1. Introdução
2. A evolução do fenómeno
3. Níveis de educação dos
imigrantes na UE
4. Super-exploração
4.1 Baixa salarial
4.2 Desemprego
4.3 Condições de vida
4.4 Outros aspectos
5. Tendências recentes
Apêndice. Diferencial salarial
dos imigrantes
Alemanha, Holanda,
Áustria, França, Suécia, Bélgica, Finlândia, Itália, EUA, Portugal
|
1. Introduction
2. The phenomenon along time
3. Education levels of the immigrants in
the EU
4. Super-exploitation
4.1 Lower wages
4.2 Unemployment
4.3 Living conditions
4.4 Other aspects
5. Recent trends
Appendix. Immigrant wage-gap
Germany,
Netherlands, Austria, France, Sweden, Belgium, Finland, Italy, USA, Portugal
|
1. Introdução
Os trabalhadores imigrantes
desempenharam e desempenham um papel importante nos países de economia
capitalista desenvolvida (ECD). Em particular, nos que se situam no topo da
pirâmide imperialista «ocidental»: EUA, Canadá, Austrália, Japão, Alemanha,
França, Grã-Bretanha, Itália, Suécia, Dinamarca, Holanda, Bélgica, etc.
Existem duas razões que motivam a
análise deste tema:
-- O facto de se tratar de um tema
maltratado pelos media
capitalistas, que procuram apresentar os trabalhadores imigrantes como
objecto de caridade dos ECDs, caridade essa a que responderiam com
ingratidão. Além disso, na versão de extrema-direita dos media, os trabalhadores imigrantes são apresentados como os
culpados da crise e do mal-estar social, pois «roubam empregos» aos
trabalhadores nativos e têm tendências criminosas. São, assim, ateados
sentimentos racistas anti-turco, anti-marroquino, anti-mexicano, etc., como
vemos acontecer todos os dias. Recentemente, na Holanda e nos EUA.
-- O facto de o trabalho imigrante se
ter tornado um fenómeno característico do Capitalismo Monopolista de Estado
(CME), com a criação de reservas de mão-de-obra barata nos ECDs,
frequentemente confinadas em gettos
habitacionais (além de sociais e culturais) e bidonvilles. O CME criou, assim, autênticas «colónias internas»
de exploração de trabalho «colonial» dentro
dos ECDs.
É bem sabido que estas observações
também se aplicam aos afro-americanos e a outras minorias étnicas,
«imigrantes forçados» de uma era passada.
A análise que aqui apresentamos incide
principalmente no fenómeno imigrante nos ECDs europeus, embora, tanto quanto
sabemos, outros ECDs partilhem de muitas das suas características.
2. A evolução do fenómeno
O trabalho imigrante deu um salto no
pós-2.ª Guerra Mundial (2.ª GM), nomeadamente nos ECDs europeus, que
anteriormente à 2.ª GM não tinham imigração importante.
Vários ECDs europeus e o Japão ficaram
com economias destruídas pela guerra. A necessidade de rápida reconstrução
económica, permitindo consolidar o campo capitalista e enfrentar a atracção
exercida sobre os trabalhadores pelos países socialistas, levou à mobilização
de capitais próprios [1] e de empréstimos vultuosos no âmbito de acordos com
os EUA (Plano Marshall, etc.) que passaram a liderar o campo capitalista e,
com esse fim, se empenharam na formação de bastiões imperiais fortes na
Europa e no Pacífico.
Os partidos sociais-democratas e as
Igrejas dos ECDs europeus apoiaram entusiasticamente o projecto. Faltava um
ingrediente: um imenso exército de mão-de-obra barata. Números consideráveis
de homens tinham tombado nas batalhas e no trabalho escravo dos nazis, ou
ficado incapacitados. Esse exército proveio, assim, em larga medida de
imigrantes, super-explorados: salários mais baixos, piores empregos, duras
condições de trabalho.
(A imigração no Japão sempre foi pouco
importante. No pós 2.ª GM só começou em 1960 para os que eram de
ancestralidade japonesa. Até lá, o Japão reabsorveu como mão-de-obra barata
os seus soldados espalhados pelo sudeste asiático. [2])
No período 1946-1955 o trabalho
imigrante proveio principalmente de colónias e ex-colónias: Indonésia,
Suriname, Índia, Paquistão, Argélia. A partir de 1955 assiste-se a grandes
fluxos de imigrantes da concha mediterrânica por aliciamento ilegal ou legal;
neste caso, incluindo acordos inter-estatais, como os da RFA com a Itália
(1955, 1965), Marrocos (1963), Turquia, Portugal, Grécia, Espanha (1964),
Tunísia (1965). A Suécia propagandeou e aplicou uma política de «asilo
político» para atrair imigrantes.
Os «trabalhadores convidados», como eram
chamados nos ECDs europeus, foram «temporariamente» empregues na reconstrução
de infra-estruturas (estradas, saneamento, portos, etc.), e em outros empregos
de baixa qualificação quer em trabalhos públicos (recolha de lixo,
calcetamento, etc.), quer em empresas privadas (auxiliares de construção,
serviços de limpeza, estiva, carregamento, etc.). Em 1973 os trabalhadores
imigrantes em França e Alemanha constituíam já 10% da força de trabalho.
A reconversão das indústrias de guerra,
a restauração dos monopólios, os «milagres económicos» dos países ricos da
Europa e do Japão, assentaram em larga medida na super-exploração dos
trabalhadores imigrantes.
Entretanto, com o seu papel cumprido, os
«temporários» «trabalhadores convidados» tinham-se tornado permanentes,
facilitando o influxo de mais imigrantes e suas famílias [3], contribuindo
para tornar multi-étnicos os países de acolhimento.
Com o início da reacção neo-liberal
cerca de 1980, as multinacionais dos ECDs, para além de exportarem capitais
para outros países capitalistas, incluindo o então chamado «terceiro mundo»,
passaram cada vez mais a globalizar a produção, importando desses países
peças dos produtos finais (outsourcing)
ou determinados bens de consumo. Com essa finalidade criaram nesses países
empresas subsidiárias ou aproveitaram empresas já existentes. Isto é, em vez
de importar mão-de-obra barata desses países, as ECDs passaram a
super-explorada in loco essa
mão-de-obra. Para além de evitar tensões inter-étnicas as economias imperiais
evitavam ter de pagar toda a panóplia de apoios sociais aos trabalhadores
imigrantes e suas famílias, deixando isso a cargo dos respectivos governos.
Com isto, os ECDs mudaram de atitude
política face à imigração. Já não era o trabalhador não qualificado, pronto
para pegar nos trabalhos a que os nativos se escusavam, por um baixo salário,
que mais interessava. Os ECDs passaram a privilegiar a imigração de
trabalhadores de elevadas qualificações. A implosão dos países socialistas
europeus veio satisfazer parcialmente essa procura, abrindo as portas a um
novo e volumoso fluxo migratório, dado que a transição para o capitalismo nesses
países trouxe enormes dificuldades e miséria para trabalhadores de todos os
níveis de educação.
Desta forma, o aumento da população
imigrante (nascidos no estrangeiro), embora com flutuações, prossegue até
hoje nos ECDs europeus, conforme mostram os gráficos abaixo para a Alemanha
[3] e para «UE+Shengen» [2], isto é os 27 países da UE (excluindo SLO, EST,
LVA, LTU) e países do Espaço Schengen (ISL, LIE, NOR, CHE). Notar que o
aumento de população imigrante na «UE+Shengen» acelerou a partir de 2000. No
período de 1960-1990 a taxa de crescimento do total de imigrantes era de 400
mil/ano. Em 2000-2013 era de 1500 mil/ano.
|
1.
Introduction
Immigrant workers had and have an
important role in the countries of developed capitalist economy (DCE).
Particularly, in those at the top of the “western” imperialist pyramid: USA,
Canada, Australia, Japan, Germany, France, Great-Britain, Italy, Sweden, Denmark,
Netherlands, Belgium, etc.
There are two reasons motivating
the analysis of this topic:
-- The fact that it is an
ill-treated topic in the capitalist media, which impinge the idea of
immigrant workers as recipients of charity from the DCEs; a charity to which
they allegedly respond with ingratitude. In addition, in the far-right
version of the media, the immigrant workers are portrayed as the culprits of
the crisis and of the social malaise, because they “steal jobs” from the
native workers and have criminal tendencies. All this serves to stir up racist
feelings, anti-Turkish, anti-Moroccan, anti-Mexican, etc., as we constantly see
happening. Recently, in the Netherlands and the United States.
-- The fact that immigrant labor has become a phenomenon
characteristic of State Monopoly Capitalism (SMC), with the creation of
reserves of cheap labor in the DCEs, frequently confined in residential (and
also social and cultural) ghettos and
slums. The SMC has
thus created outright “internal colonies” for the exploitation of “colonial” labor inside the DCEs.
It is well know that these
observations also apply to the African-Americans and other ethnic minorities,
“forced immigrants” of a past era.
The analyses we present here focus
mainly the immigrant phenomenon in the European DCEs, though, as far as we
know, other DCEs share many of its characteristics.
2. The
phenomenon along time
Immigrant labor peaked up in the aftermath of
the Second World War (WWII), namely in the European DCEs, which until WWII
had no significant immigration.
Several European DCEs and Japan had
their economies destroyed by the war. The need of a quick economical
reconstruction, allowing the consolidation of the capitalist camp and to
counteract the attraction of the socialist countries over the workers, led to
the mobilization of existing
capitals [1] and of voluminous loans in the frame of agreements with the US (Marshall
Plan, etc.), which became the leader of the capitalist camp and, in
consonance with it, did all it could to create strong imperial bulwarks in
Europe and in the Pacific.
The social-democrat parties and the Church(es) of
the European DCEs gave an enthusiastic support to the project. A single
ingredient was missing: a huge army of cheap labor. Considerable numbers of
men had fallen in the battles, or in the Nazi slave labor; many became crippled.
The labor army then came in a large extent from immigrants. Super-exploited: lower
salaries, worse jobs, and harsh working conditions.
(Immigration in
In the years 1946-1955 immigrant labor came
mainly from actual or former colonies:
The “guest workers” as they were called in the
European DCEs, were “temporarily” employed in the reconstruction of infra-structures
(roads, sewage, docks, etc.), and in other low-skilled jobs either in public services
and works (waste collection, street paving, etc.), or in private enterprises
(basic construction tasks, cleaning services, longshoremen, stowage, etc.). In
1973 the immigrant workers amounted already to 10 % of the labor force in
The conversion from war to civilian manufacturing,
the restoring of the monopolies, and the “economic miracles” of the rich
European countries and of
In the meantime, with their role fulfilled, the
“temporary” “guest workers” had become permanent workers, facilitating the
inflow of further immigrants and their families [3], contributing to the
change of the hosting countries into multi-ethnic ones.
With the beginning of the neo-liberal reaction
around 1980, the multinationals, in addition to exporting capitals to other
capitalist countries, including the then called “third world”, engaged
further and further into globalizing the production, importing from those
countries parts of the final products (outsourcing)
or specific consumption goods. For that purpose they either created
subsidiary companies or took advantage of already existing ones. In this way, instead of having
to import cheap labor force, that same labor force was super-exploited in loco. Besides avoiding inter-ethnic
tensions, the imperial economies avoided having to pay the whole panoply of
social support to the immigrant workers and their families, leaving that at
the charge of their respective governments.
Following this, the DCEs changed
of political attitude with respect to immigration. It was no longer the
unskilled worker, ready to take over for a cheap paycheck the jobs refused by
the natives, that was of their top interest. The DCEs began to prioritize the immigration of workers
with high qualifications. The collapse of the European socialist countries
turned out to partially satisfy that demand, opening doors to a new and
voluminous migrating inflow, given that the transition to capitalism in those
countries brought large difficulties and misery to workers of all levels of
education.
As a result, the increase of immigrant (foreign
born) population continues until this day, though with some fluctuations, in
the European DCEs, as show the graphs below for
|
Migrantes
entre Alemanha e resto do mundo, 1950-2014. Migrants between Germany and the rest of the World,
1950–2014.
Adaptado
de | Adapted from [3].
Notar
que os aumentos de imigração coincidem com inícios de crescimento económico nos
anos 1963, 1968, 1976, 1983, 1987, 2010. Note that immigration increases coincide
with onsets of economic growth in the years 1963, 1968, 1976, 1983, 1987, 2010.
Total
de imigrantes em “UE+Shengen”. A fracção de imigrantes é o total de imigrantes
dividido pelo total da população. Total number of immigrants in “EU+Shengen”.
The share of immigrants is their total number divided by the total population.
Adapatado
de | Adapted from [2].
Fonte
de Dados | Data source: United Nations (2009) for 1960
to 1980, and United Nations (2013) for 1990 to 2013.
Segundo dados da ONU [5] de 1990 para 2015
a população de imigrantes (nascida no estrangeiro) cresceu na Europa, nos EUA
(de 23 para 47 milhões, com desaceleração desde 2010), no Canadá (de 4 para 8
milhões) e na Austrália (de 4 para 7 milhões). No Japão aumentou de 1 para
2,1 milhões em 2010, diminuindo para 2 milhões em 2015. Usando dados da ONU e
do Eurostat, construímos a tabela abaixo com as percentagens de população
nascida no estrangeiro face à população total de vários ECDs em 2015.
|
According to UN data [5], from
1990 to 2015 the immigrant (foreign born) population grew in Europe, in
|
Note: we use in all tables a comma replacing
the decimal point.
Percentagem de população nascida
no estrangeiro em 2015. Percentage of foreign born
population in 2015.
CHE
|
SWE
|
BEL
|
NOR
|
DEU
|
GBR
|
NLD
|
FRA
|
ITA
|
USA
|
CAN
|
AUS
|
JPN
|
27,9
|
17,0
|
16,3
|
14,9
|
13,3
|
13,3
|
12,1
|
11,8
|
9,7
|
14,6
|
22,3
|
29,2
|
1,6
|
3. Níveis de educação dos imigrantes na UE
A tabela abaixo mostra a percentagem de
imigrantes por região de origem existentes em 15 países europeus (14 da UE – AUT,
BEL, DEU, DNK, ESP, FIN, FRA, GRE, IRL, ITA, NLD, PRT, SWE, GBR -- e NOR) em
2007-2009. Mostra também as percentagens em dois escalões de educação
definidos segundo a ISCED (International
Standard Classification of Educations): secundário inferior,
correspondente aos níveis 0 a 2 da ISCED; terciário e pós-graduação,
correspondente aos níveis 5 e 6 da ISCED [6].
Vemos que os maiores contingentes de
imigrantes de fora da UE14+NOR, são os da «Outra Europa» e do «Norte de
África e Médio Oriente». Ora, são precisamente estes os que têm maior
percentagem em baixos níveis de educação, 49% e 51%. Bastante maior que a dos
nativos, que é de 32,7%. Os que têm maior nível de educação, de fora da
UE14+NOR, são da «América do Norte e Oceânia» (fundamentalmente, Austrália e
Nova Zelândia): 49,6% destes imigrantes têm educação no escalão alto, uma
percentagem superior à dos nativos, que é de 25,8%. Mas os imigrantes desta
origem constituem apenas 2,8% do total de imigrantes.
|
3. Education levels of the immigrants in EU
The table below shows the
percentage of immigrants per region of origin in 15 European countries (14 of
EU – AUT, BEL, DEU, DNK, ESP, FIN, FRA, GRE, IRL, ITA, NLD, PRT, SWE, GBR -- and
NOR) in 2007-2009. It also shows percentages in two education ranks defined
in accordance to the ISCED (International Standard Classification of
Educations): low secondary, corresponding to levels 0 to 2 of ISCED; tertiary
and post-graduation, corresponding to levels 5 and 6 of ISCED [6].
We observe that the larger grups of
immigrants from outside EU14+NOR, are those of “Other Europe” and of “North
of Africa and
|
Imigração e Educação na UE14+NOR. Immigration and education in
EU14+NOR.
|
EU14
+
NOR
|
NMS12
(*)
|
Outra Europa
Other Europe
|
N. África e M. Oriente
N. Africa +
M. East
|
Outra África
Other Africa
|
S. e E. Ásia
S. and E. Asia
|
N. América e Oceânia
N. America +
Oceania
|
América Latina
Latin America
|
% do total de imigrantes
% of total immigrants
|
20,6
|
10,6
|
18,9
|
15,4
|
8,3
|
11,3
|
2,8
|
12,0
|
Escalão de educação | Education Rank
|
||||||||
Baixo | Low
|
35,1
|
23,4
|
49,0
|
51,0
|
39,0
|
40,0
|
14.1
|
37,2
|
Alto | High
|
29,4
|
21,0
|
14,7
|
20,5
|
27,8
|
26,3
|
49,6
|
22,8
|
(*) NMS12 = New Member States
12: Bulgaria , Czech Republic ,
Estonia , Cyprus , Latvia ,
Lithuania , Hungary , Malta ,
Poland , Romania , Slovenia ,
Slovakia .
4. Super-exploração
Definimos super-exploração de um grupo
específico de trabalhadores um constrangimento sistémico a venderem a sua
força de trabalho por um preço mais baixo do que a média da maioria dos
trabalhadores para um dado tipo de trabalho, numa dado país e período de
tempo.
Só nos ocuparemos aqui da
super-exploração do trabalhador imigrante legal e “livre”, embora haja outros
sujeitos de super-exploração: minorias étnicas, imigrantes ilegais,
refugiados. Existe abundante evidência de que a super-exploração de
imigrantes ilegais e refugiados na UE e EUA é ainda mais dura do que a dos
imigrantes legais. A super-exploração no CME tem chegado com frequência ao
extremo da moderna escravatura.
Para além da baixa salarial, a super-exploração
do trabalhador imigrante face ao “trabalhador nativo” [7] é revelada por
outros factores: menor probabilidade de arranjar emprego e outros aspectos
discriminatórios que dão forma ao constrangimento sistémico; piores condições
de vida que espelham e reproduzem a super-exploração.
4.1 Baixa salarial
Todos os estudos
que encontrámos analisando a diferença salarial entre trabalhadores
imigrantes face aos nativos de vários países, reportam uma baixa salarial dos
primeiros face aos segundos em
igualdade de circunstâncias quanto ao domínio da língua, às habilitações,
e à experiência de trabalho.
Mesmo ao fim de muitos anos de trabalho não se verifica uma convergência
salarial, incluindo no topo educacional. A situação é pior no caso das mulheres do que
nos homens; isto é, a diferença salarial face aos nativos é maior para as
mulheres imigrantes do que para os homens. A super-exploração das mulheres é
mais dura.
A discriminação salarial (e outras),
existe mesmo quando os imigrantes estão naturalizados.
Os vários autores, não tendo encontrado
nenhuma variável explicativa da diferença salarial, são peremptórios em
afirmar que só resta uma explicação: a «discriminação» (alguns, acrescentam
rácica ou étnica).
Mas «discriminação», só por si, explica
pouco. Algures, a discriminação é um meio para tingir um fim tangível. O fim,
neste caso, não foi fazer troça dos imigrantes, chamar-lhes «atrasados» ou «burros»,
embora isso tivesse sido feito. Também não foi dar-lhes maiores salários!
Não. O «algures» é, neste caso, a liderança da classe capitalista; e o fim
tangível foi baixar-lhes os salários e outras malfeitorias. Isto é, o fim é a super-exploração. Quanto às
várias atitudes de discriminação que a liderança capitalista cultivou na vox populi foram um meio para «justificar»
a super-exploração.
É importante assinalar que a liderança
da classe capitalista atingiu os seus fins com o apoio ou o silêncio de
lideranças sindicais; por vezes, de todas, como aconteceu em muitos ECDs
europeus na época áurea do CME. Grande parte da classe trabalhadora nativa foi
condicionada a sentir-se como uma aristocracia face aos trabalhadores
imigrantes.
Uma breve revisão dos estudos sobre
discriminação salarial é apresentada abaixo em Apêndice. Infelizmente não
encontrámos estudos incidindo em dados anteriores a 1984.
4.2 Desemprego
Os imigrantes são os primeiros a ser
despedidos, conforme reconhecido em vários estudos (ver os em Apêndice). Em igualdade de circunstâncias, as taxas
de desemprego dos imigrantes são sempre superiores às dos nativos,
conforme vemos na tabela abaixo para 2012 do estudo [3]. Este e outros
estudos determinaram uma probabilidade de arranjar emprego mais elevada para
os nativos do que para os imigrantes. Este
diferencial é persistente e não dependeu da crise de 2008. Assim, na
Holanda, a taxa de desemprego dos marroquinos é agora de 19,6 %, comparada
com 5,7% dos nativos; antes da crise, os respectivos números eram de 5,8% e
2,8% [8].
|
4. Super-exploitation
We define super-exploitation of a specific
group of workers the systemic constraint to sell their labor power at a lower
price than the average of the majority of workers, for a certain type of
work, in a given country and a given period of time.
We only occupy ourselves here with
the super-exploitation of the “free” legal immigrant worker, though there are
other subjects of super-exploitation: ethnic minorities, illegal immigrants,
refugees. There is abundant evidence that the super-exploitation of illegal immigrants
and refugees in EU and
Besides the lower wages, the
super-exploitation of immigrant workers vis-à-vis “native workers” [7] is
revealed by other factors: a lower probability of getting an employment and
other discriminating aspects which shape up the systemic constraint; the
worse living conditions mirroring and reproducing the super-exploitation.
4.1 Lower wages
All studies
we have found analyzing the wage gap of immigrant workers relative to native
workers, in several countries, report lower wages of the former with respect
to the latter in equal circumstances
as to language proficiency, endowments, and experience of work.
A wage convergence is not observed, not even after many years of work
and in the top of the education ladder. The situation is worse in the case of the women
than of the men; that is, the wage gap with respect to the natives is larger
for the immigrant women than for the men. The super-exploitation of the women
is harsher.
The wage discrimination (and
others), is observed even when the immigrants have citizenship.
The various authors, having found
no explanatory variable for the wage gap, are adamant in asserting that only
an explanation remains: “discrimination” (some add of race or ethnic).
But “discrimination”, by itself,
alone, is of little use as explanation. Somewhere, discrimination is a means
to a tangible end. The
end, in this case, is not belittling the immigrants, call them “backward” or
“morons”, although that has been made. It is also not giving them higher wages! No. The “somewhere” is, in this
case, the leadership of the capitalist class; and the tangible end was
lowering their salaries and the other harmful doings. That is, the end effect is super-exploitation.
As regards the various discriminating attitudes that the capitalist
leadership cultivated in the vox populi,
they were a means to “justify” the super-exploitation.
It is important to notice that the
leadership of the capitalist class reached its ends with the support or
silence of trade-union leaderships; sometimes, with them all, as it did
happen in many European DCEs in the golden age of the SMC. A large part of
the native working class was conditioned to feel itself as an aristocracy
vis-à-vis the immigrant workers.
A brief survey of studies on wage
discrimination is presented in Appendix below. Unfortunately we could not
find studies focusing periods of time preceding 1984.
4.2 Unemployment
Immigrants are the first ones to
be fired, as is recognized in several studies (see those cited in Appendix). In equal circumstances, the unemployment
rates of the immigrants are always larger than those of the natives, as
we see in the table below for 2012 of the work [3]. This work and other ones
have found a higher probability for the natives to get an employment than the
immigrants. This probability gap is
persistent and did not depend on the crisis of 2008. For instance, in the
|
Taxa de desemprego (%) em 2012. Unemployment rate
(%) in 2012 [2].
|
FRA
|
DEU
|
ITA
|
ESP
|
SWE
|
GBR
|
Nativos | Natives
|
9,1
|
5,0
|
10,4
|
23,0
|
6,5
|
7,8
|
Imigrantes | Immigrants
|
15,8
|
8,7
|
13,9
|
34.7
|
16,1
|
9,3
|
4.3 Condições de vida
Muitos imigrantes vivem em enclaves
habitacionais e em muito piores condições de vida que os nativos. Os filhos
dos emigrantes, particularmente dos de fora da UE, representam na UE uma
maior e crescente fracção da população não adulta do que os seus pais
representam na população adulta. Mas, devido à discriminação (salarial, etc.)
os filhos dos emigrantes com mais elevada probabilidade vivem em agregados
familiares desfavorecidos na cauda da distribuição de rendimento.
No período de 2007-2009, em cerca de 3%
dos agregados familiares da “UE14 + NOR” (ver acima), pelo menos um
progenitor tinha um rendimento nos primeiros 10% da distribuição de
rendimento. Em tais agregados viviam quase 20% de descendentes com menos de
15 anos e raízes fora da UE; para os descendentes com raízes na UE o valor
era 3,6%. O estudo [6] sobre os imigrantes de fora da UE afirma: «Estes
números são bastante dramáticos e sugerem que o desfavorecimento e a pobreza
afectam um segmento importante dos filhos dos imigrantes». De facto, as
piores condições de vida e de escolaridade dos imigrantes não-UE resultam
numa reprodução da discriminação; logo, da super-exploração.
4.4 Outros aspectos
O trabalho [3] cita resultados de outros
estudos que mostram existir em 15 países europeus segregação dos imigrantes
em determinadas ocupações que requerem menores habilitações. Essa segregação
é mais substancial em imigrantes de fora da UE e nos primeiros anos. Um
estudo revela que embora imigrantes do leste europeu ou da América Latina
melhorem a sua situação, nenhuma melhoria é observada nos africanos.
Vários estudos também reportam a existência
de outros tipos de discriminação étnica. Um estudo na Suécia reporta que
basta ter um nome que não soe a sueco para não ter sucesso na aplicação para
emprego; esse sucesso aumenta com a mudança de nome. Outros estudos reportam
a existência de discriminação relativamente a nomes que soam a turco ou a
marroquino, inclusive para obter uma casa. Percentagens significativas de
imigrantes dizem-se discriminados: 21% em França e Espanha, 17% no Reino
Unido, 16% na Alemanha e 14% na Suécia.
5. Tendências recentes
O grande capital dos ECDs europeus há
muito que deixou de estar interessado na imigração de baixa qualificação como
nas primeiras décadas do pós 2.ª GM. Na última década, os ECDs europeus ao
mesmo tempo que colocam entraves legislativos à imigração em geral – p. ex.,
com o objectivo de reunir famílias -- implementam políticas de recrutamento
de imigrantes de altas qualificações, com habilitações específicas de
interesse ao grande capital, e de recrutamento de empresários. Encorajam
também a permanência de estudantes estrangeiros depois da graduação. Em
Dezembro de 2011 a UE adoptou o esquema «Blue Card» que pretende competir com
EUA, Canadá e Austrália na captação de talentos.
Os grandes contingentes de turcos,
marroquinos e argelinos são cada vez mais vistos pelo grande capital europeu
– logo, pelos partidos de direita e extrema-direita que os representam – como
um «trambolho» que só serve para «chupar» benefícios sociais para as suas
numerosas famílias, e ter de manter estruturas estatais mais complexas e mais
onerosas (educação para imigrantes, serviços sociais ligados a congéneres dos
países de origem e a par de variações jurídicas, apoios específicos de saúde,
etc.). Tudo isso sem qualquer vantagem para o capital. Dentro desta lógica, a
discriminação «justificativa» da super-exploração irá aumentar. Com isso, as
tensões sociais. E como se trata de muçulmanos e quase sempre segregados em gettos, as tensões sociais irão
revestir dos dois lados a indumentária de «confronto de religiões/culturas» e
não de luta de classes.
Seria preciso a unidade das centrais
sindicais europeias com a luta destes trabalhadores. Pelo que conhecemos,
parece haver ainda um longo caminho a trilhar neste sentido.
O grande crescimento da extrema-direita
dita «populista» na UE tem precisamente a ver com a solução do «trambolho». A
solução que advogam é descartá-lo: expulsar os imigrantes que o grande
capital entende ser de expulsar. O governo checo já deu a trabalhadores
despedidos 500 euros e um bilhete de volta para casa [9]. No sistema
capitalista um trabalhador é uma máquina de produzir lucro. Se a classe
capitalista não o(a) puder utilizar para produzir lucro, o trabalhador(a)
torna-se descartável. E se puder prescindir de lhe prestar e pagar toda a
panóplia de apoios sociais, a ele(a) e aos familiares, tanto melhor.
Apêndice. Diferencial salarial dos imigrantes
Alemanha
Um trabalho
cuidado de 2016 é o de um investigador do FMI [4] que se baseia numa larga
base de dados de 224.000 observações no período de 1984 a 2013. As habilitações
dos trabalhadores estão estandardizadas usando escalões do International
Standard Classification of Education. A análise a que procedeu o
autor revelou que os imigrantes ganhavam à chegada menos 20 % do que os
nativos de características semelhantes (-15,3% em 2013, com -17,9% mulheres e
-13,3% homens). Inicialmente a diferença diminui 1% ao ano mas depois a
diminuição torna-se menor e os salários nunca convergem. Se os imigrantes não
dominam a língua e não têm habilitações, a diferença salarial pode ultrapassar
30%. Mesmo os imigrantes com boas habilitações podem ter diferenças salariais
grandes e persistentes.
O autor também
analisou o progresso dos salários dos imigrantes para os dos nativos.
Verificou, conforme a figura abaixo, a não existência de convergência. Ao fim
de 30 anos de trabalho o salário médio dos imigrantes ainda está cerca de 4%
abaixo do dos nativos em igualdade de circunstâncias.
Um outro
estudo [10], de 2014, evidencia que os imigrantes são «substancialmente
segregados» para empresas que pagam pior, ocupam os níveis hierárquicos mais
baixos, e são discriminados nas suas carreiras.
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4.3 Living conditions
Many immigrants live in
residential enclaves and in far worse living conditions than the natives. The
children of the immigrants, particularly from those of outside EU, represent
in the EU a larger and growing share of the non-adult population, than their
fathers represent in the adult population. Meanwhile, due to discrimination
(wages, etc.) the children of the immigrants have a higher probability of
living in disadvantaged households, in the bottom of income distribution.
In the years from 2007 through 2009,
about 3% of the households of “EU14 + NOR” (see above), had at least one
parent with an income falling in the bottom 10% of the income distribution. Almost
20% of the children below the age of 15 with non-EU background lived in such
households, whereas for children with EU-immigrant background the figure was
3.6%. On the non-EU immigrants the work [6] states: “These numbers are quite
dramatic, and suggest that disadvantage and poverty affects a substantial
fraction of immigrant children.”
In fact, the worse living
conditions and schooling of the non-EU immigrant children lead to a
reproduction of discrimination; therefore, of the super-exploitation.
4.4 Other aspects
The work [3] cites results from
other studies showing the existence in 15 European countries of immigrant
labor segregation in certain occupations requiring lesser endowments. This
segregation is heavier in non-EU immigrants and in the first years. One study
shows that although immigrants of East Europe or Latin America improve their
situation, no improvement is observed in the immigrants from
Several studies also report the
existence of other types of ethnic discrimination. A study about
5. Recent trends
The big capital of the European
DCEs has since long lost interest in the low-skilled immigration, as in the
first decades after WWII. In the last decade, the European DCEs enforce
legislative barriers to the immigration in general – as the one whose
objective is to reunite families --, and implement at the same time recruitment
policies of high qualified immigrants, with specific skills that are of
interest to the big capital, and also recruitment of entrepreneurs. They also
encourage the stay of foreign students after their graduation. The EU adopted
in December 2011 the “Blue Card” scheme, which intends to compete with
The large groups of Turks,
Moroccans and Algerians, are more and more seen by the big European capital –
consequently, by the right and far-right parties representing them – as a “nuisance”,
whose only purpose is to “suck out” social benefits for their large families,
and of having to support more complex and expensive state structures (education
for immigrants, social services linked to counterparts in the countries of
origin and on the grasp of juridical changes, specific supports for health
care, etc.). All this without any advantage to capital. Within this logic,
the discrimination “justifying” the super-exploitation will increase. And the social tensions too. And since they are Muslims, and
almost always segregated in ghettos, the social tensions will be attired in
both sides with the garments of “religious/cultural confrontation”; not of
class struggle.
The unity of the European
trade-unions with the struggle of these workers would be needed. As far as we
know, there is still a long path to be covered in that direction.
The large growth of the EU
far-right, known as “populist”, is precisely connected to the solution of the
“nuisance”. The solution they advocate is to discard it: expel the immigrants
that the big capital considers should be expelled. The Czech government has
given workers who have been laid off €500 and a ticket home. [9]. In the capitalist system a worker
is a profit-producing machine. If the capitalist class cannot make use of him/her
to produce profit, the worker becomes disposable. And if it can do without
making available and pay the whole panoply of social support, to him/her and relatives, that is
even better.
Appendix. Imiggrant wage-gap
Germany
A
careful study of 2016 comes from an IMF researcher [4], based on a large
dataset of 224.000 observations in the years from 1984 through 2013. The
endowments of workers are standardized using the levels of the International Standard Classification of
Education. The analysis carried through by the author revealed that the
immigrants earned on their arrival less 20 % than the natives of similar
endowments (-15.3% in 2013, with -17.9% for the women and -13.3% for the men).
Initially, the gap decreases 1% per year, but afterwards the decrease slows
down and the wages never converge. If the immigrants are not proficient in
the language and have no endowments, the wage gap may become larger than 30%.
Even the immigrants with good endowments may suffer from big and persistent
wage gaps.
The
author also analyzed the progress of the immigrant wages relative to those of
the natives. He verified, as shown in the graph below, that no convergence
existed. After 30 years of work the average wage of the immigrants was still
about 4% below that of the natives in equal circumstances.
Another
study [10], of 2014, brings evidence that immigrants are “substantially
segregated” to worse paying enterprises, and occupy lower hierarchical
levels, being discriminated in their careers.
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Diferença
salarial média dos imigrantes na Alemanha (%) ao longo do tempo. Wage-gap (%) of immigrants in Germany along time.
Holanda
O estudo [11]
de 2015 revela que a diferença salarial de nativos vs. imigrantes em
condições semelhantes varia desde um pequeno valor negativo para imigrantes «ocidentais»
até 17% para imigrantes homens «não-ocidentais». Outro estudo [12], de 2016,
encontra um salário médio dos imigrantes «não-ocidentais» 12,5% menor que o
dos nativos em condições semelhantes.
Os autores do
estudo [13] analisaram
especificamente os salários de trabalhadores com estudos superiores no
período 2001-2010. Entre outras conclusões, destacamos:
«… a diferença salarial entre imigrantes
de 1.ª geração e nativos é de -3 por cento»;
«… nos imigrantes de 2.ª geração… quando
os pais não são de países da OCDE, os salários são inferiores em aprox. 2 por
cento. Isto mostra que nem a aquisição pelos pais de conhecimentos específicos
do mercado laboral holandês devido à longa duração de residência, nem a
aquisição pelos graduados de capital humano específico em holandês, podem
ultrapassar diferenças do mercado laboral»;
«Este estudo mostra que o factor mais
importante da diferença laboral entre imigrantes e nativos não está de facto
fortemente ligado às habilitações de capital humano, mas provavelmente mais
ao efeito de ser “outro”».
Note-se que é habitual depararmos em
estudos sobre mercado laboral com a menção de «capital humano» para designar
habilitações dos trabalhadores. No mundo do capital é tudo, sufocantemente,
«capital». As criancinhas começam a aprender desde pequeninas não para se
tornarem seres humanos livres de traçar o seu destino, mas apenas para
poderem servir a máquina do capital como mais uma roda de «capital humano».
Áustria
Um estudo [14] menciona a discriminação «tradicional»
dos imigrantes na Áustria, referindo em 2010 um salário médio dos imigrantes
face ao dos nativos de menos 37,5% no sector primário e de menos 18,2% no
sector terciário.
França
Em 2011 o salário mediano dos imigrantes
era 10 % mais baixo do que o dos nativos [3].
Suécia
Em 2011 o salário mediano dos imigrantes
era 7 % mais baixo do que o dos nativos [3].
Bélgica, Alemanha, Finlândia, França,
Itália
Um
estudo [5] considerou os dados para estes 5 países em 2009, analisando as
distribuições salariais de nativos, imigrantes da UE e imigrantes de fora da
UE. Essas distribuições mostram que os imigrantes de fora da UE ocupavam
predominantemente os menores escalões salariais. Além disso, a informação
disponível na base de dados usada pelos autores, permitiu concluir que a diferença salarial entre imigrantes de
fora da UE e nativos não é explicável por diferenças de educação. Os
autores analisam em detalhe as distribuições salariais e afirmam em conclusão:
«Em todos os países os imigrantes parecem estar economicamente
desfavorecidos, mesmo quando os comparamos com os nativos com as mesmas
características. O desfavorecimento é mais pronunciado nos imigrantes de fora
da UE».
EUA
Vários estudos que encontrámos sobre salários
de imigrantes nos EUA, mesmo de autores consagrados, devotam atenção não ao
diferencial face aos trabalhadores nativos e suas causas, mas sim sobre se os
imigrantes «deprimem» o salário dos trabalhadores nativos (um exemplo é [15]),
uma tese cara aos populistas anti-imigrantes. Ora, não é necessário nenhum
estudo para responder que obviamente deprimem. Qualquer aumento da oferta de
trabalho tenderá a diminuir os salários. Seja a oferta de imigrantes ou não.
Se num dado momento todo o exército dos EUA fosse desmobilizado também os
salários desceriam, ceteris paribus.
Um estudo [16] refere que “os ganhos
durante uma vida dos imigrantes são 57% dos ganhos de nativos em situação
comprável”. Um outro estudo, da Segurança Social [17], sobre os trabalhadores
que imigraram para os EUA de 1985 a 1990 revelou que os asiáticos e hispânicos recebiam cerca de metade dos nativos.
Além disso, os seus salários crescem lentamente de forma não comparável aos
nativos.
Portugal
Portugal não é um país ECD. Além disso,
é mais um país de emigração do que de imigração, tendo esta só assumido um
papel significativo a partir de 1990, com os imigrantes do leste europeu. Um
estudo sobre a diferença salarial dos imigrantes face aos nativos no período
2002-2008 [18] revelou que esse diferencial atinge -13,9%. Os piores
remunerados são os chineses (-398 € mensais) e os do leste europeu (-244 €
mensais). O estudo também revelou que a diferença salarial não está associada
à diferença de habilitações e que o retorno devido à educação é menor para os
imigrantes do que para os nativos, tornando-se menor à medida que sobe o
nível educacional.
Vemos, portanto, que a diferença
salarial dos imigrantes e suas características não são exclusivas dos ECDs.
São um fenómeno intrínseco do CME.
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Netherlands
The
study [11] of 2015 reveals that the wage gap from the natives vs. immigrants
in similar conditions varies from a small negative value for “western”
immigrants up to 17% for “non-western” male immigrants. Another study [12],
of 2016, finds an average wage of “non-western” immigrants 12.5% smaller than
that of natives in similar conditions.
The authors of the study [13] have specifically analyzed
the wages of workers with graduations of higher education in the period
2001-2010. Among other conclusions, we retain:
“…
the wage gap between first-generation migrants and natives is -3 per
cent.”
“… for the second-generation
immigrants… when both parents are from outside the OECD, their wages are
lower by approx. 2 per cent. This indicates that neither the parents’
acquisition of Dutch- specific labor market knowledge due to long duration of
residence, nor the graduates’ acquisition of Dutch-specific human capital are
able to overcome labor market wage differences.”
“This study demonstrates also that
the most important factor in the wage gap between immigrants and natives is
in fact not strongly related to their human capital endowment, but probably
more to the effect of being ‘otherness’”.
Let us remark that the expression
“human capital” is usually found in studies on labor market to designate the
endowments of workers. In the world of capital everything is, suffocantingly,
“capital”. The little children start learning since tender age not to become
human beings that are free to trace their destinies, but merely to serve the
machine of capital-production as one more wheel of “human capital”.
Austria
One study [14] mentions the “traditional”
discrimination of immigrants in
France
In 2011 the median wage of
immigrants was 10 % lower than the median wage of natives [3].
In 2011 the median wage of
immigrants was 7 % lower than the median wage of natives [3].
Belgium, Germany, Finland,
France, Italy
The
study [6] considered the data of these 5 countries in 2009, analyzing the
wage distributions of the natives, of the immigrants from the EU, and of the
immigrants from non-EU origin. These distributions show that the immigrants
of non-EU origin occupied predominantly the bottom wage levels. Moreover, the
information available in the database used by the authors, allowed them to
conclude that the wage gap between immigrants
from non-EU origin and natives is not explainable by differences in education.
The authors analyze in detail the wage distributions and conclude this way: “Across
all countries, it seems that immigrants are economically disadvantaged, even
if we compare them to natives with the same characteristics. This
disadvantage is more pronounced for immigrants from non-EU countries.”
USA
Several studies we found on
immigrant wages in USA, even from celebrated authors, devote their attention
not to the wage gap with respect to native workers and its causes, but
instead to whether or not immigrants “depress” the wages of native workers (an
example of such is [15]), a topic dear to the anti-immigrant populists. Now,
in truth, there is no need of any study to answer affirmatively that they obviously
depress. Any increase of labor offer will tend to depress wages. Be it if
immigrants or not. If at a given moment the whole army of
One study [16] mentions that the “lifetime
earnings of immigrants are 57% less than those of comparable natives”. Another
study, from the Social Security [17] on the workers that immigrated to US
from 1985 to 1990 revealed that Asians
and Hispanics received about half of the natives. Moreover, their
salaries grow slowly in no way comparable to the natives.
Portugal
We thus see that the wage gap of
immigrants and its features are not confined to the DCEs. They are a
phenomenon intrinsic to the SMC.
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Notas e Referências | Notes
and References
[1] Os capitais
monetários e outros activos, como ouro e jóias, não foram destruídos com a
guerra. Mesmo os capitais dos grandes capitalistas dos países vencidos
aumentaram devido às extensas rapinas. É assim que vemos os Siemens, Thissen,
Krupp, etc., regressarem em força na reconstrução capitalista da RFA.
Capitals in cash and
other assets, such as gold and jewels, were not destroyed during the war. Even
the capitals of the big capitalists of the defeated countries have increased
due to extensive plunder. We thus see the Siemens, Thissen, Krupp, etc.,
returning in a strong position to the capitalist reconstruction of FRG.
[2] Malissa B. Eaddy, An Analysis of Japan’s Immigration Policy on Migrant Workers and Their
Families, Seton Hall
University , Spring
2016.
[3] Sara de la Rica,
Albrecht Glitz, Francesc Ortega, Immigration
in Europe : Trends, Policies and Empirical
Evidence, Forschungsinstitut zur Zukunft der Arbeit IZA DP No. 7778,
November 2013.
[4] Robert C. M. Beyer,
The Labor Market Performance of
Immigrants in Germany ,
International Monetary Fund, European Division, WP/16/6, 2016.
[6] Christian Dustmann and Tommaso Frattini, Immigration: The European Experience, Norface
Migration, Discussion Paper No. 2012-01.
[7] A designação
«trabalhador nativo» é perfeitamente entendível no caso da Europa e do Japão.
No caso da América, Austrália e Nova Zelândia trata-se não da população nativa
mas sim da população branca, maioritária, descendente dos colonizadores.
The term
“native worker” is perfectly understood in the cases of Europe and Japan .
In the cases of America , Australia and New Zealand we mean not the native
population, but instead the white majority population descendent from the
colonists.
[8] ‘Jan has a better chance of a job in Holland than Mohammed,
Dutch News, Society, March 22, 2015, http://www.dutchnews.nl/news/archives/2015/03/jan-has-a-better-chance-of-a-job-in-holland-than-mohammed/
[9] Jane Hardy, Migration, migrant workers and capitalism,
International Socialist Journal, Issue 122, 31st March
2009, http://isj.org.uk/migration-migrant-workers-and-capitalism/
[10] Mario Bossler, Sorting Within and Across Establishments:
The Immigrant-Native Wage Differential in Germany, research institute of
the German Federal Employment Agency, Oct 2014.
[11] Tom Varkevisser, An Oaxaca-Blinder decomposition of the
native-immigrant wage gap in the Netherlands , Master Thesis MSc
Economics, VU University Amsterdam 2014-2015.
[12] Rosalie de Ruiter, Disadvantages
of non-Western immigrants within the Dutch labour market. How much of the
employment- and wage differential between natives and immigrants is due to
differences in observable characteristics and how much remains unexplained?
Erasmus University
Rotterdam ,
2016.
[13] Masood Gheasi, Peter
Nijkamp, Piet Rietveld, Wage Gaps between
Native and Migrant Graduates of Higher Education Institutions in the
Netherlands, Forschungsinstitut zur Zukunft der Arbeit IZA DP No. 9353, September 2015.
[14] Gudrun Biffl, Lea
Rennert, Petra Aigner, Migrant Workers in Austria
and Europe . Challenges for Industrial
Relations, in particular Trade Unions, Monograph Series Migration and
Globalization, October 2011, Danube University Krems.
[15] G Peri, Do immigrant workers depress the wages of
native workers? https://wol.iza.org/.../do-immigrant-workers-depress-the-wages-of...
[16] Carnegie Mellon
University , Research Showcase
of The Immigrant-Native Wage Gap in the United States .
[18] Sónia Cabral, Cláudia Duarte, The Wage Gap Of Immigrants In The Portuguese
Labour Market, Economics and Research Department, Banco de Portugal, 2012.