segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Sobre Trotski – IV | On Trotsky - IV


O Período de Março de 1914 a Março de 1917
The Period from March 1914 to March 1917

A «Teoria» de Trotski sobre o Imperialismo

Fevereiro-Maio de 1914, Julho de 1916 --Trotski contra o direito das nações à auto-determinação

Março-Junho de 1914 – De novo o pretenso «não fraccionismo» de Trotski

Novembro de 1915 – De novo a «revolução permanente»

O Falso Internacionalismo de Trotski

Inicio de 1915 – As ligações de Trotski a social-nacionalistas

1915 - 1916 - Fevereiro de 1917. A Conferência de Zimmerwald. O «centrista» Trotski com os social-chauvinistas
Trotsky’s “Theory” on the Imperialism

February-May 1914, July 1916 -- Trotsky against the right of nations to self-determination

March-June 1914 – Again Trotsky's alleged "non factionalism"

November 1915 - Again the “permanent revolution”

Trotsky's False Internationalism

Early 1915 – Trotsky’s ties to social-nationalists

1915 - 1916 - February 1917. The Zimmerwald Conference. The «centrist» Trotsky with the social-chauvinists


Vimos no artigo anterior como o grupito de Viena de Trotski e outros grupos de oportunistas e liquidadores de várias cores se «uniram» em Agosto de 1912 num «bloco» sem princípios, dito de «Agosto». O bloco distinguiu-se pelos seus ataques anti-bolcheviques. E Trotski distinguiu-se por -- além de mascarar o oportunismo com verborreia de «esquerda» -- intrigar contra o partido, nomeadamente em jornais do Partido Social Democrata Alemão com o apoio do respectivo líder K. Kautsky de quem Trotski  era politicamente próximo [49].

Sobre a ligação de Trotski a Kautsky vale a pena citar o trotskista e biógrafo de Trotski Isaac Deutscher [50]:

“Curiosamente, os laços mais próximos de Trotski não eram com a ala radical do socialismo alemão, liderada por Rosa Luxemburg, Karl Liebknecht e Franz Mehring, os futuros fundadores do Partido Comunista, mas com os homens ... que mantinham aparências da ortodoxia marxista, mas estavam de facto a levar o partido a render-se às ambições imperialistas do império dos Hohenzollern”.

O “curiosamente” de Deutscher é precioso!

No início de 1914 o «bloco de Agosto» estava já desagregado.
We saw in the previous article how Trotsky's small group of Vienna and other groups of opportunists and liquidators of various shades “united” in August 1912 in an unprincipled “bloc” called “of August”. The bloc distinguished itself by its anti-Bolshevik attacks. And Trotsky distinguished himself by -- in addition to masking the opportunism with “leftist” verbiage -- intriguing against the party, namely in the newspapers of the German Social Democratic Party with the assistance of the respective leader K. Kautsky, with whom Trotsky was politically close [49].

On Trotsky's ties to Kautsky it is worth quoting Trotsky's biographer, the Trotskyist Isaac Deutscher [50]:

“Curiously enough, Trotsky’s closest ties were not with the radical wing of German socialism, led by Rosa Luxemburg, Karl Liebknecht and Franz Mehring, the future founders of the Communist Party, but with the men … who maintained the appearances of Marxist orthodoxy, but were in fact leading the party to its surrender to the imperialist ambitions of the Hohenzollern empire”.

Deutscher’s “curiously enough” is precious!

By early 1914 the “August bloc» had already broken up.

A «Teoria» de Trotski sobre o Imperialismo

A fim de bem compreender alguns aspectos políticos, teóricos e práticos, de Trotski, que começaram a evidenciar-se a partir de 1914, convém analisar a forma como Trotski compreendia o imperialismo. Socorremo-nos para tal de citações do trabalho escrito em 1932 por V. Serebriakov, Contra as Concepções Trotskistas do Imperialismo [51]:

«Primeiro, tratarei da posição de Trotski sobre a questão do imperialismo. Essa posição é essencialmente diferente da de Lénine, mas, por isso mesmo, muito próxima da de Kautsky. ... O kautskismo e o trotskismo provaram ser duas variantes do centrismo; ...

«A definição que Trotski dá do imperialismo é: “O que é imperialismo? É a aspiração do capitalismo de acabar com a existência de pequenos governos”. Não é difícil ver que esta é uma formulação kautskista pura. A teoria kautskista do imperialismo encobre as contradições mais enraizadas e fundamentais do imperialismo ligadas ao domínio dos monopólios. A contradição entre o carácter social da produção e a forma privada de apropriação, a contradição entre monopólios e meios não monopolistas, as contradições entre os próprios monopolistas, etc. ... são ignoradas por essa teoria.

«É precisamente essa ignorância das contradições do imperialismo que Lénine sublinhou ... Nas obras de Trotski e dos trotskistas, o imperialismo não é interpretado como o último estádio do capitalismo, preparado pela marcha do desenvolvimento das contradições do capitalismo ... mas apenas como uma espécie de representação de acções, “nascida das pretensões internacionais do capital nacional das grandes potências” [52]. O imperialismo aparece também não como uma fase especial do capitalismo, mas apenas como uma tendência política específica, ... O carácter monopolista do capitalismo é completamente ignorado ou deixado na sombra.

«Na medida em que fala das contradições do imperialismo, Trotski identifica-as completamente com a contradição entre a economia mundial e os estados nacionais. A soma total de profundas contradições e antagonismos do imperialismo, de acordo com a sua teoria, é apenas uma formulação derivada do facto de que as fronteiras entre os estados nacionais impedem as relações económicas internacionais. "O imperialismo", segundo Trotsky, "é a expressão capitalista-predatória dessa tendência da economia -- de finalmente romper com o idiotismo dos limites nacionais, como já havia escapado ao idiotismo das fronteiras da aldeia e regionais" [53].

«... o papel do imperialismo, na visão de Trotsky, leva essencialmente ao cumprimento da tarefa progressiva de "romper com o idiotismo dos limites nacionais" e construir uma economia global. ... isso aparece ainda mais claramente em outras formulações de Trotski. "O imperialismo", escreve, "é uma expressão capitalista-predatória de uma tendência progressiva do desenvolvimento económico: construir uma economia humana numa estrutura global, libertando-a dos freios embaraçosos da nação e do estado". ...[54]

«Em todas as suas formulações ... Trotski ignora as contradições do imperialismo, identificando-o completamente com a teoria do fascismo social contemporâneo, afastando-se decisivamente dos ensinamentos leninistas sobre o imperialismo. Para Trotski, as profundas contradições entre as forças produtivas e as relações capitalistas de produção, as contradições na própria base do capitalismo, não existem.

«Mesmo quando age directamente contra Kautsky, Trotski formula o assunto da seguinte forma: “As poderosas forças produtivas, esse factor decisivo do movimento histórico, ficaram bloqueadas nessas organizações de superestruturas retrógradas em que estavam envolvidas pelo desenvolvimento anterior”.

“Não há dúvida de que entre o crescimento das forças produtivas da economia global e a sua repartição por estados, existe uma contradição aguda e profunda, cujo resultado directo foi a Guerra Mundial (1914-1918). Mas, primeiro, não se pode separar essa contradição de todo o sistema de contradições do imperialismo. Não se pode tomá-la senão como uma expressão do conflito geral entre o carácter social da produção e a forma privada de apropriação, ... Em segundo lugar, não é possível formular a profunda contradição entre o crescimento das forças de produção mundial e as fronteiras dos estados nacionais como uma tese apologética de que o imperialismo é a luta pela afirmação mundial e é direccionado precisamente para o objetivo de libertar a economia do “idiotismo dos limites nacionais".

«Esta tese apologética é repetida com prazer, na esteira de Trotski, por um dos representantes mais inteligentes e astutos do social-fascismo, Karl Renner [55]. Num artigo ... e mais tarde no folheto ... Renner expande ... teses que não são diferentes das de Trotski. A contradição básica do mundo contemporâneo, segundo Renner, é a contradição entre a economia mundial e os estados nacionais. A luta dessas duas forças, segundo Renner, levará à vitória da economia internacional capitalista e ao estabelecimento de uma nova ordem internacional em desenvolvimento livre. ...

«A "soberania estatal", escreve Renner, "tornou-se um freio para o desenvolvimento da economia". "A economia nacional está a travar uma batalha desesperada contra a economia internacional, uma batalha com um resultado duvidoso, mas muitas vezes indiscutível". ... “Estamos a passar por um processo dialéctico, do qual emergirá uma nova ordem mundial.” E dessa cadeia de raciocínios, Renner chega à conclusão de que a classe trabalhadora deve esforçar-se para se separar do quadro dos governos nacionais, apoiando a Liga das Nações, a união pan-europeia etc., e ... deve lutar pelo desenvolvimento da economia mundial capitalista.

«A conhecida palavra de ordem de Trotski “Estados Unidos da Europa” é uma palavra de ordem, segundo Lénine, profundamente reaccionária, pois substitui a tarefa da luta pela revolução socialista pela luta pela criação de um governo federativo capitalista. Essa ideia corresponde estreitamente às afirmações de Renner e Hilferding.

«Se seguirmos a génese da teoria, segundo a qual a única e decisiva contradição do mundo moderno é a contradição entre a economia mundial e as fronteiras dos estados-nação, chegaremos ao “pai” dessa teoria social-fascista, Kautsky. Nas obras de Kautsky, lemos que a solução para essa contradição não é o socialismo, mas o ultra-imperialismo.

«Até Trotski não pode evadir essa conclusão.»

Trotski rejeitou a conclusão de Lénine de que o imperialismo anunciava a revolução proletária. Defendia que o capitalismo moderno tendia a equilibrar o desenvolvimento económico e político dos países e negou o facto de que o capitalismo estava a evoluir de maneira desigual. Trotski foi sempre incapaz de fazer uma análise económica marxista, nunca demonstrou ter compreendido O Capital de Marx e provavelmente nunca o leu. (Ver também [53].)

Iremos apreciar neste artigo como a «teoria» do imperialismo de Trotski influenciou o seu posicionamento face a duas questões específicas: o direito das nações à autodeterminação e a posição marxista face à 1.ª GM. Ao analisar essas posições de Trotski devemos sempre lembrar-nos que a sua tese nuclear do imperialismo é: o imperialismo exprime uma tendência progressiva de criar uma economia global, libertando-a dos freios da nação, libertando-a do “idiotismo dos limites nacionais". Trotski despreza o papel dos monopólios e suas contradições, o papel da luta de classes, a existência de colónias, o desenvolvimento desigual do capitalismo, etc. A sua “teoria” do imperialismo converge com a do «ultra-imperialismo» de Kautsky e a do social-fascismo de Renner de que a classe trabalhadora deveria apoiar a união pan-europeia e lutar pelo desenvolvimento da economia mundial capitalista. Segundo Kautsky e Trotski só na fase «ultra-imperialista» se abriria a perspectiva do socialismo, o que correspondia a uma capitulação da luta dos trabalhadores e dos povos oprimidos face ao capitalismo.

Colocámos «teoria» entre aspas no título  desta secção porque não se baseava em análises científicas baseadas em premissas válidas e factos verdadeiros, nomeadamente económicos. Basta ver o não reconhecimento do desenvolvimento desigual do capitalismo.
Trotsky’s “Theory” on the Imperialism

In order to achieve a good understanding of some political aspects, theoretical and practical, of Trotsky, which became more evident in 1914 and thereafter, it is advisable to examine how Trotsky understood imperialism. For that purpose, we resort to some quotations from V. Serebriakov's work Against the Trotskyist Concepts of Imperialism written in 1932 [51]:

“I will first deal with Trotsky’s positing of the problem of imperialism. This position is different at the core from Lenin’s, but is therefore very close to Kautsky’s. .... Kautskyism and Trotskyism have proved themselves to be two variations of centrism; ...

“The definition that Trotsky gives of imperialism is: ‘What is imperialism? It is the aspiration of capitalism to stop the existence of small governments’. It is not difficult to see that here is a pure Kautskyist formulation. The Kautskyist theory of imperialism glosses over the more entrenched and core contradictions of imperialism that are tied up with the supremacy of monopolies. The contradiction between the social character of production and the private form of appropriation, the contradiction between monopolies and non-monopoly milieux, the contradictions between the monopolists themselves, etc. … are ignored by this theory.

“It is precisely this ignoring of the contradictions of imperialism that Lenin had underlined … In the works of Trotsky and the Trotskyites imperialism is not interpreted as the last stage of capitalism, prepared by the march of the development of contradictions of capitalism … but only as some kind of a representation of actions, ‘born of the international pretensions of the national capital of the great powers’ [52]. Imperialism appears further not as a special stage of capitalism, but only as a specific political tendency, the temporal limits of which are quite blurred, and the spatial – very narrow. The monopolistic character of capitalism is either completely ignored or is left in the shadows.

“To the extent that Trotsky speaks of the contradictions of imperialism, he completely identifies them with the contradiction between world economy and national states. The whole sum of deep contradictions and antagonisms of imperialism, according to his theory, is just an elaborate stating of the fact that national-state boundaries stand in the way of international economic relationships. ‘Imperialism’, formulates Trotsky, ‘is that capitalist-predatory expression of this tendency of the economy – to finally break out of this idiotism of national limitations as it had in its time got out of the idiotism of the village and regional boundaries’ [53].

“… the role of imperialism, in Trotsky’s view, essentially leads to the fulfilment of the progressive task of ‘breaking off from the idiotism of nationalist limits’ and to build a global economy. … this is even more obvious in other formulations of Trotsky. ‘Imperialism’, he writes, ‘is a capitalist-predatory expression of a progressive tendency of economic development: to build a human economy in global framework, freeing it of the embarrassing fetters of the nation and state’. …[54]

“In all his formulations … Trotsky ignores the contradictions of imperialism, fully identifying it with the theory of contemporary social fascism and decisively parting with the Leninist teaching on imperialism. For Trotsky the deep contradictions between the productive forces and capitalist relations of productions, the contradictions in the very base of capitalism, do not exist at all.

“Even when Trotsky acts directly against Kautsky, he formulates the matter in the following way: ‘The powerful productive forces, this decisive factor of historical movement choked in those backward superstructural organisations in which they were enclosed by the preceding development’.

“There is no doubt that between the growth of productive forces of global economy and its partition into state, there exists a sharp and deep contradiction, the direct result of which was the World War (1914-1918). But firstly, one cannot separate this contradiction from the whole system of contradictions of imperialism. One cannot take it as anything but as an expression of the general conflict between the social character of production and the private form of appropriation, ... Secondly, it is not possible to formulate the deep contradiction between the growth of world production forces and national-state boundaries as an apologetic thesis that imperialism is the struggle for world assertion and is directed precisely towards the aim of breaking economy from the ‘the idiotism of national limitations’.

“This apologetic thesis repeats with pleasure, on the heels of Trotsky, one of the more intelligent and cunning representatives of social-fascism, Karl Renner [55]. In a special article … and later in the brochure … Renner … expands theses which are not dissimilar to those of Trotsky. The basic contradiction of the contemporary world according to Renner – is the contradiction between the world economy and national states. The struggle of these two forces according to Renner will lead to the victory of capitalist international economy and the establishing of a new free developing international order. ....

“‘State sovereignty’, writes Renner, ‘became a brake for the development of economy’. ‘National economy is staging a desperate battle against international economy, a battle with a doubtful, but often indisputable, outcome’. National economy and international economy have become two poles of antagonistic development. ‘We are experiencing a dialectical process, from which will emerge a new world order.’ And from this chain of judgements, Renner comes to the conclusion that the working class should strive towards parting with the framework of national governments by supporting the League of Nations, pan-European union etc., and … should fight for the development of the capitalist world economy.

“Trotsky’s well-known slogan ‘United States of Europe’ is a slogan, according to Lenin, deeply reactionary, substituting the task of the struggle for socialist revolution with the struggle for the creation of a capitalist federative government. This idea corresponds closely to the statements of Renner and Hilferding.

“If we follow the genesis of the theory, according to which the decisive and sole contradiction of the modern world is the contradiction between world economy and nation-state boundaries, then we will reach the ‘father’ of this social-fascist theory, Kautsky. And in the works of Kautsky we will read that the solution to this contradiction is not socialism, but ultra-imperialism.

“Even Trotsky cannot get out of this conclusion.”

Trotsky rejected Lenin's conclusion about imperialism heralding the proletarian revolution. He claimed that modern capitalism tended to even out the economic and political development of individual countries, and denied the fact that capitalism was developing in an uneven way. Trotsky has always been unable to make a Marxist economic analysis, he never proved to have understood Marx's Capital, and probably never read it. (See [53] too.)

We will appraise in this article how Trotsky's “theory” on imperialism influenced his positioning on two specific issues: the right of nations to self-determination and the Marxists' stance on the WWI. In analyzing this positioning of Trotsky we must always remember that his core thesis of imperialism was: imperialism expresses a progressive tendency to build a global economy, freeing it from the fetters of the nation, freeing it from the "idiotism of national limitations".  Trotsky glosses over the role of monopolies and their contradictions, the role of class struggle, the existence of colonialism, the uneven development of capitalism, etc. His "theory" of imperialism converges with that of Kautsky's "ultra-imperialism" and of Renner's social-fascism that the working class should support the pan-European union and fight for the development of the capitalist world economy. According to Kautsky and Trotsky only the “ultra-imperialist” stage would open the perspective of socialism; this amounted to a capitulation of the struggle of workers and oppressed peoples in the face of capitalism.

We have put “theory” in the title in quotation marks because it was not based on scientific analysis based on valid assumptions and true facts, namely economic ones. An example is the non-recognition of the uneven development of capitalism.

Fevereiro-Maio de 1914, Julho de 1916 --Trotski contra o direito das nações à auto-
determinação

Em 1914 Lénine analisou a questão nacional em vários artigos, nomeadamente em Sobre o Direito das Nações à Autodeterminação (Fevereiro-Maio) Neste importante artigo Lénine analisa em detalhe a questão do direito à auto-determinação, consagrado no § 9 do programa  do POSDR aprovado no II Congresso em 1903. Lénine faz uma defesa firme desse direito – é nesse artigo que Lénine afirma que não pode ser livre um povo que oprime outros povos – contra posições de liberais e liquidadores que substituíam o direito de formação de um Estado nacional independente pelo «estreito» direito à autonomia cultural. No Congresso de 1903 os representantes polacos tinham sido os únicos na comissão do programa a defender o  direito  de autonomia cultural (a Polónia fazia então parte do Império Russo), abandonando o Congresso ao serem derrotados nesse ponto. Mas em 1906 os marxistas polacos regressaram ao POSDR aceitando o § 9.

Em 1908-09, Rosa Luxemburg, personalidade destacada do movimento operário alemão e polaco, escreveu o artigo A Questão Nacional e a Autonomia no qual defendia posições semelhantes às dos representantes polacos em 1903. Fazia-o essencialmente por temer o nacionalismo chauvinista da burguesia polaca. No supracitado artigo Lénine aponta vários erros da análise de Rosa Luxemburg e desmonta detalhadamente a sua posição; em particular, assinala que «abriu de par em par as portas precisamente aos oportunistas, principalmente às concessões oportunistas ao nacionalismo grão-russo». E efectivamente, como descreve Lénine, os liberais e os oportunistas russos não perderam tempo a tomar de empréstimo as posições de Rosa Luxemburg na defesa do império tsarista (nacionalismo grão-russo).

Trotski também não perdeu tempo a tomar de empréstimo essa posição de Rosa Luxemburg. (Note-se, contudo, que apesar desse seu erro – e de alguns outros --, Rosa Luxemburg não tem nada a ver com Trotski. Rosa Luxemburg, além de certas obras teóricas de interesse, foi uma militante comunista consequente que deu a vida pela revolução alemã, tendo sido assasinada pela extrema-direita. Rosa Luxemburg rompeu com Kautsky e foi uma das fundadoras do Partido Comunista Alemão.). Lénine, na secção 9 do seu artigo, depois de assinalar que após o trabalho de Rosa Luxemburg nenhum organismo oficial dos marxistas polacos levantou a questão da revisão do § 9, diz o seguinte (como nos artigos anteriores as interpolações e ênfases a negrito nas citações são nossos.):

«Por isso Trotski presta de facto um mau serviço a certos admiradores de Rosa Luxemburg quando, em nome da redacção do Borbá [jornal de Trotski], escreve ...:

"... Os marxistas polacos consideram que o 'direito à autodeterminação nacional' é absolutamente privado de conteúdo político e deve ser eliminado do programa”...

«O solícito Trotski é mais perigoso que um inimigo! Ele não pôde encontrar em parte alguma, a não ser em «conversas particulares» (isto é, simples bisbilhotices, das quais Trotski sempre vive), provas para incluir os “marxistas polacos” em geral entre os partidários de cada artigo de Rosa Luxemburg. Trotski apresentou os “marxistas polacos” como pessoas sem honra e sem consciência, que não sabem sequer respeitar as suas convicções e o programa do seu partido. O solícito Trotski!

«Quando em 1903 os representantes dos marxistas polacos abandonaram o II congresso por causa do direito à autodeterminação, então Trotski podia dizer que eles consideravam esse direito privado de conteúdo e que devia ser eliminado do programa.

«Mas depois disso os marxistas polacos ingressaram no partido que tinha esse programa e não apresentaram uma vez sequer uma proposta da sua revisão.

«Porque é que Trotski silenciou estes factos perante os leitores da sua revista? Só porque lhe era vantajoso especular com o atiçar das divergências entre os adversários polacos e russos do liquidacionismo e enganar os operários russos na questão do programa.

«Nunca ainda, em nenhuma questão séria do marxismo, Trotski teve uma opinião firme, sempre “se insinua nas fendas” destas ou daquelas divergências e passa de um lado para outro. Neste momento ele encontra-se na companhia dos bundistas e dos liquidacionistas. ...»

Em plena 1.ª GM, quando a questão da autodeterminação se colocava com grande acuidade, Lénine escreveu em Balanço de uma Discussão sobre o Direito das Nações à Autodeterminação (Julho de 1916):

«Quanto aos kautskistas, reconhecem hipocritamente a autodeterminação; na Rússia Trotski e Martov marcham por este caminho. Em palavras, ambos defendem a autodeterminação, tal como Kautsky. E na prática? Tomem-se os artigos de Trotski “A nação e a economia” no Nashe Slovo [56]; observamos o seu eclectismo habitual: por um lado, a economia une as nações; por outro lado, a opressão nacional desune-as. Conclusão? A conclusão é que a hipocrisia imperante continua sem ser desmascarada...
...
«Sejam quais forem as “boas” intenções subjectivas de Trotski e Martov com a sua atitude evasiva, objectivamente apoiam o social-imperialismo russo.»
February-May 1914, July 1916 – Trotsky against the right of nations to self-determination

In 1914 Lenin analyzed the national question in several articles, notably in The Right of Nations to Self-Determination (February-May). In this important article Lenin analyzes in detail the issue of the right to self-determination, enshrined in § 9 of the RSDLP program approved at its Second Congress in 1903. Lenin makes a firm defence of this right -- it is in this article that Lenin states that a people who oppress other peoples cannot be free -- against positions of liberals and liquidationists who had replaced the right to an independent national state for the “narrow” right to cultural autonomy. The Polish representatives had been the only ones who in the program committee of the 1903 Congress uphold the right to cultural autonomy (Poland was then part of the Russian Empire), and had gone out of the Congress because they were defeated in that point. However, in 1906 the Polish Marxists joined the RSDLP and accepted § 9.

In 1908-1909 Rosa Luxemburg, a prominent personality of the German and Polish workers' movement, wrote the article The National Question and Autonomy in which she defended positions similar to those of the Polish representatives in 1903. She did so essentially for fear of the chauvinist nationalism of the Polish bourgeoisie. In the aforementioned article Lenin points out several errors of Rosa Luxemburg's analysis and dismantles her position in detail; in particular, he points out that she "has opened the door wide for the opportunists, and especially for opportunist concessions to Great-Russian nationalism.”  And indeed, as Lenin described, the Russian liberals and opportunists wasted no time borrowing Rosa Luxemburg's positions in defence of the tsarist empire (Grand-Russian nationalism).

Trotsky also wasted no time borrowing that position from Rosa Luxemburg. (Note, however, that despite this mistake – and of a few other ones --, Rosa Luxemburg has nothing to do with Trotsky. Rosa Luxemburg, in addition to some theoretical work of interest, was a consequent communist militant who gave her life for the German Revolution, having been murdered by the far right thugs. Rosa Luxemburg broke with Kautsky and was one of the founders of the German Communist Party.) Lenin, in section 9 of his article, after remarking that since the writing of Rosa Luxemburg's article not a single official body of the Polish Marxists had raised the question of revising § 9, states (as in previous articles the interpolations and boldface emphases in quotations are ours):

Trotsky was therefore rendering a great disservice to certain admirers of Rosa Luxemburg when he wrote, on behalf of the editors of Borba [Trotsky’s newspaper], …:

‘…The Polish Marxists consider that ‘the right to national self-determination’ is entirely devoid of political content and should be deleted from the programme’…

The obliging Trotsky is more dangerous than an enemy! Trotsky could produce no proof, except “private conversations” (i. e., simply gossip, on which Trotsky always subsists), for classifying ‘Polish Marxists’ in general as supporters of every article by Rosa Luxemburg. Trotsky presented the ‘Polish Marxists’ as people devoid of honour and conscience, incapable of respecting even their own convictions and the programme of their Party. How obliging Trotsky is!

“When, in 1903, the representatives of the Polish Marxists walked out of the Second Congress over the right to self-determination, Trotsky could have said at the time that they regarded this right as devoid of content and subject to deletion from the programme.

“But after that the Polish Marxists joined the Party whose programme this was, and they have never introduced a motion to amend it.

Why did Trotsky withhold these facts from the readers of his journal? Only because it pays him to speculate on fomenting differences between the Polish and the Russian opponents of liquidationism and to deceive the Russian workers on the question of the programme.

Trotsky has never yet held a firm opinion on any important question of Marxism. He always contrives to ‘worm his way into’ the cracks of any given difference of opinion, and desert one side for the other. At the present moment he is in the company of the Bundists and the liquidators. …”

In full WWI when the self-determination issue was a very sensitive one, Lenin wrote in The Discussion On Self-Determination Summed Up (July 1916):

As for the Kautskyites, they hypocritically recognise self-determination; Trotsky and Martov are going the same way here in Russia. Both of them, like Kautsky, say they favour self-determination. What happens in practice? Take Trotsky’s articles ‘The Nation and the Economy’ in Nashe Slovo [56], and you will find his usual eclecticism: on the one hand, the economy unites nations and, on the other, national oppression divides them. The conclusion? The conclusion is that the prevailing hypocrisy remains unexposed, ...

No matter what the subjective ‘good’ intentions of Trotsky and Martov may be, their evasiveness objectively supports Russian social-imperialism.

Março-Junho de 1914
De novo o pretenso «não fraccionismo» de Trotski

Num artigo de 4 de Maio, A Luta Ideológica no Movimento dos Trabalhadores, Lénine, ao analisar a história do movimento operário assinala que «O economismo e o liquidacionismo são duas formas diferentes do mesmo oportunismo intelectual pequeno-burguês, que existe desde há vinte anos. É um facto indubitável que existe uma relação não só ideológica, mas também pessoal entre todas estas formas de oportunismo» e, sobre isto, afirma:

«Aqueles que (como os liquidadores e Trotski) silenciam ou falseiam esta história de vinte anos de luta ideológica no movimento operário, causam um dano incalculável aos operários.»

Por esta altura, Trotski,  tendo-se já separado do  «bloco de Agosto» editava o seu jornal Borbá. Num artigo de 13 de Maio, intitulado A Unidade dos Trabalhadores e as «Tendências» Intelectuais, Lénine comenta a rejeição pelos trabalhadores dos jornais de certos «unificadores», e diz:

«Qualquer grupito de intelectuais pode editar um folheto ou um periódico insignificante e proclamar-se “tendência”, como por exemplo o grupo do filósofo anti-marxista Bogdanov, ou o grupo de Trotski, ou o de N. N. Guimmer, que vacila entre os populistas e os marxistas, etc.»

Entretanto, os insultos lançados por liquidadores e trotskistas sobre o partido bolchevique e o seu jornal Pravda, continuavam. Procuravam passar a mentira de que eles é que representavam os trabalhadores, enquanto os Pravdistas (bolcheviques) eram uma mera fracção. Lénine refutou várias vezes tal mentira, na Rússia e no estrangeiro. No artigo Unidade (30 de Maio), apresenta os seguintes dados:
March-June 1914
Again Trotsky's alleged "non factionalism"

In a May 4 article, Ideological Struggle in Working-Class Movement, Lenin, analyzing the history of the working-class movement, points out that “Economism and liquidationism are two different forms of the same petty-bourgeois, intellectualist opportunism that   has existed for twenty years. That there is a personal as well as ideological connection between all these forms of opportunism is an undoubted fact.” And he adds:

People who (like the liquidators and Trotsky) ignore or falsify this twenty years’ history of the ideological struggle in the working-class movement do tremendous harm to the workers.

By this time Trotsky, having already split away from the “August bloc”, was publishing his newspaper, Borba. In a May 13 article, entitled Workers’ Unity and Intellectualist “Trends”, Lenin comments on workers’ rejection of newspapers of certain “unifiers”, and says:

Any little group of intellectuals can publish a pamphlet or a paltry journal, and proclaim themselves a ‘trend’, as, for example, the group of the anti-Marxist philosopher Bogdanov, or Trotsky’s group, or N. N. Himmer’s, which vacillates between the Narodniks and the Marxists, and so forth.

Meanwhile, abuse from liquidators and Trotskyites cast on the Bolshevik party and its newspaper Pravda continued. They sought to pass the lie that it was they who represented the workers, while the Pravdists (Bolsheviks) were nothing but a mere fraction. Lenin unrelentingly refuted this lie in Russia and abroad. In his article Unity (May 30) Lenin presents the following data:

Número de grupos de operários que deram contribuições para jornais de S. Petersburgo:
The number of workers’ groups in which collections were made for newspapers in St. Petersburg:

                                                                                              Pravdistas             Liquidacionistas
                                                                                              Pravdist                Liquidationist
Em dois anos completos, 1912 e 1913 ................................     2 801                          750
For the two full years, 1912 and 1913
Na primeira metade de 1914 (1 de Janeiro a 13 de Maio) ...    2 873                           671
For half of 1914 (January 1 to May 13)
Total......................................................................................    5 674                        1 421

E diz:

«Estes números, que já foram publicados muitas vezes sem que ninguém os rectificasse ou contestasse, mostram que os liquidadores contam com o apoio de apenas um quinto dos operários com consciência de classe (e os números deles incluem todos os seus aliados: caucasianos, trotskistas, bundistas, e letões; os seus aliados estão agora a abandoná-los; os letões já o fizeram).
...
«... Os operários não são crianças para crer que essa maioria de 4/5 vai permitir à minoria de 1/5, ou a intelectuais sem qualquer apoio operário, que burlem a vontade da maioria dos operários! ...

«Que injuriem os pravdistas e lhes chamem “usurpadores”. Que tais injúrias sirvam para unir os liquidadores, Plekanov [57], Trotski, os partidários de Vperiod, os bundistas, ... São apenas injúrias provenientes de grupitos impotentes, irritados perante a sua própria impotência.»

Em Maio de 1914 a revista Prosveschenie (Esclarecimento), publica o artigo de Lénine Sobre a Violação da Unidade Encoberta com Gritos de Unidade. Este longo e importante artigo ao mesmo tempo que actualiza a análise do artigo A Nova Fracção dos Conciliadores, ou os Virtuosos, de 31 de Outubro de 1911, denuncia novas mentiras, novas distorções da história, novas incompreensões do marxismo por parte de Trotski, e o seu tratamento dos operários como se fossem atrasados mentais. Citamos algumas passagens que nos parecem mais importantes:

«Trotski chama “não fraccionista” à sua nova revista [Borbá]. Coloca esta palavra em primeiro lugar nos anúncios, realça-a em todos os tons nos artigos de fundo, tanto na própria Borbá como na liquidacionista Sievernaia Rabotchaia Gazeta, ...

«O que é esse “não fraccionismo”?

«A “revista operária” de Trotski é a revista de Trotski para operários, pois nela não há nem sinal de iniciativa operária nem de ligação a organizações operárias. No seu afã de escrever num estilo popular, Trotski explica aos seus leitores, na sua revista para operários, o significado de palavras como “território", “factor”, etc.

«Muito bem. Porque não explica também aos operários a palavra “não-fraccionismo”? Será que ela é mais fácil de compreender que as palavras “território” e “factor”?

«Não, não é isso. É que a etiqueta de “não fraccionismo” é usada pelos piores representantes dos piores restos de fraccionismo para enganar a jovem geração de operários. ...»

Após descrever a história das cisões:

«Basta recordar estes factos do conhecimento geral para ver que clamorosas mentiras são difundidas por Trotski.»

À afirmação de Trotski do «caos da luta fraccionista», Lénine contrapõe dados objectivos que lhe permitem afirmar que não há qualquer tipo de “caos” na luta entre os marxistas e os populistas nem entre os marxistas e os liquidadores. Lénine analisa então o que se passa com os pequenos grupos no estrangeiro que constituíram o «bloco»:

«E aqui, em determinado sentido, Trotski tem razão: isto é efectivamente fraccionismo, isto é efectivamente caos!
...
«Nem uma só destas cinco fracções no estrangeiro fez qualquer coisa de marcante durante todo este período de dois anos [1912 e 1913], nem sequer numa só das manifestações acima indicadas do movimento operário de massas na Rússia!

«Este é um facto que qualquer um pode facilmente verificar.

«E este facto comprova que tínhamos razão ao dizer que Trotski era um representante dos “piores restos do fraccionismo”.

«Não fraccionista em palavras, Trotski, como sabem todos os que conhecem minimamente o movimento operário na Rússia, é o representante da fracção de Trotski”»

Sobre a ideologia de certos grupitos no estrangeiro, Lénine observa que não «se pode negar [terem] uma certa precisão», mas...

«Mas em Trotski não existe precisão ideológico-política alguma, pois a patente do “não fraccionismo” significa apenas (já veremos isso mais pormenorizadamente) uma patente de plena liberdade de passar de uma fracção a outra e inversamente.
...
“...Trotski não explica nem compreende o significado histórico das divergências ideológicas entre as correntes e fracções no marxismo, apesar de estas divergências encherem vinte anos de história da social-democracia...
...
«... Cobrindo-se com o “não fraccionismo” Trotski defende uma das fracções no estrangeiro especialmente sem ideias e sem bases no movimento operário da Rússia

Comentando a vociferação de Trotski de que «a táctica cisionista [dos bolcheviques] está a obter vitórias suicidas, uma atrás da outra», diz Lénine:

«”Suicídio” é simplesmente uma frase, uma frase oca, apenas “trotskismo”.

«Cisionismo é uma acusação política séria. Esta acusação é repetida contra nós de mil maneiras tanto pelos liquidacionistas como por todos os grupos, acima enumerados ...
...
«Vós acusais-nos de cisionismo, e entretanto não vemos diante de nós, na arena do movimento operário da Rússia, senão o liquidacionismo. Quer dizer, vós considerais errada a nossa atitude para com o liquidacionismo? ...
...
«Se a nossa atitude para com o liquidacionismo é errada no plano teórico, dos princípios, Trotski deveria tê-lo dito directamente, declarado precisamente, indicado sem rodeios, em que vê esse erro. Mas Trotski evita há anos este ponto fundamental

Comentando outra vociferação de Trotski de que «Numerosos operários avançados em estado de plena desorientação política transformam-se eles próprios com frequência [devido aos bolcheviques] em agentes activos da cisão»:

«Esta explicação, é desnecessário dizer, é extremamente lisonjeira para Trotski, para todas as cinco fracções no estrangeiro e para os liquidacionistas. Trotski gosta muito de usar, com o ar erudito do conhecedor, frases pomposas e sonoras, para explicar fenómenos históricos de um modo lisonjeiro para Trotski. Se “numerosos operários avançados” se tornam “agentes activos” de uma linha política e partidária que não se coaduna com a linha de Trotski, então Trotski resolve a questão, sem constrangimento, imediata e directamente: esses operários avançados encontram-se “em estado de plena desorientação política”, e ele, Trotski, evidentemente, “em estado” de firmeza política, clareza e justeza de linha!... E este mesmo Trotski, batendo com a mão no peito, fulmina o fraccionismo, o espírito de círculo, a tendência própria de intelectuais para impor a sua vontade aos operários!»

Lénine analisa vários dados objectivos, concluindo a análise do cisionismo com:

«O “não-fraccionismo” de Trotski é de facto táctica cisionista no sentido da mais desavergonhada burla da vontade da maioria dos operários.»

Prosseguindo com a análise detalhada e documentada da desintegração do «bloco de Agosto», do conciliacionismo e das concepções liquidacionistas de Trotski, que põem a nu as posições sem princípios de Trotski, Lénine diz nomeadamente:

«Trotski repete as calúnias liquidacionistas contra o partido, temendo referir-se à história de vinte anos de luta de correntes dentro do partido.
...
«Se se aborda a história, há que explicar as questões concretas e as raízes de classe das diversas correntes; ... Mas Trotski “aborda” a história para fugir às questões concretas e inventar uma justificação ou um simulacro de justificação para os oportunistas actuais!
...
«Trotski evita os factos e as referências concretas porque elas desmentem implacavelmente todas as suas irritadas exclamações e frases pomposas. Evidentemente que dar-se ares e dizer “grosseira caricatura sectária” é muito fácil. Ou acrescentar umas palavrinhas ainda mais mordazes e pomposas, sobre a “emancipação em relação ao fraccionismo conservador”.
...
«Os “vira-casacas de Tuchino” [58] declaram-se acima das fracções com base na única razão de que “tomam de empréstimo” as ideias hoje de uma fracção e amanhã de outra. Trotski era um ardoroso “iskrista” nos anos de 1901-1903, e Riazánov chamou ao seu papel no congresso de 1903 de “cacete de Lénine”. Nos fins de 1903 Trotski era um ardoroso menchevique, isto é, dos iskristas passou para os “economistas”; proclamou que “entre o velho e o novo Iskra há um abismo”. Em 1904-1905 desertou dos mencheviques e ocupou uma posição vacilante, ora colaborando com Martínov (o “economista”) ora proclamando a teoria absurdamente esquerdista da “revolução permanente”. Em 1906-1907 aproximou-se dos bolcheviques e na Primavera de 1907 declarou estar de acordo com Rosa Luxemburgo.

«Na época da desagregação, após longas vacilações “não fraccionistas”, vai de novo para a direita e em Agosto de 1912 entra num bloco com os liquidacionistas. Agora afastou-se de novo deles, mas repete no fundo as suas mesmas ideiazinhas.»

Em 1914 Lénine ainda refere a falta de princípios de Trotski em dois artigos: 1) O Significado Político das Injúrias (24 de Junho) – «Pareceria que o valente Plekanov [57], o intrépido Trotski, os audazes partidários do Vperiod e os nobres liquidadores não poderiam ter-se unido para injuriar os usurpadores [os bolcheviques], sem também se unirem para derrubar os usurpadores», mas não o conseguiram fazer; 2) Dados Objectivos Sobre a Força das Distintas Tendências no Movimento Operário (26 de Junho) -- «Um dos principais erros (ou crimes contra a classe operária), se não o mais grave, dos populistas e liquidadores assim como dos diversos grupitos de intelectuais -- partidários do Vperiod, plekanovistas, trotskistas – é o seu subjectivismo. Procuram constantemente fazer passar os seus desejos, as suas “opiniões”, as suas apreciações da situação e os seus “planos” como se fossem a vontade dos operários, as necessidades do movimento operário».
And states:

“These figures, which have been published many times and have never been revised or challenged, show that the liquidators have the support of only one-fifth of the class-conscious workers (and their figures include all their allies: the Caucasians, Trotskyites, Bundists and the Letts; their allies are now falling away from them; the Letts have already done so).
....
“… The workers are not infants to believe that this four-fifths majority will allow the minority of one-fifth, or intellectuals who have no workers’ backing at all, to flout the will of the majority of the workers!...

“Let those who want to abuse the Pravdists and call them “usurpers” do so. Let this abuse unite the liquidators, Plekhanov [57], Trotsky, the Vperyodists, the Bundists, ... This is abuse coming from impotent little groups, who are angry at their own impotence.”

In May 1914 the magazine Prosveschenye (Enlightment), published Lenin's article Disruption of Unity Under Cover of Outcries for Unity. This long and important article, updates the analysis of the article The New Faction of the Conciliators, or the Virtuous, of 31 October 1911, and exposes new lies, new distortions of history, new misunderstandings of Marxism by Trotsky, and his addressing to the workers as if they were mentally retarded. We quote here some excerpts that seem to us to be the most important ones:

“Trotsky calls his new journal [Borba] ‘non-factional’. He puts this word in the top line in his advertisements; this word is stressed by him in every key, in the editorial articles of Borba itself, as well as in the liquidationist Severnaya Rabochaya Gazeta, ...

“What is this ‘non-factionalism’?

“Trotsky’s ‘workers’ journal’ is Trotsky’s journal for workers, as there is not a trace in it of either workers’ initiative, or any connection with working-class organisations. Desiring to write in a popular style, Trotsky, in his journal for workers, explains for the benefit of his readers the meaning of such foreign words as ‘territory’, ‘factor’, and so forth.

“Very good. But why not also explain to the workers the meaning of the word ‘non-factionalism’? Is that word more intelligible than the words ‘territory’ and ‘factor’?

“No, that is not the reason. The reason is that the label ‘non-factionalism’ is used by the worst representatives of the worst remnants of factionalism to mislead the younger generation of workers. …”

After describing the history of splits:

It is sufficient to recall these commonly known facts to realise what glaring falsehoods Trotsky is spreading.

To Trotsky's statement of the "chaos of the factional strife," Lenin counters with objective data that allow Lenin to say that there is no "chaos" in the struggle between Marxists and populists, nor between Marxists and liquidators. Lenin then analyzes what happens to the little groups abroad that had formed the “bloc”':

“Here Trotsky is right in a certain sense; this is indeed group-division, chaos indeed!
“Throughout those two years [1912 and 1913], not one of these five groups abroad asserted itself in the slightest degree in any of the activities of the mass working-class movement in Russia just enumerated!

“That is a fact that anybody can easily verify.

“And that fact proves that we were right in calling Trotsky a representative of the ‘worst remnants of factionalism’.

Although he claims to be non-factional, Trotsky is known to everybody who is in the least familiar with the working-class movement in Russia as the representative of ‘Trotsky’s faction’.”

On the ideology of certain small groups abroad, Lenin makes the observation that “It cannot be denied that … [they] possess a degree of definiteness”, but …

Trotsky, however, possesses no ideological and political definiteness, for his patent for “non-factionalism”, as we shall soon see in greater detail, is merely a patent to flit freely to and fro, from one group to another.
“… Trotsky does not explain, nor does he understand, the historical significance of the ideological disagreements among the various Marxist trends and groups, although these disagreements run through the twenty years’ history of Social Democracy…
“…Under cover of ‘non-factionalism’ Trotsky is championing the interests of a group abroad which particularly lacks definite principles, and has no basis in the working-class movement in Russia.”

Commenting on Trotsky's vociferation “Splitting tactics [of the Bolsheviks] are winning one suicidal victory after another”, Lenin says:

 “’Suicide’ is a mere empty phrase, mere ‘Trotskyism’.

“Splitting tactics are a grave political accusation. This accusation is repeated against us in a thousand different keys by the liquidators and by all the groups enumerated above …
“You accuse us of being splitters when all that we see in front of us in the arena of the working-class movement in Russia is liquidationism. So you think that our attitude towards liquidationism is wrong?...
If our attitude towards liquidationism is wrong in theory, in principle, then Trotsky should say so straightforwardly, and state definitely, without equivocation, why he thinks it is wrong. But Trotsky has been evading this extremely important point for years.

Commenting another vociferation of Trotsky that “Numerous advanced workers, in a state of utter political bewilderment, themselves often become [due to the Bolsheviks] active agents of a split”:

“Needless to say, this explanation is highly flattering to Trotsky, to all five groups abroad, and to the liquidators. Trotsky is very fond of using, with the learned air of the expert, pompous and high-sounding phrases to explain historical phenomena in a way that is flattering to Trotsky. Since “numerous advanced workers” become “active agents” of a political and Party line which does not conform to Trotsky’s line, Trotsky settles the question unhesitatingly, out of hand: these advanced workers are “in a state of utter political bewilderment”, whereas he, Trotsky, is evidently “in a state” of political firmness and clarity, and keeps to the right line!... And this very same Trotsky, beating his breast, fulminates against factionalism, parochialism, and the efforts of intellectuals to impose their will on the workers!”

Lenin provides various objective data, concluding his analysis of the splitting issue with:

“Trotsky’s ‘non-factionalism’ is, actually, splitting tactics, in that it shamelessly flouts the will of the majority of the workers.”

Continuing with a detailed and documented analysis of the break-up of the “August bloc”, and of Trotsky’s conciliationism and liquidationist conceptions, an analysis which lay bare Trotsky’s unprincipled stances, Lenin says  namely:

“Trotsky repeats the liquidationist slander against the Party and is afraid to mention the history of the twenty years’ conflict of trends within the Party.
“When dealing with history, one must explain concrete questions and the class roots of the different trends; ... But Trotsky ‘deals with’ history only in order to evade concrete questions and to invent a justification, or a semblance of justification, for the present-day opportunists!
...
The reason why Trotsky avoids facts and concrete references is because they relentlessly refute all his angry outcries and pompous phrases. It is very easy, of course, to strike an attitude and say: ‘a crude and sectarian travesty’. Or to add a still more stinging and pompous catch-phrase, such as ‘emancipation from conservative factionalism’.
...
“The only ground the ‘Tushino turncoats’ [58] have for claiming that they stand above groups is that they ‘borrow’ their ideas from one group one day and from another the next day. Trotsky was an ardent Iskrist in 1901-1903, and Ryazanov described his role at the Congress of 1903 as ‘Lenin’s cudgel’. At the end of 1903, Trotsky was an ardent Menshevik, i. e., he deserted from the Iskrists to the Economists. He said that ‘between the old Iskra and the new lies a gulf’. In 1904-1905, he deserted the Mensheviks and occupied a vacillating position, now co-operating with Martynov (the Economist), now proclaiming his absurdly Left ‘permanent revolution’ theory. In 1906-07, he approached the Bolsheviks, and in the spring of 1907 he declared that he was in agreement with Rosa Luxemburg.

In the period of disintegration, after long ‘non-factional’ vacillation, he again went to the right, and in August 1912, he entered into a bloc with the liquidators. He has now deserted them again, although in substance he reiterates their shoddy ideas.

In 1914 Lenin makes yet further references to the unprincipled stances of Trotsky in two articles: 1) The Political Significance of Vituperation (June 24) – “It would seem that the brave Plekhanov [57], the courageous Trotsky, the bold Vperyodists and the noble liquidators could not have united to abuse the usurpers without also uniting for the purpose of overthrowing the usurpers”, but they were unable to achieve that; 2) Objective Data on the Strength of Various Trends in the Workers’ Movement (June 26) -- “One of the greatest, if not the greatest, faults (or crimes against the working class) of the Narodniks and liquidators, as well as of the various groups of intellectuals such as the Vperyodists, Plekhanovites and Trotskyists, is their subjectivism. At every step they try to pass off their desires, their ‘views’, their appraisals of the situation and their ‘plans’, as the will of the workers, the needs of the working-class movement.”

Novembro de 1915 – De novo a «revolução permanente»

Trotski nunca se libertou da sua «teoria da revolução permanente» de que já falámos em artigo anterior, «teoria» que, como vimos acima, Lénine chamava de «absurdamente esquerdista». Algumas palavras mais sobre esta teoria que Trotski e seus seguidores consideravam uma magna contribuição para o marxismo (sobre o uso abusivo de Marx em apoio da «teoria», ver artigo anterior).

A «revolução permanente» de Trotski resumia-se a incitar o proletariado a um «permanente» brincar às revoluções, sem ter em conta a correlação de forças, sem aliados e sem etapas. Trotski confiava na espontaneidade da acção proletária e defendia um curso aventureiro de rebelião desordenada. A sua palavra de ordem «tudo ou nada» estava na base da sua rejeição do desenvolvimento etapa por etapa da revolução [3]. Trotski insistiu que não havia necessidade de estabelecer uma ampla coligação de massas proletárias e não proletárias, rejeitando na Rússia o papel do campesinato que era precisamente a camada social maioritária na Rússia (aprox. 82% em 1917). Tentou sustentar que a participação do campesinato «anti-socialista» na revolução russa comprometeria a plena vitória do proletariado. Considerava o desenvolvimento etapa por etapa da revolução como produto de um exercício intelectual, e não como produto do processo histórico objectivo. Baseando-se na sua teoria do imperialismo defendia que somente na arena internacional os problemas da revolução russa poderiam ser resolvidos. Denunciando o aventureirismo esquerdista desta tese, Lénine apontou que era tarefa do partido proletário não brincar às revoluções, não embarcar na revolução por uma questão de revolução, mas guiar a luta de classes do proletariado em nome da sua emancipação.

Num artigo de 20 de Novembro intitulado Sobre as Duas Linhas da Revolução, Lénine comenta a falência de Trotsky em entender a importância do campesinato, dizendo:

«A tarefa principal de um partido revolucionário é esclarecer a correlação de classes na revolução que se aproxima. ... Nesta questão, Trotski propõe uma solução errada no Nashe Slovo, repetindo a sua “original” teoria de 1905 [da «revolução permanente»] e negando-se a reflectir sobre as causas pelas quais, durante dez anos, a vida passou ao lado dessa magnífica teoria.

«A original teoria de Trotski copia dos bolcheviques o apelo ao proletariado a uma luta revolucionária decidida e à conquista do poder político, e dos mencheviques, a “negação” do papel do campesinato. O campesinato -- diz ele --diferenciou-se ...: o seu possível papel revolucionário só tem vindo a diminuir; uma revolução “nacional” é impossível na Rússia; “vivemos na era do imperialismo” e “o imperialismo não contrapõe a nação burguesa ao antigo regime, mas sim o proletariado à nação burguesa”.

«Temos aqui um divertido exemplo de como se pode jogar com a palavra “imperialismo”! Se na Rússia o proletariado já se contrapõe à “nação burguesa”, quer dizer que a Rússia se encontra em vésperas de uma revolução socialista! Mas então a palavra de ordem de “expropriação das terras dos latifundiários” (repetida por Trotski em 1915 ...) é incorrecta, e não se deve falar de um governo “operário revolucionário”, mas de um governo “operário socialista”! Trotski embrulha-se a tal ponto que chega a declarar que o proletariado, com a sua firmeza, arrastará também “as masas populares não proletárias” ...! Trotski não pensou que se o proletariado arrasta as massas não proletárias do campo à expropriação das terras dos latifundiários e derruba a monarquia, isso será precisamente a consumação da "revolução nacional burguesa” na Rússia, será justamente a ditadura democrática revolucionária do proletariado e do campesinato!

«... Porém, o antagonismo entre o campesinato, por um lado, e os Markovs, Romanovs e Kvostovs, por outro, acentuou-se e agudizou-se. Isto é uma verdade tão evidente que nem os milhares de frases em dezenas de artigos de Trotski em Paris poderão “refutá-la”. Trotski ajuda na prática os políticos trabalhistas liberais da Rússia que entendem por “negação” do papel do campesinato uma recusa quanto a sublevar os camponeses para a revolução!»
November 1915 - Again the “permanent revolution”

Trotsky never broke free from his "theory of the permanent revolution" of which we have already spoken in a previous article, "theory" which, as we saw above, Lenin called "absurdly Left." A few more words about this theory that Trotsky and his followers considered a major contribution to Marxism (on the "theory" misuse of Marx, see previous article).

Trotsky's "permanent revolution" boiled down to inciting the proletariat to a "permanent" playing at revolutions, without regard to the correlation of forces, without allies and without stages. Trotsky relied on the spontaneity of proletarian action and advocated an adventurous course of disorderly rebellion. His slogan "all or nothing" was at the root of his rejection of the stage-by stage development of the revolution [3]. Trotsky insisted that there was no need to establish a broad coalition of proletarian and non-proletarian masses, rejecting in Russia the role of the peasantry which was precisely the major social strata in Russia (approx. 82% in 1917). He tried to maintain that the participation of the "anti-socialist" peasantry in the Russian revolution would impede the full victory of the proletariat. He considered the stage-by stage development of the revolution as a product of an intellectual exercise, and not as the product of the objective historical process. Based on his theory of imperialism, he argued that only in the international arena could the problems of the Russian revolution be solved. Exposing the leftist adventurism of this thesis, Lenin pointed out that it was the task of the proletarian party not to play at revolution, not to embark upon revolution for the sake of revolution, but to guide the class struggle of the proletariat in the name of its emancipation.

In a November 20 article entitled On the Two Lines in the Revolution Lenin comments on Trotsky’s failure to realize the importance of the peasantry, saying:

“To bring clarity into the alignment of classes in the impending revolution is the main task of a revolutionary party. ... This task is being wrongly tackled in Nashe Slovo by Trotsky, who is repeating his ‘original’ 1905 theory [of the ‘permanent revolution’] and refuses to give some thought to the reason why, in the course of ten years, life has been bypassing this splendid theory.

From the Bolsheviks Trotsky’s original theory has borrowed their call for a decisive proletarian revolutionary struggle and for the conquest of political power by the proletariat, while from the Mensheviks it has borrowed ‘repudiation’ of the peasantry’s role. The peasantry, he asserts, … have become differentiated; their potential revolutionary role has dwindled more and more; in Russia a ‘national’ revolution is impossible; ‘we are living in the era of imperialism,’ says Trotsky, and ‘imperialism does not contrapose the bourgeois nation to the old regime, but the proletariat to the bourgeois nation.

“Here we have an amusing example of playing with the word ‘imperialism’. If, in Russia, the proletariat already stands contraposed to the ‘bourgeois nation’, then Russia is facing a socialist revolution (!), and the slogan ‘Confiscate the landed estates’ (repeated by Trotsky in 1915, …), is incorrect; in that case we must speak, not of a ‘revolutionary workers’ government’, but of a ‘workers’ socialist government’! The length Trotsky’s muddled thinking goes to is evident from his phrase that by their resoluteness the proletariat will attract the ‘non-proletarian popular masses’ as well…! Trotsky has not realized that if the proletariat induce the non-proletarian masses to confiscate the landed estates and overthrown the monarchy, then that will be the consummation of the ‘national bourgeois revolution’ in Russia; it will be a revolutionary-democratic dictatorship of the proletariat and the peasantry!

“…However, the antagonism between the peasantry, on the one hand, and the Markovs, Romanovs and Khvostovs, on the other, has become stronger and more acute. This is such an obvious truth that not even the thousands of phrases in scores of Trotsky’s Paris articles will ‘refute’ it. Trotsky is in fact helping the liberal-labour politicians in Russia, who by ‘repudiation’ of the role of the peasantry understand a refusal to raise up the peasants for the revolution!

O Falso Internacionalismo de Trotski

Os trotskistas gritam muito sobre o  nobre internacionalismo de Trotski e deles próprios. Nas denominações de muitos grupitos trotskistas não falta a palavra «internacionalista». Nada há,  porém, de mais falso que o pretenso internacionalismo de Trotski!

Já vimos como na sua “teoria” do imperialismo Trotski dizia que o imperialismo exprimia uma tendência progressiva de criar uma economia global, libertando-a dos freios da nação, convergindo com o seu aliado Kautsky na ideia do ultra-imperialismo. Vamos agora ver, como na crise da 1.ª GM, Lénine comenta mais uma das muitas reviravoltas oportunistas de Trotski,  desta vez ligando-se ao social-nacionalismo.

Inicio de 1915 – A ligação de Trotski ao social-nacionalismo

No início de 1915 Lénine escreveu Sob uma Bandeira Alheia onde critica Potressov, líder dos liquidadores, por defender posições nacionalistas fazendo-se passar por internacionalista. Potressov justificava-se com análises históricas que Marx aplicara a movimentos nacionais libertadores (concretamente, à guerra de libertação nacional da Itália em 1859), em que a burguesia tinha tido um papel progressista, silenciando o facto de que a época em que escrevia era bem diferente: era a do capital financeiro reaccionário e imperialista. Lénine assinala que Potressov «esquecia» que o «método de Marx consiste antes de mais em ter em conta o conteúdo objectivo do processo histórico num dado momento concreto, numa dada situação concreta, a fim de compreender antes de mais nada qual é a classe cujo movimento é a mola principal do progresso possível nessa situação concreta.» Potressov também defendia que a chamada segunda época do capitalismo (aprox. 1871-1914: ascenso da burguesia, dos movimentos democráticos burgueses em geral) era caracterizada pelo «gradualismo», pelo «avanço sistemático, constante e cauteloso» e de “nem revolução, nem guerras” na Europa. Sobre isto, Lénine diz:

«O principal defeito desta caraterização, tal como da caracterização da mesma época feita por Trotski, consiste em não querer ver e admitir as profundas contradições internas na democracia moderna que se desenvolveu sobre a base descrita...
...
«A “ideia do gradualismo que permeia tudo” não foi de modo nenhum a disposição inteiramente dominante da democracia moderna, como se conclui de Potressov e Trotski. Não, esta ideia de gradualismo cristalizou-se numa determinada tendência, que criou frequentemente na Europa desse período fracções separadas e por vezes mesmo partidos separados ... Mais ainda, essa tendência apoiava-se cada vez mais – e por fim “apoiou-se” definitivamente, digamos assim – nos interesses duma certa camada social no seio da democracia moderna.

«A “ideia do gradualismo que permeia tudo” atraiu naturalmente às fileiras da democracia moderna toda uma série de companheiros de jornada pequeno-burgueses ... formou-se, de forma mais ou menos nítida e pronunciada, uma espécie de burocracia e aristocracia da classe operária.

«Considere-se, por exemplo, a posse de colónias, a expansão dos domínios coloniais. Este foi sem dúvida um dos traços distintivos da época descrita e da maioria dos grandes Estados. Economicamente, que significava isso? Um certo volume de super-lucros e privilégios particulares para a burguesia. E também a possibilidade para uma pequena minoria de pequenos burgueses, de empregados e funcionários melhor colocados do movimento operário, etc., receberem algumas “migalhas do grande bolo”...

«Em suma, a ”ideia do gradualismo que permeia tudo” da segunda época (ou época de ontem) não criou apenas uma certa “inadaptabilidade às quebras do desenvolvimento gradual”, como pensa A. Potréssov, ou apenas certas inclinações “possibilistas”, como supõe Trotski: ela criou toda uma tendência oportunista que se apoia numa determinada camada social no seio da democracia moderna, ligada à burguesia da sua “cor” nacional pelos múltiplos laços dos interesses económicos, sociais e políticos comuns -- tendência directa, aberta e inteiramente consciente, e sistematicamente hostil a qualquer ideia de “quebra do gradualismo”.

«A raiz de toda uma série de erros tácticos e organizativos de Trotski ... reside precisamente no seu receio ou recusa ou incapacidade de reconhecer este facto da completa “maturidade” da tendência oportunista, bem como da sua estreitíssima e indissolúvel ligação com os nacionais-liberais (ou social-nacionalismo) dos nossos dias. [itálicos nossos]

«A ligação entre o oportunismo e o social-nacionalismo é negada, de modo geral, tanto por Potressov, como por Mártov, Axelrod, ... e Trotski.»
Trotsky's False Internationalism

Trotskyists shout a lot about the noble internationalism of Trotsky and of themselves. In the denominations of many Trotskyist groups the word "internationalist" is a must. In spite of all that, there is nothing more false than Trotsky's alleged internationalism!

We have already seen how in his "theory" of imperialism Trotsky said that imperialism expressed a progressive tendency to build a global economy, freeing it from the fetters of the nation, thereby converging with his ally Kautsky on the idea of ultra-imperialism. Let us now see, how in full crisis of the WWI, Lenin comments on yet another of Trotsky's many opportunistic twists, this time of his linking to social-nationalism.

Early 1915 – Trotsky’s link to social-nationalism

In early 1915 Lenin wrote Under a False Flag where he criticizes Potresov, leader of the liquidators, for defending nationalist positions although posing as an internationalist. Potresov justified himself with historical analyzes that Marx had applied to national liberating movements (namely, the national liberation war of Italy in 1859), in which the bourgeoisie had played a progressive role, silencing the fact that the time he was writing was of a very different nature: was the time of reactionary and imperialist finance capital. Lenin points out that Potresov was "forgetting" that "Marx’s method consists, first of all, in taking due account of the objective content of a historical process at a given moment, in definite and concrete conditions; this in order to realise, in the first place, the movement of which class is the mainspring of the progress possible in those concrete conditions.” Potresov also claimed that the so-called second epoch of capitalism (approx. 1871-1914: rise of the bourgeoisie, of bourgeois democratic movements in general) was characterized by “gradualism”, by “smooth and cautious advance,” and “neither revolution, nor war” in Europe. Commenting this claim, Lenin says:

The chief shortcoming in this characterisation, as in Trotsky’s characterisation of the same epoch, is a reluctance to discern and recognise the deep contradictions in modern democracy, which has developed on the foundation described above.
“’The idea of all-pervading gradualism’ was in no way the predominant sentiment in all contemporary democracy, as the writings of Potresov and Trotsky imply. No, this gradualism was taking shape as a definite political trend, which at the time often produced individual groups, and sometimes even individual parties of modern democracy in Europe ... Moreover, this trend was more and more basing itself—and ultimately ‘based’ itself solidly, let us say —on the interests of a definite social stratum within the modern democracy.

“’The idea of all-pervading gradualism’ naturally attracted into the ranks of modern democracy a number of petty-bourgeois fellow-travellers … a kind of bureaucracy and aristocracy of the working class was arising in a manner more or less pronounced and clear-cut.

“Take, for instance, the possession of colonies and the expansion of colonial possessions. These were undoubted features of the period dealt with above, and with the majority of big states. What did that mean in the economic sense? It meant a sum of super-profits and special privileges for the bourgeoisie. It meant, moreover, the possibility of enjoying ‘crumbs from this big cake’ for a small minority of the petty bourgeois, as well as for the better placed employees, officials of the labour movement, etc. ...

In a word, the ’idea of all-pervading gradualism’ of the second epoch (the one of yesterday) has created, not only a certain   ‘non-adaptability to any break in gradualness’, as A. Potresov thinks, not only certain ‘possibilist’ tendencies, as Trotsky supposes, but an entire opportunist trend based on a definite social stratum within present-day democracy, and linked with the bourgeoisie of its own national ‘shade’ by numerous ties of common economic, social, and political interests -- a trend directly, openly, consciously, and systematically hostile to any idea of a ‘break in gradualness’.

A number of Trotsky’s tactical and organisational errors … spring from his fear, or his reluctance, or inability to recognise the fact of the “maturity” achieved by the opportunist trend, and also its intimate and unbreakable link with the national-liberals (or social-nationalists) of our times. [our italics]

The link between opportunism and social-nationalism is, generally speaking, denied by Potresov as well as by Martov, Axelrod, … and by Trotsky.”


1915 - 1916 - Fevereiro de 1917

A Conferência de Zimmerwald. O «centrista» Trotski com os social-chauvinistas

1915

O falso internacionalismo, o social-nacionalismo de Trotski iria um pouco mais tarde, em Setembro de 1915,  revelar-se em toda a sua plenitude.

Em 28 de Julho de 1914 teve início a 1.ª GM, guerra inter-imperialista para a redivisão do mundo em colónias e protectorados,  impulsionada pela burguesia imperialista, nomeadamente a do capital financeiro. Qual foi a atitude da II Internacional perante a guerra? Em 24-25 de Novembro de 1912, quando as nuvens da guerra pairavam no horizonte, o seu Congresso Extraordinário em Basileia, aprovou um manifesto que advertia os povos sobre a ameaça da guerra, revelava os objectivos de pilhagem desta guerra e apelava aos operários de todos os países para travarem uma luta decidida pela paz, opondo «ao imperialismo capitalista a força da solidariedade internacional do proletariado». Incluía também um ponto, formulado por Lénine (já em 1907), de que, caso fosse desencadeada a guerra imperialista, era dever dos socialistas aproveitarem-se da crise económica e política provocada pela guerra para erguer o povo e acelerar a queda da classe capitalista. Contudo, quando a guerra sobreveio, os dirigentes oportunistas dos partidos sociais-democratas da Alemanha, França, Bélgica, etc. [59], «esqueceram» o manifesto: aliaram-se à burguesia, aprovaram créditos para armamentos, e serviram os interesses dos «seus» círculos do capital financeiro – política social-chauvinista. A quebra da solidariedade internacionalista levou a divisões e confrontos entre partidos social-democratas [60].

O partido bolchevique foi o único que, no seu todo, se manteve fiel ao manifesto de Basileia. Por iniciativa de Lénine foi convocada uma conferência dos social-democratas que se opunham ao militarismo e, muitos deles, ao social-chauvinismo. A conferência teve lugar em Zimmerwald (Suíça) de 5 a 8 de Setembro, com 38 representantes de 11 países europeus. Os participantes dividiram-se não segundo linhas nacionais mas segundo linhas ideológicas [61]: a direita, que considerava a conferência apenas como mera manifestação contra a guerra, defendeu um pacifismo abstracto (social-pacifismo); a esquerda (Lénine, Zinoviev, Radek, Platten, Höglund, etc.) apelava a esclarecer e estimular o sentimento revolucionário das massas procurando transformar a guerra imperialista numa guerra civil pelo socialismo [62]; o «centro» que mascarava o seu oportunismo com frases empoladas como a palavra de ordem do Partido Socialista Italiano: «Nem participar na guerra nem sabotá-la» [63] que, na prática, significava o apoio à guerra.

Trotski participou na conferência como representante do Nashe Slovo [56]. Foi um dos «centristas»; repetiu a tese de Kautsky de que a guerra paralisava as potencialidades revolucionárias do proletariado e, portanto, antes de pensar em revolução, a classe trabalhadora tinha que garantir a paz. A palavra de ordem de Trotski era «luta revolucionária contra a guerra».

Trotski não negava que a guerra havia colocado a questão de uma situação revolucionária, mas, como seguidor de Kautsky, acreditava que a guerra era acidental e transitória, pois o imperialismo criara condições para o desenvolvimento «pacífico» do capitalismo, para fundir monopólios capitalistas num «super» monopólio nos Estados Unidos da Europa (ideia de Kautsky [64]). Lénine provou o absurdo da ideia dos Estados Unidos da Europa (ou de todo o mundo) como condição prévia para a vitória da revolução proletária, escrevendo em Sobre a Palavra de Ordem dos Estados Unidos da Europa (23 de Agosto): «A desigualdade do desenvolvimento económico e político é uma lei absoluta do capitalismo. Daí decorre que é possível a vitória do socialismo primeiramente em poucos países ou mesmo num só país capitalista»

Em 26 de Julho foi publicado o artigo de Lénine A Derrota do Próprio Governo na Guerra Imperialista, cujo título era a tese de Lénine em Zimmerwald e passou a ser tese da esquerda zimmerwaldista. O artigo abre com a frase «Durante uma guerra reaccionária, a clase revolucionária não pode senão desejar a derrota do seu governo» e logo a seguir diz:

«Isto é um axioma que só contestam os partidários concientes ou os lacaios impotentes dos social-chauvinistas. Entre os primeiros figura, por exemplo, Semkovski, do CO [Comité Organizador dos mencheviques, ver nota 65]...; entre os segundos, Trotski e Bukvoied  [66], e, na Alemanha, Kautsky. Desejar a derrota da Rússia, escreve Trotski, é “uma concessão, não motivada e injustificada à metodologia política do social-patriotismo, que substitui a luta revolucionária contra a guerra e contra as condições que levaram a ela, por uma orientação, altamente arbitrária nas condições actuais, segundo a linha do mal menor” ...

«Este é um exemplo das frases empoladas com as quais Trotski sempre justifica o oportunismo. Uma “luta revolucionária contra a guerra” é apenas uma exclamação vazia e sem conteúdo -- uma dessas em que são mestres os heróis da II Internacional -- se não significar as acções revolucionárias contra o próprio governo também em tempo de guerra. ... Ora, as acções revolucionárias durante a guerra, contra o próprio governo significam inegável e incontestavelmente não só o desejo da sua derrota, como ainda a contribuição prática para essa derrota. (Para o “leitor perspicaz”: isto não significa “fazer saltar pontes”, organizar greves votadas ao insucesso nas indústrias de guerra, nem, em geral, ajudar o governo a derrotar os revolucionários.)

«Trotski, que se esconde atrás de frases, afoga-se num copo de água. Julga que desejar a derrota da Rússia significa desejar a vitória da Alemanha (Bukvoied e Semkovski expressam mais francamente este “pensamento” ... que compartilham com Trotski). Mas Trotski vê nisto “a metodologia do social-patriotismo”! Para ajudar a gente que não é capaz de pensar por si mesma, a resolução de Berna [67] ... explicou que, em todos os países imperialistas, o proletariado deve agora desejar a derrota do seu próprio governo. Bukvoied e Trotski preferiram evitar esta verdade ...

«Tomemos o exemplo da Comuna de Paris. A Alemanha venceu a França, mas os operários foram vencidos por Bismarck e Thiers! Se Bukvoied e Trotski tivessem reflectido, teriam compreendido que adoptaram o ponto de vista dos governos e da burguesia sobre a guerra, isto é, que se ajoelham ante a “metodologia política do social-patriotismo”, para empregar a linguagem rebuscada de Trotski

Mais adiante, numa clara alusão a Trotski (e Riazanov [66]) que já nessa altura defendia «nem vitória nem derrota» (antecipando o seu «nem paz nem guerra» de Brest-Litovsk!) Lénine diz:

«”O sentido da nossa votação de 4 de Agosto é: não somos pela guerra, mas somos contra a derrota”, escreve no seu livro E. David [68], líder dos oportunistas. Os do CO, juntamente com Bukvoied e Trotski, ao defender a palavra de ordem “nem vitória nem derrota”, situam-se no mesmo plano do de David.

«Se examinarmos de perto esta palavra de ordem, vemos que significa a “trégua de classes”, a renúncia à luta classista das clases oprimidas em todos os países beligerantes, porque a luta classista é impossível se não se golpeia a “própria” burguesia e o “próprio” governo, ...
...
«Quem defende a palavra de ordem “nem vitória nem derrota” é um chauvinista conciente ou inconciente; no melhor dos casos, é um pequeno burguês conciliador e, de qualquer modo, um inimigo da política proletária, um partidário dos actuais governos, das actuais classes dominantes.

«Os partidários da palavra de ordem ‘nem vitória nem derrota’ estão de facto do lado da burguesia e dos oportunistas, já que ‘não crêem’ na possibilidade de acções revolucionárias internacionais da classe operária contra os seus próprios governos, nem querem contribuir para desenvolver tais acções, tarefa sem dúvida difícil, porém a única digna de um proletário, a única socialista

Durante a 1.ª GM, Trotski intensificou as suas actividades cisionistas na arena mundial. Ajudou os seguidores de Kautsky a impedir que os social-democratas revolucionários se unissem na linha internacionalista. Insistiu que a unidade internacionalista dos partidos proletários poderia ser restaurada se a luta contra o oportunismo fosse interrompida. Isso representaria uma capitulação completa dos elementos de esquerda e a adopção por eles dos princípios oportunistas [3].

Lénine denunciou o oportunismo, e a aliança com o social-chauvinismo de Trotski em outros escritos de 1915. No artigo Situação na Social-Democracia da Rússia de 26 de Julho: «Trotski que, como sempre, por princípio não está nada de acordo com os social-chauvinistas, mas na prática concorda com eles em tudo...» No artigo O Socialismo e a Guerra (cap. I, secção: O “Kautskismo”), de Julho-Agosto: «... O kautskismo ... [é] junção da fidelidade em palavras ao marxismo com a submissão de facto ao oportunismo. Esta mentira fundamental do «kautskismo» manifesta-se de diferentes formas nos diferentes países. ... Na Rússia, Trotski, rejeitando igualmente essa ideia [de defesa da pátria], defende apesar disso a unidade com o grupo oportunista e chauvinista do Nasha Zariá.» Numa carta a Alexandra Kollontai escrita após 4 de Agosto: «Roland-Holst [69], como Rakovsky ... como Trotski, são todos, na minha opinião, os mais prejudiciais “kautskistas”, no sentido de que todos eles de várias formas advogam a unidade com os oportunistas, todos de várias formas embelezam o oportunismo, todos (de vários modos) pregam o ecletismo em vez do marxismo revolucionário.»
1915 - 1916 - February 1917

The Zimmerwald Conference. The «centrist» Trotsky with the social-chauvinists

1915

Trotsky's false internationalism, his social-nationalism, would somewhat later, in September 1915, blossom in their fulness.

On July 28, 1914, began the WWI, an inter-imperialist war for the redivision of the world into colonies and protectorates, spurred on by the imperialist bourgeoisie, namely the bourgeoisie of finance capital. What was the attitude of the II International as regards the war? On November 24-25, 1912, as the clouds of war hung over the horizon, its Extraordinary Congress at Basel approved a manifesto warning the peoples of the threat of war, exposing the plundering aims of such war, and calling on the workers of all countries to wage an unrelented fight for peace, opposing "to capitalist imperialism the international solidarity of the proletariat." It also included a point formulated by Lenin (as early as 1907) that if the imperialist war were to be unleashed, it was the duty of the socialists to take advantage of the economic and political crisis brought about by the war to rouse the masses of the people and hasten the downfall of the capitalist class. However, when war broke out, the opportunistic leaders of the social democratic parties of Germany, France, Belgium, etc. [59], "forgot" the manifesto: they allied themselves with the bourgeoisie, approved credits for armaments, and took the stance of serving the interests of "their own" circles of finance capital -- social-chauvinist politics. The breakdown of internationalist solidarity led to divisions and confrontations between social democratic parties. [60]

The Bolshevik party was the only party that, as a whole, remained faithful to the Basel manifesto. At Lenin's initiative, a conference was convened of the Social Democrats who opposed militarism and, many of them, social -chauvinism as well. The conference took place in Zimmerwald (Switzerland) from 5 to 8 September, with 38 representatives from 11 European countries. The participants became divided not along national lines but along ideological lines [61]: the Rights, who regarded the conference merely as an anti-war demonstration, and advocated an abstract pacifism (social-pacifism); the Lefts (Lenin, Zinoviev, Radek Platten, Höglund, etc.) stood for clarifying and stimulating the revolutionary sentiment of the masses seeking to transform the imperialist war into a civil war for socialism [62]; the “center”, which masked its opportunism with blistering phrases such as the slogan of the Italian Socialist Party: “Neither participate in the war nor sabotage it” [63], which in practice, meant support for the war.

Trotsky attended the conference as a representative of Nashe Slovo.[56] He was one of the "centrists" and repeated Kautsky's thesis that the war paralyzed the revolutionary potentialities of the proletariat, and therefore, before thinking of revolution, the working class had to secure peace. Trotsky's slogan was "revolutionary struggle against war".

Trotsky did not deny that the war had brought the revolutionary situation to a head, but, being a follower of Kautsky, he believed that the war was accidental and transitory, for imperialism had created conditions for the "peaceful" development of capitalism, for uniting capitalist monopolies into one "super" monopoly in the United States of Europe (Kautsky's idea [64]). Lenin proved the absurdity of the idea of ​​the United States of Europe (or of the whole world) as a precondition for the victory of the proletarian revolution. In On the Slogan for a United States of Europe (August 23) Lenin wrote: “Uneven economic and political development is an absolute law of capitalism. Hence, the victory of socialism is possible first in several or even in one capitalist country alone.”

On July 26th, Lenin's article The Defeat of One’s Own Government in the Imperialist War was published. The title was a thesis that Lenin had presented at Zimmerwald and which became a thesis of the Zimmerwald Left. The article opens with the sentence "During a reactionary war a revolutionary class cannot but desire the defeat of its government” and then Lenin goes further as follows:

This is axiomatic, and disputed only by conscious partisans or helpless satellites of the social-chauvinists. Among the former, for instance, is Semkovsky of the OC [Organising Committee of the Mensheviks, see Note 65] …; and among the latter, Trotsky and Bukvoyed, [66] and Kautsky in Germany. To desire Russia’s defeat, Trotsky writes, is ‘an uncalled-for and absolutely unjustifiable concession to the political methodology of social-patriotism, which would replace the revolutionary struggle against the war and the conditions causing it, with an orientation -- highly arbitrary in the present conditions -- towards the lesser evil’ …

This is an instance of high-flown phraseology with which Trotsky always justifies opportunism. A ‘revolutionary struggle against the war’ is merely an empty and meaningless exclamation -- something at which the heroes of the Second International excel --, unless it means revolutionary action against one’s own government even in wartime. … And the wartime revolutionary action against one’s own government indubitably and unequivocally means, not only desiring its defeat, but really the practical contribution to such a defeat. (‘Discerning reader’: note that this does not mean ‘blowing up bridges’, organising unsuccessful strikes in the war industries, and, in general, helping the government defeat the revolutionaries.)

The phrase-bandying Trotsky has completely lost his bearings on a simple issue. It seems to him that to desire Russia’s defeat means desiring the victory of Germany. (Bukvoyed and Semkovsky give more direct expression to this “thought” … which they share with Trotsky.) But Trotsky regards this as the ‘methodology of social-patriotism’! To help people that are unable to think for themselves, the Berne resolution [67] made it clear that in all imperialist countries the proletariat must now desire the defeat of its own government. Bukvoyed and Trotsky preferred to avoid this truth. ...

“Take the example of the Paris Commune. France was defeated by Germany but the workers were defeated by Bismarck and Thiers! Had Bukvoyed and Trotsky done a little thinking, they would have realized that they have adopted the viewpoint on the war held by governments and the bourgeoisie, i.e., that they cringe to the ‘political methodology of social-patriotism’, to use Trotsky’s pretentious language.”

Further on, in a clear allusion to Trotsky (and Ryazanov [66]), who at that time advocated "neither victory nor defeat" (anticipating his “neither peace nor war!" at Brest-Litovsk!), Lenin says:

“The significance of our August 4 vote was that we are not for war but against defeat," David [68], a leader of the opportunists, writes in his book. The Organising Committee, together with Bukvoyed and Trotsky, stand on fully the same ground as David when they defend the ‘neither-victory nor-defeat’ slogan.

“On closer examination, this slogan will be found to mean a ‘class truce’, the renunciation of the class struggle by the oppressed classes in all belligerent countries, since the class struggle is impossible without dealing blows at one’s ‘own’ bourgeoisie, one’s ‘own’ government, …
Whoever is in favour of the slogan of ‘neither victory nor defeat’ is consciously or unconsciously a chauvinist; at best he is a conciliatory petty bourgeois but in any case he is an enemy to proletarian policy, a partisan of the existing governments, of the present-day ruling classes.

Those who stand for the ‘neither-victory-nor-defeat’ slogan are in fact on the side of the bourgeoisie and the opportunists, for they ‘do not believe’ in the possibility of international revolutionary action by the working class against their own governments, and do not wish to help develop such action, which, though undoubtedly difficult, is the only task worthy of a proletarian, the only socialist task.”

In the years of the first world war Trotsky intensified his splitting activities in the world arena. He helped Kautsky's followers to prevent the revolutionary social democrats from uniting on internationalist lines. Trotsky insisted that the internationalist unity of proletarian parties could only be restored if the struggle against opportunism was discontinued. This in effect amounted to a complete capitulation of the left-wing elements and the adoption by them of the opportunist principles [3].

Lenin denounced Trotsky's opportunism, and alliance with social-chauvinism, in other writings of 1915. In the article The State of Affairs in Russian Social-Democracy of July 26: “Trotsky, who as always entirely disagrees with the social-chauvinists in principle, but agrees with them in everything in practice...” In the article Socialism and War (Chapter I, section: “Kautskyism”), of July-August: “… Kautskyism … [is] a combination of loyalty to Marxism in words and subordination to opportunism in deeds. This fundamental falseness of “Kautskyism” manifests itself in different ways in different countries. ... In Russia Trotsky, while also rejecting this idea [defence of the fatherland], also defends unity with the opportunist and chauvinist Nasha Zarya group.” In a Letter to Alexandra Kollontai written after August 4: “Roland-Holst [69], like Rakovsky... like Trotsky, in my opinion, are all the most harmful ‘Kautskians,’ in the sense that all of them in various forms are for unity with the opportunists, all in various forms embellish opportunism, all of them (in various way) preach eclecticism instead of revolutionary Marxism.

1916

Num  artigo publicado em 18 de Fevereiro, Têm o CO e o Grupo de Tchkeidze uma linha própria?, Lénine mostra que elementos do CO e o grupo oportunista de Tchkeidze (um menchevique) na Liga de Zimmerwald mentiam quando nas suas publicações diziam ser internacionalistas. Com eles estava também Trotski:

«Trotski pode gritar contra o nosso fraccionismo para encobrir com esses gritos ... as suas próprias “expectativas”, seguramente não fraccionistas, de que alguém do grupo de Tchkeidze está “de acordo” com ele, e jura que é de esquerda, um intemacionalista, etc. Mas factos são factos.»

Em O «Programa da Paz», publicado em 25 de Março, Lénine, analisando esse programa «da união e conciliação internacional dos social-chauvinistas» apadrinhado por Kautsky, escreve:

«E Trotski? Ele está de corpo e alma pela auto-determinação, mas também isso é nele uma frase oca, já que não exige a liberdade de separação para as nações oprimidas pela “pátria” de um socialista de detrminada nacionalidade; e não fala da hipocrisia de Kautsky e dos kautskistas!»

Numa carta de 8 de Março para Henriette Roland-Holst [69] Lénine comenta:

Quais são as nossas diferenças com Trotski? ... Em resumo, ele é um kautskista, ou seja, representa a unidade com os kautskistas na Internacional e com o grupo parlamentar de Tchkheidze na Rússia. Somos absolutamente contra essa unidade. ... Actualmente, Trotski é contra o CO (Axelrod e Martov), mas é pela unidade com o grupo de Tchkheidze na Duma! Somos decididamente contra isso.
1916

In an article published on February 18, Have the Organising Committee and the Chkheidze Group a Policy of Their Own?, Lenin exposes the lies of members of the OC and of the opportunist Chkeidze’s group (Chkeidze was a Menshevik) in the Zimmerwald League when they claimed in their publications to be internationalists. Siding with them was also Trotsky:

Trotsky may shout against our factionalism, concealing with these shouts … his own, no doubt non-factional, ‘expectations’ that someone in Chkheidze’s fraction is ‘in agreement’ with him, and swears that he is a Left, an internationalist, etc. But facts remain facts.”

In The “Peace Program”, published on 25 March, Lenin, analyzing this program of “international social-chauvinist unity and conciliation” sponsored by Kautsky, stated:

What about Trotsky? He is body and soul for self-determination, but in this case, too, it is an empty phrase, for he does not demand freedom of secession for nations oppressed by the ‘fatherland’ of a socialist of a certain nationality; he is silent about the hypocrisy of Kautsky and his followers.

In a March 8 letter to Henriette Roland-Holst [69] Lenin commented:

What are our differences with Trotsky? ... In brief -- he is a Kautskyite, that is, he stands for unity with the Kautskyites in the International and with Chkheidze’s parliamentary group in Russia. We are absolutely against such unity. ... Trotsky at present is against the OC (Axelrod and Martov) but for unity with the Chkheidze Duma group! We are decidedly against.

Entretanto, a própria crise da guerra ia abrindo fissuras. Em Dezembro de 1916, no artigo O Grupo de Tchkeidze e o Papel que Desempenha, Lénine diz o seguinte:

«A pressão dos factos obriga, cada vez mais, o Nashe Slovo e Trotski, que censuram o nosso “fraccionismo”, a iniciar a luta contra o CO e Tchkeidze. O problema é, contudo, que só “sob pressão” (da nossa crítica e da crítica dos factos) os partidários do Nashe Slovo cederam posição atrás de posição, sem dizer ainda a palavra decisiva. Unidade ou ruptura com o grupo de Tchkeidze? Ainda temem tomar uma decisão! ...
...
«Recorde-se a polémica no Nashe Slovo entre Trotski e Martov, antes deste último se retirar da Redacção. Martov censurou Trotski por não ter decidido se, no momento decisivo, iria ou não seguir atrás de Kautsky. ...»

E, na Carta Aberta a Boris Souvarine [70] escrita no final de Dezembro, Lénine escreve:

«E Trotski? Depois de romper com o partido de Martov, continua a acusar-nos de sermos divisionistas. Pouco a pouco desloca-se para a esquerda e propõe inclusive romper com os dirigentes social-chauvinistas russos, mas não disse definitivamente se deseja a unidade ou ruptura com a fracção de Tchkeidze
In the meantime, the war crisis itself was opening cracks. In December 1916, in the article The Chkheidze Faction and Its Role, Lenin says:

The pressure of facts has increasingly compelled Nashe Slovo and Trotsky, who reproach us for our ‘factionalism’, to take up the struggle against the O.C. and Chkheidze. The trouble, however, is that it was only ‘under pressure’ (of our criticism and the criticism of the facts) that the Nashe Slovo supporters retreated from position to position; but they have not yet said the decisive word. Unity or a split with the Chkheidze faction? They are still afraid to decide!
“Recall the controversy between Trotsky and Martov in Nashe Slovo prior to the latter’s resignation from the Editorial Board. Martov reproached Trotsky for not having made up his mind whether or not he would follow Kautsky at the decisive moment. …”

And in the Open Letter to Boris Souvarine [70] written in late December, Lenin writes:

And Trotsky? Having broken with Martov’s party, he continues to accuse us of being splitters. Little by little he is moving to the Left, and even calls for a break with   the Russian social-chauvinist leaders. But he has not definitely said whether he wants unity or a break with the Chkheidze faction.

Fevereiro de 1917

Deportado de França e Espanha, Trotski chegou a Nova Iorque a 13 de Janeiro de 1917. Quando chegou, N. Bukarin foi o primeiro a cumprimentá-lo. Bukarin editava em Nova Iorque o jornal Novi Mir (Novo Mundo) em que colaborava Trotski. Numa Carta a Alexandra Kollontai, escrita em 17 de Fevereiro, Lénine diz:

«Tanto como me alegrou saber de si a vitória alcançada por N. Iv. [71] e Pávlov no Novi Mir ..., consternou-me ler sobre o bloco de Trotski com a direita para lutar contra N. Iv. Este Trotski é um javardo: frases de esquerda e um bloco com a direita contra a esquerda de Zimmerwald! Há que desmascará-lo (você deveria fazê-lo), mesmo que só fosse por uma breve carta ao SotsiaI-Demokrat

E, numa Carta a Inessa Armand de 19 de Fevereiro:

«... chegou Trotski [a Nova Iorque] e esse canalha entendeu-se logo com a ala direita do Novi Mir contra os zimmerwaldistas de esquerda! Foi assim! É assim o Trotski! Sempre fiel a si mesmo, reviravoltas, embustes, poses de esquerda e ajuda a direita sempre que pode...»
February 1917

Deported from France and Spain, Trotsky arrived in New York on January 13, 1917. When he arrived, N. Bukharin was the first to greet him. Bukharin edited in New York the newspaper Novy Mir (New World) in which Trotsky collaborated. In a Letter to Alexandra Kollontai, written on 17 February, Lenin says:

“Pleasant as it was to learn from you of the victory of N.Iv. [71] and Pavlov no Novy Mir ... it was just as sad to read about the bloc between Trotsky and the Right for the struggle against N. Iv. What a swine this Trotsky is -- Left phrases, and a bloc with the Right against the Zimmerwald Left! He ought to be exposed (by you) if only in a brief letter to the Sotsial-Demokrat!”

And in a letter to Inessa Armand of February 19:

“...Trotsky arrived [to New York], and this scoundrel at once ganged up with the Right wing of Novy Mir against the Left Zimmerwaldist! That’s it! That’s Trotsky for you! Always true to himself -- twists, swindles, poses as a Left, helps the Right, so long as he can....”

Notas | Notes

[49] Em 1916, quando preparava a nova edição de Sobre o Direito das Nações à Autodeterminação (Fevereiro-Maio de 1914), Lénine inseriu no capítulo I, onde menciona Kautsky, a seguinte nota: «Rogamos ao leitor que não esqueça que até 1910, ano em que foi publicado o magnífico folheto O caminho para o poder de Kautsky, este foi inimigo do oportunismo, em cuja defesa só embarcou em 1910-1911; e que mais tarde, em 1914-1916, se converteu num declarado oportunista».
In 1916, while preparing the new edition of The Right of Nations to Self-Determination (February-May 1914), Lenin inserted in Chapter I, where he mentions Kautsky, the following note: “We ask the reader not to forget that until 1910, the year in which the excellent pamphlet The Way to Power by Kautsky was published, he was an enemy of opportunism, in whose defence he only embarked in 1910-1911, and it was later, in 1914-1916, that he became an outright opportunist.”

[50] I. Deutscher, The Prophet Armed. Trotsky: 1879-1921, London, 1970. Cited in  Revisionism in Russia Trotsky against the Bolsheviks - 1909- 1910.

[51] Referimo-nos a extractos do trabalho de V. Serebriakov publicados com introdução por Vijay Singh -- A Teoria do Imperialismo de L. Trotski e a Crise Universal do Capitalismo -- em | We refer to extracts from the work of V. Serebryakov published with an introduction by Vijay Singh -- L. Trotsky's Theory of Imperialism and the Universal Crisis of Capitalism -- in https://www.revolutionarydemocracy.org/rdv9n1/trotsky.htm
(Não conseguimos encontrar o original em russo | We could not find the original in Russian: V. Serebryakov, L. Kasharshii, «Protiv trotskistskoi kontseptsii imperializma», Leningradskoe otdelenie kommunisticheskoi akademii pri TsIK SSSR, Institut ekonomiki, Partiinoe izdatelstvo, Moscow, Leningrad, 1932.)
As análises de Serebriakov são  corroboradas no capítulo V do livro: |  Serebryakov's analyses are corroborated in chapter V of the book: The Bolshevik Party’s Struggle Against Trotskyism (1903-February 1917) by V.A. Grinko, N.A. Mitkin, Y.F. Sopin and S.S. Shaumyan, Progress Pubs., Moscow, 1960.

[52] III Congress of the Communist International, Stenographic Report. GIZ, 1922.

[52] L. Trotsky, Basic Questions of Imperialism, GIZ, 1923.

[53] L. Trotsky, War and Revolution, Vol. II.
O esquema de Trotsky da economia da vila, regional e mundial, não tem nada a ver com o materialismo histórico de Marx e Lénine. É apenas uma cópia bastante má dos esquemas burgueses de Byukher e Maslov.
Trotsky’s schema of the village, regional and world economy has nothing in common with the historical materialism of Marx and Lenin and is only a rather bad copy of the bourgeois schemas of Byukher and Maslov.

[54] L. Trotsky, War and Revolution, Vol. I.

[55] Karl Renner, expoente com Otto Bauer da corrente oportunista do austro-marxismo, membro do Partido Operário Social-Democrata da Áustria (PSDA). No final da 1.ª GM defendeu a formação da «República da Áustria Alemã» integrada num estado supranacional da República de Weimar. (wikipedia). Por pressão da Entente a República da Áustria foi formada com Renner como chanceler. No período austrofascista – católico, corporativista e de nacionalismo austríaco -- iniciado em 1934 o PSDA foi proibido e Renner arredado do poder. Renner preferia um estado supranacional pangermânico, razão porque acolheu bem o Anschluss com a Alemanha nazi em 1938.
Karl Renner, an exponent with Otto Bauer of the opportunist current of Austro-Marxism, member of the Austrian Social Democratic Labor Party (ASDP). At the end of the WWI he defended the formation of the "Republic of German Austria" integrated in a supranational state of the Republic of Weimar (wikipedia). Under pressure from the Entente, the Republic of Austria was formed with Renner as chancellor. In the Austro-fascist period – Catholic, corporatist and Austrian nationalism - installed in 1934 the ASDP was banned and Renner removed from power. Renner preferred a pan-Germanic supranational state, and that is why he welcomed the Anschluss with Nazi Germany in 1938.

[56] Nashe Slovo (“A Nossa Palavra”): periódico menchevique publicado em Paris desde Janeiro de 1915 até Setembro de 1916 em substituição do Golos. Um dos seus directores foi Trotski.
Nashe Slovo (“Our Word”): a Menshevik newspaper published in Paris from January 1915 to September 1916 replacing Golos. One of its directors was Trotsky.

[57] Em Maio de 1914, Plekanov, que até essa altura tinha ajudado a desmascarar os liquidadores aproximando o seu grupo dos «mencheviques partidistas» aos bolcheviques, efectuou mais uma das suas várias mudanças. Embora condenando o liquidacionsimo, passou a defender a «unidade» com os liquidadores! (Ver: Lénine, Plekanov, que não sabe o que quer, 25 de Maio de 1914.)
In May 1914, Plekhanov, who until that time had helped unmask the liquidators by bringing his group of "pro-party Mensheviks" closer to the Bolsheviks, made one of his several turns. While condemning liquidationism, he then turned to defending "unity" with the liquidators! (See: Lenin, Plekhanov, Who Knows Not What He Wants, May 25, 1914.)

[58] Lénine chama aqui "vira-casacas" a Trotski, comparando-o a um tristemente famoso vira-casacas russo chamado Tuchino.
Lenin is calling here Trotsky a “turncoat” comparing him to a sadly famous Russian turncoat named Tushino.

[59] Dirigentes oportunistas da II Internacional | II International opportunist leaders: Alemanha | Germany: K. Kautsky, H. Haase, E. Bernstein, A. Sudekum, E. David, P. Scheidmann, and K. Legien; França | France:  E. Vaillant, J. Guesde, A. Thomas, Renaudel, Sembat and Hervé; Bélgica | Belgium: E. Vandervelde; Grã-Bretanha | Britain: H. Hyndman; Itália | Italy: Bissolati; Suécia |Sweden: Branting; Holanda | Holland: Troelstra; Dinamarca | Denmark: Stauning; EUA |USA: V. Berger.

[60] Um exemplo. No L’Humanité de 6 de Setembro de 1914 foi publicado um apelo ao povo alemão das delegações francesa e belga do Bureau da Internacional Socialista em que era denunciado o governo alemão pelas suas aspirações de conquista e os soldados alemães pelas atrocidades cometidas nas regiões ocupadas. Em 10 de Setembro a direcção do Partido Social-Democrata Alemão publicou no Vorwärts, um protesto contra este apelo. Por este motivo, iniciou-se na imprensa una polémica entre os social-chauvinistas franceses e alemães na qual ambos se esforçaram por justificar a participação na guerra dos seus próprios governos e culpar os governos de outros países.
An example. In the L'Humanité of 6 September 1914 an appeal was published to the German people by the French and Belgian delegations of the Bureau of the Socialist International denouncing the German government for its aspirations of conquest and the German soldiers for the atrocities committed in the occupied lands. On 10 September the leadership of the German Social Democratic Party published in the Vorwärts a protest against this appeal. For this reason, a controversy began in the press between the French and German social-chauvinists, in which both endeavoured to justify the participation in the war of their own governments and blaming the governments of other countries.

[61] Detalhes sobre os participantes | Details about the participants: https://en.wikipedia.org/wiki/Zimmerwald_Conference#Participants

[62] Os social-democratas de vários países pertencentes ao grupo da esquerda de Zimmerwald realizaram um trabalho revolucionário activo e desempenharam um papel importante no estabelecimento de partidos comunistas nos seus países.
The Social-Democrats of various countries who belonged to the Zimmerwald Left group carried on active revolutionary work and played an important role in the establishment of Communist parties in their countries.

[63] Nota 15 de: Lenin, La Guerra Europea y el Socialismo Internacional, Agosto-Setembro de 1914, vol. XXII, O.C. de Lenie, Akal Editor.
Note 21 of: Lenin, The European War and International Socialism, August–September 1914, MIA.

[64] Kautsky avançou uma teoria segundo a qual o fim da Primeira Guerra Mundial seria seguido por uma fase do capitalismo "pacífico", o mais alto e mais progressista, livre de conflitos.
Kautsky advanced a theory that the end of World War I would be followed by a phase of "peaceful" capitalism, the highest and most progressive, conflict-free.

[65] CO: Comité Organizador dos jornais mencheviques IzvestiaNashe Dyelo. O CO foi criado em 1912 na conferência de Agosto dos mencheviques. Durante a 1.ª GM, o CO justificou a guerra por parte do czarismo e defendeu as ideias do nacionalismo e do chauvinismo. O CO funcionou até à eleição do Comité Central do partido menchevique em Agosto de 1917.
O menchevique S. Yu. Semkovski, de nome de família Bronstein, era primo de Lev D. Bronstein, isto é, Trotski.
OC: Organizing Committee of the Menshevik newspapers Izvestia and Nashe Dyelo. The OC was created in 1912 at the Menshevik’s August conference. During WWI, the OC justified the war on the side of Tsarism and defended the ideas of nationalism and chauvinism. The OC functioned until the election of the Menshevik Central Committee in August 1917.
The Menshevik S. Yu. Semkovsky, of family name Bronstein, was cousin of Lev D. Bronstein, i.e., Trotsky.

[66] Bukvoied era o pseudónimo de D. Riazanov que na altura era um forte associado político de Trotski, contribuindo regularmente para o Pravda de Viena de Trotski,  vindo mais tarde a apoiar activamente o Comité Interdistrital de Trotski.
Bukvoyed was the pseudonym of D. Ryazanov who at the time was a strong political associate of Trotsky, regularly contributing to Trotsky's Vienna Pravda and later actively supported Trotsky's Interdistrict Committee.

[67] Lénine refere-se à Conferência das secções do POSDR no Estrangeiro que teve lugar em Berna (Suíça) de 27 de Fevereiro a 4 de Março de 1915 e,  em particular, à secção da Resolução sobre a Derrota da Monarquia Czarista onde se afirmava: «Em cada país, a luta contra o próprio governo que leva a cabo uma guerra imperialista, não deve recuar perante a possibilidade da derrota do país como resultado da agitação revolucionária. A derrota do exército do governo enfraquece esse governo, favorece a libertação de nacionalidades que ele oprime e facilita a guerra civil contra as classes dominantes.»
Lenin refers to the Conference of the R.S.D.L.P. Groups Abroad held in Berne (Switzerland) from 27 February to 4 March 1915 and, in particular, to the section of the Resolution on the Defeat of the Tsarist Monarchy, which stated: “In each country, the struggle against a government that is waging an imperialist war should not falter at the possibility of that country’s defeat as a result of revolutionary propaganda. The defeat of the government’s army weakens the government, promotes the liberation of the nationalities it oppresses, and facilitates civil war against the ruling classes.”

[68] Eduard David, um líder oportunista do PSDA | Eduard David, an opportunistic leader of the GSDP.

[69] A socialista holandesa Henriette Roland-Holst que na conferência de Zimmerwald se juntou ao Centro juntou-se mais tarde, antes de Maio de 1917, à esquerda de Zimmerwald.
The Dutch socialist Henriette Roland-Holst, who at the Zimmerwald conference joined the Center, later joined, before May 1917, the Zimmerwald Left.

[70] O socialista francês Boris Souvarine, nascido em  Kiev como Boris Konstantinovich Lifschits, participou na criação em 1920 da Secção Francesa da Internacional Comunista (SFIC) que depois de várias cisões se chamou PC-SFIC (PC=Parti Communiste) em 1921. Tornou-se Trotskista, abandonando o PC-SFIC em 1924. Nos anos 30, dizendo-se anti-estalinista, escreveu um livro anti-leninista. Depois da 2.ª GM tornou-se anti-comunista. É muito estimado e citado pela reacção mundial.
The French socialist Boris Souvarine, born in Kiev as Boris Konstantinovich Lifschits, participated in the creation in 1920 of the French Section of the Communist International (SFIC) which after several splits was called PC-SFIC (PC = Parti Communiste) in 1921. He became a Trotskyist, leaving the PC-SFIC in 1924. In the 1930s, declaring to be anti-Stalinist, he wrote an anti-Leninist book. After WWII he became a full-fledged anti-communist. He is highly praised and cited by the worldwide reaction.

[71] Trata-se de Bukarin (Nikolai Ivanovitch) que na altura era considerado de esquerda. This refers to Bukharin (Nikolai Ivanovich) who at the time was considered a leftist.