domingo, 30 de julho de 2017

É necessária na Venezuela uma vitória da Constituinte

En Venezuela se hace necesaria una victoria Constituyente

Os meios de comunicação social portugueses repetem como papagaios as montanhas de mentiras, distorções e omissões da verdade sobre as eleições para a Assembleia Constituinte da Venezuela; mentiras, distorções e omissões provenientes das grandes cadeias do império: CNN, ABC, BBC, etc.
 
No artigo anterior já nos referimos ao porquê e objectivos das eleições para a Assembleia Constituinte da Venezuela. Em complemento esclarecedor inserimos aqui a tradução publicada pelo PCB de um artigo da Resumen Latino Americano (http://www.resumenlatinoamericano.org/2017/07/26/en-venezuela-se-hace-necesaria-una-victoria-constituyente-por-carlos-aznarez/)
 
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Na Venezuela se faz necessária uma vitória Constituinte
  
(Tradução do PCB: https://pcb.org.br/portal2/15164#more-15164) 

Por Carlos Aznárez, Diretor do Resumen Latinoamericano,26 de julho de 2017

  
 
É evidente que o governo venezuelano não se equivocou quando decidiu lançar a convocatória para votar pela realização de uma Assembleia Constituinte. Não só porque em seu conteúdo está implícita uma maior participação dos setores populares que seguem empurrando o trem bolivariano, mas porque o inimigo local e internacional se deu conta que essa instância significa a passagem necessária para aprofundar a Revolução. Daí que tentem impedi-la: desde Donald Trump até seus aliados incondicionais da União Europeia não duvidam em exigir que o presidente Nicolás Maduro desconvoque esse apelo estratégico. Sem dizer dos amanuenses dos governos de direita latino-americanos, representados entre outros pelo quarteto Macri-Temer-Cartes-Santos, que não pouparam munição pesada para difamar tudo o que a Venezuela veio construindo nestes últimos 18 anos.
Porém, o que mais incomoda a todos eles nesta Constituinte que indefectivelmente ocorrerá? Antes de mais nada, o fato de que aposta na paz e esgrime a bandeira para reconfigurar uma perspectiva de diálogo nacional, o que a diferencia de outros processos contaminados pela democracia burguesa, não falando apenas com a “oposição”. É claro que não existe uma palavra com aqueles que demonstraram um comportamento fascista, assassinando indiscriminadamente homens e mulheres do povo, e cujo destino deve ser o cárcere comum, porém, sem deixar de conversar com aqueles que se propuseram a respeitar as regras do jogo da democracia participativa.
  

A iniciativa que será votada massivamente em 30 de julho aspira a converter em sujeitos principais da nova etapa revolucionárias as pessoas do povo, os moradores das comunas, os habitantes dos bairros, os e as estudantes, campesinos e campesinas, afrodescendentes.
  
Com todos eles e elas, que são quem vem de corpo e alma diariamente defender as enormes conquistas obtidas desde 1999, se faz necessário encarar medidas radicais que apontem para qualificar ainda mais os avanços obtidos ate agora e diagramar o necessário caminho para o socialismo. Esta Constituinte de nenhuma maneira suplantará a atual e que foi impulsionada por Hugo Chávez, mas reafirmará sua vigência, incorporando aspectos substanciais para atacar o terrorismo, o fascismo e o racismo que nos últimos meses se introduziram como um vírus, tentando minar os laços de fraternidade e solidariedade social entre pobladores e vizinhos. O fará através de um projeto de lei que outorgue amplos poderes à Comissão pela Verdade, a Justiça e a Paz, para que não haja impunidade frente aos crimes cometidos através das guarimbas desestabilizadoras.
  
A Constituinte vai, também, atacar as raízes da guerra econômica, buscando de maneira taxativa terminar com a especulação, o desabastecimento, a regulação de preços e os ataques contra a moeda nacional fomentada desde a Colômbia, contando com a cumplicidade dos colaboracionistas locais da contrarrevolução. Além disso, se reforçará a ideia de que seja o poder popular das Comunas e os Conselhos Comunais socialistas que tome a frente para que a burocracia não continue impedindo o crescimento revolucionário. É nessas instâncias populares onde militam aqueles que geram com seu trabalho e seu sacrifício a possibilidade de que a Venezuela siga avançando.
   
A Constituinte também favorecerá uma faixa importante da classe média que adquiriu consciência de povo e de pátria durante o transcorrer do processo bolivariano. Será nesse marco de unidade popular no qual tocará defender e ativar ainda mais as Missões sociais, o acesso gratuito à saúde e à educação, a vitória de uma nação livre de analfabetismo ou a construção de um milhão e meio de habitações. Tudo isso, conquistado enquanto se enfrentava a mais descomunal das investidas do imperialismo norte-americano e seus aliados, do terrorismo midiático e da burguesia empresarial local, que insiste em destruir à força da violência todo o obtido até o presente.


Não há dúvidas de que esta semana se trava uma nova batalha na história da luta de classes. De um lado, aqueles que quiseram ver a Venezuela convertida em uma colônia dependente dos Estados Unidos, país que através do Comando Sul e da tristemente célebre Central de Inteligência Americana, planejou novas fórmulas de intervenção terceirizada (como fizeram, sem sucesso, na Síria) para derrubar o governo legítimo de Nicolás Maduro. Para isso, conta, com seus cachorros da OEA e, sobretudo, com esse expoente da traição à Pátria Grande que é o Secretário Luis Almagro. Este grupo, denominado eufemisticamente “oposição”, não se conformaria, no caso de triunfar, com ocupar o governo e as instituições, mas que implantariam um rancor e revanchismo tal que produziria um verdadeiro etnocídio. Detestam de morte os pobres, aos “negros”, “zambos” ou “mulatos”, como chamam depreciativamente a essa massa da população que com a Revolução se dignificou. É tal o desprezo aos diferentes que não duvidariam em continuar a tarefa de ressuscitar – como fizeram nos últimos dias – métodos medievais para assassinar mediante o fogo os que a eles se oponham. Muitos dos seguidores de Leopoldo López e Capriles são herdeiros dessa seita denominada “Tradição, Família e Propriedade”, e se creem “cruzados” contra o “mal” que atribuem aos “hereges” bolivarianos. Em seus rituais de horror, portam cruzes e até são benzidos por sacerdotes ou por ex-presidentes, como Aznar, Felipe González, Pastrana ou o boliviano Tuto Quiroga. São a Inquisição revivida no século XXI, tão cruel e feroz como aquela que assolou a Europa vários séculos atrás. No entanto, os “democratas” europeus protegidos pelo El País, pelo ABC ou pelo resto da imprensa canalha, não parecem comovê-los.
  
É em função desta realidade que se torna necessário evitar que esta turba mercenária (de lúmpens mercenários e paramilitares, muitos deles vindos da Colômbia) alcance seu objetivo. Para isso, o povo conta com uma ferramenta fundamental que até o presente não foi penetrada: a unidade cívico-militar, sobre a qual tanto insistira o Comandante Chávez. Porém, além disso, se necessária, também estão as milícias populares, as brigadas de Autodefesa, o Chavismo Bravo e a coragem de homens e mulheres dispostas a não ceder nem um passo à reação.
   
“Não existe retorno para nós”, proclamou dois domingos atrás em Caracas, uma mulher idosa, enquanto fazia uma longa fila para cumprir com o ensaio de votação. “Aqueles que levam Chávez no coração vão defender Maduro porque é um dos nossos”. Com essas palavras, definiu um sentimento feito carne na maioria dos e das bolivarianas. Custou muito esforço levantar este edifício revolucionário. Tanto com a dor e o ódio que agora a direita tenta injetar na população. É certo que existe muito para corrigir em todo o caminhado, porém para aqueles que apenas duas décadas atrás viviam submersos na miséria e na repressão da Quarta República, a Revolução Bolivariana lhes devolveu a autoestima e todos os direitos que tinham sido retirados. Avançou-se ali e foi possível entusiasmar, no mesmo sentido, outros países do continente latino-americano e o rebote chegou até a Europa. Precisamente essa parte da população, que continua sendo majoritária, é a que no próximo domingo gritará ao mundo que “A Constituinte vai que vai. De todas as maneiras vai!”.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Venezuela: uma situação que se arrasta

 Venezuela: a situation dragging on


Já falámos sobre a guerra económica  e sobre os media controlados pela oposição e não pelo governo -- ao contrário do que se afirma no «Ociente» -- da Venezuela num artigo de Novembro de 2015.
 
Uma reportagem recente da jornalista americana Abby Martin -- https://www.youtube.com/watch?v=YUYWrPiUeWY  -- documenta, de forma actualizada, aspectos que já relatámos. Vale a pena ver. Martin mostra exactamente aquilo que os media ocidentais não mostram, e que desmonta completamente a retórica da oposição venezuelana de direita e fascista.
 
Mostra, também, que a liderança pequeno burguesa da Venezuela mantem o processo em alta instabilidade, sob constante ameaça de reversão. Reversão que seria conduzida de forma cruenta pelas forças da direita fascista.
 
Acrescentamos os seguintes comentários que faltam na reportagem de Abby Martin:
 
-- O manter-se jornais e televisão dominados pela oposição não é ter «imprensa livre». É ter imprensa a despejar torrentes de mentiras que contribuem para o caos e confusão que interessa à oligarquia, manipuladora das consciências, inclusive de cidadãos que nada ganham em alinhar com a oligarquia, que podem ser ganhos para o processo de mudanças e só ainda não o foram porque estão confusos.
A entrevista de Abby Martin mostra que a situação dos media é essencialmente a mesma que já retratámos no nosso artigo. A situação de há dois anos atrás, o que atesta o carácter pequeno burguês da liderança venezuelana.
Imprensa livre é imprensa ao serviço do povo, controlada em bases populares (comités de jornalistas, de representantes populares de organizações de base, etc.). Tal exige um estado dos trabalhadores.
 
-- Na reportagem de Abby Martin vemos que sectores importantes da economia continuam nas mãos dos oligarcas monopolistas. Voltamos a ouvir a sabotagem do oligarca Cisneros dono das Empresas Polar, etc. A situação de há dois anos atrás, o que também atesta o carácter pequeno burguês da liderança venezuelana.
A guerra económica só se vence eliminando o poder dos monopólios e socializando a produção. Isto também exige um estado dos trabalhadores.
We have already written about the economic war and the media controlled by the opposition and not by the government – contrary to what they say in the “West” -- of Venezuela, in an article of November 2015.
 
A recent report of the American journalist Abby Martin -- https://www.youtube.com/watch?v=YUYWrPiUeWY  -- documents, in an updated form, aspects we had described. We recommend seeing it. Martin shows precisely what the Western media do not show, completely debunking the rhetoric of the fascist right wing forces of the Venezuelan opposition.
 
It also shows that the petty bourgeois leadership of Venezuela maintains the process at a high unstable level, under constant threat of reversion. A reversion which would be conducted in a bloody way by the fascist right wing forces.
 
Let us add the following comments missing in Abby Martin’ report:
 
-- Maintaining newspapers and television dominated by the oligarchy is not tantamount of having a “free press”. Is having media pouring out floods of lies contributing to the chaos and confusion the oligarchy is interested on, manipulating the consciences, including of citizens that have nothing to gain from siding with the oligarchy, who can be gained to the process of changes and weren’t yet gained because they are confused.
Abby Martin’s report shows that the situation in the media is essentially the same we had portrayed in our article. The situation of two years ago, testifying to the petty bourgeois character of the Venezuelan leadership.
Free press is one serving the people, controlled by grassroots organizations (committees of journalists, of popular representatives, etc.). This demands a workers’ state.
 
-- We see in Abby Martin’s report that important sectors of the economy are still in the hands of the oligarchic monopolists. We again hear about sabotage by the oligarchic owner of Empresas Polar, etc. The same situation of two years ago, also testifying to the petty bourgeois character of the Venezuelan leadership.
The economic war can only be won by eliminating the power of the monopolies and socializing the production. This also demands a workers’ state.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Quatro focos da actualidade política internacional

Four focuses of today’s international politics

A Arábia Saudita financia o terrorismo
Terrorismo e forças fascistas alemãs
Provocações americanas contra a Coreia do Norte
A Venezuela e os 7 milhões de votos da oposição
Saudi Arabia finances terrorism
Terrorism and fascist German forces
US provocations against North Korea
Venezuela and the 7 million votes of the opposition

A Arábia Saudita, membro destacado do império EUA&C.ª financia o terrorismo

Do JN de 11 de Julho de 2017: Conclusão de dois relatórios britânicos, um do governo e outro independente do grupo de reflexão conservador Henry Jackson Society (HJS):
 
“A principal fonte de financiamento do extremismo islâmico em solo britânico é a Arábia Saudita. A mesma que lidera o quarteto de países árabes que decidiu boicotar o vizinho Qatar por… financiar grupos terroristas.»
 
Mas (como reconhece o JN) a Grã-Bretanha vende armas à Arábia Saudita.
 
Diz ainda o relatório HJS: «A Arábia Saudita tem patrocinado desde a década de 1960 um esforço de muitos milhões de dólares (cerca de 1.800 milhões de dólares por ano) para exportar o islão Wahabi [a forma mais conservadora de islão] através do mundo islâmico, incluindo entre comunidades muçulmanas no Ocidente”, no apoio directo a mesquitas e escolas corânicas que “albergam pregadores extremistas e a distribuição de literatura extremista”, “Se vários países do Golfo ao Irão têm tido culpas no avanço do extremismo, a Arábia Saudita está sem dúvida no topo da lista.»
 
Por trás do terrorismo há forças fascistas alemãs
 
 
«Uma história digna de um autor de mistérios – ou novelista – enche os cabeçalhos alemães. Começou quando a polícia do aeroporto de Viena prendeu um primeiro-tenente da Bundeswehr [exército alemão] quando este levantou uma pistola escondida desde algumas semanas nos sanitários. O tenente negou que fosse dele e foi libertado. Mas acontece que as suas impressões digitais correspondiam às de um refugiado [sírio] que tinha pedido asilo na Alemanha há dois anos atrás…
  
Este jovem e louro oficial alemão de 28 anos estava registado nos estados de Hesse e Baviera como refugiado de Damasco, Síria. Disse que era católico mas que os homens da ISIS o tinham perseguido e matado alguns familiares devido a antecedentes parciais judeus e ao seu nome judeu, David Benjamin. Estranhamente, não falava ou falava pouco de árabe e foi interrogado em francês – com sotaque alemão. Nunca ninguém tinha suspeitado dele ou pelo menos tal foi alegado. Parece que tinha regularmente alternado entre a sua profissão de oficial numa unidade franco-alemã na Alsácia francesa e a sua falsa existência de refugiado sírio na Alemanha.
  
… parece que planeava cometer algum crime que seria atribuído a imigrantes sírios, no quadro da actual onda mediática contra «criminosos estrangeiros». Conhecem-se duas coisas: o seu cúmplice, um estudante alemão de 24 anos agora preso, armazenou munições para o tenente; uma «lista de pessoas a abater» encontrada na sua casa inclui o nome de uma jovem delegada do Linke na assembleia de Berlim, conhecida por defender imigrantes…
  
Como pôde a Bundeswehr, incluindo o seu departamento de espionagem (acrónimo MAD), desconhecer de alguma forma estes estranhos eventos? Julga-se agora que eles de facto conheciam; o colégio militar francês onde o tenente tinha tido cursos avisou as autoridades militares alemãs há dois anos atrás de que a sua tese final era racista e pró-fascista. Aparente-mente, nada disto perturbou quem quer que fosse.
 
Ursula von der Leyen, a ambiciosa ministra da defesa, até agora preocupada em construir uma Bundeswehr orientada para a agressão… Estava agora, de repente, na defensiva – ou não tão de repente já que mais e mais relatórios vieram à luz em meses recentes sobre os costumes brutais nas forças armadas… ela tomou o passo sem precedentes de admitir laxismo no processamento que deixa as portas abertas aos «extremistas» que não deviam estar na Bundeswehr, mas que sempre lá estiveram e por vezes no topo. [As casernas alemãs estavam até recentemente cheias de recordações nazis e da Wehrmacht. Só retiradas devido a uma inspecção.]
 
Quantos sabiam da existência dupla do oficial e talvez do seu intento? Quantos têm ideias semelhantes? Esta história repete o caso do grupo Nacional-Socialista Clandestino que assassinou nove imigrantes gregos e turcos, e uma mulher polícia alemã, bem como rebentou uma bomba desastrosa num subúrbio quase todo de turcos. O julgamento de Beate Zschäpe, um membro sobrevivente do grupo, está agora no quinto ano em Munique, enquanto as investigações do Bundestag se arrastam. Existem ainda muitas mais ligações suspeitas entre os assassinos e as autoridades oficiais que, de alguma forma, têm vindo a destruir documentos chave incriminando agentes a alto nível dos serviços secretos e agora, estranhamente, até mesmo o FBI americano!»
 
Esta notícia, que tem sido abafada pelos media, é também relatada numa apresentação (em inglês) de Victor Grossman, um comunista americano que vive na Alemanha desde o fim da 2ªGM e é membro da ala comunista do Linke. Apresentação que reputamos de elevado interesse, sobre os perigos da actual Alemanha, nomeadamente a da criação de um exército europeu que dominaria a UE. Muitos PCs europeus parecem alheados deste perigo. Como diz Grossman, «é aconselhável seguir os desenvolvimentos futuros da Alemanha tão de perto quanto possível» e «A Alemanha representa um grande, muito grande, perigo».
 
Provocações americanas contra a Coreia do Norte
 
Têm vindo a aumentar as provocações dos EUA e seus aliados Japão e Coreia do Sul contra a Coreia do Norte. Entre elas a instalação na Coreia do Sul pelos americanos de um sistema de mísseis designado por Terminal High Altitude Air Defense (THAAD).
 
Estas provocações são uma ameaça à paz mundial. Uma agressão dos EUA ou seus proxies à Coreia do Norte tem alta probabilidade de envolver a China ao lado da Coreia do Norte.
 
O Japão ocupou a Coreia em 1910 explorando-a da forma mais brutal e cometendo as piores atrocidades contra o seu povo. No fim da 2.ª GM os coreanos lançaram uma luta revolucionária para recuperar a sua soberania. O apoio popular era tão esmagador que a dada altura quase toda a península estava libertada. Os EUA lançaram então uma guerra de agressão (guerra da Coreia) vindo a estabelecer um estado cliente – a Coreia do Sul – com relações económicas estreitas com o Japão e Taiwan. Coreia do Sul + Japão + Taiwan: pivot dos EUA no Pacífico para «conter» a China e exercer um certo domínio no mar da China, onde existe petróleo.
 
Na Coreia do Norte estabeleceu-se um regime de tipo socialista. Desde sempre os EUA têm imposto sanções e ameaçado este país com uma guerra. Têm também lançado campanhas sistemáticas de difamação, com as mentiras mais mirabolantes. (Visitantes da Coreia do Norte têm desmentido algumas delas, incluindo uma jornalista do JN e o dramaturgo José L. Peixoto) Goste-se ou não se goste do regime norte-coreano – que não é marxista e tem características que não apoiamos – o povo da Coreia do Norte tem o direito de se defender.
 
Concordamos com as seguintes palavras da comentadora Margaret Kimberley da Black Agenda Report dos EUA (artigo do ML Today):

«A República Democrática Popular da Coreia (RDPC), geralmente chamada Coreia do Norte, tem o direito de testar e desenvolver tantas armas quantas quiser. Não precisa da autorização de nenhum país para melhorar o seu arsenal e, tendo em conta a história de agressão dos EUA, é sensata ao fazê-lo. Qualquer país que os EUA considerem como inimigo, e que não tenha uma defesa forte, corre o perigo de acabar como o Iraque e a Líbia invadido ou destruído por outros meios.
  
Não há razões para os americanos prestarem atenção sobre a conversa dos mísseis da RDPC alcançarem o Alasca ou qualquer outra parte do nosso país. Os EUA têm mais armas, nucleares e convencionais, do que qualquer outra nação do mundo e é por isso a maior ameaça à paz. O único perigo do programa de mísseis da RDPC provém das reacções americanas a ele»
  
A agressão imperialista da Venezuela e os 7 milhões de votos da oposição
 
Continua forte a agressão imperialista da Venezuela conduzida no terreno pelos seus agentes de guerra económica e por grupos fascistas violentos que têm cometido as maiores barbaridades – incêndio de 51 autocarros, incluindo escolares e um com oficiais governamentais, assassinatos de cidadãos, acções terroristas, etc.; agentes e grupos pagos pelos EUA. O governo do PSUV convocou eleições para uma Assembleia Constituinte com o objectivo de dispor de uma Constituição alinhada com as conquistas populares e proporcionando formas legais, não revolucionárias, de combate à agressão imperialista-fascista.
 
A oposição burguesa, para-fascista, que tanto desejava uma nova Constituição há 4 anos atrás, agora já não quer. Realizou um referendo contra as eleições da Constituinte. Como era de esperar os media pró-imperialistas, globalmente hegemónicos, anunciaram em grandes parangonas – também os grandes jornais portugueses -- os resultados de tal referendo: mais de 7 milhões votaram contra!
 
Mas não dizem que:
 
-- O referendo foi ilegal, realizado sem qualquer coordenação institucional.
 
-- Precisamente porque foi ilegal, o escrutínio foi todo controlado pelos caciques da oposição, sem qualquer fiscalização independente.
 
-- É sabido que em mobilizações anteriores – eleitorais e no abaixo-assinado para a remoção de Maduro -- a oposição sempre recorreu a falcatruas que foram devidamente expostas e documentadas: votos/assinaturas de mortos, votos/assinaturas duplicadas, etc. É fácil imaginar que níveis terão atingido as falcatruas num referendo todo controlado pela oposição.
 
-- O número de eleitores venezuelanos é de 20 milhões. Mesmo sem ligar a falcatruas os 7 milhões estão longe de uma maioria.
 
Note-se que a situação da Venezuela continua difícil. Noutro artigo, observámos: a existência em instituições do estado de falsos apoiantes da revolução; a não resolução da questão central da natureza de classe do estado; a incorrecção e ilusões em torno da expressão «socialismo do século XXI».
 
Um documento do passado 19 de Abril do Partido Comunista Venezuelano, conclamando à «mais ampla unidade de acção anti-imperialista para derrotar o plano desestabilizador e golpista» é importante e esclarecedor. Alguns excertos, com itálicos nossos:
 
«… [A oligarquia e extrema-direita] para além da violência antipopular que significa o açambarcamento e alto custo de vida, pôs em marcha actos terroristas nas últimas semanas em várias cidades, acompanhada de uma guerra nacional e internacional dos media, a fim de gerar confusão e instigar ao confronto entre cidadãos, criando um estado geral de caos e violência que leve a um desenlace cruento do conflito político, por meio de um golpe de estado e/ou ingerência directa do imperialismo norte-americano e das instituições internacionais ao seu serviço. … Com tais fins, a direita pró-ianque exerce pressão sobre a oficialidade das FANB [Forças Armadas Nacionais Bolivarianas] com diversas formas de manipulação e chantagem…
 
É necessária e urgente a acção conjunta e a articulação entre o alto governo, os partidos do Gran Polo Patriótico, as forças do movimento trabalhador e popular e a oficialidade patriótica da FANB. É necessário um PLANO UNITÁRIO PATRIÓTICO E POPULAR para derrotar a direita terrorista e o imperialismo.
 
O povo trabalhador venezuelano requer que os sectores da pequena burguesia que exercem a hegemonia no Executivo Nacional, nos outros poderes públicos e no partido do governo [PSUV], abandonem de imediato toda a conduta sectária e auto-suficiente, conduta que tem debilitado o processo bolivariano e serve na prática o plano do inimigo.
 
O PCV tem insistido desde há anos na necessidade de uma direcção unitária e colectiva do processo bolivariano de mudanças, mas as tendências pequeno burguesas que exerceram a direcção hegemónica do governo não prestaram atenção a estes apelos e propostas…
 
… frente às vacilações e inconsequências da pequena burguesia no exercício do poder, chamamos os sectores mais conscientes e combativos do movimento dos trabalhadores e popular, do campesinato, das camadas médias e intelectuais revolucionárias, e da oficialidade patriótica, a forjar um bloco de forças que encabece a ampla aliança patriótica e anti-imperialista para frustrar os planos sediciosos da direita pró-ianque, e também para remover as tendências reformistas-entreguistas que desde as instâncias do poder tendem a favorecer os sectores da alta burguesia, pactuando com a social-democracia de direita…»
Saudi Arabia, prominent member of the US & Co. empire,  finances terrorism

From Jornal de Notícias (JN), 11 July 2017: Conclusion of two British reports, one from the government, the other from the independent and conservative think tank Henry Jackson Society (HJS):
 
“Saudi Arabia is the main financing source of Islamic extremism. This is the country leading the quartet of Arab countries which decided to boycott the neighbor Qatar because… it financed terrorist groups.”
  
Nevertheless, as JN recognizes, Great-Britain sells armament to Saudi Arabia.
 
The HFS report says further: “Saudi Arabia has sponsored since 60-ies decade an effort of many millions of dollars (about 1,800 millions of dollars per year) to export the Wahabi Islam [the most conservative form of Islam] across the Islamic world, including the Muslim communities in the West”, for the direct support of mosques and Koranic schools which “host extremist preachers and the distribution of extremist literature”, “If several Gulf countries and Iran have been responsible in advancing extremism, Saudi Arabia is nonetheless at the top.”
 
There are German fascist forces behind terrorism
 
 
A story worthy of a mystery author – or dramatist – has been hitting German headlines. It began when police at the Vienna airport in Austria arrested a first lieutenant of the German Bundeswehr army when he picked up a pistol hidden some weeks earlier in a bathroom. He denied it was his and was released. But his fingerprints somehow matched those of a [Syrian] refugee who had applied for German asylum two years earlier…
 
This young blond German officer, 28, had been registered in the German states of Hesse and Bavaria as a refugee from Damascus in Syria. He had said he was Catholic but the men of ISIS had persecuted him and killed some of his family because of his partially Jewish background and Jewish name – “David Benjamin”.  Strangely enough, he spoke little or no Arabic and was questioned in French – with a German accent. No-one had ever been suspicious, or so it was claimed. He then seems to have commuted between his job as officer in a mixed French-German unit in French Alsace and his false existence as a Syrian refugee in Germany.
 
… it seems he was planning to commit some crime which would then be blamed on Syrian immigrants, in line with a current media wave against “criminal foreigners”. Two things are known: his accomplice, a 24-year-old German student now also under arrest, stored munition for the lieutenant. And a “death list” found in his quarters includes the name of a young woman delegate of the LINKE in the Berlin Assembly who is known for her defense of immigrants…
  
How could the Bundeswehr, including the military snooping department (with the acronym MAD) somehow miss out on such strange goings-on? It now seems that they did indeed  know; the French military college where he had taken courses advised the German military authorities two years ago that his final thesis was racist and pro-fascist. Somehow this did not overly disturb anyone.
 
Ursula von der Leyen, the ambitious Defense Minister, hitherto preoccupied with building up an aggressively-oriented Bundeswehr… Now, suddenly, she was on the defensive – or not quite so suddenly, since more and more reports have surfaced in recent months of brutal customs in the armed forces... she took the unprecedented step of admitting weaknesses in processing and leaning doors open to “extremists” who are not supposed to be in the Bundeswehr – but always have been, sometimes at the top. [The German barracks were until recently full with memorabilia of the Nazis and the Wehrmacht. Only withdrawn because of an inspection.]   
 
How many knew of the officer’s double existence – and perhaps of his plot? How many have similar views? The story echoes the case of the National Socialist Underground group which murdered nine Greek or Turkish immigrants and one German policewoman and set off a disastrous bomb in a largely Turkish neighborhood. The trial of Beate Zschäpe, a surviving member of the group, is now in its 5th year in Munich while Bundestag investigations drag on – and there are more and more suspicious connections between the murders and official authorities who have somehow been shredding key documents incriminating secret service agents and politicians at high levels, and now, strangely enough, even the American FBI!”  
 
These news, which have been muffled by the media, are also reported in a presentation (in English) by Victor Grossman, an American communist living in Germany since the end of WWII, presently a member of the communist wing of Die Linke. We deem this presentation as of high interest on the dangers posed by Germany today, namely on the creation of a European army which would dominate the EU. Many European PCs seem aloof of this danger. As told by Grossman, “It will be wise to follow developments in Germany as close as you can”, “Germany represents a very great, great danger”.
 
US provocations against North Korea
 
The provocations of US and its allies Japan and South Korea against North Korea are on the rise. Among them, the installation of the American Terminal High Altitude Air Defense (THAAD) system in South Korea which poses a very real threat.
 
These provocations are a threat to world peace. An aggression led by the US or its proxies to North Korea has a high probability of involving China on the North Korean side.
 
Japan occupied Korea in 1910 exploiting it in the most brutal way and committing the worst atrocities against its people. At the end of WWII the Korean people engaged on a revolutionary fight to recuperate its sovereignty. The popular support was so overwhelming that at a certain time almost the whole peninsula was freed. The US then launched an aggression war (Korean war) and were able to establish a client state – South Korea – with tight economic relations to Japan and Taiwan. South Korea + Japan + Taiwan: the US pivot in the Pacific to “contain” China and exert a certain degree of domination in the China Sea, where there is oil.
 
A socialist type regime was built in North Korea. The US has always, and from the beginning, imposed sanctions and threatened North Korea with a war. The Americans have also launched systematic campaigns of slander, including the most extravagant lies. (Visitors of North Korea have refuted some of them, including a journalist of JN and the dramatist José L. Peixoto) Independently of whether or not one likes the North Korean regime – which is a non Marxist regime and has features which we do not endorse – the North Korean people have the right to defend themselves.
 
We agree with the following statements of the commentator Margaret Kimberley from the US Black Agenda Report (posted in ML Today):
 
The Democratic People’s Republic of Korea (DPRK), commonly known as North Korea, has the right to test and develop as many weapons as it likes. It doesn’t need another country’s permission to enhance its arsenal and, given America’s history of aggression, it is wise to do so. Any country deemed an enemy of the United States that doesn’t have a strong defense is in danger of ending up like Iraq or Libya, invaded or destroyed by other means.
 
There is no reason for Americans to pay attention to drivel about DPRK missiles reaching Alaska or any other part of this country. The United States has more weapons, nuclear and conventional, than any other nation in the world and is therefore the greatest threat to peace. The only danger from the DPRK’s missile program comes from American reactions to it.”
 
The imperialist aggression to Venezuela and the 7 million votes of the opposition
 
The imperialist aggression to Venezuela goes on in full strength. It’s being conducted on the ground by its agents of economic war and by violent fascist groups who have committed the worst barbarities – setting 51 buses on fire, including school buses and one with government officials, murdering citizens, terrorist actions, etc.; agents and groups paid by the USA. The PSUV government called for electing a Constituent Assembly with the aim of drawing up a Constitution in line with the social conquests of the people and also of providing legal (non revolutionary) forms of counteracting the imperialist-fascist aggression.
 
The bourgeois, para-fascist opposition, which so much cried out for a new Constitution four years ago, has now dropped that claim. It organized a referendum against the elections to the Constituent. As was to be expected, the pro-imperialist and globally hegemonic media – the large circulation Portuguese newspapers too – announced in big headlines the results of such referendum: over 7 million people voted against!
 
But here is what they don’t say:
 
-- The referendum was illegal, carried on without any institutional coordination whatsoever.
 
-- Precisely because it was illegal, the scrutiny was totally controlled by the opposition chieftains, without any independent monitoring.
 
-- It’s well-known that in all previous mobilizations – elections and the subscription for the impeachment of Maduro – the opposition always resorted to trickeries which were duly exposed and documented: votes/signatures of dead people, duplicate votes/signatures, etc. One can easily imagine the amount reached by such trickeries in a referendum totally controlled by the opposition.
 
-- The number of Venezuelan voters is of 20 million. Even if one leaves aside the trickeries the 7 million votes are far from a majority.
 
Let us remark that the situation in Venezuela is anything but easy. We observed in another article: the existence in state institutions of phony supporters of the revolution; the non resolution of the central issue of the class nature of the state; the incorrectness and illusions around the expression “socialism for the 21st century”.
 
A document of the Communist Party of Venezuela dating from last April and calling for the “most ample unity of anti-imperialist action to defeat the destabilizing and coup-plotter plan” is an important and clarifying one. Here are some excerpts with our italics:
 
“… [The oligarchy and far-right] in addition to the anti-people violence implied by stockpiling and high cost of life, carried out terrorist acts in the last weeks in several cities, accompanied by a national and international media war, aimed at generating confusion and instigating confrontations among citizens, creating a general  state of chaos and violence, leading to a bloody denouement of the political conflict, either by means of a coup d’état and/or by direct intervention of the north-American imperialism and the international institutions at its service… For that purpose, the pro-American right exerts pressure over the officers of the FANB [National Bolivarian Armed Forces] resorting to several forms of manipulation and blackmailing …
  
It is necessary and urgent the joint action and articulation between the government leadership, the parties of the Gran Polo Patriótico, the forces of the workers and popular movements, and the patriotic officers of the FANB. A PATRIOTIC AND POPULAR UNITARY PLAN is needed in order to defeat the terrorist right wing and the imperialism.
 
The Venezuelan working people demands that the sectors of the petty bourgeoisie which exert their hegemony in the National Executive, in the other public powers and in the party of the government [PSUV], abandon immediately any and every kind of sectarian and self-sufficient behavior, which has undermined the Bolivarian process and serves in actual practice the plans of the enemy.
 
The CPV has insisted since years ago on the need of a unitary and collective direction of the Bolivarian process of changes, but the petty bourgeois tendencies which have exerted the hegemonic direction of the government did not pay any attention to these appeals and proposals …
 
… in the face of the wavering and inconsequence of the petty bourgeoisie in the exercise of power, we appeal to the most conscious and fighting sectors of the workers and popular movement, of the peasantry, of the revolutionary middle layers and intellectuals, and to the patriotic officers, to build up a bloc of forces heading an ample patriotic and anti-imperialist alliance in order to frustrate the seditious plans of the pro-American right wing, and to also remove the reformist-surrenderist tendencies flowing from the bodies of the power which tend to favor the sectors of the big bourgeoisie, in collusion with the right wing social-democracy …”


quinta-feira, 20 de julho de 2017

Série «Marxismo e Ciência – Materialismo Histórico»

  
B4 – Capitalismo
    B4D – Capitalismo Liberal

  --------------------- Artigo Presente -------------------
   
    B4C – Capitalismo Monopolista de Estado (CME)
    1. MONOPÓLIOS
    2. CME
        Definição
        Notas
        Características gerais
        Classes sociais
        Evolução depois da 2.ªGM
               Fase 1: «Época áurea do capitalismo» até à «crise do
                            petróleo» (1946-1973)
               Fase 2: Os impérios neoliberais (início dos anos 80
                           até hoje)
        Transição
        Apêndice: «Capitalismo de Estado»

(Continua no próximo artigo)
“Marxism and Science – Historical Materialism” series

  
B4 – Capitalism
    B4D – Liberal Capitalism

--------------------- Present Article -------------------
   
   B4C – State Monopoly Capitalism (SMC)
   1. MONOPOLIES
   2. SMC
       Definition
       Remarks
       General features
       Social classes
       Development  after WWII
              Phase 1: “capitalism golden age” until the “oil
                              crisis” (1945-1973)
              Phase 2: The neo-liberal empires (beginning of the 80-
                               ies until today)
        Transition
        Appendix: “State Capitalism”

 (Continues in a forthcoming article)
    
B4C – Capitalismo Monopolista de Estado (CME)
  
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Vimos como o capitalismo liberal (B4D) engendrou e não poderia deixar de engendrar na sua fase final (finais do séc. XIX) o capitalismo monopolista e o imperialismo. A crise do capitalismo após a 1.ª Guerra Mundial (1.ª GM) levou, por um inevitável desenvolvimento lógico interno, a unir os monopólios com o poder do Estado, o CME. Na Europa, surgiram vários regimes fascistas que representaram a forma extrema, ditatorial, do CME, destinada a enfrentar a forte luta movida pelo proletariado e o «perigo do bolchevismo»: Itália em 1922, Portugal e Polónia em 1926, Alemanha em 1933, Espanha em 1939 na sequência de uma guerra civil em que as democracias burguesas da Inglaterra e França com a sua política de não-intervenção apoiaram de facto o fascismo, etc. O Japão também teve um regime fascista a partir de 1937. Nos países de democracia burguesa o CME consolidou-se na sequência da crise de 1929-33, em particular nos EUA com as políticas de intervenção estatal então adoptadas.
  
O CME é o tipo de formação social (FS) classista mais complexo que existiu e existirá. Usaremos, por isso mesmo, uma descrição estruturada de forma algo diferente da que adoptámos para outras FSs.
   
1. MONOPÓLIOS
   
De forma a entender o CME é conveniente entender primeiro o conceito de monopólio. Abordámos este tema no artigo «Monopólios».
   
2. CME
  
Definição
   
Forma final do capitalismo monopolista que une os recursos económicos dos monopólios ao aparelho do Estado, a fim de preservar o sistema capitalista, enriquecer os monopólios sob a hegemonia do capital financeiro, combater os movimentos dos trabalhadores e de libertação nacional, e apoiar o expansionismo imperialista a nível global. ||
  
Notas:

-- Vimos em B4D e em  «Monopólios» que estes nascem inevitavelmente da livre concorrência de pequenos capitais individuais, sem interferência governamental. Esta «liberdade» de interferência governamental, esta «livre iniciativa», mesmo em B4D nunca o foi totalmente. Os monopólios vieram pôr fim à liberdade de pequenos capitais individuais e vieram a unir-se a governos, órgãos estatais e instituições supra-nacionais. O actual slogan «mercado livre» é, por isso, uma descarada mentira neoliberal.
  
-- Também vimos em B4D a necessidade monopolista de matérias-primas baratas, de obter lucros em novos mercados, de super-explorar outras nações. Tudo isto implicou a opressão imperialista conduzida por órgãos estatais (militares e diplomáticos) em apoio dos monopólios e associados a estes de múltiplas formas. Implicou ainda o apoio financeiro; logo, a breve trecho, a união do capital industrial e comercial ao capital bancário e a supremacia deste último que se tornou um participante imperial proeminente através da exportação de capital.
Portanto, o CME com a ditadura de uns poucos indivíduos sobre biliões de seres humanos, com a opressão, miséria, guerras imperialistas, etc., nasceu devido a causas económicas objectivas e endógenas. Tal como nasceram o esclavagismo e o feudalismo.
  
-- Já vimos que em todas as FSs classistas o Estado é um instrumento da classe dominante para assegurar a sua supremacia (ditadura de classe); isto é, para assegurar o seu domínio económico e político conferido pela propriedade privada dos meios de produção e a exploração do trabalho das classes oprimidas. No CME o Estado é um instrumento da ditadura da burguesia [1] monopolista e, particularmente, da sua oligarquia financeira. Portanto, na definição acima, a união dos monopólios com o aparelho do Estado, deve ser entendida como um Estado cujo poder se encontra nas mãos dos monopólios – embora não seja um «departamento  dos monopólios».
  
-- A supremacia económica dos monopólios implica a sua supremacia política; logo, a sua forte influência sobre o Estado. No CME o Estado como instrumento dos monopólios é usado para preservar o CME e proporcionar super-lucros aos monopólios, garantir a acumulação capitalista, reforçar a supremacia dos monopólios a nível doméstico e a nível do expansionismo imperialista global, servindo como órgão de repressão dos movimentos dos trabalhadores e de libertação nacional, os quais nunca abandonaram a luta e alcançaram aqui e além algumas vitórias (Coreia do Norte, Cuba, Vietname, Laos, etc.).
  
-- A designação «capitalismo de estado» foi usada desde o final do século XIX para designar FSs dissemelhantes. Foi também muito usada após 1961 para difamar FSs de modo de produção socialista. Tornou-se inadequada como designação do CME. Este tema é analisado abaixo em Apêndice.
  
-- V.I. Lénine caracterizou magistralmente a fase imperialista do capitalismo (que remonta ao final do séc. XIX) em Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo [2], identificando a concentração do capital e da riqueza, o domínio do capital financeiro, a predação imperialista dos países mais fracos e o militarismo. Lénine usou pela primeira vez a expressão «capitalismo monopolista de Estado» num documento de Outubro de 1917 [3]. Num trabalho de Abril de 2017 [4] escreveu ao caracterizar os capitalistas alemães: «Este grupo introduziu os fundamentos da produção capitalista controlada pelo Estado, combinando o poder colossal do capitalismo ao poder colossal do Estado num mecanismo único, arrastando dezenas de milhões de pessoas para dentro da organização singular do capitalismo de estado».
  
-- Traços característicos do CME surgem nos EUA com a intervenção do Estado na crise de 1929-33, nomeadamente com empréstimos vultuosos a grandes corporações [5]. Mas é após a 2.ª GM e já sem o controlo directo do Estado sobre monopólios privados típico das economias de guerra, que o CME se consolida e desenvolve em todos os países do campo imperialista até à actualidade.
  
-- No CME crescem enormemente as forças produtivas a par de grandes avanços científicos e técnicos. Crescem também a concentração e centralização do capital, o domínio da oligarquia financeira, as contradições inter-monopolistas e a contradição entre a enorme socialização global da produção e a apropriação privada do capital que subjaz às grandes crises (1975, 1997, 2001, 2008). A intervenção estatal no CME é solicitada como regulador de contradições e crises.
  
-- No CME continuam a existir produtores não monopolistas, pequenos produtores de bens e serviços, a pequena produção camponesa, e o artesanato. O CME «puro», só com monopólios, não existe nem existirá. Já vimos em «Monopólios» que a essência do capitalismo (concorrência, mercados, lei do valor, lei da queda tendencial da taxa de lucro, etc.) permanece.
  
-- Vários economistas alemães (RDA e RFA) e soviéticos estudaram detalhadamente o CME desde o fim da 2.ª GM [6]. Estudos do CME por marxistas «ocidentais» até ao século XXI são raros [7]; esta situação parece ter-se vindo a alterar.
  
-- O CME é o tipo de FS classista mais complexo e, historicamente, o último [8] tipo de FS classista em condições normais [9].
B4C – State Monopoly Capitalism (SMC)
  
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We saw how liberal capitalism (B4D) engendered at its final stage (late 19th c.), and could not but engender, the monopoly capitalism and imperialism. The capitalist crisis after the First World War (WWI) brought about, through an unavoidable inner logical development, the joining of monopolies with the power of the state, the SMC. An extreme, dictatorial form of SMC emerged in Europe, in the form of several fascist regimes, intended to deal with the strong struggle moved by the proletariat and the “Bolshevik danger”: Italy in 1922, Portugal and Poland in 1926, Germany in 1933, Spain in 1939 following a civil war where the bourgeois democracies of UK and France, with their policy of non-intervention did in fact support the fascism, etc. Japan also had a fascist regime from the beginning of 1937. In the countries with a bourgeois democracy the SMC became a fact in the follow-up of the 1929-1933 crisis, particularly in the US with the state intervention policies which were then adopted.
  
The SMC is the most complex class-based social formation (SF) that has existed and will exist. For that reason our presentation will be structured in a somewhat different way of the one used for other FSs.
   
1. MONOPOLIES
   
In order to understand the SMC it is convenient to first understand the concept of monopoly. We approached this topic in the article «Monopolies».
   
2. SMC
  
Definition
  
Final form of monopoly capital which joins the economic resources of the monopolies with the machinery of the state, in order to preserve the capitalist system, enrich the monopolies under the supremacy of the financial capital, fight the workers’ and national liberation movements, and support the imperialist expansionism at a global level. ||
  
Remarks:

-- We saw in B4D and in “Monopolies that these inevitably arise out of the free competition of small individual capitals, competing without governmental interference. This “freedom” of governmental interference, this “free initiative”, even in B4D was never complete. The monopolies stepped in putting an end to the freedom of small individual capitals and came to join forces with governments, state organs, and supranational institutions. Today’s “free market” slogan is, therefore, a shameless neo-liberal lie.
  
-- We also observed in B4D the monopolist need of cheap raw materials, of obtaining profits in new markets, of super-exploiting other nations. All this implied the imperialist oppression conducted by state organs (military and diplomatic) in assistance to the monopolies and associated with them in multiple ways. It also implied the financial support; thereby, and in a short time, the union of industrial and commercial capital to the banking capital and the supremacy of the latter, which became a prominent imperial participant through the export of capital.
Thus, the SMC with the dictatorship of a few individuals over billions of human beings, with the oppression, misery, imperialist wars, etc., was born due to endogenous and objective economic causes. Just as slavery and feudalism.
   
-- We already saw that in all class-based SFs the state is an instrument of the dominant class to secure its supremacy (class dictatorship); that is, to secure its economic and political domination vested by the private ownership of the means of production and the exploitation of the labor of the oppressed classes. The state in the SMC is an instrument of the dictatorship of the monopolist bourgeoisie [1], particularly of its financial oligarchy. Therefore, in the above definition, the joining of the monopolies with the machinery of the state must be understood as a state whose power lies in the hands of the monopolies – though it is not a “department of the monopolies”.
  
-- The economic supremacy of the monopolies implies their political supremacy; therefore, their strong influence on the state. As an instrument of the monopolies the state is used in the SMC to preserve this type of SF, and to provide super-profits to the monopolies, to guarantee the capitalist accumulation, to reinforce the supremacy of the monopolies at home and at a global level of imperialist expansionism, serving as a repressive organ of workers’ and national liberation movements, which never laid down their struggle and achieved here and there some victories (North Korea, Cuba, Vietnam, Laos, etc.).
  
-- The expression “state capitalism” was used since late 19th century to designate dissimilar SFs. It was also much used after 1961 to slander SFs with a socialist mode of production. It became inadequate as a designation of SMC. This topic is analyzed in the Appendix below.
  
-- V.I. Lenin has masterly characterized the imperialist stage of capitalism (going back to late 19th c.) in Imperialism, the Highest Stage of Capitalism, [2], identifying the concentration of capital and wealth, the domination of financial capital, the imperialist predation of weaker countries and the militarism. Lenin used for the first time the expression “state monopoly capitalism” in a document of October 1917 [3]. In an April 2017 work [4], he wrote when characterizing the German capitalists: “This group introduced the beginnings of state-controlled capitalist production, combining the colossal power of capitalism with the colossal power of the state into a single mechanism and bringing tens of millions of people within the single organisation of state capitalism.”
   
-- Characteristic features of SMC emerge in the US with the state intervention in the 1929-33 crisis, namely with considerable loans to large corporations [5]. But it is only after WWII, and without the direct control of the state over private monopolies which is typical of war economies, that the SMC solidifies and develops across all countries of the imperialist camp until the present time.
  
-- The productive forces grow enormously in the SMC along with great scientific and technical advances. The concentration and centralization of capital also grow, together with the supremacy of the financial oligarchy, the inter-monopolist contradictions and the contradiction between the huge global socialization of production and the private appropriation of capital which underlies the great crises (1975, 1997, 2001, and 2008). The state intervention in SMC is called upon as a regulator of contradictions and crises.
  
-- Non-monopolist producers continue to exist in the SMC, along with small producers of goods and services, the small peasant production, and the craftsmanship. A “pure” SMC, only with monopolies, does not and will not exist. We already saw in «Monopolies» that the essence of capitalism (competition, markets, law of value, law of the tendential fall of the rate of profit, etc.) stays.
  
-- Several German (GDR and FRG) and Soviet economists have studied in detail the SMC since the end of WWII [6]. Studies of the SMC by “Western” Marxists are rarely found until the 21st century [7]; this situation seems to be gradually changing.
  
-- The SMC is the most complex class-based SF and historically the last class-based SF [8] in normal conditions [9].

  
   
Características gerais [10]

Como em outras FSs classistas existem variantes do CME de país para país, dependentes da organização política, da posição que cada país ocupa nas pirâmides imperialistas, da correlação de forças das classes sociais, da evolução histórica, etc. Observam-se também variações do CME ao longo do tempo, de que trataremos mais adiante.
  
Qualquer que seja a variação específica no espaço e no tempo existem certas características gerais e permanentes do CME, cuja «intensidade» está associada com a organização política. Esta varia entre o fascismo e formas autoritárias [11] – com união total ou quase total do Estado com os monopólios -- até à democracia burguesa – em que o Estado mantém alguma independência, tomando em conta interesses e correlação de forças de todas as classes sociais não monopolistas, de forma a manter uma base de apoio político suficientemente larga para o capital monopolista. Essa independência é sempre condicional. Num cenário de crise que ameace os seus privilégios, a classe monopolista – se não for travada pela luta da classe operária e seus aliados -- conduz o Estado à quebra de regras democráticas, ao autoritarismo e mesmo ao fascismo, conforme a história demonstrou repetidamente.
As características gerais são:
  
1. O Estado mobiliza capital social no interesse dos monopólios e emite leis a seu favor. Nas democracias burguesas em que o Estado mantém alguma independência, não deixa, contudo, de travar leis democraticamente aprovadas quando ferem interesses monopolistas.
  
2. O Estado facilita a instalação de monopólios mesmo que tal arruíne pequenas e médias empresas. (Os monopólios frequentemente compram pequenas e médias empresas arruínadas abaixo do seu valor ou transformam-nas em seus apêndices.)
  
3. O Estado usa políticas de impostos [12], de subsídios e normas contratuais (construção de infraestruturas, contratos de armamento, etc.) que favorecem os monopólios, sendo frequentemente tais políticas ditadas por estes ou em conluio com estes. Facilita também a evasão fiscal dos monopólios, por vários meios, nomeadamente através de offshores. O peso dos impostos cai sobre outras classes.
  
4. Alianças de monopólios com interligação directoral e suborno de dirigentes estatais e governamentais (ver final do artigo sobre monopólios) de forma a decidir as políticas mais favoráveis aos monopólios. As decisões governamentais de alguma importância só são adoptadas, em geral, depois de serem examinadas pelas organizações monopolistas.
   
5. O Estado nacionaliza ou privatiza de acordo com os interesses conjunturais dos monopólios. Nacionaliza o que dá prejuízo e privatiza o que dá lucro, sempre nas condições mais favoráveis aos monopólios e à custa do património criado por gerações de povo comum.
  
6. O Estado salva da bancarrota monopólios («resgates» de grandes companhias, bancos, companhias de seguros, etc.), mesmo que a bancarrota derive de ilícitos. Não são os bens dos donos e grandes accionistas provenientes da exploração do trabalho que são mobilizados para salvar os monopólios. São sim os fundos sociais provenientes dos salários.
  
7. Quando os interesses dos monopólios são contraditórios [13] o Estado age como conciliador ou árbitro desses interesses. O Estado assume o papel de instrumento de poder da classe monopolista no seu conjunto.
  
8. Os monopólios articulam com o Estado políticas imperialistas, complexos industriais-miltares, guerras de agressão, destruição de países, colhendo disso enormes lucros.
  
9. Os monopólios articulam com o Estado a criação e participação em uniões internacionais cujo finalidade é o enriquecimento dos monopólios a nível global, a exploração dos países fracos pelos fortes, a pilhagem de recursos e a obtenção de super-lucros em colónias e semi-colónias. O número e importância destas uniões tem constantemente aumentado. As actuais são de concertação estatal (UE, Nafta, etc.), financeiro e comercial (FMI, BM, OMC, etc.), militar (Nato, Anzus, aliança EUA-Japão, etc.), de definição de estratégias monopolistas e demarcação de esferas de influência (clube Bilderberg, Fórum de Davos, G-7, G-20, etc.). Apesar da finalidade de concertação, as contradições imperialistas têm-se agravado.
  
10. Os monopólios desenvolvem múltiplas acções a fim de conquistarem e controlarem as mentes: subsidiam os partidos burgueses e suas campanhas eleitorais; juntamente com os monopólios dos media desenvolvem propaganda global a favor do capitalismo e imperialismo, denegrindo as lutas dos povos oprimidos, o socialismo, e seus líderes; juntamente com os monopólios das actividades de lazer (cinema, produtores de televisão, parques de diversões, etc.) promovem 24/dia a apologia do CME [14].
   
Classes sociais
   
A burguesia monopolista é a classe dominante; engloba as burguesias monopolistas dos sectores de produção de bens e serviços, financeiro, e comércio. A burguesia do sector produtivo de bens e serviços, proprietária dos principais meios de produção, explora o trabalho nativo doméstico e super-explora o trabalho imigrado doméstico e o trabalho da produção externalizada. A burguesia dos outros sectores apropria-se de parte do valor criado na produção de bens e serviços. O crédito, a super-exploração imperialista, a articulação monopólios-Estado, e a especulação, conferem um papel hegemónico à burguesia financeira. Monopolistas financeiros são também frequentemente monopolistas industriais e/ou comerciais. Ao longo do CME crescem os monopólios de serviços e comércio e sua contribuição relativa  para o PIB. (O subsector de serviços era menor em B4D.)
  
O CME promoveu a criação de uma elite específica. Inclui grandes accionistas, gestores, altos quadros técnicos, altos funcionários de aparelhos estatais (administrativos, financeiros e económicos) e, em muitos países, líderes da casta militar. Esta elite está intimamente interessada e dedicada à preservação do CME devendo considerar-se como pertencendo à alta burguesia.
   
Na preservação do capitalismo os monopólios procuram o apoio da burguesia não-monopolista: rentistas, senhorios, capitalistas rurais, pequenos e médios produtores e comerciantes. Estes têm cada vez menor importância no CME, ao contrário do que acontecia em B4D. Têm, contudo, aumentado de importância os pequenos negócios de fornecimento de serviços em nichos específicos não ocupados pelos monopólios: restauração, turismo, ocupação de tempos livres, clínicas privadas, serviços de contabilidade, documentação e administração, intermediação imobiliária, ginásios, etc.
  
A classe operária é a vanguarda da luta contra a opressão capitalista e a opressão nacional. Tem como potenciais aliados os trabalhadores assalariados de outros sectores, os trabalhadores por conta própria de baixos rendimentos, incluindo os pequenos camponeses, e os estratos mais baixos da burguesia não-monopolista.
   
Evolução depois da 2ªGM:
   
A evolução do CME pode estruturar-se adequadamente em duas fases, correspondentes a duas variantes do CME com a mesma base socio-económica e características gerais, distintas apenas pelo tipo de intervenção do Estado: a variante Keynesiana, de financiamento estatal, e a variante neoliberal, radical-autoritária de mercado.
As duas fases decorrem sob hegemonia imperial dos EUA.
   
Fase 1: «Época áurea do capitalismo» até à «crise do petróleo» (1946-1973)
  
A crise geral do capitalismo que conduziu à 1ªGM, com lutas revolucionárias das classes operárias de vários países, a Revolução de Outubro em 1917 e a construção do primeiro estado socialista, levaram os ideólogos burgueses a procurar soluções. A «ameaça do comunismo», a crise de 1929 e a intervenção estatal do «New Deal» inspiraram o economista burguês JM Keynes a propor políticas económicas anti-cíclicas que estimulassem o consumo, reduzissem o desemprego e assegurassem a paz social através de financiamentos estatais (incorrendo o Estado em endividamento por empréstimos). Apesar do seu carácter anti-científico (as teorias de Keynes são ainda mais absurdas  que as teorias liberais neoclássicas [15]) elas foram aceites por várias democracias burguesas após a 2ªGM pelas seguintes razões:
  
-- Porque no pós-guerra havia que reconstruir muitas infra-estruturas e equipamentos sociais (escolas, hospitais, etc.) destruídos pela guerra, sanear terrenos e cidades, recuperar indústrias pouco lucrativas (minas hulhíferas, produção e distribuição de energia, etc.), transformar indústrias de armamento em indústrias civis, o que implicava em avanços de capital não interessantes para os monopólios e em trabalhos e planeamento integrado que impunham intervenção estatal; para o efeito, fizeram-se nacionalizações de empresas falidas em condições favoráveis ao capital e criaram-se monopólios estatais;
  
-- Porque o rearranque da economia após a enorme destruição de capital fixo, as oportunidades criadas para novas indústrias com infra-estruturas e formação de quadros a cargo do Estado, e a enorme massa de desempregados desmobilizados da guerra, criavam as condições de grandes lucros para os monopólios e o capitalismo em geral;
  
-- Porque um fluxo importante de emigrantes permitia efectuar as mais penosas operações de reconstrução pós-guerra por muito baixos salários;
  
-- Porque todas as condições anteriores permitiam salários mais generosos aos trabalhadores nativos, dando início ao «Estado de bem-estar» que muitos defendem irá durar eternamente. O «Estado de bem-estar» permite fazer face à atracção do campo socialista – com maiores subidas de bem-estar e the benefícios sociais – favorecendo políticas de colaboração de classes, com apoio da social-democracia e dos dirigentes sindicais amarelos.
  
É claro que os fascismos sobreviventes de Espanha e Portugal estiveram fora deste processo. O Japão foi colocado no CME pela administração americana (com o general MacArthur actuando como uma espécie de vice-rei).
   
Aspectos centrais da fase 1:
  
EUA largamente hegemónicos; total submissão europeia aos EUA
  
-- Em 1945 a produção dos EUA era mais do dobro da de 1935-39: dois terços do petróleo mundial; mais de metade da electricidade; 80% das reservas mundiais de ouro. Os EUA têm o maior exército, a maior força naval e aérea e dispõem sozinhos da bomba atómica.
   
-- Ainda antes do fim da 2ªGM os EUA e a GBR estabeleceram os acordos de Bretton-Woods que impuseram às economias capitalistas desenvolvidas um CME favorável aos EUA. A representação da GBR em Bretton-Woods incluía Keynes. Ela deu o nó de fiel apoiante dos EUA e assinou tudo que os EUA queriam sem consideração pelas pretensas «preocupações sociais» de Keynes. A supremacia dos  EUA foi imposta pelos então instituídos BM, FMI e o embrião da OMC [16].  Em Bretton-Woods é também fixada a paridade das moedas face ao ouro, mais tarde abandonada pelos EUA; na realidade, é o dolar que governa as transacções.
  
-- Um dos instrumentos de submissão da Europa capitalista aos EUA foi o Plano Marshall (anunciado em Junho de 1947) de ajuda (empréstimos) para reconstrução da Europa. A ajuda vinha com segundas intenções. Inicialmente, ainda a URSS foi convidada e participou numa discussão tripartida com a GBR e FRA. Depois da análise detalhada do Plano a resposta soviética foi de denúncia das intenções subjacentes ao Plano [17]. Entretanto, conforme previsto pela URSS, é constituída a CEE em 1957 (RFA, FRA, ITA, BENELUX). A GBR, constantemente instigada nesse sentido pelos EUA, juntou-se-lhe em 1973.
  
Fase 1 decorre no contexto do confronto entre os dois sistemas -- capitalismo e  socialismo – e da libertação colonial
  
-- Unilateralmente, EUA e seus apêndices quebram a aliança com a URSS, desejada por Estáline para o pós-guerra, e lançam-se na guerra fria [17]. O mundo divide-se em dois campos: capitalista e socialista. A URSS tinha-se tornado uma grande potência industrial; apesar das enormes destruições materais e humanas da 2ªGM, o seu indice de produção industrial em 1950 ultrapassa em 71% o nível de 1940. Em 1949, e com o apoio da URSS, é proclamada a República Popular da China com um programa socialista. Em 1959 vence a Revolução Cubana.
  
-- Aterrado com o sucesso e progresso do socialismo, o imperialismo concentra todas as suas forças para «conter» o socialismo e destruí-lo. O imperialismo reaplica a política do «cordão sanitário» anterior à 2ªGM, agora chamada «cortina de ferro», termo inventado por Churchill. Aplica sanções económicas, remove pela força a participação de comunistas nos governos de França e Itália, persegue comunistas em vários países (p. ex., macartismo nos EUA em 1950-57), escala o armamentismo e funda alianças agressivas (NATO em 1949).
  
-- Nos anos 50-60 dá-se a descolonização da Ásia e África, com apoio importante do campo socialista aos movimentos de libertação. O campo socialista defende na ONU o princípio da autodeterminação, a Declaração Universal dos Direitos do Homem [18] e travou em muitos casos a ingerência imperialista permitindo que vários povos fizessem livremente as suas escolhas de sistema socio-econonómico, concedendo ajuda económica e técnica (Índia, Egipto, Cuba, Vietname, etc.). É fundado em Bandung em 1955 o Movimento dos Países Não Alinhados.
  
O imperialismo procura instalar governos clientes, anti-povo, que proporcionem super-lucros na exportação de capital e a rapina de recursos
  
-- O imperialismo desencadeia constantemente guerras de agressão e golpes para substitutir governos populares e democráticos por governos fascistas com burguesias locais conluiadas com monopólios imperiais. As infracções imperiais aos direitos humanos também são constantes (para além dos EUA [19], lembremo-nos das crueldades cometidas pelos britânicos na Índia, pelos franceses no Vietname e Argélia, pelos holandeses na Indonésia, pelos belgas durante o golpe e assasinato de Lumumba no Congo, etc.).
  
-- Prossegue como em B4D a rapina imperial de matérias-primas (borracha, metais, petróleo) e de produtos agrícolas (café, cacau, algodão, etc.).
  
-- Os monopólios financeiros dos países imperiais desenvolvidos continuam a política de exportação de capital já seguida no final de B4D, agora em maior escala por ser dirigida também a países emergentes da descolonização; a exportação de capital é articulada, como em B4D, com a instalação de subsidiárias dos monopólios industriais em novos países, agora também em maior escala. Parte dos superlucros da exportação de capital e de subsidiárias permite comprar elites locais.
  
-- A comprovar esta tendência, o número de sucursais bancárias dos EUA no estrangeiro cresce cerca de 8 vezes entre 1950 e 1975 [20]: 95 em 1950, 124 em 1960, 460 em 1969, 732 em 1975. De 1967 a 1971 o investimento no estrangeiro cresce à taxa anual de 8% na GBR, 10% nos EUA (26% em 1945-1950 [21]), 12% na FRA, 24,5% na RFA e 32% no JPN [20]. Nesse mesmo período o IDE dos EUA é mais de metade do IDE global.
  
O Estado de bem-estar e o seu fim
  
-- A desigualdade social nos países capitalistas desenvolvidos desceu. Vários autores ilustram essa descida com um gráfico como o inserido abaixo, que mostra para os agregados familiares dos EUA a fatia do rendimento nacional detida pelos 10% mais ricos [22]: diminuiu de cerca 10%. A questão é, contudo, mais complexa. O aumento de rendimento só foi significativamente maior nos estratos de médio rendimento: comparada com a fatia dos 20% mais pobres a fatia dos rendimentos entre 60% e 80% subiu cerca de 5 vezes mais [23]. O cenário era semelhante noutros países. A pobreza continuou elevada bem como o desnível social: nos EUA em 1966 e segundo os criterios da administração americana 1/5 da população é pobre e os 10% mais ricos têm rendimentos 29 vezes maiores do que os 10% mais pobres. Em França, esta proporção é de 18 vezes em 1970 e tal como nos EUA 1/5 da população é pobre [20].
General features [10]
  
As with other class-based SFs there are SMC variants across countries, depending on political organization, position that each country occupies in the imperialist pyramids, correlation of forces of the social classes, historical development, etc. One also observes SMC changes along time, which will be approached at a following section.
  
Whatever the specific variation in space and time is, there are a number of certain general and permanent features of SMC, whose “intensity” is associated to the political organization. This varies from fascism and authoritarian forms [11] – with a complete or almost complete merging of the state with the monopolies – to the bourgeois democracy – where the state maintains some independency, taking into account interests and correlation of forces of all non-monopolist social classes, in such a way as to provide a sufficiently large basis of political support to monopolist capital. This independency is always a conditional one. In a crisis scenario threatening its privileges the monopolist class – if not curbed by the struggle of the working class and its allies – will conduct the state to breaking the democratic rules, to authoritarianism and even to fascism, as repeatedly demonstrated by history.
The general features are:
  
1. The state mobilizes social capital in the interest of the monopolies and issues laws on their favor. In the bourgeois democracies, where the state retains some independence, it will nevertheless obstruct democratically approved laws when they go against monopolist interests.
  
2. The state facilitates the installation of monopolies even if that spells ruin to small and medium-sized enterprises. (The monopolies often buy below value ruined small and medium-sized enterprises or transform them in theirs appendages.)
  
3. The state applies tax [12] and subsidizing policies as well as contract regulations (construction of infrastructures, contracts for armament supply, etc.) to the advantage of monopolies. Frequently such policies are dictated by the monopolies or in colluding with them. The state also facilitates tax evasion of monopolies in several ways, namely through offshores. The tax burden is shifted to the other classes
   
4. Alliances of monopolies with directorate interlocking and bribery of state and governmental leaders (see last section of the article on monopolies) in order to decide the policies most favorable to the monopolies. All governmental decisions of any importance are adopted, as a rule, only after they have been examined and approved by these organizations of monopolists
  
5. The state nationalizes or privatizes according to circumstantial interests of the monopolies. Nationalizes loss-givers and privatizes profit-givers, always in the most favorable conditions to monopolies and at the cost of the patrimony built up by generations of common people.
  
6. The state rescues monopolies out of bankruptcy (“bail-outs” of large companies, banks, insurance companies, etc.), even if the bankruptcy is the result of illicit actions. One doesn’t see property of owners and major shareholders, acquired through labor exploitation, being mobilized to rescue monopolies. Instead, the social funds derived from wages are mobilized.
   
7. Whenever the interests of monopolies are contradictory [13] the state acts as a conciliator or referee of those interests. The state assumes the role of power instrument of the monopolist class as a whole.
  
8. The monopolies and the state coordinate imperialist policies, military-industrial complexes, aggression wars, destruction of countries, collecting huge profits as a result.
  
9. The monopolies and the state coordinate the building up and participation in international unions whose purpose is the enriching of the monopolies at a global level, the exploitation of the weak countries by the strong ones, the plunder of resources and the extraction of super-profits from colonies and semi-colonies. The number and importance of these unions has constantly increased. They are today of state coordination (EU, NAFTA, etc.), financial and commercial (IFM, WB, WTO, etc.), military (NATO, ANZUS, US-Japan alliance, etc.), of definition of monopolist strategies and demarcation of spheres of influence (Bilderberg Club, Davos Forum, G-7, G-20, etc.). In spite of coordination efforts, the imperialist contradictions have aggravated.
  
10. The monopolies launch multiple actions having in view to conquer and control the consciences: they subsidize the bourgeois parties and their electoral campaigns; together with the monopolies of the media they spread propaganda at a global level defending capitalism and imperialism, smearing the struggles of oppressed peoples, socialism, and their leaders; together with the monopolies of leisure activities (cinema, TV producers, amusement parks, etc.) they promote 24 hours/day the apology of SMC [14].
   
Social classes
   
The monopolist bourgeoisie is the dominant class; it comprises the monopolist bourgeoisies of the production of goods and services, financial, and commercial sectors. The bourgeoisie of the productive sector of goods and services, owns the main means of production, exploits the native domestic labor, and super-exploits the domestic labor of emigrants and the labor of externalized production. The bourgeoisie of the other sectors appropriates part of the value created by the production of goods and services. The credit, the imperialist super-exploitation, the coordination monopolies-State, and the speculation, confer a hegemonic role to the financial bourgeoisie. The financial monopolists are also frequently industrial and/or commercial monopolists. In the SMC grow along time the monopolies of services and commerce, and their contribution to the GDP. (The services sub-sector was minor in B4D.)
  
The SMC promoted the formation of a special elite. It consists of major shareholders, directing staff, high technical cadre, higher officials of the state apparatus (administrative, financial and economic), and in many countries the leadership of the military caste. This elite is intimately interested and dedicated to preserving the SMC and should be considered as being part of the high bourgeoisie.
  
In preserving capitalism the monopolies employ the support of the non-monopoly bourgeoisie: rentiers, landlords, rural capitalists, small and medium-sized producers and shop-owners. The importance of these is becoming each time smaller in SMC, contrary to what happened in B4D. However, the relevance of small businesses supplying services in specific niches, unoccupied by monopolies, has grown: restaurants, tourism, leisure activities, private clinics, accounting services, documentation and administration, real estate intermediation, gymnasia, etc.
  
The working class is the vanguard of the struggle against capitalist and national oppression. Its potential allies are the common wage workers in general, self-employed workers of low income, including small peasants, and the lower strata of the non-monopolist bourgeoisie.
   
Development after WWII:
   
The development of SMC can adequately be structured in two phases, corresponding to two variants of SMC with the same socio-economical basis and general features, being distinct only by the type of state intervention: the Keynesian variant of state financing and the neo-liberal variant, market radical-authoritarian.
Both phases develop under the US hegemony.
   
Phase 1: “capitalism golden age” until the “oil crisis” (1945-1973)
  
The general crisis of capitalism which led to WWI, with revolutionary struggles of the working class in several countries, the October Revolution of 1917 and the building of the first socialist state, impelled the bourgeois ideologists to search for solutions. The “communist threat”, the 1929 crisis and the state intervention of the “New Deal” moved the bourgeois economist JM Keynes to propose anti-cyclic economic policies that would stimulate consumption, reduce unemployment, and secure a social peace, through state investments (incurring the state in debt due to loans). In spite of its anti-scientific grounds (Keynes’ theories are even more absurd than the neoclassic liberal theories [15]) they were accepted by a number of bourgeois democracies after WWII for the following reasons:
  
-- Because the postwar period demanded the rebuilding of many social infrastructures and equipments (schools, hospitals, etc.) destroyed by the war, sanitation of lands and towns, recuperation of low profitable industries (coal mines, production and distribution of energy, etc.), transformation of armament industries into civil industries, all implying capital advancements not interesting for the monopolies and in integrated works and planning requiring state intervention; to that effect, nationalizations were made of bankrupted enterprises in conditions favorable to the capital and state monopolies were established;
  
-- Because the economic restart after the huge destruction of fixed capital, the opportunities opened to new industries with infrastructures and staff training as the charge of the state, and the huge mass of unemployed men demobilized from the war, created the conditions for big profits for the monopolies and capitalism in general;
  
-- Because an important inward flow of migrants allowed to carry out the most hard operations of postwar reconstruction at very low wages;
  
-- Because all the above conditions allowed more generous wages to the native workers, setting in the “welfare state” that many claim will last forever. The “welfare state” counteracts the attraction of the socialist camp – with faster rises of welfare and social benefits --, favors policies of class collaboration with the assistance of the social-democracy and the yellow trade-union leaders.
  
The surviving fascisms of Spain and Portugal were, of course, out of this process. Japan was put into the SMC by the US administration (general D. MacArthur acting as a sort of Viceroy).
   
Phase 1 central aspects:
  
US largely hegemonic; complete European  submission to the US
   
-- The US production in 1945 was more than the double of the 1935-39 production: two thirds of the world oil; more than half of the electricity; 80% of the gold world reserves. The US has the largest army, the largest naval and air forces, and are the sole power with the atomic bomb.
  
-- Sometime before the end of WWII, USA and GBR established the Bretton-Woods agreements imposing to the developed capitalist economies an SMC favorable to the US. The GBR representation in Bretton-Woods included Keynes. It espoused the role of faithful supporter of US and signed everything that the US wanted it to sign without consideration by the pretence “social concerns” of Keynes. US supremacy was imposed by the then instituted WB, IMF and the embryo of the WTO [16].  In Bretton-Woods is also fixed the parity of the currencies vis-à-vis the gold, later abandoned by the US; in the real world the US dollar governs the transactions.
  
-- One instrument to submit capitalist Europe to the US was the Marshall Plan (announced in June 1947) of an aid (loans) for the reconstruction of Europe. The aid came with second intentions. Initially, even the USSR was invited and did participate in a tripartite discussion with GBR and FRA. After a detailed analysis of the Plan the Soviet response was one of denunciation of the intentions underlying the Plan [17]. In the meantime, as predicted by the USSR, was constituted the EEC in 1957 (FRG, FRA, ITA, BENELUX). GBR, constantly instigated in that direction by the US joined it in 1973.
  
Phase 1 develops in the confrontation context of two  systems – capitalism and  socialism – and of colonial liberation
  
-- Unilaterally, the USA and its appendages break the alliance with the USSR, wished by Stalin for the postwar period, and launch the cold war [17]. The world is divided into two camps: capitalist and socialist. The USSR had become a large industrial power; despite the enormous WWII material and human destructions, its industrial production index in 1950 exceeds in 71% the value of 1940. In 1949, and with the USSR support, is proclaimed the People’s Republic of China with a socialist programme. In 1959 the Cuban Revolution is victorious.
  
-- Terrified by the success and advance of socialism, the imperialism concentrates all its forces in order to “contain” socialism and destroy it. The imperialism reapplies the policy of “cordon sanitaire” previous to WWII, now coined “iron curtain”, an expression invented by Churchill. It applies economic sanctions, removes by force the participation of communists in the governments of France and Italy, persecutes communists in several countries (e.g., McCarthyism in US, 1950-57), escalates the weapons race and establishes aggressive alliances (NATO in 1949).
  
-- The years 50-60 sees the decolonization of Asia and Africa, with an important support of the socialist camp to the liberation movements. The socialist camp defends in the UN the principle of self-determination and the Universal Declaration of Human Rights [18]; curbed in many cases the imperialist interference allowing many peoples to freely make their choices of socio-economic system, granting economic and technical aid (India, Egypt, Cuba, Vietnam, etc.). The Non-Aligned Movement is founded in Bandung in 1955.
  
Imperialism aims at installing anti-people client governments, providing super-profits to the export of capital and the plunder of resources
  
-- Imperialism constantly launches wars of aggression and coups to replace popular and democratic governments by fascist ones, with bourgeoisies colluding with the imperial monopolies. Imperial infringements to human rights are a constant (besides US [19], let us recall the atrocities committed by the British in India, by the French in Vietnam and Algeria, by the Dutch in Indonesia, by the Belgian during the coup and murder of Patrice Lumumba in Congo, etc.).
  
-- The imperial plundering of raw materials (rubber, metals, oil) and of agriculture products (coffee, cocoa, cotton) continues to take place as in B4D.
  
-- The financial monopolies of the developed imperialist countries continue their export of capital policies as in the late period of B4D, now at a higher scale since it is directed to countries emerging from the decolonization; the export of capital is coordinated as in B4D with the installation of subsidiaries of the industrial monopolies in the new countries, now also at a larger scale. Part of the super-profits from the export of capital and subsidiaries is used to buy local elites.
  
-- This tendency can be proved by the number of bank agencies opened by the US abroad: it increases by a factor o 8 between 1950 and 1975 [20]: 95 in 1950, 124 in 1960, 460 in 1969, and 732 in 1975. From 1967 to 1971 the investment abroad grows at an annual rate of 8% in GBR, 10% in USA (26% in 1945-1950 [21]), 12% in FRA, 24.5%, in FRG and 32% in JPN [20]. In the same period the US investment abroad is more than half the total investment abroad.
  
The welfare State and its end
  
-- The social inequality in the developed capitalist countries decreased. Several authors illustrate this decrease with a chart as the one inserted below, which shows the share of national income detained by the richest 10% of the US households [22]: it decreased of about 10%. The inequality issue is, however, more complex. The increase of income was only significantly larger for the medium income strata: compared with the share of the bottom 20%, the share of incomes between 60% and 80% increased about 5 times more [23]. Other countries show a similar scenario. Poverty stayed high as well as the social gap: according to the criteria of the American administration 1/5 of the US population in 1966 was poor and the richest 10% had incomes 29 times higher than the poorest 10%. This proportion is of 18 times in France in 1970 and, as in the US, 1/5 of the population is poor [20].
  
Percentagem do rendimento nacional de que dispõem os 10% de agregados familiares dos EUA de maior rendimento. Notar a brusca descida da fatia dos 10% mais ricos ao iniciar a fase 1. Share of the national income detained by the 10% US households of higher income. Note the abrupt fall of the share of the richest 10% at the beginning of Phase 1.
   
-- Aumenta a concentração do capital. Nos EUA há mil fusões por ano no início dos 60. As 100 maiores companhias que controlavam 44% dos activos das indústrias em 1929 controlam 62% em 1962. Grandes empórios americanos dominam a produção e comércio do petróleo (Standard Oil, Mobil, Texaco, Gulf), automóvel (Ford, General Motors, Chrysler), construção eléctrica (General Electric, Western Electric), informática (IBM), comunicações (ITT). Aumenta também a interligação directoral. Há medida que se desenvolve a produção noutros países capitalistas a parte dos EUA no conjunto da produção do mundo capitalista diminui: 7/10 em 1950, menos de 2/3 no início dos 60, menos de ½ no início dos 70 [20].
   
-- Na fase 1 cresce enormemente o consumo de massas apoiado pelos monopólios do comércio. O enorme estímulo ao consumo estimula também todos os ramos da produção capitalista, desenvolvendo as indústrias da publicidade. A taxa de desemprego atinge mínimos históricos [24]. O ambiente entre os defensores do capitalismo é eufórico; estar-se-ia perante um «capitalismo popular», permanentemente em equilíbrio e controlado por um Estado supostamente neutro favorecendo todas as classes.
  
-- A euforia incentiva investimentos e aumentos de produção e, claro, de sobreprodução. Logo, aumentos de importações de petróleo pelas economias desenvolvidas. Nos EUA, p. ex., as importações de petróleo aumentaram linearmente de 373,3 milhares de barris em 1957 para 483,3 em 1970; depois saltaram atingindo 1184 milhares de barris em 1973 [25]. A moeda de pagamento internacional era o dólar americano. A breve trecho, os países exportadores viram-se a braços com montanhas de petrodólares desvalorizados pela inflação (cresceu nos EUA de 1,6% para 6% no período 1960-1970). Os países da OPEC vinham a considerar aumentar o preço do petróleo. A guerra do Yom Kippur em 1973 e a revolução iraniana em 1979 serviram de justificação ao boicote da OPEC às exportações de petróleo para as potências ocidentais e aumento de preço (aumentou seis vezes no período 1973-1980! [26]). Foi a causa próxima das duas «crises do petróleo», de 1973 e 1979. Na realidade, esse boicote não teve o impacto que muitos supõem. Os EUA, p. ex., aumentaram a importação de petróleo para 2.414,3 milhares de barris em 1977 (!). Só em 1979 a importação desceu, mas mesmo assim manteve-se muito superior aos níveis pré-crise com um mínimo de 1.273,2 milhares de barris em 1982. De facto, a causa das causas das crises era a velha lei capitalista da queda tendencial da taxa de lucro que vinha caindo desde 1960 [27]. Os monopólios viam-se confrontados com um problema insolúvel pelo keynesianismo. Voltaram-se para o neoliberalismo, isto é, para a regressão social.
   
Fase 2: Os impérios neoliberais (início dos anos 80 até hoje)
   
A doutrina neoliberal advoga um conjunto de medidas de expansão do capital através de: controlo das fontes de petróleo e matérias-primas estratégicas; penetração e controlo global dos monopólios através de subsidiárias e produção em outsourcing; privatização de propriedade pública; controlo da economia pelos monopólios financeiros a que se devem submeter instituições bancárias estatais e supra-estatais; desregulamentação – o Estado deve ser apenas um apoiante dos monopólios e não procurar investir e controlar a economia. A doutrina neoliberal advoga também a submissão total ao capital, rompendo com a máscara de «capitalismo popular» da Fase 1: submissão total do trabalho aos interesses do capital, limitação de direitos sindicais e de contratação colectiva, destruição do sistema de segurança social.
  
A fim de enganar o cidadão comum sobre a brutalidade reaccionária das políticas neoliberais, estas são sempre implementadas a coberto de um arsenal de palavras de ordem mistificadoras: «liberdade de iniciativa», «mercado livre», «eficiência da gestão privada», «não há alternativa», etc.
   
Aspectos centrais da Fase 2:
  
-- Intensificação da super-exploração imperialista, nomeadamente através da produção externalizada em países subdesenvolvidos.
  
-- Aumento brutal da concentração e centralização do capital. A economia mundial está largamente dominada por centena e meia de monopólios com supremacia absoluta dos monopólios financeiros: ditadura do capital financeiro.
  
-- Aumento brutal da especulação financeira e do capital fictício [28]. A especulação viciosa com derivados começou precisamente nos anos 80 com o neoliberalismo. O capital total investido em derivados é actualmente estimado em 1,2 quadriliões de USD (1.200.000.000.000.000 USD), cerca de 13,2 vezes o PIB mundial !
  
-- Na fase 2 ocorre a primeira grande depressão pós-2ªGM, cuja causa próxima é a da especulação financeira (derivados sobre empréstimos imobiliários) mas cuja causa determinante é a da queda da taxa de lucro e consequente fuga do financiamento produtivo para a especulação.
  
-- O colapso da URSS em 1990 e a deriva da China para o capitalismo e imperialismo a partir de 1978 (Deng Xiaoping) provocam o desânimo e confusão nos movimentos dos trabalhadores, a teoria de que «não há alternativa» ao CME neoliberal, desarmam as lutas das nações oprimidas, e conduzem à re-emergência da fera fascista em muitos países. Os imperialistas EUA&C.ª sentem-se com as mãos livres para empreender acções provocadoras contra a Rússia (expansão da NATO até às fronteiras russas, etc.), e a China (diferendos e provocações no Mar da China, etc.). Surgem contradições inter-imperialistas que se supunham enterradas com a 2ªGM.
  
-- Imperialismo agressivo dos EUA&C.ª, sob a capa da NATO e da ONU, com o aumento de guerras e operações violentas de subversão, nomeadamente depois do colapso da URSS e seus aliados: guerras do Golfo, guerra do Afeganistão, destruição da Jugoslávia e Líbia; guerra na Síria; golpe violento de extrema-direita na Ucrânia; subversão violenta e guerras na Geórgia, subversão violenta na Venezuela; etc.
  
-- A ditadura do capital financeiro, o volume astronómico dos derivados, o montante astronómico das dívidas públicas das grandes potências e os confrontos inter-imperialistas criaram um mundo altamente instável.
  
-- Aumento brutal da pobreza e da desigualdade social dentro de cada país e entre países do SMC (ver abaixo a continuação do gráfico acima dos EUA; o traço vertical marca a transição da Fase 1 para a Fase 2).
-- The concentration of capital increases. In the beginning of the 60-ies there are thousand merges per year in the US. The 100 largest companies which controlled 44% of the assets of the industries in 1929 control 62% in 1962. Large American emporia dominate the oil production and trade (Standard Oil, Mobil, Texaco, Gulf), auto industry (Ford, General Motors, Chrysler), electric construction (General Electric, Western Electric), informatics (IBM), communications (ITT). Directorate interlocking also increases. Along with the development of production in other capitalist countries, the US share of the total production of the capitalist world decreases: 7/10 in 1950, less than 2/3 in the beginning of the 60-ies, less than ½ in the beginning of the 70-ies [20].
  
-- The mass consumption grows enormously in phase 1 supported by the commercial monopolies. The huge stimulation of consumption also stimulates all sectors of capitalist production, developing the advertisement industries. The unemployment rate reaches historical minima [24]. The mood among the defenders of capitalism is euphoric; apparently, a “popular capitalism” had set in, permanently in equilibrium and controlled by a supposedly impartial State favoring all classes.
  
-- The euphoria promotes investments and increases of production and, of course, of overproduction. With it, increases of oil importations by the developed economies. In the US, for instance, oil importations increased linearly from 373.3 thousand barrels in 1957 to 483.3 in 1970; and then jumped, reaching 1,184 thousand barrels in 1973 [25]. The international payment currency was the American dollar. On a short term the oil exporting countries found themselves grappling with mountains of petrodollars devalued by the inflation (which grew in the US from 1.6% to 6% in the 1960-1970 period). The OPEC countries had been considering to increase the price of the oil. The Yom Kippur war in 1973 and the Iranian revolution in 1979 served as a justification of the OPEC boycott to oil exportations to the Western powers and the increase of the price (a sixfold increase in the 1973-1980 period! [26]). This was the triggering cause of the two “oil crises” of 1973 and 1979. In truth, the oil boycott didn’t have the impact that many assume. The US, for instance, increased in 1977 the importation of oil to 2,414.3 thousand barrels (!). It was only in 1979 that the importation decreased, but even so staying at a much higher level than the pre-crisis levels, with a minimum of 1,273.2 thousand barrels in 1982. In fact, the causa causans of he crises was the old capitalist law of the tendential fall of the rate of profit; it was falling since 1960 [27]. The monopolies were confronted with a problem unsolvable by Keynesianism. They turned to neo-liberalism, i.e., to social regression.
   
Phase 2: The neo-liberal empires (beginning of the 80-ies until today)
   
The neo-liberal doctrine defends a set of capital expansion measures by means of: control of oil sources and strategic raw materials; global monopolist penetration and control through subsidiaries and outsourced production; privatization of public ownership; control of the economy by the financial monopolies, to which must be submitted state and supra-state banking institutions; deregulation – the state must only be a supporter of the monopolies without trying to invest and control the economy. The neo-liberal doctrine also defends the complete submission to capital, breaking away with the mask of Phase 1 “popular capitalism”: complete submission of labor to the interests of capital, curtailment of trade union rights and collective contracts, destruction of the social insurance system.
  
In order to deceive the common citizen on the reactionary brutality of the neo-liberal policies, these are always implemented under the cover of a panoply  of mystifying slogans: “freedom of initiative”, “free market”, “efficiency of private management”, “there is no alternative”, etc.
  
Phase 2 central aspects:
  
-- Intensification of imperialist super-exploitation, namely through outsourced production in underdeveloped countries.
  
-- Dramatic increase of capital concentration and centralization. The world economy is largely in the hands of hundred fifty monopolies with absolute supremacy of the financial monopolies: dictatorship of financial capital.
  
-- Dramatic increase of financial speculation and of the fictitious capital [28]. The vicious speculation with derivatives started in the years 80 with neo-liberalism. The estimated global amount of capital invested in derivatives is today 1.2 quadrillions of US dollars (1,200,000,000,000,000 USD), about 13.2 times the world GDP!
  
-- The first postwar great depression occurs in phase 2; its triggering cause is the financial speculation (derivatives on real estate loans), but whose causa causans is the fall of the rate of profit and ensuing evasion from productive investment to speculation.
  
-- The collapse of USSR in 1990 and the drift of China towards capitalism and imperialism after 1978 (Deng Xiaoping) provoked discourage and confusion in the workers’ movements, the theory that “there is no alternative” to the neo-liberal SMC, disarmed the struggles of the oppressed nations, and led to the re-emergence of the fascist beast in many countries. The US&Co. imperialists felt their hands free to undertake provocative actions against Russia (NATO expansion until the Russian borders, etc.), and China (disputes and provocations in the China sea, etc.). Inter-imperialist contradictions supposed to be over after WWII are back.
  
-- Aggressive US&Co. imperialism, under the cover of NATO and UN, with the increase of wars and of violent operations of subversion, namely after the collapse of USSR and its allies: Gulf wars, Afghanistan war, destruction of Yugoslavia and Libya; Chad war; Syria war; violent far-right coup in Ukraine; violent subversion and wars in Georgia; violent subversion in Venezuela; etc.
  
-- The dictatorship of the financial capital, the astronomic amount of derivatives, the astronomic amount of public debts, and the inter-imperialist contradictions have created a highly unstable world.
  
-- Dramatic increase of poverty and social inequality within each SMC country and between SMC countries (see below the completion of the previous graph for the US; the vertical line marks the transition of Phase 1 to Phase 2).
     

-- Enormes resgates do Estado de monopólios em bancarrota, à custa dos trabalhadores activos e reformados e camadas pobres da população (políticas de «austeridade», etc.).
  
-- A destruição acelerada do meio ambiente e o desperdício insensato de recursos num quadro que se pode caracterizar como «depois de nós, o dilúvio». 
  
-- A manipulação das consciências pelos canais de propaganda e intelectuais burgueses atinge níveis sem precedentes: deturpação da História com as mentiras mais descaradas; defesa do militarismo, irracionalismo (posmodernismo, creacionismo, etc.), hedonismo, alienação; desprezo pela vida humana; culto dos heróis burgueses, que podem ser gangsters ou energúmenos da CIA; embrutecimento das consciências.
  
Transição
  
O CME só pode transitar para o socialismo, dado não haver outro tipo superior de FS capitalista. Só a transição para o socialismo resolverá a contradição entre a elevada socialização da produção do CME e a apropriação privada de mais-valia. Nenhuma transição histórica entre modos de produção distintos é automática. A transição revolucionária para o socialismo exigirá, naturalmente, a consciência social e política e o empenho da classe social vitalmente interessada na resolução dessa contradição: a classe operária.
  
Apêndice: «Capitalismo de Estado»
  
A expressão «capitalismo de estado» tem tido várias interpretações e sido aplicada a FSs muito distintas.
  
Tomemos a definição da wikpedia/en: «O capitalismo de estado é usualmente descrito como um sistema económico em que a actividade económica comercial (isto é, para lucro) é empreendida pelo estado, com a gestão e organização dos meios de produção de uma maneira capitalista, incluindo o sistema de acumulação de capital, trabalho assalariado, e gestão centralizada. Esta designação aplica-se a economias independentemente dos objectivos políticos do estado, mesmo se o estado é nominalmente socialista».
  
Esta definição é uma confusa mistura de ideias trotskistas [29], anarquistas [30] e maoístas [31], cordialmente adoptadas por porta-vozes do capitalismo por denegrirem o socialismo soviético e de outros países. Os erros notórios destas correntes foram já expostos por muitos autores [32]. É instrutivo analisar o que está errado nesta definição:
  
1 - O motivo «para lucro» é só aplicado à «actividade económica comercial», e não à actividade produtiva. Isto é exactamente o oposto do capitalismo onde o «para lucro» se aplica ao sector produtivo e não ao sector comercial. Na realidade, a actividade «para lucro» no comércio empreendida pelo estado aplica-se a numerosas FSs pré-capitalistas, incluindo o antigo Egipto.
  
2 - A «gestão e organização dos meios de produção de uma maneira capitalista» é uma questão meramente técnica e não de relações de classe. Um estado socialista pode muito bem usar «gestão e organização dos meios de produção de uma maneira capitalista», isto é, de uma maneira técnica que os capitalistas também usam. O âmago da questão não é a «gestão e organização» mas a propriedade privada dos meios de produção e consequente apropriação privada de mais valia.
  
3 - Dado que a definição nada diz sobre a função social do «capital» -- nada diz sobre a propriedade dos meios de produção, etc. -- a expressão «acumulação de capital» só pode ser entendida no sentido vulgar de acumulação de produtos do trabalho; tal acumulação existe em todas as FSs. O âmago da questão aqui é saber que classe social acumula capital e porque o faz.
  
4 - O «trabalho assalariado» do capitalismo refere-se a força de trabalho que é vendida no mercado de trabalho pelos trabalhadores. (Ver B4D.) Uma consequência do mercado de trabalho é o desemprego. No socialismo existe, é claro, uma remuneração do trabalho (o leque de remunerações é muito reduzido quando comparado com o capitalismo), mas não um salário imposto por um mercado; e, praticamente, nenhum desemprego. Como dissemos em B4D a existência de um mercado laboral é uma característica distintiva do capitalismo. A definição desconhece isso.
  
5 - Um estado «nominalmente socialista» é um disparate. Tal estado seria reconhecido por aquilo que de facto é pelas instituições económicas mundiais. No caso da URSS, que é o alvo da «definição», se só fosse «nominalmente socialista» teria sido acolhida de braços abertos pelos EUA & C.ª, tal como Gorbachev e Ieltsin o foram, e não teria de ter sido sujeita à «terapia de choque» a que aqueles dois a submeteram para a colocar nos correctos carris do capitalismo. Ironicamente, foi durante esse período, quando o alegado «capitalismo de estado» dos trotskistas & C.ª terminou, que a Rússia se tornou um capitalismo de estado.
  
A expressão «capitalismo de estado» também teve outros e distintos significados [33]. Entre eles avulta o seu uso pelos mencheviques (o equivalente aos actuais sociais-democratas) para denegrir o primeiro estado socialista do mundo, o estado soviético construído sob liderança bolchevique, como sendo um «estado burocrático» onde os «burocratas» [34] bolcheviques seriam os «novos capitalistas». Foi adoptada neste sentido por Trotsky (que durante muito tempo foi menchevique e um furioso adversário de Lénine) e exagerada até ao ridículo com o propósito de atacar Estaline e a liderança do PCUS e destruir o socialismo.
-- Huge state bailouts to bankrupted monopolies, with the sacrifice of active and retired workers and poor layers of the population (“austerity” policies, etc.).
  
-- Fast destruction of the environment and insane waste of resources in a mind frame that can be characterized as “after us, the deluge”.
  
-- The mind manipulation by the propaganda channels and bourgeois intellectuals reaches unprecedented levels: distortion of History with the most shameless leis; defence of militarism, irrationalism (post-modernism, creationism, etc.), hedonism, and alienation; despise by the human life; cult of the bourgeois heroes which may even be gangsters or CIA thugs; coarsening of the consciences.
  
Transition
  
The SMC can only change to socialism, given that no higher type of capitalist SF exists. Only the transition to socialism will solve the contradiction between the SMC high socialization of production and the private appropriation of surplus-value. No historical transition between distinct modes of production is automatic. The revolutionary transition to socialism will, of course, demand the social and political conscience as well as the engagement of the social class vitally interested in the resolution of that contradiction: the working class.
  
Appendix: “State Capitalism”
  
The expression “state capitalism” has had several interpretations and has been applied to quite distinct SFs.
  
Let us take the definition of wikpedia/en: State capitalism is usually described as an economic system in which commercial (i.e. for-profit) economic activity is undertaken by the state, with management and organization of the means of production in a capitalist manner, including the system of capital accumulation, wage labor, and centralized management. This designation applies to economies regardless of the political aims of the state, even if the state is nominally socialist.
  
This definition is a muddle, made of Trotskyite [29], Anarchist [30] and Maoist [31] ideas, warmly adopted by the mouthpieces of capitalism to denigrate the Soviet socialism and of other countries. The blatant errors of analysis of these currents have already been exposed in detail by several authors [32]. It is instructive to see what is wrong in the above definition:
  
1 - The “for-profit” motive only applies to the “commercial economic activity”, not to the productive activity. This is the exact opposite of capitalism where the “for-profit” applies to the productive sector, not to the commercial sector. As a matter of fact a “for-profit” in commerce, undertaken by the state, applies to numerous pre-capitalist SFs including ancient Egypt.
  
2 - The “management and organization of the means of production in a capitalist manner” is a merely technical issue, not one of class relations. A socialist state may well use “management and organization of the means of production in a capitalist manner”, ie, in a technical manner also used by capitalists. The crux of the issue is not “management and organization” but the private ownership of the means of production and consequential private appropriation of surplus value.
  
3 – Since the definition says no word on the social function of capital – says nothing on the ownership of means of production, etc. – the expression “capital accumulation” can only be understood in the vulgar sense of accumulation of labor products; such accumulation exists in all SFs. The crux of the issue is here to determine which social class accumulates capital and for what purpose.
  
4 - The “wage labor” of capitalism refers to labor power being sold by workers in a labor market as any commodity in a market. (See B4D.) One consequence of labor markets is unemployment. In socialism there is, to be sure, a remuneration of labor (in a quite reduced wage range when compared to capitalism), but not a market-imposed wage and practically no unemployment. As we said in B4D the existence of a labor market is a distinguishing feature of capitalism. The definition is oblivious to that.
  
5 – A “nominally socialist” state is nonsense. Such a state would be recognized by the world economic institutions for what it really is. In the case of the USSR, that the definition targets, if it was only “nominally socialist” it would have been welcomed with open arms by the US&Co., as Gorbachev and Yeltsin were, and would not have to go through the “shock therapy” of the latter to put it into the right tracks of capitalism. Ironically, it was during that period, when the “state capitalism” of Trotskyites, etc., was over, that the USSR became indeed a state capitalism.
  
The expression “state capitalism” has also had other and quite different meanings [33]. More importantly, it has been used by the Mensheviks (the equivalent to today’s social-democrats) to denigrate the first socialist state of the world, the Soviet state built under Bolshevik leadership, as being a ”bureaucratic state” where the Bolshevik “bureaucrats” [34] were allegedly the “new capitalists”. It was adopted in this sense by Trotsky (who was during a long time a Menshevik and strong adversary of Lenin) and exaggerated to the hilarious for the purpose of attacking Stalin and the CPSU leadership and destroy socialism.

Notas e Referências | Notes and References
  
[1] Este tema é vasto. Começar por ler V.I. Lenine, O Estado e a Revolução, 1917, que continua actual. A democracia burguesa é uma classe de organizações políticas caracterizadas por a burguesia assegurar o seu controlo económico da sociedade, logo o seu domínio político, super-estruturtal e privilégios, apesar da representatividade partidária através de eleições.
This is a vast topic. A good start is V.I. Lenin, The State and the Revolution, 1917, still of major importance. The bourgeois democracy is a class of political organizations characterized by the bourgeoisie holding its economic control of the society, therefore its political and super-structural domination and privileges, in spite of party representativeness through elections.

[2] Esta obra, de Janeiro de 1916, continua actual. Lenine dedicou o ano de 1915 ao estudo do tema em Berna e na biblioteca de Zurique. Os excertos, resumos, notas e tabelas que extraiu de 148 obras (106 alemãs, 23 francesas, 17 inglesas e 2 em russo) e de 232 artigos de revistas e jornais enchem 50 folhas impressas, publicadas em 1939 com o título Cadernos sobre o Imperialismo.
The January 1916 work is still of major importance. Lenin dedicated the year of 1915 to studying the topic in Bern and at the library of Zurich. The excerpts, summaries, notes and tables which he extracted from 148 works (106 German, 23 French. 17 British and 2 in Russian) and from 232 articles of magazines and newspapers, fill up 50 printed pages published in 1939 with the title Notebooks on Imperialism.

[3] V.I. Lénine Revisão do Programa do Partido | V. I. Lenin, Revision of the Party Programme, October 6-8 (19-21), 1917, Collected Works, vol. 26, Progress Publishers, Moscow (IMA).
«A guerra e a ruína económica forçaram todos os países a avançar do capitalismo monopolista para o capitalismo monopolista de estado. Este é o actual  estado objectivo das coisas. Contudo, numa situação revolucionária, durante uma revolução, o capitalismo monopolista de estado é direactamente transformado em socialismo». (Tradução nossa.)
“War and economic ruin have forced all countries to advance from monopoly capitalism to state monopoly capitalism. This is the objective state of affairs. In a revolutionary situation, during a revolution, however, state monopoly capitalism is directly transformed into socialism.”

[4] V. I. Lenin, War and Revolution, in Collected Works (LCW), vol 24, 2017.

[5] A administração Hoover dos EUA criou a Reconstruction Finance Corporation (RFC) uma agência de crédito federal, alimentada à custa dos contribuintes, que inventou os resgates bancários e enormes empréstimos a corporações. Lewis Corey, em The Decline of American Capitalism, diz que em 1934, já na administração Roosevelt, a RFC tinha uma dívida de 3.428 milhões de US$ dos quais 1.000 milhões eram de compra estatal de títulos bancários e o restante de empréstimos a corporações.  (Para estimar no valor actual do dólar, multiplicar por 10.) A EH.net operada pela Economic History Association menciona a compra pela RFC nos anos de 1933-35 de 782 milhões de US$ de acções privilegiadas de 4.202 bancos e 343 milhões de US$ de títulos de valor e obrigações de 2.910 bancos e corporações. Note-se que os 782 + 343 = 1.125 milhões de US$ devem provavelmente corresponder aos mil milhões mencionados por Corey. Até Maio de 1940 a FRC concedeu empréstimos totalizando 214,8 mil milhões de US$ (J. McGowen, The Reconstruction Finance Corporation: Some Historical Perspective, Center for the Study of American Business, Washington Univ., 1977).
De Junho de 1940 a Fevereiro de 1945 os empréstimos da FRC foram de 67,3 mil milhões de US$ para monopólios ligados às indústrias de armamento. Para o efeito a FRC criou corporações próprias em sete sectores: metais, borracha, petróleo, construções fabris, fornecimentos, prejuízos de guerra, comércio. A FRC continuou a operar até Junho de 1951. De Março de 1945 a Junho de 1951 concedeu 877,5 mil milhões de US$ de empréstimos, o triplo do total anterior!
Na Itália fascista o Estado participou nos monopólios através do Istituto per la Ricostruzione Industriale. Na Alemanha fascista, através da nomeação de führers dos monopólios.
The Hoover administration created the Reconstruction Finance Corporation (RFC) a federal credit agency, fed by the taxpayers, which invented the bailouts of banks and large loans to corporations. Lewis Corey, in The Decline of American Capitalism, tells that in 1934, in the administration Roosevelt, the RFC had a debt of 3,428 million US$, of which 1,000 million were of state purchase of bonds from banks and the remaining of loans to corporations.  (To estimate at today’s value of the dollar, multiply by 10.)
The EH.net, operated by the Economic History Association, mentions the RFC purchase in the years 1933-35 of 782 million US$ of  privileged shares from 4,202 banks and of 343 million US$ of securities and bonds from 2,910 banks and corporations. Note that the 782 + 343 = 1,125 million US$ should probably correspond to the thousand millions mentioned by Corey. Until May 1940 the FRC granted loans amounting to 214.8 billions of US$ (J. McGowen, The Reconstruction Finance Corporation: Some Historical Perspective, Center for the Study of American Business, Washington Univ., 1977).
From June 1940 to February 1945 the FRC loans amounted to 67.3 billions of US$ to monopolies connected to armament industries. For that purpose the FRC created its own corporations in seven sectors: metals, rubber, oil, factory construction, supplies, war losses, trade. The FRC continued to operate until June 1951. The amount of granted loans from March 1945 to June 1951 was of 877.5 billions of US$, the triple of the previous total amount!
In fascist Italy the state participated in the monopolies through the Istituto per la Ricostruzione Industriale. In fascist Germany, through the appointment of führers of the monopolies.

[6] Numa tese de doutoramento inglesa de 1981 (Paul Wenlock, The Theory of State Monopoly Capitalism, Department of Politics, The University of Leeds, January, 1981) encontramos em 40 referências de fontes primárias, 25 de autores alemães e 8 de autores soviéticos. Infelizmente, tanto quanto sabemos, as obras alemãs (livros e artigos) não estão traduzidas e são largamente desconhecidas.
Quanto aos economistas soviéticos são de destacar os trabalhos de Eugen Varga (Twentieth Century Capitalism, Progress Publishers, Moscow, 1962; Politico-Economic Problems of Capitalism, Progress Publishers, Moscow, 1968) e Victor Cheprakov (Le Capitalisme Monopoliste d’État, Éd. du Progrès, 1969; State-Monopoly Capitalism, The Great Soviet Encyclopedia, 1979).
In an English Ph.D. thesis of 1981 (Paul Wenlock, The Theory of State Monopoly Capitalism, Department of Politics, The University of Leeds, January, 1981) we found 40 references of primary sources: 25 of German authors and 8 of Soviet authors. Unfortunately, as far as we know, the German works (books and articles) are not translated and therefore largely unknown.
As regards the Soviet economists are worth highlighting the works of Eugen Varga (Twentieth Century Capitalism, Progress Publishers, Moscow, 1962; Politico-Economic Problems of Capitalism, Progress Publishers, Moscow, 1968) and of Victor Cheprakov (Le Capitalisme Monopoliste d’État, Éd. du Progrès, 1969; State-Monopoly Capitalism, The Great Soviet Encyclopedia, 1979).

[7] Para além de autores alemães e alguns italianos, a excepção é (poderia ser…) o clássico Paul A. Baran, Paul M. Sweezy, Monopoly Capital. An Essay on the American Economic and Social Order (Penguin Books Ltd, 1970).  Esta obra – muito divulgada --tem vários erros científicos graves e contribuiu objectivamente para menorizar a importância do estudo do CME nos marxistas «ocidentais», já que entende o CME como um simples enxerto no capitalismo dos monopólios e dos seus gestores (os autores também menorizam, tal como os autores burgueses, os donos dos monopólios!). Os autores dizem também que não usam «capitalismo de Estado» ou «capitalismo monopolista de Estado», porque “colocar uma ênfase especial no papel do Estado na fase presente do capitalismo monopolista só pode induzir o leitor em erro ao assumir que ele [o Estado] foi de importância negligível na história inicial do capitalismo” e que «termos como “capitalismo de Estado” ou “capitalismo monopolista de Estado” quase sempre têm uma conotação de que o Estado é de certa forma uma força social independente».
Isto é, os autores não conseguem ver o estádio qualitativo novo do CME.
Besides German and a few Italian authors, the exception is (could be…) the classic Paul A. Baran, Paul M. Sweezy, Monopoly Capital. An Essay on the American Economic and Social Order (Penguin Books Ltd, 1970). This much publicized work contains several serious scientific errors and objectively contributed to minimize among “Western” Marxists the importance of studying the SMC, since it understands the SMC as a mere graft upon capitalism of monopolies and its CEOs (the authors also minimize, in the same way as the bourgeois authors, the owners of the monopolies!). The authors also say that they do not use “State Capitalism” or “State Monopoly Capitalism”, because “to lay special emphasis on the role of the State in the present stage of monopoly capitalism may only mislead people into assuming that it was of negligible importance in the earlier history of capitalism” and “terms like ‘State Capitalism’ and ‘State Monopoly Capitalism’ almost inevitably carry the connotation that the State is somehow an independent social force”.
In other words, the authors are totally unable to understand the qualitatively new stage of SMC.

[8] Lenine, em Imperialismo..., desmontou a teoria de Kautsky de um concebível ultra-imperialismo (o mundo dominado por um único monopólio financeiro) que iria suceder ao imperialismo. Actualmente, há quem alegue que a robótica e a Inteligência Artificial conduziriam o capitalismo a uma sociedade «pós-capitalista». Essa alegada sociedade «pós-capitalista» com propriedade privada dos meios de produção seria, de facto, uma sociedade capitalista. E seria seguramente, se tal viesse a acontecer, um CME com enormes monopólios de desenvolvimento e construção de robots.
Outros pensadores burgueses que se manifestam contra os monopólios defendem, pelo contrário, um regresso ao passado: voltar ao capitalismo liberal, acabando ou limitando (!) os monopólios através de leis anti-trust. Parece ser este o tema de Barry C. Lynn, Cornered: The New Monopoly Capitalism and the Economics of Destruction, John Wiley & Sons, 2011, segundo uma apreciação do livro cuja autora pateticamente refere «Se as nossas leis anti-trust conseguiram lidar com os antigos trusts, então porque razão não seriam capazes the lidar com os novos [trusts]?» Se as leis antitrust «conseguiram lidar» no passado com os trusts, porque razão temos então monopólios?
Lenin, in Imperialism…, debunked Kautsky’s theory of a conceivable ultra-imperialism (the world submitted to a single financial monopoly) that would come after imperialism. Today, there are people who allege that robotics and Artificial Intelligence would lead capitalism towards a “post-capitalist” society. This alleged “post-capitalist” society with private ownership of the means of production would be, in fact, a capitalist society. And it surely would be – if it ever came to exist – a SMC with huge monopolies of development and construction of robots.
Other bourgeois thinkers, who express themselves as being against monopolies, defend on an opposing line, a return to the past: a return to the liberal capitalism, by putting and end or limitations (!) to monopolies through anti-trust laws. This seems to be the rationale of Barry C. Lynn, Cornered: The New Monopoly Capitalism and the Economics of Destruction, John Wiley & Sons, 2011, according to a book review whose author pathetically mentions “If our antitrust laws could deal with the old trusts, than surely shouldn’t they be able to handle the new?” If the antitrust laws “could deal” with the trusts in the bygone times, why do we then have monopolies?

[9] É claro que se um asteróide cair na Terra e destruir largamente a humanidade, então nestas condições anormais, imprevisíveis e fora do controlo humano, as leis gerais do desenvolvimento social em condições normais não seriam válidas.
Clearly, if a meteorite fall in the Earth would largely destroy the mankind, then, in such abnormal conditions, unpredictable and outside human control, the general laws of social developments in normal conditions would not be valid.

[10] Para além das obras de Varga e Tcheprakov já citadas, consultámos também | Besides the mentioned works of Varga e Cheprakov, we also consulted  : Gretchen Binus, Beate Landefeld, Andreas Wehr, State Monopoly Capitalism, Communist Review, winter 2015/2016.

[11] Designamos por formas autoritárias as parafascistas (como na actual Ucrânia) e aquelas em que os preceitos da democracia burguesa são mais formais que reais (Singapura, Marrocos, etc.).
We designate by authoritarian forms the para-fascist ones (as in today’s Ukraine) and those where the precepts of bourgeois democracy are more formal than concrete (Singapore, Morocco, etc.).

[12] Os monopólios usam múltiplos truques para obter o máximo de benefício das leis burguesas sobre impostos; entre eles, a contabilização da depreciação prematura e cancelamento de capital fixo.
The monopolies use multiple tricks to extract the maximum benefit from the bourgeois laws on taxes; among them the premature depreciation and write off of fixed capital.

[13] Por exemplo, os monopólios das indústrias metalúrgicas estão interessados nos maiores lucros possíveis dos seus produtos, enquanto os monopólios que compram estes produtos, como os da indústria automóvel, estão interessados nos menores preços possíveis. Varga (op. cit. 1968) cita o exemplo da luta do Presidente Kennedy em 1968 com os monopólios do aço para os forçar a não aumentar preços, e o do ministro alemão da economia, Erhard, com a Volkswagen, que se recusava a baixar os preços dos carros, o que obrigou a RFA a baixar consideravelmente os impostos sobre importação de carros.
For instance, the monopolies of the metal industries are interested in the largest possible profits of their products, whereas the monopolies that buy those products, such as those of the auto industry, are interested in the lowest possible prices. Varga (op. cit. 1968) cites the example of President Kennedy  fight in 1968 with the steel monopolies to press them not to increase the prices, and of the German minister of economy Erhard with Volkswagen, which refused to lower the prices of the cars, which obliged the FRG to considerably lower the taxes on car imports.

[14] Difundem, p. ex., a ideia de que o CME seria um «capitalismo popular», cujos males são corrigidos pelo Estado, um capitalismo que já não é capitalismo mas sim uma inócua «economia de mercado» sem patrões e apenas com gestores.
They spread, e. g., the idea that the SMC is a sort of “popular capitalism”, whose shortcomings are corrected by the state, a capitalism that is no capitalism anymore, but instead a harmless “market economy” without bosses and only with managers.

[15] Uma crítica acertada e devastadora do keynesianismo foi feita por Varga na obra acima citada de 1968 no capítulo «The Reason for the Popularity of Keynesian Theories».
A critique of Keynesianism right on the target and a debunking one was made by Varga in the above mentioned 1968 work in the chapter The Reason for the Popularity of Keynesian Theories.

[16] Um livro interessante | An interesting book: Richard Peet, Unholy Trinity. The IMF, World Bank and WTO, 2nd ed., Zed Books, 2009.

[17] A rejeição do Plano Marshall pela URSS é explicada nas seguintes declarações: num despacho do embaixador Novikov nos EUA de 24 de Junho: «uma análise cuidadosa do Plano Marshall mostra que ao fim e ao cabo corresponde à criação de um bloco Europeu Ocidental como instrumento da política dos EUA...»; na resposta final de Molotov de 2 de Julho: «A questão da ajuda económica americana... tem... servido de pretexto para os governos britânico e francês insistirem na criação de uma nova organização que se situasse acima dos países europeus e intervindo nos assuntos internos dos países da Europa... Há duas vias de cooperação internacional. Uma, é baseada no desenvolvimento de relações políticas e económicas  entre estados com direitos iguais... outra... é baseada na posição dominante de uma ou várias Potências fortes em relação aos outros países, que, dessa maneira, caiem numa posição de uma espécie de estados subordinados, desprovidos de independência.»
The USSR rejection of the Marshall Plan is explained in the following declarations: in a dispatch of the ambassador Novikov in the USA dated June 24: “a careful analysis of the Marshall Plan shows that in the end it amounts to the creation of a West European bloc as an instrument of US policy...”; in the final response of Molotov of July 2: “The question of American economic aid... has… served as a pretext for the British and French governments to insist on the creation of a new organization standing above the European countries and intervening in the internal affairs of the countries of Europe… There are two roads to international cooperation. One is based on the development of political and economic relations between states with equal rights… another… is based on the dominating position of one or several strong Powers in relation to other countries, which thereby fall into the position of some kind of subordinated states, deprived of independence.”

Ver mais em | See more in: Geoffrey Roberts, Stalin’s Wars. From World War to Cold War, 1939-1953, Yale Univ. Press, 2006.

[18] Ver | See: Anna Lukina, Soviet Union and the Universal Declaration of Human Rights, Max Planck Institute for European Legal History, Research Paper Series No. 2017-01.


[20] Michel Beaud, Histoire du Capitalisme, de 1500 à nos jours, Points, 1981.

[21] Lionel D. Lyles, Historical Development of Capitalism in the United States and its Affects on the American Family: 1920 to 1960, iUniverse Inc. 2008.

[22] Thomas Piketty, Capital in the Twenty-First Century, Harvard Univ. Press, 2014.

[23] Russel Sage Foundation: Chartbook of Social Inequality.

[24] País, Taxa de desemprego, Período | Country, Unemployment rate, Period: USA, ~ 4%, 1966-70; FRA, JPN: ~1,2%, 1960-66; RFA | FRG, ~0,8%, 1961-67; GBR, ~2%, 1960-66; DNK, < 2%, 1960-66. Fontes | Sources: trading economics, FRED Economic Research, ONS-UK.

[25] Fonte | Source: US Energy Information Administration.

[26] De um preço relativamente estável de 19,67 $/barril em Junho de 1973 disparou para 54,4 $/barril em Fevereiro de 1974 e depois para 116,9 $/barril em Julho de 1980. From a relatively stable price of $19.67 per barrel in June 1973 it skyrocketed to $54.4 per barrel in February 1974 and then to $116.9 per barrel in July 1980.

[27] Há várias maneiras de calcular a taxa de lucro. Qualquer delas mostra claramente a descida desde cerca de 1960 para os EUA e outros países (vários artigos na net). Vale a pena ver também a taxa de lucro média mundial em | There are several ways to compute the rate of profit. All of them clearly show the decrease since about 1960 for the US and other countries. It’s also worth to look to the world average rate of profit in: Esteban Ezequiel Maito, The historical transience of capital, MPRA Paper No. 55894, Univ. Munich, 2014.

[28] Ver a série de artigos sobre especulação financeira que publicámos, em particular o artigo Jogos com derivados (5). Ver também a revisão de T. Le Corre do livro de Durand, C., Le capital fictive: comment la finance s’approprie notre avenir, Paris, 2015. See the series of articles on financial speculation posted by us, particularly the article Jogos com derivados (5). See also the review by T. Le Corre of the book: Durand, C., Le capital fictive: comment la finance s’approprie notre avenirParis, 2015.

[29] Os «marxismo humanista» e outras correntes também partilham muitas ideias com os trotskistas. Entre outros erros dos discursos destas correntes avultam três: colocar «propriedade estatal» como igual a «propriedade capitalista», sem tomar em consideração a natureza de classe do estado; designar a liderança estatal – que sempre existirá no socialismo – como uma nova e pretensa «classe burocrática» (ver nota 34) para dar suporte à igualização anterior, sem prestar atenção se sim ou não a «classe burocrática» se apropria da mais valia para uso privado, e que métodos jurídicos e coercivos ela dispõe para conseguir isso apesar de não ter a propriedade dos meios de produção; condenar viva e definitivamente o «socialismo num só país» de Lenine e Estaline o que leva, aparentemente, a concluir que todos os povos do mundo têm de acertar os relógios para fazerem a revolução socialista ao mesmo tempo.
Note-se que estas «razões» levam no fundo a negar a exequibilidade do socialismo e ao derrotismo face ao socialismo concreto.
The “humanist Marxism” and other currents also share many ideas with the Trotskyites. Among other errors of their discourses, three stand out: to take “state property” as being equal to “capitalist property”, without any consideration of the class nature of the state; to designate the state leadership – which will always exist in socialism – as a new and pretence “bureaucratic class” (see note 34) to lend support to the former equalization, without paying attention as to whether or not the “bureaucratic class” appropriates surplus-value for private use, and which juridical and coercive methods it has at its disposal in order to achieve such use without the ownership of means of production; to strongly and definitely condemn the “socialism in one country” of Lenin and Stalin, which leads, apparently, to the conclusion that all peoples of the world must synchronize their watches in order to do the socialist revolution at the same time.
Note that these “reasons” correspond after all to denying the feasibility of socialism and to the defeatism in what regards concrete socialism.

[30] Incluímos nos anarquistas Anton Pannekoek, um apoiante do chamado «comunismo concelhista». O seu trabalho Capitalismo e Ditadura de Estado expõe dois usos de «capitalismo de estado»: 1) «uma forma económica pela qual o estado desempenha o papel de empregador capitalista, explorando os trabalhadores no interesse do estado. O sistema federal de correio ou caminhos-de-ferro pertencentes ao estado são exemplos desta espécie de capitalismo de estado. Na Rússia esta forma de capitalismo de estado predomina na indústria: o trabalho é planeado, financiado e gerido pelo estado; os directores da indústria são nomeados pelo estado e os lucros são considerados rendimento do estado»; 2) «… uma condição... sob a qual empresas capitalistas são controladas pelo estado.»
A afirmação na sua totalidade é uma grande confusão: em ambos os casos Pannekoek esquece-se de dizer qual a natureza de clsse do estado, considerando-o como uma entidade acima das classes «explorando os trabalhadores no interesse do [da entidade] estado»; no primeiro caso «desempenha o papel de» não é o mesmo que «é» – por alguma razão Pannekoek escolheu a palavra «desempenha» --, de novo temos lucros como «rendimento do estado» sem considerar que tipo de estado é e com que finalidade tal estado usa esses rendimentos, e somos informados de que no socialismo não deve haver correios federais ou caminhos-de-ferro do estado (deverão ser geridos por concelhos?); o segundo caso é uma impossibilidade, exceptuando situações de guerra e só até certo nível. Nem mesmo os estados fascistas «controlam» em geral as empresas capitalistas.
We include Anton Pannekoek among the Anarchists, a supporter of the so-called “council communism”. His work State Capitalism and Dictatorship states two usages of “state capitalism”: 1) “an economic form in which the state performs the role of the capitalist employer, exploiting the workers in the interest of the state. The federal mail system or a state-owned railway are examples of this kind of state capitalism. In Russia, this form of state capitalism predominates in industry: the work is planned, financed and managed by the state; the directors of industry are appointed by the state and profits are considered the income of the state”; 2) “…a condition... under which capitalist enterprises are controlled by the state.”
This whole statement is a big muddle: in both cases Pannekoek forgets to tell the class nature of the state, considering it as an entity above classes “exploiting the workers in the interest of the [entity] state”; in the first case, “performs the role of” is not the same thing as “is” – for a certain reason Pannekoek chose the word “performs” --, again we have profits as “income of the state” without considering which kind of state it is and for what purpose such a state uses those incomes, and we are informed that socialism shouldn’t have federal mail or state-owned railways (should they be run by councils?); the second case, is an impossibility (with exception of war times and up to a point). Not even the fascist states “control” capitalist enterprises as a whole.

[31] A posição maoísta repetiu argumentos trotskistas mas com uma roupagem anti-social-imperialista destinada a fazer da China de Mao o líder revolucionário e amigo do«terceiro mundo», em vez da URSS. Esta posição veio, naturalmente, a sossobrar quando Deng Xiao Ping inverteu o rumo da China, em favor do capital estrangeiro e de empresas capitalistas.
The Maoist stance repeated the Trotskyite arguments but in an anti-social-imperialism dressing destined to make Mao’s China instead of the USSR the revolutionary leader and friend of the “third world”. This stance faded, of course, when Deng Xiao Ping did indeed reverse China’s direction, in favor of foreign capital and capital-owned enterprises.

[32] Ver | See: Albert Szymanski,  Is the Red Flag Flying? Zed Books, 1979; David Laibman, The ‘State Capitalist’ and ‘Bureaucratic-Exploitative’ Interpretations of the Soviet Social Formation: A Critique, Review of Radical Political Economics, vol. 10, No. 4, 1978. Artigo também incluído em | This article is also in The Soviet Union: Socialist or Social-Imperialist? Essays Toward the Debate on the Nature of Soviet Society, RCO Publications, Chicago, 1983.

[33] Lénine, por exemplo, chamou «capitalismo de estado» à Nova Política Económica (NEP) de 1921, tendo o cuidade de esclarecer que era um «capitalismo de estado» sob controlo de um estado dos trabalhadores. A NEP correspondeu a um curto período trasitório durante o qual o estado dos trabalhadores autorizou a operação de algumas empresas capitalistas. Três ou quatro anos depois a NEP terminou, quando já não era necessária.
Lenin, for instance, called “state capitalism” to the New Economic Policy (NEP) of 1921, but did clarify that it was a “state capitalism” under the control of a workers’ state. The NEP corresponded to a short transient period during which the workers’ state authorized the operation of some capitalist enterprises. Three or four years later the NEP had ended, when it was no more needed.

[34] Uma burocracia estatal não é uma classe social. Todos os estados têm burocratas. Uma classe social é definida em termos de relações de produção, não em termos da divisão técnica do trabalho. É verdade, contudo, que burocratas sem controlo podem ter efeitos danosos. Em todas as FSs. Lénine e Estáline sabiam bem isso.

A State bureaucracy is not a social class. All states have bureaucrats. A social class is defined in terms of relations of production, not in terms of the technical division of labor. It is true, though, that uncontrolled bureaucrats can have harmful effects. In all SFs. Lenin and Stalin were well aware of this issue.