segunda-feira, 21 de março de 2016

Marxismo e Ciência: Materialismo Histórico (5)

Continuação de / Continuation of:

11 – Evolução Histórica das Formações Sociais
A – Sociedades Primitivas Sem Classes
B – Sociedades Classistas
   B1 – Esclavagismo
      B1CEsclavagismo de Estado (Esclavagismo Antigo)
B1D – Esclavagismo Privado (Esclavagismo de Plantações)
   B2 e B3 – Sistemas Feudais
   B2 – Feudalismo de Servidão
      B2C – Servidão Estatal
(Continua no próximo artigo)
11 – Historical Evolution of Social Formations
A – Primitive Societies Without Classes
B – Class-Based Societies
   B1 – Slavery
      B1C State Slavery (Ancient Slavery)
B1D – Private Slavery (Plantation Slavery)
   B2 e B3 – Feudal Systems
   B2 – Serfdom Feudalism
      B2C – State Serfdom
(Continues in a next article)

11 – Evolução Histórica das Formações Sociais
Para que o materialismo histórico (MH) possa ser considerado uma teoria científica geral da história, deverá satisfazer três requisitos: a) ser capaz de classificar, de forma consistente, todas as formações sociais (FSs) conhecidas; b) ser capaz de explicar, com base nas principais variáveis – a variável determinante «modo de produção (MP) dominante» e, nas FSs com classes sociais, a variável determinada «luta de classes» – os traços essenciais da evolução histórica passada das FSs; c) ser capaz de prever, nas mesmas condições, os traços essenciais da evolução histórica futura das FSs.
   
Note-se que dissemos «essenciais» em (b) e (c). Partindo do mesmo MP dominante, observa-se sempre uma grande variabilidade evolutiva das várias FSs com esse MP, dependendo de factores determinados, superestruturais, e acessórios. O MH não é suposto explicar toda essa variabilidade, dado que apenas pretende ser uma teoria científica geral, isto é, das leis mais gerais, da história. Analogamente, a teoria do big-bang, teoria evolutiva da física do universo, apenas explica os traços essenciais da evolução do universo.
   
Na secção 3 vimos como o MP dominante, conjuntamente com um factor superestrutural intimamente relacionado com a defesa desse MP – a centralização/descentralização política –, permite uma classificação consistente das FSs. Aí definimos também o que se entende por «consistente». Vamos agora analisar o requisito (b), mostrando que a evolução de cada MP dominante, conjuntamente com as lutas de classes, permite explicar os traços essenciais da história das FSs. A nossa exposição será necessariamente muito condensada, dada a vastidão do tema, com questões ainda em aberto e alvo de investigação. Note-se que a transição entre FSs envolve sempre um tempo apreciável em que pode ser difícil ou impossível dizer em cada momento qual é o MP dominante, dada a escassez ou ausência de dados objectivos. Qualquer exposição de (b) terá sempre de ancorar-se nos períodos «puros» das FSs, com um MP dominante bem definido.
   
No que se segue, cada subsecção diz respeito a uma classe de FSs com um dado MP dominante. Usamos a notação da secção 3.6, com as letras C e D designando, respectivamente, organização política (OrgPol) centralizada ou descentralizada, e RdP as relações de produção. Nas FSs classistas a ordenação é, como na  secção 3, pelo modo de apropriação do produto do sobretrabalho, o sobreproduto [1].
A – Sociedades Primitivas Sem Classes

RdP: Todos os produtores são iguais. Não existe uma classe exploradora de sobretrabalho.
   
OrgPol: Assembleias de toda a horda ou homens da tribo. Mais tarde, na transição para formações classistas, surgem os concelhos de anciãos, chefes tribais e chefes militares.
   
Evolução:
A espécie homo sapiens espalhou-se a partir de África há cerca de 60.000 anos, na fase média do Paleolítico. Inicialmente os humanos viviam em hordas de um pequeno número de indivíduos, com matrimónio por grupos. A obtenção de alimentos, incluindo a caça de grandes animais (mamute, bisonte, veado, etc.), era feita colectivamente, mas a propriedade dos instrumentos era pessoal. Os abrigos eram primitivos e obtidos da própria natureza. A distribuição de bens pelos elementos da horda e, mais tarde, entre «famílias grandes» da tribo, era igualitária. Conhecemos estas sociedades por testemunhos indirectos e directos [2]. Não existem chefes. As decisões são tomadas por consenso. Não existe divisão do trabalho e mesmo a tradicional divisão de trabalho entre géneros (os homens caçam e fabricam armas, e as mulheres preparam alimentos e vestuário) podia ser flexível e com igualdade entre os sexos [3]. Embora haja alguma discordância entre os estudiosos, há fortes evidências de que a «família» paleolítica era matriarcal, devido ao matrimónio por grupos: a descendência sabia quem era a mãe mas não sabia quem era o pai [4]. Nesta fase não há excedentes de produção, pelo que os prisioneiros de confrontos eram mortos e geralmente comidos. O canibalismo era prática comum nas tribos paleolíticas em todo o mundo, incluindo na Europa [5].
   
Gradualmente, a um ritmo que varia de região para região, dá-se a evolução para o Neolítico (10.200 a 4.000 anos a.c.) com a descoberta da domesticação de animais, pastoreio, agricultura e, no final, a obtenção e uso do cobre (fácil fusão). Estes avanços das forças produtivas permitem a obtenção de excedentes de alimentos e de utensílios. Surge a propridade privada da terra e gado de grandes famílias – gens (clãs) cooperando reunidas em tribos – e divisão do trabalho entre os sexos. Surge também a divisão gradual entre tribos agrícolas (vales férteis do Nilo, Tigre, Eufrates, Indo, Huang-ho) e tribos pastorícias (Irão, povos das estepes) e novas divisões do trabalho: ferreiros, oleiros, tecelões. A propriedade privada com o correspondente direito de herança conduz à transição do matriarcado ao patriarcado e da família grande para a família sindiásmica e, mais tarde, monogâmica [6]. Surgem formas embrionárias de Estado com conselhos e chefes tribais. Na tomada de decisões distinguem-se dois tipos de tribos: aquelas em que a direcção tribal decide centralizadamente sobre todos os assuntos (modo eslavónico, AC); aquelas em que só certos assuntos, como a guerra, eram decididos centralizadamente deixando às «famílias» a decisão descentralizada, da produção e distribuição de bens (modo germânico, AD).
   
Transição:
O surgimento da propriedade privada torna a guerra, com a captura de prisioneiros, subjugação de comunidades, apropriação de terras, gado e infraestruturas, um empreendimento potencialmente produtivo. Os prisioneiros de guerra são transformados em escravos; logo, parte da propriedade privada. Aparece o comércio sob a forma primitiva de troca de produtos (economia natural). Sob a influência dos direitos hereditários, as comunidades organizam-se cada vez mais por famílias monogâmicas o que desagrega o igualitarismo da primitiva organização gentílica. Aumentam as diferenças de riqueza. De certas famílias, com mais bens e escravos, emerge uma nobreza gentílica de chefes militares dispondo de escoltas armadas, dos quais dependem para protecção outros membros da tribo, os clientes. Surgem, assim, classes sociais, permitindo a uns poucos a apropriação de sobreproduto dos outros: escravos e clientes. A nobreza gentílica passa a exercer uma influência cada vez maior nos concelhos tribais e, com o apoio dos seus validos, apodera-se do poder. Surge o Estado, estrutura que permite assegurar o domínio de uma classe sobre todas as outras. Mas que permite também uma maior divisão de trabalho; nomeadamente, e pela primeira vez, entre o trabalho manual e intelectual, permitindo avanços nas forças produtivas impossíveis de outro modo. Um exemplo bem conhecido é o dos gigantescos trabalhos de irrigação no antigo Egipto, exigindo planeamento, cooperação e know-how a nível estatal, que possibilitaram produzir alimentos para uma população rapidamente crescente. Trabalhos estes fora da capacidade técnica da tribo neolítica isolada.
   
O processo de transição para um novo MP decorre num período relativamente longo. A influência de factores acessórios (geográficos, climáticos, recursos naturais, etc.) induz o comunismo primitivo em desagregação a evoluir para uma das seguintes classes de FSs: Esclavagismo de Estado (B1C) e Feudalismo de Comunidades (B3C).
B – Sociedades Classistas
B1 – Esclavagismo
«No sistema de escravatura, até mesmo a parte do dia em que o escravo se limita a substituir o valor das suas subsistências, em que trabalha portanto para si, parece ser apenas trabalho para o seu proprietário» Karl Marx, O Capital, vol. 1, cap. 19.
B1CEsclavagismo de Estado (Esclavagismo Antigo)
RdP: Os escravos são os principais produtores. A nobreza gentílica e, mais tarde, o patriciado [7] divide entre si, na sequência de guerras, as melhores terras e os prisioneiros de guerra escravizados [8]; controla o Estado e os trabalhos públicos dos escravos nas pedreiras, minas, oficinas do Estado, barcos e construção de edifícios.
   
Nesta como noutras FSs com classes existe sempre uma classe de pequenos produtores independentes [9] – os plebeus, camponeses e artesãos –, e outros estratos sociais «médios» (mercadores, funcionários, militares, sacerdotes, etc.) que a partir de agora designaremos por PPs.
   
OrgPol: Vários tipos de organização, desde a democracia republicana à tirania monáquica. Existe frequentemente, mesmo sob regime despótico, um corpo representativo do patriciado.
   
Evolução: A orla mediterrânica (Grécia, Itália, Cartago, etc.) é o principal teatro deste MP e o Império Romano o seu ápice. Da desagregação do igualitarismo gentílico das tribos, constantemente em guerra com sociedades limítrofes e competidoras, nasceram cidades-estado esclavagistas desde cerca de 1.600 a.C. [10]. As guerras proporcionavam um fornecimento constante de escravos, cujo trabalho a nobreza militar em ascensão explorava. É bem conhecido o caso de Roma: uma aliança de sete tribos latinas expande o seu território inicial à custa de guerras com os vizinhos Etruscos, Équos, Samnitas, Volscos, etc. Constitui-se um Estado esclavagista centralizado e militarizado que alimenta constantemente o seu MP à custa de guerras de conquista.
   
Registam-se importantes avanços nas forças produtivas: metalurgia, fabrico do vidro, construção de edifícios, estradas, pontes, aquedutos, barcos, instrumentos de medição, etc.
   
Ocorrem dois tipos de lutas de classes [11]: as que opõem os plebeus aos patrícios e as que opõem os escravos aos patrícios. Em Atenas, a luta entre a nobreza latifundiária e os plebeus liderados por ricos, ligados ao comércio marítimo, conduziu ao regime mais democrático de B1C (460 a.C.), até ser extinto por causas externas. Em Roma, constituiu-se um patriciado de grandes latifúndios, devido ao roubo de terras comunitárias e à conquista militar. Os plebeus, depois de muitas lutas, só conseguiram obter e manter alguns direitos «defensivos» (Assembleias e Tribunos da Plebe). Nunca conseguiram impor a Lei Agrária (Guerra dos Gracos, 133-121 a.C., [12]). As revoltas dos escravos tiveram um sucesso efémero. O seu carácter isolado e falta de perspectiva política determinaram o fracasso. Na mais célebre, a de Espártaco (73-71 a.C.), uma parte do seu exército desertou com o objectivo de atravessar os Alpes voltando ao comunismo primitivo. O próprio Espártcado parece ter contemplado essa possibilidade. Apesar de algum apoio da plebe aos escravos, esse apoio foi insuficiente [13]. A forma corajosa e sapiente como Espártaco conduziu os seus exércitos, que travaram uma guerra que encheu de pânico os esclavagistas, a sua dignidade moral e atitude democrática, grangearam-lhe ampla simpatia entre os explorados e intelectuais da época (Plutarco e Apiano), convertendo-o num símbolo imortal da luta dos explorados.
   
O crescendo de lutas entre patrícios e plebeus, conjugado com revoltas autonomistas nos territórios conquistados, desembocaram na solução política imperial, de um Estado pretensamente acima das classes «para o bem de todos». Um tipo de solução que encontraremos noutras FSs. O Império irá dar rédea solta à rapacidade dos patrícios detentores de enormes domínios, a cargo de feitores e capatazes que comandam exércitos de escravos. A plebe urbana é anestesiada por circo, pão, distribuições periódicas de dinheiro, e chauvinismo nacional.
   
Transição: B1C sofria de contradições insanáveis que acabaram por travar o progresso das forças produtivas: a guerra de conquista é uma condição sine qua non deste MP e tornou-se cada vez mais difícil obter escravos quando o Império atingiu o limite da sua expansão; os escravos odiavam o trabalho, não estavam interessados em frutificar a economia dos seus donos e só trabalhavam por coacção; o escravo não tinha família e a exploração brutal da sua força de trabalho conduzia-o a morte precoce; os seus donos, longe de estimularem a sua iniciativa e a adopção de técnicas mais produtivas, pelo contrário reprimiam-na, por recearem que se tornassem indóceis. No Baixo Império as áreas cultivadas diminuiram e houve penúria de mão-de-obra. As classes possidentes dão-se conta da crise do B1C [14]. Favorecem o concubinato entre os escravos com a ideia de que quem nasce escravo aceita melhor a escravatura; entregam pequenas parcelas de terra e um pequeno pecúlio aos escravos para os interessar na produção, dando origem aos chamados colonos [15]; adoptam o cristianismo como religião de Estado a fim de criar nos escravos e oprimidos as condições subjectivas de aceitação da sua sorte (recompensa no Além e resignação cá na Terra) [16].
   
As medidas adoptadas pelos donos de escravos não deram o resultado esperado. No final do séc. III ocorrem enormes revoltas por todo o Império, de plebeus desesperados pelas exacções do fisco, os abusos dos funcionários imperiais, a exploração brutal dos latifundiários, qualificados por um contemporâneo como mais selvagens do que os bárbaros. As revoltas mais violentas na Gália e Espanha foram as dos Bagaudas (fim do séc. III e início do séc.V), constituídas por camponeses arruinados, colonos e escravos fugitivos que assaltavam as villas dos ricos e a administração romana [17]; por vezes, com o apoio dos bárbaros às portas do Império. Estas revoltas, cruelmente reprimidas, não poderiam instalar uma FS mais avançada mas contribuíram para abalar o Império. Conjuntamente com as invasões das tribos bárbaras, em parte já «federadas» ao Império, este desfaz-se. Inicia-se a transição para um novo MP: o feudalismo senhorial (B2D).
B1D – Esclavagismo Privado (Esclavagismo de Plantações)
Nota: Este MP dominante ocorre, diríamos anacronicamente, enxertado em B3D e B4D, demonstrando que a classe dominante em qualquer FS nunca tem rebates de consciência em recorrer a um MP retrógrado, mais opressivo e explorador, se disso tiver necessidade.
   
RdP: Os escravos são os principais produtores. Trabalham na terra, em grandes plantações de monocultura. Os plantadores (proprietários da terra, de escravos e de outros capitais fixos) são a classe dominante. Os PPs (pequena burguesia na fase capitalista) têm papel económico e político muito reduzido.
   
OrgPol: Estruturas de governo simples, representativas dos interesses comuns dos plantadores. As principais decisões (economia, administração e justiça) são tomadas descentralizadamente: cada plantação é um pequeno Estado [18].
   
Evolução: Em 1533 o Brasil foi dividido em capitanias por D. João III, doadas em usufruto a nobres. O seu desenvolvimento necessitava de mão-de-obra, e a única disponível e adaptada ao ambiente era a mão-de-obra índia [19]. As únicas capitanias de sucesso vieram a ser as de plantações de cana-de-açúcar que usavam escravos índios. De 1602 a 1694 grupos armados penetraram no sertão e praticaram a caça ao escravo índio. A população índia escravizada declinou drasticamente, devido e doenças e maus-tratos, sendo cada vez mais substituída por escravos africanos [20]. O modelo brasileiro das plantações de cana-de-açúcar foi usado por holandeses, espanhóis, ingleses e franceses no Caribe e noutras regiões da América. Evoluiu mais tarde para outros tipos de monocultura: tabaco, café, sisal e anil [21].
   
Nesta fase mercantilista (domínio do capital comercial) e protocapitalista do feudalismo europeu o produto do trabalho escravo contribuiu para a acumulação capitalista inicial, ao mesmo tempo que fortalecia o status socioeconómico do comércio, da banca e dos seguros. Consolidou-se o «tráfico triangular» que iria persistir até ao séc. XIX: os navios levavam mercadorias (p. ex., têxteis) da Europa aos portos da África Ocidental; aí carregavam escravos, transportados em condições desumanas às Índias Ocidentais, onde eram vendidos nos mercados; carregavam, então, os produtos das plantações (açúcar, melaço, rum, café, etc.) a ser vendidos na Europa [22].
   
O trabalho escravo surgiu nos Estados Sulistas dos EUA em meados do séc. XVII. Aquando da independência americana, em 1776, a população escrava era já considerável: cerca de ¼ da população branca [23]. A respectiva Declaração de Independência – «Consideramos estas verdades como auto-evidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são a vida, a liberdade e a busca da felicidade» – devia soar bem hipócrite aos ouvidos escravos. Por essa altura o capitalismo crescia em Inglaterra e o sistema das plantações sulistas florescia, com concorridos mercados de escravos em Filadélfia, Richmond, Charleston e Nova Orleães. A monocultura do algodão estava em alta. Em 1860, vésperas da Guerra da Secessão, os escravos eram quase metade de toda a população livre! Em pleno capitalismo o escravo era visto como capital fixo empregue num negócio de exportações, transaccionável como qualquer mercadoria, usado para pagar dívidas, bens e serviços, com uma capacidade produtiva e respectivo preço devidamente avaliados, e submetido a uma lei de exploração económica bem definida e aplicada pelo capataz a golpes de chicote: extracção da maior quantidade de sobreproduto possível no menor tempo possível porque a taxa de mortalidade era elevada. Além de fornecerem apreciados bens de consumo (açúcar, tabaco, café, arroz) as plantações forneciam também matérias-primas às indústrias (algodão, sisal, anil, borracha, sumaúma, etc.) e lubrificavam o crédito, por exemplo, sob a forma de títulos fiduciários que circulavam como moeda, sustentados por produtos das plantações tais como açúcar ou tabaco. Em suma, a escravatura de plantações estava devidamente enxertada no capitalismo, contribuindo para o seu crescimento. [24]
   
Transição:
A classe B1D de FSs difere em muitos aspectos de B1C [25]: nesta, os escravos eram empregues por um Estado centralizado, não só na agricultura (conjuntamente com muitos PPs) mas também em grande número em trabalhos públicos; o aporte de escravos dependia essencialmente da guerra e não do tráfico marítimo; a condição de escravo não dependia de origens étnico-raciais (ameríndios e africanos); a agricultura de B1C era especializada, de policultura sazonal, e não envolvia o trabalho síncrono de grandes grupos em monoculturas; a escravatura de B1C não contribuía nem poderia contribuir para o desenvolvimento de um sistema capitalista.
   
Ao contrário de B1C a escravatura de plantações produziu uma revolta de escravos bem sucedida: a revolta do Haiti em 1791, liderada pelo escravo auto-didacta Toussaint l’Ouverture, fundador da República do Haiti e que teve o apoio da Revolução Francesa. De facto, as condições de aquisição de consciência social e de classe eram em B1D bem melhores do que em B1C. Nos Estados Sulistas dos EUA os escravos conseguiram construir grupos de informação e formação, melhorando as suas formas de luta, como por exemplo na organização das vias de fuga para o Norte. Efectuaram vários levantamentos poderosos, como o de 1811 na Luisiana inspirado pela revolta do Haiti (Revolta de Nova Orleães); embora não vitoriosos enviaram ondas de apreensão aos plantadores e capitalistas europeus.
   
O preço elevado dos escravos [26] derivado do risco do tráfico marítimo, do declínio da oferta africana, e do aumento da procura, vieram a tornar a plantação escravista menos rentável. Este aspecto, combinado com o trabalho assalariado na Europa, que num longo período inicial não se distinguia em várias facetas da escravatura, levaram a Inglaterra a abolir o tráfico de escravos em 1807. Portugal fez o mesmo em 1815 e o Brasil em 1831 (embora aí os escravos subsistissem até 1888). B1D já não era um enxerto agradável, ainda que anacrónico, no capitalismo. Os plantadores sulistas dos EUA procuraram por todos os meios prolongar o sistema de plantações: tal como em B1C ofereceram pequenos lotes de terras e um pequeno pecúlio aos escravos, e incentivaram a sua procriação; alguns chegaram a conceder domingos livres; mais importante ainda, procuraram estender o esclavagismo a novos Estados, como o Novo México, Texas e Kansas. Esta era uma questão central na obstinação dos esclavagistas em defesa dos seus privilégios. Foi de tal ordem que não recuaram perante a provocação da guerra civil em 1861. Perderam-na. O B1D extinguiu-se sem transição específica, por se ter tornado descartável.
   
No total, durante mais de três séculos, estima-se que 12 milhões de africanos foram arrancados das suas casas e enviados para as Índias Ocidentais tendo 10 milhões deles completado a viagem. Para se tornarem capital fixo.
B2 e B3 – Sistemas Feudais
Em todas as FSs feudais a principal actividade económica é a agricultura. Os principais produtores são camponeses que possuem meios de produção (o que não acontece na escravatura) e cujo sobreproduto é extorquido como renda – em trabalho (corveia), em espécie e/ou em dinheiro – e vários impostos. A mobilidade social é quase nula. As classes são fixas quer como estados (clero, nobreza, povo) ou como castas (na Índia).
B2 – Feudalismo de Servidão
«Na servidão, o trabalho do servo para si mesmo e o seu trabalho forçado para o senhor são nitidamente separados um do outro pelo tempo e pelo espaço» Karl Marx, O Capital, vol. 1, cap. 19.

O sobreproduto apropriado pela classe dominante é essencialmente sob a forma de impostos, corveias e rendas em espécie de camponeses servos da gleba, adstritos à terra.
B2C – Servidão Estatal
Nota: Conhecemos apenas uma FS B2C: a autocracia russa do séc. XV a 1861 [27].
   
RdP: A classe dominante é constituída por: czar, nobreza de corte (dvoriane) e nobreza tradicional (boiardos, príncipes e voivodas = governadores). A principal classe produtora é constituída por servos da gleba. Existem PPs e, no séc. XIX, capitalistas e trabalhadores assalariados.
   
OrgPol: O czar reina como autocrata (supremo decisor) com o apoio dos dvoriane e é, de jure, o único proprietário de quase todo o território.
Evolução: O sistema gentílico das tribos eslavas da actual Rússia, Bielorrússia e Ucrânia desintegrou-se nos séc. V-VI d.C. Destacaram-se homens ricos, com milícias armadas, os príncipes, que cobravam tributos. Para fazer face a incursões nómadas (hunos e ávaros) as várias aldeias tribais unem-se em federações e acabam por formar o antigo Estado russo de Kiev no séc. X [28]. Nesta fase, a FS parece ser do tipo B3C: um príncipe-governador que com a sua escolta de nobres recolhe o tributo de comunidades de camponeses livres uma ou duas vezes por ano. A economia é natural. O tributo consiste em produtos agrícolas, mel, cera, peles, etc. Ao lado de B3C desenvolvem-se os gérmenes de B3D: os nobres, boiardos, tinham adquirido terras dos príncipes [29] e arrendavam aos camponeses pequenos lotes a troco de renda em espécie.
   
No séc. XII ocorre a fragmentação feudal do Estado de Kiev. Formam-se principados independentes: Novgorod [30], Vladimir-Suzdal, Tchernigov, Riazan, Moscovo, etc. Em 1236 dá-se a invasão mongol-tártara da Rússia (Gengis-Cão). Termina pela destruição dos principados e a sua submissão ao Cão mongol da Horda de Ouro [31] a quem têm de pagar tributos. O domínio mongol-tártaro dura dois séculos. Juntamente com a fragmentação feudal leva ao atraso da economia russa. No séc. XV, o príncipe de Moscovo Ivan III (1462-1505) consegue unir de novo as terras russas com o concurso da pequena nobreza e camponeses. Em 1476 deixa de pagar tributo à Horda de Ouro e faz-se proclamar Czar [32].
   
A Rússia tem um território enorme, que era aberto às invasões. Sofreu inúmeras: de cavaleiros teutónicos, hunos, ávaros, cumanos, mongóis, tártaros, lituanos, polacos, etc. Ivan III e sucessores viram bem que a fragmentação da Rússia seria a sua perdição. Era necessário construir um Estado altamente centralizado. Acabaram por construir o MP B2C. Vejamos como.
   
Aquando da reunificação de Ivan III a nobreza tradicional dos boiardos estava empobrecida. Por outro lado, formara-se uma nova nobreza, os dvoriane, saídos da antiga pequena nobreza que tinha ajudado o czar na reunificação e estava ao seu serviço. Receberam por isso, do Czar, pequenas herdades, mas não hereditariamente. A propriedade dessas herdades continuava a ser do czar. Se o dvorianin (singular de dvoriane) deixava de servir no exército russo era-lhe retirado o usufruto da herdade. Os boiardos, pelo contrário, rivalizavam com o czar como proprietários hereditários dos seus domínios, alguns de grande dimensão. Ivan IV, neto de Ivan III, levou mais longe a centralização. Com o apoio dos dvoriane proclamou a instauração da opritchnina (posse de parte de um senhorio = terras do Estado) em 1564. Dividiu o Estado em duas partes: uma (a opritchnina), pertencente ao czar, que incluía as melhores terras, as cidades mais ricas e as vias comerciais; a outra (zemtchina), onde subsistia a administração anterior. Para esta foram relegados os boiardos, expulsos das terras do czar. Os dvoriane usufruíam de terras da opritchnina. Chamavam-se opritchniki e Ivan IV deu-lhes rédea solta: apoderaram-se das terras dos boiardos, dos seus bens e dos bens dos camponeses. Se estes se opunham, matavam-nos. Foi assim que Ivan IV ficou conhecido por «o Terrível».
   
Já antes de Ivan IV a situação dos camponeses piorara. Tinham sido restringidos no seu direito de mudar de senhor e aumentada a corveia. Com Ivan IV os camponeses foram adstritos à terra, tornando-se servos. Em suma, tinha-se instaurado de forma dominante a servidão ao serviço do Estado autocrático (Czar e sua dependente nobreza de corte).
   
Até meados do séc. XVIII as forças produtivas progrediram de forma assinalável. Ivan IV conquistou a Sibéria, as terras baixas do Volga e o Cáucaso. Com isso aumentou o comércio. Progrediram a construção, as fundições, e outros ofícios. Introduziu a imprensa. Em 1645 uma guerra camponesa contra os nobres polacos levou à reunião da Ucrânia e Bielorrússia com a Rússia. Depois de um interregno em que os suecos e polacos invadiram a Rússia – tendo estes últimos tomado o poder em Moscovo (1609-1612) de que só foram apeados por um exército de camponeses e cossacos [33] –, a Rússia progrediu acentuadamente a partir do czar Pedro I (1682-1725): ocupação e desenvolvimento da Sibéria, desenvolvimento de grandes manufacturas, estabelecimento de um grande mercado interno e de comércio com o estrangeiro através de novos portos no Báltico, no Mar Negro, no Norte e no Oriente, desenvolvimento da investigação e do ensino.
   
Transição:
A exploração dos camponeses agravou-se a partir de 1649 com um novo código do czar Aleixo que retirava qualquer possibilidade do servo abandonar o seu senhor. Com a expansão do mercado os dvoriane procuraram extrair dos seus servos a maior quantidade possível de produtos aumentando a dureza da servidão. Qualquer falta dos servos era punida a pau e chicote; eram também atirados para cárceres e submetidos à fome.
   
Foram inúmeras as insurreições camponesas, tornando-se célebres as seguintes: a revolta de Ivan Bolotnikov, em 1606, levantou um exército de 180 mil homens que ocupou 70 cidades, até ser traído por nobres e esmagado; a insurreição dos cossacos do Don de Stepan Razin, em 1667, agregou camponeses fugitivos num exército de 200 mil insurgentes que arrasou herdades da nobreza e voivodas ocupando vastos territórios no sul da Rússia, sendo por fim esmagado pelo exército em 1671; o levantamento de Emelián Pugatchov, em 1773, agregou cossacos, camponeses, tomou várias fortalezas e cidades, juntando-se-lhe trabalhadores que forneceram canhões, e povos oprimidos dos Urais ao Volga, até ser traído pelos cossacos ricos e derrotado pelo exército em 1775.
   
As insurreições camponesas falharam, apesar do seu enorme heroísmo, por falta de consciência política: para o camponês o inimigo era o senhor, mas não o czar; tinham uma visão pessoalista da situação, e não de sistema; pensavam ser possível eleger um czar «bom» que pusesse fim ao seu sofrimento; nos levantamentos confiavam muitas vezes em nobres «bons», acabando traídos; faltava-lhes organização, preparação militar e compreensão de acção revolucionária na perspectiva de alterar o MP. As insurreições demonstraram, contudo, a grande oposição popular à servidão e a sem saída do regime que começou a dar mostras de ser um entrave ao progresso das forças produtivas.
   
De facto, em meados do séc. XVIII, havia já na Rússia 650 empresas industriais, dos nobres e do Estado, com um total de 80.000 trabalhadores, camponeses servos e assalariados lado a lado. Nos finais do século, 109 altos-fornos produziam cerca de 164 mil toneladas de ferro. (A Inglaterra produziu 200 mil toneladas em 1800 [34].) Havia também inúmeras manufacturas de comerciantes. As cidades cresciam e a economia natural desaparecia. Apesar desta evolução económica, os dvoriane aumentaram a exploração dos servos, com o apoio dos czares [35]! Podiam vender, comprar, oferecer e julgar os servos. Porém, cada vez se tornava mais claro que B2C travava as forças produtivas. Cada vez mais as indústrias e manufacturas precisavam de trabalho assalariado. Com a servidão chegou-se ao cúmulo de que havia comerciantes que tinham ao seu serviço centenas trabalhadores e manejavam capitais importantes, mas que continuavam a ser servos, podendo o seu senhor apoderar-se dos seus bens! A partir de 1830 as máquinas fazem a sua aparição, requerendo trabalho assalariado mais qualificado e não o trabalho de servos ignorantes e analfabetos. Tornava-se também necessário alimentar uma população crescente nas cidades, o que não era possível usando as técnicas agrícolas primitivas da servidão nos campos. 
   
Várias individualidades estavam conscientes da necessidade de acabar com B2C. O nobre Alexandre Radichev escreveu anonimamente um livro em 1790 defendendo o derrube da autocracia e a entrega do poder ao povo; descoberto, salvou-se a custo da pena capital acabando deportado. Surgem acções revolucionárias: dos «dezembristas», jovens oficiais do exército que em Dezembro de 1825 intentam assassinar o ultra-reaccionário czar Nicolau I; mais tarde, dos socialistas utópicos Herzen, Ogariov, Belinski, que procuraram dar uma perspectiva progressista aos levantamentos camponeses. Por fim, as razões económicas e o crescendo da luta de classes levaram Alexandre II a proclamar a emancipação dos servos em 1861. Era uma reforma tímida: só entregava uma magra parcela ao camponês «livre» a troco de um elevado resgate o que o obrigava a ter de trabalhar também nas terras do nobre por uma jorna miserável. A «emancipação» veio a despertar enormes «distúrbios» nos campos, sufocados pelo exército, incluindo o recurso a artilharia. Só no seguimento de acções revolucionárias da organização secreta «Terra e Liberdade» dirigidas por Tchernishevski e por pressão das massas populares foram promulgadas entre 1863 e 1874 várias reformas administrativas e judiciais que levaram a uma transição de B2C para B4D.
11 – Historical Evolution of Social Formations
In order to be considered a scientific theory of history in general historical materialism (HM) must satisfy three requirements: a) be able to classify in a consistent way all known social formations (SFs); b) be able to explain, on the basis of its main variables – the determinant variable “dominant mode of production (MP)” and, in the SFs with social classes, the determined variable “class struggle” –, the essential features of the past historical evolution of the SFs; c) being able to predict, in the same conditions, the essential features of the future historical evolution of the SFs.
   
Note that we said “essential” in (b) and (c). Starting from the same dominant MP one always observes a large evolutionary variability of the SFs with that MP, depending on determined, superstructural, and accessory factors. HM is not supposed to explain all such variability, since it only aims to be a general scientific theory, i.e., of the most general laws of history. In a similar way, the Big-Bang theory, the evolutionary theory of the physics of the Universe, only explains the essential features of the evolution of the Universe.
   
We saw in section 3 how the dominant MP, together with a superstructural factor intimately related with the defense of that MP – the political centralization/decentralization –, allows a consistent classification of the SFs. We also defined there what should be understood by “consistent”. We now begin analyzing requirement (b) showing that the evolution of each dominant MP, together with class struggles, allows explaining the essential features of the history of the SFs. Our explanation will necessarily be quite condensed, given the vastness of the theme, with still open issues being researched. Let us note that the transition between SFs always involves an appreciable amount of time during which it may be difficult or impossible to state at any given moment which dominant MP is operating, given the scarcity or lack of objective data. Any explanation of (b) must always be anchored on the “pure” periods of the SFs, with a well-defined dominant MP.
   
In what follows, each section respects to a class of SFs with a given dominant MP. We use section 3.6 notation, with letters C and D designating, respectively, centralized or decentralized political organization (PolOrg), and RoP the relations of production. The class-based SFs are sorted as in section 3 by the mode of appropriation of the product of the surpluswork, the surplusproduct [1].
A – Primitive Societies Without Classes

RoP: All producers are equal. There is no class exploiting surpluswork.
   
PolOrg: Assemblies of the whole horde or tribal men. Later, in the transition stage to class-based formations, appear the elder councils, tribal chiefs and military chiefs.
   
Evolution:
The homo sapiens species migrated out of Africa around 60.000 years ago in the Middle Paleolithic phase. Humans lived initially in hordes of a small number of individuals, practicing group marriage. Food procurement, including the hunting of large animals (mammoth, bison, deer, etc.), was carried out collectively, though the ownership of tools was personal. Shelter facilities were primitive and obtained directly from nature. The distribution of goods by the members of the horde and later among the “big families” of the tribe was egalitarian. We know these societies from direct and indirect testimonies [2]. There were no chiefs. Decisions were arrived at by consensus. There was no division of labor and even the traditional gender division (men hunt and make weapons and women prepare food and garments) could be flexible and equally divided between both sexes [3]. Though there is some disagreement among scholars, there are strong evidences that the Paleolithical family was a matriarchal one given the group marriage: the progeny knew who the mother was but not who the father was [4]. At this stage there are no surpluses from production; therefore, the prisoners from confrontations were killed and usually eaten. Cannibalism was a common practice of the Paleolithic tribes all over the world, including Europe [5].
   
Gradualy, at a pace depending on the region, the evolution to the Neolithic (10.200 to 4.000 years BC) came about with the discovery of animal domestication, herding, agriculture, and, in the end, the extraction of copper and its use (low melting point). These advances of the productive forces allow obtaining surpluses of food and utensils. The private property of land and cattle by the large families – gens (clans) co-operating within tribal unions – emerges, as well as the division of labor by gender. The gradual division between agrarian tribes (fertile valleys of the Nile, Tigris, Euphrates, Indus, Huang-ho) and herding tribes (Iran, steppe peoples) also emerges as well as new divisions of labor: blacksmiths, potters, weavers. Private property with the corresponding heredity rights leads from the matriarchal to the patriarchal transition and from the large family to the  pairing family and, later on, to the monogamic one [6]. There arise embrionary forms of State with tribal councils and chieftains. Two types of tribes can be distinguished with respect to decision taking: those where the tribal leadership decides on all affairs in a centralized way (Slavonic mode, AC); those where only some affairs, such as war, are centrally decided, leaving to the “families” the decentralized decision on production and distribution of goods (Germanic mode, AD).
   
Transition:
The advent of private property converts war – with the capture of prisoners, subduing of communities and appropriation of lands, cattle and infrastructures – into a potentially productive undertaking. The prisoners of war are converted into slaves; as such, they are part of the private property. Trade emerges under the primitive form of the swapping of products (natural economy). Under the influence of hereditary rights the communities are increasingly organized by monogamic families, disaggregating the egalitarianism of the primitive gentile (clannish) organization. The differences in wealth widen up. A gentile nobility of military headmen sided by armed escorts emerges from some families with more goods and slaves, of whom depend the other members of the tribe, the clients, for protection. This way, social classes spring up, allowing a few to appropriate surplusproduct from the others: slaves and clients. The gentile nobility wields an increasing influence in the tribal councils and, with the support of their favorites, seizes the power. The State, that structure allowing the domination of one class over the other ones, makes its appearance. But the State also allows an enhanced division of labor; namely, and for the first time, between manual and intelectual labor, allowing advances of the productive forces that would otherwise be impossible. A well-known example is provided by the giant irrigation works of ancient Egypt, demanding planning, co-operation and know-how at a state level; works that made possible the production of food for a rapidly growing population. Works outside the technical ability of the isolated Neolithic tribe.
   
The transition process to a new MP progresses during a relatively long timespan. The influence of accessory factors (geographical, climatic, natural resources, etc.) induces the disaggregating primitive communism to evolve towards one of the following classes of SFs: Sate Slavery (B1C) and Feudalism of Communities (B3C).
B – Class-Based Societies
B1 – Slavery
 “In slave labor, even that part of the working day in which the slave is only replacing the value of his own means of existence, in which, therefore, in fact, he works for himself alone, appears as labor for his master”, Karl Marx, Capital, vol. 1, ch. 19.
B1CState Slavery (Ancient Slavery)
RoP: The slaves are the main producers. The gentile nobility, and later the patriciate [7] divide among themselves, in the aftermath of wars, the best lands and the enslaved prisoners of war [8]; they control the State and the public works of slaves in quarries, mines, state workshops, ships, and construction of buildings.
   
In this, as in other SFs with classes, there always exists a class of petty independent producers [9] – the plebeians: peasants and craftsmen –, as well as other “middle” social strata (merchants, bureaucratic officials, military men, priests, etc.) from now on designated by PPs.
   
PolOrg: Several types of organization, from the republican democracy to the monarchic tyranny. There often exists, even in a despotic regime, a representative body of the patriciate.
   
Evolution: The Mediterranean border (Greece, Italy, Carthage, etc.) is the main theater of this MP and the Roman Empire its pinnacle. City-states based on slavery appeared since around 1600 BC as a consequence of the disaggregating gentile agalitarianism of tribes constantly in warfare with neighboring and competing societies [10]. Wars provided a steady supply of slaves, whose work was exploited by the ascending military nobility. A well-known example is Rome: an alliance of seven latin tribes expands its original territory by means of wars with their neighbors Etruscans, Aequi, Samnites, Volsci, etc. A slave-based militarized and centralized State is formed which steadily feeds its MP by wars of conquest.
   
Important advances in the productive forces are observed: metallurgics, glassmaking, construction of buildings, roads, bridges, aqueducts and ships, measuring tools, etc.
   
Two types of class struggles took place [11]: those opposing the plebeians to the patricians and those opposing the slaves to the patricians. In Athens, the conflicts between the land-estated nobility and the plebeians led by the rich men connected to the sea trade ended up in the most democratic regime of B1C (460 BC), until it became extinct by external causes. In Rome, a large landowning patriciate is formed, due to the stealing of communal lands and to military conquests. The plebeians were only able to obtain and maintain a few “defensive” rights (Popular Assemblies and Tribunes of the Plebs) in the sequence of many struggles. They were never able to impose the Land Law (Gracchus Struggles, 133-121 BC, [12]). The slave rebellions had only an ephemeral success. Their isolated nature and lack of political perspective determined their failure. In the most famous one, of Spartacus (73-71 BC), part of his army deserted aiming to cross the Alps and regress to primitive communism. Spartacus himself seems to have contemplated that posiibility. The reduced support he received from the plebs turned out to be insufficient [13]. The courageous and wise way how Spartacus led his armies, engaging in a war which stroke pannic on the slave masters, his moral dignity and democratic attitude, won him the simpathy among the exploited toilers and the intelectuals of the time (Plutarch and Appian), converting him into an immortal symbol of the struggle of the exploited downtrodden people.
   
The struggle ascent between patricians and plebeians coupled with several autonomy seeking rebellions in the conquested territories led ultimately to the imperial political solution, of a State that alledgely hovers above the classes “for the benefit of everybody”. A type of solution that we will encounter in other SFs. The Empire unleashes free rein to the rapacity of patricians, owners of huge land-estates managed by care-takers and foremen in command of armies of slaves. Plebs of the large towns is anaesthetized by circus, bread, periodical distributions of money, and national chauvinism.
   
Transition: B1C suffered of incurable contradictions that ended up as a hindrance to the progress of the productive forces: the war of conquest is a sine qua non condition of this MP and slaves became ever more difficult to procure as the Empire reached the limit of its expansion; the slaves hated their work, they only worked by duress and were not interested in a booming economy of their masters; the slaves had no family and the brutal exploitation of their labor power led them to a premature death; their masterss far from stimulating their initiative and the adoption of more productive techniques used instead to repress such things by fear they would become indocile. The cultivated area in the Low Empire decreased and a lack of manpower set in. The possessor classes become aware of the crisis of B1C [14]. They favor the concubinate among the slaves with the idea that those that are born slaves accept slavery in a better way; they hand over small pieces of land and small amounts of money to slaves in order to interest them in production, creating the so-called coloni [15]; they adopt Christianity as State religion aiming to create in the slaves and oppresed people the subjective conditions to accept their fate (reward in Heaven and resignation here on Earth) [16].
   
The measures put in pratice by the slave masters didn’t produce the expected results. By the end of the 3rd cent. huge rebellions of plebeians take place all over the Empire; they were desperate by tax extorsions,  abuses of imperial officials, and brutal exploitation of large landowners, qualified by a contemporary as being more savage than the barbarians themselves. The most violent rebellions were those of the Bagaudae in Gaul and Hispania (end of the 3rd cent. through early 5th cent.); comprised of ruined peasants, coloni, and fugitive slaves, they assaulted the villas of the rich people and the Roman administration offices [17]; sometimes they had the support of the barbarians at the doors of the Empire. These rebellions, cruelly repressed, would not be able to install a more advanced SF but they did contribute to undermine the Empire. Together with the invasions of the barbarian tribes, in part already “federated” to the Empire, this one crumbles down. A transition to a new MP sets in: the manorial feudalism (B2D).
B1D – Private Slavery (Plantation Slavery)
Note: This dominant MP occurs, one would say as an anacronism, grafted in B3D and B4D, demonstrating that the dominant class in any class-based SF never feels any compunction whatsoever in resorting to a retrograde MP, more oppressive and exploitative, if need be.
   
RoP: The slaves are the main producers. They work the land in huge monoculture plantations. The planter class (owners of the land, slaves and other fixed capitals) is the dominant one. The PPs (petty bourgeoisie in the capitalist phase) have a much reduced economical and political role.
   
PolOrg: Simple government structures representative of the shared interests of the plantation owners. The main decisions (concerning economics, administration, and justice) are taken in a decentralized way: each plantation is a small State [18].
   
Evolution: Brazil was divided into captaincies by king John III of Portugal in 1533. These were donated in usufruct to noblemen. The  development of the captaincies needed manpower and the only one available and adapted to the environment was the Indian manpower [19]. The only captaincies with success turned out to be those of sugarcane plantations employing Indian slaves. From 1602 through 1694 armed gangs penetrated the jungle and carried out the hunt to the Indian slave. The enslaved Indian population declined drastically by diseases and ill-treatment, being increasingly substituted by African slaves [20]. The Brazilian model of the sugarcane plantations was used by the Dutch, Spanish, English, and French in the Caribbean region and in other regions of America. It later evolved to other types of monoculture: tobacco, coffee, hemp, and indigo [21].
   
During this mercantile and protocapitalist stage (dominance of the commercial capital) of  the European feudalism the product of slave work contributed to the primitive capitalist accumulation, at the same time strengthening the socioeconomic status of trade, bank and insurance firms. The “triangular traffic” was established and will persist until the 19th cent.: ships transported merchandises (e.g., textiles) from Europe to West Africa ports; they would then load slaves and took them in inhuman conditions to the West Indies where they were sold in markets; plantation products (sugar, molasses, rum, coffee, etc.) would then be loaded and be sold in Europe [22].
   
Slave work made its appearance in the Southern States of U.S. in the middle of the 17th century. When the American independence took place in 1776, there was already a considerable slave population: around ¼ of the white population [23]. The respective Declaration of Independence – “We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness” – should sound quite deceptive to the slave ears. By that time capitalism was growing in England and the southern plantation system flourished with busy market slaves in Philadelphia, Richmond, Charleston, and New Orleans. Cotton monoculture was booming. In 1860, on the eve of the American Civil War, slaves were almost half of the whole free population! In full-blown capitalism slaves were viewed as fixed capital used in an exportation business, traded as any commodity, which could be used to pay debts, goods or services, with a productive ability and its respective price duly evaluated, and submitted to a well-defined law of economical exploitation, enforced by the foreman with whip blows: extraction of the highest possible amount of surplusproduct in the least possible time, since the mortality rate was high. Besides supplying praised consumer goods (sugar, tobacco, coffee, rice) plantations did also supply raw materials to industries (cotton, hemp, indigo, rubber, kapok, etc.), and lubricated credit, for instance under the form of financial bills, drawn on plantation products such as sugar or tobacco. Briefly, plantation slavery was duly grafted into capitalism contributing to its growth. [24]
   
Transition:
The SF class B1D differs in many aspects from B1C [25]: in this one, slaves are employed by a centralized State not only in agriculture (together with many PPs) as also in a large number of public works; the influx of slaves depended essentially on war, not on sea traffic; enslavement did not depend on ethnical-racial features (Amerinds and Africans); agriculture in B1C was a specialized one of seasonal polyculture, and did not involve the synchronous work of large groups in monocultures; B1C slavery did not contribute and  wouldn’t be able to contribute in anyway to the development of a capitalist system.
   
Contrary to B1C, plantation slavery produced a well-succeeded slave rebellion: The Haiti rebellion in 1791, led by the self-learned slave Toussaint L’Ouverture, founder of the Republic of Haiti which had the support of the French Revolution. As a matter of fact, the conditions to acquire a social and class conscience were in B1D far better than in B1C. In the Southern States of U.S. slaves were able to engineer information and formation groups, and improve their struggling ways, an example of which was the organization of escape routes to the North. They carried out several powerful uprisings, such as the one of Louisiana in 1811 inspired by the Haitian rebellion (German Coast Uprising); though they were not victorious they did send apprehension waves to the planter class and the European capitalists.
   
The high price of slaves [26] due to sea traffic risks, the decline of the African supply, and the increase in demand, all contributed to render the slave-labored plantation less profitable. This aspect, combined with wage work in Europe – which during a long initial period wasn’t distinguishable from slavery in various facets – led England to abolish the slave traffic in 1807. Portugal did the same in 1815 and Brazil in 1831 (though slaves were still to be found there until 1888). B1D wasn’t anymore a pleasant graft, albeit an anachronical one, into capitalism. The Southern U.S. planters did the most they could to prolong the plantation system using all the available means: as in B1C they offered small pieces of land and small amounts of money to their slaves and stimulated their procriation; a few even offered Sundays off to their slaves. The most important endeavor was their attempt to extend slavery to new States, such as New Mexico, Texas, and Kansas. This was a key issue, in the planters’ obstination in defense of their privileges. Things in this way went so far that they didn’t step back from provoking the civil war in 1861. They lost it. B1D became extinct without a specific transition; it was simply discarded.
   
One should register that during more than three centuries approximately 12 million Africans were forced from their homes to go westward, with about 10 million of them having completed the journey. To become fixed capital.
B2 e B3 – Sistemas Feudais
In all feudal SFs the main economic activity is agriculture. The main producers are peasants who own means of production (contrary to slavery) and whose surplusproduct is exacted as a rent – in labor (corvée), in kind, and/or in money – and various taxes. Social mobility is almost absent. Social classes are fixed either as estates (clergymen, nobility, commoners) or as the caste system in India.
B2 – Serfdom Feudalism
“In the corvée, the labor of the worker for himself, and his compulsory labor for his lord, differ in space and time in the clearest possible way.” Karl Marx, Capital, vol. 1, ch. 19.

The surplusproduct appropriated by the dominant class is essencially in the form of taxes, corvée (unpaid labor to the lord), and rents in kind, exacted from land-bound peasant serfs.
B2C – State Serfdom
Nota: We only know one SF B2C: the Russian autocracy from the 15th cent. up to 1861 [27].

RoP: The dominant class is composed of: Tsar, court nobility (dvoriane), and traditional nobility (boiards, princes, and voivodas = governors). The main producing class is the one of the land-bound serfs. There are PPs and, in the 19th cent., capitalists and wage workers.
   
PolOrg: The Tsar reigns as autocrat (supreme decider) with the support of the dvoriane and is de jure the sole owner of practically the whole territory.
   
Evolution: The gentile system of the Slav tribes of present Russia, Belarus, and Ukraine, disintegrated during the 5th – 6th centuries AD. Rich individuals with armed escorts, the princes, emerged and collected tributes. In order to face nomadic incursions (Huns and Avars) the various tribal villages joined into federations and ended up forming the ancient Russian Kiev State in the 10th cent. [28]. At this stage the SF seems to be of the B3C type: a prince-governor who with his armed escort collects the tribute of free peasants once or twice per year. Natural economy prevails. The tribute consists of land products, honey, wax, furs, etc. Along B3C germs of B3D evolve: the noblemen, boiards, had acquired lands from the princes [29] and rented small lots to the peasants in exchange for rent in kind.
   
A feudal fragmentation of the Kiev State takes place during the 12th century. Several independent princedoms are formed: Novgorod [30], Vladimir-Suzdal, Tchernigov, Riazan, Moscow, etc. In 1236 occurs the Mongol-Tartar invasion (Gengis Khan) of Russia. It comes to an end with the destruction of the princedoms and their submission to the Mongol Khan of the Golden Horde [31] to whom they have to pay tributes. The Mongol-Tartar rule lasts two centuries. Coupled with the feudal fragmentation it leads to the belatedness of the Russian economy. In the 15th century the prince of Moscow Ivan III (1462-1505), succeeds in uniting again the Russian lands with the support of petty noblemen and peasants. He stops paying tribute to the Golden Horde in 1476 and proclaims himself Tsar [32].
   
Russia has an immense territory which laid open to invasions. It suffered numerous ones: from the Teutonic Order, Huns, Avars, Kumans, Mongols, Tartars, Lithuanians, Poles, etc. Ivan III and descendents clearly saw that Russian fragmentation would mean its loss. The need of building a highly centralized State was felt. They ended up building the MP B2C. Let us see how.
   
When Ivan III reunification was completed the traditional nobility of the boiards was impoverished. On its side new nobility had been formed, the dvoriane, issued from the previous petty nobility which had helped the Tsar in the reunifications and stayed at his service. For that reason they received from the Tsar small land-estates, but with no hereditary rights. The ownership of those estates remained in the hands of the Tsar. If the dvorianin (singular of dvoriane) abandoned service at the Russian army he would be deprived the usufruct of his estate. Opposite to that, the boiards rivaled with the Tsar as hereditary owners of their land-estates, some of them of large dimension. Ivan IV, Ivan III grandson, took centralization a step further. With the help of the dvoriane he proclaimed the installment of the oprichnina (possession of a lord’s lot = State lands) in 1564. He divided the State in two parts: one (the oprichnina), belonged to the Tsar and included the best lands, the most rich towns and the trading routes; the other (zemchina), where the previous administration remained. To this one were relegated the boiards, expelled from the lands of the Tsar. The dvoriane were the usufructuary of the oprichnina lands. They were called oprichniki and Ivan IV gave them free rein: they grabbed the lands of the boiards, their possessions and those of their peasants. If they opposed they would be killed. This way, Ivan IV became known as “The Terrible”.
   
Even before Ivan IV the peasant situation had worsened. They had been restrained in their right to change of lord and the corvée had been increased. With Ivan IV they became land-bound peasants. Briefly, serfdom at the service of the autocratic Sate (Tsar and his dependent court nobility) had been installed in a dominant way.
   
Until the middle of the 18th century the productive forces progressed in a substantial way. Ivan IV conquered Siberia, the Volga lowlands and the Caucasus. As a result trade increased. Construction, foundries and other crafts progressed. Printing press was introduced. In 1645 a peasant war against the Pole nobility led to the union of Ukraine and Belarus with Russia. After an interregnum during which Swedes and Poles invaded Russia – with these having taken the power in Moscow (1609-1612) which they lost after being defeated by an army of peasants and cossacs [33] –, Russia progressed significantly with Tsar Peter Pedro I (1682-1725): occupation and development of Siberia, development of large manufactures, establishment of a national market and trade with foreign countries through the new harbors in the Baltic, Black Sea, North Sea and Far East, development of education and research.
   
Transition:
Peasant exploitation hardened after 1649 with a new Code of Tsar Alexis, which withdrew any possibility of a serf abandoning his lord. With an expandind market the dvoriane sought to extract from their serfs the largest possible amount of products increasing the serfdom hardship. Any fault of the serfs was punished with the club and whip; they were also thrown into dungeons and exposed to hunger.
   
There were numerous peasant uprisings, the following ones being famous: the Ivan Bolotnikov uprising in 1606 raised an army of 180 thousand men which occupied 70 towns until it was betrayed by noblemen and crushed; the Don cossacs uprising led by Stepan Razin in 1667 gathered fugitive peasants into an army of 200 thusand insurgents, which razed nobility and voivoda estates occupying vast territories in the South of Russia, being finally crushed by the army in 1671; the uprising of Emelián Pugatchov in 1773, gathered cossacks and peasants, took fortresses and towns, was joined by workers who supplied canons and by opressed peoples from Urals to Volga, until it was betrayed by the rich cossacks and routed by the army in 1775.
   
Notwithstanding their enormous heroism the peasant uprisings failed by lack of political conscience: the peasant saw as enemy the lord but not the Tsar; they had a personalist view of the situation, not one of system; they thought to be possible to elect a “good” Tsar, who would put an end to their sufferings; in the uprising they often confided in “good” nobles ending up being betrayed; They lacked organization, military preparation, and understanding of revolutionary action having in view to change the MP. The peasant uprisings demonstrated, however, the existence of a large popular opposition to serfdom and the regime deadend which had begun displaying all signs of a hindrance to the progress of the productive forces.
   
In fact, in the middle of the 18th century there were in Russia 650 industrial firms from nobles and from the State with a total of 80.000 workers, peasant serfs and wage workers side by side. By the end of the century 109 blast-furnaces were producing 164 thousand tons of iron. (England produced 200 thousand tons in 1800 [34].) There were also numberful manufactures and commerciants. Towns were growing and the natural economy was vanishing. In spite of this economic progress the dvoriane increased the exploitation of the serfs with the support of the Tsars [35]! They could sell, buy, offer and trial the serfs. However, it became time and again clearer that B2C was an obstacle to the productive forces. Insustries and manufactures were increasingly demanding wage work. With serfdom aberrant situations occurred such as commerciants that employed hundreds of workers and handled important capitals but who went on being serfs; with their lord being legally able to take possession of their goods! After 1830 machines made their appearance, requiring a more qualified wage work and not the work of illiterate and ignorant serfs. There was also a pressing need to feed the growing population of the towns, which could not be achieved on basis of the primitive agriculture techniques of the serfs in the rural areas.
   
Several notable individuals were conscious of the need to put an end to B2C. The aristocrat Alexander Radichev wrote anonimously a book in 1790 defending the overthrow of autocracy and the surrender of power to the people; he was discovered, barely escaped from the death penalty, and ended up deported. Revolutionary actions arose: from the “Decembrists”, young officers of the army who attempted to assassinate the ultra-reactionary Nicolas I in December 1825; later, the utopian socialists Herzen, Ogariov, and Belinski who attempted to cast a progressive perspective in the peasant uprisings. Finally, economic reasons as well as the growing class struggles, led Alexander II to proclaim the serf emancipation in 1861. It was a timid reform that only gave a small piece of land to the “free” peasant at the cost of a large bailout; for this reason he also had to work in the lord’s land, being paid a miserable daily wage. The “emancipation” triggered enormous tumults in the fields, suffocated with the army, and even with recourse of artillery. It was only after the revolutionary actions of the secret organization “Land and Freedom”, led by Chernishevski, and under the pressure of the popular masses, that several administrative and judicial reforms were enacted between 1863 and 1874 which led to a transition from B2C to B4D.

Notas e Referências

[1] Relembramos a definição de sobretrabalho (nota 14, secção 8): o sobretrabalho é o trabalho que excede o necessário para manter o nível de vida de um produtor, socialmente adequado á manutenção e reprodução da sua força de trabalho. Nas FSs classistas existe sempre uma classe dominante que explora a classe produtora através da apropriação do sobreproduto. O tempo de trabalho do produtor divide-se em duas parcelas: uma, em que produz o valor necessário à manutenção socialmente adequada da sua força de trabalho, à sua capacidade de trabalhar; outra, em que produz o valor de que se apropria a classe exploradora.
Let us recall the definition of surpluswork (note 14, section 8): surpluswork is the work that is in excess of what is needed to maintain life of a producer at a level socially adequate to the maintenance and reproduction of his/her labor power. In class-based SFs there is always a dominant class exploiting the producing class through the appropriation of surpluswork. The work time of the producer is divided into two parts: one, where (s)he produces the value that is necessary to a socially adequate maintenance of her/his labor power; the other, where (s)he produces the value appropriated by the exploiting class.
[2] Para além de achados arqueológicos, foi possível estudar várias tribos primitivas desde o início das descobertas geográficas. Ainda hoje existem tribos isoladas que se encontram na fase paleolítica.
Besides archeological findings, it was possible to study several primitive tribes since the advent of geographical discoveries. Isolated tribes in a Paleolithic stage are still in existence at the present time.
[3] Estudos de tribos actuais caçadoras-recolectoras como os Agta das Filipinas, os Hadza da Tanzânia, os pigmeus Mbuti do Congo e os aborígenes da Austrália, sugerem que a divisão de trabalho entre sexos no Paleolítico era flexível. Os homens podiam colher plantas, lenha e insectos e as mulheres podiam caçar pequenos animais e ajudar os homens na caça de grandes animais. Entre os Mbuti a mulher pode caçar e participar com os homens na tomada de decisões; os homens podem colher cogumelos e nozes e dar banho às crianças.
Studies of existent hunter-gatherer tribes such as the Philippine Agta, the Tanzanian Hadza, the Mbuti pigmies, and the Australian aborigines, suggest that the sexual division of labor in the Paleolithic Age was flexible. Men may have participated in gathering plants, firewood and insects, and women may have procured small game animals and assisted men in hunting large animals. Among the Mbuti the woman may hunt and participate with men in decision making; the men may gather mushrooms and nuts, and give bath to the children.
See: Men and Women, Hunters and Gatherers excerpted from Kevin Reilly's The West and the World: A History of Civilization (Harper and Row: 1989): http://www.worldclass.net/geo/Reilly/menwom1.htm
[4] A tese do matriarcado, devidamente enquadrada na evolução da «família» nas sociedades primitivas, foi primeiro exposta por Lewis Morgan na sua obra Ancient Society em 1877. Friedrich Engels adaptou e divulgou a obra de Morgan, juntando-lhe contribuições pessoais, na sua obra de 1884 bem conhecida: A Origem da Família, da Propriedade e do Estado (Editorial Presença, s/ data). Morgan em criança tinha sido adoptado por uma tribo Iroquesa, ainda no Paleolítico. Morgan tinha uma concepção materialista da História, afirmando por exemplo: «[…] É por isso provável que todas as grandes épocas de progresso da humanidade coincidam, de modo mais ou menos directo, com a ampliação das fontes de subsistência.» Morgan e outros tipificaram as sociedades primitivas em «Estado selvagem» e «Estado de barbárie» que correspondem aproximadamente ao Paleolítico e Neolítico. Vários historiadores e outros estudiosos continuam a considerar a validade geral da obra de Engels (ver trabalho da nota 3).
The matriarchy thesis, structurally framed in the evolution of “family” in the primitive societies, was first presented by Lewis Morgan in his work Ancient Society, 1877. Friedrich Engels adapted and divulged Morgan’s work, inserting his own contributions, in his well-known 1884 work: Origin of the Family, Private Property and the State. As a child Morgan had been adopted by an Iroquois tribe, still in the Paleolithic Age. Morgan had a materialist concept of History, as exemplified by the statement “[…] It is accordingly probable that the great epochs of human progress have been identified, more or less directly, with the enlargement of the sources of subsistence.” Morgan and others tipified the primitive societies as “Savagery” and “Barbarism”, which correspond approximately to the Paleolithic and Neolithic. Many historians and other scholars still consider the work of Engels to have a general validity (see the work referenced in note 3).
 [5] Várias personalidades da antiguidade, como Heródoto, mencionaram a existência de canibalismo na Europa. Num povoado do Paleolítico (5.400-4.950 a.C.) situado na Alemanha, os arqueólogos descobriram desde 2000 centenas de ossos de homo sapiens com todas as marcas de terem pertencido a indivíduos esquartejados e comidos. http://www.megalithic.co.uk/article.php?sid=22977
Several figures of the ancient world, such as Herodotus, mentioned the existence of cannibalism in Europe. Archeologists have discovered since 2000 in a Paleolithic settlement (5.400-4.950 BC) of Germany hundreds of bones of homo sapiens bearing all marks of having belonged to dismembered and eaten individuals. http://www.megalithic.co.uk/article.php?sid=22977
[6] A família sindiásmica é uma família patriarcal na qual um homem vive com uma mulher, mas a poligamia e infidelidade ocasional permanecem como direito dos homens.
The pairing family is a patriarchal family in which a man lives with one woman but poligamy and occasional infedility remain the right of men.
[7] Normalmente, usa-se o termo «nobreza» ou «aristocracia» para a elite das monarquias e o termo «patriciado» para a elite das repúblicas.
Usually, the word “nobility” or “aristocracy” applies to the elite of monarchies and the word “patriciate” to the elite of republics.
[8] Existiu em várias FSs a escravização por dívidas. Sempre com reduzido significado económico.
Enslavement by debts existed in several SFs. It was always of a reduced economic significance.
[9] A plebe é oriunda dos elementos mais pobres das gens. Note-se que havia alguma mobilidade social. Em Roma, em 336 a.C. os plebeus enriquecidos conseguiram atingir cargos do Estado e constituir uma nova nobreza de fusão com os patrícios: a nobilitas, representada no Senado.
The plebs descended from the poorest members of the gens. Note that some social mobility did exist. In the year 336 BC the enriched Roman plebeians got the right to be nominated to state positions, giving rise to new nobility by merging with the patricians: the nobilitas, represented in the Senate.
[10] As antigas cidades-estado da Grécia Micénica. The ancient Mycenaean city-states.
[11] Existe uma vastíssima bibliografia sobre a Grécia e Roma antigas. As seguintes obras apresentam boas explicações do desenvolvimento socio-económico e das lutas de classes: História da Antiguidade, vols. II e III, Direcção de V. Diakov e S. Kovalev, Editorial Estampa, 1976; Historia Universal, Dir. A. Z. Manfred (colectivo de historiadores), Instituto de História da Academia de Ciências da URSS, Editorial Progresso, Moscovo, 1977.
There is a vast bibliography on ancient Greece and Rome. The following works present good explanations of the socioeconomic development and of class struggles: Histoire de l’Antiquité, vols. II et III, Dir. V. Diakov et S. Kovalev, Ed. Progrès, Moscou, 1959; A Short History of the World, Dir. A. Z. Manfred (colective of historians), Institute of History of the Academy of Sciences of the USSR, Progress Publishers, Moscow, 1974.
[12] Caio e Tibério Graco, oriundos do patriciado, lideraram em 133-121 a.C. as reclamações sociais da plebe por uma mais justa repartição de terras. Não conseguiram, porém, aplicar a sua Lei Agrária (da reforma agrária, como diríamos hoje) que punha limites à propriedade da terra (250 ha), devendo as excedentes ser expropriadas e distribuídas aos cidadãos pobres em lotes de 7,5 ha. A nobilitas opõs-se com grande ódio aos Gracos. Recorreu, conforme nos contam os cronistas da época, a todos os estratagemas, ainda hoje usados pelos exploradores na luta contra os explorados: compra de votos, perseguição de apoiantes da Lei Agrária, boicote económico na aplicação da lei, difamação, condução de eleições em condições desvantajosas para a plebe, promessas demagógicas destinadas a afastar o povo dos seus defensores e, finalmente, assassinato de Tibério, Caio e centenas dos seus apoiantes. Ver História da Antiguidade, op. cit., cap. LIV.
Caius and Tiberius Gracchus, issued from the patriciate, led in 133-121 BC the social demands of the plebs for a fairer division of lands. They didn’t succeed, however, in applying their Land Law (of the agrarian reform as one would say today) which set limits to the ownership of lands (250 ha), with the exceding ones submitted to expropriation and distribution by the poor citizens in lots of 7.5 ha. The nobilitas oposed it with great hatred voted to the Gracchus. The chroniclers of the time tell us how the nobilitas made use of all trickeries that are still today in use by the explorers in their confrontation against the explored people: vote bribing, persecution of the supporters of the Land Law, economic boycott in the application of the law, slandering, carrying out elections in disadvantageous conditions for the plebs, demagogic promises having in view to alienate the people from their defenders and, at last, assassination of Caius, Tiberius and hundreds of their supporters. See Histoire de l’Antiquité, op. cit., ch. LIV.
[13] Sobre este tema ler | Read on this topic: Michael Parenti, Roman Slavery and the Class Divide: Why Spartacus Lost. In: Martin M Winkler (ed.), Spartacus: Film and History, Ch. 8, Wiley-Blackwell, 2006. http://wteague.com/Trauma/Shame/CPTS/Parent,%20Michael%20Ch%208%20Spartacus-Film%20and%20History.pdf
[14] Ver: Histoire du Moyen Age, vários autores especialistas, com Comité de Redacção: M. Abramson, A. Gourévitch, N. Kolesnitski, Les Editions du Progrès, URSS, 1976 (733 pags). O melhor livro que lemos sobre a desagregação do Império Romano e a Idade Média na Europa. Indispensável.
See: Histoire du Moyen Age, of several expert authors and Editorial Committee: M. Abramson, A. Gourévitch, N. Kolesnitski, Les Editions du Progrès, URSS, 1976 (733 pags). The best book we have read on the disaggregation of the Roman Empire and the European Middle Age. Indispensable.
[15] O colono estava a meia distância entre o escravo e o servo da gleba do regime feudal. Distinguia-se do servo da gleba por não ser dono dos meios de produção (sementes e alfaias agrícolas), os quais pertenciam ao seu senhor.
The colonus was positioned midway between the slave and the land-bound serf of the feudal regime. He differed from the land-bound serf by not owning the means of production (seeds and farming implements), which belonged to his lord.
[16] De Histoire du Moyen Age: «Ao aproximar o ano 300 o alto clero cristão tinha-se tornado um corpo opulento e influente. Ligava-o aos donos de escravos e aos grandes latifundiários uma estreita identidade de interesses políticos e de interesses de classe. Nesta conjuntura o governo romano pôde renunciar às perseguições dos cristãos. […] Quando o cristianismo se tornou o culto oficial apareceram numerosas seitas e heresias teológicas; traduziam muitas vezes o descontentamento popular com a sua condição miserável.»
From Histoire du Moyen Age: “As the year 300 approached the high Christian clergy had become a wealthy and influent body. It was tied to the slave owners and the large landed-estate owners by a close identity of political interests and class interests. The Roman government was then ready under such conditions to renounce to the persecutions of Christians. […] When Christianity became the official religion numerous sects and theological heresies sprang up; they often reflected the popular discontent with their miserable condition.”
[17] Houve quem na época indirectamente reconhecesse o carácter de revolução social dos bagaudas, ao invés de outros que apenas reconheciam uma finalidade de banditismo. Rutilio Namaciano diz assim, acerca de uma derrota dos bagaudas em 417 d.C.: «[o vencedor] restituiu as leis, restaurou a liberdade e não permitiu que os proprietários fossem escravos dos seus escravos». Salviano escreveu assim sobre os bagaudas: «os pobres buscam dos bárbaros um pouco da humanidade romana, já que não conseguem suportar a inumanidade bárbara dos Romanos».
A few individuals of those times recognized the true nature of the Bagaudae social revolution, albeit in an indirect way, differing from others who only saw a banditry purpose. Rutilius Namacian says as follows about a Bagaudae defeat in 417 AD: “[The winner] reinstated the laws, restored the freedom and did not allow the proprietors to become slaves of their slaves”. Salvian wrote the following on the Bagaudae: “the poor people look for a bit of Roman humanity from the barbarians, since they cannot bear anymore the barbarian inhumanity of the Romans”.
[18] Candice Goucher, Charles LeGuin, Linda Walton, Commerce and Change: The Creation of a Global Economy and the Expansion of Europe, in In the Balance: Themes in Global History, McGraw-Hill, 491–508, 1998.
«A plantação de açúcar era um latifúndio especializado na produção para exportação. Combinava a agricultura tropical em larga escala com trabalho de africanos, tecnologia europeia e africana, criação europeia de gado, plantas americanas e asiáticas e o clima e solo das Américas. Uma plantação típica de açúcar era um estabelecimento de grande negócio, ao mesmo tempo herdade e fábrica… Os proprietários da plantação eram muitas vezes proprietários ausentes que usavam homens de leis ou outros europeus como superintendentes. Gestores, contabilistas, carpinteiros, ferreiros, trolhas, tanoeiros e médicos forneciam os serviços essenciais. A disciplina e a “preparação inicial” dos escravos envolvia grande brutalidade e coerção envolvendo processos de transformação cultural e de extracção de trabalho síncrono da força de trabalho que sobrevivia.»
“The sugar plantation was a landed estate that specialized in export production. It combined large-scale tropical agriculture, African labor, European and African technology, European animal husbandry, Asian and American plants, and the climate and soils of the Americas. The typical sugar plantation was a big-business establishment, both farm and factory… Plantation owners were often absentee proprietors, who used attorneys or other Europeans as overseers. Managers, bookkeepers, carpenters, blacksmiths, masons, coopers, and doctors provided essential services. The breaking in or ‘seasoning’ of slaves involved great brutality and coercion that imposed processes of cultural transformation and extracted gang labor from the workforce that survived.”
[19] Os emigrantes e degredados portugueses no Brasil eram em número muito reduzido. Inicialmente, os índios foram compelidos ao trabalho mas ainda não como escravos. Nesta fase o Brasil não adoptou o sistema de trabalho contratual forçado, adoptado inicialmente no Haiti e no Sul dos EUA. Ver: Hemming, J, Red Gold: The Conquest of the Brazilian Indians, 1500-1760, Harvard University Press, 1978; Eduardo Bueno, Capitães do Brasil. A Saga dos Primeiros Colonizadores, Ed. Pergaminho Lda, 2001.
The Portuguese emigrants and deported convicts in Brazil were in much reduced number. Initially, the Indians were compelled to work but not yet as slaves. At this stage Brazil did not adopt the indentured labor system which was adopted at an early phase in Haiti and Southern U.S. See: Hemming, J, Red Gold: The Conquest of the Brazilian Indians, 1500-1760, Harvard University Press, 1978; Eduardo Bueno, Capitães do Brasil. A Saga dos Primeiros Colonizadores, Ed. Pergaminho Lda, 2001.
[20] A maior parte destes grupos partiam de São Paulo e ficaram conhecidos como os «bandeirantes paulistas». As doenças dos brancos eram desconhecidas dos índios e dizimavam-nos por falta de imunidade. Ver Hemming, op. cit.
Most of these gangs left from São Paulo and became known as the “bandeirantes paulistas” (Paulist banner-holders). The diseases of the whites were unknown to the Indians and decimated them by lack of immunity. See Hemming, op. cit.
[21] Portugal não adoptou o modelo de sucesso das Companhias das Índias, dos holandeses e, mais tarde, dos ingleses, devido ao seu sistema vincadamente feudal, de monopólio real do comércio (D. Manuel I era, segundo Francisco I da França, o «rei merceeiro»).
Portugal didn’t adopt the success model of the Indies Companies of the Dutch, and later of the English traders, due to its pronounced feudal system of royal monopoly of trade (Portuguese king Manuel I was, according to Francis I of France, the “grocer king”).
[22] Vários historiadores descreveram o «tráfico triangular». Marx, em O Capital, vol I, cap. 31: Génese do Capitalista Industrial, faz a seguinte observação: «O regime colonial [...] assegurou mercados às manufacturas nascentes e, através do monopólio do mercado, uma redobrada acumulação. Os tesouros directamente extorquidos fora da Europa pelo trabalho forçado dos escravizados, pela pilhagem e assassínio puro e simples, refluíam para a mãe-pátria e eram aí convertidos em capital.”
Em Robin Blackburn, The Making of New World Slavery: from the Baroque to the Modern, 1492-1800, Verso, 1997, o autor, com base em dados de 1770, estima que o tráfico triangular contribuiu para uma formação bruta de capital fixo entre 21% e 55% em Inglaterra. Ver também: Abigail B. Bakan, Plantation Slavery and the Capitalist Mode of Production: An Analysis of the Development of the Jamaican Labour Force, Studies in Political Economy no. 22, pp. 73-99, 1987.
Several historians have described the “triangular trade”. Marx, in Capital, vol. I, ch. 31: Genesis of the Industrial Capitalist, makes the following observation: “The colonies secured a market for the budding manufactures, and, through the monopoly of the market, an increased accumulation. The treasures captured outside Europe by undisguised looting, enslavement, and murder, floated back to the mother-country and were there turned into capital.”
Working on figures for 1770, Blackburn (Robin Blackburn, The Making of New World Slavery: from the Baroque to the Modern, 1492-1800, Verso, 199) argues that triangular trade profits may have provided anything between 20.9% and 55% of Britain's gross fixed capital formation. See also: Abigail B. Bakan, Plantation Slavery and the Capitalist Mode of Production: An Analysis of the Development of the Jamaican Labour Force, Studies in Political Economy no. 22, pp. 73-99, 1987.
[23] Jenny Bourne, Slavery in the United States, Economic History, EH.net: https://eh.net/encyclopedia/slavery-in-the-united-states/
[24] A propriedade das plantações estava concentrada numa pequena elite de plantadores. Em 1860, de uma população sulista de 8 milhões, só 383.637 possuíam escravos e só 48.212 se qualificavam com plantadores, com mais de 20 escravos: 46.000 tinham entre 20 e 100 escravos; 2.200, entre 100 e 500; 11, entre 500 e 1000; 1, possuía 1000.
Sobre o papel de B1D no capitalismo ver: Ken Lawrence, Karl Marx On American Slavery, 1976, http://ouleft.org/wp-content/uploads/marxslavery.pdf
Plantation ownership was concentrated in the hands of a small planter elite. Overall, out of a population of 8 million, only 383,637 owned slaves and there were few individuals in 1860 who qualified as planters, owning more than twenty slaves: 46,000 planters owned twenty slaves; 2,200 planters owned 100 slaves; 11 planters owned 500 slaves; 1 planter owned 1,000 slaves.
Concerning the role of B1D on capitalism see: Ken Lawrence, Karl Marx On American Slavery, 1976, http://ouleft.org/wp-content/uploads/marxslavery.pdf
 [25] O seguinte trabalho, disponível na Internet, contém observações de interesse | The following work available in the Internet caontains interesting observations: "Plantations: Ancient Rome." Macmillan Encyclopedia of World Slavery. Ed. Paul Finkelman and Joseph Calder Miller. New York: Macmillan Reference USA, 1998. World History in Context
 [26] O preço dos escravos sempre foi mais elevado em B1D do que em B1C quando comparado com os preços das terras. A razão tinha a ver com os grandes custos e riscos (mortes, naufrágios e pirataria) do tráfico marítimo. Nos inventários dos fazendeiros falecidos durante todo o período colonial brasileiro, o lote de escravos, mesmo quando em pequeno número, tinha sempre um valor muito maior que o das terras. A morte de um escravo ou a sua fuga representava sempre uma grande perda económica e financeira.
Slave price was always higher in B1D than in B1C when compared with land price. The reason for that was related to the high costs and risks of sea traffic (deaths, shipwrecking, pirates). In the deceased landowner inventories during the Brazilian colonial period, the slave lot, even of low numbers, was always of a much higher value than that of the land. The death of a slave or its escape always represented a serious economic and financial loss.
[27] Na descrição de B2C usámos a Historia Universal citada na nota 12, bem como: History of the USSR, Part I, Progress Publishers, Moscow, 1977.
Description of B2C is based on A Short History of the World cit. note 11, as well as History of the USSR, Part I, Progress Publishers, Moscow, 1977.
[28] O Estado russo de Kiev formou-se por união dos anteriores Estados de Kiev e Novgorod Veliki em 912 d.C. Era governado por um grão-príncipe.
The Russian State of Kiev was formed by the union of the previous states of Kiev and Novgorod Veliki in 912 AD. It was governed by a great-prince.
[29] Os príncipes não eram hereditários, mas escolhidos pelos boiardos. Agiam como governadores de um Estado. No séc. X os príncipes e boiardos, para dominarem melhor o campesinato animista, aproximaram-se de Bizâncio e adoptaram a fé cristã. Os camponeses levantaram-se contra a nova fé e os desmandos tributários. Em 1068, tendo o príncipe de Kiev sido derrotado pela invasão dos Cumanos (um povo nómada turco), o povo afastou-o e é eleito um novo príncipe que rechaça os Cumanos.
Princes were not hereditary, but appointed by the boiards. They acted as State governors. In the 10th century princes and boiards came closer to Byzantium and adopted the Crhristian faith in order to better dominate the animist peasantry. The peasants raised against the new faith and the tribute exactions. In 1068, having the prince of Kiev been defeated by the Cuman invasion (a nomadic Turk people), he was banished by the people and a new one was elected who repelled the Cumans.
[30] Novgorod era considerada uma república, administrada através de uma assembleia eleita pelos habitantes da cidade e um voivoda eleito pelos boiardos. Pertencia à Liga Hanseática e tinha um comércio activo.
Novgorod was considered a republic, administred by an Assembly elected by the town citizens and with a voivoda elected by the boiards. It was a member of the Hanseatic League and pursued active trade.
[31] Estado mongol-tártaro que ocupava o Cazaquistão e a Crimeia.
Mongol-Tartar state which occupied present day Kazakhstan and Crimea.
[32] Czar = imperador. O príncipe foi buscar o título, por influência bizantina, aos imperadores romanos: César.
Tsar = emperor. The prince took the title, under byzantine influence, from the Roman emperors: Ceasar.
[33] Depois da vitória sobre os polacos teve lugar em Moscovo uma Assembleia de representantes da nobreza, clero e mercadores que elegeu Miguel Romanov como czar. A dinastia Romanov acabou com a Revolução de Fevereiro de 1917.
Os cossacos eram comunidades semi-militares e de grande autonomia cujos territórios no Don e Dniepre serviam de Estados-tampão contra invasões.
After the victory over the Poles an Assembly of representatives of the nobility, clergy and merchants took place in Moscow, which elected Michael Romanov as Tsar. The Romanov dynasty ended with the Revolution of February 1917.
Cossacks formed semi-military communities of great autonomy and their territories in the Don and Dniepre served as buffer states against invasions.
[34] Richard Fifield, Bedlam Comes Alive Again, New Scientist, 29 March, 1973.
[35] O czar Pedro III promulgou em 1762 uma lei de Liberdades da Nobreza que a isentava de servir o Estado. Os nobres ficaram a viver nas suas herdades tornando mais dura a vida dos servos. A reaccionária Catarina II (1762-1796) consolidou como nunca a servidão e os privilégios da nobreza, promulgando uma Carta que tornava «imutável» o privilégio dos nobres de possuir servos e terras como quaisquer objectos.

Tsar Peter III issued a law on the Nobility Rights in 1762, which exempted the nobles from service to the State. The nobles stayed living at their manors and the life of the serfs became harder. The reactionary Catherine II (1762-1796) consolidated as never before the serfdom and the privileges of the nobility, issuing a Charter that made “immutable” the privilege of the nobles to own serfs and lands as any other objects.