O Período de Maio de 1917 a Novembro de 1920
The Period
from May 1917 to November 1920
Maio-Setembro de 1917 – Trotski e seu séquito
ingressam no POSDR(b)
Outubro-Novembro de 1917 – Trotski na Revolução de
Outubro
27 de Novembro de 1917 - 3 de Março de 1918 -- O
Tratado de Brest-Litovsk
Abril de 1918 a Novembro de 1920 -- Trotski na
guerra civil
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May-September
1917 -- Trotsky and his associates join the RSDLP(B)
October-November
1917 -- Trotsky in the October Revolution
November 27, 1917
– March 3, 1918 -- The Brest-Litovsk
Treaty
April 1918 to
November 1920 - Trotsky in the Civil War
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Maio-Setembro de 1917 – Trotski e seu séquito
ingressam no POSDR(b)
Em 8 de Março de 1917 rebentou em Petrogrado [72] a revolução
russa, dita de Fevereiro [73]. Vladimir Lénine chegou a Petrogrado vindo de Zurique
na noite de 16 de Abril. Leon Trotski (Lev Davidovitch Bronstein) chegou a 17
de Maio vindo de Nova Iorque.
Existe a ideia generalizada de que mal Trotski chegou a Petrogrado
foi logo aceite por Lénine no POSDR(b) [74]. É mais uma lenda criada pelos trotskistas
que a reacção ocidental acolheu de bom
grado. Permitiu dizer que Trotski é que era o herdeiro de Lénine e o verdadeiro bolchevique, em vez do «sanguinário
ditador» Estáline. Esta lenda é totalmente
falsa.
O que se passou foi o
seguinte:
-- Primeiro, logo no dia seguinte
após ter chegado, 17 de Abril, Lénine leu as suas famosas «Teses de Abril» [75]
em duas reuniões da Conferência de Toda a Rússia de Sovietes de Deputados Operários
e Soldados. Entre as várias teses que Lénine defendia para a social-democracia
revolucionária são de destacar para o presente propósito: 1) «Na nossa atitude
perante a guerra ... é intolerável a menor concessão ao “defensismo revolucionário”»;
2) «A peculiaridade do momento actual na Rússia consiste na transição da primeira
etapa da revolução ... para a sua segunda etapa, que deve colocar o poder nas
mãos do proletariado e das camadas pobres do campesinato»; 3) «Nenhum apoio ao
Governo Provisório, explicar a completa falsidade de todas as suas promessas,
sobretudo a da renúncia às anexações».
-- No primeiro dia da VII Conferência de Toda a Rússia do POSDR(b),
de 7 a 12 de Maio, Lénine analisou a situação corrente e leu propostas de resolução.
Uma delas refere «Devemos reconhecer que massas muito amplas de “defensistas revolucionários”
estão de boa fé, isto é, não desejam efectivamente anexações, conquistas, violências
sobre povos fracos, aspiram efectivamente a uma paz democrática e não imposta
pela força entre todos os beligerantes» Esta ideia é tida em conta no ponto 2
da alínea 16 (Sobre a unificação dos internacionalistas
contra o bloco defensista pequeno-burguês) da resolução final: «2. Reconhecer
como necessária a aproximação e unificação com todos os grupos e tendências
que assumem uma posição genuinamente internacionalista, com base na rejeição da
política de traição pequeno-burguesa do socialismo». Era também consistente
com as teses 1 e 3 acima.
-- Trotski chegou a Petrogrado como forte adversário dos bolcheviques. Recusou-se,
porém, a juntar-se a qualquer dos grupos mencheviques que na época tinham os seus
próprios líderes e que, além disso, estavam em grave crise. Em vez disso, tornou-se
membro e líder da chamada Organização Interdistrital (OID) [76], fracção
conciliadora e centrista de Petrogrado onde
se encontravam outros intelectuais que lhe eram fiéis (A. Ioffe, A. Lunacharski,
M. Uritski, D. Riazanov, V. Volodarski,
L. Karakhan, D. Manuilski, I. Iurenev, etc.).
-- Em cumprimento da citada
resolução 16-2 da VII Conferência de Toda
a Rússia do POSDR(b) -- e não por sua vontade pessoal como os trotskistas
pretendem fazer crer – Lénine, com Kamenev e Zinoviev, dirigiu-se em 23 de Maio
a uma conferência dos «Interdistritais», onde apresentou as decisões do CC do
POSDR(b) sobre as condições de unificação [77].
-- Depois de Lénine, Trotski tomou
a palavra e opôs-se aos termos de unificação de Lénine. Entre outras coisas
disse: «Eu não me posso chamar bolchevique. ... Não nos podem pedir que
reconheçamos o bolchevismo.» Dada a influência de Trotski nos
«Interdistritais», a proposta de Lénine foi chumbada. De novo na sua pose de defensor
da unidade de todos os social-democratas, Trotski exigiu que fosse realizada uma
conferência de unidade com bolcheviques, OID e até mesmo mencheviques. Além disso, Trotski favorecia a unificação
do partido segundo as linhas trotskista e menchevique e não segundo os princípios
bolcheviques. (Lénine anotou alguns pontos do discurso de Trotski: [78]. Ver
também Lénine, Sobre a Unificação dos Internacionalistas,
Maio 31, 1917.)
-- Após a manifestação de Julho
de 1917 [79], Trotski foi preso a 7 de Agosto pelo governo provisório.
(Também foram presos e perseguidos líderes bolcheviques.) Enquanto estava na
prisão, os cerca de 4.000 membros da OID ingressaram a 8 de Agosto no POSDR(b)
no seu VI Congresso, celebrado em semi-clandestinidade e presidido por
Estáline. O congresso confirmou os termos de unificação de Lénine. (Este, ferozmente
perseguido pelo governo provisório, estava refugiado e colaborava nos
trabalhos do congresso através de mensageiros. O relatório político do CC e o
referente à situação política foram apresentados, a pedido do CC, por Estaline.)
-- Segundo um dos membros da
OID, Trotski na prisão (onde foi bem tratado e autorizado a comunicar com o
exterior) tentara amedrontá-los alegando práticas ditatoriais dos bolcheviques
e persuadiu-os a ingressar no Partido Bolchevique como um grupo separado e compacto.
Trotski procurou manter dentro do Partido Bolchevique a sua própria organização
política que poderia usar mais tarde na luta contra Lénine, [3] o que veio de
facto a acontecer.
-- Depois da OID ingressar no
POSDR(b), Trotski continuou a rejeitar a necessidade de trabalhar escrupulosamente
com as massas. Segundo ele, a classe trabalhadora da Rússia falharia nos seus
esforços, por maiores que fossem, para alcançar o socialismo se não houvesse uma
revolução proletária mundial bem sucedida num futuro próximo.
--- Ao ingressar nos bolcheviques,
muitos dos «inter-distritais» romperam com o oportunismo. Mas, como mostraram
os desenvolvimentos subseqüentes, para Trotski e alguns dos seus apoiantes
isso era apenas uma formalidade: continuaram a propor as suas visões
perniciosas, desrespeitaram a disciplina e minaram a unidade ideológica e
organizativa do Partido.
Pode-se perguntar: porque razão Lénine e a liderança
bolchevique se interessou em que a OID se fundisse no POSDR(b)? Duas razões
podem ser avançadas: havia muitos operários influentes na OID que já tinham
sido bolcheviques e que facilmente regressavam ao POSDR(b) [80] enriquecendo
as forças revolucionárias (ver acima o que Lénine disse na VII Conferência de Toda a Rússia do POSDR(b),
etc.); do OID vieram quadros com capacidades técnicas (questões económicas,
contactos com o estrangeiro, etc.) úteis ao POSDR(b) -- que tinha uma penúria
de quadros -- e que devidamente integrados e orientados serviriam lealmente o
partido. Dos acima citados isso aconteceu com A. Lunacharski, M. Uritski e V.
Volodarski.
Outra questão: porque razão Trotski acabou por ingressar no
POSDR(b) submetendo-se aos termos de unificação confirmados no VI Congresso?
As razões são várias: porque, de outro modo, arriscava-se a ficar isolado e
perder o comboio da revolução; porque o partido bolchevique crescia
aceleradamente, triplicando o número de membros em três meses [81]; porque,
apesar do então domínio dos sovietes por mencheviques e SRs (cujos líderes se
tinham aliado à burguesia), havia já sinais concretos da crescente influência
bolchevique nas massas populares e nas suas lutas [82], que não deixaria de
se manifestar manifestar nos sovietes [83]; porque considerava o partido não
como um órgão colectivo com qualquer poder sobre ele e via a sua adesão como
um meio de adquirir poder sobre o partido e tornar-se o segundo no comando;
porque acreditava que a situação internacional iria demonstrar que era ele
que tinha razão e não Lénine -- a Rússia «atrasada» não poderia sozinha
construir o socialismo; porque – como os factos iriam mais tarde mostrar –
Trotski esperava, uma vez dentro do POSDR(b), vir a pôr de lado Lénine, vir a
derrotar a linha leninista substituindo-a pela sua própria linha oportunista,
e vir a chefiar o partido com a ajuda dos seus fiéis seguidores.
Quanto a pôr de lado Lénine, logo a seguir às
manifestações de Julho, houve um episódio que dá que pensar. Nessa altura,
toda a reacção, dos monárquicos aos mencheviques, aterrorizada pelas massas
populares que seguiam os bolcheviques, redobrou na calúnia de que Lénine e
associados eram agentes da Alemanha por defenderem a derrota do governo na
guerra [84]. O ministro da Justiça, o SR P. N. Pereverzev, entregou documentos
à imprensa que falsamente acusavam Lénine de ser um agente alemão [84].
Desencadeou-se uma verdadeira caça aos líderes bolcheviques que tiveram que
se esconder, e uma feroz histeria anti-Lénine. Lénine, com o apoio de membros
do CC, escondeu-se numa cabana em Razliv (a 28 km de Petrogrado). O governo
provisório emitiu ordem de prisão de Lénine. Para além dos reaccionários, os
bolcheviques Kamenev e Rikov também eram de opinião que Lénine devia ir a
tribunal para se defender das calúnias. Como se a «justiça» do governo
provisório fosse imparcial! Sobre isto, Trotski afirmou mais tarde – em 1932 --
com razão [85]: «Para os organizadores da falsificação judicial, não se
tratava de "justiça", mas de aprisionar e matar Lénine, como foi
feito dois anos depois na Alemanha com Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg.»
Contudo, e apesar do que mais tarde disse, Trotski na altura foi um dos que mais fortemente se pronunciou para
que Lénine se entregasse à «justiça»! Mas, claro, em 1932 Trotski esforçava-se
por se mostrar como um leninista! (Ver mais em [86]; Estáline, conforme
outros dirigentes bolcheviques reconheceram, incluindo a companheira de
Lénine N. Krupskaia, foi o mais forte opositor a que Lénine se entregasse à
«justiça», mesmo quando Lénine ainda estava hesitante [87].)
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May-September 1917 -- Trotsky and his associates join
the RSDLP(B)
On
March 8, 1917, the Russian Revolution, called of February [72], broke out in
There
is a widespread idea that as soon as Trotsky arrived in
Here
is how events unfolded:
-- First of all, Lenin read his famous
“April Theses” [75] the day after his arrival, April 17, at two meetings of the
All-Russian Conference of Soviets of Workers' and Soldiers' Deputies. Among the
various theses which Lenin defended for the revolutionary social democracy stood
the following ones: 1) “In our attitude
towards the war … not the slightest concession to ‘revolutionary defencism’ is
permissible.” 2) “The specific feature of the present situation in
-- On the first day of the Seventh All-Russia Conference of the RSDLP(B),
May 7-12, Lenin analysed the current situation and read drafts of resolutions.
One of them stated: “It must be admitted that the great mass of ‘revolutionary
defencists’ are honest, i.e., they are really opposed to annexations, to conquests,
to oppressing weak peoples; they are really working for a democratic, non-coercive
peace among all the belligerents.” This idea is taken into account in point 2
of article 16 (On the Unification of
the Internationalists Against the Petty-Bourgeois Defencist Bloc) of the final
resolution: “2. To recognise as necessary rapprochement and unification, on
the basis of rejecting the policy of petty-bourgeois betrayal of socialism,
with all groups and trends taking a genuinely internationalist stand.” This resolution
was also consistent with the aforementioned theses 1 and 3.
-- Trotsky arrived at
-- In compliance with the
aforementioned resolution 16-2 of the Seventh
All-Russia Conference of the RSDLP(B) -- and not by mere satisfaction of
his own personal wish as the Trotskyists would us to believe -- Lenin
addressed a Conference of the “Inter-districtists”, on May 23, where he
presented the decisions of the RSDLP(B) CC on the conditions for unification
[77].
-- Trotsky took the floor immediately
after Lenin, and opposed Lenin's terms of unification. He said among other
things: “I cannot call myself a Bolshevik. … We cannot be asked to recognise
Bolshevism.” Given Trotsky's influence on the “Inter-districtists”,
Lenin's proposal was voted down. Posing once again as a defender of the unity
of all social democrats, Trotsky demanded that a unifying conference should be
held with Bolsheviks, IDO and even with outright Mensheviks. Moreover, Trotsky stood in favour of unifying
the party along the Trotskyist and Menshevik lines rather than on Bolshevik
principles. (Lenin took notes of some points of Trotsky's speech: [78].
See also Lenin, The Question of Uniting
the Internationalists, May 31, 1917.)
-- In the aftermath of the July
1917 demonstration [79], Trotsky was arrested by the Provisional Government on
7 August. (Bolshevik leaders were also arrested and persecuted.) While Trotsky
was in prison, the ca. 4,000 IDO members entered on 8 August the RSDLP(B) at its
Sixth Congress. The Congress was held in semi-clandestinity, presided over by
Stalin, confirmed Lenin’s terms of unification. (Lenin, fiercely persecuted
by the provisional government, was in hiding and collaborated in the works of
the congress through messengers. The CC political report and the report on
the political situation were presented, at the CC's request, by Stalin.)
-- According to one of the members
of the IDO, Trotsky while in prison (where he was well treated and allowed to
communicate with the outside) tried to frighten them by alleging dictatorial
practices by the Bolsheviks and persuaded them to join the Bolshevik Party as
a separate and compact group. Trotsky sought to maintain within the Bolshevik
Party his own political organization which he could later use in the struggle
against Lenin, [3] which indeed it was to take place later.
-- After the IDO joined the
RSDLP(B), Trotsky continued to reject the need to work with the masses in a scrupulous
way. According to him,
-- Upon joining the Bolsheviks
many of the “inter-districtists” broke with opportunism. But, as subsequent
developments showed, for Trotsky and some of his supporters this was only a
formality: they went on propounding their pernicious views, flouted
discipline and undermined the Party’s ideological and organisational unity.
One
may ask: Why was Lenin and the Bolshevik leadership interested in merging the
IDO into RSDLP(B)? Two reasons can be advanced: there were many influential
workers in the IDO who had once been Bolsheviks and could easily return to the
RSDLP(B) [80] enriching the revolutionary forces (see above what Lenin said
at the Seventh All-Russia Conference of
the RSDLP(B), etc.); from the IDO
came cadres with technical skills (on economic issues, foreign contacts,
etc.) useful to the RSDLP(B) -- which had a shortage of cadres -- and who
properly integrated and guided would loyally serve the party. From the above
mentioned this happened with A. Lunacharsky, M. Uritsky and V. Volodarsky.
Another
question: why did Trotsky eventually join the RSDLP(B) submitting to the
unification terms confirmed at the Sixth Congress? The reasons are various:
because otherwise he’d risk being isolated and losing the train of the revolution;
because the Bolshevik party grew rapidly, tripling its membership in three
months [81]; because, despite the then dominance of the Soviets by Mensheviks
and SRs (whose leaders had allied themselves with the bourgeoisie), there
were already concrete signs of the growing Bolshevik influence on the popular
masses and their struggles, [82] which would not fail to manifest itself in
the Soviets [83]; because he considered the party not as a collective body
with any power over him and saw his membership as a means of gaining power
over the party and becoming second in command; because he believed that the
international situation would show that he was right all along and not Lenin –
“backward” Russia could not build socialism on its own; because -- as facts
would later show -- Trotsky hoped, that once inside the RSDLP(B) he would
ultimately be able drive Lenin aside, to defeat the Leninist line replacing
it by his own opportunist line, and to head the party with the help of his
faithful followers.
As
regards setting Lenin aside, there was an event, just after the July
demonstrations, that makes one think. At that time, the entire reaction from
the monarchists to the Mensheviks, terrified by the popular masses who
followed the Bolsheviks, redoubled in the slander that Lenin and his
associates were agents of
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Depois das manifestações de Julho e do esmagamento de um putsch
militar contra-revolicionário que se lhe seguiu, cada vez mais as massas populares
compreenderam a correcção das teses bolcheviques. E essa compreensão operava-se
rapidamente. Quem tenha passado por uma revolução sabe bem como alguns dias em
tempo de revolução ensinam mais que muitos anos em tempo «normal».
Lénine chamou a atenção para essa mudança da correlação de
forças e da necessidade de desencadear a revolução socialista desde pelo menos
25 de Setembro de 1917 quando escreveu uma Carta ao Comité Central, aos Comités de Petrogrado e de Moscovo do POSDR(b)
intitulada Os Bolcheviques Devem Tomar o
Poder. A carta, com explicação clara das razões da tese, começava assim: «Tendo
obtido a maioria nos Sovietes de deputados operários e soldados de ambas as
capitais, os bolcheviques podem e devem tomar o poder de Estado nas suas mãos».
Durante cerca de um mês, Lénine escreveu vários cartas e artigos
e foram realizadas muitas reuniões que mostraram a adesão do partido e das
massas populares à insurreição armada para tomada do poder [88]. Na Carta ao CC, CM, CP e aos Membros Bolcheviques dos Sovietes de
Petrogrado e Moscovo, de 14 de Outubro Lénine assinala que em Moscovo 99%
dos soldados eram pelos bolcheviques e que nas eleições para o soviete de Moscovo
47% dos votos eram pelos bolcheviques. Com o apoio dos SRs de Esquerda, que tinham
chegado a um acordo com os bolcheviques, existia agora uma sólida maioria a favor
da revolução nos principais sovietes. Nessa carta, Lénine afirma: «A vitória está
assegurada, e há nove probabilidades em dez de ser sem derramamento de sangue.
Esperar é um crime perante a revolução.» Lénine estava certo: a revolução
venceu sem dificuldade e quase sem derramamento de sangue.
Em 23 de Outubro foi realizada uma reunião do CC em
Petrogrado na qual Lénine participou e apresentou um relatório sobre a situação
política seguido da proposta de resolução sobre a insurreição armada. Zinoviev
e Kamenev votaram contra. Quanto a Trotski, que tinha tido uma posição
correcta aquando do boicote ao pré-parlamento [89], desta vez a sua costela
«centrista» falou mais alto: Trotski absteve-se
(!) nesta questão crucial, alegando que a insurreição deveria ser adiada até
ao II Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia (a realizar a 7 de Novembro).
Na prática isso significava conceder ao governo provisório tempo para concentrar
as forças necessárias para esmagar a insurreição aquando do Congresso. De
facto, a abstenção sob o pretexto de adiar até ao II Congresso não só não se
distinguia na prática do capitulacionsimo de Zinoviev e Kamenev como era até
pior nas suas consequências, pois abria a possibilidade de um golpe
antecipatório letal contra o POSDR(b) e a liderança bolchevique, particularmente
Lénine. Note-se que a tese de Trotski já tinha sido combatida por Lénine a 12
de Outubro, mostrando que equivalia brincar às insurreições e iludir as
massas com a ideia de que a tomada de poder se podia fazer com «resoluções»
legais [90].
Na reunião de 23 de Outubro os outros membros do CC opuseram-se
aos capituladores: numa decisão de grande
importância histórica, a resolução sobre a insurreição foi aprovada por 10 votos
contra 2. Foi criado um Bureau Político para a direção política da insurreição
(BPR) presidido por Lénine e de que
faziam parte Estáline, Bubnov, Trotski, Sokolnikov, Zinoviev e Kamenev. Numa
reunião alargada do CC a 29 de Outubro (com representantes do CEC-Comité
Executico Central dos sovietes de Petrogrado, da organização militar adjunta ao
CC, do Soviete de Petrogrado, dos sindicatos, dos comités de fábricas, etc.)
a proposta de insurreição foi aprovada por 20 votos a favor, 2 contra (Zinoviev
e Kamenev) e 3 abstenções. Foi constituído, como parte do Comité Militar Revolucionário
do Soviete de Petrogrado, o Centro Militar Revolucionário (CMR) para dirigir
a insurreição (em conformidade com as directivas do CC) integrado pelos seguintes
membros do CC: Estáline, Sverdlov, Bubnov, Djerjinski e Uritski. Fazia também
parte do CMR Pavel Lazimir, um SR de Esquerda. No mesmo dia uma reunião do CC
elegeu um Centro do Partido, encabeçado por Estáline, para dirigir a
insurreição [91]. Esta teve início a 6 de Novembro. A 7 de Novembro (25 de
Outubro segundo o antigo calendário, daí a designação Revolução de Outubro),
com a insurreição bem sucedida, o poder foi entregue aos sovietes no seu II
Congresso.
Trotski era na altura presidente do Soviete de Petrogrado
e estava sob liderança directa do CC. Como presidente do Soviete fez e falou
o que o CMR e o BPR decidiram. Trotski era membro do BPR mas não do CMR, o centro prático da insurreição. Não podia,
portanto, ter um papel de relevo na revolução. Trotski, apesar do seu
«centrismo» abstencionista, acabou por junter-se à revolução com suficiente bom
grado, mas com uma reserva expressa na reunião de 23 de Outubro que já naquele
tempo o aproximava de Zinoviev e Kamenev: declarou que se a revolução não eclodisse
e não tivesse sucesso na Europa Ocidental, a Rússia revolucionária não seria capaz
de resistir à Europa conservadora, e que duvidar disso era dar prova de
estreiteza nacional, tese que continuou a defender.
Apesar dos factos expostos, Trotski, já durante a
revolução e mais tarde nos seus livros procurou fazer crer que tinha tido um
papel central especial na revolução e que tinha sido pelo menos um co-líder
da revolução. Os seus talentos de auto-propaganda ajudaram-no a construir esse
mito que os seus biógrafos e demais trotskistas sustentam sem qualquer
fundamento. John Reed, o famoso autor de Os
Dez Dias que Abalaram o Mundo foi na altura um dos convencidos por
Trotski (a obra é de interesse apesar disso). Mas não foi o único. Um caso
notável é o do capitão Jacques Sadoul da Missão Militar Francesa em
Petrogrado, que no seu livro Notes sur la
Révolution Bolchevique considera Lénine como mero assistente de Trotski!
[92]
Na verdade, tendo em conta os factos duros e a distorção
que deles fez Trotski, uma apreciação sóbria e até mesmo benigna do papel de
Trotski na Revolução de Outubro – por muito que isto choque os trotskistas –
é a de Estáline [93]:
«Assim, como se vê, ....
Trotski não foi eleito para o centro prático, chamado a dirigir a
insurreição. .... não há nada de estranho nisso, pois nem no partido, nem na
insurreição de Outubro, Trotski desempenhou algum papel especial, nem poderia fazê-lo, pois era um homem relativamente
novo no nosso partido no período de Outubro. Ele, como todos os trabalhadores
responsáveis, apenas cumpriu a vontade do Comité Central e dos seus órgãos.
...
«Naturalmente, isso não
significa que a insurreição de Outubro não tenha tido o seu inspirador. Ela
teve o seu inspirador e líder, mas este era Lénine, e nenhum outro senão
Lénine. ....
«Muito bem, dizem-nos, mas não
se pode negar que Trotski lutou bem no período de Outubro. Sim, isso é
verdade, Trotski realmente lutou bem em Outubro. Mas Trotski não foi o único
que lutou bem no período de Outubro. Até pessoas como os
socialistas-revolucionários de esquerda, que ficaram ao lado dos
bolcheviques, também lutaram bem. Em geral, devo dizer que, no período de uma
insurreição vitoriosa, quando o inimigo está isolado e a insurreição avança
não é difícil lutar bem. Nesses momentos, até as pessoas atrasadas se tornam
heróis.»
27 de Novembro de 1917-3 de Março de 1918
O Tratado de Brest-Litovsk
Após a vitória da Revolução de Outubro, a principal tarefa
do POSDR(b) e do governo soviético era consolidar os ganhos revolucionários e
tornar o Estado soviético um baluarte do socialismo. Uma tarefa urgente era
terminar a guerra, o que implicava concluir o mais breve possível um tratado
de paz com a Alemanha.
Já analisámos em artigos
anteriores o desempenho danoso de Trotski como Comissário do Povo dos
Negócios Estrangeiros e como chefe da delegação soviética nas conversações
com os alemães em Brest-Litovsk. Num momento crucial dessas negociações,
quando os alemães submeteram uma proposta de tratado a 10 de Fevereiro de 1918,
Trotski violou as instruções do CC e do governo soviético (CCP-Conselho dos
Comissários do Povo) de aceitar as condições alemãs apesar de duras, pois não havia condições objectivas senão ter de
aceitar essas condições e o mais cedo possível.
Trotski declarou aos alemães (em nome do CCP de que era
representante) que não assinava o tratado
de paz, terminava unilateralmente a guerra
e desmobilizava o exército! Este disparate ficou conhecido pela formulação sem
sentido de «nem paz nem guerra». [94] Há trotskistas que clamam contra esta
fórmula por alegadamente Trotski não a ter cunhado. Não têm razão: 1) A
declaração de Trotski é correctamente sintetizada por essa fórmula,
reconhecida por historiadores de diversas persuasões ideológicas [95]; 2) nas
reuniões do CC a posição de Trotski, já em Janeiro, era assim denomnada, e
Trotski sabia disso.
Assim, na reunião do CC de 21 de Janeiro, Lénine chamou à
fórmula de Trotski de «nem paz nem guerra» uma «demonstração política
internacional» (Trotski justificava-a como apelo aos trabalhadores europeus
para se revoltarem e ajudar a revolução russa, um disparate aventureiro) que
não podiam permitir: «Se os alemães avançarem, teremos que concluir a paz de
qualquer forma, mas os termos serão piores se não assinarmos agora». A fórmula
de Trotski de «nem paz nem guerra» também foi assim discutiva e votada na
reunião do CC de 22 de Janeiro.
Logo a seguir à sua declaração de 10 de Fevereiro, Trotski
abandonou Brest-Litovsk com o argumento igualmente disparatado de que «só
podemos ser salvos no verdadeiro significado da palavra por uma revolução
europeia» -- mais uma pérola da «revolução permanente». Em Petrogrado «houve
quase um banquete de amor de reconciliação com os Socialistas-Revolucionários
[SRs] de Direita, que não podiam deixar de aplaudir a estratégia de Trotski».
[96]
Nessa altura Trotski era já um aliado do grupo dos
«comunistas de esquerda» encabeçado por Bukarin que defendia uma utópica e
disparatada «guerra revolucionária» contra a Alemanha e outros. Uma aliança
que irá renovar-se nos anos 30, mas então com Bukarin já abertamente de
direita. Aliança que não surpreende porque Trotski sempre foi um menchevique
(e mesmo pior, como veremos mais tarde) dissimulado por fraseologia de
esquerda.
Há factos que mostram um lado sinistro de Trotski. Quando
Trotski declarou o «nem paz nem guerra» em Brest-Litovsk a 10 de Fevereiro, logo
exigiu por telégrafo ao comandante-chefe supremo N. V. Krilenko, sem que o soubessem Lénine e o CCP,
emitisse ordem de desmobilização em todas as frentes, fazendo crer que o
tratado de paz tinha sido assinado. [97] Tendo sabido disso, a 11 de
Fevereiro pela Ordem do Dia de Krilenko, Lénine enviou imediatamente a 12 de
Fevereiro um telegrama dizendo: «Notificar todos os comissários do exército e
Bonch-Bruyevich que todos os telegramas assinados por Trotski e Krylenko
sobre a desmobilização do exército devem ser suspensos. ... »
No final de Fevereiro de 1918, numa reunião do núcleo dirigente
dos «comunistas de esquerda» (Bukharin, Preobrajenski, Radek, Ossinski)
estes, em entendimento com os SR de Esquerda, planearam prender Lénine,
Estáline e Sverdlov, sem pôr de lado assassiná-los, e constituir um novo
governo que certamente poria fim à construção do socialismo. Trotski, em
contacto com Bukharin, estava a par disso. [98]
Bruce Lockhart, um agente especial dos Serviços Secretos
Britânicos, chegou à Rússia em 18 de Janeiro de 1918, para explorar o
movimento de oposição dentro do governo soviético. Como Lockhart revelou mais
tarde nas suas memórias, o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico
estava extremamente interessado nas «dissensões entre Lénine e Trotski». [99]
Inicialmente, Lockhart estava inclinado a acreditar que os interesses
britânicos impunham um acordo com Trotski. Trotski e seus aliados [os
«comunistas de esquerda»] estavam na altura a atacar Lénine com o argumento
de que a sua política de paz era uma «traição à Revolução». [99] Segundo
Lockhart, Trotski procurava formar um bloco de «guerra santa» dentro do
Partido Bolchevique, destinado a obter apoio e força dos Aliados para afastar
Lénine do poder. Lockhart estabeleceu contacto pessoal com Trotski assim que
este voltou de Brest-Litovsk. Trotsky concedeu-lhe uma entrevista de duas
horas. Nessa mesma noite, Lockhart registou no seu diário as suas impressões
pessoais de Trotski: «Parece-me um homem que morreria de bom grado a lutar
pela Rússia, desde que tivesse uma audiência suficientemente grande para o
ver fazer isso.» Lockhart e Trotsky logo se tornaram íntimos. Lockhart dirigia-se
a Trotski familiarmente como «Lev Davidovich» e sonhava, como disse mais
tarde, em «dar um grande golpe com Trotski». Mas Lockhart chegou
relutantemente à conclusão de que Trotski simplesmente não tinha o poder de
substituir Lénine. [99]
Por causa de Trotski e dos «comunistas de esquerda» a
jovem República Soviética (RSFSR) correu um perigo mortal. Lénine denunciou
com irritação o comportamento de Trotski em Brest-Litovsk e as propostas de e
Trotski -- «descontinuação da guerra, recusa em assinar a paz e
desmobilização do exército» -- como «loucura ou coisa pior».[99] Na verdade, se não fosse a acção esclarecedora
e persistente de Lénine, Estáline, Sergueiev (Artiom), Sverdlov, e outros,
podia ter sido o fim da RSFSR. O aventureirismo de Trotski teve consequências
pesadas. Os alemães ocuparam mais território e, quando por fim o tratado de
paz foi assinado a 3 de Março, impuseram condições mais duras e humilhantes
do que as oferecidas inicialmente. Trotski, segundo Lénine, fez o jogo dos
alemães e «de facto ajudou os
imperialistas alemães».[99]
Numa reunião do CC a 23 de Fevereiro, para discutir as
novas condições de paz alemãs que exigiam resposta em 48 horas, Trotski
declarou que, por estar em desacordo com Lénine, abandonava o cargo de
Comissário do Povo dos Negócios Estrangeiros. Em 14 de Março, reuniu-se em
Moscovo o Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia. Os delegados debateram,
durante dois dias e noites, a questão de ratificar o tratado de
Brest-Litovsk. A oposição de Trotski interveio em força contra Lénine e seus
associados; mas o próprio Trotski, como escreveu um agente secreto americano
(na altura em Petrogrado como chefe da Cruz Vermelha), estava «amuado em
Petrogrado e recusou-se a ir». O Congresso dos Sovietes aprovou o tratado. [99]
|
October-November 1917 -- Trotsky in the October
Revolution
After
the July demonstrations and the crushing of a subsequent
counter-revolutionary military putsch, the popular masses increasingly
understood the correctness of the Bolshevik theses. And that understanding grew
up quickly. Anyone who has gone through a revolution knows well how a few
days in time of revolution teach more than many years in "normal"
time.
Lenin
drew attention to this change in the correlation of forces and the need to
unleash the socialist revolution, since at least 25 September 1917 when he
wrote A Letter to the Central Committee
and the Petrograd and Moscow Committees of the RSDLP(B) entitled The Bolsheviks Must Assume Power. The
letter, with a clear explanation of the reasons fundamenting the thesis,
began: "The Bolsheviks, having obtained a majority in the Soviets of
Workers’ and Soldiers’ Deputies of both capitals, can and must take
state power into their own hands."
For
about a month Lenin wrote several letters and articles, and many meetings
were held which showed that the party and the popular masses were adhering to
the armed uprising and taking over the power. [88] In the Letter to the Central Committee, The
On
23 October a CC meeting was held in
At
the meeting of October 23 the other members of the CC opposed the capitulators:
in a decision of great historical importance, the resolution on the
insurrection was passed by 10 votes to 2. A Political Bureau for the
political direction of the insurrection (RPB) was formed chaired by Lenin and
which included Stalin, Bubnov, Trotsky, Sokolnikov, Zinoviev, and Kamenev. At
an enlarged CC meeting on 29 October (with representatives of the Petrograd
CEC-Central Executive Committee of the soviets, the CC's adjunct military
organization, the Petrograd Soviet, trade unions, factory committees, etc.)
the proposal for insurrection was approved by 20 votes in favour, 2 against
(Zinoviev and Kamenev) and 3 abstentions. As part of the Revolutionary
Military Committee of the Petrograd Soviet, a Revolutionary Military Centre (RMC)
was set up to direct the insurrection (in accordance with the CC directives) with
the following CC members: Stalin, Sverdlov, Bubnov, Dzherzhinsky and Uritsky.
A member of the RMC was also Pavel Lazimir, a Left SR. On the same day a CC
meeting elected a Party Centre, headed by Stalin, to direct the insurrection.
[91] The insurrection began on 6 November. On November 7 (October 25
according to the old calendar, hence the name October Revolution), with the
success of the insurrection, power was handed over to the Soviets at their
Second Congress.
Trotsky
was at the time chairman of the Petrograd Soviet and was under direct guidance
of the CC. As chairman of the Soviet he did and spoke what the RMC and the RPB
had decided. Trotsky was a member of the RPB but not of the RMC, the practical centre of the uprising. He
could not therefore play a major role in the revolution. Trotsky, despite his
abstentionist "centrism," eventually joined the revolution
willingly enough, but with an express reservation at the 23 October meeting
that already at that time drew him closer to Zinoviev and Kamenev: he
declared that if the revolution did not break out and was not successful in
Western Europe, revolutionary Russia would not be able to hold out against
conservative Europe, and that to doubt of this opinion was to give proof of
national narrow-mindedness; he persisted afterwards in this opinion.
Despite
these facts, Trotsky, already during the revolution and later in his books, strove
to have people believe that he had had a special central role in the
revolution and that he had been at least a co-leader of the revolution. His
self-advertizing talents helped him build this myth that his biographers and
other Trotskyists uphold without any foundation. John Reed, the famous author
of Ten Days that Shook the World
was at the time one of those who became convicted by Trotsky (in spite of
this Reed’s book is of interest). But Reed did not stand alone on that. A notable
case is that of Captain Jacques Sadoul of the French Military Mission in
Petrograd, who in his book Notes sur la
Révolution Bolshevique considers Lenin as a mere assistant of Trotsky! [92]
In
truth, taking hard facts into account and Trotsky's distortion of them, a
sober and even benign appraisal of Trotsky's role in the October Revolution --
however shocking this may look to Trotskyists -- is that of Stalin [93]:
“Thus, as you see, …. Trotsky, was
not elected to the practical centre, which was called upon to direct the
uprising. …. there is nothing strange about it, for neither in the Party, nor
in the October uprising, did Trotsky play any special role, nor could he do so, for he was a relatively new man
in our Party in the period of October. He, like all the responsible workers,
merely carried out the will of the Central Committee and of its organs. ....
“This, of course, does not mean
that the October uprising did not have its inspirer. It did have its inspirer
and leader, but this was Lenin, and none other than Lenin, ....
“Granted, we are told, but it
cannot be denied that Trotsky fought well in the period of October. Yes, that is true, Trotsky did, indeed, fight well in
October; but Trotsky was not the only one who fought well in the period of
October. Even people like the Left Socialist-Revolutionaries, who then stood
side by side with the Bolsheviks, also fought well. In general, I must say
that in the period of a victorious uprising, when the enemy is isolated and
the uprising is growing, it is not difficult to fight well. At such moments
even backward people become heroes.”
November 27, 1917-3 March 1918
The Brest-Litovsk Treaty
After
the victory of the October Revolution, the main task of RSDLP(B) and the
Soviet government was to consolidate the revolutionary gains and make the
Soviet state a bulwark of socialism. An urgent task was to end the war, which
meant concluding a peace treaty with
We
have already analyzed in previous
articles Trotsky's wrecking performance as People’s Commissar of Foreign
Affairs and as head of the Soviet delegation in the negotiations with the
Germans in Brest-Litovsk. At a crucial juncture of these negotiations, when
the Germans submitted a treaty proposal on 10 February 1918, Trotsky violated
the instructions from the CC and the Soviet government (CPC-Council of
People's Commissars) to accept the German conditions, although harsh, since there were no objective conditions but to
have to accept those conditions, and as soon as possible.
Trotsky
declared the Germans (on behalf of the CPC, which he represented) that he
would not sign the peace treaty, he was unilaterally getting out of the war
and demobilizing the army! This nonsense became known by the senseless
formulation of "neither peace nor war" [94]. There are Trotskyists
who claim against this formula for allegedly not having been coined by Trotsky.
They are wrong: (1) Trotsky's statement is correctly synthesized by this
formula, recognized by historians of various ideological persuasions [95]; 2)
at the CC meetings and as early as January Trotsky's position was designated
in that way, and Trotsky knew this.
Thus,
at the CC meeting on January 21, Lenin called Trotsky's formula "neither
peace nor war" an "international political demonstration" (Trotsky
justified it as an appeal to European workers to revolt and help the Russian
revolution, an adventurous nonsense) that they could not afford: "If the
Germans advance, we will have to conclude the peace anyway, but the terms
will be worse if we do not sign now." Trotsky's formula of "neither
peace nor war" was also discussed and voted as such at the CC meeting on
22 January.
Immediately
after his declaration of February 10, Trotsky abandoned Brest-Litovsk with
the equally foolish argument that "we can only be saved in the true
meaning of the word by a European revolution" -- yet another gem of his
"permanent revolution". “There was [in
At
the time Trotsky was already an ally of the the group of "left
communists" headed by Bukharin who advocated a utopian and nonsensical
"revolutionary war" against
There
are facts that show a sinister side of Trotsky. When Trotsky declared his “neither
peace nor war” in Brest-Litovsk on February 10, he immediately telegraphed the
Supreme Commander N. V. Krilenko, demanding him, without Lenin and the CPC knowing it, to issue the
demobilization order on all fronts,. [97]. Having known that on February 11
from Krilenko’s Order of the Day, Lenin immediately sent on February 12 a
telegram stating: “Notify all army commissars and Bonch-Bruyevich that all
telegrams signed by Trotsky and Krylenko on demobilisation of the army are to
be held up. …”
By
the end of February 1918, at a meeting of the leading center of the “left
communists” (Bukharin, Preobrazhensky, Radek, Ossinsky) they, in an
understanding with the Left SRs, planned to arrest Lenin, Stalin and
Sverdlov, without discarding killing them, and form a new government that
would surely put an end to the construction of socialism. Trotsky, in contact
with Bukharin, was aware of this. [98]
Bruce Lockhart, a
special agent of the British Intelligence Service, went to
Because
of Trotsky and the «left communists» the young Soviet Republic (RSFSR) ran a
mortal danger. Lenin angrily denounced Trotsky’s behaviour at Brest-Litovsk
and Trotsky’s proposals -- ”discontinuance of the war, refusal to sign peace,
and the demobilization of the army” -- as “lunacy or worse.” [99] Indeed,
had it not been for the persistent enlightening action of Lenin, Stalin,
Sergeyev (Artiom), Sverdlov, and others, it could have been the end of the
RSFSR. Trotsky's adventurism had heavy consequences for the RSFSR. The
Germans occupied more territory, and when the peace treaty was finally signed
on March 3, they imposed tougher and more humiliating conditions than those initially
offered. Trotsky, according to Lenin, played into the German hands and
“actually helped the German imperialists.” [99]
At
a CC meeting on 23 February to discuss the new German peace conditions that
required a 48-hour response, Trotsky said that because of his disagreement with
Lenin, he was leaving the post of People's Commissar for Foreign Affairs. On
14 March, the All-Russian Congress of Soviets met in
|
Abril de 1918 a Novembro de 1920 --
Trotski na guerra civil
A 13 de Março de 1918, Trotski foi nomeado pelo CEC de
Toda a Rússia, por proposta do CC do PCR(b) [100], Comissário do Povo para a
Guerra, cargo que manteve até 15 de Janeiro de 1925.
A guerra civil e intervencionista na Rússia, com a
intervenção de 14 países comandados pelos imperialistas franceses, ingleses,
americanos e japoneses, já foi analisada em artigos
anteriores. Vamos aqui enumerar apenas alguns aspectos do desempenho de
Trotski e Estáline. Temos de referir-nos a Estáline tanto mais porque
Trotski, no livro que escreveu sobre ele, afirmou: «Durante toda a duração da
Guerra Civil, Estáline permaneceu uma figura de terceira ordem». [101] Vamos
ver (como já descrito nos artigos
anteriores) que esta é mais uma flagrante distorção trotskista dos
factos, com vista ao auto-elogio.
-- Trotski teve um papel importante na organização do Exército
Vermelho, mas, ao contrário da lenda
construída por Trotski e seus seguidores, está longe de ter sido o único e
não agiu sozinho mas debaixo das directivas
do CC, CCP e Comité de Defesa. Estáline também teve um papel
organizativo importante, quanto a nós mais importante que Trotski, tendo em
conta: o seu trabalho organizativo inovador – p. ex., organização de corpos
de cavalaria -- que co-desenvolveu em condições difíceis em Tsaritsine -- «Lénine
considerou “as medidas decididas por Estaline” como um modelo», segundo um
autor frequentemente hostil a Estáline [102]; na reorganização do exército formado
por Trotski e seus amigos (Vatzetis, etc.) que estava num caos depois da
derrota em Perm no Verão de 1919; na defesa de Petrogrado contra Yudenitch na
coordenação de forças de exército e navais; na derrota de Wrangel; etc., etc. Também vários chefes militares
bolcheviques tiveram contribuições notáveis na organização do Exército
Vermelho, como por exemplo Frunze, Vorochilov e Budioni. E o próprio Lénine
teve contribuição fundamental ao analisar que tipo de exército era necessário
e como aproveitar a ciência militar burguesa. Mas quem ouve Trotski (e seus
porta-vozes) parece que foi ele que fez tudo e os outros não fizeram nada.
-- Em vez de formar quadros militares de origem
proletária, como fez Estáline, Trotski recorreu esmagadoramente a ex-oficiais
czaristas que integrou no Exército Vermelho. Aliou-se a vários deles, dos
quais se tornou amigo e, apesar das frequentes advertências do PCR(b),
colocou-os em postos militares importantes. Um deles foi M. Tukatchesvski que
teve má conduta na campanha da Polónia em 1920 e veio mais tarde a trair a revolução.
-- O historiador trotskista E. Wollenberg, que serviu no
exército durante a guerra civil, afirma com razão que «Muitos oficiais
czaristas, incluindo alguns que se voluntariaram para o serviço do Exército
Vermelho, foram culpados de traição». Em artigos
anteriores vimos vários exemplos disso. Certo, também houve muitos ex-oficiais
czaristas que serviram lealmente o Exército Vermelho. Mas o problema é que
Trotski desprezava os avisos dos que tinham suspeitas fundadas sobre os seus
amigos ex-oficiais czaristas, assim como também desprezava os conselhos de
comissários políticos do exército.
-- Mesmo quando as provas de traição de protegidos seus
eram evidentes, Trotski desprezava-as! Em artigos
anteriores indicámos alguns exemplos. Estes aspectos eram bastante
graves, nomeadamente porque durante muito tempo o «bonapartismo» de Trotski
levou-o a encher o Conselho Militar Revolucionário (CMR) com amigos seus.
Assim, o CMR que deveria ter funções vigilantes limitava-se a obedecer a
Trotski. Num dos exemplos que apontámos em artigos
anteriores Estáline teve de se dirigir directamente a Lénine, como chefe
do governo, para resolver uma situação deste tipo.
-- O VIII Congresso do PCR(b), em Março de 1919, debateu a
política militar. Foram reveladas violações das decisões do CC sobre
ex-oficiais czaristas e quanto à necessidade de centralização e disciplina.
Trotski foi criticado por subestimar o papel dos quadros partidários (comissários
políticos) no exército e de os subordinar aos ex-oficiais czaristas, violando
o princípio bolchevique de selecção de classes nas mobilizações para o
exército.
-- Ao contrário de Trotski, Estaline estava sempre
vigilante em defesa da revolução e salvou a RSFSR em momentos críticos. Foi,
p. ex., a liderança de Estaline que conseguiu logo no final de Junho de 1918 liquidar
um complot contra-revolucionário liderado por um engenheiro de nome Alexeiev que
planeava entregar Tsaritsine aos brancos.
-- Trotski, depois das medidas iniciais organizativas do
Exército Vermelho, limitou-se depois a viajar no seu comboio blindado por
perto de algumas frentes, acompanhado de uma guarda pessoal comandada por
Blumkin, o terrorista SR que assassinou o embaixador alemão Mirbach. O
comboio dispunha de um serviço de imprensa que emitia boletins de incitamento
ou de apreço às tropas, apreciações políticas, ordens gerais, e telegramas a
chefes militares, conforme se pode ler na obra do próprio Trotski. O orador e
publicista Trotski nunca esteve numa frente de combate, ao lado dos que
combatem.
-- Estaline, pelo contrário, esteve constantemente nas
frentes de combate, no calor das batalhas, lado a lado com oficiais,
sub-oficiais e soldados. Assim aconteceu várias vezes em Tsaritsine, na
Frente Leste, em Petrogrado, na Frente Sul, etc.
-- Não se conhece nenhuma contribuição pessoal e directa de Trotski para
qualquer vitória militar. As suas ordens e telegramas tratam de generalidades
políticas. Os assuntos propriamente militares eram entregues por Trotski aos
seus «peritos militares», os ex-oficiais czaristas. Mesmo os historiadores
trotskistas E. Wollenberg e Isaac Deutscher não oferecem evidência
que contrarie esta constatação.
-- De facto, Trotski não tinha quaisquer conhecimentos
militares e a sua natureza aventureira levava-o a congeminar planos
irrealistas. Dois exemplos: 1) No verão de 1919, depois de algumas vitórias
do Exército Vermelho no Leste, Trotski afirmou que Koltchak já não era uma
ameaça e propôs transferir forças do Exército Vermelho para a campanha contra
Denikin no sul. Estaline apontou que isso daria a Koltchak um período de
tréguas de que necessitava para reorganizar e reequipar o seu Exército e
lançar nova ofensiva. O plano de Trotski foi rejeitado pelo CC. O amuado Trotski
pediu a demissão. O Conselho de Defesa e o CCP declinou o pedido de Trotski
mas este nunca mais participou na campanha do Leste. 2) No Outono de
1919, Trotski elaborou um plano para uma campanha contra Denikin que exigia a
travessia das estepes do Don, numa região sem estradas, fervilhando de bandos
de cossacos contra-revolucionários que conheciam o seu território como
ninguém. Um plano sem sentido. Estaline foi expressamente enviado para a
frente Sul por determinação do CC do PCR(b) de 26 de Setembro. Enviou a 15 de
Outubro uma carta a Lénine rejeitando justificadamente o plano de Trotski e
expondo os traços principais de um plano que concebeu de contra-ofensiva do
Exército Vermelho, avançando ao longo do rio Donets onde existia uma densa
rede ferroviária, abastecimentos de carvão e solidariedade dos trabalhadores.
O plano de Estáline foi aceite pelo CC. Trotski foi retirado da Frente Sul e
ordenado a não interferir nas operações da Frente Sul. O plano militar de
Estáline foi coroado de um êxito retumbante.
-- Trotski, nas sua ambição, não recuava perante torpedear
os planos de outros, em particular de Estaline, mesmo que isso pusesse em
perigo o país. A tomada de Perm por Koltchak no final de 1918, soou
campainhas de alarme. O CC do PCR(b) e o Conselho de Defesa, sob proposta de
Lénine, nomearam a 1 de Janeiro de 1919 uma comissão composta por Estaline e
Djerjinski para investigar as razões do desastre de Perm. Estaline e
Djerjinski chegaram, inspeccionaram e enviaram um relatório em que apontavam,
entre outras coisas, que as unidades enviadas pelo Comandante Vatzetis
(escolhido e apoiado por Trotski) não eram de confiança, «em parte, mesmo
hostis». Pediram o envio urgente de pelo menos três regimentos de confiança.
Vatzetis recusou e só perante a insistência de Lénine e apesar da hostilidade
de Trotski que pediu para chamar de volta Estaline (!), os reforços foram enviados,
contribuindo para virar uma derrota numa vitória.
-- Mesmo tendo em conta a natureza brutal de qualquer
guerra, os métodos de Trotski eram desnecessariamente brutais. Por
exemplo, em 1918 quis fuzilar todos os comissários políticos de uma divisão
de onde alguns oficiais tinham desertado para os brancos, o que levou dois
membros do CMR do 3.º Exército a protestar ao CC do PCR(b) contra a «atitude
extremamente irreflectida de Trotski relativamente a coisas como
fuzilamentos». A ordem de Trotski não foi cumprida por recusa dos oficiais
que protestaram. Autores de várias persuasões dão outros exemplos sobre a
brutalidade «irreflectida» de Trotski. Não encontrámos em toda a bibliografia
que consultámos, inclusive de autores anti-Estaline, a menção de eventos da
guerra civil retratando comportamento «irreflectidamente» brutal de Estaline.
-- Estáline teve um papel destacado na derrota de
Yudenitch na frente de Petrogrado em Junho de 1919. Numa segunda ofensiva de
Yudenitch contra Petrogrado em Outubro de 1919, estando Estáline no Sul a
combater Denikin, Trotski teve um papel importante na defesa de Petrogrado,
nomeadamente na mobilização dos trabalhadores. Contudo, não deixou de
manifestar a sua natureza aventureira quando, contra a principal directiva do
Conselho de Defesa, defendeu que «por considerações puramente militares»
seria vantajoso permitir que o inimigo penetrasse em Petrogrado, que se
coverterria em «uma grande armadilha para a guarda branca”. Pela vitória
contra Yudenitch, Estaline e Trotski foram ambos condecorados com a ordem da
Bandeira Vermelha.
Depois de tudo isto, onde está a justificação de Trotski para
se auto-enaltecer e rebaixar Estáline a uma «figura de terceira ordem»?
|
April 1918 to November 1920 - Trotsky in the Civil
War
On
March 13, 1918, Trotsky was appointed by the All-Russia CEC on the proposal
of the RCP(B) [100] CC, People's Commissar for War, a post he held until
January 15, 1925.
The
civil and interventionist war in
--
Trotsky played an important role in the organization of the Red Army, but,
unlike the legend built by Trotsky himself and his followers, he is far from having
been the only one and he didn’t act alone but rather under the directives of
the CC, CPC, and Committee of Defence. Stalin also played an important
organizational role, in our opinion more important than Trotsky, taking into
account: his innovative organizational work – e. g,, organization of cavalry
corps -- which Stalin co-developed under difficult conditions in Tsaritsyn --
"Lenin regarded “the measures decided on by Stalin’ as a model",
according to an author often hostile to Stalin [102]; the re-organization of
the army that had been formed by Trotsky and his friends (Vatzetis, etc.) which
was in a chaos after the defeat in Perm in the summer of 1919; in the defence
of Petrograd against Yudenitch with the co-ordination of army and navy
forces; in the defeat of Wrangel; etc., etc. Several Bolshevik military
leaders also made notable contributions to the organization of the Red Army,
such as
--
Instead of forming military cadres of proletarian origin, as Stalin did, Trotsky
overwhelmingly turned to former Tsarist officers which he integrated in the
Red Army. He teamed up with several of them, of whom he became friends, and
despite frequent warnings from the RCP(B), he placed them in important
military posts. One of them was M. Tukhachesvsky who performed badly in the
Polish campaign in 1920 and later betrayed the revolution.
--
The Trotskyist historian E. Wollenberg, who served in the army during the
civil war, rightly states that "Many Tsarist officers, including some who
volunteered for service with the Red Army, were guilty of treachery." In
previous
articles we saw several examples of this. True, there were also many former
tsarist officers who loyally served the Red Army. But the problem is that
Trotsky payed no attention to the warnings of those who had well-founded suspicions
on former tsarist officers, friends of Trotsky, as he also disregarded the
advice of the political commissars of the Red Army.
--
Even when the evidence of betrayal of his protégés was evident, Trotsky
despised it! In previous
articles we have pointed out some examples. These were quite serious
aspects, not least because for a long time Trotsky's "Bonapartism"
led him to fill the Revolutionary Military Council (RMC) with his friends.
Thus, the RMC to which was incumbent to have vigilant functions became
confined to obeying Trotsky. In one of the examples we have pointed out in previous
articles, Stalin had to go straight to Lenin, as head of government, to
resolve such a situation.
--
The Eighth Congress of the RCP(B), in March 1919, discussed the military
policy. Violations of CC decisions concerning former tsarist officials and
regarding the need for centralization and discipline were revealed. Trotsky
was criticized for underestimating the role of party cadres (political
commissars) in the army and subordinating them to former tsarist officers,
violating the Bolshevik principle of class selection in mobilizations to the army.
--
Unlike Trotsky, Stalin was always vigilant in defence of the revolution and
saved the RSFSR at critical moments. To give an example, it was Stalin's
leadership, who at the very end of June 1918 succeeded in liquidating a
counterrevolutionary plot led by an engineer by the name of Alexeyev, which intended
to hand over Tsaritsyn to the Whites.
--
Trotsky, after the initial organizational measures of the Red Army, limited
himself to travel in his armoured train near some fronts, accompanied by a
personal guard headed by Blumkin, the terrorist SR who murdered the German
ambassador Mirbach. The train had a press service and issued bulletins of
incitement or appraisal to the troops, political assessments, general orders,
and telegrams to military leaders, as can be read in Trotsky's own writings. The
orator and publicist Trotsky has never been on a combat front siding with
those who were battling.
--
Stalin, on the contrary, was constantly on the fronts of combat, in the heat
of battles, side by side with officers, non-commissioned officers and
soldiers. This has happened several times in Tsaritsyn, in the East Front, in
--
No personal and direct contribution
from Trotsky to any military victory is known. His orders and telegrams deal
with political generalities. The properly military affairs were handed over
by Trotsky to his "military experts," the former tsarist officers.
Even Trotskyist historians
--
In fact, Trotsky had no knowledge of military affairs and his adventurous
nature led him to devise unrealistic plans. Two examples: 1) In the summer of
1919, after some Red Army victories in the East, Trotsky claimed that Kolchak
was no longer a threat and proposed to transfer Red Army forces to the
campaign against Denikin in the south. Stalin pointed out that this would
give Kolchak a period of truce he needed to reorganize and re-equip his army
and launch a new offensive. Trotsky's plan was rejected by the CC. The
sulking Trotsky submitted his resignation. The Defence Council and the CPC
declined Trotsky's request, but Trotsky never again participated in the
Eastern campaign. 2) In the autumn of 1919, Trotsky devised a plan for a
campaign against Denikin that required the crossing over the steppes of the Don
in a region without roads, teeming with bands of counterrevolutionary
Cossacks who knew their territory like no one else. A senseless plan. Stalin
was expressly sent to the South by determination of the RCP(B) CC on 26
September. He sent a letter to Lenin on 15 October, justifiably rejecting
Trotsky's plan, and outlining the main features of a plan he conceived for a Red
Army counteroffensive, to be launched along the
--
Trotsky, to satisfy his ambition, would not back off from torpedoing plans of
others, particularly of Stalin, even if it endangered the country. The takeover
of
--
Even taking into account the brutal nature of any war, Trotsky's methods were
unnecessarily brutal. For instance, in 1918 he wanted to shoot all the
political commissars of a division from which some officers had deserted to
the Whites; this prompted two members of the RMC of the 3rd Army to protest
to the RCP(B) CC against the “extremely ill-considered attitude of Trotsky relatively
to things like shootings.” Trotsky's order was not fulfilled thanks to the
refusal of protesting officers. Authors of various persuasions give other
examples of Trotsky's "ill-considered" brutality. We have not found
throughout the bibliography we consulted, including from anti-Stalin authos,
the mention of civil war events which could be construed as showing "ill-considered"
brutal behaviour of Stalin.
--
Stalin played a prominent role in Yudenich's defeat in front of
After
all this, where lies Trotsky's justification for his self-aggrandizing and the
demeaning of Stalin to a "third-rate figure"?
|
Notas V | Notes V
[72] Em 1 de Setembro de 1914, após o início 1.ªGM, o
governo czarista renomeou a cidade Petrogrado, significando «cidade de Pedro»,
para eliminar as palavras alemãs «Sankt» e «Burg» (São Petersburgo).
On
1 September 1914, after the outbreak of WWI, the Tsarist government renamed the
city Petrograd meaning "Peter's city", in order to expunge the German
words “Sankt” and “Burg” (St.
Petersburg ).
[73] 8 de Março, segundo o calendário actual, correspondia a
23 de Fevereiro segundo o calendário Juliano usado então na Rússia, atrasado de
13 dias. Usamos sempre o
calendário actual. | March 8, according to the current
calendar, corresponded to February 23 according to the Julian calendar then in use
in Russia ,
lagging behind 13 days. We always use
the current calendar.
[74] O POSDR passou a ser denominado POSDR(b) (“b” de
bolchevique) na Conferência de Praga de Janeiro de 1912 de que falámos na parte
III. | The RSDLP was renamed RSDLP(B) (“B” from Bolshevik) at the Prague
Conference of January 1912, which we discussed in part III.
[75]
Lénine, Sobre as Tarefas do Proletariado
na Presente Revolução, publicado no Pravda
a 20 de Abril 1917 | Lenin, The Tasks of the Proletariat in the Present Revolution, published by
Pravda in April 20, 1917.
[76] Conhecida também pela
designação em russo: Mejraionka | Also known by the Russian designation: Mezhraionka.
[77] Lénine na Conferência dos Mejraiontsi, 23 de Maio de
1917 (excertos):
«A fusão é desejável sem demora.
Será proposto ao CC do POSDR incluir imediatamente um
representante do Mejraioni na redacção de cada um dos dois jornais (o actual Pravda, que será transformado num jornal
popular de toda a Rúss[ia], e o OC, que será organizado no futuro imediato).
Será sugerido que o CC crie um comité organizador especial
para convocar um congresso do Partido (num mês e meio). A conf[erência]
inter-regional terá o direito de incluir dois delegados nessa comissão. Se os m[enche]viks,
apoiantes de Martov, romperem com os "defensistas", a inclusão de
delegados seus nessa comissão é desejável e necessária.
A liberdade de discussão de questões pendentes é garantida
pela publicação de folhetos de discussão no [Pravda] Priboi e pela
livre discussão na revista Prosvescheniye
(Kommunist), que está a ser revitalizada.»
Lenin
at the Mezhrayontsi Conference, May 23 1917 (Excerpts)
“Amalgamation
is desirable without delay.
It
will be proposed to the CC of the RSDLP to include forthwith a Mezhrayontsi
representative on the board of each of the two newspapers (the present Pravda, which is to be turned into an
all-Russ[ia] popular newspaper, and the CO, which is to be organised in the
immediate future).
It
will be suggested that the CC set up a special organising committee to convene
a Party congress (in one and a half months). The inter-regional con[ference]
will get the right to have two delegates included in that committee. If the
M[enshe]viks, supporters of Martov, break with the “defencists”, the inclusion
of their delegates in that committee is both desirable and necessary.
Freedom
of discussion of outstanding issues is ensured by the publication of discussion
leaflets in [Pravda] Priboi and by the free discussion in the
journal Prosveshcheniye (Kommunist), which is being revived.”
Against Trotskyism, A Collection of
Documents,
Institute of Marxism-Leninism of the Central Committee of the CPSU, Progress
Publishers, Moscow ,
1972.
[78] Notas manuscritas de Lénine:
«Trotski: (que tomou a palavra imediatamente depois de
mim...)
Concordo com a resolução como um todo -- mas só na medida em
que o b[olchev]ismo russo se tornou internacional.
Os bolcheviques foram desbolchevicados -- e eu não me posso
chamar b[olch]e[vi]k.
A resolução pode (e deve) ser usada como base para a
qualificação.
Mas não nos podem pedir que reconheçamos o b[olchev]ismo.
O Bureau— (CC +....) é aceitável.
Participação no jornal - esta proposta é "menos
convincente".
“Desse ângulo, não pode ser.” Acordo de escritores
individuais
"De um ângulo diferente, do ângulo de montar o seu
próprio jornal". . . .
A cooperação (de ambos os lados) é muito desejável. . . .
(Órgãos do discus[são] não são essenciais). . . .
O antigo nome da fracção é indesejável. . . .»
Lenin’s
handwritten notes:
“Trotsky:
(who took the floor out of turn immediately after me. . . . )
I
agree with the resolution as a whole—but only insofar as Russian B[olshev]ism
has become international.
The
Bolsheviks have been debolshevised—and I cannot call myself a B[olsh]e[vi]k.
Their
resolution can (and must) be used as the basis for the qualification.
But
we cannot be asked to recognise B[olshev]ism.
The
Bureau—(CC + . . . .) is acceptable.
Participation
in the newspaper—this proposal is “less convincing”.
“From
that angle it will not stand.” Agreement of individual writers
“from
a different angle, from the angle of setting up your own newspaper”. . . .
Co-operation
(from both sides) is very desirable. . . .
(Discus[sion]
organs are unessential). . . .
The
old factional name is undesirable. . . .”
Against Trotskyism, op. cit.
[79] Indignados com o facto do governo provisório ter
lançado uma ofensiva obviamente desesperada para fazer a vontade à Entente,
resultando numa esperada derrota com numerosas vítimas, soldados, marinheiros e
trabalhadores manifestaram-se em massa em Petrogrado a 16 de Julho. O movimento
começou no distrito de Viborg, com o 1.º regimento de artilheiros. A
manifestação ameaçou transformar-se numa acção armada contra o governo
provisório. O POSDR(b) era naquela altura contra a acção armada, pois
considerava que a situação revolucionária não havia amadurecido. O CC na
reunião de 16 de Julho decidiu não realizar a manifestação. Mas no final da
noite de 16 de Julho, levando em conta o estado de espírito das massas, o CC
aprovou a resolução de participar na manifestação para lhe dar um carácter
pacífico e organizado. Naquela altura, Lénine não estava em Petrogrado; estava doente
em resultado do trabalho excessivo. Informado dos eventos, regressou a
Petrogrado na manhã de 17 de Julho e assumiu a direcção dos evento. Na tarde de
17 de Julho mais de 500.000 pessoas participaram na manifestação com palavras
de ordem bolcheviques, exigindo que o Comitè Executivo Central (CEC) dos sovietes
tomasse o poder. Os líderes SR’s e mencheviques do CEC recusaram-se. O governo
provisório, com o acordo do CEC lançou destacamentos militares e cossacos que abriram
fogo contra a manifestação pacífica e chamaram tropas contra-revolucionárias da
frente. O CC decidiu na noite de 17 para 18 de Julho suspender as manifestações
de forma organizada, permitindo salvar da derrota as forças fundamentais da
revolução. O poder passou completamente para o governo provisório e os sovietes
tornaram-se apêndices do governo. Terminava o período da dualidade de poders e
da fase pacífica da revolução. Os bolcheviques foram confrontados com a tarefa
de preparar a insurreição armada para derrubar o governo provisório.
Outraged
with the provisional government for having launched an obviously desperate
offensive serving the interests of the Entente, an offensive which ended in a foreseeable
defeat with huge casualties, soldiers, sailors and workers demonstrated massively
in Petrograd on July 16. The movement began in
the Vyborg
district with the 1st artillery regiment. The demonstration
threatened to turn into armed action against the provisional government. The RSDLP(B)
was at that time against armed action, since it considered that the
revolutionary situation had not matured. The CC at its meeting on July 16
decided not to hold the demonstration. But late in the evening of 16 July,
taking into account the mood of the masses, the CC approved a resolution of
participation in the demonstration lending it a peaceful and organized
character. Lenin wasn’t in Petrograd at the
time; he was sick as a result of overwork. Informed of the events, he arrived
to Petrograd on the morning of July 17 and
took over the direction of the events. On the afternoon of July 17, more than
500,000 people took part in the demonstration with Bolshevik slogans demanding
the Soviets' Central Executive Committee (CEC) to take power. The SR and
Menshevik leaders of the CEC refused. The provisional government, with the
agreement of the CEC, launched military detachments and Cossacks to open fire
on the peaceful demonstration and called counterrevolutionary troops from the
front. The CC decided on the night of July 17-18 to suspend the demonstrations
in an organized manner, saving the fundamental forces of the revolution from defeat.
Power passed completely to the provisional government. The soviets became
appendices of the government. The period of dual powers and peaceful unfolding
of the revolution ended. The Bolsheviks were faced with the task of preparing an
armed uprising to overthrow the provisional government.
[80] Ian D. Thatcher, The
St Petersburg/ Petrograd Mezhraionka, 1913-1917: The Rise and Fall of a Russian
Social Democratic Workers’ Party Unity Faction, Slavonic and East European
Review, Vol. 87, No. 2, April 2009.
Neste artigo, baseado em várias fontes, particularmente de
membros do OID, o autor revela o seguinte: o OID tinha uma organização frouxa
(não havia mecanismo de coordenação adequado das células, o comitê
inter-distrital mal funcionou, não há registo das suas reuniões, agendas e actas);
segundo o seu líder, Iurenev, 60% dos membros do comitê executivo eram
bolcheviques «zangados» com o bolchevismo de 1912-13; os outros membros
ordinários eram predominantemente trabalhadores mencheviques; a influência
política do OID era reduzida e não figura na correspondência de Lénine. O autor
cita o relato da breve zanga de um trabalhador: «Fugi para o Mezhraionka depois
de um dos brutais ataques de Lénine à social-democracia ... queria conquistar
os trabalhadores mais conscientes e organizar paralelamente aos bolcheviques um
Comitê Inter-Distrital ... Depois de uma longa separação, esbarrei novamente com
Sverdlov (secretário bolchevique). Em resposta à sua pergunta: "Você, com
certeza, está no nosso grupo?", expliquei o que tinha acontecido comigo. “Você
está a brincar? Que raio de Mezhraionets é você? Você é obviamente um
bolchevique”, respondeu ele. O meu rosto ficou vermelho de vergonha e quis
juntar-me aos bolcheviques logo ali. O problema resolveu-se. Cerca de uma
semana depois, o Mezhraionka, em quae passei mês e meio, fundiu-se com os
bolcheviques.
In
this article, based on various sources, particularly from IDO members, the
author reveals the following: The IDO had a loose organization (there was no
proper cell coordination mechanism, the inter-district committee barely worked,
no records of its meetings, agendas and minutes); according to its leader
Yurenev, 60% of the members of the executive committee were Bolsheviks "angry"
with the 1912-13 Bolshevism; the other ordinary members were predominantly
Menshevik workers; the political influence of the IDO was small and does not
figure in Lenin's correspondence. The author quotes an account of the brief
anger of a worker: “I fled to the Mezhraionka after one of Lenin's brutal assaults
on social democracy… I wanted to win over the most conscientious workers and
organized parallel to the Bolsheviks an Inter-District Committee. … After a
long separation, I again bumped into Sverdlov (Bolshevik Secretary). In answer
to his question, "You, for sure, are in our party?" I explained what
had happened to me. “Are you playing a fool? What dort of Mezhraionets are you?
You are obviously a Bolshevik,” he replied. My whole face blushed with shame
and I wanted to join the Bolsheviks there and then. But the issue resolved
itself. About one week later the Mezhraionka, in which I had spent one-and-a-half
months, merged with the Bolsheviks.
[81] No VI Congresso, Sverdlov informou sobre o trabalho de
organização. Assinalou que nos três meses decorridos desde o VII Conferência o número
de membros do partido tinha triplicado -- de 80.000 para 240.000 – e o das organizações
partidárias crescido de 78 para 162.
At
the Sixth Congress, Sverdlov reported on the organizational work. He noted that
in the three months since the Seventh Conference, party membership had tripled --
from 80,000 to 240,000 -- and party organizations from 78 to 162.
[82] Nas eleições para as dumas (órgãos de poder local) do distrito
de Petrogrado, realizadas entre final de Maio e princípio de Junho de 1917, as listas
bolcheviques tiveram 20% dos votos. Nas eleições para a Duma urbana de Petrogrado,
realizadas em 2 de Setembro, os bolcheviques tiveram 33 % dos votos.
Vários delegados ao VI Congresso referiram a grande
actividade realizada nas localidades pelas organizações bolcheviques e como crescia
sem cessar a sua influência entre as amplas massas trabalhadoras.
O esmagamento da rebelião de Kornilov em 7 de Setembro foi conseguido graças à enorme contribuição
dos bolcheviques. Trotski, ainda na prisão, não podia deixar de conhecer isso.
Entretento, o campesinato farto das promessas ocas de SRs e
mencheviques e das consequências da guerre, começava a levantar-se. As
promessas (depois cumpridas) dos bolcheviques de terminar a guerra e entregar a
terra aos camponeses pobres tinha influência. A revolta camponesa na província
de Tambov em Setembro de 1917 adquiriu grandes proporções. Os camponeses
ocuparam a terra dos latifundiãrios, destruíram e queimaram as casas e apropriaram-se
dos cereais dos latifundiãrios.
In
the elections for the Dumas (local administration organs) of the district of
Petrograd, held between late May and early June 1917, the Bolshevik lists got
20% of the votes. In the elections for the Petrograd Urban Duma on September 2,
the Bolsheviks got 33% of the votes.
Several
delegates to the Sixth Congress informed about the great activity carried out
in the localities by the Bolshevik organizations and how their influence
continued to grow among the broad working masses.
The
crushing of Kornilov’s insurrection on 7 September was achieved thanks to the
huge contribution of the Bolsheviks. Trotsky, still in prison, could not help
but know that.
In
the meantime, the peasantry, having enough of the empty promises of SRs and
Mensheviks and of the consequences of the war began to rise. The (later fulfilled)
promises of the Bolsheviks to end the war and hand over the land to the poor
peasantry had its influence. The peasant revolt in the Tambov Province
in September 1917 took on major proportions. The peasants took over the land of
the large landowners, destroyed and burned their houses, and appropriated the
grain of the large landowners.
[83] Em 13 de Setembro de 1917, o soviete de Petrogrado
aprovou pela primeira vez em sessão plenária e por 279 votos contra 115 e 50
abstenções, uma resolução proposta pelo grupo bolchevique, de rejeitar a
política de conciliação com a burguesia. A resolução pedia que todo o poder
passasse para os sovietes e estabelecesse o programa das transformações
revolucionárias do país. Em 18 de Setembro uma resolução análoga, também
proposta pelos bolcheviques, foi aprovada pelo soviete de Moscovo por maioria
de 355 votos.
A composição dos delegados do II Congresso de toda a Rússia
dos sovietes de deputados operários e soldados, realizado em Petrogrado em 7 e
8 de Novembro de 1917, demonstra também o enorme crescimento do apoio popular
aos bolcheviques: 390 bolcheviques, 160 SRs, 72 mencheviques, 14 mencheviques
internacionalistas.
On
13 September 1917, the Soviet of Petrograd adopted for the first time in a plenary
session and by 279 votes against 115 and 50 abstentions, a resolution proposed
by the Bolshevik group to reject the policy of conciliation with the
bourgeoisie. The resolution called for all power to be passed to the Soviets
and to establish the program of the revolutionary transformations of the
country. On 18 September a similar resolution, also proposed by the Bolsheviks,
was approved by the Moscow Soviet by a majority of 355 votes.
The
composition of the delegates of the Second All-Russian Congress of the Soviets
of Workers' and Soldiers' Deputies, held in Petrograd on 7 and 8 November 1917,
also demonstrated the enormous growth of people’s support of the Bolsheviks:
390 Bolsheviks, 160 SRs, 72 Mensheviks, 14 internationalist Mensheviks.
[84] Os documentos de Pereverzev certamente inspiraram os
chamados documentos Sisson, que supostamente comprovavam que Lénine e outros
líderes soviéticos eram pagos pelo Alto Comando Alemão. Foram publicados e
distribuídos nos EUA pelo Departamento de Estado após a Revolução de Outubro. Originalmente
oferecidos para venda pelos russos brancos, os documentos tinham sido
rejeitados pelo Serviço Secreto Britânico como falsificações grosseiras. Edgar
Sisson, funcionário do Departamento de Estado, comprou os documentos. Posteriormente, a fraude dos
documentos foi conclusivamente estabelecida.
Pereverzev's
documents certainly inspired the so-called Sisson documents, which allegedly
proved that Lenin and other Soviet leaders were paid by the German High
Command. They were published and distributed in the US by the State Department after
the October Revolution. Originally offered for sale by White Russians, the
documents had been rejected by the British Secret Service as being crude forgeries.
Edgar Sisson, a State Department official, bought the documents. Subsequently, the
fraudulency of the documents was conclusively established.
[85] Trotsky: The history
of the Russian revolution, 1932.
[87] Krupskaia diz nas suas memórias: «... Perto da noite
Estáline e outros persuadiram Ilitch [Lénine] a não comparecer em tribunal e
com isso salvaram-lhe a vida.» |
In her reminiscences Krupskaya states: “... In the
evening Stalin and others persuaded Ilyich [Lenin] not to appear in court and
thereby saved his life.”
[88] Alguns dos artigos e cartas: O Marxismo e a Insurreição. Carta ao Comité Central do POSDR(b),
26-27 de Setembro de 2017; Do Diário de
um Publicista. Os erros do nosso partido, 5-7 de Outubro de 1917 (neste
artigo, Lénine diz: «O crescimento de uma nova revolução representa, parece, um
fenómeno geralmente reconhecido pelo partido»); Carta a I. T. Smilga, Presidente Do Comite Regional do Exército, da
Armada e dos Trabalhadores da Finlândia, 10 de Outubro de 1917 (onde Lénine
analisa questões militares); A Crise
Amadureceu, 12 de Outubro de 1917 (que inicia assim «Não há dúvida de que o
fim de Setembro nos trouxe uma grandiosa viragem na história da revolução russa
....»); Conservarão os Bolcheviques o Poder do Estado?, 14 de Outubro de 1917; Carta ao CC, aos Comités de
Moscovo e Petrogrado e aos Membros Bolcheviques dos Sovietes de Petrogrado
e Moscovo, 14 de Outubro de 1917. Esta última carta foi discutida em
reuniões dos Comités de Moscovo e Petrogrado de 18 de Outubro e na Conferência
da organização de Petrogrado de 20 de Outubro. Em todas elas as teses
leninistas tiveram ampla adesão. Na reunião do Comité de Petrogrado apenas Volodarski
e Lashevich, ambos do OID, se pronunciaram contra, com Lashevich a defender,
tal como viria a fazê-lo Trotski, esperar pelo Congresso dos Soviets. A carta
motivou a famosa reunião do CC de 23 de Outubro que decidiu a insurreição
armada.
Some
of the articles and letters: Marxism and
Insurrection. A Letter to the Central Committee of the R.S.D.L.P.(B.),
26-27 September 2017; From a Publicist's
Diary. The Mistakes of Our Party, 5-7 October 1917 (Lenin says in this
article: "The growth of a new revolution seems to be a phenomenon
generally recognized by the party"); Letter
to I. T. Smilga, Chairman of the Finnish Army, Navy and Workers Regional
Committee, 10 October 1917 (where Lenin analyzes military matters); The Crisis has Matured, 12 October 1917
(which begins "There is no doubt that the end of September brought us a
great turning point in the history of the Russian Revolution ...."); Can the Bolsheviks Retain State Power?
October 14, 1917; Letter to the CC, the Moscow and Petrograd Committees, and the Bolshevik Members
of the Petrograd and Moscow
Soviets, 14 October 1917. This letter was discussed at meetings of the Moscow and Petrograd
Committees of 18 October and at the Conference of the Organization of Petrograd
of 20 October. In all of them the Leninist theses won wide adherence. At the
Petrograd Committee meeting only Volodarski and Lashevich, both from the IDO,
spoke against, with Lashevich defending, as Trotsky would do, to wait for the
Congress of Soviets. The letter motivated the famous CC meeting on 23 October
that decided the armed uprising.
[89] O pré-parlamento foi uma tentativa do governo
provisório de deflectir a onda revolucionária. Lénine defendia o boicote ao
pré-parlamento. Trotski apoiou. Sobre isso disse Lénine (Do Diário de um Publicista, op. cit.): «Trotski era pelo
boicote. Bravo, camarada Trotski!»
The
Pre-parliament was an attempt by the provisional government to deflect the
revolutionary wave. Lenin defended the boycott of the Pre-parliament. Trotsky coincided.
Of this, said Lenin (From a Publicist's
Diary, op. cit.): “Trotsky was
for the boycott. Bravo, Comrade Trotsky!”
[90] Teses para um
relatório na conferência de 8 de outubro da Organização de Petrogrado, também
para uma resolução e instruções para os eleitos para o Congresso do Partido,
de 12 e 17 de outubro de 1917. Lénine diz: «Insistir em ligar esta tarefa ao
Congresso dos Sovietes subordiná-la a este congresso significa estar apenas a brincar
às insurreições, estabelecendo uma data definida de antemão que facilita ao
governo a preparação de tropas, confundindo as massas com a ilusão de que uma
“resolução” do congresso dos sovietes pode resolver uma tarefa que apenas o
proletariado insurrecional é capaz de resolver pela força».
Theses for a Report at the October 8
Conference of the Petrograd Organisation, Also for a Resolution and
Instructions to Those Elected to the Party Congress, October 12 and 17, 1917. Lenin
says: “To insist on connecting this task with the Congress of Soviets, to
subordinate it to this Congress, means to be merely playing at
insurrection by setting a definite date beforehand, by making it easier
for the government to prepare troops, by confusing the masses with the illusion
that a “resolution’ of the Congress of Soviets can solve a task which only the
insurrectionary proletariat is capable of solving by force.”
[91] Lenin, Meeting of the
Central Committee of the R.S.D.L.P.(B.) October 16 (29), 1917.
[92] No início da sua missão em Petrogrado Jacques Sadoul
era um «socialista» que durante muito tempo não entendeu o que se passava,
conforme demonstra no seu livro Notes
sur la Révolution Bolchevique, onde trata a revolução bolchevique como uma
espécie de re-edição da revolução francesa. Ingenuamente, julga que os
«socialistas» franceses deviam dar conselhos a Trotski e Lenine e dirige as
suas cartas ao oportunista Albert Thomas que não teve pejo em acompanhar
Kornilov numa inspecção às tropas russas do 8.º exército da frente sudoeste
(foto em A. Nenarókov, História Ilustrada
da Grande Revolução Socialista de Outubro). Sadoul, contudo, veio a
compreender a revolução russa, ajudando-a e tornando-se comunista.
At
the beginning of his mission in Petrograd Jacques Sadoul was a
"socialist" who for a long time did not understand what was
happening, as shown in his book Notes sur
la Révolution Bolshevique, where he treats the Bolshevik revolution as a
kind of re-edition of the French Revolution. He naively thinks that the French
"socialists" should give advice to Trotsky and Lenin, and he addresses
his letters to the opportunist Albert Thomas who did not shy away about accompanying
Kornilov on an inspection of Russian troops of the 8th south-western army
(photo in A. Nenarkov, Illustrated
History of the Great October Socialist Revolution). Sadoul, however, came
to understand the Russian revolution by helping it and becoming a communist.
[93] Estáline, trotskismo
ou leninismo? Discurso proferido no Plenário do Grupo Comunista na
A.U.C.C.T.U., em 19 de Novembro de 1924.
Stalin,
Trotskyism or Leninism? Speech
Delivered at the Plenum of the Communist Group in the A.U.C.C.T.U., November
19, 1924.
[94] A declaração completa de Trotsky está nas Actas das
Negociações, Mirnye peregovory v
Brest-Litovske, i. 207-208, e consta do livro Wheeler-Bennett, J.W., Brest-Litovsk, The Forgotten Peace.
Macmillan and Co., Ltd, London, ca. 1938. O autor é reaccionário mas mostra uma
posição simpatética de Trotski e cita uma enorme quantidade de factos
concretos.
[95] Entre outros, Wheeler-Bennett, op. cit., cita várias vezes «no war – no peace», incluindo num
título de capítulo.
[96]
Wheeler-Bennett, op. cit., p. 236.
[97] Uma das fontes (há outras) é: Iúri Korabliov, Lénine criador das Forças Armadas da URSS,
Edições Progresso, Moscovo, 1976. O autor é hostil a Estáline | One source (there
are others) is: Iury Korabliov, Lenin
creator of the USSR Armed
Forces, Progress Editions, Moscow ,
1976. The author is hostile to Stalin.
[98] Acta do Processo
Judicial no Caso do "Bloco de Direitistas e Trotskistas"
Anti-Soviético, Moscovo, 2 a 13 de Março de 1938. Bukarin e outros –
acusados e testemunhas -- forneceram evidências corroborativas da conspiração para
«renmover» Lénine, Estáline e Sverdlov, não descartando o uso de «violência». Declaração
de uma testemunha (nossa tradução da pág. 441 da versão em inglês):
«Ao mesmo tempo, Bukarin disse-me que não era o único a
pensar dessa maneira, que ele, Bukarin, tivera uma conversa franca sobre o
assunto com Trotski, e que Trotski também pensava que a luta política sobre a
questão da guerra e da paz só agora começara, que os "comunistas de
esquerda" deveriam prever a possibilidade dessa luta ir além dos limites
do Partido, e que deveriam procurar-se aliados de confiança para essa luta.
Trotski tinha dito a Bukarin que os socialistas-revolucionários de
"esquerda", cuja posição sobre a questão da guerra era já bastante
clara, poderiam ser esses aliados.
«Bukharin também disse que Trotsk também acreditava que a
luta poderia assumir formas mais agressivas, envolvendo não apenas a
substituição do governo, mas também o derrube do governo e o extermínio físico
dos líderes do governo e do Partido. Mencionou Lénine, Estáline e Sverdlov.
«Ao mesmo tempo, Bukarin informou-me que, no decorrer dessa
conversa, Trotski havia dito francamente que a posição dele, Trotski, a meia
distância na questão da conclusão da paz não passava de uma manobra táctica,
que ele simplesmente não se atrevia a aparecer activamente a favor da posição
dos "comunistas de esquerda", isto é, contra a conclusão da paz, pois
era um homem novo no Partido e se adoptasse abertamente a posição dos
"comunistas de esquerda", dir-se-ia que Trotski se juntara ao Partido
para combater Lénine.»
Report of Court Proceedings in the
Case of the Anti-Soviet "Bloc of Rights and Trotskyites", Moscow , March 2-13, 1938. Bukharin and others
-- accused and witnesses -- provided corroborative evidence of the conspiracy
to "remove" Lenin, Stalin and Sverdlov, without discarding the use of
"violence." Statement by a witness (p. 441):
“At
the same time Bukharin told me that he was not the only one who thought in this
way, that he, Bukharin, had had a frank talk on the subject with Trotsky, and
that Trotsky also thought that the political struggle on the question of war
and peace had only just begun, that the "Left Communists" must
envisage the possibility this struggle going beyond the confines of the Party,
and that allies must be sought who could be relied upon in this struggle.
Trotsky had told Bukharin that the "Left" Socialist-Revolutionaries,
whose position on the question of the war was already fairly clear, might prove
to be such allies.
“Bukharin
also said that Trotsky too believed that the struggle might assume most
aggressive forms, involving not only the replacement ot the government, but
also the overthrow of the government and the physical extermination of leading
people in the government and the Party. He thereupon mentioned Lenin, Stalin
.and Sverdlov.
“At
the same time Bukharin informed me that in the course of this conversation
Trotsky had frankly told him that his, Trotsky's, halfway position on the
question of the conclusion of peace was nothing but a tactical manoeuvre, that
he simply did not dare to come out actively in favour of the position of the
"Left Communists," that is, against the conclusion of peace, that he
was a new man in the Party and if he openly adopted the position of the
"Left Communists" it would be said that Trotsky had joined the Party
in order to fight Lenin.”
[99] Sayers, Michael and Kahn, Albert E., The Great Conspiracy Against Russia, Boni & Gaer Inc., Pub.s, N.Y., 1946 (Cap.
II-1).
Considerado “um livro extraordinário” pelo embaixador
americano na URSS em 1936-38 é também elogiado por um senador americano que
escreveu uma introdução especial no livro, fundamentado em documentação sólida.
Sayers foi um escritor irlandês anti-fascista, amigo de T.S. Elliot e de George
Orwell (não compartilhava das opiniões trotskistas deste último). Foi para os
EUA em 1936 onde investigou as actividades dos fascistas americanos que queriam
manter os EUA neutrais. Foi repórter de investigação durante a 2.ªGM e o
primeiro a relatar sobre os campos de concentração (o seu editor recusou-se a
publicar o relato por o julgar inacreditável); trabalhou para a NBC mas foi
posto na lista negra macartista pelas suas actividades durante a guerra e
alegadas simpatias comunistas. Kahn foi um jornalista americano que se dizia
marxista sem filiação partidária. Foi secretário de 1938 a 1941 do American
Council Against Nazi Propaganda; posto
na lista negra macartista por alegadas simpatias comunistas. Em 1953 tornou-se
editor na firma Cameron & Kahn, que publicou
o livro de H. Matusow “Falso Testemunho”, que o escritor John Steinbeck
qualificou de “a palha que quebrou as costas de McCarthy's.”
Sayers,
Michael and Kahn, Albert E., The Great
Conspiracy Against Russia, Boni & Gaer Inc., Pub.s, N.Y., 1946. (Chapter.
II-1).
Considered
“an extraordinary book” by the American ambassador to the USSR in 1936-38, it is also praised
by an American senator who wrote a special introduction to this book, grounded on solid documentation. Sayers was
an Irish anti-fascist writer, friend of T.S. Elliot and George Orwell (he did
not share the Trotskyist views of the latter). He went to the US in 1936 where he investigated the activities
of the American fascists who wanted to keep the US neutral. He was an investigative
reporter during WWII and the first to report on concentration camps (his editor
refused to publish the report because he deemed it unbelievable); he worked for
NBC but was put in the Macartist blacklist for his wartime activities and
alleged communist sympathies. Kahn was an American journalist who claimed to be
a Marxist without partisan affiliation. He was secretary from 1938 to 1941 of
the American Council Against Nazi Propaganda; put in the Macartist blacklist
for alleged communist sympathies. In 1953 he became editor of Cameron &
Kahn, which published H. Matusow's book "False Testimony," which
writer John Steinbeck called "the straw that broke McCarthy's back."
[100] O POSDR(b) foi renomeado PCR(b) - Partido Comunista
Russo (bolcheviques), no VII Congresso celebrado em 6-8 de Março de 1918. | The RSDLP(B)
was renamed RCP(B) - Russian Communist Party (Bolsheviks), at the Seventh
Congress held on 6-8 March 1918.
[101] Leon Trotsky, Stalin:
An appraisal of the man and his influence, N.Y., Harper & Brother
Publishers, 1941, p. 333.
[102] McNeal, Stalin,
MacMillan Pubs, London ,
1988.