terça-feira, 26 de maio de 2015

Portugal: Ponto da Situação

    Têm-se sucedido as declarações exultantes do PSD e CDS de que teriam arrancado o país da troika, da recessão, estando já a economia nacional em franca recuperação. Em vésperas de eleições são habituais as afirmações tão optimistas quanto falsas sobre o desempenho dos partidos do capital no poder. Desta vez, porém, a mistificação subiu de tom. PSD e CDS não poupam declarações eufóricas para incutir a ideia de que a auteridade acabou e a retoma está em progresso. Usam com a maior desfaçatez informações vagas ou truncadas que omitem o essencial. Vejamos, com dados e factos inapeláveis – aqueles que PSD-CDS omitem, menorizam e/ou distorcem com a ajuda dos seus pivots na comunicação social – qual a situação actual no plano económico (1), social (2) e de decadência moral, do nosso capitalismo (3).
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1 - Situação Económica
    
    Em Novembro de 2014 apresentámos vários indicadores sobre a situação económica do país (http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/11/austeridade-em-portugal-ponto-da.html).       Mostrámos que a tendência de todos eles era negativa. Retomando a análise a partir daí verifica-se que o que então dissemos se confirmou.
    
Dívida Pública (DP) – O valor para 2014 segundo o BdP é de 128,7% (do PIB). Acima da previsão de Novembro (127,7%). Em Março de 2015, também segundo o BdP, a DP era de 130,3%.
    
    Em suma, a DP tem vindo sempre a aumentar. A política de austeridade imposta pela troika e aplicada com dedicação pelo governo PSD-CDS, alegadamente para corrigir a elevada DP, nada resolveu. Pelo contrário, só agravou, duplicando a DP face ao valor de 2008!
    
    A dívida externa (DE) do sector privado também tem aumentado, com a DP+DE a situar-se em 358% do PIB. Mais de três vezes e meia a riqueza produzida anulamente em Portugal!
    É também instrutivo verificar que, face a 2009 («fim» da crise), a DP cresceu 83%, enquanto no sector privado o maior crescimento da DE foi no sector financeiro, 38%, seguindo-se as empresas, 19%. Apenas diminuiu a dívida das famílias, -2%. Um estudo da McKinsey Global Institute (3/3) assinala que «a DP subiu tanto que anulou o esforço das famílias» e ainda que Portugal é o 4.º país onde a dívida mais cresceu em todo o mundo.
    
Défice Orçamental (DO) – O valor previsto pelo governo para o défice orçamental do Estado em 2014, de 4% do PIB, não se confirmou. De facto, o valor oficial é pior: 4,5%. E mesmo este valor poderá ser revisto em alta se, como se espera, a venda do Novo Banco for efectuada com perdas (Eursotat, 22/4).
    Para 2015 o valor previsto pelo governo é de 2,7%, abaixo da famosa meta de 3% [1] o que levou o governo a embandeirar em arco. Mas em Março de 2015 foi anunciado que este valor não iria ser cumprido. De facto, já em Janeiro de 2015 o FMI tinha dito que o DO de 2015 iria ser de 3,4% e que só iria ficar abaixo dos 3% em 2018... O FMI disse ainda mais (16/4): Portugal terá de pedir novo empréstimo de 99 B€ até 2017 de forma a poder pagar a dívida que vence até esse prazo mais a que acumula do DO. (B€=biliões de euros; usamos bilião como sendo mil milhões.) Note-se que a ajuda do Estado aos bancos desde 2008 equivale já a um défice de 3%.
    
Taxa Anual de Crescimento do PIB - Fontes governamentais e a UE previram um crescimento anual do PIB de 0,9% em 2014. Parece ser este o valor final. No 1.º trimestre de 2015 registou-se uma subida para 1,4%, valor idêntico ao do 4.º trimestre de 2013. Crescimento, é certo. Mas débil e devido em grande parte ao agravamento das condições de trabalho (mais horas e menor salário por hora). PSD-CDS usaram este indicador de crescimento como sendo uma grande vitória. Esqueceram-se de dizer que o crescimento é tão débil que pouco impacto terá na DP e no DO. Para 2015, 2016 e 2017-2019 o governo prevê  uma taxa de crescimento de 1,6%, 2% e 2,4% (17/4). Ora, o supracitado estudo da McKinsey Global Institute afirma que (itálicos nossos) «A nossa análise mostra que o crescimento real do PIB teria de ser duas vezes o das projecções existentes para que a DP em percentagem do PIB começasse a descer em seis países: Espanha, Japão, Portugal, França, Itália, Finlândia».
    A figura abaixo mostra como a debilidade do crescimento PIB não tem conseguido aumentar o PIB per capita em Paridade de Poder de Compra, situando-se este indicador de riqueza média ao nível do valor de há 15 anos atrás (linha vermelha)!
    
    
Taxa de Desemprego – A taxa média de desemprego foi de 13,9% em 2014. Tendo atingido o valor mais baixo de 13,1% no 3.º trimestre de 2014, voltou sistematicamente a aumentar a partir daí e situava em 14,1% no passado mês de Fevereiro. Portugal foi um dos países da UE onde o emprego mais recuou no 1.º trimestre de 2015: -1,4%. A taxa de desemprego dos jovens (< 25 anos) registou também o quinto mês consecutivo de agrvamento (13/4), atingindo agora 35%.
    Mesmo em empresas do florescente sector do turismo a situação é grave. Em 2014 as receitas do turismo atingiram um máximo histórico de 10.394 M€. Pois apesar disso, mais de 60% dos hoteis e restaurantes estão em grave risco de falência e empregaram um mínimo histórico: 276 mil trabalhadores, uma perda de 44 mil postos de trabalho.
    
Custos de mão-de-obra, encargos das empresas - O custo total de mão-de-obra/hora em Portugal, face à média da UE, tem vindo sempre a decair desde 2009. Estava em 57,3% do valor médio em 2009 e decaiu para 48,5% em 2013 (Eurostat). Contudo, apesar desta diminuição, deste apertar de cinto aos trabalhadores, a sua segurança futura não ficou mais garantida. Bem pelo contrário. As cotizações sociais e outros encargos das empresas têm constantemente diminuído. Estavam em 46,2% da média da UE em 2009 e passaram para 30,1% em 2013. Idênticas conclusões se tiram se em vez das médias da UE usarmos médias da zona euro[2].
    
Balança Comercial – O défice da balança comercial tem-se agravado, pese embora o aumento das exportações tão apregoado pelo governo. O saldo da balança comercial global foi de -9.640 M€ (milhões de euros) em 2013 e de -10.565 M€ em 2014. Tem-se também agravado relativamente à UE, zona euro (nosso artigo acima citado) e Alemanha.
    A questão que é aqui essencial é a da destruição sistemática do nosso sector produtivo, que remonta ao I Governo Constitucional do PS. Já analisámos esta questão repetidamente em artigos anteriores. Ao contrário do que toda a direita (PS, PSD e CDS) pretende fazer crer, não são as privatizações e o esforço nas exportações que irão melhorar a economia portuguesa. Conforme é dito em [2]: «Como não é possível aumentar rapidamente as exportações até porque todos os países querem o mesmo, e a concorrência a nível do mercado mundial é cada vez maior e mais violenta, uma alternativa importante, até porque tornaria o país mais sustentável e independente, seria fomentar a produção interna para substituir uma parte do que se importa. Mas o governo PSD/CDS, submetido a interesses que não são os portugueses, recusa tal via de crescimento e desenvolvimento, como prova os objetivos do chamado Portugal-2020, que é o programa de aplicação dos fundos comunitários no período 2015-2020 (mais de 25.000 milhões €). Este programa está orientado para apoiar as empresas exportadoras, esquecendo o papel importantíssimo que têm as empresas que produzem bens transacionáveis para o mercado interno, que substituem importações, poupando divisas ao país, e contribuindo para o equilíbrio das suas contas externas.»
    
Privatizações – Segundo notícia de 27/3, o governo aprovou agora a privatização da CP-Carga e da EMEF (as últimas do programa da troika). Mas não vai parar aqui. Na calha está a Carristur e todas do sector público «que funcionam em ambiente competitivo» (!) disse o Secretário de Estado do Tesouro. As empresas portuguesas continuarão a ser vendidas ao desbarato ao grande capital estrangeiro ou transnacional. Com consequências sempre gravosas para o povo comum. A este propósito é dito pertinentemente em [3]: «[...] a EDP foi vendida a muito bom preço porque as autoridades garantiram aos chineses da Three Gorges que os consumidores portugueses continuariam a pagar uma elevada fatura energética. E assim tem sido. Os franceses da Vinci pagaram muito pela concessão da ANA porque lhes foi garantido que poderiam subir as taxas sempre que o movimento aeroportuário aumentasse. Já o fizeram por cinco vezes. O Governo acabou com a golden share na PT e não obstou à saída da CGD do capital da telefónica. Depois assistiu, impávido e sereno, ao desmoronamento da operadora. A CGD foi obrigada pelo Governo a vender por um mau preço a sua participação na Cimpor. Hoje, a cimenteira é uma sombra do que foi [...] Os CTT foram privatizados e aumentaram exponencialmente os resultados, à custa da redução do número de balcões e da frequência na entrega do correio.»
     
2 - O Agravamento da Situação Social
    
    São inúmeros os padecimentos do povo comum, em resultado das agressões brutais dos governos da direita. Eis alguns deles:
    
Desigualdade social – Tem vindo sempre a aumentar desde 2010. Em 2013 éramos o país mais desigual da UE-28 com 10% dos mais ricos a deterem 27% da riqueza produzida.
    
Pobreza A pobreza tem aumentado desde 2006. Portugal tem mais de dois milhões de pobres (há quem aponte números maiores) dos quais 640 mil jovens e crianças. É o país da UE onde o risco de exclusão é maior e onde mais aumentou, em contraciclo com o resto da UE (22/4). Segundo a AMI havia mais 515 sem-abrigo em 2014 (7/5). A 21/5 trabalhadores da Câmara de S.to Tirso, sem receber os vencimentos, estavam a passar fome; nem 75 cêntimos tinham para a cantina. O número de penhoras duplicou nos últimos 3 anos com mais de dois milhões em 2014 (11/5).
    
Cortes nas prestações sociais – Com a sobretaxa de IRS que o Governo planeia manter até 2019 (e não, como estava acordado até ao fim do programa com a troika) o governo espera retirar 600 M€ das pensões (17/4). Pensões essas, cuja atribuição aos novos pensionistas estava com atraso de meio ano em 28/3. Ministra das Finanças disse que sustentabilidade da Segurança Social pode passar por reduzir pensões (25/5). A procura de apoio da Caritas aumentou 15,5% em 2014 face a 2013.
     
Desmantelamento de serviços públicos – O governo cortou 9.500 lugares de professores (3/3). O FMI quer mais cortes no número de funcionários públicos: menos 10% que o actual (19/5). O SNS tem-se vindo a degradar progressiva e aceleradamente. Etc.
        
Suicídio – Portugal é o terceiro país da Europa onde o suicídio mais cresceu nos últimos 15 anos. Em 2014 registaram-se em Portugal cerca de 3 suicídios por dia. O consumo de anti-depressivos tem aumentado. Os especialistas em psiquiatria atribuem as causas destes aumentos à crise económica.
        
3 – Decadência Moral do Regime
    
    As fraudes, as corrupções,  o peculato, o favoritismo, a fuga ao fisco por parte das grandes empresas, as benesses hiperbólicas, a impunidade dos grandes, as afirmações despudoradas  – enfim, a podridão, o saque e a moral gangsterista imposta pelo grande capital – atingiram níveis inauditos. Seguem-se 17 casos noticiados no período de 20/2 a 8/5, mais de 1,5 casos/semana. Podemos estar certos de que é apenas a ponta do icebergue.
    
1 - Governo critica Juncker, Presidente da CE, por este ter dito que a troika «pecou» contra Portugal (20/2). Para o PSD-CDS, a troika não pecou nada. Eles acharam bem tudo que a troika decidiu e até foram mais longe no saque de rendimentos do povo comum.
    
2 - Jardim Gonçalves (BCP): dois anos de prisão ou multa de 600 mil euros. Isto é, livrou-se de pagar 9,4 milhões de euros como pedia o Ministério Público (25/2).
    
3 - Doente morreu porque a ambulância do INEM foi servir de táxi à mulher do presidente do INEM (5/3).
    
4 - Quadros superiores do Estado recebiam dinheiro para passar atestados falsos sobre dívidas à Segurança Social. Por detrás da burla estava o director do Centro de Segurança Social de Lisboa (5/3).
    
5 - Faria de Oliveira, sobre o estilo de liderança de Ricardo Salgado do BES, disse «que em muitos aspectos era positivo» (11/3). Faria de Oliveira é o Presidente da Associação Portuguesa de Bancos. Ficamos, assim, elucidados sobre o que o patrono da Banca Portuguesa entende por liderança bancária positiva.
    
6 - Lista VIP do Fisco para proteger dados de figuras gradas do regime tem efeito «altamente intimidatório»: abertura de inquérito a funcionários por «terem consultado o cadastro fiscal de políticos, grandes empresários e membros da alta finança» (15/3). A 9/4 era noticiado que o Ministério Público iria investigar a lista VIP que protegia os dados fiscais de Cavaco Silva, Passos Coelho, Paulo Portas, Paulo Núncio, etc.
    
7 - Há 200 portugueses a dever mais de 1 M€ ao Fisco. Dez empresas têm dívidas acima de 5 M€, cada uma (17/3).
    
8 - Presidente do INEM usa helicóptero para transportar amiga (20/3).
    
9 - Valentim Loureiro deixou 11 M€ de facturas falsas, segundo detectou o actual executivo da Câmara Municipal de Gondomar (26/3).
    
10 - Desde 2012 foram concluídos 337 concursos na administração pública (2/4). Dos 277 já ocupados (faltavam ocupar 60 lugares) o PSD-CDS ocupou-os todos.
    
11 – Seis empresas, multadas em 14 M€ em 2009 pela Autoridade da Concorrência (AdC), por cartel e troca informações sensíveis, continuam com as mesmas práticas a ganhar milhões em cantinas do Estado. Os 14 M€ nunca foram pagos, porque a condenação por cartel prescreveu em 2013. Uma 2.ª prescrição foi decretada há um mês. A AdC afirma que as empresas ganharam 172,6 M€ de forma ilícita (8/4).
    
12 – O BPI repõe salários e prémios aos gestores que tinham sofrido um corte na sequênca da ajuda do Estado, que durou dois anos e meio (2S2012-1S2014). O vencimento de Fernando Ulrich, CEO do BPI (o tal que disse para o povo português aguentar tal como os sem-abrigo), ascendeu a 1.130.142 € em 2014, mais do dobro de 2013. O módico salário laboral (?) de 94.179 €/mês (9/4).
    
13 – Passos Coelho elogiou Dias Loureiro, um dos principais arguidos do caso BPN, dizendo que é «um empresário bem-sucedido» que sabe que se «queremos vencer na vida» «temos de ser exigentes, metódicos» (1/5). No dia do trabalhador, um elogio a um trabalhador exemplar. (Sobre Dias Loureiro e a sua exigência e método no caso BPN ver http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2013/11/o-sector-financeiro-v-o-caso-bpn.html .)
    
14 - Mandado de detenção de Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena indicia que este disponibilizou 3 contas na Suíça para fundos destinados a Sócrates. Entre 2007 e 2011 chegaram 17 M€ a Carlos Silva e a Sócrates: 3 M€ do Grupo Lena, 12 M€ de 2 empresas de um empresário ex-arguido no caso dos submarinos, e 2 M€ de um cidadão holandês. Para o DCIAP não foram empréstimos mas subornos a Sócrates (6/5).
    
15 - «Justiça abafa investigação a Loureiro». Com este título noticiava o CM a 6/5 que «Cândida Almeida confirma ao CM que se reuniu com o director da Judiciária para coordenar investigação ao ex-conselheiro de Estado. Processo nunca saiu do DCIAP e não teve desenvolvimentos [desde 2009].» e que «A Polícia Judiciária foi impedida de investigar Dias Loureiro no âmbito do caso BPN.» A 7/5 o PGR veio afirmar que Loureiro está a ser investigado. Veremos.
    
16 - Fraude de 20 M€ com IVA nos têxteis. Dono da Feira dos Tecidos interceptado pela PJ quando ia para Fátima a pé (7/5).
    
17 - Chefe das Finanças do Porto suspeito de ajudar na fraude de milhões nos têxteis (8/5).
    
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Súmula
    A situação económica portuguesa não tem melhorado, mas sim agravado. PSD e CDS – e também o PS – fogem de falar nas questões essenciais: o fracasso da «austeridade», a crescente dependência de Portugal devido às privatizações e à destruição do sector produtivo, o enorme retrocesso (15 anos!) do PIB per capita em PPC, a descida de investimento e falta de crédito às pequenas e micro empresas, o agravamento do desemprego e aumento da precariedade, a baixa acentuada da parte de riqueza produzida que vai para os trabalhadores e concomitante aumento da parte que vai para o capital, etc. PSD e CDS divulgam dos indicadores apenas o que lhes interessa – o fraquíssimo crescimento de 0,9% do PIB e o aumento das exportações – trombeteando uma inexistente vitória. Paulo Portas gritou eufórico: «Missão cumprida!». Missão cumprida, sim; mas a favor do grande capital nacional e estrangeiro.
    A situação social tem-se degradado continuadamente. A podridão, o saque e a decadência moral são típicos de fim de regime. Tudo isto começa agora a ser reconhecido por um largo espectro de observadores que não partilham das nossas posições ideológicas.
    O povo tem estado bastante sereno, mas a paciência algum dia se há-de esgotar. Até porque o dinheiro recebido mensalmente e as antigas poupanças, quando existem, estão em contínua erosão.
     
Notas
[1] DP, DO e números mágicos – O PEC da UE fixou limites superiores para a DP e DO, respectivamente de 60% e 3% do PIB. São autênticos números mágicos dado que muitas economias capitalistas vivem em infracção quase permanente de um desses números ou de ambos. Por exemplo, em 2010, nas vésperas da entrada da troika em Portugal, a nossa DP era de 93,3%; mas a da Bélgica era de 96% e a da Grã-Bretanha era de 78,4%, e não tiveram troika.  O DO da Grã-Bretanha era de 9,7% algo menor que o de Portugal (11,2%), mas não muito. Uma série de países poderosos da UE violavam em 2010 os números mágicos; a França tinha DP=82,3% e DO=6,6%; a Alemanha, DP=83% e DO=4,1%; etc. Não estamos com isto a dizer que é recomendável ter um DP e DO elevados. Longe disso. Mas queremos fazer notar que num clima de crise mundial do capitalismo, a grande burguesia dos países mais poderosos procura, em primeiro lugar, descarregar premptivamente o peso da crise e os custos da sua superação sobre os trabalhadores, reformados e pensionistas dos países mais fracos, com a burguesia dos quais tem negócios importantes, como o nosso.
    
[2] Eugénio Rosa, O Aumento dos Desequilíbrios que se Verificam entre os Países da União Europeia Agrava ainda mais a Crise Europeia, 4/3/2015, http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2015/8-2015-UEdesequilibrios.pdf . Ver também, do mesmo autor: Um Modelo que Gera o Atraso e o Endividamento do País, 29/2/2015, http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2015/7-2015-ModeloErrado.pdf. Estes e outros artigos de Eugénio Rosa são de grande rigor e vivamente recomendados.
    

[3] Nicolau Santos, Anatomia e Dissecação de um Colossal Falhanço, Expresso, 11/4/2015. https://rcag1991.wordpress.com/2015/04/11/anatomia-e-dissecacao-de-um-colossal-falhanco/. Nicolau Santos é um jornalista especializado em assuntos económicos, com uma visão keynesiana. Como keynesiano, defende a salvação do capitalismo. Mostra aqui, contudo, uma análise incisiva do que representou o actual governo, não poupando adjectivos.