yourselves to criticism within the Party, but have brought confusion into the ranks of the fighters -- in an uprising which is still going on, and continue, in violation of Party discipline, to frustrate Central Committee decisions and hamper its work outside the Party, in the Soviets, the municipal bodies, the trade unions, etc.
In view of this, the Central Committee is forced to restate its ultimatum and to request that you immediately pledge yourselves in writing either to abide by Central Committee decisions and to conduct its policy in all your statements, or to withdraw from all Party activity in public and resign from all responsible posts in the working-class movement until the next Party congress.
Refusal to pledge yourselves to either course will make it imperative for the Central Committee to consider the question of your immediate expulsion from the Party.”

Notas e Referências | Notes and References

[1] A Rússia usava o calendário juliano, atrasado de 13 dias face ao gregoriano (aquele que usamos). A 14 de Fevereiro de 1918, por decreto do governo soviético a Rússia mudou de calendário. Os dias de 1 a 13 de Fevereiro foram descartados. Passou de 31 de Janeiro segundo o calendário juliano, para 14 de Fevereiro segundo o calendário gregoriano.
Russia used the Julian calendar, delayed 13 days from the Gregorian calendar -- the one we use. On the 14th February 1918, by decree of the Soviet government, Russia changed of calendar. The days from 1 to 13 February were discarded. The date passed from January 31, according to the Julian calendar, to February 14, according to the Gregorian calendar.

[1a] Sobre a Grande Revolução Socialista de Outubro, recomendamos as seguintes obras (podem ser obtidas da Internet) de jornalistas que se encontravam na Rússia, testemunhas oculares dos eventos que descreveram e cuja honestidade não é posta em causa:
-- John Reed, Dez Dias que Abalaram o Mundo, escrito em 1919. Teve várias edições e foi traduzido em todas as línguas. O americano John Reed começou como jornalista do The American Magazine de Lincoln Steffens. Escreveu depois para o The Saturday Evening Post, Collier's, The Forum, and The Century Magazine. Tinha algumas ideias socialistas quando foi para a Rússia onde trabalhou para um jornal da Cruz Vermelha sob direcção de Raymond Robins um agente americano anti-soviético. Testemunhou a Revolução de Outubro, contactou Lenine, e veio a abraçar a causa soviética. Assinale-se que Lincoln Steffens, jornalista de investigação e filho de família rica, tendo visitado a Rússia em 1919 com funcionário do Departamento de Estado, veio a defender a ajuda americana à Rússia dizendo várias vezes sobre a nova sociedade soviética: «Vi o futuro e funciona».
-- Albert Rhys Williams, Through the Russian Revolution, escrito em 1921. Rhys Williams era um jornalista Americano e activista sindical. Viajou na Rússia em plena revolução tendo contactado várias estratos sociais em várias regiões. O seu livro baseia-se em artigos que escreveu para o Asia, Yale Review, Dial, Nation, New Republic, New York Evening Post. Contactou Lenine várias vezes. Abraçou a causa comunista depois da sua experiência na Rússia.
-- Morgan Phillips Price, My Reminiscences of the Russian Revolution, escrito em 1918. Phillips Price era membro do Partido Liberal inglês mas opôs-se à 1.ªGM. Tornou-se correspondente de Guerra do Manchester Guardian na Frente Oriental. Phillips Price falava o russo o que lhe foi útil durante a viagem através da Rússia e suas observações sobre a revolução. No seu livro mostra simpatia por Lenine e pelos bolcheviques. Regressado a Inglaterra em 1921 aderiu ao Partido Trabalhista.

We recommend the following works on the Great Socialist Revolution of October (available on the Internet) by journalists who were in Russia, eyewitnessed the events they have described and whose honesty is not called into question:
-- John Reed, Ten Days that Shook the World, written in 1919. Several editions and translated into all languages. The American John Reed began as a journalist for The American Magazine of Lincoln Steffens. He later wrote for The Saturday Evening Post, Collier's, The Forum, and The Century Magazine. He had a few socialist ideas when he went to Russia where he worked for a Red Cross newspaper under the direction of Raymond Robins an American anti-Soviet agent. He witnessed the October Revolution, contacted Lenin, and came to embrace the Soviet cause. Incidentally, Lincoln Steffens, an investigative journalist and son of a wealthy family who visited Russia in 1919 with a State Department official, came to defend American aid to Russia and repeatedly said about the new Soviet society: "I have seen the future, and it works ".
-- Albert Rhys Williams, Through the Russian Revolution, written in 1921. Rhys Williams was an American journalist and trade union activist. He traveled in Russia in the heat of revolution, and made contacts with various social strata in various regions. His book is based on articles he wrote for Asia, Yale Review, Dial, Nation, New Republic and New York Evening Post. He contacted Lenine several times. He embraced the Communist cause after his experience in Russia.
-- Morgan Phillips Price, My Reminiscences of the Russian Revolution, written in 1918. Phillips Price was a member of the English Liberal Party but opposed the WWI. He became a war correspondent for the Manchester Guardian on the Eastern Front. Phillips Price spoke Russian whch was useful to him during his trip through Russia and his observations about the revolution. In his book he shows sympathy for Lenin and the Bolsheviks. Having returned to England in 1921 he joined the Labor Party.

[2] O partido bolchevique representava a ala de esquerda do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Esta ala ficou conhecida como «bolchevique» -- do russo bol'shinstvo = da maioria – por ter obtido a maioria dos votos no II Congresso do POSDR na votação do programa elaborado por Lenine. A minoria, menchevique – do russo men’shinstvo = da minoria --, representava a ala direita, a ala oportunista -- socialista em palavras mas pró-capitalista nos feitos. Bolcheviques e mencheviques vieram a separar-se em dois partidos distintos. Os bolcheviques constituíram em 1912 o partido POSDR(b) («b» de bolchevique), que em 8 de Março de 1918 foi renomeado Partido Comunista Russo, bolchevique: PCR(b). Os mencheviques participaram no governo provisório burguês e tornaram-se depois da Revolução de Outubro inimigos ferozes do poder soviético, apoiando as forças monarquistas e estrangeiras durante a guerra civil. Pela composição social, os bolcheviques eram maioritariamente operários e defendiam sem hesitações o socialismo. Os mencheviques eram maioritariamente pequeno-burgueses urbanos.
The Bolshevik party represented the left wing of the Russian Social-Democratic Labor Party (RSDLP). This wing was known as "Bolshevik" - Russian bol'shinstvo = of the majority - for having obtained the majority of votes in the 2nd Congress of the RSDLP voting of the program proposed by Lenin. The minority, Menshevik - Russian men'shinstvo = of the minority - represented the right wing, the opportunist wing - socialist in words but pro-capitalist in deeds. Bolsheviks and Mensheviks came to separate into two distinct parties. The Bolsheviks constituted in 1912 the RSDLP(B) Party ("B" of Bolshevik), which on March 8 1918 was renamed Russian Communist Party, Bolshevik: RCP(B). The Mensheviks participated in the bourgeois provisional government and became, after the October Revolution, rabid enemies of the Soviet power, supporting the monarchist and foreign forces during the civil war. By their social composition, the Bolsheviks were mostly workers and unhesitatingly defended socialism. The Mensheviks were mostly urban petty-bourgeois.

[3] O Partido Socialista-Revolucionário (SR) representava os pequenos e médios camponeses. Defendiam um socialismo utópico, de que as comunidades rurais da Rússia podiam saltar do feudalismo para o socialismo sem passar pelo capitalismo. Para eles a classe revolucionária eram os camponeses e não os operários. Eram hostis ao marxismo e defendiam o terrorismo, incluindo assassinatos, como táctica política. O programa agrário dos SRs previa a abolição da propriedade privada da terra, que seria transferida para a comuna rural com base no trabalho e posse igualitários, e também o desenvolvimento de cooperativas. Os SRs participaram no governo provisório burguês, encabeçado por Kerenski, um SR de direita. À medida que a revolução evoluiu e os camponeses pobres aderiram pela experiência prática ao bolchevismo, o partido SR cindiu-se, formando-se uma ala de esquerda que veio a aliar-se aos bolcheviques. Os SRs de direita tornaram-se inimigos ferozes do poder soviético, coligando-se com os mencheviques no apoio às forças monarquistas e estrangeiras na guerra civil.
The Socialist-Revolutionary Party (SR) represented the small and medium peasantry. They defended a utopian socialism, according to which the Russian rural communities could leap from feudalism to socialism without passing through capitalism. For them, the revolutionary class was the peasantry, not the workers. They were hostile to Marxism and defended terrorism, including assassinations, as political tactics. The SR’s agrarian program provided for the abolition of private ownership of the land, which would be transferred to the village commune, based on equal work and ownership, as well as the development of cooperatives. The SRs participated in the bourgeois provisional government, headed by Kerensky, a right-wing SR. As the revolution progressed and the poor peasants adhered by practical experience to Bolshevism, the SR party split, forming a left wing that came to ally with the Bolsheviks. The right-wing SRs, became rabid enemies of the Soviet power and joined the Mensheviks in supporting the monarchist and foreign forces during the civil war.

[4] A 1.ªGM foi uma guerra entre dois blocos de países imperialistas: o bloco da Entente (Tríplice Entente ou «Aliados») e o da Quádrupla Aliança. Da Entente faziam parte a Inglaterra, França, Rússia, Itália, EUA, Japão e países dependentes da Inglaterra e França, como p. ex. Portugal que era uma espécie de protectorado da Inglaterra. A Inglaterra e França hegemonizavam a Entente. Da Quádrupla Aliança faziam parte a Alemanha, a Áustria-Hungria, a Turquia e a Bulgária. A Alemanha hegemonizava a Quádrupla Aliança.
Os dois blocos tinham interesses antagónicos na repartição de colónias, semi-colónias e protectorados. Como se sabe, «a guerra é apenas a continuação da política por outros meios» (Clausewitz). A 1.ªGM foi a continuação dos diferendos políticos entre os dois blocos imperiais que se confrontaram como dois bandos de gangsters disputando entre si territórios de negócios. Em defesa dos lucros dos patrões imperiais morreram 16 milhões de seres humanos, esmagadoramente operários e camponeses, forçados a servir de carne para canhão. O exército russo, que confrontou a Alemanha, estava muito mal equipado e era traído ao mais alto nível. A corte pululava de agentes alemães. O próprio Ministro da Guerra, Sukumlinov, era um traidor que recebia pagamento alemão. Em 1917, o exército russo tinha sofrido mais baixas do que a Grã-Bretanha, França e Itália em conjunto: 2.762.064 mortos, 4.930.000 feridos, 2.300.000 desaparecidos.
WWI was a war between two imperialist blocs: the Entente bloc (Triple Entente or "Allies") and the Quadruple Alliance. The Entente comprised England, France, Russia (tsarist), Italy, USA, Japan, and countries dependent of England and France, e.g. Portugal which was a sort of protectorate of England. England and France hegemonized the Entente. The Quadruple Alliance comprised Germany, Austria-Hungary, Turkey and Bulgaria. Germany hegemonized the Quadruple Alliance.
The two blocs had antagonistic interests in the distribution of colonies, semi-colonies, and protectorates. As is well known, "war is merely the continuation of policy by other means" (Clausewitz). WWI was the continuation of political disputes between the two imperial blocs which confronted each other like two gangster groups fighting each other for business territories. Sixteen million human beings, overwhelmingly workers and peasants, were forced to serve as cannon fodder in defense of profits of their imperial masters. The Russian army, which confronted Germany, was very poorly equipped and betrayed at the highest level. The court swarmed with German agents. The War Minister himself, Sukumlinov, was a traitor on German payroll. By 1917, the Russian army had suffered higher casualties than Britain, France and Italy put together: 2,762,064 dead, 4,930,000 wounded, 2,300,000 missing.

[5] Nos textos das obras de Lenine, usámos as edições «Avante!» sempre que possível. Para textos não editados pela «Avante!» efectuámos traduções comparadas das versões inglesa e espanhola disponíveis no AMI (Arquivo Marxista na Internet). A versão espanhola das Obras Completas da Akal Editor/Editorial Ayuso reedita as traduções da Cartago Editores (PC da Argentina) dos originais da Editorial Progresso e é particularmente bem documentada.
Nos textos das edições «Avante!» introduzimos, por vezes, correcções que se impunham, nomeadamente tendo em conta as traduções inglesa, espanhola e outras. Por exemplo, no texto «Avante!» do «Decreto sobre a Paz», constava «sem anexações… e sem contribuições», quando devia (obviamente) ser «sem anexações… e sem indemnizações».
We used the MIA (Marxist Internet Archive) English version for the texts of Lenin’s works. From our experience, these texts must often be checked with those in other languages (and preferably with the originals in Russian) since their quality is poor: deficient dating, text errors, bad translations, omissions of Stalin, etc.

[6] Proceedings of the Brest-Litovsk Peace Conference. The Peace Negotiations Between Russia And The Central Powers, 21 November, 1917-3 March, 1918, Washington Government Printing Office, 1918; Protokoly siezdov i konferentsii vsesoiuznoi Kommunisticheskoi Partii, (v) Sedmoi siezd, Mart 1918 goda; Mirnye peregovory v Brest-Litovske s 22/9 dekabria 1917 g. po 3 marta (18 fevralia) 1918 g.

[7] «historiador burguês»: historiador que, independentemente do seu posicionamento económico classista, defende o sistema capitalista, logo os interesses da classe burguesa.
"Bourgeois historian": historian who, regardless of his class-based economic position, defends the capitalist system, and thus the interests of the bourgeois class.

[8] Motim de Gatchina instigado por Kerenski. Terminou num comício em que o Comissário do Povo da Marinha, P. Dybenko, persuadiu as tropas cossacas amotinadas a não se oporem ao poder soviético.
Gatchina mutiny instigated by Kerenski. It ended at a rally in which the People's Commissar of the Navy, P. Dybenko, persuaded the mutinous Cossack troops not to oppose Soviet power.

[9] Cidade da Bielorússia. A frente russo-alemã passava entre Minsk (ocupada pelos alemães) e Moguilev. City of Belarus. The Russian-German front passed between Minsk (occupied by the Germans) and Mogilev.

[10] Dukhonin é desmascarado numa conversação telefónica: Lenine, Estaline, Krilenko, Conversação do Governo com o Estado-Maior por Linha Directa, 22-Nov-1917.
A questão é reportada em: Lenine e Krilenko, Radiograma a Todos. A Todos os Comités de Regimento, de Divisão, de Corpos de Exército e Outros. A Todos os Soldados do Exército Revolucionário e aos Marinheiros da Armada Revolucionária, 22-Nov-1917, que contém este apelo: «Soldados, a causa da paz está nas vossas mãos! Não permitais que os generais contra-revolucionários frustrem a grande causa da paz, colocai-os sob guarda, a fim de evitar actos de justiça sumária indignos de um exército revolucionário e impedir que esses generais escapem do julgamento que os aguarda. Mantende a mais rígida ordem militar e revolucionária. Que os regimentos da frente elejam imediatamente representantes para iniciar negociações formais de um armistício com o inimigo […]».
Este apelo teve amplo eco no exército. Várias divisões, corpos de exército e até frentes inteiras enviaram parlamentares às unidades inimigas e assinaram tréguas. Estes tratados, chamados de «paz dos soldados», eram válidos até que o armistício geral fosse concluído.
Dukhonin is unmasked in a telephone conversation: Lenin, Stalin, Krilenko, Direct-Line Conversation between the Government and Field H. Q., 22-Nov-1917.
The issue is reported in: Lenin and Krilenko, Wireless Message. To All Regimental, Divisional, Corps, Army, and Other Committees, to all Soldiers of the Revolutionary Army and Sailors of the Revolutionary Navy, 22-Nov-1917, with this appeal: "Soldiers, the cause of peace is in your hands! Do not allow the counter-revolutionary generals to frustrate the great cause of peace, place them under guard in order to avert acts of summary justice unworthy of a revolutionary army and to prevent these generals from escaping the trial that awaits them. Maintain the strictest revolutionary and military order. Let the regiments at the front immediately elect representatives to start formal negotiations for an armistice with the enemy […]”
This appeal had a wide echo in the army. Divisions, corps, and even entire fronts sent envoys to the nearest enemy units and signed a truce. These treaties, called "peace of the soldiers", were valid until the general armistice was concluded.

[11] A Alemanha desejava a paz no Leste para poder deslocar divisões para França. Germany wanted peace in the East in order to be able to move divisions to France.

[12] O Barão von Kühlmann, como representante do governo, tinha em certa medida de ter em conta as posições do Reichstag. O general Max Hoffmann era o chefe militar da frente Leste e estava alinhado com as posições reaccionárias do Alto Comando, nomeadamente com Ludendorff.
As a representative of the government, Baron von Kühlmann had to some extent to take into account the positions of the Reichstag. General Max Hoffmann was the military chief of the Eastern Front and was aligned with the reactionary positions of the High Command, namely with Ludendorff.

[13] Trata-se do Organização Inter-Distritos com cerca de 4.000 afiliados, liderada por Trotski e tendo como membros destacados A. Joffe, A. Lunacharsky, M. Uritsky, D. Riazanov, V. Volodarsky, L. Karakhan, D. Manuilsky, K. Yurenev e S. Ejov (Tsederbaum). Durante a 1.ªGM o grupo adoptou uma posição centrista; por um lado, reconhecia a natureza imperialista da guerra e era contra o social-chauvinismo (socialismo em palavras mas nacionalismo burguês na prática), por outro lado era conciliador com os mencheviques.
Reference is to the Inter-Districts Organization with about 4,000 members, led by Trotsky and having as prominent members A. Joffe, A. Lunacharsky, M. Uritsky, D. Ryazanov, V. Volodarsky, L. Karakhan, D. Manuilsky, K. Yurenev and S. Ezhov (Tsederbaum). During the WWI the group adopted a centrist position; on the one hand, it recognized the imperialist nature of war and was against social-chauvinism (socialism in words but bourgeois nationalism in practice), on the other hand it was conciliatory with the Mensheviks.

[14] Não encontrámos nas Edições Avante! este documento, pelo que aqui deixamos ficar a nossa tradução a partir das versões inglesa, espanhola e francesa, baseadas na Ed. Progresso.

Guião do Programa das Negociações de Paz, 10-Dez-1917
1) As negociações devem ser políticas e económicas.
2) Princípio fundamental e tema principal das negociações políticas: «Nem anexações nem indemnizações».
3) Conceito de anexação:
a) A definição de anexação limitada aos territórios incorporados após a declaração da guerra actual não é válida [Rejeita-se a definição de anexação segundo a qual só os territórios incorporados após a declaração da guerra actual são considerado como anexados].
b) São declarados como anexados quaisquer territórios cuja população, durante as últimas décadas (desde a segunda metade do século XIX), manifestou o seu descontentamento com a incorporação do seu território noutro Estado, ou com a sua situação no Estado em questão, independentemente desse descontentamento ter sido expresso por escritos, em resoluções de parlamentos, assembleias, conselhos municipais ou outros organismos similares, em documentos estatais e diplomáticos, decorrentes do movimento nacional nesses territórios, em conflitos, confrontos, distúrbios nacionais, etc.
[O texto que se segue é de Estaline – Ed. Progresso] (*)
1) Reconhecimento oficial de cada nação (não soberana) integrada num dado país beligerante, do direito à sua livre autodeterminação, incluindo a separação e formação de um Estado independente; 2) o direito à autodeterminação será estabelecido por um referendo de toda a população do território que decide o seu destino; 3) as fronteiras geográficas do território que reivindica a autodeterminação serão fixadas por representantes democraticamente eleitos do referido território e dos territórios limítrofes; 4) condições prévias para garantir o exercício do direito das nações à livre autodeterminação:
a) retirada das tropas do território que decide a autodeterminação;
b) repatriamento para o território dos refugiados e dos habitantes expulsos pelas autoridades desde o início da guerra;
c) estabelecimento no território em questão de uma administração provisória, formada por representantes democraticamente eleitos da nação que decide o seu destino, com o direito (entre outros) de aplicar o ponto b;
d) criação sob a administração provisória, de comissões das partes contratantes, com direito de controlo recíproco;
e) as despesas necessárias para pôr em prática os pontos b e c serão cobertas por um fundo especial estabelecido pela parte ocupante.

(*) Confirmado pelo historiador burguês Wheeler-Bennett numa nota de rodapé do seu livro: «Entre as relíquias preciosas cuidadosamente guardadas nos cofres do Instituto Lenine de Moscovo, há uma folha manuscrita intitulada "Resumo do Programa de Negociações de Paz com a Alemanha". As instruções para a delegação soviética, tal como foram adoptadas na sessão do Conselho de Comissários, em 10 de Dezembro de 1917, estão em duas caligrafias distintas. A primeira parte do documento é hesitante, quase incoerente, a página marcada por muitas remoções e correcções. Em seguida, a caligrafia muda, e com ela a natureza do documento que se torna concisa e directa. A primeira escrita é de Lenine, a segunda de Estaline. O mestre havia fornecido a fórmula, mas a receita era trabalho do discípulo».

Outline Programme for Peace Negotiations, 10-Dec-1917. The MIA version does not mention the contribution of Stalin as the author of the second part of the document. This is acknowledged by the Spanish and French versions based on the original of the Ed. Progress and confirmed by the bourgeois historian Wheeler-Bennett in a footnote of his book: “Among the treasured relics closely guarded in the vaults of the Lenin Institute at Moscow is a sheet of MS entitled ‘Outline of Program for Peace Negotiations with Germany’. In two distinct handwritings follow the instructions for the Soviet delegation as adopted at the session of the Council of Commissars on December 10, 1917. The first part of the document is halting, almost incoherent, the page marred by many erasions and corrections. Then the handwriting changes, and with it the nature of the document, which becomes terse and direct. The first script is that of Lenin, the second of Stalin. The master had provided the formula, but the prescription was the work of the disciple.”

[15] O Congresso do Exército decorreu em Petrogrado de 28 de Dezembro de 1917 a 16 de Janeiro de 1918. Assistiram delegados dos sovietes, de comités da frente, de engenheiros, etc. Na inauguração do Congresso havia 234 delegados, dos quais 119 eram bolcheviques e 45 SRs de esquerda. A tarefa do Congresso era controlar a desmobilização espontânea do exército e discutir a formação de um novo exército socialista. Em 10 de Janeiro de 1918, ao discutir-se a organização do exército socialista, o grupo bolchevique apresentou o projecto de criar um exército de trabalhadores e camponeses. Os mencheviques e os SRs de direita opuseram-se a isso; os últimos, depois de algumas vacilações apoiaram os bolcheviques. 153 delegados votaram a favor do projecto bolchevique, 40 votaram contra  e 13 abstiveram-se.
The Army Congress was held in Petrograd from 28 December 1917 to 16 January 1918. It was attended by delegates from the Soviets, from committees of the front, from engineers, etc. At the opening session there were 234 delegates, of whom 119 were Bolsheviks and 45 left SRs. The task of Congress was to control the spontaneous demobilization of the army and discuss the formation of a new socialist army. On January 10, 1918, when discussing the organization of the socialist army, the Bolshevik group presented the draft to create an army of workers and peasants. The Mensheviks and the right-wing SRs objected to this; the latter, after some hesitations, supported the Bolsheviks. 153 delegates voted in favor of the Bolshevik project, 40 voted against and 13 abstained.

[16] Conversação por Linha Directa com L. D. Trotski, Presidente da Delegação Soviética de Paz em Brest-Litovsk, 16-Jan-1918. Lenin, Direct-Line Conversation with L. D. Trotsky Chairman of the Soviet Peace Delegation at Brest-Litovsk, 16-Jan-1918.

[17] Em A Minha Vida, Trotsky diz que não tem a carta. In My Life, Trotsky says he has not the letter at hand.

[18] Liquidacionismo: correntes do POSDR que levavam à sua liquidação como partido de massas. O liquidacionismo de direita advogava o fim da actividade clandestina, ilegal. O liquidacionismo de esquerda advogava, pelo contrário, que o partido não devia exercer qualquer actividade nas organizações legais (Duma, sindicatos).
Capitulacionismo: rendição das posições próprias com submissão a teses ou condições do inimigo político opostas à linha do partido.
Liquidationism: currents of the RSDLP leading to its liquidation as a mass party. Right-wing liquidationism advocated putting an end to clandestine, illegal activity. Left-wing liquidationism argued, on the contrary, that the party should not engage in legal organizations (Duma, unions).

Capitulationism: surrender of own positions with submission to theses or conditions of the political enemy opposed to the party line.