Este
artigo
This article
(I)
|
1 –
Introdução | Introduction
2 –
Preparativos | Preparations
3 – Armistício | Armistice
4 –
Inauguração da Conferência de Paz | Inauguration of
the Peace Conference
5 – O
Primeiro Ultimato | First Ultimatum
Apêndice – As Posições Políticas de
Kamenev até Abril de 1918
Appendix – The Poltical Positions of Kamenev up to
April 1918
Notas e
Referências | Notes and References
|
Artigo
seguinte
Following article
(II)
|
6 – As Teses Leninistas e
seus Opositores | The Leninist
Theses and their Opponents
7 – «Nem Paz, Nem Guerra» | "Neither Peace, Nor War"
8 – O
Ultimato Final | Final Ultimatum
9 – «A Fraseologia
Revolucionária» | “Revolutionary Phrase-Making”
Apêndice – As Posições Políticas de Bukharin
até Abril de 1918
Appendix – The Poltical Positions of Bukharin up to
April 1918
Notas e
Referências | Notes and References
|
Brest-Litovsk é
uma cidade da Bielorrússia junto da fronteira com a Polónia. A sua fortaleza
é célebre por duas razões: pelo cerco heroicamente sustentado por forças
soviéticas aquando da invasão nazi da URSS em Junho de 1941; por aí se terem
desenrolado, perto do final da 1.ª GM, as negociações de paz entre a
Quádrupla Aliança e a Rússia Soviética, que acabara de nascer.
É sobre este
último tema que nos vamos debruçar. Lenine atribuía grande importância aos
ensinamentos políticos do tratado de paz de Brest-Litovsk. Neste primeiro
artigo analisaremos as secções de 1 a 5 acima e Apêndice. Concluiremos o
nosso estudo num segundo artigo. As questões específicas da Ucrânia no âmbito
das negociações de paz já foram tratadas noutro artigo.
1 - Introdução
Em 25 de
Outubro de 1917 – 7 de Novembro de 1917 no nosso calendário, que usaremos [1]
--, no terceiro ano da 1.ªGM, o assalto das milícias operárias ao Palácio de
Inverno de Petrogrado marcou o desenlace da Revolução de Outubro [1a],
revolução socialista liderada pelo partido bolchevique [2]. Terminava o
governo provisório burguês surgido da revolução democrático-burguesa de 8 de
Março de 1917. Governo apoiado pelos partidos pequeno-burgueses menchevique
[2] e socialista-revolucionário (SR) [3], que não tinha resolvido nenhum dos
problemas prementes do povo russo – fim da guerra, fome, reforma agrária,
etc. –, e constantemente o traía com belas palavras, entrando em acordos com
a reacção latifundiária-monarquista e encobrindo golpes militares.
Entretanto, retomando a experiência revolucionária russa de 1905, tinham
surgido por todo o lado assembleias deliberativas-executivas de operários,
soldados e camponeses – os sovietes.
Com a Revolução
de Outubro o poder foi assumido pelo II Congresso dos Sovietes de Deputados
Operários e Soldados de Toda a Rússia -- 649 deputados eleitos por 318
sovietes, com a seguinte composição: 390 bolcheviques (comunistas), 100 SRs
de esquerda, 60 SRs de direita [3], 72 mencheviques (sociais-democratas), 14
sociais-democratas internacionalistas, e 13 de outros partidos. Um pouco mais
tarde os sovietes camponeses uniram-se aos de operários e soldados. O poder
soviético, representado pelo Conselho dos Comissários do Povo (CCP) nomeado
pelo Congresso dos Sovietes, iria iniciar a construção do primeiro estado
socialista da história -- a República Socialista Federativa Soviética da
Rússia (RSFSR).
Todas as
promessas feitas pelos bolcheviques foram cumpridas. A promessa de retirar a
Rússia da guerra imperialista [4] entre a Entente e a Quádrupla Aliança foi
uma delas. Todos os partidos representados no II Congresso dos Sovietes
votaram unanimemente, logo no dia 8 de Novembro, o primeiro decreto, o Decreto Sobre a Paz, de Lenine, Presidente
do CCP, onde constava [5]:
O governo operário e camponês, criado pela revolução de 24-25 de Outubro e que se apoia nos
Sovietes de deputados operários, soldados e camponeses, propõe a todos os
povos beligerantes e aos seus governos que se iniciem imediatamente
negociações sobre uma paz justa e democrática.
[…] por tal paz entende o governo uma paz imediata, sem anexações (isto
é, sem conquista de terras estrangeiras, sem incorporação pela força de povos
estrangeiros) e sem indemnizações.
O Congresso da
II Internacional de 1912 tinha denunciado a natureza imperialista da guerra
que se aproximava, apelando aos trabalhadores de todos os países para lutar
pela paz, e – cláusula de Lenine -- no caso da guerra ter lugar, aproveitar a
crise resultante para apressar a queda do capitalismo, lutando pela revolução
socialista. A guerra veio e os diversos líderes socialistas europeus imediatamente
«esqueceram» o prometido. Só o partido bolchevique permaneceu fiel. Ainda
muito antes da revolução Lenine defendeu em várias publicações e encontros a
proposta imediata de paz. Em As Tarefas
da Revolução (9-Out-1917), escreveu na secção Paz aos Povos:
O governo soviético deverá propôr imediatamente
a todos os povos beligerantes (isto
é, ao mesmo tempo aos seus governos e às massas trabalhadoras e camponesas) a
conclusão de uma paz geral imediata em bases democráticas e também a
conclusão de um armistício imediato [...]
A condição principal para uma paz democrática é a renúncia às anexações.
Porém, não no falso sentido de que todas as potências recuperem o que
perderam, mas sim no único sentido justo, de que toda a nacionalidade sem qualquer excepção, tanto na Europa como
nas colónias, deve obter a sua liberdade e a possibilidade de decidir por si
mesma se deseja constituir-se em Estado separado ou formar parte de qualquer
outro Estado.
Ao oferecer estas condições de paz, o governo soviético deve
imediatamente tomar medidas para o seu cumprimento, ou seja, deve publicar e
repudiar os tratados secretos pelos quais estamos vinculados até agora […].
A 23 de
Novembro de 1917 o jornal Izvestia,
órgão do Conselho Executivo Central (CEC) dos sovietes, publicou os tratados
secretos da Rússia czarista com outras potências. Esta denúncia da política
de rapina dos imperialistas teve impacto internacional. A 19 de Dezembro a
Dieta de Finlândia aprovou a declaração de independência da Finlândia. Fiel à
sua política de autodeterminação, o CCP da RSR aprovou a 31 de Dezembro o
decreto sobre a independência da Finlândia e Lenine entregou pessoalmente o
texto do decreto ao PM finlandês Svinhufvud (que era hostil ao regime
soviético). As palavras de ordem bolcheviques «autodeterminação das nações» e
«paz sem anexações e indemnizações» tornaram-se internacionais.
No que se
segue, para além de mencionarmos factos históricos bem estabelecidos,
usaremos como fontes principais textos de Lenine, documentos oficiais [6], e
o livro do historiador burguês [7] J. Wheeler-Bennett já citado no artigo
sobre a Ucrânia.
2 - Preparativos
Uma vez
terminado a 13 de Novembro de 1917 um motim contra-revolucionário [8] perto
de Petrogrado, o CCP enviou a 20 de Novembro instruções ao general czarista
N. Dukhonin, chefe do Estado-Maior do Exército estacionado em Moguilev [9],
para se dirigir ao comando alemão propondo um armistício e negociações de paz
no âmbito da decisão do CCP de «fazer imediatamente uma proposta formal de
armistício a todos os países beligerantes, tanto aos aliados quanto aos que
estão em guerra connosco" (Izvestia,
23-Nov-1917).
Dukhonin,
conluiado com generais contra-revolucionários e as missões militares dos
países da Entente, recorreu a manobras para não cumprir a ordem do CCP.
Desmascarada a sua oposição ao CCP foi de imediato demitido e substituído
pelo alferes N. Krilenko, Comissário do Povo para o Exército [10]. A 3 de
Dezembro, o Estado-Maior em Moguilev que era um centro de planeamento contra
o poder soviético, foi tomado pelas tropas revolucionárias. Entre outras
medidas, Krilenko incentivou a confraternização de tropas em todas as
frentes, uma medida há muito defendida pelos bolcheviques: a paz teria de vir
não só de cima mas também de baixo.
A 21 de
Novembro o Comissário do Povo das Relações Externas, Lev Trotski, enviou uma
nota aos governos dos países beligerantes propondo concluir imediatamente uma
trégua em todas as frentes e iniciar negociações de paz. A Entente não
respondeu. Nem a esta nem a outras notas idênticas da Rússia enviadas antes e
durante as negociações com a Alemanha. (Usaremos Alemanha em vez de Quádrupla
Aliança porque era a Alemanha quem mandava e eram os seus exércitos que
confrontavam os da Rússia.) O rechaço da iniciativa de paz soviética pela
Entente forçou o CCP a iniciar negociações separadas com a Alemanha. De
facto, a Entente tinha já outros planos de rapina, compreendendo o
esmagamento da Rússia soviética e a distribuição de partes do seu território
pela Inglaterra, França e Japão. Estes planos levaram à invasão e intervenção
estrangeira na Rússia que analisaremos noutro artigo.
3 - Armistício
O Alto Comando
alemão comunicou a 27 de Novembro aceitar conversações de paz [11] na
fortaleza de Brest-Litovsk, ocupada pelos alemães. A 1.ª reunião teve início
a 2 de Dezembro. A delegação alemã era chefiada pelo Secretário dos Negócios
Estrangeiros Kühlmann assessorado pelo general Hoffmann [12] e outros. A
delegação russa, escolhida por Trotski, era chefiada por A. Ioffe,
assessorado por L. Karakhan, L. Kamenev (representando o CEC) e outros. Ioffe
e Karakhan eram membros de um grupo político criado por Trotski [13] que
durante a 1.ªGM oscilou entre posições mencheviques e bolcheviques. Só em
Maio-Junho de 1917 se aproximou dos bolcheviques e foi aceite no POSDR(b) [2]
no seu 6.º Congresso em 26 de Julho. O passado de Trotski -- que analisaremos
noutro artigo -- não era brilhante: tinha sido menchevique, inimigo de
Lenine, fraccionista do POSDR [2], falso unificador e intriguista político.
Quanto a Kamenev, genro de Trotski, a sua conduta política como bolchevique
também não era brilhante; tinha constantemente adoptado posições
conciliadoras e capitulacionistas face aos mencheviques e SRs, que escalaram
até à traição ao partido e à revolução socialista, conforme documentamos
abaixo em Apêndice.
Como resultado
das negociações, foi acordada a 5 de Dezembro uma trégua de 10 dias que as
delegações aproveitaram para conferenciar com os respectivos governos. A 15
de Dezembro foram retomadas as negociações e acordado um armistício por 28
dias (até 14 de Janeiro de 1918), automaticamente prolongado a não ser que
notificado o seu fim com uma semana de antecedência. Este acordo previa a
troca de prisoneiros civis e militares (o que foi feito) e a convocação de
uma conferência de paz a inaugurar a 22 de Dezembro.
Entretanto, a
10 de Dezembro, Lenine
elaborou com Estaline o Guião do
Programa das Negociações de Paz,
como instrução da delegação soviética [14]. É importante assinalar neste
documento: a definição de anexações, que não se cingia aos territórios
ocupados durante a 1.ª GM; o reconhecimento da autodeterminação das nações e
condições para a implementar.
Na primeira
sessão da Conferência de Paz de Brest-Litovsk a 22 de Dezembro de 1917, Ioffe
apresentou seis princípios
principais que deveriam basear as condições de paz (seguindo o Guião): 1 - Nenhuma anexação de
territórios tomados durante a guerra, devendo os exércitos de ocupação ser
retirados; 2 - Independência política completa dada às nacionalidades
privadas dela desde o início da guerra; 3 – Permitir às nacionalidades que
não gozavam de independência política o direito de decidir por meio de um
referendo (com total liberdade de voto) se optavam pela independência ou por
unir-se a outros Estados; 4 - No caso de territórios com várias
nacionalidades, salvaguardar os direitos das minorias; 5 – Nenhuma
indemnização de guerra seria paga pelas potências beligerantes, devendo as
requisições de guerra ser devolvidas e as vítimas da guerra compensadas
através de um fundo especial estabelecido pelos países beligerantes
proporcionalmente aos seus recursos; 6 – Questões coloniais a ser resolvidas
de acordo com os pontos 1, 2, 3 e 4. A delegação soviética propôs ainda que
não fosse tolerada qualquer restrição da liberdade das nações mais fracas
pelas mais fortes, como boicotes económicos e imposição de tratados
económicos e convenções aduaneiras prejudicando a liberdade de comércio.
Kühlmann e o
chefe da delegação austríaca, Czernin, declararam aceitar os princípios
soviéticos se a Entente também
concordasse em negociar a paz em termos semelhantes. Porém, o general
Hoffmann, representante da camarilha reaccionária do Alto Comando alemão,
protestou. A 25 de Dezembro, Czernin declarou em nome da Quádrupla Aliança
que as propostas soviéticas formavam uma base para discutir uma paz geral
imediata sem anexações e sem indemnizações de guerra. A Aliança estava pronta
a iniciar tal paz com duas condições: uma, a adesão da Entente; a outra, que
a questão da auto-determinação de nacionalidades poiticamente dependentes
fosse resolvida, não a nível internacional, mas por cada Estado em conjunto
com as nacionalidades em questão e de acordo com a Constituição desse Estado.
Era, na prática, boicotar e esvaziar de sentido os princípios soviéticos.
Segundo o historiador Wheeler-Bennett
«Ioffe acolheu calorosamente a decisão da Aliança e aceitou as suas reservas
em princípio, embora lamentando a necessidade delas». Assinala, porém, que a
«imprensa soviética criticou bastante a segunda reserva da Aliança,
declarando que falar de "canais constitucionais" a este respeito
era anular o princípio em questão». O Alto Comando alemão considerou a
declaração de Czernin uma traição. Hoffmann foi escolhido para «desiludir
imediatamente os russos». Em 26 de Dezembro Hoffmann disse a Ioffe que os
russos estavam a compreender mal a frase «sem anexações», dado que para a
Alemanha não era anexação se partes do Império Russo tivessem, por sua
própria vontade e agindo através das autoridades devidamente constituídas,
escolhido separar-se da Rússia e assumir uma existência independente ou um
estatuto protegido dentro do Império Alemão. Hoffmann referia-se a
territórios ocupados pela Alemanha durante a 1.ªGM (Polónia, Lituânia,
Letónia, partes da Estónia, Bielorrússia e Ucrânia) onde tinha instalado
governos-fantoche.
Os alemães
consideravam portanto, cinicamente, as suas anexações como não anexações.
Ioffe protestou e ameaçou romper as negociações. Nessa altura Hoffmann
assinalou no seu diário algo que Lenine há muito ponderara, mas não outros
membros do partido bolchevique: «Não se colocava a questão das negociações
serem interrompidas. A única chance que tinham os bolcheviques de permanecer
no poder era assinar uma paz. Eram obrigados a aceitar as condições das
Potências Centrais [Alemanha e Áustria-Hungria], por mais duras que fossem». A delegação soviética avançou com condições
sobre plebiscistos nos territórios ocupados pela Alemanha; esta contrapôs em
28 de Dezembro com condições que lhe eram mais favoráveis. Os conceitos de
auto-determinação de ambas as partes eram irreconciliáveis. As negociações
foram suspensas para seram retomadas a 9 de Janeiro de 1918.
5 - O Primeiro Ultimato
A moral do exército russo tinha sido
quebrada pela guerra imperialista, cujos objetivos eram estranhos aos
soldados. Tratados como escravos pelos oficiais monarquistas e sofrendo as
piores privações, largas massas de soldados -- na maior parte camponeses –
fugiram para suas casas depois da revolução, prara participar da divisão da
terra e na criação do novo sistema social soviético. Lenin e outros
bolcheviques conheciam isso bem. Lenine
procurou obter informações actuais e detalhadas a 30 de Dezembro. Enviou dez Perguntas aos Delegados do Congresso do
Exército sobre a Desmobilização do Exército [15].
Oito perguntas cobriam questões
específicas (1. A probabilidade de os alemães iniciarem uma ofensiva no
futuro próximo é grande ou pequena – a) do ponto de vista físico e técnico?
b) Do ponto de vista do estado de ânimo dos soldados alemães? Pode esse
estado de ânimo impedir a ofensiva ou pelo menos retardá-la?; 2. Pode-se
presumir que os alemães, se rompermos imediatamente as negociações de paz e
se as suas tropas tomarem imediatamente a ofensiva, serão capazes de nos
infligir uma derrota decisiva? Poderiam tomar Petrogrado?; etc.)
Duas perguntas pediam conclusões gerais
(6. Do ponto de vista do estado do exército, deveríamos arrastar as
negociações de paz, ou seria preferível rompê-las imediatamente de forma
revolucionária, por causa da política anexionista alemã […]?; 10. Se o
exército pudesse votar, fá-lo-ia a favor da paz imediata em condições
anexionistas (perda das regiões ocupadas) e economicamente muito duras para a
Rússia, ou a favor do máximo esforço por uma guerra revolucionária, ou seja,
de resistência ao alemães?).
As respostas às Perguntas, o relatório de Krilenko sobre a situação na frente, e
o estado do exército, foram analisados na reunião do CCP no dia seguinte. O
CCP aprovou o Projecto de Resolução do
Conselho de Comissrios do Povo de Lenine advogando no ponto 3 transferir
as negociações de paz para Estocolmo e no ponto 7 «Propaganda e agitação
sobre a necesidade de uma guerra revolucionária». Os outros pontos tornam
claro o carácter defensivo dessa guerra: «1. Intensificar a agitação contra a
política anexionista dos alemães. 2. Alocar recursos suplementares para esta
agitação. 4. Continuar as negociações de paz e resistir à sua aceleração por
parte dos alemães. 5. Reforçar as medidas de reorganização do exército,
reduzindo o seu número e aumentando a sua capacidade defensiva. 6. Medidas
urgentes de defesa em caso de rompimento para Petrogrado.». Nesta altura,
segundo Trotski (nas obras Lenine e
A Minha Vida), Lenine pediu-lhe
para se juntar à delegação soviética com o fim de arrastar as negociações. Os
dotes oratórios de Trotski eram efectivamente úteis para esta finalidade.
As negociações foram retomadas a 9 de
Janeiro de 1918 em Brest-Litovsk (A Alemanha recusou a transferência para
Estocolmo.) Na véspera, os delegados da Quádrupla Aliança tinham-se reunido e
decidido não deixar Trotski falar e confrontá-lo com um ultimato. Na sessão
de 9 de Janeiro Kühlmann declarou que como a Entente não tinha aderido às
negociações, as declarações das Potências Centrais de 25 e 28 de Dezembro
eram anuladas. Trotski pediu uma suspensão. A 10 de Janeiro fez um discurso
em que reafirmou a recusa da RSFSR de aceitar a visão alemã da
autodeterminação para os territórios ocupados, «pelo qual a vontade do povo
é, na realidade, substituída pela vontade de um grupo privilegiado que actua
sob o controlo das autoridades que administram os territórios». Confirmou,
contudo, a intenção do CCP de continuar as negociações para uma paz separada.
Os Poderes Centrais levaram consigo uma
delegação da sua marioneta Rada Ucraniana, que tinha lançado uma luta armada
contra a República Soviética da Ucrânia, proclamada no I Congresso de
Sovietes da Ucrânia, realizado em Kharkov em Dezembro de 1917, e estava em
estado de guerra com a RSFSR. Trotski sabia disso. Contudo, na sessão de 10
de Janeiro, Trotski reconheceu a autoridade da Rada como representante da
Ucrânia. "O Presidente da Delegação Ucraniana [Rada] agradeceu" a
Trotski esse reconhecimento! Wheeler-Bennett -- que demonstra em todo o livro
simpatia por Trotsky e antipatia por Lenine -- omite esse episódio que é
descrito com detalhes em documentos oficiais.
Até 18 de Janeiro Trotsky e Kühlmann
enveredaram por uma longa discussão sobre ética, formas e princípios de
autodeterminação e a sua aplicação aos estados fronteiriços, com Trotsky a
exigir um referendo sem a presença de tropas estrangeiras e Kühlmann a
recusar a evacuação das tropas alemãs e alegando que os territórios ocupados
já haviam declarado a sua vontade através dos órgãos criados sob os auspícios
da administração alemã! Por fim, a uma pergunta irónica de Trotski sobre qual
a área exacta contemplada pelo princípio alemão de autodeterminação,
Hoffmann, em jeito de ultimato, desdobrou sobre a mesa um mapa que mostrava a
«futura» fronteira entre a Rússia e a Alemanha, correspondendo ao limite de
ocupação alemã.
Entretanto -- segundo se depreende de
textos de Trotski a este respeito --, já nesta altura Trotsky contemplava a
ideia de a RSFSR se retirar das negociações sem assinar o tratado imposto
pelos alemães. Ideia aceite por Kamenev e fundamentada na convicção de que os
alemães não atacariam porque a revolução alemã estava para breve. Trotski
enviou uma carta a Lenine, aparentemente a esse respeito. Lenine refere-se a
uma carta de Trotski numa conversa telefónica com este a 16 de Janeiro [16]:
«(1) Aqui Lenine. Acabo de receber a sua carta especial. Estaline não está e
ainda não pude mostrar-lha. Parece-me que vale a pena discutir o seu plano
[…] (2) Gostaria de consultar Estaline antes de responder à sua questão […]»
E, mais tarde, já com Estaline: «Por favor informe Trotski. Rogamos-lhe que
arranje um adiamento e regresse a Petrogrado». Trotski regressou a 18 de
Janeiro.
O historiador
burguês Wheeler-Bennett apresenta no seu livro, sem citar a fonte, a carta
que Trotsky teria enviado a Lenine, conendo entre outras coisas «Nós
anunciamos o encerramento da guerra e desmobilização sem assinar qualquer
paz. [...] Os alemães não poderão atacar-nos depois de declararmos que a
guerra terminou». Esta carta não aparece nos escritos de Trotsky [17].
Wheeler-Bennett foi ao México em Setembro de 1937 para falar com Trotski e diz
que foi aí que Trotsky lhe confirmou a «autenticidade dessa carta, posta em
dúvida durante 20 anos». Trotski escreveu sem dúvida uma carta a Lenine, mas
não é claro que seja a que Wheeler-Bennett apresenta.
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Brest-Litovsk is a Belarus
city close to the border with Poland. Its fortress is famous for two reasons:
because of the siege heroically withstood by Soviet forces when of the Nazi
invasion of the USSR in June 1941; because it was the venue where, near the
end of WWI, the peace negotiations between the Quadruple Alliance and the
newborn Soviet Russia took place.
It is the latter topic that we are going to look on. Lenin attached great
importance to the political lessons of the Brest-Litovsk peace treaty. In
this first article we will look at sections 1 through 5 above and Appendix.
We will complete our study in a second article. The specific issues of
1 - Introduction
On
25 October 1917 -- 7 November 1917 by our calendar, which we will use [1] --
in the third year of WWI, the assault of the workers’ militias on the Winter
Palace of Petrograd marked the denouement of the October Revolution [1a], the
socialist revolution led by the Bolshevik party [2]. The bourgeois
provisional government that had emerged from the bourgeois-democratic
revolution of March 8 1917 came to an end. This was a government supported by
the Menshevik and Socialist-Revolutionary (SR) petty bourgeois parties [3],
which had solved none of the pressing problems of the Russian people -- end
of war, famine, land reform, etc. -- and constantly betrayed the people with
nice words, entering into agreements with the landowner-monarchist reaction
and covering up military coups. In the meantime, resuming the Russian
revolutionary experience of 1905, deliberative-executive councils of workers,
soldiers, and peasants had sprung up everywhere -- the soviets.
With the October Revolution the power fell in the hands of the 2nd All-Russia
Congress of Soviets of Workers' and Soldiers' Deputies -- 649 deputies
elected by 318 soviets, composed of: 390 Bolsheviks (Communists), 100 left-wing
SRs, 60 right-wing SRs [3], 72 Mensheviks (Social-Democrats), 14 Internationalist
Social-Democrats, and 13 deputies from other parties. A little later the Peasants'
Soviets merged with those of the workers and soldiers. Soviet power,
represented by the Council of People's Commissars (CPC) appointed by the
Congress of Soviets, was to begin construction of the first socialist state
in history -- the Russian Soviet Federative Socialist Republic (RSFSR).
All the promises made by the Bolsheviks were fulfilled. The promise to
withdraw Russia from the imperialist war [4] between the Entente and the
Quadruple Alliance was one of them. All the parties represented in the Second
Congress of the Soviets unanimously voted, on 8 November, the first decree,
the Decree on Peace, written by
Lenin, Chairman of the CPC, where it was stated [5]:
The workers' and peasants' government, created by the
Revolution of October 24-25 and basing itself on the Soviet of Workers',
Soldiers' and Peasants' Deputies, calls upon all the belligerent peoples and
their government to start immediate negotiations for a just, democratic
peace.
[…] by such a peace the government means an immediate
peace without annexations (i.e., without the seizure of foreign lands,
without the forcible incorporation of foreign nations) and without
indemnities.
The Congress of the 2nd International of 1912 had exposed
the imperialist nature of the approaching war, appealing to the workers of
all countries to fight for peace, and -- Lenin's clause -- in case the war
took place, to take advantage of the resulting crisis to hasten the fall of
capitalism, fighting for the socialist revolution. The war came and the
various European socialist leaders immediately "forgot" what they
had promised. Only the Bolshevik party remained faithful to its pledge. Long
before the revolution had taken place Lenin defended in several publications
and meetings the immediate proposal of peace. In The Tasks of Revolution (Oct 9, 1917), he wrote in the section Peace to the Peoples:
The Soviet Government must straight away offer to
all the belligerent peoples (i.e., simultaneously both to their
governments and to the worker and peasant masses) to conclude an immediate
general peace on democratic terms, and also to conclude an immediate
armistice […]
The main condition for a democratic peace is the
renunciation of annexations -- not in the incorrect sense that all powers get
back what they have lost, but in the only correct sense that every
nationality without any exception, both in Europe and in the colonies, shall
obtain its freedom and the possibility to decide for itself whether it is to
form a separate state or whether it is to enter into the composition
of some other state.
In offering the peace terms, the Soviet
Government must itself immediately take steps towards their fulfillment,
i.e., it must publish and repudiate the secret treaties by which we have been
bound up to the present time […]
On November 23, 1917, the newspaper Izvestia, organ of the Central Executive Council (CEC) of the
Soviets, published the secret treaties of Tsarist Russia with other powers.
This denunciation of the imperialist prey policy had an international impact.
On 19 December the Diet of Finland approved Finland's declaration of
independence. Faithful to its policy of self-determination, the RSR CPC
approved the decree on the independence of Finland on 31 December and Lenin
personally handed over the text of the decree to the Finnish PM Svinhufvud
(who was hostile to the Soviet regime). The Bolshevik slogans
"self-determination of nations" and "peace without annexations
and indemnities" became international.
In what follows, in addition to well-established historical facts, we will
use as main sources Lenin texts, official documents [6], and the book of the
bourgeois historian [7] J. Wheeler-Bennett already quoted in the article on
2 – Preparations
After having put an end to a counter-revolutionary mutiny near Petrograd on
November 13, 1917 [8], the CPC sent instructions on November 20 to the
Tsarist General N. Dukhonin, chief of the Army General Staff stationed at
Mogilev [9], to address the German Command proposing an armistice and peace
negotiations within the scope of the CPC's decision of "to immediately
make a formal proposal of armistice to all the belligerent countries, both to
allies and to those who are at war with us" (Izvestia, 23- 1917).
Dukhonin, being colluded with counter-revolutionary generals and with the
military missions of the Entente countries, resorted to maneuvers not to
comply with the order of the CPC. Once his opposition to the CPC was unmasked
he was immediately dismissed and replaced by Ensign N. Krylenko, People's
Commissar for the Army [10]. On the 3rd December, the General Staff at
Mogilev, which was a planning center against Soviet power, was taken over by
revolutionary troops. Among other measures, Krylenko encouraged the
fraternization of troops on all fronts, a measure long defended by the
Bolsheviks: peace would have to come not only from above but also from below.
On November 21 the People's Commissar of External Relations, Lev Trotski,
sent a note to the governments of the belligerent countries proposing to
immediately conclude a truce on all fronts and to initiate peace
negotiations. The Entente did not answer. Neither to this nor to other
similar notes from Russia sent before and during the negotiations with
Germany. (We will use Germany instead of Quadruple Alliance because it was
Germany who was in command and were its armies that confronted those of
Russia.) The rejection of the Soviet peace initiative by the Entente forced
the CPC to initiate separate negotiations with Germany. In fact, the Entente
already had other plundering plans, including the crushing of Soviet Russia
and the distribution of parts of its territory by England, France and Japan.
These plans led to the invasion and foreign intervention in Russia that we
will analyze in another article.
3 – Armistice
The German High Command notified on 27 November accepting peace talks [11] at
the German-occupied fortress of Brest-Litovsk. The first meeting began on the
2nd December. The German delegation was headed by the Secretary of Foreign
Affairs Kühlmann assisted by General Hoffmann [12] and others. The Russian
delegation, chosen by Trotsky, was led by A. Ioffe, assisted by L. Karakhan,
L. Kamenev (representing the CEC) and others. Ioffe and Karakhan were members
of a political group created by Trotsky [13] which during WWI had vacillated
between Menshevik and Bolshevik positions. It was only in May-June 1917 that
the group approached the Bolsheviks and was accepted in the RSDLP(b) [2] at
its 6th Congress on 26 July. Trotsky's past -- which we shall look at in
another article -- was not brilliant: he had been a Menshevik, an enemy of
Lenin, a fraction-monger of the RSDLP, a false unifier and political
intriguist. As for Kamenev, Trotsky's son-in-law, his political conduct as a
Bolshevik was not brilliant either. He had consistently adopted conciliatory
and capitulationist views vis-a-vis the Mensheviks and SRs, who escalated to
party betrayal and betrayal to the socialist revolution, as documented below
in Appendix.
As a result of the negotiations, a 10-day truce was agreed on 5 December of
which delegations made use to confer with their respective governments. On 15
December the negotiations were resumed and an armistice was agreed for 28
days (i.e., until 14 January 1918), automatically prolonged unless a week's notice of termination was given. This agreement provided for
the exchange of civilian and military prisoners (what was done) and the
convening of a peace conference to be inaugurated on 22 December.
Meanwhile, on 10 December, Lenin prepared with Stalin the Outline Programme for Peace Negotiations,
to instruct the Soviet delegation [14]. The following are worth notice in
this document: the definition of annexations, which is not limited to the
territories occupied during WWI; the recognition of the self-determination of
nations and the conditions that should be set forth to implement it.
3 -
Inauguration of the Peace Conference
At the first session of the Brest-Litovsk Peace Conference on December 22,
1917, Ioffe presented six main principles on which should be based the
conditions of peace (following the Outline
Programme): 1 - No annexation of territories seized during the war, and
the occupation armies to be withdrawn; 2 - Complete political independence to
be given to nationalities deprived of it since the beginning of the war; 3 - Nationalities not hitherto enjoying political
independence to be allowed the right to decide by means of a referendum (with complete freedom of
voting) whether they chose independence or to be united to other states; 4 -
In the case of territories inhabited by different nationalities, to safeguard
the rights of minorities; 5. No war indemnity would be paid by the
belligerent Powers, war requisitions should be returned and war victims
compensated through a special fund levied on all belligerent countries in
proportion to their resources; 6 - Colonial issues to be settled in conformity
with points 1, 2, 3 and 4. The Soviet delegation further proposed that no
restriction on the liberty of weaker nations imposed by the stronger should
be tolerated, such as economic boycotts and subjection to economic treaties
and Customs conventions hindering freedom of commerce.
Kühlmann and the head of the Austrian delegation,
Czernin, declared that they accepted the Soviet principles if the Entente
also agreed to negotiate peace in similar terms. But General Hoffmann, a
representative of the reactionary clique of the German High Command,
protested. On December 25, Czernin stated on behalf of the Quadruple Alliance
that the Soviet proposals formed a basis for discussing an immediate general
peace without annexations and without war indemnities. The Alliance was ready
to begin such a peace on two conditions: the Entente's adherence; that the
question of the self-determination of politically dependent nationalities
should be settlled, not at an international level, but by each State in
conjunction with the nationalities concerned and in accordance with the
Constitution of that State. This meant, in practice, to boycott and deprive
Soviet principles of their meaning.
According to historian Wheeler-Bennett, "Joffe warmly welcomed the decision of the
Alliance and accepted their reservations in principle, though regretting the
necessity for them”. He notes, however, that the “Soviet
press, criticized the second reservation of the Alliance somewhat sharply,
declaring that to speak of ‘constitutional channels’ in this connection was
to nullify the principle at issue”. The German High Command considered Czernin's
declaration a betrayal. Hoffmann was chosen to “immediately disillusion the
Russians”. On December 26 Hoffmann told Ioffe that the Russians were
misunderstanding the phrase "without annexations", since for
Germany it was not annexation if parts of the Russian Empire had, by their
own will and acting through the duly constituted authorities, chosen to
separate from Russia and to assume an independent existence or a protected
status within the German Empire. Hoffmann referred to territories occupied by
Germany during WWI (Poland, Lithuania and Latvia, parts of Estonia, Belarus and
Ukraine) where she had installed puppet governments.
The Germans therefore regarded, cynically, their annexations as
non-annexations. Ioffe protested and threatened to break the negotiations. At
that time Hoffmann noted in his diary something that Lenin had long pondered,
but not other members of the Bolshevik party: "There was no question of negotiations being broken
off; the only chance the Bolsheviks had of remaining in power was by signing
a peace. They were obliged to accept the conditions of the Central Powers
[Germany and Austria-Hungary], however hard they might be." The Soviet delegation put
forward conditions on referenda in the territories occupied by Germany.
Germany countered on 28 December with conditions that were more favorable to her.
The concepts of self-determination of both sides were irreconcilable. The
negotiations were suspended and set to be resumed on January 9, 1918.
5 - The First Ultimatum
The morale of
the Russian army was broken by the imperialist war, whose goals were alien to
the soldiers. Treated like slaves by the monarchist officers and suffering
the worst deprivations, large masses of soldiers – mostly peasants -- rushed
home after the revolution, wishing to take part in the division of the land
and in the creation of a new, Soviet social system. Lenin
and other Bolsheviks knew this well. Lenin sought out updated and critical
information on 30 December. He sent ten Questions
to Delegates to the Army Congress on the Demobilization of the Army [15].
Eight questions covered specific issues (1. Is the likelihood
of the Germans starting an offensive in the near future great or small - a) from the viewpoint of the physical
and technical possibility? b) From the viewpoint of the mood of
the mass of the German soldiers? Is that mood capable of preventing
an offensive, or at least of retarding it?; 2. Can it be assumed that the Germans, if we
immediately break off peace negotiations, and if their troops immediately
take the offensive, are capable of inflicting a decisive defeat upon us? Will
they be able to take
Two questions demanded general conclusions. (6. From the point of view of the
state of the army, should we strive to drag out the peace negotiations, or
would it be preferable to break them off immediately in revolutionary
fashion, because of the Germans annexationist policy […]?; 10. If the army
could vote would it be in favour of immediate peace on annexationist (loss of
the occupied regions) and economically very harsh terms for Russia, or would
it favour the maximum effort for a revolutionary war, i.e., resistance to the
Germans?).
The answers to the Questions,
Krylenko's report on the situation at the front, and the state of the army
were discussed at the CPC meeting the following day. The CPC approved Lenin's
Draft Resolution of the Council of People’s Commissars advocating in paragraph 3 transferring the peace
negotiations to Stockholm and in paragraph 7 “Propaganda and agitation on the
necessity for a revolutionary war”. The other points made clear the defensive
character of this war: "1. Intensified agitation against the
annexationist policy of the Germans. 2. Allocation of additional funds for
this agitation. 4. Continuation of peace negotiations and resistance to their
speed-up by the Germans. 5. Greater
efforts to reorganise the army, reducing its strength and enhancing its
defence potential. 6. Urgent measures for
defence in the event of a breakthrough to Petrograd.” At this time, according to Trotsky
(in his works Lenin and My Life), Lenin asked him to join the
Soviet delegation in order to drag the negotiations. Trotsky's oratory skills
were indeed useful for this purpose.
Negotiations were resumed on 9 January 1918 in Brest-Litovsk (Germany refused
to transfer the venue to Stockholm.) The day before, the delegates of the
Quadruple Alliance had met and decided not to let Trotsky speak and confront
him with an ultimatum. At the sitting of 9 January Kühlmann stated that since
the Entente had not adhered to the negotiations, the declarations of the Central
Powers of 25 and 28 December were canceled. Trotsky called for an adjournment.
On 10 January he made a speech in which he reaffirmed the refusal of the RSFSR
to accept the German view on self-determination for the occupied territories,
"whereby the will of the people is actually replaced by the will of a
privileged group acting under the control of the authorities administering
the territories”. He confirmed, however, the CPC's intention to continue
negotiations for a separate peace.
The Central Powers had taken with
them a delegation of the Ukranian Rada, their puppet which had launched
an armed struggle against against the Soviet
Until 18 January Trotsky and Kühlmann embarked on a
long discussion on ethics, forms and principles of self-determination and
their application to the border states, with Trotsky demanding a referendum
without the presence of foreign troops and Kühlmann refusing to evacuate
German troops and claiming that the occupied territories had already declared
their will through bodies created under the auspices of the German
administration! Finally, to an ironic question of Trotsky as to the precise
area contemplated by the German principle of self-determination, Hoffmann, as
an ultimatum, unfolded a map over the table showing the "future"
frontier between Russia and Germany, corresponding to the limit of the German
occupation.
In the meantime -- as can be grasped from Trotsky’s
texts to this respect -- Trotsky was already contemplating the idea of RSFSR
withdrawing from the negotiations without signing the treaty imposed by the
Germans. An idea accepted by Kamenev and based on the conviction that the
Germans would not attack because the German revolution was coming shortly. Apparently
Trotsky sent a letter to Lenin in that regard. Lenin does refer to a letter
from Trotsky in a telephone conversation with him on 16 January [16]: “(1)
Lenin here. I have just received your special letter. Stalin is away and I
have not been able to show it to him. I think your plan is worth discussing
[...] (2) I should like to consult Stalin before replying to your question
[...] » And later, already with Stalin: "Please inform Trotsky. Request
arrange adjournment and return to
Wheeler-Bennett presents in his book, without citing the
source, the letter that Trotsky would have sent to Lenin, stating among other
things “We announce the termination of the war and demobilization without
signing any peace. […] The Germans will be unable to attack us after we
declare the war ended.” This letter does not appear in Trotsky's writings [17].
Wheeler-Bennett went to Mexico in September 1937 to speak to Trotsky and says
that it was there that Trotsky confirmed the “authenticity of this letter,
which had been doubted for 20 years”. Trotsky has certainly written a letter to
Lenin, but it is not clear that it is the one presented by Wheeler-Bennett.
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Apêndice – As Posições
Políticas de Kamenev até Abril de 1918
Descrevem-se a seguir a títulos de obras de Lenine, as respectivas
atitudes liquidacionistas, capitulacionistas [18] e de traição ao partido de
Kamenev (e outros).
Conferência do Conselho Editorial Alargado do Proletary, 20-Jun-1909
A conferência condenou membros do POSDR -- Bogdanov, Shantser,
Lunacharsky, Bubnov, etc. – pelo seu
liquidacionismo de esquerda, removendo os dois primeiros do Conselho
Editorial do Proletary. Kamenev, Zinoviev, Rykov e Tomsky tomaram
uma atitude conciliatória com os liquidacionistas.
Projecto de Resolução sobre a Consolidação do Partido e
da sua Unidade, 3-Nov-1909
A resolução foi apresentada por Lenine ao conselho editorial do Sotsial-Demokrat,
órgão central do POSDR, com a proposta de publicar um artigo editorial (não
encontrado) defendendo uma luta determinada contra o liquidacionismo. A
maioria do conselho editorial -- Kamenev,
Zinoviev e Varsky, que eram agentes escondidos de Trotsky, e o menchevique
Martov -- rejeitou o artigo de Lenin como artigo editorial e o projecto
de resolução.
Notas de um Publicista, 19-Mar-1910
Lenine, de acordo com a resolução da Conferência do Proletari, apresentou um plano de
aproximação dos bolcheviques com os mencheviques pró-partido para lutar
contra os liquidacionistas. Em oposição
ao plano leninista, os conciliadores Kamenev, Zinoviev, e Rykov esforçaram-se por unir os bolcheviques com
os mencheviques liquidacionistas e os trotskistas, o que equivalia à
liquidação do partido bolchevique.
Cartas sobre Tácticas, 21-26-Abr-1917
Num artigo no Pravda Kamenev manifestou discordância com Lenine
quanto à transformação da revolução democrático-burguesa numa revolução
socialista. Lenine analisa nesse artigo as assunções incorrectas de
Kamenev.
O Discurso de Kamenev no CEC na Conferência de
Estocolmo, 29-Ago-1917
A Conferência foi convocada pelo oportunista dinamarquês Borgbjerg,
agente dos imperialistas alemães. Mencheviques e SRs aceitaram logo participar.
O POSDR(b) pronunciou-se enfaticamente contra a participação na conferência,
denunciando a sua natureza imperialista. Kamenev,
violando a decisão do partido, participou. Entre outros disparates
afirmou na conferência: «A ampla bandeira revolucionária sob a qual as forças
do proletariado mundial se estão a reunir começa a voar sobre Estocolmo».
A Catástrofe que nos Ameaça e como Combatê-la, 23-Set-1917
Lenine refere neste trabalho
a Conferência Democrática de Toda a Rússia como uma falsa solução para a catástrofe que ameaçava a Rússia. De
facto, a Conferência foi convocada pelos mencheviques e SRs para travar a
maré revolucionária. Por proposta de Lenine o CC do POSDR decidiu que os
bolcheviques deveriam retirar-se da Conferência. Só os capitulacionistas Kamenev, Rykov e Ryazanov, que
estavam contra o curso do partido pela revolução socialista, insistiram na
participação na Conferência.
Os Bolcheviques Devem Tomar o Poder. Carta ao Comité
Central, aos Comités de Petrogrado e de Moscovo do POSDR(b), 14-Set-1917
O CC discutiu esta carta em 15 de Setembro e decidiu convocar para breve
uma reunião para discutir tácticas. Kamenev,
que se opunha à linha do Partido para a revolução socialista, propôs uma
moção de resolução contra a proposta de Lenine de organizar uma insurreição
armada armado. O CC rechaçou a moção de Kamenev.
Os Heróis da Fraude e os Erros dos Bolcheviques, 22-Set-1917
Lenine criticou os erros dos
bolcheviques com respeito à Conferência Democrática (ver acima),
particularmente os de Zinoviev e Kamenev. «O camarada Kamenev estave
mal ao fazer o primeiro discurso na Conferência num espírito puramente
"constitucional" quando levantou a pergunta tola sobre a confiança
ou falta de confiança no governo».
Reunião do Comité
Central do POSDR(b), 23-Out-1917
O CC aprovou nesta reunião, por 10 votos contra 2, a proposta de Lenine
de preparação imediata da insurreição armada. Só Zinoviev e Kamenev votaram contra. Trotsky absteve-se, por
considerar que a insurreição deveria ser adiada até ao II Congresso dos Sovietes,
o que, de facto, significava dificultá-la e permitir que o governo provisório
concentrasse as forças necessárias para a esmagar no dia da abertura do
Congresso.
No dia seguinte, 24 de Outubro, Zinoviev e Kamenev enviaram cartas ao CC
e a vários comités e grupos do POSDR(b) onde falaram contra a resolução do
CC.
Reunião do Comité
Central do POSDR(b), 29-Out-1917
Nesta reunião alargada do CC Lenine informou sobre a resolução de 23 de
Outubro. Kamenev e Zinoviev novamente
se manifestaram contra, tentando fazer crer que as forças dos bolcheviques
eram escassas e que era necessário esperar até à Assembleia Constituinte.
Djerjinski, Kalinin, Rakhia, Sverdlov, Skripnik, Estaline e outros apoiaram
decididamente a resolução e criticaram severamente a posição capitulacionista
de Kamenev e Zinoviev. A resolução foi aprovada por 19 votos a favor, 2
contra e 4 abstenções. Numa reunião do CC à porta fechada foi criado o Centro
Militar revolucionário para dirigir a insurreição, composto pelos seguintes
membros CC: Bubnov, Djerjinski, Sverdlov, Estaline e Uritski.
Lenine desmontou minuciosamente os agumentos de Kamenev e Zinoviev na sua
Carta a Camaradas de 30-Out-1917.
Carta aos Membros do Partido Bolchevique, 31-Out-1917
Carta ao Comité Central do POSDR(b), 1-Nov-1917
Como não obtivessem qualquer apoio às suas declarações e cartas contra a
insurreição armada, Kamenev e Zinoviev caíram na traição.
Em 31 de Outubro Kamenev
publicou num jornal semi-menchevique uma nota intitulada «I. Kamenev e a
"insurreição"», onde em seu nome e no de Zinoviev se manifestou
contra a insurreição armada, revelando ao inimigo a resolução mais importante
e secreta do partido! Lenin escreveu no mesmo dia e seguinte as cartas
acima. Em ambas chamou Kamenev e Zinoviev de fura-greves, considerando a sua
atitude como traição à revolução, exigindo que fossem expulsos do partido.
A carta de Lenine foi
apreciada na reunião do CC de 2 de Novembro. Kamenev foi demitido do CC e
proibido, assim como qualquer membro do CC, de fazer declarações contra as
resoluções do CC.
Intervenções na Reunião do
Comité Central do POSDR(b), 14-Nov-1917
A 11 de Novembro iniciou-se uma conferência convocada pelo Vikjel (Com.
Exec. do Sindicato dos Ferroviários de Toda a Rússia) para criar um “governo
socialista uniforme”. O Vikjel, dominado por mencheviques e SRs, era
contra-revolucionário. O POSDR(b) decidiu participar na conferência declarando
que quaisquer discussões sobre alargamento do governo e do CEC só poderiam
ser feitas com base no programa adoptado pelo II Congresso dos Sovietes. Participaram Kamenev, Sokolnikov e
Ryazanov.
O Vikjel exigiu várias
medidas reaccionárias: não resistência às tropas de Kerenski, novo governo
liderado por SRs de direita, etc. Kamenev,
Sokolnikov e Ryazanov tomaram uma atitude conciliadora face às propostas dos
mencheviques e SRs. O CC do POSDR(b) discutiu a questão a 14 de Novembro.
A maioria do CC propôs ou acabar com as conversações ou apresentar um
ultimato. Face à insistência de Kamenev, Milyutin,
Rykov e Ryazanov o CC autorizou bolcheviques a participar na conferência com
o único fim de denunciar as tentativas fúteis de criar um governo de
coaligação e encerrar as negociações. No entanto, Kamenev, Zinoviev, Rykov, Milyutin, Larin e Ryazanov assumiram uma
posição oportunista de direita e opuseram-se à decisão do CC.
Ultimato da Maioria do
CC do POSDR(b) à Minoria, 16-Nov-1917
Na reunião do CEC de 15 de Novembro quando os SRs de esquerda exigiram
uma revisão da decisão do CEC sobre o acordo de constituição do CCP, Kamenev e Zinoviev apresentaram uma
resolução em termos totalmente opostos à resolução do CC adoptada
anteriormente, aceitando uma mudança na composição do governo que dava aos
bolcheviques apenas metade dos cargos.
Depois do ultimato que
a maioria do CC apresentou à minoria, Kamenev,
Zinoviev, Rykov, Milyutin e Nogin retiraram-se do CC, e os três últimos
renunciaram aos seus cargos de Comissários do Povo, com uma declaração a
que aderiram Ryazanov e Larin.
Do Comité Central do POSDR(b), 18/19-Nov-1917
A todos os membros do partido e
a todas as classes trabalhadoras da Rússia
«Camaradas, ontem, 4 (17) de Novembro, vários membros do Comité Central
do nosso Partido e do Conselho dos Comissários do Povo - Kamenev, Zinoviev,
Nogin, Rykov, Milyutin e alguns outros - renunciaram ao Comité Central do
nosso Partido, e os três últimos ao Conselho dos Comissários do Povo. Num
grande partido como o nosso, apesar da linha proletária e revolucionária da
nossa política, era inevitável que camaradas individuais tivessem mostrado
ser insuficientemente convictos e firmes na luta contra os inimigos do povo.
As tarefas que o nosso Partido agora enfrenta são realmente imensas, as
dificuldades são enormes, e vários membros do nosso Partido, que
anteriormente ocupavam cargos de responsabilidade, recuaram diante das
investidas da burguesia e fugiram de nossas fileiras.»
Do Comité Central do POSDR(b), 18/19-Nov-1917
Aos camaradas Kamenev, Zinoviev,
Ryazanov e Larin
«O Comité Central já apresentou, noutra ocasião, um ultimato aos
representantes mais destacados de vossa política (Kamenev e Zinoviev),
exigindo total conformidade com a linha e as resoluções do CC, e a renúncia
total à sabotagem do seu trabalho e a toda actividade desorganizadora. Ao
retirarem-se do CC mas permanecerem no partido, os representantes da vossa
política comprometeram-se a respeitar as deliberações do CC. No entanto, vós,
na verdade, não vos limitastes à crítica dentro do partido, mas criastes
confusão nas fileiras dos lutadores de uma insurreição que ainda não terminou
e continuastes a violar a disciplina do partido, não fazendo caso das
resoluções CC e obstruindo o seu trabalho fora do partido, nos sovietes, nos
órgãos municipais, nos sindicatos, etc.
Em vista disto, o CC é obrigado a reiterar o seu ultimato e a
solicitar-vos que vos comprometeis imediatamente por escrito a respeitar as
resoluções do CC e a seguir a sua política em todas as vossas declarações ou,
caso contrário, a abandonar toda a actividade pública do partido e a
renunciar a todos os cargos de responsabilidade no movimento operário, até ao
próximo congresso do partido.
A recusa de seguir por um dos dois caminhos colocará o CC perante a
necessidade de considerar a questão da vossa expulsão imediata do partido.»
|
Appendix – The
Poltical Positions of Kamenev up to April 1918
The
liquidationist, capitulationist stances [18] and of treason to the Party of
Kamenev (and others) are described following the respective titles of Lenin's
works.
Conference of the Extended Editorial Board of Proletary, 20-Jun-1909
The conference
condemned members of the RSDLP - Bogdanov, Shantser, Lunacharsky, Bubnov,
etc. – of their left liquidationism, removing the first two from the
Editorial Board of Proletary. Kamenev, Zinoviev, Rykov and Tomsky took
a conciliatory stand towards the liquidationists.
Draft Resolution on the Consolidation of the Party and of Its
Unity, 3-Nov-1909
The resolution was moved by Lenin to the
editorial board of Sotsial-Demokrat, central organ of the RSDLP,
with a proposal of the publication of an editorial article (not yet found)
demanding a determined fight against liquidationism. The majority of the
editorial board, -- Kamenev, Zinoviev
and Varsky, who were concealed agents of Trotsky, and the Menshevik Martov
-- rejected Lenin’s article as an editorial and also the draft resolution.
Notes of a Publicist, 19-Mar-1910
Lenin, according to the resolution of the Conference of
Proletary, presented a plan of
approaching the Bolsheviks with the pro-party Mensheviks to fight the
liquidationists. In opposition to the Leninist plan, the conciliators Kamenev, Zinoviev, and Rykov strove to
unite the Bolsheviks with the liquidationist Mensheviks and the Trotskyites,
which amounted to the liquidation of the Bolshevik party.
Letters on Tactics, 21-26-Apr-1917
In an article in Pravda
Kamenev expressed disagreement with
Lenin about the transformation of the bourgeois-democratic revolution into a
socialist revolution. Lenin analyzes in this article, the incorrect
assumptions of Kamenev.
Kamenev’s Speech in the CEC on the Stockholm Conference, 29-Aug-1917
The Conference was convened by the Danish opportunist
Borgbjerg, agent of the German imperialists. Mensheviks and SRs rushed to
participate. The RSDLP(b) emphatically declared to be against participating
in the conference, exposing its imperialist nature. Kamenev violating the party's decision, participated. Among
several nonsenses he said in the conference "The broad revolutionary
banner under which the forces of the world proletariat are gathering begins
to fly over Stockholm."
The Impending Catastrophe and
How to Combat It, 23- Sep-1917
Lenin
mentions in this work the All-Russia
Democratic Conference as a false solution to the catastrophe threatening
Russia. In fact, the Conference was called by the Mensheviks and SRs to stem
the revolutionary tide. The RSDLP CC decided that the Bolsheviks should
withdraw from the Conference. Only the
capitulators Kamenev, Rykov and Ryazanov, who were against the Party’s course
for the socialist revolution, insisted on participating in the Conference.
The Bolsheviks Must Assume Power. A Letter to the Central
Committee and the Petrograd and Moscow Committees of the RSDLP(B), 14-Sep-1917
The CC discussed this letter on 15 September and
decided to call a meeting shortly to discuss tactics. Kamenev, who opposed the Party’s line towards a socialist revolution,
motioned a resolution against Lenin's proposal to organize an armed uprising.
The CC rejected Kamenev's motion.
Heroes of Fraud and the Mistakes of the Bolsheviks, 22-Sep-1917
Lenin criticised the mistakes of the
Bolsheviks with respect to the Democratic Conference (see above), particularly
those of Zinoviev and Kamenev. “Comrade Kamenev was wrong in delivering the first
speech at the Conference in a purely "constitutional" spirit when
he raised the foolish question of confidence or non-confidence in the
government.”
Meeting of the Central Committee of the RSDLP(B), 23-Oct-1917
The CC approved at this meeting, by 10 votes to 2,
Lenin's proposal for immediate preparation of the armed uprising. Only Zinoviev and Kamenev voted against.
Trotsky abstained, considering that the uprising should be postponed
until the 2nd Congress of the Soviets, which in practice meant bungling the
uprising and allowing the Provisional Government to pull up its forces to
crush the uprising on the day the Congress opened.
The following day, October 24, Zinoviev and Kamenev
sent letters to the CC and various committees and groups of the RSDLP (b)
where they wrote against the resolution of the CC.
Meeting of the Central Committee of the RSDLP(B), 29-Oct-1917
At this extended meeting of the CC Lenin reported on
the resolution of October 23. Kamenev
and Zinoviev once again opposed the resolution and tried to pass the idea
that the Bolshevik forces were weak and that it was necessary to wait until
the Constitutional Assembly. Dzherzhinski, Kalinin, Rakhia, Sverdlov,
Skripnik, Stalin and others strongly supported the resolution and severely
criticized the capitulationist position of Kamenev and Zinoviev. The
resolution was adopted by 19 votes to 2, with 4 abstentions. A CC meeting
behind closed doors set up the
Lenin thoroughly dismantled the arguments of Kamenev
and Zinoviev in his Letter to Comrades,
30-Oct-1917.
Letter to Bolshevik Party Members, 31-Oct-1917
Letter to the Central Committee of the RSDLP(B), 1-Nov-1917
Since
they had got no support for their statements and letters against the armed
insurrection, Kamenev and Zinoviev fell into treachery.
On 31 October Kamenev published a note on
a semi-menshevik newspaper, entitled “I. Kamenev and the
‘insurrection’", where in his name and that of Zinoviev he stated his
opposition to the armed insurrection, revealing to the enemy the most
important and secret resolution of the party! Lenin wrote the above letters in the
same day and the following day. In both he called Kamenev and Zinoviev
strike-breakers, considering their attitude as betrayal of the revolution,
demanding that they be expelled from the party.
Lenin's letter was discussed
at the CC meeting on November 2. In the end Kamenev was dismissed from the CC
and prohibited, as well as any member of the CC, from making any statement
against the resolutions of the CC.
Speeches at the Meeting of the Central
Committee of the RSDLR (b), 14-Nov-1917
On 11
November began a conference convened by the Vikjel (All-Russian Exec. Committee of
the Union of Railwaymen) with the aim of creating a "uniform
socialist government". The Vikjel, dominated by Mensheviks and SRs, was
counter-revolutionary. The RSDLP(B) decided to participate in the conference,
stating that any discussions on the enlargement of government and CEC could
only be made on the basis of the programme adopted by the 2nd Congress of
Soviets. Kamenev, Sokolnikov and Ryazanov participated.
The Vikjel demanded
a number of reactionary measures: non-resistance to Kerensky's troops, a new
government headed by right-wing SRs, etc.
Kamenev, Sokolnikov and Ryazanov took a
conciliatory attitude to the proposals of the Mensheviks and SRs. The RSDLP(B)
CC discussed this issue on 14 November. The majority of the CC proposed either
to terminate the talks or present an ultimatum. At the insistence of Kamenev,
Milyutin, Rykov and Ryazanov, the CC authorized Bolsheviks to participate in
the conference for the sole purpose of denouncing futile attempts to create a
coalition government and to break negotiations. However, Kamenev, Zinoviev, Rykov, Milyutin, Larin, and Ryazanov, took a right
opportunist position and opposed the decision of the CC.
Ultimatum from the C.C. Majority, of the RSDLP(B) to the Minority, 16-Nov-1917
At the CEC meeting on 15 November, when the left-wing
SRs demanded a revision of the CEC decision regarding the composition of the
CPC, Kamenev and Zinoviev submitted a
resolution in total opposite terms to the CC resolution adopted earlier,
accepting a change in the composition of the government giving the Bolsheviks
only half of the charges.
After the ultimatum which the majority of the CC
presented to the minority, Kamenev,
Zinoviev, Rykov, Milyutin and Nogin withdrew from the CC, and the latter
three resigned their positions of People's Commissars, with a statement to
which Ryazanov and Larin adhered to.
From the Central Committee of the RSDLP(B), 18/19-Nov-1917
To All Party Members and to All the
Working Classes of Russia
“Comrades, yesterday, November 4, several
members of the Central Committee of our Party and of the Council of People's
Commissars—Kamenev, Zinoviev, Nogin, Rykov, Milyutin and a few
others—resigned from the Central Committee of our Party, and the three last
named from the Council of People's Commissars. In a large party like ours,
notwithstanding the proletarian and revolutionary line of our policy, it was
inevitable that individual comrades should have proved to be insufficiently
staunch and firm in the struggle against the enemies of the people. The tasks
that now face our Party are really immense, the difficulties are enormous,
and several members of our Party who formerly held posts of responsibility
have flinched in face of the onslaught of the bourgeoisie and fled from our
ranks.”
From the Central Committee of the RSDLP(B), 18/19-Nov-1917
To Comrades Kamenev,
Zinoviev, Ryazanov and Larin
“Once before, the Central Committee delivered an ultimatum to the
leading exponents of your policy (Kamenev and Zinoviev), demanding complete
subordination to the Central Committee’s line and decisions, and renunciation
of efforts to sabotage its work and of all subversive activity.
By leaving the Central Committee, but remaining in the Party, the
exponents of your policy undertook to abide by Central Committee decisions.
Actually, however, you have not confined yourselves to criticism within the
Party, but have brought confusion into the ranks of the fighters -- in an
uprising which is still going on, and continue, in violation of Party
discipline, to frustrate Central Committee decisions and hamper its work
outside the Party, in the Soviets, the municipal bodies, the trade unions,
etc.
In view of this, the Central Committee is forced to restate its
ultimatum and to request that you immediately pledge yourselves in writing
either to abide by Central Committee decisions and to conduct its policy in
all your statements, or to withdraw from all Party activity in public and
resign from all responsible posts in the working-class movement until the
next Party congress.
Refusal to pledge
yourselves to either course will make it imperative for the Central Committee
to consider the question of your immediate expulsion from the Party.”
|
Notas e Referências | Notes
and References
[1] A Rússia
usava o calendário juliano, atrasado de 13 dias face ao gregoriano (aquele que
usamos). A 14 de Fevereiro de 1918, por decreto do governo soviético a Rússia
mudou de calendário. Os dias de 1 a 13 de Fevereiro foram descartados. Passou
de 31 de Janeiro segundo o calendário juliano, para 14 de Fevereiro segundo o
calendário gregoriano.
[1a] Sobre a
Grande Revolução Socialista de Outubro, recomendamos as seguintes obras (podem
ser obtidas da Internet) de jornalistas que se encontravam na Rússia, testemunhas
oculares dos eventos que descreveram e cuja honestidade não é posta em causa:
-- John Reed, Dez Dias que Abalaram o Mundo, escrito em 1919.
Teve várias edições e foi traduzido em todas as línguas. O americano John Reed começou como jornalista do The American Magazine de Lincoln
Steffens. Escreveu depois para o The Saturday Evening Post, Collier's, The
Forum, and The Century Magazine. Tinha algumas ideias socialistas quando foi para a Rússia onde
trabalhou para um jornal da Cruz Vermelha sob direcção de Raymond Robins um
agente americano anti-soviético. Testemunhou a Revolução de Outubro, contactou
Lenine, e veio a abraçar a causa soviética. Assinale-se que Lincoln
Steffens, jornalista de investigação e filho de família rica, tendo visitado a
Rússia em 1919 com funcionário do Departamento de Estado, veio a defender a
ajuda americana à Rússia dizendo várias vezes sobre a nova sociedade soviética:
«Vi o futuro e funciona».
-- Albert Rhys Williams,
Through the Russian Revolution, escrito
em 1921. Rhys Williams era um jornalista Americano e activista sindical. Viajou
na Rússia em plena revolução tendo contactado várias estratos sociais em várias
regiões. O seu livro baseia-se em artigos que escreveu para o Asia, Yale Review, Dial, Nation, New Republic, New York Evening Post. Contactou
Lenine várias vezes. Abraçou a causa comunista depois da sua experiência na
Rússia.
-- Morgan Phillips Price, My Reminiscences of the Russian Revolution, escrito em 1918. Phillips Price era membro do Partido
Liberal inglês mas opôs-se à 1.ªGM. Tornou-se correspondente de Guerra do Manchester Guardian na Frente Oriental.
Phillips Price falava o russo o que lhe foi útil durante a viagem através da
Rússia e suas observações sobre a revolução. No seu livro mostra simpatia por
Lenine e pelos bolcheviques. Regressado a Inglaterra
em 1921 aderiu ao Partido Trabalhista.
We
recommend the following works on the Great Socialist Revolution of October (available
on the Internet) by journalists who were in Russia , eyewitnessed the events
they have described and whose honesty is not called into question:
--
John Reed, Ten Days that Shook the World,
written in 1919. Several editions and translated into all languages. The American
John Reed began as a journalist for The
American Magazine of Lincoln Steffens. He later wrote for The Saturday Evening Post, Collier's, The Forum, and The Century
Magazine. He had a few socialist ideas when he went to Russia where he
worked for a Red Cross newspaper under the direction of Raymond Robins an
American anti-Soviet agent. He witnessed the October Revolution, contacted
Lenin, and came to embrace the Soviet cause. Incidentally, Lincoln Steffens, an
investigative journalist and son of a wealthy family who visited Russia in 1919
with a State Department official, came to defend American aid to Russia and
repeatedly said about the new Soviet society: "I have seen the future, and it works ".
--
Albert Rhys Williams, Through the Russian
Revolution, written in 1921. Rhys Williams was an American journalist and
trade union activist. He traveled in Russia in the heat of revolution, and made
contacts with various social strata in various regions. His book is based on
articles he wrote for Asia, Yale Review, Dial, Nation, New Republic and New York Evening Post. He contacted Lenine several times. He
embraced the Communist cause after his experience in Russia.
--
Morgan Phillips Price, My Reminiscences
of the Russian Revolution, written in 1918. Phillips Price was a member of
the English Liberal Party but opposed the WWI. He became a war correspondent
for the Manchester Guardian on the
Eastern Front. Phillips Price spoke Russian whch was useful to him during his
trip through Russia and his observations about the revolution. In his book he
shows sympathy for Lenin and the Bolsheviks. Having returned to England in 1921
he joined the Labor Party.
[2] O partido
bolchevique representava a ala de esquerda do Partido Operário Social-Democrata
Russo (POSDR). Esta ala ficou conhecida como «bolchevique» -- do russo bol'shinstvo = da maioria – por ter obtido a
maioria dos votos no II Congresso do POSDR na votação do programa elaborado por
Lenine. A minoria, menchevique – do russo men’shinstvo = da minoria --, representava a ala
direita, a ala oportunista -- socialista em palavras mas pró-capitalista nos
feitos. Bolcheviques e mencheviques vieram a separar-se em dois partidos
distintos. Os bolcheviques constituíram em 1912 o partido POSDR(b) («b» de
bolchevique), que em 8 de Março de 1918 foi renomeado Partido Comunista Russo,
bolchevique: PCR(b). Os mencheviques participaram no governo
provisório burguês e tornaram-se depois da Revolução de Outubro inimigos
ferozes do poder soviético, apoiando as forças monarquistas e estrangeiras
durante a guerra civil. Pela composição social, os bolcheviques eram
maioritariamente operários e defendiam sem hesitações o socialismo. Os mencheviques eram
maioritariamente pequeno-burgueses urbanos.
The
Bolshevik party represented the left wing of the Russian Social-Democratic
Labor Party (RSDLP). This wing was known as "Bolshevik" - Russian bol'shinstvo = of the majority - for
having obtained the majority of votes in the 2nd Congress of the RSDLP voting
of the program proposed by Lenin. The minority, Menshevik - Russian men'shinstvo = of the minority -
represented the right wing, the opportunist wing - socialist in words but
pro-capitalist in deeds. Bolsheviks and Mensheviks came to separate into two
distinct parties. The Bolsheviks constituted in 1912 the RSDLP(B) Party
("B" of Bolshevik), which on March 8 1918 was renamed Russian
Communist Party, Bolshevik: RCP(B). The Mensheviks participated in the
bourgeois provisional government and became, after the October Revolution,
rabid enemies of the Soviet power, supporting the monarchist and foreign forces
during the civil war. By their social composition, the Bolsheviks were mostly
workers and unhesitatingly defended socialism. The Mensheviks were mostly urban
petty-bourgeois.
[3] O Partido
Socialista-Revolucionário (SR) representava os pequenos e médios camponeses.
Defendiam um socialismo utópico, de que as comunidades rurais da Rússia podiam
saltar do feudalismo para o socialismo sem passar pelo capitalismo. Para eles a
classe revolucionária eram os camponeses e não os operários. Eram hostis ao
marxismo e defendiam o terrorismo, incluindo assassinatos, como táctica
política. O programa agrário dos SRs previa a abolição da propriedade privada
da terra, que seria transferida para a comuna rural com base no trabalho e
posse igualitários, e também o desenvolvimento de cooperativas. Os SRs participaram no governo provisório burguês,
encabeçado por Kerenski, um SR de direita. À medida que a revolução
evoluiu e os camponeses pobres aderiram pela experiência prática ao
bolchevismo, o partido SR cindiu-se, formando-se uma ala de esquerda que veio a
aliar-se aos bolcheviques. Os SRs de direita tornaram-se inimigos ferozes do poder soviético, coligando-se
com os mencheviques no apoio às forças
monarquistas e estrangeiras na guerra civil.
The
Socialist-Revolutionary Party (SR) represented the small and medium peasantry.
They defended a utopian socialism, according to which the Russian rural
communities could leap from feudalism to socialism without passing through
capitalism. For them, the revolutionary class was the peasantry, not the workers.
They were hostile to Marxism and defended terrorism, including assassinations,
as political tactics. The SR’s agrarian program provided for the abolition of
private ownership of the land, which would be transferred to the village
commune, based on equal work and ownership, as well as the development of
cooperatives. The SRs participated in the bourgeois provisional government,
headed by Kerensky, a right-wing SR. As the revolution progressed and the poor
peasants adhered by practical experience to Bolshevism, the SR party split,
forming a left wing that came to ally with the Bolsheviks. The right-wing SRs,
became rabid enemies of the Soviet power and joined the Mensheviks in
supporting the monarchist and foreign forces during the civil war.
[4] A 1.ªGM foi
uma guerra entre dois blocos de países imperialistas: o bloco da Entente
(Tríplice Entente ou «Aliados») e o da Quádrupla Aliança. Da Entente faziam parte a Inglaterra,
França, Rússia, Itália, EUA,
Japão e países dependentes da Inglaterra e França, como p. ex. Portugal que era
uma espécie de protectorado da Inglaterra.
A Inglaterra e França hegemonizavam a Entente. Da Quádrupla Aliança
faziam parte a Alemanha, a Áustria-Hungria, a Turquia e a Bulgária. A Alemanha
hegemonizava a Quádrupla Aliança.
Os dois blocos
tinham interesses antagónicos na repartição de colónias, semi-colónias e
protectorados. Como se sabe, «a guerra é apenas a continuação da política por
outros meios» (Clausewitz). A 1.ªGM foi a continuação dos diferendos políticos
entre os dois blocos imperiais que se confrontaram como dois bandos de
gangsters disputando entre si territórios de negócios. Em defesa dos lucros dos
patrões imperiais morreram 16 milhões de seres humanos, esmagadoramente
operários e camponeses, forçados a servir de carne para canhão. O exército russo, que confrontou a Alemanha,
estava muito mal equipado e era traído ao mais alto nível. A corte pululava de
agentes alemães. O próprio Ministro da Guerra, Sukumlinov, era um
traidor que recebia pagamento alemão. Em
1917, o exército russo tinha sofrido mais baixas do que a Grã-Bretanha, França
e Itália em conjunto: 2.762.064 mortos, 4.930.000 feridos, 2.300.000
desaparecidos.
WWI
was a war between two imperialist blocs: the Entente bloc (Triple Entente or
"Allies") and the Quadruple Alliance. The Entente comprised England,
France, Russia (tsarist), Italy, USA, Japan, and countries dependent of England
and France, e.g. Portugal which was a sort of protectorate of England. England
and France hegemonized the Entente. The Quadruple Alliance comprised Germany,
Austria-Hungary, Turkey and Bulgaria. Germany hegemonized the Quadruple
Alliance.
The
two blocs had antagonistic interests in the distribution of colonies,
semi-colonies, and protectorates. As is well known, "war is merely the
continuation of policy by other means" (Clausewitz). WWI was the
continuation of political disputes between the two imperial blocs which
confronted each other like two gangster groups fighting each other for business
territories. Sixteen million human beings, overwhelmingly workers and peasants,
were forced to serve as cannon fodder in defense of profits of their imperial
masters. The Russian army, which confronted Germany, was very poorly equipped
and betrayed at the highest level. The court swarmed with German agents. The
War Minister himself, Sukumlinov, was a traitor on German payroll. By 1917, the Russian army had suffered
higher casualties than Britain, France and Italy put together: 2,762,064
dead, 4,930,000 wounded, 2,300,000 missing.
[5] Nos textos
das obras de Lenine, usámos as edições «Avante!» sempre que possível. Para
textos não editados pela «Avante!» efectuámos traduções comparadas das versões
inglesa e espanhola disponíveis no AMI (Arquivo Marxista na Internet). A versão
espanhola das Obras Completas da Akal
Editor/Editorial Ayuso
reedita as traduções da Cartago Editores (PC da Argentina) dos originais da
Editorial Progresso e é particularmente bem documentada.
Nos textos das
edições «Avante!» introduzimos, por vezes, correcções que se impunham,
nomeadamente tendo em conta as traduções inglesa, espanhola e outras. Por
exemplo, no texto «Avante!» do «Decreto sobre a Paz», constava «sem anexações…
e sem contribuições», quando devia (obviamente) ser «sem anexações… e sem
indemnizações».
We used the MIA (Marxist
Internet Archive) English version for the texts of Lenin’s works. From our
experience, these texts must often be checked with those in other languages
(and preferably with the originals in Russian) since their quality is poor:
deficient dating, text errors, bad translations, omissions of Stalin, etc.
[6] Proceedings
of the Brest-Litovsk Peace Conference. The Peace Negotiations Between Russia
And The Central Powers, 21 November, 1917-3 March, 1918, Washington Government
Printing Office, 1918; Protokoly
siezdov i konferentsii vsesoiuznoi Kommunisticheskoi Partii, (v) Sedmoi siezd,
Mart 1918 goda; Mirnye
peregovory v Brest-Litovske s 22/9 dekabria 1917 g. po 3 marta (18 fevralia)
1918 g.
[7] «historiador
burguês»: historiador que, independentemente do seu posicionamento económico
classista, defende o sistema capitalista, logo os interesses da classe
burguesa.
"Bourgeois
historian": historian who, regardless of his class-based economic
position, defends the capitalist system, and thus the interests of the
bourgeois class.
[8] Motim de
Gatchina instigado por Kerenski. Terminou num comício em que o Comissário do
Povo da Marinha, P. Dybenko, persuadiu as tropas cossacas amotinadas a não se
oporem ao poder soviético.
Gatchina mutiny instigated
by Kerenski. It ended at a rally in which the People's Commissar of the Navy,
P. Dybenko, persuaded the mutinous Cossack troops not to oppose Soviet power.
[9] Cidade da
Bielorússia. A frente russo-alemã passava entre Minsk (ocupada pelos alemães) e
Moguilev. City of Belarus .
The Russian-German front passed between Minsk
(occupied by the Germans) and Mogilev .
[10] Dukhonin é
desmascarado numa conversação telefónica: Lenine, Estaline, Krilenko, Conversação do Governo com o Estado-Maior
por Linha Directa, 22-Nov-1917.
A questão é
reportada em: Lenine e Krilenko, Radiograma a Todos. A Todos os Comités de
Regimento, de Divisão, de Corpos de Exército e Outros. A Todos os Soldados do
Exército Revolucionário e aos Marinheiros da Armada Revolucionária, 22-Nov-1917, que contém este apelo: «Soldados, a causa da paz está nas vossas
mãos! Não permitais que os generais contra-revolucionários frustrem a grande
causa da paz, colocai-os sob guarda, a fim de evitar actos de justiça sumária
indignos de um exército revolucionário e impedir que esses generais escapem do
julgamento que os aguarda. Mantende a mais rígida ordem militar e
revolucionária. Que os regimentos da frente elejam imediatamente representantes
para iniciar negociações formais de um armistício com o inimigo […]».
Este apelo teve
amplo eco no exército. Várias divisões, corpos de exército e até frentes
inteiras enviaram parlamentares às unidades inimigas e assinaram tréguas. Estes
tratados, chamados de «paz dos soldados», eram válidos até que o armistício
geral fosse concluído.
Dukhonin is unmasked in
a telephone conversation: Lenin, Stalin, Krilenko, Direct-Line Conversation between the Government and Field H. Q.,
22-Nov-1917.
The issue is reported
in: Lenin and Krilenko, Wireless Message.
To All Regimental, Divisional, Corps, Army, and Other Committees, to all
Soldiers of the Revolutionary Army and Sailors of the Revolutionary Navy,
22-Nov-1917, with this appeal: "Soldiers, the cause of peace is in your
hands! Do not allow the counter-revolutionary generals to frustrate the great
cause of peace, place them under guard in order to avert acts of summary
justice unworthy of a revolutionary army and to prevent these generals from
escaping the trial that awaits them. Maintain the strictest revolutionary and
military order. Let the regiments at the front immediately elect
representatives to start formal negotiations for an armistice with the enemy
[…]”
This
appeal had a wide echo in the army. Divisions, corps, and even entire fronts
sent envoys to the nearest enemy units and signed a truce. These treaties,
called "peace of the soldiers", were valid until the general
armistice was concluded.
[11] A Alemanha
desejava a paz no Leste para poder deslocar divisões para França. Germany wanted peace in the East in order
to be able to move divisions to France .
[12] O Barão von
Kühlmann, como representante do governo, tinha em certa medida de ter em conta
as posições do Reichstag. O general Max Hoffmann era o chefe militar da frente
Leste e estava alinhado com as posições reaccionárias do Alto Comando,
nomeadamente com Ludendorff.
As a
representative of the government, Baron von Kühlmann had to some extent to take
into account the positions of the Reichstag. General Max Hoffmann was the
military chief of the Eastern Front and was aligned with the reactionary
positions of the High Command, namely with Ludendorff.
[13] Trata-se do
Organização Inter-Distritos com cerca de 4.000 afiliados, liderada por Trotski
e tendo como membros destacados A. Joffe, A. Lunacharsky, M. Uritsky, D.
Riazanov, V. Volodarsky, L. Karakhan, D. Manuilsky, K. Yurenev e S. Ejov
(Tsederbaum). Durante a 1.ªGM o grupo adoptou uma posição centrista; por um
lado, reconhecia a natureza imperialista da guerra e era contra o
social-chauvinismo (socialismo em palavras mas nacionalismo burguês na
prática), por outro lado era conciliador com os mencheviques.
Reference
is to the Inter-Districts Organization with about 4,000 members, led by Trotsky
and having as prominent members A. Joffe, A. Lunacharsky, M. Uritsky, D.
Ryazanov, V. Volodarsky, L. Karakhan, D. Manuilsky, K. Yurenev and S. Ezhov
(Tsederbaum). During the WWI the group adopted a centrist position; on the one
hand, it recognized the imperialist nature of war and was against
social-chauvinism (socialism in words but bourgeois nationalism in practice),
on the other hand it was conciliatory with the Mensheviks.
[14] Não encontrámos
nas Edições Avante! este documento,
pelo que aqui deixamos ficar a nossa tradução a partir das versões inglesa,
espanhola e francesa, baseadas na Ed. Progresso.
Guião do Programa das Negociações de Paz, 10-Dez-1917
1) As negociações
devem ser políticas e económicas.
2) Princípio
fundamental e tema principal das negociações políticas: «Nem anexações nem
indemnizações».
3) Conceito de
anexação:
a) A definição de
anexação limitada aos territórios incorporados após a declaração da guerra
actual não é válida [Rejeita-se a
definição de anexação segundo a qual só os territórios incorporados após a
declaração da guerra actual são considerado como anexados].
b) São declarados
como anexados quaisquer territórios cuja população, durante as últimas décadas
(desde a segunda metade do século XIX), manifestou o seu descontentamento com a
incorporação do seu território noutro Estado, ou com a sua situação no Estado
em questão, independentemente desse descontentamento ter sido expresso por
escritos, em resoluções de parlamentos, assembleias, conselhos municipais ou
outros organismos similares, em documentos estatais e diplomáticos, decorrentes
do movimento nacional nesses territórios, em conflitos, confrontos, distúrbios
nacionais, etc.
[O texto que se
segue é de Estaline – Ed. Progresso]
(*)
1) Reconhecimento
oficial de cada nação (não soberana) integrada num dado país beligerante, do
direito à sua livre autodeterminação, incluindo a separação e formação de um
Estado independente; 2) o direito à autodeterminação será estabelecido por um
referendo de toda a população do território que decide o seu destino; 3) as
fronteiras geográficas do território que reivindica a autodeterminação serão
fixadas por representantes democraticamente eleitos do referido território e
dos territórios limítrofes; 4) condições prévias para garantir o exercício do
direito das nações à livre autodeterminação:
a) retirada das
tropas do território que decide a autodeterminação;
b) repatriamento
para o território dos refugiados e dos habitantes expulsos pelas autoridades
desde o início da guerra;
c)
estabelecimento no território em questão de uma administração provisória, formada
por representantes democraticamente eleitos da nação que decide o seu destino,
com o direito (entre outros) de aplicar o ponto b;
d) criação sob a
administração provisória, de comissões das partes contratantes, com direito de
controlo recíproco;
e) as despesas
necessárias para pôr em prática os pontos b e c serão cobertas por um fundo
especial estabelecido pela parte ocupante.
(*) Confirmado pelo historiador burguês
Wheeler-Bennett numa nota de rodapé do seu livro: «Entre as relíquias preciosas
cuidadosamente guardadas nos cofres do Instituto Lenine de Moscovo, há uma
folha manuscrita intitulada "Resumo do Programa de Negociações de Paz com
a Alemanha". As instruções para a delegação soviética, tal como foram
adoptadas na sessão do Conselho de Comissários, em 10 de Dezembro de 1917,
estão em duas caligrafias distintas. A primeira parte do documento é hesitante,
quase incoerente, a página marcada por muitas remoções e correcções. Em
seguida, a caligrafia muda, e com ela a natureza do documento que se torna
concisa e directa. A primeira escrita é de Lenine, a segunda de Estaline. O
mestre havia fornecido a fórmula, mas a receita era trabalho do discípulo».
Outline Programme for Peace Negotiations, 10-Dec-1917. The MIA version does not mention the contribution of Stalin
as the author of the second part of the document. This is acknowledged by
the Spanish and French versions based on the original of the Ed. Progress and
confirmed by the bourgeois historian Wheeler-Bennett in a footnote of his book:
“Among the treasured relics closely guarded in the vaults of the Lenin
Institute at Moscow is a sheet of MS entitled ‘Outline of Program for Peace
Negotiations with Germany’. In two distinct handwritings follow the
instructions for the Soviet delegation as adopted at the session of the Council
of Commissars on December 10, 1917. The first part of the document is halting,
almost incoherent, the page marred by many erasions and corrections. Then the
handwriting changes, and with it the nature of the document, which becomes
terse and direct. The first script is that of Lenin, the second of Stalin. The
master had provided the formula, but the prescription was the work of the
disciple.”
[15] O Congresso
do Exército decorreu em
Petrogrado de 28 de Dezembro de 1917 a 16 de Janeiro de 1918. Assistiram
delegados dos sovietes, de comités da frente, de engenheiros, etc. Na
inauguração do Congresso havia 234 delegados, dos quais 119 eram bolcheviques e
45 SRs de esquerda. A tarefa do Congresso era controlar a desmobilização espontânea
do exército e discutir a formação de um novo exército socialista. Em 10 de
Janeiro de 1918, ao discutir-se a organização do exército socialista, o grupo
bolchevique apresentou o projecto de criar um exército de trabalhadores e
camponeses. Os mencheviques e os SRs de direita opuseram-se a isso; os últimos,
depois de algumas vacilações apoiaram os bolcheviques. 153 delegados votaram a
favor do projecto bolchevique, 40 votaram contra e 13 abstiveram-se.
The Army Congress was held in Petrograd
from 28 December 1917 to 16 January 1918. It was attended by delegates from the
Soviets, from committees of the front, from engineers, etc. At the opening
session there were 234 delegates, of whom 119 were Bolsheviks and 45 left SRs.
The task of Congress was to control the spontaneous demobilization of the army
and discuss the formation of a new socialist army. On January 10, 1918, when
discussing the organization of the socialist army, the Bolshevik group
presented the draft to create an army of workers and peasants. The Mensheviks
and the right-wing SRs objected to this; the latter, after some hesitations,
supported the Bolsheviks. 153 delegates voted in favor of the Bolshevik
project, 40 voted against and 13 abstained.
[16] Conversação
por Linha Directa com L. D. Trotski, Presidente da Delegação Soviética de Paz
em Brest-Litovsk, 16-Jan-1918. Lenin, Direct-Line Conversation with L. D. Trotsky
Chairman of the Soviet Peace Delegation at Brest-Litovsk, 16-Jan-1918.
[17] Em A Minha Vida, Trotsky diz que não tem a carta. In My Life,
Trotsky says he has not the letter
at hand.
[18] Liquidacionismo: correntes do POSDR que
levavam à sua liquidação como partido de massas. O liquidacionismo de direita
advogava o fim da actividade clandestina, ilegal. O liquidacionismo de esquerda
advogava, pelo contrário, que o partido não devia exercer qualquer actividade
nas organizações legais (Duma, sindicatos).
Capitulacionismo: rendição das posições próprias com submissão a
teses ou condições do inimigo político opostas à linha do partido.
Liquidationism: currents of the RSDLP leading to its
liquidation as a mass party. Right-wing liquidationism advocated putting an end
to clandestine, illegal activity. Left-wing liquidationism argued, on the
contrary, that the party should not engage in legal organizations (Duma,
unions).
Capitulationism: surrender of own positions
with submission to theses or conditions of the political enemy opposed to the
party line.