domingo, 12 de maio de 2019

Dois Marxismos? | Two Marxisms?

O artigo abaixo, de Greg Godels, é uma exposição esclarecedora e perspicaz de um fenómeno muito difundido: a trivialização e distorção do marxismo injectada num caldo eclético de ideologia burguesa, castrador da transformação do mundo e do papel da classe operária. Lenine comentou tal fenómeno nestes termos:
The article below, by Greg Godels, is an enlightening and insightful exposition of a widespread phenomenon: the trivialization and distortion of Marxism injected into an eclectic broth of bourgeois ideology, castrating world transformation and the role of the working class. Lenin commented such phenomenon in these terms:


«Os grandes revolucionários foram sempre perseguidos durante a vida; a sua doutrina foi sempre alvo do ódio mais feroz, das mais furiosas campanhas de mentiras e difamação por parte das classes dominantes. Mas, depois da sua morte, tenta-se convertê-los em ídolos inofensivos, canonizá-los por assim dizer, cercar o seu nome de uma auréola de glória, para "consolo" das classes oprimidas e para o seu ludíbrio, enquanto se castra a substância do seu ensinamento revolucionário, embotando-lhe o gume, aviltando-o. A burguesia e os oportunistas do movimento operário unem-se presentemente para infligir ao marxismo um tal "tratamento". Esquece-se, esbate-se, desvirtua-se o lado revolucionário, a essência revolucionária da doutrina, a sua alma revolucionária. Exalta-se e coloca-se em primeiro plano o que é ou parece aceitável para a burguesia» Lenine, O Estado e a Revolução, cap. 1, 1917.
During the lifetime of great revolutionaries, the oppressing classes constantly hounded them, received their theories with the most savage malice, the most furious hatred and the most unscrupulous campaigns of lies and slander. After their death, attempts are made to convert them into harmless icons, to canonize them, so to say, and to hallow their names to a certain extent for the “consolation” of the oppressed classes and with the object of duping the latter, while at the same time robbing the revolutionary theory of its substance, blunting its revolutionary edge and vulgarizing it. Today, the bourgeoisie and the opportunists within the labor movement concur in this doctoring of Marxism. They omit, obscure, or distort the revolutionary side of this theory, its revolutionary soul. They push to the foreground and extol what is or seems acceptable to the bourgeoisie.” Lenin, The State and Revolution, ch. 1, 1917

O leitor português encontra nas personagens e eventos citados por Godels equivalentes na realidade portuguesa que merecem reflexão.
The Portuguese reader finds in the characters and events cited by Godels equivalents in the Portuguese reality that deserve reflection.

Dois Marxismos?

por Greg Godels

http://zzs-blg.blogspot.com/
Two Marxisms?

By Greg Godels

http://zzs-blg.blogspot.com/

A Google sabe do meu interesse persistente pelo marxismo. Recebo, por isso, frequentes ligações para artigos que os algoritmos da Google seleccionam como populares ou influentes. Constantemente, no topo da lista, estão os artigos de ou sobre o irrefreável Slavoj Žižek. Žižek tornou-se mestre em truques para público intelectual - divertido, pomposo, chocante, calculadamente obscuro e rebuscado. A barba e pose desgrenhada contribuem para uma espécie de caricatura de professor europeu presenteando o mundo com grandes ideias profundamente incrustadas em camadas de obscurantismo, maneira infalível de parecer profundo e caminho seguro para promover o valor comercial do entretenimento.

Adeptos próximos do «mestre» até postam vídeos de Žižek devorando cachorros-quentes -- um em cada mão! Žižek está actualmente a facturar num debate público, com um balofo parceiro de direita, e dizem que cobra preços obscenos pelos bilhetes. O marxismo como empreendedorismo.

Žižek é uma das mais recentes iterações da longa linhagem de académicos, na maioria europeus, que constroem uma modesta celebridade pública a partir de uma identificação com o marxismo ou tradição marxista. De Sartre e existencialismo ao estruturalismo, pós-modernismo, pós-essencialismo, pós-fordismo e política identitária, os académicos apropriaram-se de partes da tradição marxista e reivindicaram repensar essa tradição, mantendo uma distância calculada e segura de qualquer movimento marxista. São marxistas quando isso traz audiência, mas raramente respondem a apelos à acção.

O curioso deste marxismo intelectual, deste marxismo diletante de salão, é que nunca o é por inteiro; é marxismo com sérias reservas. O marxismo é bom se for o «jovem» Marx, o Marx «humanista», o Marx «hegeliano», o Marx dos Grundrisse,1 o Marx sem Engels, o Marx sem classe operária, o Marx anterior ao bolchevismo, ao comunismo. Compreende-se; se se quer ser o próximo grande oráculo de Marx, há que separar-se do bando, há que repensar o marxismo, redescobrir o Marx «real», localizar onde Marx se enganou.

Gerações passadas de bem-intencionados estudantes universitários, mas confusos por razões de classe, foram seduzidas por pensadores «radicais» que ofereciam um gosto de rebeldia num embrulho académico sexy. Pacotes de livros de estudantes continham livros da moda por ler, de autores como Marcuse, Althusser, Lacan, Deleuze, Laclau, Mouffe, Foucault, Derrida, Negri e Hardt -- com características comuns: títulos exóticos, provocantes, e prosa impenetrável. Livros que prometiam muito mas ofereciam escuridão.

Com uma nova geração de jovens de mentalidade radical buscando alternativas ao capitalismo e curiosos sobre o socialismo, é inevitável que muitos estejam a olhar para Marx. E para onde se voltam?

Um professor de Yale, Samuel Moyn, oferece sem pudor um manual prático, apresentado na revista «fixe» Jacobin, intitulado How to be a Marxist2. Moyn é professor Henry R. Luce3 de Jurisprudência. Pelos vistos, Moyn, ao oferecer um guia para o marxismo, não se sente mal numa cátedra agraciada por um dos mais notórios editores anti-comunistas e anti-marxistas dos EUA.

A presunção do Como… de Moyn de guia do desconhecedor do marxismo não é justificada nem explicada. Mas ele sente-se confiante ao recomendar dois académicos recentemente falecidos, Moishe Postone e Erik Olin Wright (e o ainda vivo Perry Anderson), como representando os últimos de «... uma geração de grandes intelectuais cujas experiências da década de 1960 os levaram a escolher como obra de suas vidas recuperar e re-imaginar o marxismo».

Confesso que a escolha de Moishe Postone me espantou. Teria de ficar embaraçado ao dizer que nunca conheci o professor Postone ou o seu trabalho como marxistas? Quando deparei com uma entrevista do estimado Professor Postone no YouTube logo descobri que ele enfaticamente e sem reservas nega ser marxista. Mais: Postone afirma que a maior parte do que chamamos marxismo foi escrito por Frederick Engels. Postone admite que Engels era «um tipo realmente bom», mas que nunca entendeu devidamente Marx. Postone, pelo contrário, sim. E o seu Marx não «glorifica» a classe operária.

Estou, todavia, familiarizado com a alegada devoção ao marxismo do outro exemplo de «grande intelectual», Erik Olin Wright, que foi membro proeminente de longa data da chamada escola do «marxismo analítico». Como os outros membros desse movimento intelectual, tentou colocar o marxismo numa base «legítima»; a legitimidade era obtida submetendo o marxismo aos rigores da ciência social anglo-americana convencional. A presunção de que a ciência social anglo-americana não tem falhas ou que nada tem a aprender com o método de Marx nunca é questionada por essa clique. Mas, para mérito de Wright, ele lutou fortemente para perceber o conceito de classe social.

A fim de «salvar a esquerda de cair de novo em vários becos sem saída», o professor Moyn sugere o último livro do seu «brilhante colega” Martin Hägglund. Moyn assegura-nos que «This Life: Secular Faith and Spiritual Freedom4 é um início excelente para os que querem dar energia à teoria do socialismo, ou até construir a sua própria teoria de uma variante marxista dela».

Basta um breve instante para ver que Martin Hägglund e seu admirativo colega nos levam para outros becos sem saída, já trilhados por muitas gerações do passado. A via Hägglund revisitaria o existencialismo, Hegel e as tradições cristãs em busca do ilusório «sentido da vida». Embora muitos de nós pensassem que Marx oferecia uma análise profundamente fundamentada da mudança e da justiça social, Moyn/Hägglund, com Postone, colocam «as perguntas supremas que cada um deve fazer: que trabalho devo fazer? Como devo gastar o meu tempo finito?». Acumulando importantes contrastes, propõem «maximizando... o tempo livre de cada indivíduo para o gastar como quiser…»

Assim, a luta pela emancipação, neste repensar do marxismo, não é a emancipação da classe trabalhadora, mas o sacar tempo livremente descartável das garras do trabalho. Os professores admitem que esta luta é muito mais fácil para os académicos do que para os «miseráveis ​​da Terra».

«Por fim», conclui Moyn, «há a proposta de Hägglund de que os marxistas podem deitar fora o comunismo -- que, de qualquer forma, Marx descreveu vagamente -- em favor da democracia. Não é totalmente claro o que Hägglund quer dizer com democracia, algo que nem Marx nem muitos marxistas procuraram analisar teoricamente». Assim, Hägglund reduz o «marxismo» a uma rejeição do comunismo e abraço de uma vaga «democracia». Teria de concordar com Moyn: «É de facto notável como, do pouco que a maioria das pessoas têm pensado sobre a teoria marxista, Hägglund fez… uma tentativa de reiniciá-la para o nosso tempo». Aparentemente, o agora revelado segredo de se tornar marxista é descartar Marx.

Como muitos autoproclamados «marxistas», que antecederam Postone, Hägglund e Moyn, a intenção deles parece ser a de desarmar o marxismo mais do que promovê-lo.

Ideias Perigosas

A verdade nua e crua é que o marxismo -- desde a época da censura de Marx e suas múltiplas expulsões de vários países -- é uma ideia perigosa. A incapacidade de Marx de garantir nomeações académicas e a constante vigilância e assédio por parte das autoridades provaram ser um prenúncio do destino de quase todos os autênticos intelectuais marxistas. O capitalismo não concede honra académica ou celebridade aos que defendem a destruição do capitalismo. E esses «marxistas» que vêm a ser aclamados por académicos, que obtêm lucrativos negócios de livros, e desfrutam da visibilidade nos media, raramente representam uma grande ameaça ao sistema.

É revelador que, embora a história tenha produzido muitos marxistas «orgânicos», com raízes na classe operária e em movimentos que desafiam o capitalismo, as suas contribuições raramente povoam as bibliografias de professores universitários, a não ser para escarnecer. O emprego universitário raramente está disponível a fornecedores de ideias perigosas ou de defesa de uma versão de Marx que apela à mudança revolucionária.

Um historiador marxista, o falecido Herbert Aptheker que fez mais do que qualquer outro intelectual ao desafiar o retrato distorcido do Birth of a Nation/Gone With The Wind5 do Sul benigno e defesa heróica do seu nobre estilo de vida, não conseguiu encontrar trabalho em universidades dos EUA. Só com um movimento de liberdade de expressão pôde falar nos campi dos EUA. Os seus livros desapareceram da circulação e poucos estudantes da história afro-americana sabem das suas contribuições.

Ninguém criou uma história do movimento operário dos EUA que rivalize com os 10 volumes da História do Movimento Operário nos EUA do falecido marxista Phillip Foner. Os 5 volumes de Vida e Obras de Frederick Douglass, de Foner, restabeleceram Douglass como figura proeminente na abolição da escravatura nos EUA. Uma universidade historicamente negra, a Lincoln University, corajosamente contratou Foner após anos de listas negras. Hoje, infelizmente, as suas obras são largamente ignoradas nas áreas em que foi pioneiro.

As contribuições sérias de muitos outros intelectuais marxistas dos EUA podem ser encontradas em edições antigas de revistas como Science and Society, Political Affairs, Masses, Masses and Mainstream, e Freedomways que descansam em recônditas prateleiras a ganhar poeira, minadas por macartismo, listas negras, cobardia académica e anticomunismo flagrante.

As portas e o debate aberto da academia e meios de comunicação de massa também se fecharam aos marxistas da classe operária (a menos que renunciem aos seus pontos de vista!). Apesar de líder de movimentos da classe operária e da sua escrita prolífica, as obras do marxista William Z. Foster sobre organização, estratégia e tácticas dos trabalhadores, e economia política, estão em grande parte esquecidos, a menos que reapareçam como pensamento de outros. É negada entrada a outras importantes figuras marxistas, responsáveis por alguns dos melhores momentos dos trabalhadores, como Len De Caux e Wyndham Mortimer.

Também os pioneiros marxistas dos movimentos pela igualdade dos negros e das mulheres, Benjamin Davis, William Patterson e Claudia Jones, não são aclamados nem apresentados como exemplos do «Como ser Marxista».

O trabalho de economia política do marxista Victor Perlo que identificou as mais altas ligações do capital financeiro e da economia do racismo estão curiosamente ausentes de qualquer conversa académica relevante.

O que todos esses marxistas compartilham é uma vida política militante no Partido Comunista dos EUA, um distintivo orgulhoso mas denegrido pela maioria dos intelectuais americanos.

Os melhores artigos da venerável revista Monthly Review sofrem a mesma marginalização. Os seus fundadores ameaçavam o suficiente, tornando-se vítimas do medo do vermelho. O co-fundador Paul Sweezy, um sério economista político marxista, nunca foi entusiasticamente recebido nos círculos académicos.

Hoje, Michael Parenti é o mais perigoso intelectual marxista dos EUA. Eu sei disso porque apesar de inúmeros ​​livros, vídeos e palestras, apesar de um compromisso intransigente com uma interpretação marxista da história e dos eventos actuais, apesar de um profundo, mas raciocinado ódio ao capitalismo, e apesar de um estilo admiravelmente acessível e com grandes ideias, ele está desempregado por universidades e tem acesso negado em todas, com excepção da media mais de esquerda ou marginal.

Outro impressionante estudioso marxista dos EUA, Gerald Horne, embora desfrute de estabilidade académica, merece ser estudado por todo o «esquerdista» dos EUA pela integridade, acessibilidade e qualidade do seu trabalho.

O marxismo autêntico, em oposição ao marxismo chique, em voga ou da moda, é implacável, agressivo e inspirador de acção. Ele disseca diligentemente o funcionamento interno do sistema capitalista. É implacável e sem compaixão na sua rejeição do capitalismo. Desafia o pensamento convencional, fazendo poucos amigos na imprensa capitalista e abalando a gentileza e a colegialidade do liberalismo da academia. O marxismo não é um carreirismo, mas um compromisso sem agradecimentos.

Os marxistas reais são necessariamente anómalos. Até que as condições para mudanças revolucionárias amadureçam, são frequentemente sujeitos a cepticismo, desinteresse, e até escárnio e hostilidade. Os poseurs marxistas são alérgicos a organizações políticas, activismo e risco intelectual, enquanto marxistas empenhados são obrigados a buscar e unir-se a movimentos de mudança; são levados a cumprir a décima primeira tese de Marx sobre Feurbach, muito mencionada e raramente observada: «Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo».
Google knows that I have an abiding interest in Marxism. Consequently, I receive frequent links to articles that Google’s algorithms select as popular or influential. Consistently, at the top of the list, are articles by or about the irrepressible Slavoj Žižek. Žižek has mastered the tricks of a public intellectual-- entertaining, pompous, outrageous, calculatedly obscure, and mannered. The disheveled pose and the beard add to a near caricature of the European professor gifting the world with big ideas embedded deeply in layers of obscurantism-- a sure-fire way to appear profound. And a sure-fire way to advance one’s commercial entertainment value.

Close followers of the “master” even post videos of Žižek devouring hot dogs-- one in each hand! He is currently cashing in on a public debate with a right-wing gas-bag counterpart which reportedly brings in obscene prices for tickets. Marxism as entrepreneurship.

Žižek is one of the latest iterations of a long line of largely European academics who build modest public celebrity from an identification with Marxism or the Marxist tradition. From Sartre and existentialism through structuralism, postmodernism, post-essentialism, post-Fordism, and identitarian politics, academics have appropriated pieces of the Marxist tradition and claimed to rethink that tradition, while keeping a measured, safe distance from any Marxist movement. They are Marxists when it brings an audience, but seldom answer the call to action.

The curious thing about this intellectual Marxism, this parlor, dilettante Marxism is that it is never all in; it is Marxism with grave reservations. Marxism is fine if it’s the “early” Marx, the “humanist” Marx, the “Hegelian” Marx, the Marx of the Grundrisse, the Marx without Engels, the Marx without the working class, the Marx before Bolshevism, or before Communism. Understandably, if you want to be the next big Marx-whisperer, you must separate yourself from the pack, you must rethink Marxism, rediscover the “real” Marx, locate where Marx got it wrong.

Previous generations of well-meaning, but class-befuddled university students have been seduced by “radical” thinkers who offer a taste of rebellion in a sexy academic package. Student book packs carried unread, but fashionable books by authors like Marcuse, Althusser, Lacan, Deleuze, Laclau, Mouffe, Foucault, Derrida, Negri, and Hardt-- authors who shared common features of exotic, provocative book titles and impenetrable prose. Books that promised much, but delivered murk.

With a new generation of radically minded youth looking for alternatives to capitalism and curious about socialism, it is inevitable that many are looking toward Marx. And where do they turn?

A Yale professor unabashedly offers a handy primer, featured in the hip Jacobin Magazine, entitled How to be a Marxist. Professor Samuel Moyn is currently the Henry R. Luce Professor of Jurisprudence. Apparently, Moyn feels no unease with holding a chair endowed by one of the country’s most notorious anti-Communist, anti-Marxist publishers, while offering a guidebook to Marxism.

Moyn’s How to… presumption to guide the unknowing to Marxism is neither justified nor explained. Nonetheless, he feels confident to recommend two recently deceased academics, Moishe Postone and Erik Olin Wright (along with the still living Perry Anderson), as representing the last of “...the generation of great intellectuals whose 1960s experiences led them to adopt a lifework of recovering and reimagining Marxism.”

I confess that his choice of Moishe Postone had me baffled. Should I be embarrassed to say that I had never known Professor Postone’s work or known him to be a Marxist? When I found a YouTube interview with the esteemed Professor Postone, I quickly discovered that he emphatically and without reservation denies being a Marxist. Further, Postone contends that most of what we call Marxism was written by Frederick Engels. Postone concedes that Engels was “really a good guy,” but Engels never properly understood Marx. Postone, on the other hand, does. And his Marx does not “glorify” the industrial working class.

I am, however, familiar with the other alleged exemplar of a “great intellectual” devotion to Marxism, Erik Olin Wright. Wright was a long-standing, prominent member of the so-called “Analytic Marxism” school. Wright, like the other members of this intellectual movement, attempted to place Marxism on a “legitimate” foundation, where legitimacy was earned by subjecting Marxism to the rigors of conventional Anglo-American social science. The conceit that Anglo-American social science is without flaws or that it has nothing to learn from Marx’s method is never questioned with this clique. But to Wright’s credit, he struggled mightily to grasp the concept of social class.

In order “to save the Left from going down various cul-de-sacs again,” Professor Moyn offers the latest book of his “brilliant colleague,” Martin Hägglund. Moyn assures us that “This Life: Secular Faith and Spiritual Freedom is an excellent place to start for those who want to energize the theory of socialism, or even build their own theory of a Marxist variant of it.”

It takes only a brief moment to see that Martin Hägglund and his admiring colleague are taking us down other cul-de-sacs, ones trod by many earlier generations. Hägglund’s journey would revisit existentialism, Hegel, and Christian traditions in search of the elusive “meaning of life.” Though many of us thought that Marx offered a profoundly informed analysis of social change and social justice, Moyn/Hägglund, following Postone, bring forward “the ultimate questions anyone must ask: what work should I do? How should I spend my finite time?” Accumulating capital contrasts, they submit, with “maximizing... each individual’s free time to spend as she pleases…”

Thus, the struggle for emancipation, in this rethinking of Marxism, is not the emancipation of the working class, but the wresting of freely disposable time from the grip of work. The professors concede that this struggle is far easier for academics than for “the wretched of the earth.”

“And finally,” Moyn concludes, “there is Hägglund’s proposal that Marxists can ditch communism — which in any event Marx described vaguely — in favor of democracy. It is not totally clear what Hägglund means by democracy, something which neither Marx himself nor many Marxists have chosen to pursue theoretically.” So Hägglund distills “Marxism” into a rejection of Communism and an embrace of a vague “democracy.” I would have to agree with Moyn: “Indeed, it is remarkable how little of what most people have thought Marxist theory was about make it into Hägglund’s ...attempt to restart it for our time.” Apparently, the now revealed secret of becoming a Marxist is to discard Marx.

Like many self-proclaimed “Marxists” who came before Postone, Hägglund, and Moyn, their intent seems to be to defang Marxism more than it is promote it.

Dangerous Ideas

The naked truth is that Marxism-- from the time of Marx’s censorship and multiple expulsions from different countries-- is a dangerous idea. Marx’s inability to secure academic appointments and his constant surveillance and harassment by authorities proved to be a harbinger of the fate of nearly all authentic Marxist intellectuals. Capitalism does not endow those who advocate the undoing of capitalism with academic honor or celebrity. And those “Marxists” who do rise to academic acclaim, who get lucrative book deals, who enjoy media exposure, seldom present much of a threat to the system.

It is a telling fact that, though history has produced many “organic” Marxists, Marxists with roots in the working class and in movements challenging capitalism, their contributions seldom populate the bibliographies of university professors, unless to deride. University employment is rarely available to purveyors of dangerous ideas or the advocacy of a version of Marx that calls for revolutionary change.

A Marxist historian like the late Herbert Aptheker, who did more than any other intellectual to challenge the twisted Birth of a Nation/Gone With The Wind depiction of the benign South and its heroic defense of a noble way of life, could not find work in US universities. Indeed, it took a free speech movement to get him to be permitted to speak at all on US campuses. His books have disappeared from circulation and few students of African American history are exposed to his contributions.

No one has created a history of the US labor movement to rival the late Marxist Phillip Foner’s 10-volume History of the Labor Movement in the US. Foner’s 5-volume The Life and Writings of Frederick Douglass reestablished Douglass as a preeminent figure in the abolition of slavery in the US. A historically Black university, Lincoln University, courageously hired Foner after years of blacklisting. Sadly, today, his works are largely ignored in fields where he pioneered.

The serious contributions of many other US Marxist intellectuals can be found in back issues of publications like Science and Society, Political Affairs, Masses, Masses and Mainstream, and Freedomways resting on out-of-the-way library shelves gathering dust, diminished by McCarthyism, blacklists, scholarly cowardice, and blatant anti-Communism.

The doors and public discourse of the academy and the mass media have equally been shut to working class Marxists (unless they renounce their views!). Despite his leading of working class movements and his writing prolifically, Marxist William Z. Foster’s works on organizing, labor strategy and tactics, and political economy are largely forgotten, unless they reappear as someone else’s thinking. Other key Marxist figures responsible for and interpreting some of labor’s finest moments such as Len De Caux and Wyndham Mortimer are denied membership in the club.

Similarly, Marxist pioneers in the Black and women’s equality movements like Benjamin Davis, William Patterson, and Claudia Jones are neither hailed as such nor offered as examples of “How to be a Marxist.”

Marxist political economist Victor Perlo's work in identifying the highest reaches of finance capital and the economics of racism are curiously missing from any relevant academic conversation.

What these Marxists all share is an activist political life in the US Communist Party, a proud badge, but one denigrated by most US intellectuals.

The best writing of the venerable Monthly Review magazine suffers the same marginalization. Its founders were threatening enough to be victimized by the Red scare. And co-founder Paul Sweezy, a serious Marxist political economist, never was enthusiastically welcomed into academic circles

Today, Michael Parenti is the most dangerous Marxist intellectual in the US. I know this because despite countless books, videos, and speaking engagements, despite an uncompromising commitment to a Marxist interpretation of history and current events, despite a profound, but reasoned hatred of capitalism, and despite an admirably approachable style and manner with big ideas, he is otherwise unemployed by universities and denied access to all but the most left or marginal media.

Another impressive US Marxist scholar, Gerald Horne, though enjoying academic tenure, deserves to be studied by every “leftist” in the US for the integrity, accessibility, and quality of his work.

Authentic Marxism, as opposed to fashionable, trendy, or faddish Marxism, is relentless, aggressive, and inspiring of action. It diligently dissects the inner workings of the capitalist system. It is ruthless and unsparing in its rejection of capitalism. It challenges conventional thinking, making few friends in the capitalist press and rocking the gentility and collegiality of the staid liberalism of the academy. Marxism is not a career move, but a thankless commitment.

Real Marxists are necessarily outliers. Until the conditions for revolutionary changes ripen, they are often subjected to skepticism, disinterest, even derision and hostility. Marxist poseurs are allergic to political organizations, activism, and intellectual risk, while committed Marxists are compelled to seek and join movements for change; they are driven to serve Marx’s oft-quoted, seldom heeded eleventh thesis on Feurbach: “The philosophers have only interpreted the world, in various ways; the point, however, is to change it."


1 - Karl Marx, Fundamentos da Crítica da Economia Política, 1857-61.
2 - Como Ser Marxista.
3 - O título «Professor Henry R. Luce» segue uma prática americana de homenagear um pioneiro da cátedra, neste caso Henry R. Luce que o autor revela ser « um dos mais notórios editores anti-comunistas e anti-marxistas dos EUA».
4 - Esta Vida: Fé Secular e Liberdade Espiritual.
5 - Nascimento de uma nação/E tudo o vento levou.