Preâmbulo
Nos artigos anteriores ([1]) debruçámo-nos
sobre dois pilares fundamentais da ciência: o postulado básico do
materialismo (ou realismo, como usam dizer os cientistas receosos de
conotações políticas) e o método dialéctico. Karl Marx e Friedrich Engels
aplicaram de forma pioneira esses pilares na construção da teoria científica
explicativa da evolução das sociedades humanas: o materialismo histórico.
Karl Marx, para além disso, procedeu durante muitos anos à análise da
economia capitalista, de que resultou a sua obra magna: O Capital.
Em O Capital, Marx apresenta
frequentemente análises da evolução de sistemas socio-económicos, baseadas no
materialismo histórico. Todavia, o que mais releva nesta sua obra são as
investigações, os resultados e as leis da economia capitalista que descobriu.
O seu cunho específico de tratado de economia motiva que deixemos para
artigos específicos este assunto. Vamos, por conseguinte, cingir-nos na
conclusão da nossa série de «Ciência e Marxismo» à apresentação de alguns
aspectos do materialismo histórico que nos parecem de maior interesse,
designadamente na compreensão da história e da política.
Neste artigo apresentamos as duas grandes
teorias evolutivas surgidas nos meados do século XIX: o materialismo
histórico e a teoria da evolução das espécies por selecção natural.
Procuraremos, de forma sucinta, expor alguns aspectos semelhantes nas duas
teorias bem como os abusos que alguns têm feito dessas semelhanças. Em
artigos posteriores argumentaremos o estatuto científico do materialismo
histórico. Para tal tencionamos abordar sucessivamente os temas «História:
acaso ou lei?», «leis científicas», «predições e retrodições», «evolução dos
sistemas socio-económicos», «o materialismo histórico hoje».
* * *
1 Duas Obras que
Abalaram o Mundo
1.1
O Manifesto do Partido Comunista de
Marx e Engels
1.2
A Origem das Espécies de Darwin
1.3
Marxismo e Darwinismo
* * *
1 Duas Obras que Abalaram o Mundo
1.1 O Manifesto do Partido Comunista de Marx e
Engels
Em Fevereiro de 1848
apareceu num jornal para emigrantes alemães em Londres, o Deutschen Londoner Zeitung, uma obra
intitulada Manifest der Kommunistischen Partei (Manifesto do
Partido Comunista) da autoria de Karl Marx e
Friedrich Engels. Karl Marx era Doutor em filosofia (com uma tese sobre os
antigos filósofos materialistas Demócrito e Epicuro), filósofo, escritor e
jornalista político, e mais tarde economista auto-didacta. Friedrich Engels,
filho de um industrial de algodão em Manchester, tinha tido ensejo de estudar
as condições de trabalho e vida do proletariado inglês, tornando-se um
escritor político. O Manifesto, escrito como veículo de esclarecimento
e agitação política da Liga dos Comunistas (1847-1852) – a primeira
organização internacional do proletariado em cuja criação Marx e Engels
tiveram um papel destacado – deu brado. Foi rapidamente traduzido e publicado
em inglês em 1850 e em várias outras línguas europeias nos anos seguintes ([2]).
O comunismo, como ideologia
de conteúdo impreciso, não era criação de Marx e Engels. Remontava a Grachus
Babeuf em França (jornalista que tinha participado na
Revolução Francesa e sido executado em 1797 pelo seu papel na Conspiração
dos Iguais), sendo mais tarde defendido em
vários matizes por uma série de personalidades destacadas, francesas e
inglesas. O que era novo, sim, era o cuidado científico que Marx e Engels
colocavam nas suas análises, que as tornavam sumamente perigosas para a
classe dominante na Europa: a burguesia. Antes de Marx e Engels socialismo e
comunismo tinham sido meras curiosidades e utopias; algumas, contudo, tendo
sido experimentadas na prática, como os falanstérios de Carles Fourier ([3]).
Com o Manifesto de Marx e Engels a
compreensão do papel historicamente transitório do capitalismo e da burguesia
tornou-se esmagadora. Um claro sintoma disso é que antes de Marx e Engels
nunca a Igreja e o papado – que sempre foram esteios ideológicos das classes
dominantes – se incomodaram muito com socialismo e comunismo. Mas em 1849,
precisamente um ano depois da publicação do Manifesto, o Papa Pio IX
(o Papa que se autodeclarou infalível) sentiu-se motivado a publicar a
encíclica Nostis et Nobiscum onde afirma: «Quanto a estes ensinamentos
e a estas teorias é agora do conhecimento geral que o fim específico dos seus
proponentes é introduzir no povo as ficções perniciosas do socialismo e
comunismo usando erradamente as palavras “liberdade” e “igualdade”. O
objectivo final [...] é excitar por contínuos distúrbios os trabalhadores e
outros, em especial os da classe mais baixa [...] Estão a prepará-los para a
pilhagem, o roubo e a usurpação, primeiro da propriedade da Igreja e depois
da de todos os demais. A seguir profanarão todas as leis, humanas e divinas,
destruirão a adoração divina e subverterão toda a ordem das sociedades civis»
([4]).
Imagem
brutal que apresentava socialistas e comunistas (a distinção não era clara na
época) quais piratas sedentos de pilhagens, escorrendo sangue e com o punhal
entre os dentes ([5]). Tudo isto porque não se tratava apenas de uma vaga e
vâ ameaça à classe dominante; tratava-se de uma ameaça concreta,
cientificamente fundamentada. De facto, como dizia Engels no Prefácio à
edição do Manifesto de 1883 ([6]):
«O pensamento fundamental que percorre o Manifesto:
que a produção económica, e a articulação social que dela com necessidade
decorre, de qualquer época histórica, forma a base da história política e
intelectual dessa época; que, consequentemente, toda a história (desde a
dissolução da antiquíssima posse comum do solo) tem sido uma história de
lutas de classes, lutas entre classes exploradas e exploradoras, dominadas e
dominantes, em diversos estádios do desenvolvimento social; que esta luta,
porém, atingiu agora um estádio em que a classe explorada e oprimida (o
proletariado) já não se pode libertar da classe exploradora e opressora (a
burguesia) sem simultaneamente libertar para sempre a sociedade toda da
exploração, da opressão e das lutas de classes – este
pensamento fundamental pertence única e exclusivamente a Marx.»
A natureza científica de uma teoria
evolutiva da história assente em causas materiais – «a produção económica, e a articulação social
que dela com necessidade decorre» – transparece
neste trecho do Prefácio de Engels. A concepção materialista da história
remontava, contudo, a uma obra de Marx e Engels anterior ao Manifesto – A Ideologia Alemã, de 1845 – e a uma
obra de Marx do mesmo ano, as famosas Teses sobre Feuerbach. A
concepção deu lugar a uma teoria bem alicerçada e explanada em obras
posteriores, designadamente nos Fundamentos da Crítica da Economia
Política (1857-61) e n’ O Capital (vol. I de 1867) de Marx, bem
como no Anti-Dühring (1878) e n’A Origem da Família, da Propriedade
Privada e do Estado (1884) de Engels.
De realçar que nunca anteriormente a Marx e
Engels alguém tinha sequer sugerido a possibilidade de uma teoria evolutiva e
materialista da história. Para os que criticavam (e criticam) o
materialismo histórico de Marx e Engels, não era (é) a ideia de evolução na
história que era (é) difícil de aceitar. Toda a gente aceita que houve
evolução na história. Difícil, sim, era aceitar a existência de causas
materiais da evolução e de que a causa última era a produção de bens.
Causas que prescindiam de Deus (como toda a ciência prescinde) e que
explicavam a transitoriedade de modos de produção e de classes dominantes,
prevendo em particular a transitoriedade do modo de produção capitalista e da
burguesia.
1.2 A Origem das
Espécies de Darwin
Em 1859, onze anos depois da publicação do Manifesto,
apareceu, também em Londres, o livro de Charles Darwin popularmente designado
por A Origem das Espécies ([7]). Ao contrário de Marx e Engels, Darwin
era já um cientista de renome. Isto não o livrou, contudo, de receber uma
maioria de críticas desfavoráveis e até exaltadas do lado da Igreja, como a
do geólogo e padre anglicano Adam Sedgewick num jornal da época ([8]): «Não
posso concluir sem expressar o meu profundo ódio à teoria [de Darwin], pelo
seu materialismo cheio de determinação [...]; pelo seu repúdio total das
causas finais, que assim indica uma compreensão destituída de moralidade por
parte dos seus proponentes». Um concílio de bispos alemães em 1860 também se
pronunciou deste modo: «Os nossos primeiros pais foram formados imediatamente
por Deus. Por isso, declaramos que a opinião daqueles que não receiam dizer
que o ser humano, o homem enquanto corpo, surgiu no fim de uma mudança
contínua e espontânea da natureza imperfeita para a mais perfeita, é claramente
oposta à Sagrada Escritura e à Fé».
Manifestações, portanto, de repúdio do
materialismo, da ideia de evolução material, de se ter prescindido da
divindade como causa final.
Efectivamente, Darwin seguiu na sua obra o
postulado de que qualquer teoria explicativa das espécies vivas deveria ser
materialista para ser científica – excluindo, portanto, o desígnio do Criador
ou misteriosas forças vitais –, evolutiva e
capaz de explicar o aparecimento da espécie humana. A teoria darwiniana
partia da constatação da existência de variabilidade populacional e da
hereditariedade, postulando um «mecanismo» material – a «luta pela
existência» devido à pressão populacional e o desempenho relativo nessa luta
– que levaria a que indivíduos com características favoráveis (melhor
desempenho) pudessem mais facilmente transmitir essas características à
geração seguinte, enquanto os possuidores de características desfavoráveis
teriam dificuldades nessa transmissão hereditária.
Note-se que entre os cientistas da época a
ideia da evolução das espécies não era inteiramente nova. Lamarck, Diderot,
Holbach, Maupertuis e Buffon já tinham expressado essa ideia ainda que de
forma especulativa, sem alicerces sólidos nas observações empíricas. Além
disso, a questão da «origem» não estava resolvida. Lamarck, por exemplo,
embora rejeitasse a ideia de Deus, admitia a evolução de ramos separados de
organismos levada a cabo por misteriosas forças vitais teleológicas ([9]). As
ideias evolucionistas tiveram também de sustentar um duro combate contra as
ideias metafísicas de ausência de evolução (o chamado essencialismo), como as
do mais proeminente geólogo da época, Charles Lyell, que criticou Lamarck por
este defender a evolução das espécies.
Apesar das oposições (que persistiram até
hoje entre os criacionistas religiosos dos EUA, Alemanha, Turquia e de outros
países) a Teoria da Selecção Natural conheceu de imediato uma grande
aceitação do mundo científico ([10]). É hoje uma teoria sólida, com alicerces
provenientes de várias áreas científicas, como a paleontologia, a anatomia
comparada, a genética, etc. Todos os dias a teoria recebe novas confirmações.
A sua aceitação é praticamente universal embora, como em todas as teorias
científicas, subsistam aspectos que exigem novos aportes explicativos (por
exemplo, a transição do mundo inorgânico para o orgânico).
1.3 Marxismo e Darwinismo
O Materialismo Histórico (MH) e a Teoria da
Selecção Natural (TSN) são teorias evolutivas baseadas num mecanismo ou
«força motriz» material: a produção de bens usados pelas sociedades humanas,
no caso do MH; o desempenho dos seres vivos na luta pela existência, no caso
da TSN.
Diz assim o cientista Anton Pannekoek ([11]):
«Se olharmos para o marxismo vemos uma grande conformidade com o darwinismo.
Tal como com Darwin, a importância científica do trabalho de Marx consiste em
que ele descobriu a força propulsora, a causa do desenvolvimento social. Ele
não teve de provar que tal desenvolvimento ocorria; toda a gente sabia que
desde os tempos mais primitivos novas formas sociais sempre suplantaram as
mais antigas, mas as causas e os objectivos desse desenvolvimento eram
desconhecidos».
Ao contrário de uma crença ainda hoje
generalizada, também o reconhecimento da existência de classes sociais e
lutas de classes não se deve a Marx ([12]); muito antes de Marx já outros
tinham reconhecido isso, quer protagonistas destacados da Revolução Francesa
quer historiadores burgueses como François Mignet (1796-1884) que disse assim
na sua História da Revolução Francesa: «as classes aristocráticas tinham
interesses que eram opostos aos do partido nacional. Por isso a nobreza e o
alto clero, que se sentavam à direita, estavam constantemente em oposição a
esse partido, excepto durante alguns dias de entusiasmo universal» ([13]).
Marx também tinha testemunhado em vários
países lutas de classes. Tinha visto em Inglaterra lutas entre agricultores e
capitalistas industriais, e entre estes e trabalhadores. De onde provinham
estas classes e seus antagonismos? A grande contribuição de Marx (com a
colaboração de Engels) foi mostrar que as distinções de classe tinham a ver
com as funções que cada uma desempenhava no processo produtivo. Diz Pannekoek
a esse propósito: «É a produção das necessidades materiais da vida que forma
a estrutura principal da sociedade e que determina as relações políticas e as
lutas sociais» e «É o desenvolvimento de ferramentas, dessas ajudas técnicas
que os homens dirigem, que é a causa principal, a força propulsora de todo o
desenvolvimento social. [...] Isso leva a novas relações de classe, novas
instituições sociais e novas classes. [...] As classes que predominam no
velho processo de produção procuram preservar artificialmente as suas
instituições, enquanto as classes emergentes procuram promover o novo
processo de produção […]».
Portanto, quer no marxismo (MH) quer no
darwinismo (TSN), temos: 1) variabilidade populacional, 2) uma força motriz
material da evolução, e 3) novas entidades que ao longo da evolução emergem e
substituem as antigas num processo dialéctico (ver nosso artigo sobre
dialéctica: [14]).
Marx e Engels compreenderam de imediato a
enorme importância da teoria de Darwin. Engels obteve uma das primeiras
cópias d’A Origem das Espécies e logo escreveu a Marx ([15]):
«A propósito, Darwin, que estou agora a ler é absolutamente esplêndido. Havia
um aspecto da teleologia que ainda tinha de ser demolido e isso foi feito
agora. Nunca até hoje tinha sido feita uma tentativa tão grandiosa de
demonstrar a evolução histórica na natureza e seguramente nunca com tão bom
efeito.» Um ano mais tarde, depois de ler a obra de Darwin, Marx também elogia
a teoria de Darwin (em carta a Ferdinand Lassalle citada em [15]) e frequenta
as lições públicas sobre a teoria da evolução proferidas por Thomas Huxley
(1862).
Mais tarde Marx ofereceu uma cópia d’O
Capital a Darwin, tendo este agradecido em carta enviada a Marx (1873)
desta forma ([16]): «Caro Senhor: Agradeço-lhe a honra que me fez de me
enviar a sua grande obra sobre o Capital, e sinceramente desejaria ser mais
merecedor de recebê-la, de compreender mais do tema importante e profundo da
economia política. Apesar dos nossos estudos terem sido tão distintos,
acredito que ambos desejamos profundamente a extensão do conhecimento e que
tal a longo prazo certamente contribuirá para a felicidade da humanidade.»
Em suma, como é dito em [15]: «Darwin fez
para a compreensão da natureza o que Marx e Engels fizeram para a compreensão
da sociedade humana – derrubaram a teleologia e o essencialismo [metafísica]
e estabeleceram uma base materialista para a compreensão de como os
organismos evoluem.»
Apesar das semelhanças metodológicas e
estruturais entre o MH e a TSN é óbvio que as diferenças entre as duas
teorias são enormes. Nem poderia ser de outro modo. O homem é dotado de razão
e linguagem, que permitem a transmissão e enriquecimento de ideias; fabrica,
aperfeiçoa e projecta utensílios, enquanto as ferramentas usadas por alguns
animais são ferramentas de ocasião que encontra na natureza; a sociabilidade humana
é muito diferente da sociabilidade dos animais sociáveis; as leis sociais das
sociedades humanas não são, como nos animais sociais, um mero prolongamento
das leis biológicas. (Ver mais sobre este tema em [11].)
É importante realçar estes aspectos porque,
passados os primeiros anos de alguma perplexidade com a TSN por parte da
burguesia, esta soube digerir a seu favor a «selecção natural». Serviu-se,
para tal, dos argumentos do filósofo burguês Herbert Spencer (1820-1903), o
criador da tese da «sobrevivência dos melhor dotados» ou «dos mais fortes»
que justificou a tendência predatória e cruel do capitalismo em nome do
sucesso dos mais fortes, dos mais bem dotados (de saúde, de força física, de
capacidade dominadora, etc.). Spencer defendia que, tal como entre os animais
eram os mais fortes que eliminavam os mais fracos na luta pela existência, o
que conduzia ao apuramento da «raça», também na sociedade humana o mesmo
deveria ter lugar, pelo que se deveria eliminar a educação pública, as
bibliotecas públicas, as campanhas de vacinação, as leis de segurança no
trabalho e mesmo o apoio aos «pobres não merecedores».
De facto, a competição social nas
sociedades humanas tem muito pouco a ver com «fortaleza» ou «fraqueza» no
sentido usual. No sistema capitalista a causa determinante de sucesso é a capacidade de acumular e dispôr de grandes
capitais, embora os bem-sucedidos possam ser física e mentalmente fracos e
mal dotados. Não são as qualidades pessoais que determinam o sucesso da
competição capitalista; os pequenos capitalistas soçobram muitas vezes na competição
não por serem «homens fracos» mas porque dispõem de menos capital, de menos
capacidade de influir no governo, etc. Por outro lado, os trabalhadores não
competem com os capitalistas. Dado não possuírem capitais só lhes resta vender
a sua força de trabalho, ainda que fossem melhor dotados fisicamente e
mentalmente que os seus patrões. Muitas vezes caem na pobreza não por falta
de qualidades mas porque sempre foram mal pagos e ficaram sem emprego. São as
leis económicas e sociais do capitalismo que fazem com que uma enorme
multidão de bem dotados sucumba, e o mesmo aconteceu ao longo da história com
outros sistemas socio-económicos baseados em classes.
As
leis biológicas do darwinismo não podem pura e simplesmente aplicar-se às sociedades
humanas.
Como se sabe, os nazis foram (são) grandes
apoiantes do social-darwinismo de Spencer. Em nome dele escravizaram
as raças «pior dotadas» e aplicaram as «leis eugénicas» na eliminação de
milhares de deficientes e «doentes genéticos» em centros especiais. Mas não
foram (são) só os nazis que simpatizaram com o social-darwinismo. Numa aula
de catequese em Nova Iorque disse assim o magnate John D. Rockefeller ([15]):
«O crescimento dos grandes negócios é apenas a sobrevivência dos mais
fortes... A rosa American Beauty só
pode ser produzida no esplendor e fragrância que alegram quem a contempla
porque os botões temporões em torno dela são sacrificados. Isto não é uma
tendência malévola nos negócios. É simplesmente o funcionamento de uma lei da
natureza e uma lei de Deus».
O social-darwinismo continua vivo no actual pensamento
neoliberal, com a sua defesa dos grandes monopólios, melhor dotados para
vencer a competição «darwiniana» nos mercados (não importa como), a promoção
dos resgates dos «demasiadamente grandes para sucumbir» e, simultâneamente, a
condenação de serviços sociais que só interessam aos mais fracos. E, sem
dúvida, nazis, Rockefellers e neoliberais estavam (estão) de acordo com
Spencer quando este disse: «O socialismo, tendo como finalidade abolir a luta
pela existência no mundo humano trará necessariamente uma crescente
deterioração física e mental».
|
Foreword
We
discussed two fundamental principles of science in preceding articles ([1]): the
basic postulate of materialism (or realism, as use to say scientists afraid
of political connotations) and the dialectical method. Karl Marx and
Friedrich Engels applied these principles in a pioneer way to the
construction of the scientific theory explaining the evolution of human
societies: the historical materialism. Furthermore, Karl Marx proceeded
during many years to the analysis of capitalist economy, the outcome of which
was his magnum opus Capital.
Marx
often presents analyses of socio-economic systems in Capital, which are based on historical
materialism. Nonetheless, what stands out in this work of his are the
investigations, the results, and the laws of capitalist economy that he
discovered. Its specific stamp of a tretatise on economics motivates us to
leave this matter to specific articles. Consequently, we will restrict
ourselves in the conclusion of our series "Science and Marxism" to
the presentation of some aspects of historical materialism that we believe
having relevant interest, namely in the understanding of history and politics.
In this
article we present the two grand evolutive theories that made their
appearance in the middle of the 19th century: the historical
materialism and the theory of evolution of species by natural selection. We
will attempt to briefly bring forward some similarities of both theories as
well as the abuses that some have made of these similarities. In following
articles we will sustain the scientific status of historical materialism. To
achieve this purpose we intend to discuss in sequence the following topics:
"History: chance or law?", "scientific laws", "predictions
and retrodictions", "evolution of socio-economic systems", "historical
materialism today".
* *
*
1 Two Works that Shook the World
1.1 Marx and Engels' Manifesto of the Communist Party
1.2
1.3 Marxism an Darwinism
* *
*
1 Two Works that Shook the World
1.1 Marx and Engels'
Manifesto of the Communist Party
In
February 1848 a manuscript with the title Manifest der Kommunistischen
Partei (Manifesto of the Communist
Party) and whose authors were Karl Marx and Friedrich Engels appeared in
a
Communism,
as an ideology with imprecise content, was not a creation of Marx and Engels.
It reached back to Grachus Babeuf in France (a journalist who had participated
in the French Revolution and had been executed in 1797 for his role in the Conspiracy
of the Equals), and had later on been elaborated in several varieties by
a series of prominent French and English personalities. What stood out as new
was the scientific care that Marx and Engels placed in their analyses, rendering
them as highly dangerous to the dominant class in
With Marx
and Engels' Manifesto the
understanding of the historical temporary role of capitalism and the
bourgeoisie became overwhelming. A clear symptom of this is the fact that
before Marx and Engels never the Church or the Popery – permanent ideological
supporters of the dominant classes – bothered much about socialism and communism.
But in 1849, precisely one year after the publication of the Manifesto,
the Pope Pius IX (the Pope that declared himself to be infallible) felt
compelled to publish the encyclical Nostis et Nobiscum where he states
that "As regards this teaching and these theories, it is now generally known
that the special goal of their proponents is to introduce to the people the
pernicious fictions of Socialism and Communism by misapplying the terms
"liberty" and "equality." The final goal [...] is to
excite by continuous disturbances workers and others, especially those of the
lower class [...] They are
preparing them for plundering, stealing, and usurping first the Church's and
then everyone's property. After this they will profane all law, human and
divine, to destroy divine worship and to subvert the entire ordering of civil
societies" ([4]).
A brutal image,
portraying socialists and communists (the distinction wasn't clear at the
time) as pirates thirsty of plunderings, dripping blood and with the dagger
between the teeth ([5]). All this because it wasn't the case anymore of a
vague and vain threat to the dominant class; the case here was of a concrete threat, since it was scientifically
grounded. Indeed, as Engels stated in his Preface to the 1883 edition of the Manifesto ([6]):
"The basic thought running through the Manifesto
– that economic production, and the structure
of society of every historical epoch necessarily arising therefrom,
constitute the foundation for the political and intellectual history of that
epoch; that consequently (ever since the dissolution of the primaeval
communal ownership of land) all history has been a history of class
struggles, of struggles between exploited and exploiting, between dominated
and dominating classes at various stages of social evolution; that this
struggle, however, has now reached a stage where the exploited and oppressed
class (the proletariat) can no longer emancipate itself from the class which
exploits and oppresses it (the bourgeoisie), without at the same time forever
freeing the whole of society from exploitation, oppression, class struggles
– this
basic thought belongs solely and exclusively to Marx."
The
scientific nature of an evolutive
theory of history based on material
causes – "economic production, and
the structure of society […] necessarily arising therefrom" – pierces
through this excerpt of Engels' Preface. The materialist conception of
history dated back to a work of Marx and Engels before the Manifesto –
The German Ideology, of 1845 – and to a work of Marx from the same
year, the famous Theses on Feuerbach. The conception gave birth to a
solidly based and explained theory in following works, namely in the Outlines
of the Critique of Political Economy (1857-61) and in Capital
(vol. I, 1867) from Marx, as well as in the Anti-Dühring (1878) and The Origin of the Family, Private Property
and the State (1884) from Engels.
Before
Marx and Engels no one had even suggested the possibility of an evolutive and
materialist theory of history. For
those that criticized (and criticize) the historical materialism of Marx and
Engels, it was not (it is not) the idea of evolution in history that was (is)
difficult to accept. Everybody accepts that there has been evolution in
history. What was really difficult to accept was the existence of material causes of the evolution and
that the cause in last instance was the production
of commodities. Causes that got rid of God (as any science does) and
explained the temporary nature of production modes and dominant classes, namely
foreseeing the temporariness of the capitalist mode of production and of the
bourgeoisie.
1.2
In 1859, eleven
years after the publication of the Manifesto, Charles Darwin's book
popularly known as The Origin of Species
appeared also in
Manifestations,
therefore, of repudiation of materialism, of the idea of material evolution, of
having done with divinity as final cause.
Darwin,
indeed, was faithful in his work to the postulate that any theory explaining
the living species would have to be materialist in order to be scientifical –
thus, excluding Creator's design or mysterious vital forces – as well as evolutive,
and able to explain the appearance of the human species. The Darwinian theory
began with the observation of an ubiquitous population variability and
heredity, postulating a material "mechanism" – the "struggle
for existence" due to populational pressure and the relative performance
in that struggle – leading individuals with favorable characteristics (better
performance) to more easily transmit those characteristics to the next
generation, whereas those possessing unfavorable characteristics would face
difficulties in that hereditary transmission.
Note that
the idea of evolution of species wasn't entirely new among the scientists of
the time. Lamarck, Diderot, Holbach, Maupertuis and Buffon had already
expressed that idea, although in a speculative way, without solid grounds in
the empirical observations. Moreover, the "origin" issue wasn't
solved. Lamarck, for instance, though
he rejected the idea of God, admitted the evolution of separate branches of
living creatures carried through mysterious teleological vital forces ([9]). The
evolutionist ideas also had to sustain a bitter struggle against the
metaphysical ideas of absence of evolution (the so-called essentialism), as
those of the most prominent geologist of the time, Charles Lyell, who criticized
Lamarck because of his defence of evolution of species.
In spite
of the oppositions (persisting until today among the religious creationists
of
1.3 Marxism and
Darwinism
Historical
Materialism (HM) and the Theory of Natural Selection (TNS) are both evolutive
theories based on a material mechanism or "driving force": the
production of commodities used by human societies, in the case of HM; the
performance of living beings in their struggle for existence, in the case of
TNS.
Let us
quote the scientist Anton Pannekoek ([11]): "If we turn to Marxism we
immediately see a great conformity with Darwinism. As with
Contrary
to a generalized belief still in vogue today, the recognition of the
existence of social classes and class struggle is not due to Marx ([12]); long
before Marx others had recognized that, namely important protagonists in the
French Revolution, as well as bourgeois historians such as François Mignet
(1796-1884) who wrote as follows in his History of the French Revolution
([13]): "The aristocratic classes had
interests that were the opposite of those of the national party. That was why
the nobility and the upper clergy, who sat on the Right, were in constant
opposition to that party, except for several days of universal
enthusiasm."
Marx had
also witnessed class struggles in several countries. He had seen in
Thus, in
both Marxism (HM) and Darwinism (TNS) we have: 1) populational variability, 2)
a material driving force of evolution, and 3) new entities emerging and
substituting the old ones in a dialectical evolutionary process (see our
article on dialectics: [14]).
Marx and
Engels immediately understood the huge importance of
Several
years later Marx offered an exemplar of Capital to Darwin, who thanked
the offer in a letter to Marx (1873) in this way ([16]): "Dear sir; I
thank you for the honor that you have done me by sending me your great work
on Capital and I heartily wish that I was more worthy to receive it, but
understanding more of the deep and important subject of political economy.
Though our studies have been so different, I believe that we both earnestly
desire the extension of knowledge and that this in the long run is sure to
add to the happiness of Mankind."
We may
summarize as in [15]: "
In spite
of the methodological and structural similarities of HM and TNS it is obvious
that the differences between both theories are huge. This should not come as
a surprise. Human beings are endowed with reason and language, allowing the
transmission and improvement of ideas; they design, manufacture and improve
their tools, whereas tools used by some animal species are tools of occasion,
found in nature; human sociability is rather different from animal
sociability (of those species that are sociable); the social laws of human
societies are not, as in social animals, a mere prolongation of biological
laws. (More on this theme is presented in [11].)
These
aspects are worth emphasizing because the bourgeoisie, after a few initial
years of perplexity with the TNS, was able to digest the "natural
selection" to its advantage. It made use for that purpose of the
arguments of the bourgeois philosopher Herbert Spencer (1820-1903), the
creator of the thesis of the "survival of the fittest" or of
"the strongest ones", providing a handy justification of the cruel
and predatory tendency of capitalism put at work for the success of the
strongest ones, the best fitted ones (of health, physical strength,
dominating capability, etc.). Spencer defended the idea that since among
animals the stronger ones eliminated the weaker ones in their struggle for
existence, which led to the improvement of the "race", the same
should also take place in human society, and consequently public education
should be eliminated, as well as public libraries, vaccination campaigns,
workers' safety laws, and even charitable support for the “undeserving poor.”
As a
matter of fact, social competition
in human societies has very little in common with being strong or being weak
in the usual sense. In the capitalist system the determinant cause of success is the capability to accumulate and
have the disposal of large capitals, though the well-off may be physically
and mentally weak and poorly gifted. The personal qualities do not determine
the success of capitalist competition; the small capitalists often succumb in
the competition not because they are "weak men" but because they
have less capital at their disposal, less capability to influence the
government, etc. On the other hand, workers do not compete with the
capitalists. Since they do not have capitals the only thing they can do is to
sell their labor power, even though they may be better fitted with physical
and mental qualities than their bosses. They often fall in poverty not by the
lack of qualities but because they were always badly paid and became
unemployed. Capitalist economic and social laws are the reason why a large
multitude of well-fitted people succumb, and the same can be seen as far as
history goes in other socio-economic systems based on classes.
The Darwinian biological laws are
not in any way applicable to human societies.
As is
well-known Nazis were (are) great supporters of Spencer's social-darwinism.
On its behalf they enslaved "less fitted" races and applied
"eugenic laws" to the elimination of thousands of disabled and
"genetically diseased" people. But the Nazis were (are) not alone
in their sympathy towards social-darwinism. The tycoon John D. Rockefeller
told the following in a Sunday school in
Social-darwinism
is still alive in the present day neoliberal thought, with its defense of
large monopolies, those that are best fitted to come out as winners from the
"Darwinian" competition in the markets (no matter how they achieve
that), the promotion of bailouts of those that are "too big to
fail", and the simultaneous condemnation of public services which can
only be of service to the weakest ones. And no doubt Nazis, Rockefellers and
neoliberals stood (stand) in agreement with Spencer when he said "Socialism,
having as its aim to abolish the struggle for existence in the human world,
will necessarily bring about an ever growing mental and physical
deterioration.”
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Notas e Referências | Notes and References
[1]http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/06/marxismo-e-ciencia-ii-materialismo.html;
http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/12/marxismo-e-ciencia-iv-dialectica.html
[2] A primeira
publicação em português de uma versão incompleta traduzida do espanhol é de
1873.
The first
publication in Portuguese of an incomplete version translated from Spanish
dates from 1873.
[3] Os falanstérios eram
comunidades de tipo socialista com características urbanas e rurais, com
empresas produtivas, e direitos iguais entre homens e mulheres. Constituíram-se
alguns falanstérios em França e nos EUA. Um deles, na cidade norte-americana de
Red Bank, New Jersey, durou de 1843 a 1854.
The phalansteries
were socialist-type communities with urban and rural features, with
manufacturing firms, and equal rights of men and women. A few phalansteries
were created in France and US. One of them, in the north-American town of Red
Bank, New Jersey ,
lasted from 1843 to 1854.
[4] Papal Encyclicals Online. Nostis et Nobiscum, 8 de Dezembro, 1849.
http://www.papale
ncyclicals.net/Pius09/p9nostis.htm.
[5] O papado continuou ainda por muito tempo a
transmitir essa imagem. Leão XIII dizia na encíclica Quod Apostolici Muneris, em 1879, que comunistas e socialistas eram
uma «praga letal que está a penetrar em todas as fibras da sociedade humana e a
levá-la à beira da destruição», uma seita de homens «ligados entre si numa
malvada confederação, que já não se abrigam em encontros secretos, mas aberta e
audaciosamentente avançam à luz do dia, lutando por atingir o que há muito vêm
preparando – a destruição de toda a sociedade civil». Note-se que não foi
apenas a Igreja católica que institucionalmente se opôs ao marxismo. O mesmo se
pode dizer de protestantes, muçulmanos, etc. Não se trata aqui, portanto, de
uma particularidade dos católicos.
Popery went on for
a long time transmitting that image. Leo XII said, in his encyclical Quod Apostolici Muneris, 1879, that
communists and socialists were a "deadly plague that
is creeping into the very fibers of human society and leading it on to the
verge of destruction", a sect of men "bound together by the closest
ties in a wicked confederacy, no longer seek the shelter of secret meetings,
but, openly and boldly marching forth in the light of day, strive to bring to a
head what they have long been planning – the overthrow of all civil
society whatsoever." Note that it was not the Catholic Church alone that
institutionally opposed Marxism. The same holds true for Protestants, Muslims, etc.
Thus, it is not a Catholic particularity that is here in question.
[6] K. Marx, F. Engels, Manifesto do
Partido Comunista, Editorial "Avante!", Lisboa, Portugal, 1997.
Manifesto of the Communist Party, Marx/Engels Selected
Works, Vol. One, Progress Publishers, Moscow ,
1969, pp. 98-137.
[7] O título completo é: «Sobre a origem das
espécies por meio da selecção natural ou a preservação das raças favorecidas na
luta pela existência».
The complete title
is: On the origin of species by means of
natural selection or the preservation of favoured races in the struggle for
life.
[8] A citação provém de: Teresa Avelar,
Margarida Matos, Carla Rego, Quem tem
medo de Charles Darwin?, Relógio d’Água Editores e as autoras, 2004. Este pequeno livro, que vivamente
recomendamos, é um dos melhores que lemos sobre a teoria da evolução das espécies.
The citation source
is: Teresa Avelar, Margarida Matos, Carla Rego, Quem tem medo de Charles Darwin?, Relógio d’Água Editores e as
autoras, 2004. This small book that we
strongly recommend is one of the best we have read (including those in English)
on the theory of species evolution.
[9] A teleologia (do grego telos = finalidade) é a crença de que
todas as coisas são inerentemente construídas com vista a uma finalidade.
Exemplo de explicação teleológica: quando as girafas surgiram na Terra já
traziam em si mesmas determinadas forças vitais que fizeram crescer os seus
pescoços com vista à finalidade de comer as folhas dos ramos mais altos das
árvores. Note-se a troca de causa e efeito na explicação teleológica. Nesta, o
comer folhas altas é a «finalidade», o efeito cuja causa reside nas forças
vitais internas das girafas. Na teoria darwiniana é, pelo contrário, a pressão
das condições existentes que leva as primitivas girafas capazes de se alimentar
das folhas altas (causa) a terem melhor desempenho na luta pela existência,
favorecendo os descendentes de pescoços compridos (efeito).
Teleology (from the
Greek telos = end) is the belief that
everything is inherently built having in view a purposeful end. Example of a
teleological explanation: when giraffes came on Earth they possessed in
themselves certain vital forces that drove them to grow their necks for the
purpose of eating leaves from the top branches. Note the swap between cause and
effect in the teleological explanation. In it, the eating of high standing
leaves is the "end", the effect, whose cause lies in internal vital
forces of the giraffes. In the Darwinian Theory, on the contrary, it is the
pressure of the existing conditions that led those primitive giraffes able to
feed on high standing leaves (cause) to have a better performance on the
struggle for existence, favoring the descendents with long necks (effect).
[10] Em Portugal, Darwin permaneceu largamente
desconhecido até à I.ª República, devido ao atraso jesuítico da ciência em
Portugal. A primeira tradução portuguesa d’A
Origem das Espécies só foi publicada em 1913! Há uma excepção que merece
menção especial: o malacologista açoreano Arruda Furtado, que se correspondeu
com Darwin (em 1881) e defendeu a sua obra.
[11] Anton Pannekoek, Marxism and Darwinism, Charles H. Kerr
& Company, Chicago, 1912. Uma
obra de grande interesse, descarregável do Marxist Internet Archive (MIA).
(Anton Pannekoek, marxista e socialista revolucionário, foi astrónomo,
Professor na Universidade de Amsterdão e um pioneiro destacado da astrofísica.)
Anton Pannekoek, Marxism and Darwinism, Charles H. Kerr
& Company, Chicago, 1912. This is a very interesting work, downloadable
from the Marxist Internet Archive (MIA). (Anton Pannekoek, a Marxist and
revolutionary socialist, was an astronomer, Professor at the University of Amsterdam
and a prominent pioneer of astrophysics.)
[12] É bem conhecida, a esse respeito, a carta
de Marx a
Joseph Weydemeyer, de 5 de Março de 1852 (Obras
Escolhidas em três tomos, Editorial"Avante!"): «[...] No que me diz
respeito, não me cabe o mérito de ter descoberto nem a existência das classes
na sociedade moderna nem a sua luta entre si. Muito antes de mim, historiadores
burgueses tinham exposto o desenvolvimento histórico desta luta das classes, e
economistas burgueses a anatomia económica das mesmas. O que de novo eu fiz,
foi: (1) demonstrar que a existência das
classes está apenas ligada a determinadas
fases de desenvolvimento histórico da produção; (2) que a luta das classes
conduz necessariamente à ditadura do
proletariado; (3) que esta mesma ditadura só constitui a transição para a superação de todas as classes e para uma sociedade sem classes.»
(Numa sociedade de classes existe sempre uma ditadura de uma classe sobre outras,
independentemente de quão democrático seja o regime político.)
The well-known
letter of Marx to Joseph Weydemeyer, March 5, 1852 (MIA) says to this respect:
"[...] And now as to myself, no credit is
due to me for discovering the existence of classes in
modern society or the struggle between them. Long before me bourgeois
historians had described the historical development of this class struggle and
bourgeois economists, the economic economy of the classes. What I did that was
new was to prove: (1) that the existence of
classes is only bound
up with particular
historical phases in the development of production, (2) that the
class struggle necessarily leads to the dictatorship
of the proletariat, (3)
that this dictatorship itself only constitutes the transition to the abolition of all classes and to a classless society."
(In
a class-based society there is always a dictatorship of one class over the others, no matter how democratic is the
political regime.)
[13] François Mignet era amigo íntimo de Louis
Thiers, o liquidador da Comuna de Paris. As posições de Mignet e de outros
historiadores burgueses (isto é, defensores do capitalismo) estão bem
apresentadas na interessante obra de G. Plekhanov, The Initial Phase of the Theory of the Class Struggle, 1898
(descarregável do MIA).
François Mignet was
a close friend of Louis Thiers, the liquidator of the Paris Commune. The
positions of Mignet and of other bourgeois historians (defenders of the
capitalism) are well presented in the interesting work of Plekhanov, The Initial Phase of the Theory of the Class Struggle, 1898 (downloadable from MIA).
[14]
Marxismo e Ciência: a Dialéctica. http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/12/marxismo-e-ciencia-iv-dialectica.html
[15] A citação provém de Ian Angus, Marx and Engels...and Darwin? The essential connection between
historical materialism and natural selection, International Socialist Review, vol.
65, 2009 http://isreview.org/issue/65/marx-and-engelsand-darwin. Não encontrámos a tradução em português.
The citation is from Ian Angus, Marx and Engels...and Darwin? The essential connection between
historical materialism and natural selection, International Socialist
Review, vol. 65, 2009 http://isreview.org/issue/65/marx-and-engelsand-darwin.
[16] A citação provém Marx, Darwin, and the upheaval in the
biological sciences, Workers
World Feb 9, 2009 (originally published in the Workers World of March 25, 1983, to
coincide with the centennial of the death of Karl Marx), http://www.workers.org/2009/world/marx_darwin_0219/
As posições políticas
de Darwin não são conhecidas. Sabe-se apenas que foi sempre anti-esclavagista.
The citation is
from Darwin , and the upheaval
in the biological sciences, Workers
World Feb 9, 2009 (originally
published in the Workers World of March 25, 1983, to coincide with the
centennial of the death of Karl Marx), http://www.workers.org/2009/world/marx_darwin_0219/ Marx,
The political positions of Darwin
are not known. Darwin
has always openly opposed slavery and its trade.