O Período de Novembro de 1920 a Março de 1921
The Period
from November 1920 to March 1921
Ao entrar no POSDR(b), Trotski viu-se obrigado a
dissimular a bagagem de oportunismo que vimos nos artigos anteriores. Teve, porém,
de revelar em múltiplos eventos a sua atitude perante o partido e as massas.
Até essa altura Trotski nunca tinha estado num partido. Tinha sido apenas o chefe da pequeníssima «fracção Trotski»
rodeado de fiéis intelectuais, fascinados pelos dotes oratórios, ecletismo e
auto-propaganda do mestre. Nunca tinha tido (e nunca teve) ligações com
organizações operárias. Também nunca tinha tido que lidar com as massas
populares, excepto episodicamente em 1905.
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Upon
entering the RSDLP(B), Trotsky was forced to dissimulate his stock-in-trade
of opportunism we saw in previous articles. But he had to reveal at various
events his attitude toward the Party and the masses. Until then, Trotsky had never been a member of any party. He had been the head of
the tiny “Trotsky’s faction”, surrounded by faithful intellectuals, fascinated
by the master's oratory skills, eclecticism and self-aggrandizing. He had never had (and would never have) bonds with
workers' organizations. He had never had to deal with popular masses either,
except episodically in 1905.
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Trotski Perante o Partido e as Massas
Em toda a sua actividade política Trotski é o superlativo
do intelectual oportunista de esquerda. Exibe em dose extraordinária, perante
o partido e as massas, todos os defeitos típicos do intelectual
pequeno-burguês. Muitos desses defeitos só se tornaram mais notórios quando
ingressou no POSDR(b). Ajudam a compreender melhor o comportamento político
de Trotski e seus seguidores, nomeadamente na famosa discussão sobre os
sindicatos..
Seguem-se várias citações de historiadores, políticos,
biógrafos, etc., e do próprio Trotski, que caracterizam a sua atitude perante
o partido e as massas [103]. Os autores citados, muitos deles contemporâneos
de Trotski, são de várias persuasões ideológico-políticas, incluindo
trotskistas, conforme descrito nas notas. Apesar das várias persuasões é
impressionante ver como convergem no essencial. As citações aqui vão até
cerca de 1922. Mencionaremos outras mais tarde. As interpolações são nossas.
«A percepção de que era um líder revolucionário
intelectual fazia Trotski sentir-se acima das massas. Sentia-se superior a
todos que conheceu e nunca se sentiu próximo das massas, mas entronizou-se,
inconscientemente, na indiferença olímpica acima da vida real, acima das
massas. Permaneceu essencialmente um aristocrata». (Basseches, [104].)
«O desacordo [entre Trotski e os bolcheviques] era
fundamental e nunca foi eliminado. ... [Trotski] nunca aceitou realmente o princípio
que governava o relacionamento do partido de Lénine com as massas porque era
incapaz de acreditar no poder criativo do proletariado. Era um egoísta, com
toda a confiança excessiva do egoísta. Era da substância de que são feitos os
ditadores. A sua ideia de liderança tinha como premissa o reconhecimento das
suas capacidades, com proletários que fariam o que ele ordenasse. Eles tinham
que ser organizados e ele organizou-os como parte de uma máquina sob o
controlo de funcionários da classe média -- a intelligentsia e os oficiais do Exército, com ele à frente. Trotski
... nunca se poderia render à ideia de se integrar no proletariado, ou
acreditar ... que a luta revolucionária traria as classes trabalhadoras para
as fileiras da liderança. ... O seu snobismo intelectual arruinou-o como
revolucionário.» (Murphy, [105].)
«Essa [capacidade de ligar-se às mais amplas camadas de
trabalhadores] era uma das coisas que Trotski, enquanto membro do Partido
Comunista da União Soviética, foi totalmente incapaz de compreender. A sua
tendência era sempre dar ordens às massas não-partidárias como se fossem seus
subordinados imediatos no Ministério da Guerra.» (Campbell, [106].)
«Trotsky ... gostava de citar as palavras do anarquista
francês Proudhon: “Do destino, eu rio-me; e quanto aos homens, são ignorantes
demais, escravos demais para sentir-me incomodado com eles.”» (Sayers and
Kahn, [99].)
«A história iria mostrar que Trotski (nos seus dias no
Exército Vermelho) era um rígido e implacável tiranete quanto a disciplinar
os outros.» (Campbell, [106].)
«Embora [Trotski] raramente perdesse a oportunidade de adoptar
uma pose revolucionária, de "ser mais revolucionário do que qualquer
outro", muitas vezes a pose ocultava o mais profundo pessimismo; ocultava
o facto de que o poseur não tinha
fé nas massas russas e se estava a preparar para se render ao capitalismo.» (Campbell,
[106].)
«Trotski não reconhecia outra autoridade que não fosse a
sua. O seu temperamento e toda a sua natureza o levavam ao radicalismo. É
notável que tudo no carácter e carreira de Trotski que o ajudou a avançar
também contribuiu para a sua queda. Porquê? Porque tudo promoveu o seu
defeito radical, a vaidade.» (Basseches, [104].)
«Trotski, que era essencialmente um aristocrata intelectual,
para não dizer um snobe intelectual, estava um pouco deslocado no meio
bolchevique.» (Duranty, [107].)
«Nisso [más relações com líderes], Trotski só tinha que se
culpar a si próprio. Arrogante, cínico, desdenhoso da mediocridade, toda a
sua carreira foi pontilhada de explosões violentas dirigidas contra inúmeras
personagens menores.» (Cole, [108].)
«Trotski, o revolucionário por excelência, brilhante como
orador e o mais polémico escritor de sua época, mas deficiente em capacidade
construtiva e congenitamente incapaz de trabalhar em harmonia com os outros.»
(Cole, [108].)
«Ele [Trotski] era amplamente detestado pela arrogância e
falta de tacto. Ele próprio admitia, ter uma reputação de insociabilidade,
individualismo, aristocratismo. Até o seu biógrafo e admirador admite que
raramente podia pôr de lado a tentação de lembrar aos outros os seus erros e
insistir na sua superioridade e perspicácia. Desdenhoso do estilo colegial de
Lénine e dos outros líderes bolcheviques, exigiu, como comandante das forças
armadas do país, obediência inquestionável a si mesmo, dando origem a rumores
sobre ambições “bonapartistas”.» (Barbusse, [109].)
«Eis como o comissário de guerra Trotski, discursando num
dos seus espectaculares comícios de massas em Moscovo, foi descrito pelo
famoso correspondente americano no estrangeiro, Isaac Marcosson: “Trotsky
apareceu no que os actores chamam de boa entrada:... depois de um atraso, e
no momento psicológico certo, emergiu das alas e caminhou com passos rápidos
para a pequena tribuna ... Inundou os seus ouvintes com um Niagara de palavras,
como nunca ouvi. Vaidade e arrogância destacaram-se pro-eminentemente.”»
(Sayers and Kahn, [99].)
«Faltavam a Trotski muitas das qualidades do verdadeiro
estadista e líder. Os seus dons brilhantes foram ensombrados por uma vaidade
extraordinária, como constantemente mostram as suas obras. Era quase patologicamente
egocêntrico. Aparecia sempre como homem forte e autoconfiante; muitas das
suas acções mostram, porém, que era torturado por inibições ...» (Basseches,
[104].)
«Que Trotski desempenhou um papel na Revolução de Outubro
é inegável; mas fê-lo sempre sob a liderança do partido. Porém, em todas as
suas reminiscências, o partido não figura em nenhum lado, e o grande chefe
Trotski está em todos os lados.» (Campbell, [106].)
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Trotsky Before the Party and the Masses
In
all his political activity Trotsky is a superlative of the opportunist
leftist intellectual. He exhibits in outstanding degree all typical defects
of the petty-bourgeois intellectual before the party and the masses. Many of
these defects only became more noticeable when he joined the RSDLP(B), and they
provide a better understanding of the political behaviour of Trotsky and his
followers, namely in the famous discussion on the trade unions.
Below
are several quotations from historians, politicians, biographers, etc., and
from Trotsky himself, which characterize his attitude towards Party and
masses [103]. The authors of the quotations, many of them contemporary with
Trotsky, are of various ideological-political persuasions, including
Trotskyists, as described in the notes. Despite the various persuasions, it
is impressive to see how they essentially converge. The quotations go until
ca. 1922. Others will be mentioned later. The interpolations are ours.
The contempt for the
masses
“The
sense of being an intellectual revolutionary leader lifted Trotsky in his own
estimation above the masses. He felt his superiority to all whom he met; he
never felt close to the masses, but enthroned himself, quite unconsciously,
in Olympian aloofness above real life, above the masses. He remained
essentially an aristocrat.” (Basseches, [104].)
“The
disagreement [between Trotsky and the Bolsheviks] was fundamental and was
never eliminated. … [Trotsky] never really accepted the principle governing
the relationship of Lenin’s party with the masses because he was incapable of
believing in the creative power of the proletariat. He was an egotist, with
all the over-confidence of the egotist. He was of the stuff of which
dictators are made, and his conception of leadership had as its premise the
recognition of his abilities plus a proletariat which would do as he ordered.
They had to be organized. He would organize them as part of a machine under
the control of a staff drawn from the middle classes – the intelligentsia and
the Army officers, with himself at the head. He [Trotsky]… could never
surrender himself to the idea of integrating himself with the proletariat, or
believe … that the revolutionary struggle would bring the working-classes
into the ranks of leadership. ... His intellectual snobbery ruined him as a
revolutionary.” (Murphy, [105].)
This
[ability to merge with the broadest masses of toilers] was one of the things
which Trotsky, in his period of membership of the Communist Party of the
“Trotsky
… was fond of quoting the words of the French Anarchist, Proudhon: ‘Destiny
-- I laugh at; and as for men, they are too ignorant, too enslaved for me to
feel annoyed at them.’” (Sayers and Kahn, [99].)
“History
was to show that Trotsky (in his Red Army days) was a rigid and implacable
martinet in disciplining others.” (
“While
he [Trotsky] seldom missed an opportunity of adopting a revolutionary pose,
of ‘being more revolutionary than anyone else,’ very often the pose concealed
the profoundest pessimism; concealed the fact that the poseur had no faith in
the Russian masses and was preparing to surrender to capitalism.” (
Individualism,
arrogance and vanity
“Trotsky
could recognize no other authority than his own. His temperament and his
whole nature drove him to radicalism. It is remarkable that everything in
Trotsky’s character and career that helped him forward also contributed to
his fall. Why? Because everything promoted his radical defect, his vanity.” (Basseches,
[104].)
“Trotsky,
who was essentially an intellectual aristocrat, not to say an intellectual
snob, was somewhat out of place in the Bolshevik milieu.” (Duranty, [107].)
“For
this [bad relations with leaders] Trotsky had only himself to blame.
Arrogant, cynical, contemptuous of mediocrity, his whole career had been
dotted with violent outbursts directed against innumerable lesser personages.”
(Cole, [108].)
“Trotsky,
the revolutionary per excellence, brilliant as an orator and the ablest
polemical writer of his time, but deficient in constructive ability and
congenitally incapable of working in harmony with others.” (Cole, [108].)
“He [Trotsky]
was widely disliked for arrogance and lack of tact. As he himself admitted,
he had a reputation for unsociability, individualism, and aristocratism. Even
his admiring biographer concedes that he could rarely withstand the
temptation of reminding others of their errors and insisting on his
superiority and insight. Scorning the collegiate style of Lenin and the other
Bolshevik leaders, he demanded, as commander of the country’s armed forces,
unquestioned obedience to himself, giving rise to talk of ‘Bonapartist’
ambitions.” (Barbusse, [109].)
“Here
is how war commissar Trotsky, addressing one of his spectacular mass rallies
in Moscow, was described by the famous American foreign correspondent, Isaac
Marcosson: ‘Trotsky made his appearance in what actors call a good entrance…
after a delay, and at the right psychological moment, he emerged from the
wings and walked with quick steps to the little pulpit. … He inundated his
hearers with a
“Trotsky
lacked much of the quality of the true statesman and leader. His brilliant
gifts were marred, as his works continually show, by an extraordinary vanity.
He was almost pathologically egocentric. He always played the strong,
self-confident man; yet many of his actions showed that he was tortured by
inhibitions…” (Basseches, [104].)
“That
Trotsky played a role in the October Revolution is undeniable; but he did so
always under the leadership of the Party. But in all his reminiscences the
Party is nowhere, and the big chief Trotsky is everywhere.” (Campbell, [106].)
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Métodos
burocrático-administrativos
«Recusando envolver-se na rotina política do dia-a-dia,
frequentemente ausente das reuniões de gabinete e de outras deliberações
administrativas, Trotski assumiu o cargo de estadista acima da luta. Para
Trotski, o principal era a palavra de ordem, a tribuna do orador, o gesto
marcante, mas não o trabalho de rotina. Os seus talentos administrativos
eram, de facto, de baixa ordem. A colecção de documentos no arquivo Trotski
da Universidade de Harvard, com numerosas comunicações a Lénine, revela uma
incapacidade congênita de formular soluções práticas e sucintas: como regra,
Lénine não comentou nem agiu sobre elas [comunicações de Trotski].» (Pipes, [116].)
“Trotski, que hoje aparece como inimigo da burocracia,
apresentou a proposta de que os sindicatos se deviam tornar órgãos do Estado
e que deviam ser 'sacudidos' por uma acção administrativa por parte do
Partido Comunista. Quando essa proposta de sargento de instrução foi
rejeitada no Comité Central do Partido, Trotski saiu e reuniu um grupo de
adeptos com o objectivo de lutar contra o Comité Central.” (Campbell, [106].)
«Veremos que Trotski e Zinoviev
não entenderam isso e foram repetidamente culpados de uma atitude burocrática
e dominadora em relação às massas do povo russo. Isso não impede Trotski de
se mostrar como se fosse um adepto da democracia “lutando pela liberdade”
contra a “burocracia estalinista”.» (Campbell, [106].)
«Trotsky também escreveu [em A Minha Vida]: “no trabalho de rotina, era mais conveniente que Lénine
dependesse de Estáline, Zinoviev ou Kamenev ... Eu não era adequado para
executar incumbências ... Lénine precisava de ajudantes práticos e
obedientes. Eu não servia para esse papel”. Estas frases dizem ... tudo sobre
Trotski: ele atribuia a Lénine o seu próprio conceito aristocrático e
bonapartista de partido: um líder cercado por ajudantes dóceis que lidam com
os assuntos correntes!» (Martens, [115].)
«A incapacidade de autocrítica impediu Trotski de remediar
os seus defeitos. Típico disso foi o seguinte incidente pouco conhecido. Em
1921 teve lugar uma conferência no Palácio do Kremlin com os principais
líderes da Internacional Comunista. ... O assunto em discussão era se deveria
ser iniciada uma insurreição na Alemanha. A maioria dos presentes era a favor
da ideia. Lénine veio à reunião e, num longo discurso, opôs-se à proposta de insurreição.
Na realidade, foi iniciada uma insurreição na Alemanha central que terminou numa
derrota desastrosa do comunismo. A seguir a isso houve outra discussão.
Trotski não tinha estado presente na primeira discussão, mas tinha expresso a
sua opinião por escrito. Alguns líderes russos que tinham votado a favor da
insurreição admitiram o seu erro. Desta vez, Trotski estava presente e fez um
discurso atacando aqueles que haviam sido a favor da insurreição. Surpresos, os
seus ouvintes salientaram que ele próprio havia apoiado a proposta. Ele negou
isso e foi-lhe lembrado de que havia declarado a sua opinião por escrito. Apresentaram-lhe
a carta. Entretanto, a discussão continuava. Trotski leu a carta, não disse
uma palavra e foi-se embora, com o documento no bolso.» (Basseches, [104].)
«E é apenas no caso de Trotski que temos de ter em conta
uma certa quantidade do elemento estritamente pessoal, isto é, a opinião de
Trotski sobre a sua própria importância, coisa que possui em grau elevado. A
sua natureza muito obstinada, a sua intolerância a qualquer forma de crítica
("Ele nunca esquece um ataque à sua ambição", disse Lénine) e o seu
desapontamento por não ser colocado à frente dos assuntos sem associados, têm
muito a ver com a sua hostilidade.» (Barbusse, [109].)
Gosto pela
repressão
Já vimos no artigo
anterior que os métodos de Trotski eram desnecessariamente brutais. Em
1918 quis fuzilar todos os comissários políticos de uma divisão de onde
alguns oficiais tinham desertado para os brancos, o que levou dois membros do
CMR do 3.º Exército a protestar ao CC contra a «atitude extremamente
irreflectida de Trotski relativamente a coisas como fuzilamentos». A ordem de
Trotski não foi cumprida por recusa dos oficiais que protestaram. O CC criticou
e admoestou severamente Trotski por esse comportamento.
Isso não serviu de nada. «... em Novembro de 1920,
irritado com relatos de insubordinação entre as tropas do Exército Vermelho
que enfrentavam Wrangel, emitiu uma ordem que continha a seguinte passagem:
"Eu, o vosso líder vermelho, nomeado pelo governo e investido com a
confiança do povo, exijo uma fé total em mim." Todas as tentativas de
questionar as suas ordens deveriam ser tratadas por execução sumária.» [116]
«Trotski era um odiador feroz e um escritor prolífico, um
polemista e não um historiador, e estava sempre pronto a distorcer e inventar
evidências contra os inimigos.» (Grey, [117].)
Em 1922 Trotski escreveu um post scriptum ao seu Programa
de Paz (1915-17). Nele, apesar dos grandes avanços já alcançados na
altura, Trotski exagerava as dificuldades e distorcia factos para validar a tese
de que o que dissera em 1915-17 (impossível construir o socialismo na Rússia)
continuava válido. Disse, entre outras coisas: “As nossas negociações
comerciais com os Estados capitalistas, as concessões e a conferência de Génova
são uma prova definitiva da impossibilidade de uma construção isolada do
socialismo dentro de uma estrutura estatal nacional.” Ora, as negociações,
concessões e conferência não tinham sido negativas como Trotski insinua e,
mesmo que tivessem sido, nunca constituiriam a «prova definitiva»! Campbell diz
sobre isto [106]: «O ousado revolucionário, que sempre gostara de se mostrar
mais resoluto do que qualquer outro, está claramente a exagerar as
dificuldades.»
«Trotski, num livro sobre "Lénine", que escreveu
logo após a morte de Lénine, tentou dar a entender que, se o Partido seguisse
o conselho de Lénine, teria tomado o poder "independentemente do soviete
e nas costas dele"; que essa política foi rejeitada e a insurreição
adiada de 17 para 25 de Outubro (antigo calendário russo) para coincidir com
o II Congresso dos Sovietes. De facto, Lénine propôs a tomada do poder pelos
sovietes de Moscovo e Petrogrado antes da abertura do Congresso. Isso foi
necessário para antecipar os contra-revolucionários que poderiam a qualquer
momento abrir a frente e permitir aos alemães tomarem Petrogrado, e [outras
razões]» (Campbell, [106].) Conforme já vimos no artigo
anterior, Trotski mente aqui descaradmente. Foi Lénine (com outros) que
defendeu esforçadamente a tomada de poder antes da abertura do Congresso. A “conversa” insidiosa de Trotski
destina-se a esconder que a sua posição
na altura corresponderia a trair a revolução, conforme Lènine assinalou.
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Bureaucratic-administrative
methods
“Refusing
to involve himself in the routine of day-to-day politics, frequently absent
from cabinet meetings and other administrative deliberations, Trotsky assumed
the post of a statesman above the fray. For Trotsky, the main things were the
slogan, the speaker’s platform, the striking gesture, but not routine work.
His administrative talents were, indeed, of a low order. The hoard of
documents in the Trotsky archive at Harvard University, with numerous
communications to Lenin, indicate a congenital incapacity for formulating
succinct, practical solutions: as a rule, Lenin neither commented nor acted
on them [Trotsky’s communications].” (Pipes, [116].)
“Trotsky,
who today appears as the enemy of bureaucracy, came forward with the proposal
that the trade unions must become State organs, and that they should be ‘shaken
up’ by administrative action on the part of the Communist Party. When this
drill sergeant proposal was rejected in the Central Committee of the Party,
Trotsky went outside and gathered a group of adherents for the purpose of
fighting against the Central Committee.” (
“We
will see that Trotsky and Zinoviev did not understand this and were
repeatedly guilty of a bureaucratic, domineering attitude towards the masses
of the Russian people. This does not prevent Trotsky from posing as an
adherent of democracy ‘battling for freedom’ against the ‘Stalinist
bureaucracy’.” (
“Trotsky
also wrote [in My Life]: `in routine work it was more convenient for
Lenin to depend on Stalin, Zinoviev or Kamenev .... I
was not suited for executing commissions .... Lenin needed practical,
obedient assistants. I was unsuited to the role'. These sentences say …
everything about Trotsky: he pinned onto Lenin his own aristocratic and Bonapartist
concept of a party: a leader surrounded by docile assistants who deal with
current affairs!” (Martens, [115].)
Unable of
self-criticism and withstand criticism
“His
lack of self-criticism prevented Trotsky from ever remedying his defects.
Typical of this was the following little-known incident. A conference took
place in 1921 in the
“And
it is only in the case of Trotsky that we have to take into account a certain
amount of strictly personal element, namely Trotsky's opinion of his own
importance, which he possesses in a very high degree. His very self-willed
nature, his intolerance of any form of criticism ("He never forgets an
attack on his ambition," said Lenin) and his disappointment at not being
put at the head of affairs without any associates, have a great deal to do
with his hostility.” (Barbusse, [109].)
A taste for repression
We
have already seen in the previous
article that Trotsky's methods were unnecessarily brutal. In 1918 he
wanted to shoot all the political commissars of a division from which some
officers had deserted to the Whites; this prompted two members of the RMC of
the 3rd Army to protest to the CC against the “extremely ill-considered
attitude of Trotsky relatively to things like shootings.” Trotsky's order was
not fulfilled thanks to the refusal of the protesting officers. The CC
severely criticized and admonished Trotsky against such behaviour.
It
was of no use. “… in November 1920 angered by reports of insubordination
among Red Army troops facing Wrangel, he issued an order that contained the following
passage: ‘I, your Red leader, appointed by the government and invested with
the confidence of the people, demand complete faith in myself.’ All attempts
to question his orders were to be dealt with by summary execution.” [116]
Always ready to distort
facts
“Trotsky
was a fierce hater and a prolific writer, a polemicist rather than a
historian, who was always ready to distort and invent evidence against his
enemy.” (Grey, [117].)
In
1922 Trotsky wrote a Postscript to his Peace
Program (1915-17). In this Postscript, despite the great advances already
made at that time, Trotsky exaggerated the difficulties and distorted facts
to validate the thesis that what he had said in 1915-17 (impossible to build
socialism in
“Trotsky,
in a book on ‘Lenin’ which he wrote immediately after Lenin’s death, tried to
make out that if the Party had followed Lenin’s advice it would have seized
power “independently of the Soviet and behind its back”; that this policy was
rejected and the insurrection was postponed from October 17th to October 25th
(old Russian calendar) in order to coincide with the Second Soviet Congress.
In point of fact, Lenin proposed the seizure of power by the
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Trotski por ele
mesmo
(A ler com atenção)
«Cheguei à Rússia em Fevereiro de 1905 [tinha 26 anos] ...
Entre os camaradas russos, não havia ninguém com quem pudesse aprender alguma
coisa. ... Os fundamentos teóricos assentes na prisão e no exílio, o método
político assimilado no estrahngeiro, encontravam agora aplicação prática pela
primeira vez na guerra... Estava confiante perante os eventos. ... Visualizava
o efeito deles na mente dos trabalhadores ... Em Outubro [de 1905], mergulhei
de cabeça no gigantesco redemoinho que ... foi o maior teste dos meus
poderes. ..... Não posso deixar de notar aqui que essas decisões surgiram em mim
bastante obviamente: ... Senti organicamente que os meus anos de aprendizagem
tinham terminado, embora não no sentido em que parei de aprender. ... Mas nos
anos que se seguiram aprendi como um mestre aprende, e não como um aluno. ...
Nenhum grande trabalho é possível sem intuição ... Creio que os eventos de
1905 revelaram em mim essa intuição revolucionária e me permitiram confiar no
seu garantido apoio durante o resto da minha vida ... os erros que cometi,
por mais importantes que tenham sido ... sempre se referiram a questões que
não eram fundamentais ou estratégicas ... Na apreciação da situação política
não posso, com toda consciência, ... acusar-me de quaisquer erros sérios de
julgamento.» Trotski, A Minha Vida,
cap. XIV.
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Trotsky by himself
(To be read carefully)
“I
came to
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Trotski e a militarização dos sindicatos
Prelúdio
(Abril a início de Novembro de 1920)
Depois dos breves momentos de glória na guerra civil,
Trotski, com a sua posição consolidada no partido, abriu de novo a sua
bagagem de oportunismo, fraccionismo e oposição a Lénine.
A partir da primavera de 1920, com o fim da guerra civil à
vista, Lénine passou a concentrar a sua atenção sobre questões económicas
urgentes para construir os alicerces do socialismo. Uma delas era o plano de
electrificação da Rússia. A outra, era o papel dos sindicatos que exigia
passar dos métodos coercitivos impostos pelo «comunismo de guerra», para
métodos democráticos e participativos dos trabalhadores, que melhorassem as
suas condições de vida e estimulassem o seu entusiasmo na produção. No início
de Novembro de 1920 Lénine escreveu o Projecto
de Resolução «As Tarefas dos Sindicatos e os Métodos para Realizá-las»,
onde chama a atenção para a necessidade -- já reconhecida pelo IX Congresso
do PCR(b) de 29 de Março a 5 de Abril de 1920 e pela Conferência do PCR(b) de
Setembro de 1920 – quanto a
«... ser iniciada ... uma transição
gradual mas firme, dos métodos extraordinários [usados por necessidades da
guerra] para a normalização, em particular pelo envio dos melhores
organizadores de sindicatos individuais para o reforço do Conselho Central de
Sindicatos de Toda a Rússia [CCS] no seu conjunto, para melhorar o seu aparelho,
para tornar mais sistemático o trabalho de todos os sindicatos e, assim consolidar
o movimento sindical no seu todo.» (As interpolações são nossas, excepto nota
em contrário.)
Lénine acrescentava, de acordo com a resolução do IX
Congresso do PCR(b):
«Em particular, isto deve ser aplicado
ao Tsektran [Comité Central dos
Sindicatos dos Transportes]. Há que pôr fim ao seu crescimento desproporcional
em comparação com os outros sindicatos; e os melhores elementos assim disponíbilizados
devem levar a todo o movimento sindical os métodos de elevação do democratismo,
da iniciativa, da participação na gestão da indústria, da emulação, etc., que
deram os melhores resultados na prática.»
O Projecto de
Resolução constituía, portanto, uma chamada de atenção para resoluções
anteriores, para a necessidade (com o fim da guerra) de reorganizar o trabalho dos
sindicatos de acordo com as tarefas da construção socialista pacífica,
desenvolver a democracia, e abandonar os métodos militares de direcção e
administração. Foi esta linha sindical que o PCR(b) propôs na V
Conferência de Toda a Rússia dos Sindicatos, que decorreu de 2 a 6 de
Novembro de 1920.
Trotski, porém, que nunca confiara no proletariado e nas
massas populares, nem na necessidade do exemplo e da persuação, sustentava
que as principais funções do Estado eram administrativas, e que a nova
sociedade nasceria não de acordo com leis objectivas, mas de acordo com a
vontade dos seus líderes [3]. Já no IX Congresso do PCR(b) tinha defendido o
uso do trabalho forçado, dizendo que «[o] homem é um animal bastante
preguiçoso» que tinha de ser «disciplinado e esporeado». [3] Não surpreende,
portanto, que na citada V Conferência se pronunciasse contra a passagem a
novos métodos de trabalho. Na sessão de 3 de Novembro do grupo comunista da V
Conferência, Trotski atacou a linha de
impulsionar a democracia nos sindicatos falou em «sacudir a partir de cima»
os sindicatos, de lhes «apertar os parafusos do comunismo de guerra» e da
imediata «governamentalização dos sindicatos»; opôs-se à linha leninista de «abordar as massas, ganhar as massas e ligarmo-nos a elas», defendendo a
militarização dos sindicatos [118].
O discurso de Trotski, contestado pelo sindicalista M.
Tomski, atiçou novos fraccionismos numa altura em que a questão já tinha sido
muito discutida e decidida, e era prioritária a acção prática concreta de
recuperação económica. Entretanto, a V Conferência adoptou por mais de 200 votos a favor, com 12 abstenções o
documento de Rudzutak (membro do PCR(b)), As
Tarefas dos Sindicatos na Produção, que estava de acordo com as teses de
Lénine mas que passou despecebido durante algum tempo: «O erro grave que eles
[Trotski e outros] (e eu acima de tudo) cometemos foi que "negligenciámos"
as teses de Rudzutak ... adoptadas pela V Conferência. Este documento é o
mais importante em toda a controvérsia» dirá mais tarde Lénine em A Crise no Partido.
Vimos acima que Lénine também fala do Tsektran, o CC de um sindicato que unificara em Setembro de 1920
dois sindicatos dos transportes, ferroviários e aquáticos, por necessidade de
criar uma forte liderança centralizada capaz de garantir a rápida recuperação
dos transportes, cuja desorganização ameaçava paralisar a economia. A
dificuldade das tarefas exigia a aplicação provisória de medidas
extraordinárias e métodos de trabalho militares nesse sindicato.
Infelizmente, após realizar um importante trabalho de recuperação dos
transportes, o Tsektran – liderado por Trotski -- degenerou num organismo
burocrático separado das massas. A
burocracia, os métodos puramente administrativos, as designações arbitrárias,
o abandono dos métodos de trabalho democráticos, foram repetidamente impostos
pelos trotskistas, que tinham tomado o Tsektran
e incitado os trabalhadores contra o partido. Esses métodos foram
condenados pelo CC do PCR(b). Os plenários do CC de 9 de Novembro e 7 de
Dezembro, resolveram integrar o Tsektran
no CCS, com direitos iguais com os outros sindicatos e recomendou ao Tsektran mudar de métodos de trabalho
e expandir a democracia sindical, com ampla elegibilidade em todos os órgãos
sindicais, abolir nomeações arbitrárias, etc. O I Congresso de Toda a Rússia
dos Trabalhadores dos Transportes, em Março de 1921, expulsou os trotskistas
da liderança do Tsektran e
estabeleceu métodos democráticos de trabalho.
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Trotsky and the militarization of the trade unions
Prelude
(April to early
November 1920)
After
the brief moments of glory in the civil war, Trotsky, with a consolidated
position in the party, once again opened his stock-in-trade of opportunism,
factionalism and opposition to Lenin.
From
the spring of 1920, with the end of the civil war in sight, Lenin began focusing
his attention on urgent economic issues having in view the foundations of
socialism. One on them was the Russian electrification plan. Another was the
role of the trade unions which required the shift from coercive methods
imposed by the “war communism” to democratic and participatory methods of the
workers, bringing about the improvement of their living conditions and
stimulating their enthusiasm in production. In early November 1920 Lenin
wrote the Draft Resolution on “The
Tasks of the Trade Unions, And The Methods of Their Accomplishment”,
which draws attention to the need -- already recognized by the Ninth Congress
of the RCP (B), March 29 to April 5 1920, and the RCP (B) Conference of
September 1920 – as regards
“.. a
gradual but steady transition must be effected from urgency procedures to a
more even distribution of forces, particularly in the secondment of the
individual unions’ best organisers to the All-Russia Central Council of Trade
Unions [CCTU] with a view to consolidating that body as a whole, improving
the functioning of its apparatus, achieving greater system in the work of all
trade unions, and thereby strengthening the entire trade union movement.”
(Interpolations are ours, unless
otherwise stated.)
Lenin
added, in accordance to the resolution of the Ninth Congress of the RCP(B):
“This
measure should be applied in particular to the Tsektran [Central
Committee of the Trade Unions of Transports]; an end must be put to its
disproportionate growth as compared with the other unions, and the best
elements thus released should extend to the entire trade union movement those
methods of the broader application of democracy, the promotion of initiative,
participation in the management of industry, the development of emulation,
and so forth, which have yielded the best practical results.”
The
Draft Resolution, therefore, drew
attention to previous resolutions on the need (with the end of the war) to reorganize the work of trade unions
according to the tasks of peaceful socialist construction, develop democracy,
and abandon military methods of management and administration. It was this
trade union line that the RCP(B) proposed at the Fifth All-Russia Conference
of Trade Unions, which took place from 2 to 6 November 1920.
Trotsky,
however, who had never trusted the proletariat and the masses, or the need of
example and persuasion, maintained that the main functions of the state were
administrative, and that the new society would be born not according to
objective laws, but according to the will of their leaders [3]. He had already
advocated at the Ninth Congress of the RCP(B) the use of forced labour,
saying that "[m]an is a rather lazy animal" that had to be
"disciplined and spurred on." [3] It is therefore hardly
surprising, that at the aforementioned Fifth Conference, he spoke against
moving to new working methods. At the November 3 meeting of the Communist
Group of the Fifth Conference, Trotsky
attacked the line of promoting democracy in trade unions and spoke of
"shaking-up [the trade unions] from above", "tightening the screws
of war communism" and the immediate "governmentalization of the
trade unions”; he opposed the Leninist line of "approach to the mass, the way of winning it over, and keeping
in touch with it", defending the militarization of the unions
[118].
Trotsky's
speech, contested by the trade-unionist M. Tomsky, stirred up new factions at
a time when the issue had already been much discussed and decided, and the
priority was concrete practical action for economic recovery. Meanwhile, the
Fifth Conference adopted by over 200 votes in favour with 12 abstentions the
document submitted by Rudzutak (member of the RCP(B)), The Tasks of the Trade Unions in Production, in line with Lenin's
theses, but which had passed unnoticed during some time: “The serious mistake
they [Trotsky and others] (and I above all) made was that we "overlooked"
Rudzutak's theses ... adopted by the Fifth Conference. That is the most important document in the whole of
the controversy,” will say later Lenin in The
Party Crisis.
We
have seen above that Lenin also mentions the Tsektran, the CC of a unified trade union of two trade unions: rail
and water transports. The unification set up in September 1920, had in view the
need of a strong centralised leadership capable of tackling tasks of rapid
rehabilitation of transports, whose disorganization threatened to paralyse
the economy. The enormity of the tasks demanded the provisional application
of extraordinary measures and military methods of work in the union.
Unfortunately, having carried out an important work of transport
rehabilitation, the Tsektran – led by Trotsky -- degenerated
into a bureaucratic body isolated from the masses. The Troyskyists who had taken over the Tsektran and incited the workers against the Party repeatedly
imposed bureaucracy, purely administrative methods, and the abandonment of democratic
methods of work. The plenary sessions of the CC on November 8 and
December 7, 1920, condemned Tsektran’s
methods and adopted a decision to incorporate it into the CCTU on a par with other trade unions. The Tsektran was advised to change its
methods, develop trade union democracy, make elective all trade union bodies,
abolish arbitrary appointments, etc. The First All-Russia Congress of
Transport Workers in March 1921 expelled the Trotskyists from the Tsektran leadership who opposed this
reform and put in place democratic methods of work.
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Trotski agrava as
divergências
(8 de Novembro de 1920 a início de Janeiro de 1921)
De 8 a 10 de Novembro de 1920 tem lugar um plenário do CC
do PCR(b) onde é discutida a questão sindical. A 8 de Novembro Trotski lê as
suas teses, Os sindicatos e o seu papel
no futuro, onde defende a política do «abanão» camuflada com conversa
sobre uma alegada «crise severa» nos sindicatos. Na visão de Trotski, os
sindicatos deveriam manter uma disciplina militar usando métodos de coerção,
deveriam tornar-se «veículos da repressão revolucionária» com o direito de «ordenar»
e de aplicar punições, caso contrário, conforme disse, os sindicatos tornar-se-iam
«uma mera fórmula sem substância».
As teses de Trotski receberam 7 votos e as de Lénine 8.
(Nessa altura o CC tinha vários seguidores de Trotski [119].) A discussão
prossegue. Tomski opõe-se às teses de Trotski e é apoiado por Lénine. As
teses de Lénine «As Tarefas dos
Sindicatos e os Métodos para Realizá-las» acabam por ser adoptadas por 10
votos contra 4 (Trotski, Andreiev, Krestinski e Rikov) e 1 abstenção.
Surge o «grupo pára-choques» com Bukhárine e Zinoviev. O CC cria uma comissão sindical e elege
Trotski para a integrar. Trotski recusa. (O leitor lembrar-se-á de outras
recusas de Trotski desde que entrou no PCR(b); sempre que uma comissão ia
contra os interesses da sua luta fraccionista, Trotski recusava trabalhar
nela.) Como diz mais tarde Lénine em A
Crise no Partido:
«Ele [Trotski] recusa-se a trabalhar na comissão, e bastou esse passo para agravar o seu
erro original, que posteriormente o leva ao fraccionismo. Sem esse passo, o
seu erro (ao submeter teses incorrectas) permaneceria muito pequeno, um de
tantos em que alguma vez incorreram todos os membros do Comité Central, sem
excepção». (Lénine, no mesmo artigo, autocritica-se por ter feito nessa
reunião «uma série de “ataques” evidentemente exagerados e por conseguinte errados».)
De 20 a 22 de Novembro de 1920 realizou-se a Conferência do PCR(b) da Província de
Moscovo, de cuja agenda constavam as eleições para o Comité de Moscovo. A
Conferência decorreu num ambiente tenso, devido à controvérsia sobre os
sindicatos estimulada por Trotski e aos ataques de grupos de oposição que se
esforçavam por ganhar influência contra a linha do partido. Esses grupos
eram:
-- A «oposição operária», grupo
anarco-sindicalista, encabeçado por A. Shliápnikov, S. Medvédev, A.
Kollontai, e outros, surgiu em Setembro de 1920 na IX Conferência do PCR(b).
A «oposição operária» exigia: entregar a direcção de toda a economía a um
«Congresso de produtores» agrupados em sindicatos, que elegeriam um órgão
central de direcção de toda a economía; os órgãos de direcção económica seriam
eleitos pelos sindicatos respectivos, propondo candidaturas que não poderiam
ser recusadas pelo PCR(b) nem pelos sovietes. Tais exigências negavam o papel
dirigente do partido como instrumento fundamental na construção socialista. Os
sindicatos eram contrapostos ao Estado soviético e ao PCR(b) como forma
superior de organização da classe operária.
Durante a Conferência de
Moscovo o grupo iniciou a luta fraccionária. A fim de colocar no Comité de
Moscovo o maior número possível dos seus partidários, o grupo organizou uma
reunião especial de delegados operários numa sala diferente da dos demais.
Mais tarde, no X Congresso do PCR(b), Lénine diria: «Em Novembro, quando a
Conferência das duas salas foi realizada, quando alguns se reuniram aqui,
enquanto outros o fizeram no outro extremo deste mesmo piso, e eu fui a
vítima porque tinha de agir como mensageiro e ir de uma sala para outra, foi
evidente o dano do nosso trabalho, o começo do fraccionismo e de uma cisão».
[120]
-- O «grupo pára-choques»,
liderado por N. Bukhárine e integrado por I. Larin, E. Preobrajenski, L.
Serebriákov, G. Sokólnikov e outros. O grupo dizia querer «amortecer» as
diferenças entre Lénine e Trotski quanto ao papel e tarefas dos sindicatos. De
facto, no seu falso papel de conciliador, Bukhárine defendeu Trotski por
todos os meios e atacou Lénine. Numa reunião a 30 de Dezembro de 1920 Lénine disse
(em Os sindicatos, o momento actual e
os erros de Trotski) que se pudesse desenhar tão bem caricaturas quanto
Bukhárine «o representaria como um homem a derramar um balde de querosene
sobre as chamas, com a legenda: “querosene amortecedor”». De facto, o «grupo pára-choques»
colaborou com a actividade fraccionária de Trotski. Foi cúmplice do pior e
mais prejudicial fraccionismo. Lénine chamou às teses de Bukhárine e seus
apoiantes – muitos dos quais trotskistas -- de «o ápice da decomposição ideológica» (em A Crise no Partido). Pouco
depois, Bukhárine renunciou a sua plataforma e juntou-se abertamente à
posição de Trotski, numa antecipação do que iria acontecer nos anos 30
sob Estáline.
-- O grupo fraccionário oportunista
que demagogicamente se intitulava de "centralismo democrático",
liderado por M. Boguslavski, N. Osinski, T. Saprónov, V. Smirnov e outros.
Agiu pela primeira vez contra a linha do partido no VIII Congresso do PCR(b).
O grupo negava o papel dirigente do partido nos sovietes e sindicatos,
opunha-se à direcção pessoal e responsabilidade pessoal dos directores da
indústria, defendia a fusão do CCP com o presidium do CEC de toda a Rússia,
exigia liberdade para fracções e grupos e que fosse abolida a subordinação
dos órgãos de poder local ao poder central. No IX Congresso o grupo teve o
apoio de A. Rikov, M. Tomski, V. Miliutin e A. Lomov. O IX Congresso criticou
severamente os elementos sindicalistas (Shliápnikov, Lozovski, Tomski,
Lutovinov), que defendiam a «independência» dos sindicatos contrapondo-os ao
PCR(b) e ao poder soviético. O Congresso desmascarou as suas visões
antipartidárias e opôs-se-lhes resolutamente, apontando que os sindicatos,
como escola do comunismo, deveriam organizar as massas proletárias,
treiná-las no trabalho de gestão, elevar o seu nível cultural e político e
prepará-las para o papel de construtores do socialismo. O grupo teve reduzida
influência nas massas do partido, mas as suas acções foram aprovadas pelos
mencheviques, que simpatizavam com eles em muitas questões. O grupo publicou
a sua plataforma fraccionária entre 1920 e 1921, durante a discussão
sindical. Tomski foi o grande opositor a Trotski na V Conferência.
-- Os «Partidários de Ignátov»,
grupo anarco-sindicalista e antipartidário, chefiado por Y. N. Ignátov.
Existiu em 1920 e 1921, no período de discussão sindical mas a sua
influência, confinada a Moscovo, era diminuta. Os partidários de Ignátov
compartilhavam as visões anarco-sindicalistas da «oposição operária» num
sentido mais anarquista. Depois do X Congresso do PCR(b) o grupo dissolveu-se.
A Conferência do PCR(b) da Província de Moscovo, sob a
direcção de Lénine, rejeitou as intervenções contra o partido e apontou a
necessidade de combater grupos sem princípios. A lista de candidatos ao
Comité de Moscovo, elaborada pela «oposição operária» na sua reunião privada
foi rejeitada pela Conferência que aprovou a lista proposta pelo Bureau
Político do CC. [121]
De 22 a 29 de Dezembro teve lugar o VIII Congresso de Sovietes
de toda a Rússia [122] numa altura em que a frente económica era «a principal
e mais importante» (Lénine). Trotski,
contudo, aproveitou o Congresso para, numa reunião conjunta a 24 de Dezembro de
delegados do Congresso de Sovietes com militantes sindicais, atiçar de novo a
questão sindical (que não fazia parte da agenda do Congresso), a fim de obter
apoios de fora do CC para as suas teses -- que tinham sido vencidas no CC. Em
25 de Dezembro, publicou-as (em nome de «vários operários responsiáveis») numa
brochura-plataforma, O papel e as tarefas dos sindicatos,
que marcou a formação da sua fracção anti-partido.
Na sua brochura Trotski estabelecia um programa de
abolição dos sindicatos, enquanto organizações públicas chamadas a defender
os interesses dos trabalhadores e a ajudar o partido na educação das massas. Defendia
também a ideia da «coalescência» das organizações sindicais com os órgãos
económicos, que concentrariam todo o controlo da produção, e a transformação dos sindicatos em
órgãos de militarização do trabalho -- não
apenas dos operários, mas também dos camponeses. Trotski, de facto,
propôs que o trabalho forçado fosse introduzido em todas as esferas da vida
da sociedade soviética e pediu a abolição do princípio do incentivo económico,
defendido pelas teses de Rudzutak e por Lénine e seus associados no CC.
Na sua brochura
Trotski ia ainda mais longe. Ele, que tinha sido um menchevique e um aliado
de Kautsky, chamava agora a Lénine (e seguidores) kautskista-menchevique (!)
nestes termos exaltados:
«O simples pôr em contraste
métodos militares (ordens, punições) com métodos sindicais (explicação,
propaganda, actividade independente) é uma manifestação de preconceitos kautskistas-mencheviques-socialista-revolucionários.
... O contraste entre as organizações dos trabalhadores e as organizações
militares no estado operário é uma rendição vergonhosa ao kautskismo».
Em 30 de Dezembro de 1920, tem lugar uma reunião conjunta
de delegados comunistas que tinham participado no VIII Congresso dos Sovietes
com comunistas do CCS e do conselho sindical de Moscovo. Conforme revelaria
Lénine no artigo A Crise no Partido,
19 de Janeiro de 1921, «A controvérsia reacende-se intensamente. Zinoviev e
Lénine, por um lado, Trotski e Bukhárine, por outro. Bukhárine quer fazer de
“pára-choques”, mas só fala contra Lénine e Zinoviev, e nem uma palavra
contra Trotski». Trotski e Bukhárine aparecem, portanto, como aliados,
inclusive na intriga. De facto, Lénine revela no mesmo artigo:
«Na minha opinião, o clímax de
toda a discussão de 30 de Dezembro foi a leitura das teses de Rudzutak. ... Trotski e Bukhárine, longe de se atreverem
a objectá-las, até inventaram a lenda de que a “melhor parte” das teses havia
sido elaborada por membros de Tsektran
-- Holtzmann, Andreiev e Liubimov. ...
«A lenda foi desbaratada nesse mesmo dia, 30 de Dezembro, por
Rudzutak, que assinalou que "não existe" nenhum Liubimov no CCS,
que no seu presidium Holtzmann tinha votado contra essas teses e que estas
foram elaboradas por uma comissão composta por Andreiev, Tsiperovich e ele
próprio.
«Mas suponhamos que a lenda de
Bukhárine e Trotski era verdadeira. Nada os destrói tão completamente quanto
essa suposição. Porque, se “os do Tsektran” incorporaram as suas "novas”
ideias na resolução de Rudzutak, se Rudzutak as aceitou, se todos os
sindicatos aprovaram essa resolução ... e se Bukhárine e Trotski nada têm a
dizer contra ela, o que é que se deduz disto?
«Deduz-se que todas as discrepâncias de Trotski são artificiais, que nem ele nem "os do Tsektran" têm qualquer tipo de "novas
tarefas ou métodos", e que tudo o que é prático e essencial já foi dito,
aprovado e decidido pelos
sindicatos antes mesmo da questão ter
sido levantada no Comité Central».
O discurso de Lénine proferido nessa mesma reunião de 30
de Dezembro foi publicado em 1921 com o título: Os sindicatos, o momento actual e os erros de Trotski. Lénine
começa por dizer [123]:
«O meu material principal é o brochura do camarada Trotski O papel e as tarefas dos sindicatos.
Quando o comparo com as teses que submeteu ao CC e o analiso com cuidado,
fico impressionado com a quantidade de erros teóricos e as imprecisões óbvias
que contém. Como é possível que alguém, no início de uma grande discussão
no partido sobre esta questão, produza algo tão infeliz em vez de uma
exposição cuidadosamente pensada?»
Antes de prosseguir para a análise das opiniões de
Trotski, Lénine estabelece certos princípios fundamentais do papel dos
sindicatos na etapa socialista, na etapa de transição do capitalismo para o
comunismo:
«... os sindicatos, que
abranjem todos os trabalhadores da indústria [124], são uma organização da
classe dirigente, dominante e governante. ... Mas não são uma organização
estatal; nem estão destinados à coerção, mas sim à educação. ...; são, de
facto, escolas: escolas de administração, escolas de gestão económica,
escolas de comunismo. São um tipo de escola muito incomum, porque não têm
professores ou alunos; ... Falar sobre o papel dos sindicatos sem ter em
conta estas verdades leva inevitavelmente a cair em vários erros.»
E, uma vez justificados teoricamente (e mais tarde Lénine
também apresenta dados empíricos justificativos) estes princípios [125],
Lénine deduz «conclusões práticas»:
«... os sindicatos são um elo entre a vanguarda e as massas, e
pelo seu trabalho quotidiano levam convicção às massas, às massas da única
classe capaz de nos levar do capitalismo ao comunismo. Por outro lado, os
sindicatos são um "reservatório" do poder do estado. É isso que os
sindicatos são no período de transição do capitalismo para o comunismo».
A partir destes princípios, e tendo em conta a situação na
Rússia, Lénine passa a apontar os erros de Trotski:
«... há algo basicamente
errado, no que diz respeito aos princípios, no camarada Trotsky, quando se refere,
na sua primeira tese, à "confusão ideológica" ... Quem sofre de "confusão
ideológica" é precisamente Trotski, porque neste problema-chave do
papel dos sindicatos, do ponto de vista da transição do capitalismo para o
comunismo, perdeu de vista o facto de
que estamos aqui diante de um sistema complexo, de engrenagens que não podem
ser simples, uma vez que a ditadura [isto é, o papel dominante e
dirigente] do proletariado não pode
ser exercida através do proletariado organizado como um todo. Não pode funcionar sem uma série de
"correias de transmissão" que vão da vanguarda para a massa da
classe avançada, e dela para as massas trabalhadoras.»
Observando que Trotski justificava as suas teses como baseadas
num "princípio geral" polemizando contra princípios já esclarecidos
no IX Congresso, Lénine diz:
«Em geral, o grande erro do camarada Trotski, o seu erro de princípio,
é que, quando levanta neste momento uma questão de "princípio",
está a arrastar para trás o partido e o poder soviético. Graças a Deus já
concluímos os princípios e passámos às tarefas práticas.
«... as verdadeiras divergências não consistem no que o camarada Trotski
acredita, mas no problema de como ganhar as massas, como abordá-las, como se
relacionar com elas. ... se
tivéssemos feito um estudo detalhado, mesmo que em pequenas proporções, da
nossa própria experiência e da nossa prática, poderíamos ter evitado as
centenas de “divergèncias" e erros de princípio completamente inúteis,
de que está cheia a brochura do camarada Trotski.»
Mais adiante, ao discutir a natureza do estado soviético,
Lénine faz importantes observações:
«... O programa do nosso
partido ... demonstra que o nosso é um estado operário com uma deformação burocrática. Tivemos que marcá-lo com essa
etiqueta, digamos, sombria. É esta a realidade da transição.
«Bem, será justo dizer que num
Estado que assumiu essa forma na prática, os sindicatos não têm nada a
defender, ou que podemos passar sem eles para defender os interesses
materiais e espirituais do proletariado organizado como um todo? Não, esse
raciocínio está totalmente errado do ponto de vista teórico. .....
«Temos agora um Estado que todo
o proletariado organizado deve defender, enquanto nós, pela nossa parte,
devemos usar essas organizações dos trabalhadores para defender os
trabalhadores face ao seu Estado e para que os trabalhadores defendam o nosso
Estado. As duas formas de defesa são alcançadas através de um entrelaçamento
peculiar das nossas medidas estatais e do nosso acordo ou
"coalescência" com os nossos sindicatos.
«... “coalescer” implica a
existência de coisas distintas que ainda têm de ser coalescidas: “coalescer”
implica a necessidade de usarmos medidas do poder estatal para proteger os
interesses materiais e espirituais do proletariado massivamente organizado
desse mesmo poder estatal.»
Lénine também chama a atenção que «... é estranho ouvi-lo [a Bukhárine] dizer, tal como Trotski, que o partido terá que "escolher entre duas
tendências"». Uma chamada de atenção a que voltará mais tarde.
Estáline também escreveu a 5 de Janeiro de 1921 um
interessante artigo sobre as opiniões de Trotski, intitulado os Nossos Desacordos, que demontra bem
porque razão as posições de Trotski não são marxistas, embora Estáline se
abstenha de dizer isto explicitamente. Limitamo-nos aqui a três excertos:
«Um grupo de trabalhadores do
Partido liderado por Trotski, intoxicado pelos sucessos alcançados pelos
métodos militares do exército, supõe que esses métodos podem e devem ser
adoptados pelos trabalhadores nos sindicatos, a fim de obter sucessos
semelhantes no fortalecimento dos sindicatos e na revitalização da indústria.
Mas esse grupo esquece que o exército e a classe trabalhadora são duas
esferas diferentes, que um método adequado ao exército pode ser inadequado,
prejudicial para a classe trabalhadora e os seus sindicatos».
«O erro que Trotski comete é
que subestima a diferença entre o exército e a classe trabalhadora, coloca os
sindicatos em pé de igualdade com as organizações militares e tenta,
evidentemente por inércia, transferir métodos militares do exército para os
sindicatos, para a classe trabalhadora».
«... A democracia nos
sindicatos, ou seja, o que geralmente é chamado de “métodos normais de
democracia proletária nos sindicatos”, é a democracia consciente, característica
das organizações de massas da classe trabalhadora, que pressupõe a consciência da necessidade e utilidade
de empregar sistematicamente métodos de persuasão dos milhões de
trabalhadores organizados em sindicatos. Se essa consciência está ausente, a
democracia torna-se uma palavra vazia.»
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Trotsky aggravates disagreements
(From November 8
1920 to early January 1921)
From
November 8 to 10, 1920, a plenary session of the CC of the RCP(B) took place
where the trade union issue was discussed. On November 8 Trotsky read his
theses, The Trade Unions and Their Future
Role, where he advocates a policy of “shaking-up” camouflaged with chat
about an alleged “severe crisis” in the unions. In Trotsky's view, the trade unions
should maintain military discipline using methods of coercion, should become “vehicles
of revolutionary repression” with the right to “order” and to mete out
punishment, otherwise, he said, they would become “a mere formula without
substance”.
Trotsky's
theses received 7 votes and Lenin's 8 votes. (At the time the CC had several
followers of Trotsky [119].) The discussion goes on. Tomsky opposes Trotsky's
theses and is supported by Lenin. Lenin's theses “The Tasks of the Trade Unions, end the Methods of Their
Accomplishment” were eventually adopted by 10 votes against 4 (Trotsky,
Andreyev, Krestinsky and Rykov) with 1 abstention.
The
"buffer group" comes out with Bukharin and Zinoviev. The CC appoints a trade union commission
and elects Trotsky to join it. Trotsky refuses. (The reader will remember
Trotsky's other refusals since joining the RCP(B); whenever a commission was
put up against the interests of his factionalist struggle, Trotsky refused to
join it.) As Lenin says later in The
Party Crisis:
“He [Trotsky]
refuses to work on the commission, magnifying by this step alone his original mistake, which
subsequently leads to factionalism. Without that step, his mistake (in
submitting incorrect theses) remained a very minor one, such as every member
of the Central Committee, without exception, has had occasion to make.” (Lenin, in the same
article, criticizes himself for having made at this meeting "a number of
number of obviously exaggerated and therefore mistaken ‘attacks’".)
From
20 to 22 November 1920, was held The
Moscow Gubernia Conference Of The RCP(B), in whose agenda stood the
elections to the Moscow Committee. The Conference took place in a tense atmosphere,
due to Trotsky's controversy over the trade unions and the attacks by
opposition groups trying to gain influence against the party line. These
groups were:
-- The “workers opposition”, an
anarcho-syndicalist group headed by A. Shlyapnikov, S. Medvedev, A.
Kollontai, and others, emerged in September 1920 at the Ninth Conference of
the RCP(B). The “workers opposition” demanded: to hand over the leadership of
the whole economy to a “Congress of producers” grouped in trade unions, which
would elect a central governing body of the whole economy; the economic
governing bodies would be elected by their respective trade unions, proposing
candidates that could not be rejected by the RCP(B) or the Soviets. Such
demands denied the leading role of the Party as a fundamental instrument in
the socialist construction. The trade unions were counterposed to the Soviet
state and the RCP(B), as the superior form of working-class organization.
During the Moscow Conference the
group began the fractional struggle. In order to place as many of its
supporters as possible in the Moscow Committee, the group organized a special
meeting of workers' delegates in a different room from the others. Later, at
the Tenth Congress of the RCP(B), Lenin would say: “There was evidence of
damage to our work, the start of factionalism and a split in November, during
the two-room conference -- when some met here and others down at the other
end of the floor, and when I had my share of the trouble, for I had to act as
errand-boy and shuttle between the rooms.” [120]
-- The “buffer group” headed by N.
Bukharin and comprising I. Larin, E. Preobrazhensky, L. Serebryakov, G. Sokolnikov
and others. The group claimed as being its purpose to serve as a "buffer"
in the differences between Lenin and Trotsky regarding the role and tasks of
the trade unions. In reality, Bukharin in his false role of conciliator,
defended Trotsky by all means and attacked Lenin. In a meeting on December
30, 1920 Lenin said (in The Trade
Unions, The Present Situation And Trotsky’s Mistakes) that if he could
draw cartoons as well as Bukharin “I would depict him as a man pouring a
bucket of kerosene on the flames, and give the following caption: ‘Buffer
kerosene’." In fact, the “buffer group” cooperated with Trotsky's factional
activity. It was complicit in the worst and most harmful factionalism. Lenin
characterized the theses of Bukharin and his supporters -- many of them
Trotskyists -- as "being an all-time low in ideological disintegration"
(in The Party Crisis). Shortly
thereafter Bukharin resigned his platform and openly joined Trotsky's
position in an anticipation of what would occur in the 1930s under Stalin.
-- The opportunist factional group
that demagogically called itself "democratic centralism", led by M.
Boguslavsky, N. Osinsky, T. Sapronov, V. Smirnov and others. Its first action
against the party line took place at the Eighth Congress of the RCP(B). The
group refuted the leading role of the party in the soviets and trade unions,
opposed the personal leadership and personal responsibility of industry
directors, advocated merging the CPC with the Presidium of the All-Russian CEC,
demanded freedom for factions and groups, and a ban on the subordination of
local authorities to central power. At the Ninth Congress the group got the
support of A. Rykov, M. Tomsky, V. Milyutin and A. Lomov. The Ninth Congress
severely criticized the trade union elements (Shlyapnikov, Lozovsky, Tomsky,
Lutovinov), who defended the "independence" of the trade unions
opposing them to the RCP(B) and Soviet power. The Congress unmasked their
anti-Party views and resolutely opposed them, pointing out that trade unions,
as schools of communism, should organize the proletarian masses, train them
in management work, raise their cultural and political level and prepare them
as builders of socialism. The group had little influence on the Party masses,
but their actions were approved by the Mensheviks, who sympathized with them
on many issues. The group published its factional platform between 1920 and
1921 during the trade union controversy. Tomsky was the great opponent to Trotsky
at the V Conference.
-- The "Activists of Ignatov",
an anarcho-syndicalist and anti-party group headed by Y. N. Ignatov. It
existed in 1920 and 1921, during the period of the trade union controversy
but its influence, confined to
The
Moscow Gubernia Conference Of The RCP(B), under Lenin's leadership, rejected
interventions against the party and pointed to the need to fight unprincipled
groups. The list of candidates for the Moscow Committee drawn up by the “workers'
opposition” at its private meeting was rejected by the Conference which
approved the list proposed by the CC Political Bureau. [121]
From
22 to 29 December took place the Eighth All Russia Congress of Soviets [122]
at a time when the economic front was "the main and most important"
one (Lenin). Trotsky took advantage of
the Congress to stir up again the trade union issue (which was not an item of
the Congress agenda) at a joint meeting hold on 24 December of delegates to
the Congress of Soviets with trade union activists. His aim was to carry
support for his theses -- which had been defeated in the CC – from outside
the CC. He published them on 25 December, (on behalf of “a number of
responsible workers”) in a pamphlet-platform, The Role and Tasks of Trade Unions, which marked the formation of
his anti-Party faction.
In
his pamphlet Trotsky set out a program for abolishing trade unions as public
organizations called upon to defend the interests of working people and to
assist the party in the upbringing of the masses. He advocated also the idea
of the "coalescence" of trade union organizations with the economic
bodies, which would concentrate all control of production, and the transformation of the trade
unions into bodies for the militarization of labour -- not only of the workers but also of the peasants. Trotsky, in
fact, proposed that forced labour be introduced into all walks of life of Soviet
society and called for the abolition of the principle of economic incentive,
advocated in Rudzutak’s theses of and by Lenin and his associates in the CC.
In his pamphlet Trotsky went even
a step further. He, who had been a Menshevik and an ally of Kautsky, was now
calling Lenin (and followers) a Kautskyite-Menshevike (!) In these excited
terms:
“The bare contrasting of military
methods (orders, punishment) with trade-union methods (explanation,
propaganda, independent activity) is a manifestation of
Kautskian-Menshevik-Socialist-Revolutionary prejudices. … The very
contrasting of labour organisations with military organisation in a workers’
state is shameful surrender to Kautskyism.”
On
December 30, 1920, took place a joint meeting of communist delegates who had
participated in the Eighth Congress of the Soviets with communists of the CCTU
and communists of the Moscow City Council of trade unions. As Lenin would
reveal in his article The Party Crisis,
January 19 1921, “The controversy flares up to full blast. Zinoviev and Lenin
on one side, Trotsky and Bukharin on the other. Bukharin wants to play the ‘buffer’, but
speaks only against Lenin and Zinoviev, and not a word against Trotsky."
Thus, Trotsky and Bukharin came out as allies, even in intrigue. As a matter
of fact, Lenin reveals in the same article:
“In my opinion, the climax of the
whole discussion of December 30 was the reading of Comrade Rudzutak’s theses.
… Trotsky and Bukharin, far from being
able to object to them, even invented the legend that the ‘best part’ of the
theses had been drawn up by members of
Tsektran -- Holtzmann, Andreyev and Lyubimov.
“The legend was exploded that very day, December 30, by Rudzutak,
who pointed out that Lyubimov “did not exist” on the All-Russia Central Council
of Trade Unions, that in its presidium Holtzmann had voted against these
theses, and that they had been drawn up by a commission consisting of
Andreyev, Tsiperovich and himself.
“But let us for a moment assume
that Comrades Trotsky and Bukharin’s legend is true. Nothing so completely
defeats them as such an assumption. For what is the conclusion if the
‘Tsektranites’ had inserted their “new” ideas into Rudzutak’s resolution, if
Rudzutak had accepted them, if all the trade unions had adopted this resolution
… and if Bukharin and Trotsky have nothing to say against it?
“It is that all of Trotsky’s disagreements are artificial, that
neither he nor the ‘Tsektranites’ have any “new tasks or methods”, and that
everything practical and substantive had been said, adopted and decided upon
by the trade unions, even before the
question was raised in the Central Committee.”
Lenin's
speech at that same meeting of 30 December was published in 1921 with the
title: The Trade Unions, The Present
Situation And Trotsky’s Mistakes. Lenin begins by saying [123]:
“My principal material is Comrade Trotsky’s pamphlet, The Role and Tasks of the Trade Unions.
When I compare it with the theses he submitted to the CC, and go over it very
carefully, I am amazed at the number of theoretical mistakes and glaring
blunders it contains. How could anyone starting a big Party discussion on
this question produce such a sorry excuse for a carefully thought out
statement?”
Before
proceeding to analyze Trotsky's views, Lenin sets out certain fundamental
principles of the role of trade unions in the socialist stage, in the
transition stage from capitalism to communism:
“…trade unions, which take in all
industrial workers [124], are an organisation of the ruling, dominant,
governing class …. But it is not a state organisation; nor is it one designed
for coercion, but for education. …; it is, in fact, a school: a school of
administration, a school of economic management, a school of communism. It is
a very unusual type of school, because there are no teachers or pupils; … To
talk about the role of the trade unions without taking these truths into
account is to fall straight into a number of errors.”
And,
once theoretically justified these principles (and later Lenin also provides
supporting empirical data) [125], Lenin deduces “practical conclusions”:
“… the trade unions are a link
between the vanguard and the masses, and by their daily work bring conviction
to the masses, the masses of the class which alone is capable of taking us
from capitalism to communism. On the other hand, the trade unions are a ‘reservoir’
of the state power. This is what the trade unions are in the period of
transition from capitalism to communism.”
From
these principles, and taking into account the situation in
“… there is something
fundamentally wrong in principle when Comrade Trotsky points, in his first
thesis, to ‘ideological confusion’ … It
is Trotsky who is in ‘ideological confusion’, because in this key
question of the trade unions’ role, from the standpoint of transition from
capitalism to communism, he has lost
sight of the fact that we have here a complex arrangement of cogwheels which
cannot be a simple one; for the dictatorship [i.e., the dominant and
ruling role] of the proletariat cannot
be exercised by a mass proletarian organisation. It cannot work without a
number of ‘transmission belts’ running from the vanguard to the mass of the
advanced class, and from the latter to the mass of the working people.”
Observing
that Trotsky justified his theses as being based on a "general
principle", arguing against principles that had already been clarified
at the Ninth Congress, Lenin says:
“In general, Comrade Trotsky’s great mistake, his mistake of principle,
lies in the fact that by raising the question of “principle” at this time he
is dragging back the Party and the Soviet power. We have, thank heaven, done
with principles and have gone on to practical business.”
“… the actual differences do not lie where Comrade Trotsky sees them but
in the question of how to approach the mass, win it over, and keep in touch
with it. … had we made a detailed,
even if small-scale, study of our own experience and practices, we should
have managed to avoid the hundreds of quite unnecessary “differences” and
errors of principle in which Comrade Trotsky’s pamphlet abounds.”
Further
on, when discussing the nature of the Soviet state, Lenin makes important
observations:
“… Our Party Programme … shows
that ours is a workers’ state with a bureaucratic
twist to it. We have had to mark it with this dismal, shall I say, tag.
There you have the reality of the transition.
“Well, is it right to say that in
a state that has taken this shape in practice the trade unions have nothing
to protect, or that we can do without them in protecting the material and
spiritual interests of the massively organised proletariat? No, this
reasoning is theoretically quite wrong. .....
“We now have a state under which
it is the business of the massively organised proletariat to protect itself,
while we, for our part, must use these workers’ organisations to protect the
workers from their state, and to get them to protect our state. Both forms of
protection are achieved through the peculiar interweaving of our state
measures and our agreeing or ‘coalescing’ with our trade unions.
“…’coalescing’ implies the
existence of distinct things that have yet to be coalesced: ‘coalescing’
implies the need to be able to use measures of the state power to protect the
material and spiritual interests of the massively organised proletariat from
that very same state power.”
Lenin
also points out that "... it is
strange to hear you [Bukharin] say, like Trotsky, that the Party will have to
"choose between two trends." This alarm bell will receive
further attention from Lenin at a later time.
Stalin
also wrote on 5 January 1921 an interesting article on Trotsky's opinions,
entitled Our Disagreements, which
demonstrates well why Trotsky's positions are not of a Marxist, though Stalin
abstains himself of writing that explicitly. We limit ourselves here to three
excerpts:
“A group of Party workers headed by Trotsky, intoxicated by the
successes achieved by military methods in the army, supposes that those
methods can, and must, be adopted among the workers, in the trade unions, in
order to achieve similar successes in strengthening the unions and in
reviving industry. But this group forgets that the army and the working class
are two different spheres, that a method that is suitable for the army may
prove to be unsuitable, harmful, for the working class and its trade unions.”
“The mistake Trotsky makes is that
he underrates the difference between the army and the working class, he puts
the trade unions on a par with the military organisations, and tries,
evidently by inertia, to transfer military methods from the army into the
trade unions, into the working class.”
“… Democracy in the trade unions,
i.e., what is usually called ‘normal methods of proletarian democracy in the
unions,’ is the conscious democracy characteristic of mass working-class
organisations, which presupposes consciousness of the necessity and
utility of systematically employing methods of persuasion among the millions
of workers organised in the trade unions. If that consciousness is absent,
democracy becomes an empty sound.”
|
O fraccionismo de
Trotski é derrotado
(Janeiro a Março de 1921)
Apesar de já criticados de forma exaustiva e demonstrativa,
e apesar de já derrotados em reuniões do CC, os grupos oposicionistas
persistiram na sua actividade, com relevância para Trotski e Bukhárine.
Note-se que não se tratava aqui de uma mera exposição de opiniões diferentes;
tratava-se sim de uma actividade
fraccionista contra a linha adoptada democraticamente pelo partido, que
semeava confusões e diversionismo entre os trabalhadores e camponeses,
causando danos consideráveis à frente económica.
A 14 de Janeiro de 1921, quando já decorriam trabalhos de
preparação do X Congresso do PCR(b), a Comissão Sobre os Sindicatos do CC
editou a brochura Projecto de resolução
do X Congreso do PCR sobre o papel e as tarefas dos sindicatos assinado
por nove membros do CC (Zinóviev, Estáline, Tomski, Rudzutak, Kálinine,
Kámenev, Petróvski, Artiom y Lénine) e também por Lozovski, membro da
comissão sindical. [126]
A 16 de Janeiro, o jornal Pravda, cujo chefe de
Redacção era Bukhárine, publicou a plataforma Bukhárine (assinada também
por Larin, Preobrajenski, Serebriakov, Sokolnikov, Yakovleva) e a plataforma
Saprónov do «centralismo democrático» (assinada também por Bubnov,
Boguslavski, Kamenski, Maximovski, Osinski, Rafail). Na reunião alargada do
Comité de Moscovo do PCR(b) de 17 de Janeiro pronunciaram-se também os
«Ignatovistas» que vêem a sua plataforma publicada no Pravda em 19 de Janeiro. Todas estas plataformas defendiam teses
anarco-sindicalistas, de «sindicalizar o Estado». Lénine comentou que Bukarin
tinha caído num erro muito mais sério do que todos os de Trotski em conjunto
que equivalia a romper com o comunismo. Numa votação na reunião alargada do
Comité de Moscovo do PCR(b) de 17 de Janeiro as teses de Lénine obtiveram 84
votos contra 27 de Trotski. A 18 de Janeiro o Comité de Moscovo apelou a
todas as organizações para apoiarem unanimemente as teses de Lénine.
Em 26 de Janeiro foi publicado pela Secção de Imprensa do
Soviete de Moscovo o artigo de Lénine Mais
uma Vez Sobre os Sindicatos, o Momento Actual e os Erros dos Camaradas
Trótski e Bukhárine. [127] O artigo é longo e importante. Nele Lénine põe
a claro – com numerosos exemplos extraídos da brochura de Trotski de 25 de
Dezembro de 1920 e de afirmações posteriores – os seus intentos fraccionstas
e o seu palavreado enganador. Põe também a claro – e este aspecto não é menor, conforme se iria revelar nos anos 30
– o encobrimento que Bukhárine prestava ao fraccionismo de Trotski no seu
falso papel de «amortecedor» que Bukhárine justificava assim: «... quando um comboio
tende a ir rumo a um choque, não é nada mau ter um pára-choques».
Limitar-nos-emos aqui a assinalar alguns excertos de análises feitas por
Lénine às posições de Trotski.
«A brochura de Trotski abre com
a afirmação de que “é fruto dum trabalho colectivo”, que “vários
trabalhadores responsáveis, particularmente sindicalistas ... participaram na
sua elaboração e que é uma "brochura-plataforma". No final da tese
4, lemos que "o próximo Congresso
do partido terá que escolher
[itálico de Trotski] entre as duas tendências do movimento sindical".»
(A interpolação é de Lénine.)
«Se isto não é a formação de uma
fracção por um membro do CC, se isto não significa "rumo a um
choque", que o camarada Bukhárine, ou qualquer dos seus
correligionários, expliquem ao Partido qual é o outro significado possível
das palavras "fraccionismo", e o partido "tende a ir rumo a um
choque". ...
«Imaginem: depois dos dois
plenários do CC (9 de Novembro e 7 de Dezembro) numa discussão sem
precedentes, detalhada e acalorada das teses originais do camarada Trotski e de toda a política sindical
que ele advoga para o partido, um
membro do CC, um de dezanove, forma
um grupo fora do CC e apresenta o seu “trabalho colectivo” como uma “plataforma”,
convidando o Congresso do partido a “escolher entre duas tendências”!»
Era evidente que Trotski procurava formar (e formou) uma
fracção, numa altura em que a saúde de
Lénine periclitava [123, 127],
procurando alçar-se a figura de topo do partido. Quanto a Bukhárine o mais
importante era diminuir Lénine face a Trotski. Diz Lénine logo a seguir à
última citação acima: «Isto, aliás, ... é uma demonstração flagrante do
verdadeiro papel do grupo Bukhárine como apoiante do pior e mais prejudicial
tipo de fraccionismo». Mais adiante diz Lénine sobre Trotski :
«... Vejamos os ataques fraccionistas
que abundam nesta brochura. Na primeira tese, encontramos um “gesto”
ameaçador contra “certos trabalhadores do movimento sindical” lançados “para
trás, para o sindicalismo, puro e simples, que o partido repudiou como
princípio há muito tempo” (evidentemente o partido é representado por apenas
um membro dos dezanove do CC). A tese 8 condena grandiloquentemente "o
conservadorismo profissionalista da camada dirigente de funcionários
sindicais" (note-se esta concentração realmente burocrática da atenção na
"camada dirigente"!). A tese 11 começa com a espantosamente diplomática,
conclusiva e eficiente "insinuação" (como dizê-lo com mais
delicadeza?) que a "maioria dos sindicalistas ... reconhece apenas formalmente,
ou seja, em palavras" as
resoluções do IX Congresso do Partido.
«Descobrimos assim que temos
diante de nós juízes de muita autoridade que dizem que a maioria (!) dos sindicalistas reconhece apenas em palavras as decisões do partido!»
A pose de sapiência de Trotski, que fora de qualquer
análise concreta se sente autorizado para se colocar acima do partido e das
massas, como uma espécie de ser iluminado – talvez por se basear na sua
famosa «intuição» revolucionária -- é aqui clara. Na análise da tese 12 de
Trotski, Lénine comenta, entre outras, a afirmação de Trotski de que «... ao
repudiar as novas tarefas e métodos, muitos dirigentes sindicais tendem a
cultivar no seu meio um espírito de estreiteza ...»:
«... examinai esta maneira de
abordar a questão: muitos dirigentes sindicais "tendem a cultivar no seu
meio um espírito"... É uma abordagem totalmente burocrática. Toda a
questão, vejam lá, está no "espírito" que Tomski e Lozovski tendem
a cultivar "no seu meio" e de modo nenhum no nível de
desenvolvimento nem nas condições de vida das massas, de milhões de homens.»
E Lénine, chamando a atenção que «sem querer Trotski
revelou o fundo de toda a questão
que ele e o “pára-choques" Bukhárine e C.ª têm evitado e dissimulado com
tanto cuidado», conclui (colocámos margens extra para realçar):
«Qual é o fundo da questão? É o facto de muitos dirigentes sindicais repudiarem
as novas tarefas e métodos e tenderem a cultivar no seu meio um espírito de
hostilidade para com os novos funcionários?
«Ou é o facto de que as massas
de trabalhadores organizados em sindicatos protestam legitimamente e exprimem
inevitavelmente a sua disposição de expulsar os novos funcionários que se
recusam a corrigir os excessos inúteis e nocivos de burocratismo?
«Estará o fundo da questão em
que alguém se recusa a entender as "novas tarefas e métodos"?
«Ou em que alguém tenta sem
êxito dissimular a defesa de certos excessos inúteis e nocivos da burocratismo
com muita conversa sobre novas tarefas e métodos?
Vemos aqui o falso anti-burocrata Trotski desmascarado por
Lénine precisamente por querer aplicar aos sindicatos «excessos inúteis e nocivos
da burocratismo» dentro da sua visão de militarizar, «apertar os parafusos»
aos sindicatos. Aliás, Trotski sempre se incomodou apenas com o que ele
estigmatizava de «burocracia» nos outros; mas, com os seus «excessos inúteis
e nocivos da burocratismo» sempre se deu bem.
Trotski sentindo a falsa posição em que se colocara,
recorreu a nova verborreia para justificar métodos militares em organizações
civis -- «[j]á tivemos uma atmosfera de guerra... devemos agora ter uma
atmosfera de produção» -- e minimizar a antiga palavra de ordem de "sacudir
a partir de cima"). Lénine desmascara as duas. Sobre a última:
«Parece agora ao camarada
Trotski que atribuir-lhe a política de "sacudir a partir de cima" é
"uma simples caricatura" ... Mas a palavrinha “sacudir” tornou-se
verdadeiramente “proverbial”, não só no sentido de que, depois de proferido
pelo camarada Trotski na V Conferência ... “percorreu” tanto o partido como
os sindicatos. Infelizmente, ainda hoje continua a ser exacta num sentido
muito mais profundo, que resume só por si
todo o espírito, toda a tendência da brochura-plataforma Papel e Tarefas dos Sindicatos. A brochura-plataforma do camarada Trotski
está repleta do espírito da política de "sacudir a partir de cima"»
No X Congresso do PCR(b) (8-16 de Março, 1921) Lénine no Discurso sobre os sindicatos (Parte
II.5) denuncia novas falsidades de Trotski e a sua indisciplina:
«O camarada Trotski disse a sua palavra final na discussão sobre a
questão sindical no Pravda, em 29
de Janeiro de 1921. No seu artigo, «Existem desacordos, mas porquê confundir
as coisas?», acusou-me de ser o responsável por essa confusão ...
«A acusação volta-se totalmente contra Trotski; é ele que tenta culpar
outros. Todo o seu artigo se baseia na alegação de que tinha levantado a
questão do papel dos sindicatos na produção e era esse o assunto em discussão.
É falso; não foi isso que criou as
divergências e as exacerbou. ...
«Já naquela altura [V Conferência], todos os que não tinham ignorado a resolução de Rudzutak compreenderam
... que sobre o papel dos sindicatos na produção não poderiam surgir
divergências.
.....
«O camarada Trotski agora ri-se da minha pergunta sobre quem começou
tudo e fica surpreso que eu o censure por se recusar a servir na comissão.
«Fiz isso porque isso é muito importante, camarada Trotsky, muito
importante, de facto; a sua recusa em servir na comissão sindical foi uma
violação da disciplina do CC. E quando Trotski fala disso, o resultado não é
uma controvérsia, mas um abalo do partido e a criação de sentimentos amargos ...
.....
«Quando a autoridade do camarada Trotski é acrescentada a isso, e
quando num discurso público em 25 de Dezembro, disse que o Congresso teria
escolher entre duas tendências, essas palavras são imperdoáveis!»
O X Congresso condenou as ideias da «oposição operária»,
do grupo «centralismo democrático» e de outras tendências, e aprovou por
maioria esmagadora a linha leninista sobre os sindicatos.
Lénine explicou também no X Congresso os danos causados
pelos grupos oposicionistas. Sem de qualquer forma travar o debate de
opiniões, bem pelo contrário, Lénine realçou (mais uma de tantas vezes desde
1903) a necessidade de unidade: «... não sería acertado pôr um ponto final [na
discussão] dizendo: “Acabemos com as discussões. Basta”. Mas a discussão
teórica é uma coisa e a linha política do partido -- a luta política -- é outra.
Nós não somos um clube de debates. Podemos, é claro, editar simpósios e publicações
especiais, e continuaremos a fazê-lo, mas o nosso primeiro dever é lutar nas condições
mais difíceis, e para isso é necessária a unidade». A resolução "Sobre a Unidade do Partido" aprovada
no X Congresso por proposta de Lénine ordenou a dissolução imediata de todas
as fracções que enfraqueciam a unidade do Partido. O Congresso autorizou o CC
a aplicar, como medida extrema, a expulsão do Partido de membros do CC
envolvidos em actividades fraccionistas.
Após o X Congresso, o grupo de Ignátov e grande parte dos
membros da base do grupo «oposição operária» apoiou incondicionalmente a linha
do Partido. No entanto, o que restou da «oposição», liderado por Shliápnikov
e Medvedev, manteve a organização ilegal e continuou a fazer propaganda
antipartidária, encobrindo-a com fraseologia ultra-revolucionária. A
liquidação orgânica do grupo só ocorreu em 1922, no XI Congresso do PCR(b).
Trotski e os líderes do grupo «centralismo democrático»
também continuaram a desenvolver atividade fraccionária antipartido. Em 1923,
constituíram um bloco, chamado «grupo dos 15», liderado por Sapronov e
Smirnov, que foi expulso do partido no XV Congresso do PCTU(b) em Dezembro de
1927.
Os partidários de Trotski afirmam por vezes que a
proibição de fracções aprovada no X Congresso se destinava a ser temporária.
Mas nada consta nas Actas do Congresso que apoie tal ideia.[128] É mais uma
lenda trotskista.
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Trotsky's factionalism is defeated
(January to March
1921)
In
spite of having already been thoroughly and demonstratively criticized, in
spite of having already been defeated in CC meetings, the oppositionist groups
persisted in their activity, with relevance to Trotsky and Bukharin. Let us note
that this was not merely a presentation of different opinions; it was rather a fractional activity
against the line democratically adopted by the party, which caused confusion
and diversion among the workers and peasants, causing considerable damage to
the economic front.
On
January 14 1921, when the preparatory work for the Tenth Congress of the RCP(B)
was already underway the CC Commission on Trade Unions issued the brochure Draft Resolution of the Tenth Congress of
the RCP on the Role and Tasks of Trade Unions signed by nine members of
the CC (Zinoviev, Stalin, Tomsky, Rudzutak, Kalinin, Kamenev, Petrovsky,
Artiom and Lenin) and also by Lozovsky, member of the trade union commission.
[126]
On
January 16 the newspaper Pravda, whose editor-in-chief was Bukharin,
published the Bukharin platform (also signed by Larin, Preobrazhensky,
Serebryakov, Sokolnikov, Yakovleva) and the Sapronov platform of the “democratic
centralism” (also signed by Bubnov, Boguslavsky, Kamensky, Maximovsky,
Osinsky, Rafail). At the enlarged meeting of the Moscow Committee of the
RCP(B) on January 17 the “Ignatovites” also spoke and got their platform
published in Pravda on January 19.
All these platforms upheld anarcho-syndicalist theses of "trade-unionizing
the state". Lenin commented that Bukharin had fallen into a much more
serious mistake than all of Trotsky's put together amounting to a break with communism.
In a vote at the enlarged meeting of the Moscow Committee of the RCP(B) of
January 17 Lenin's theses obtained 84 votes against 27 Trotsky’s. On January 18
the Moscow Committee appealed to all organizations to an unanimous support of
Lenin’s theses.
On
26 January, the Press Section of the Moscow Soviet published Lenin's pamphlet
Once Again On The Trade Unions, The Current Situation and the Mistakes of
Trotsky and Buhkarin. [127] The pamphlet is long and important. In it
Lenin brings to light -- using numerous examples taken from Trotsky's pamphlet
of 25 December 1920 and Trotsky’s later statements -- his factional
intentions and his deceiving phrase mongering. Lenin also brings to light --
and this aspect is no less important, as would be revealed in the 1930s --
Bukharin's concealment of Trotsky's factionalism in his false role of “buffer”,
which Bukharin justified in this way: “... when a train seems to be heading
for a crash, a buffer is not a bad thing at all”. We will confine ourselves
here to a few excerpts from Lenin's analyses of Trotsky's positions.
“Trotsky’s pamphlet opens with the
statement that ‘it is the fruit of collective work’, that ‘a number of
responsible workers, particularly trade unionists … took part in compiling
it, and that it is a ‘platform pamphlet’. At the end of thesis 4 we read that
‘the forthcoming Party Congress will
have to choose [Trotsky’s italics] between the two trends within the trade
union movement’. (Lenin’s interpolation)
“If this is not the formation of a
faction by a member of the CC, if this does not mean ‘heading for a crash’,
then let Comrade Bukharin, or anyone of his fellow-thinkers, explain to the
Party any other possible meaning of the words ‘factionalism’, and the Party ‘seems
to be heading for a crash’. ...
“Just imagine: after the CC had
spent two plenary meetings (November 9 and December 7) in an unprecedentedly
long, detailed and heated discussion of Comrade Trotsky’s original draft theses and of the entire trade union
policy that he advocates for the Party, one
member of the CC, one out of nineteen, forms a group outside the CC
and presents his ‘collective work’ as a ‘platform’, inviting the Party
Congress ‘to choose between two trends’!”
It
was evident that Trotsky was seeking to form (and did form) a faction, at a time when Lenin's health was
crumbling [123, 127], was seeking to ascend to top figure of the Party.
For Bukharin, on the other hand, the most important thing was to diminish
Lenin against Trotsky. Lenin says, following the last citation above: "This,
incidentally, … is a glaring exposure of the Bukharin group’s true role as
abettors of the worst and most harmful sort of factionalism." Further in
his article Lenin writes about Trotsky -- "one out of nineteen of the
CC":
“… Look at the
factional attacks in which this pamphlet abounds. In the very first thesis we
find a threatening ‘gesture’ at ‘certain workers in the trade union movement’
who are thrown ‘back to trade-unionism, pure and simple, which the Party
repudiated in principle long ago’ (evidently the Party is represented by only
one member of the CC’s nineteen). Thesis 8 grandiloquently condemns ‘the
craft conservatism prevalent among the top trade union functionaries’ (note
the truly bureaucratic concentration of attention on the ‘top’!). Thesis 11
opens with the astonishingly tactful, conclusive and business-like (what is
the most polite word for it?) ‘hint’ that the ‘majority of the trade
unionists … give only formal, that is, verbal,
recognition’ to the resolutions of the Party’s Ninth Congress.
“We find that we have some very
authoritative judges before us who say the majority (!) of the trade unionists give only verbal recognition to the Party’s
decisions.”
Trotsky's
pose of sapience, who out of any concrete analysis feels authorized to place
himself above the party and the masses as some sort of enlightened being --
perhaps on basis of his famous revolutionary ‘intuition' -- is here quite clear.
In analyzing Trotsky's thesis 12, Lenin comments, among other things, Trotsky's
statement that "… many trade unionists, balking at the new tasks, and
methods, tend to cultivate in their midst a spirit of corporative
exclusiveness ...":
“… take a closer look at the
approach to the subject: many trade unionists ‘tend to cultivate in their
midst a spirit’… This is an out-and-out bureaucratic approach. The whole
point, you see, is not the level of development and living conditions of the
masses in their millions, but the ‘spirit’ which Tomsky and Lozovsky tend to
cultivate ‘in their midst’.”
And
Lenin, drawing attention to the fact that "Trotsky has unwittingly
revealed the essence of the whole controversy which he and the
Bukharin and Co. ‘buffer’ have been evading and camouflaging with such
care" sums up (we place extra margins to highlight):
“What is the point at issue? Is it
the fact that many trade unionists are balking at the new tasks and methods
and tend to cultivate in their midst a spirit of hostility for the new
officials?
Or is it that the masses of
organised workers are legitimately protesting and inevitably showing readiness
to throw out the new officials who refuse to rectify the useless and harmful
excesses of bureaucracy?
“Is it that someone has refused to
understand the ‘new tasks and methods’?
Or is it that someone is making a
clumsy attempt to cover up his defence of certain useless and harmful
excesses of bureaucracy with a lot of talk about new tasks and methods?
We
see here the false anti-bureaucrat Trotsky unmasked by Lenin, precisely for
wanting to apply to the trade unions "useless and harmful excesses of bureaucracy"
within his vision of militarizing, "tightening the screws" to the trade
unions. As a matter of fact, as regards "bureaucracy", Trotsky systematically
expressed his hostility only towards what he stigmatized as such in others;
but with his own "useless and harmful excesses of bureaucracy" he
always lived well.
Trotsky,
sensing the false position he had put himself in, resorted to new phrase
mongering -- to justify military methods in civil organizations: "[w]e once
had a war atmosphere... we must now have a production atmosphere" -- and
downplayed the old slogan "shake-up from above". Lenin unmasks them
both. About the last:
“It now seems to Comrade Trotsky
that it is ‘an utter travesty’ to ascribe the ‘shake-up-from-above’ policy to
him ... But ‘shake-up’ is a real ‘catchword’, not only in the sense that
after being uttered by Comrade Trotsky at the Fifth All-Russia Conference …
it has … ‘caught on’ throughout the Party and the trade unions.
Unfortunately, it remains true even today in the much more profound sense
that it alone epitomises the whole spirit, the whole trend
of the platform pamphlet entitled The Role and Tactics of the Trade
Unions. Comrade Trotsky’s
platform pamphlet is shot through with the spirit of the
“shake-up-from-above” policy.
At
the Tenth Congress of the RCP(B) (March 8-16, 1921), Lenin in his Speech on the Trade Unions (Part II.5)
denounces the most recent false statements of Trotsky and his indiscipline:
“Comrade Trotsky had his final say in the discussion on the trade
union question in Pravda of January
29, 1921. In his article, “There Are
Disagreements, But Why Confuse Things?”, he accused me of being
responsible for this confusion ...
“The accusation recoils on Trotsky, for he is trying to shift the
blame. The whole of his article was based on the claim that he had raised
the question of the role of the trade unions in production, and that this is
the subject that ought to have been discussed. This is not true; it is not this that has caused the disagreements,
and made them painful. …
“Already at that time [Fifth Conference] it was realised by everyone who had not overlooked Rudzutak’s
resolution … that no disagreements could be found on the role of the trade
unions in production.
……
“Comrade Trotsky now laughs at my asking who started it all, and is
surprised that I should reproach him for refusing to serve on the commission.
“I did it because this is very important, Comrade Trotsky, very
important, indeed; your refusal to serve on the trade union commission was a
violation of Central Committee discipline. And when Trotsky talks about it,
the result is not a controversy, but a shake up of the Party, and a
generation of bitter feeling …
…..
“But when Comrade Trotsky’s authority was added to this, and when in a
public speech on December 25 he said that the Congress must choose between
two trends, such words are unpardonable!”
The
Tenth Congress condemned the ideas of the "workers' opposition",
the "democratic centralism" group and other tendencies, and
overwhelmingly approved the Leninist line on trade unions.
Lenin
also explained at the Tenth Congress the damage caused by opposition groups.
Without in any way putting a break on the debate of opinions, quite the
contrary, Lenin stressed (once again since 1903!) the need for unity: “it
would be wrong to have done with it by saying, ‘Let’s have no more
discussions. Full stop.’ But a theoretical discussion is one thing, and the
Party’s political line -- a political struggle -- is another. We are not a
debating society. Of course, we are able to publish symposiums and special
publications and will continue to do so but our first duty is to carry on the
fight against great odds, and that needs unity.” The resolution "On
Party Unity" adopted at the Tenth Congress on Lenin’s motion ordered the
immediate dissolution of all factions that weakened the Party’s unity. The Congress
authorized the CC to apply, as an extreme measure, expulsion from the Party
of CC members involved in factional activity.
After
the Tenth Congress, Ignátov's group and most rank-and-file members of the
"workers opposition" group unconditionally supported the Party
line. However, what remained of the "opposition", led by Shlyapnikov
and Medvedev, kept the organization illegal and continued to carry out anti-party
propaganda, masking it with ultra-revolutionary phrase mongering. The organic
liquidation of the group only took place in 1922 at the Eleventh Congress of
the RCP(B).
Trotsky
and the leaders of the "democratic centralism" group also continued
to develop anti-Party factional activity. In 1923, they formed a bloc, the
so-called "group of 15," led by Sapronov and Smirnov, who was
expelled from the Party at the Fifteenth Congress of the AUCP(B) in December
1927.
Supporters
of Trotsky sometimes claim that the ban of factions approved at the Tenth
Congress was intended to be temporary. But there is nothing in the Minutes of
the Congress to support such an idea. [128] It is yet another Trotskyist
legend.
|
Notas VI | Notes VI
[103] Recorremos ao monumental (1400 páginas A4) e
extremamente útil repositório de citações intitulado The Real Stalin recolhidas por Claud (“Klo”) Dennis McKinsey, que
foi publicado por https://espressostalinist.com/the-real-stalin-series/. Muitas das citações
recolhidas por “Klo” McKinsey foram por nós verificadas. Adicionámos também citações de outras fontes.
We
made use of the monumental (1400 A4 pages) and extremely useful repository of
quotations entitled The Real Stalin
collected by Claud (“Klo”) Dennis McKinsey, published by https://espressostalinist.com/the-real-stalin-series/. Many of the quotations collected by "Klo" McKinsey wre
checked by us. We also added quotations from other sources.
[104]
Basseches, Nikolaus. Stalin. London , N.Y, Staples Press,
1952. Basseches
foi correspondente na URSS do jornal austríaco burguês Neue Freie Press. Atacou várias vezes as políticas económicas
soviéticas em termos tais que levaram Estáline a propor a sua expulsão da URSS
numa carta a Kaganovitch e Molotov. Contudo, a sua biografia de Estáline é
considerada por alguns mais objectiva e menos anti-estalinista que as de
Trotski, Djillas e de sociais-democratas.
Basseches,
Nikolaus. Stalin. London , N.Y, Staples Press, 1952. Basseches was correspondent
in the USSR
of the bourgeois Austrian newspaper Neue
Freie Press. He repeatedly attacked Soviet economic policies in such a way
that led Stalin to propose his expulsion from the USSR in a letter to Kaganovich and
Molotov. However, his biography of Stalin is considered by some to be more
objective and less anti-Stalinist than those of Trotsky, Djillas, and social
democrats.
[105] Murphy,
John Thomas. Stalin, London , John Lane , 1945. Murphy foi um sindicalista
inglês que se tornou em 1917 um dos líderes do Workers’ Committees and Shop Stewards’ Movement, aderindo ao Socialist Labour Party. Com a Revolução
de Outubro evoluiu para o bolchevismo, vindo a participar no Comintern. Foi
preso em 1925 com outros militantes por ser comunista. Veio a tornar-se crítico
de Estaline no final da 2.ª GM e segundo parece a renunciar ao marxismo.
Murphy,
John Thomas. Stalin, London , John Lane , 1945. Murphy was an English
trade unionist who became in 1917 one of the leaders of the Workers’ Committees and Shop Stewards'
Movement, joining the Socialist
Labour Party. With the October Revolution he evolved into Bolshevism,
participating in the Comintern. He was arrested in 1925 with other militants
for being a communist. He became critical of Stalin at the end of WWII and, apparently,
he ended up renouncing Marxism.
[106] Campbell , John Ross, Soviet Policy and its Critics, London, Victor
Gollancz Ltd, 1939. Campbell foi um comunista britânico (CPGB). Em 1924
foi acusado sob a Lei de Incitar ao Motim por um artigo publicado no Workers' Weekly: apelou aos soldados
britânicos que "tornassem claro que, nem na guerra de classes nem na
guerra militar, virariam as suas armas contra os seus irmãos trabalhadores."
Em 1932, Campbell tornou-se editor do Daily
Worker do CPGB. Em 1939 publicou o seu livro em grande parte em defesa dos
julgamentos de Moscovo, depois de aí passar um ano observando os acontecimentos.
[107]
Duranty, Walter, I Write as I Please,
N.Y., Simon and Schuster, 1935. Duranty foi um jornalista
anglo-americano que chefiou a agência em Moscovo do The New York Times de 1932 a 1936. Ganhou o prémio Pulitzer pelas
suas reportagens sobre a URSS. Embora criticasse os russos e Estáline em termos
bastante reaccionários, tendenciosos e que totalmente distorciam a verdade,
diz-se que a reacção americana não lhe perdoou ter desmentido o mito do alegado
Holodomor na Ucrânia e da alegada «farsa» dos julgamentos de Moscovo em 1938. Contudo,
uma leitura do seu livro The Kremlin and
the People, de 1941, não nos mostrou qualquer objectividade e vontade de
investigar a verdade quanto aos julgamentos de Moscovo. Pelo contrário, revelam
um Duranty superficial e auto-convencido, cheio de preconceitos enraizados, e
de uma futilidade espantosa.
Duranty,
Walter, I Write as I Please, N.Y.,
Simon and Schuster, 1935. Duranty was an Anglo-American journalist who headed
the Moscow
agency of The New York Times in 1932-1936.
He won the Pulitzer Prize for his reporting on the USSR . Although he criticized the
Russians and Stalin in very reactionary terms, in biased terms which completely
distorted the truth, it has been said that the American reaction did not
forgive him for having denied the myth of the alleged Holodomor in Ukraine and
the alleged “farce” of the Moscow trials in 1938. However, a reading of his
1941 book The Kremlin and the People
showed us no objectivity and willingness to investigate the truth about the Moscow trials. On the
contrary, they reveal a self-convinced and superficial Duranty, full of deep-rooted
prejudice and astonishing futility.
[108] Cole,
David M. Josef Stalin; Man of Steel, London , N.Y. ,
Rich & Cowan, 1942. O autor é inglês e veicula no seu livro a visão
burguesa sobre a Revolução de Outubro, Lénine, Estáline, etc. O livro é citado
pela The Royal Institute of International
Affairs, Oxford Academic: «Uma biografia detalhada que é ao mesmo tempo um
relato do desenvolvimento do Estado soviético. O autor constrói um relato
dramático, mas contido, a partir do material disponível.» É também citado por
um jornalista que escreve para a US
Foreign Affairs.
Cole,
David M. Josef Stalin; Man of Steel, London , N.Y. ,
Rich & Cowan, 1942. The author is English and conveys in his book the
bourgeois vision of the October Revolution, Lenin, Stalin, etc. The book is mentioned
by The Royal Institute of International
Affairs, Oxford
Academic: “A detailed biography that is at the same time an account of the
development of the Soviet state. The author builds a dramatic but restrained
story from the available material.” The book is also cited by a journalist who
writes for the US Foreign Affairs.
[109]
Barbusse, Henri. Stalin. N.Y., The
Macmillan Co., 1935. Barbusse foi um escritor francês, amigo de Einstein
durante toda a vida. Viveu muito tempo em Moscovo tornando-se amigo da URSS e
de Estáline. Aderiu ao PCF em 1923. Figura de renome mundial pela sua obra e
actividade progressistas, foi uma das figuras emblemáticas da Frente Popular na
França. Falecido em Setembro de 1935, foi aclamado pela multidão que invadiu as
ruas de Paris durante o seu funeral em Paris. O escritor André Malraux pronunciou
o seu elogio em nome da Associação de Escritores e Artistas Revolucionários.
Está enterrado no cemitério de Père-Lachaise, não muito longe do Muro dos
Federados.
Barbusse,
Henri, Stalin , N.Y. ,
The Macmillan Co., 1935. Barbusse was a French writer and a lifelong friend of
Einstein. He lived for a long time in Moscow
becoming friends with the USSR
and Stalin. He joined the PCF in 1923. A world renowned figure for his
progressive literary work, positions and activity, he was one of the emblematic
figures of the Popular Front in France .
Deceased in September 1935, he was acclaimed by the crowd that invaded the
streets of Paris during his funeral in Paris . Writer André
Malraux pronounced his praise on behalf of the Association of Revolutionary
Writers and Artists. He is buried in Père-Lachaise cemetery, not far from the
Federated Wall.
[110]
Chamberlin, William Henry, Soviet Russia .
Boston: Little, Brown, 1930. Jornalista americano correspondente em
Moscovo para o The Christian Science
Monitor no período 1922-1934. No livro Soviet
Russia, de 1930, escreveu sobre a NEP e, em geral, mostra apoiar a
Revolução Russa. Quando regressou aos EUA veio a tornar-se gradualmente
anti-comunista. No livro The Russian
Revolution, publicado em 1935, é claramente hostil ao regime soviético e
aos bolcheviques, defendendo pontos de vista burgueses, embora se mantenha
objectivo em muitos aspectos. Trata com simpatia Trotski, em termos elogiosos
no final do cap. 2. Toma aí claro partido por ele, defendendo-o no incidente
com o 3.º exército quando Trotsky mandou fuzilar sem necessidade comissários
veteranos bolcheviques.
Chamberlin,
William Henry, Soviet Russia . Boston : Little, Brown, 1930. American
journalist correspondent in Moscow
for The Christian Science Monitor, 1922-1934.
In the 1930 book Soviet Russia, he
wrote about the NEP and generally shows support for the Russian Revolution.
When he returned to the US ,
he gradually became anti-communist. In the book The Russian Revolution, published in 1935, he is clearly hostile to
the Soviet regime and the Bolsheviks, defending bourgeois views, although
remaining objective in many respects. He treats Trotsky with sympathy, even in
praising terms at the end of the chapter 2, where he clearly takes sides with
him, defending him in the incident with the 3rd army when Trotsky unnecessarily
ordered veteran Bolshevik commissars to be shot.
[111] Davis,
Jerome, Behind Soviet Power, N. Y.,
The Readers’ Press, Inc., c. 1946. Davis, um cristão metodista, foi
professor de sociologia. Tornou-se defensor do pacifismo quando visitou os
campos de prisioneiros da 1.ª GM na Rússia, integrado numa missão da YMCA.
Tornou-se amigo de Lénine durante a Revolução, visitando-o muitas vezes no
Kremlin. Nos EUA defendeu causas conotadas com a esquerda, tendo sido por isso
perseguido. Em 1939 levantou um processo a um jornalista por o descrever no The Saturday Evening Post como “um
comunista e um estalinista”, processo que veio a ganhar. Foi um dos fundadores
do movimento internacional pela paz.
Davis, Jerome, Behind Soviet Power, N.Y., The Readers' Press, Inc., c1946. Davis, a Methodist
Christian, was a professor of sociology. He became an advocate of pacifism when
he visited the WWI prison camps in Russia as part of a YMCA mission.
He became friends with Lenin during the Revolution, often visiting him in the
Kremlin. In the USA ,
he advocated left-wing causes and was persecuted for that. In 1939 he filed a
lawsuit with a journalist for describing him in The Saturday Evening Post as "a communist and a
Stalinist," a lawsuit that he won. He was one of the founders of the
international peace movement.
[112] Deutscher, Isaac, Stalin,
A Political Biography. Oxford Univ. Press,
1967.
O jornalista e escritor polaco I. Deutscher foi um famoso
biógrafo trotskista de Trotski. Estudou filosofia e economia aderindo ao
Partido Comunista da Polónia (KPP) em 1927. Viajou pela URSS em 1931 e no
regresso fundou um grupo anti-estalinista no KPP. Expulso do KPP exilou-se no R.U.
onde aderiu por pouco tempo a um grupo trotskista. Em 1942 tornou-se jornalista
do jornal burguês The Economist (jornal
com ligações ao MI5 e CIA). Em 1946-47 deixou o jornalismo para se tornar
escritor. Tornou-se biógrafo de Trotski e um dos poucos a quem foi concedido
acesso aos arquivos Trotski da Universidade de Harvard. O seu nome aparece com
a nota «só simpatizante» na lista que George Orwell – um trotskista informador
dos serviços secretos britânicos -- preparou em 1949 para o Information Research Department do MI6 sobre comunistas
no R.U. Na década de 1960, em pleno movimento da esquerda contra a
guerra do Vietname, o trotskismo de Deutscher virou «marxismo humanista». Tony
Blair elogiou a obra de Deutscher em 2006. Deutscher, cujo trajecto foi cada
vez mais para a direita, de conciliação com o imperialismo, e de desgosto por
qualquer revolução, só revela um rebate de decência nas edições do seu Stalin posteriores a 1948 onde argumenta
porque razão não se pode igualar Estáline a Hitler.
The
Polish journalist and writer I. Deutscher was a famous Trotskyist biographer of
Trotsky. He studied philosophy and economics, joining the Communist Party of
Poland (KPP) in 1927. He travelled through the USSR in 1931 and on his return
founded an anti-Stalinist group in the KPP. Expelled from the KPP he exiled in
the UK where
he joined a Trotskyist group for a short time. He became a journalist in 1942 of
the bourgeois newspaper The
Economist (with ties to the MI5 and CIA). He left journalism in
1946-47 to become a writer. He became a biographer of Trotsky and one of the
few to be granted access to Trotsky archives at the Harvard University .
His name appears with the note "sympathizer only" on the list that
George Orwell -- a Trotskyist and informant of the British secret services --
prepared in 1949 for the MI6's Information
Research Department on communists in the UK . In the 60s, in the midst of a
leftist movement against the Vietnam War, Deutscher's Trotskyism turned "humanistic
Marxism." Tony Blair praised Deutscher's work in 2006. Deutscher, whose
trajectory has always been rightwards, conciliatory with imperialism and of
disgust for any revolution, only reveals a ringing of decency in the editions
of his book Stalin subsequent to 1948
where he argues why one cannot equate Stalin to Hitler.
[113] Deutscher, Isaac. The
Prophet Outcast. London , N.Y. ,
Oxford Univ. Press, 1963.
[114] Deutscher, Isaac. The
Prophet Unarmed. London , N.Y. ,
Oxford Univ. Press, 1959.
[115] Martens,
Ludo, Un autre regard sur Staline,
Ed. EPO, Anvers, Bélgique, 1994. Edição portuguesa: Um Outro Olhar sobre Stáline, Ed. Para a História do Socialismo,
Agosto 2009.
Martens estudou medicina na Universidade de Lovaina. Cono
membro da União Católica de Estudantes Flamengos do Ensino Superior lutou com
outros colegas segundo linhas progressistas e internacionalistas contra
posições xenófobas e nacionalistas. Expulso da Universidade por ter denunciado
a pedofilia no clero, enveredou pelo activismo político e foi fundador do
Partido do Trabalho da Bélgica (PTB). Enquanto todos os outros partidos belgas sucumbiram ao estreito nacionalismo, divididos
em línguas e linhas nacionais, o PTB, o mais importante legado de Ludo à classe
operária belga, permaneceu um partido de todos os trabalhadores belgas,
flamengos e valões, unidos na luta pelo socialismo e contra o imperialismo
belga. Martens também dedicou grande atenção à história e situação política do
Congo. O seu livro sobre Estáline é um grande contributo para a história da
URSS.
Martens,
Ludo, Un autre regard sur Staline,
Ed. EPO, Anvers , Bélgique, 1994. Translated into English: Another view of Stalin, Copyright 1995
John Plaice.
Martens
studied medicine at the University
of Leuven . As a member of
the Catholic Union of Flemish Students in Higher Education, he fought with
other colleagues along progressive and internationalist lines against
xenophobic and nationalist positions. Expelled from the University for
denouncing paedophilia in the clergy, he pursued political activism and was the
founder of the Belgian Labour Party (PTB). While all the other Belgian parties
succumbed to narrow nationalism, divided along languages and national lines,
the PTB, Ludo's most important legacy to the Belgian working class, remained a
party of all Belgian, Flemish and Walloon workers, united in the struggle for
socialism and against Belgian imperialism. Martens also paid great attention to
the history and political situation of the Congo . His book on Stalin is a
great contribution to the history of the USSR .
[116]
Pipes, Richard. Russia Under the Bolshevik Regime. N.Y.,
A.A. Knopf, 1993. Pipes era um americano de origem polaca (Ryszard Pipes) que
veio a ser Professor na Universidade de Harvard. Especializou-se em história da
Rússia, particularmente da União Soviética, adoptando um ponto de vista
fortemente anti-comunista ao longo da sua carreira. Em 1976, chefiou uma equipa
de analistas da CIA (o diretor da CIA era George H. W. Bush) para analisar as
capacidades e os objetivos estratégicos da liderança política e militar
soviética. Foi consultor do Stanford Research Institute, de 1973 a 1978. Em
1981 e 1982, actuou como membro do Conselho de Segurança Nacional, ocupando o
cargo de diretor de assuntos da Europa Oriental e Soviética sob o presidente
Ronald Reagan. Participou em duas reuniões do Clube Bilderberg, nas quais leccionou.
Na década de 1970, Pipes foi um dos principais críticos de détente.
Pipes,
Richard. Russia Under the Bolshevik Regime. N.Y., A.A.
Knopf, 1993. Pipes was an American of Polish origin (Ryszard Pipes) who became
Professor at Harvard
University . He
specialized in Russian history, particularly the Soviet
Union , adopting a strong anti-communist viewpoint throughout his
career. In 1976, he headed a CIA analyst team (the then CIA Director was George
H. W. Bush) to analyze the capabilities and strategic objectives of Soviet
political and military leadership. He was a consultant to the Stanford Research
Institute from 1973 to 1978. In 1981 and 1982, he served as a member of the
National Security Council, serving as director of Eastern and Soviet European
affairs under President Ronald Reagan. He participated in two meetings of the
Bilderberg Club, where he taught. In the 1970s, Pipes was one of the main
critics of the détente.
[117] Grey,
Ian. Stalin, Man of History. London:
Weidenfeld and Nicolson, 1979. Grey era um historiador nascido na Nova Zelândia
que se dedicou à história da Rússia. Em 1941, ingressou na marinha australiana
e foi destacado para a Inteligência Naval do Almirantado em Londres, servindo
na União Soviética como oficial. Serviu por dois anos e meio no norte da
Rússia, actuando como elo de ligação nos Contratorpedeiros Britânicos da
Marinha Soviética no Ártico. É considerado um historiador burguês, mas honesto.
Grey, Ian. Stalin, Man of History. London : Weidenfeld and
Nicolson, 1979. Gray was a New Zealand-born historian who devoted himself to
Russian history. In 1941, he joined the Australian Navy and was posted to the
Naval Intelligence of the Admiralty in London ,
serving in the Soviet Union as an officer. He
served for two and a half years in northern Russia ,
acting as a liaison for the British Destroyers of the Soviet Navy in the Arctic . He is considered
a bourgeois historian, but honest.
[118] As opiniões de Trotski na reunião de 3 de Novembro de
1920 são referidas em Istoriya
profsoyuzov, Glava 11. 5-ya Vserossiyskaya konferentsiya profsoyuzov (http://istprof.ru/2165.html#_ftnref4)
(História dos Sindicatos, Cap. 11 – V Conferência de Toda a Rússia dos
Sindicatos) baseado no: Stenograficheskiy
otchet Pyatoy Vserossiyskoy Konferentsii profsoyuzov. - Str. 65 (Relatório Estenográfico
da V Conferência de Toda a Rússia dos Sindicatos – pág. 65)
Lénine também cita as opiniões de Trotski em: A Crise no Partido, 19 de Janeiro de
1921; Mais uma Vez Sobre os Sindicatos, o Momento Actual e os Erros dos
Camaradas Trótski e Bukhárine, 25 de Janeiro de 1921; Discurso sobre os Sindicatos, de 14 de Março de 1921, no X Congresso do PCR(b) (Secção II.5).
Trotsky's
views at the meeting on 3 November 1920 are referred to in Istoriya profsoyuzov, Glava 11. 5-ya Vserossiyskaya konferentsiya
profsoyuzov (http://istprof.ru/2165.html#_ftnref4) (History of Trade Unions,
Chapter 11 - Fifth All-Russia Conference of Trade Unions) based on: Stenograficheskiy otchet Pyatoy
Vserossiyskoy Konferentsii profsoyuzov. - Str. 65 (Verbatim Report of the Fifth
All-Russia Conference of Trade Unions – p. 65)
Lenin also quotes Trotsky’s opinions in: The Party Crisis, 19 January, 1921; Once Again On The Trade Unions, The Current
Situation and the Mistakes of Trotsky and Buhkarin, 25 January, 1921; Speech On The Trade Unions, March 14, 1921, Tenth Congress of the R.C.P.(B.) II.5.
[119] De acordo com as votações, só estariam presentes 15
dos 19 membros do CC eleitos pelo IX Congresso do PCR(b). Trotski e seus
seguidores compunham pelo menos 7 dos membros de CC: N. Krestinski, E. Preobrajenski,
K. Radek, C. Rakovski, L. Serebriakov, I. Smirnov, L. Trotski.
According
to the votes, only 15 of the 19 CC members elected by the Ninth Congress of the
RCP(B) would have been present. Trotsky and his followers made up at least 7 of
the CC members: N. Krestinsky, E. Preobrazhensky, K. Radek, C. Rakovsky, L.
Serebryakov, I. Smirnov, L. Trotsky.
[120] Lénine, X
Congresso do PCR(b), Palavras Finais
sobre o Relatório do PCR(b), Secção II.3, 9 de Março de 1921. | Tenth Congress of the R.C.P.(B.) II.3- Summing-Up
Speech On The Report Of The C.C. Of The R.C.P.(B.), March 9 1921.
[121] Bureau Político do CC: Kamenev, Krestinski, Lénine,
Estàline, Trotski | CC Political Bureau: Kamenev,
Krestinsky, Lenin, Stalin, Trotsky.
[122] VIII Congresso
de Sovietes de toda a Rússia de trabalhadores, camponeses, deputados do
Exército Vermelho e cossacos. Participaram 2.537 delegados, o maior número
de sempre. Do número total de delegados, 91,7% eram comunistas; 2.7%,
simpatizantes comunistas; 3.9%, pessoas sem partido; 0,3%, mencheviques; 0,3%,
Bundistas; 0,15%, SRs de esquerda; 0,15%, anarquistas e 0,8% de outros
partidos.
O Congresso reuniu-se num momento em que a frente económica era
«a principal e mais importante» (Lénine). Agenda: relatório sobre a atividade
do CEC de toda a Rússia e do CCP, eletrificação da Rússia; reabilitação da
indústria e transportes; desenvolvimento da produção agrícola e promoção da
agricultura; eficiência dos estabelecimentos soviéticos e luta contra as práticas
burocráticas. O Congresso adoptou o plano para a eletrificação do país e um
projecto de lei sobre medidas para consolidar e desenvolver a agricultura
camponesa. Lénine participou na discussão das suas principais cláusulas pelos
delegados camponeses que não eram do Partido, numa reunião extraordinária em 22
de Dezembro.
Eighth All-Russia Congress of
Soviets of Workers’, Peasants’, Red Army and Cossack Deputies held in Moscow on December 22-29,
1920. It was attended by 2,537 delegates, the greatest number ever. Of the
total number of delegates 91.7 per cent were Communists; 2.7, Communist
sympathisers; 3.9, non-party people; 0.3, Mensheviks; 0.3, Bundists; 0.15, Left
S.R.s; 0.15, anarchists, and 0.8, from other parties.
The
Congress met at a time when the economic front stood out as “the main and most
important one” (Lenin). Agenda: report on the activity of the All-Russia CEC
and the CPC, electrification of Russia ;
rehabilitation of industry and transport; development of agricultural
production and promotion of farming; efficiency of Soviet establishments and
the struggle against bureaucratic practices. The Congress adopted a plan for
the electrification of the country and a draft law on measures to consolidate
and develop peasant farming. Lenin took part in the discussion of its principal
clauses by the non-Party peasant delegates to the Congress at a special meeting
on December 22.
[123] Na verdade, a nossa citação é o § 2 do discurso de
Lénine. O primeiro parágrafo, a abertura do discurso, é:
«Camaradas, antes de tudo, devo pedir desculpa por me
afastar do regulamento, porque para participar do debate deveria ter ouvido o
relatório, o co-relatório e as intervenções. Infelizmente, sinto-me tão mal que não estou em posição de fazê-lo.
Mas ontem pude ler os principais documentos publicados e preparar as minhas
observações. O facto de me afastar do regulamento naturalmente causar-lhes-á
alguns inconvenientes: ao não ouvir as outras intervenções, posso repetir o que
os outros disseram e deixar de lado o que devia tratar. Mas não tinha outra escolha» (ênfases nossos).
In
fact, our quotation is § 2 of Lenin's speech. The first paragraph, the opening
of the speech, is:
“Comrades,
I must first of all apologise for departing from the rules of procedure, for
anyone wishing to take part in the debate should have heard the report, the
second report and the speeches. I am so
unwell, unfortunately, that I have been unable to do this. But I was able
yesterday to read the principal printed documents and to prepare my remarks.
This departure from the rules will naturally cause you some inconvenience; not
having heard the other speeches, I may go over old ground and leave out what
should be dealt with. But I had no choice.”
(our emphasis)
[124] Nessa época não existiam ainda sindicatos de
trabalhadores de serviços. | At that time there weren’t yet any trade unions of the
service sector.
[125] Justificação teórica:
«Em geral, essa transição [do capitalismo para o comunismo]
não pode ser alcançada sem a liderança da classe que é a única que o
capitalismo treinou para a produção em larga escala e que é a única que está
divorciada dos interesses do pequeno proprietário. Mas o [papel dominante do
proletariado na construção do socialismo – Lénine usa o termo científico de
«ditadura do proletariado» de que demos s definição noutro
artigo] não pode ser exercido através de uma organização que abrange toda
essa classe, porque em todos os países capitalistas ... o proletariado ainda
está tão dividido, tão degradado e tão corrompido em algumas partes (pelo
imperialismo em alguns países) que uma organização que integra todo o
proletariado» não pode exercer directamente» esse papel da classe dirigente,
dominante e governante. Esse papel «Só pode ser exercido por uma vanguarda que
concentra a energia revolucionária da classe.»
«.... os sindicatos estão, se assim posso dizer, entre o
Partido e o governo», pois esse papel dominante do proletariado «não pode ser
exercido ou as funções do governo desempenhadas sem uma base como os
sindicatos» e as funções do governo “através de instituições especiais de novo
tipo, como os sovietes.»
Theoretical
justification:
“In
general, this transition [from capitalism to communism] cannot be achieved
without the leadership of that class which is the only class capitalism has
trained for large-scale production and which alone is divorced from the
interests of the petty proprietor. But the [dominant role of the proletariat in
the construction of socialism -- Lenin uses the scientific term
"dictatorship of the proletariat" whose definition we gave in another
article] cannot be exercised through an organisation embracing the whole of
that class, because in all capitalist countries … the proletariat is still so
divided, so degraded, and so corrupted in parts (by imperialism in some
countries) that an organisation taking in the whole proletariat cannot directly
exercise proletarian dictatorship. It can be exercised only by a vanguard that
has absorbed the revolutionary energy of the class.”
“…
the trade unions stand, if I may say so, between the Party and the government”
for that dominant role of the proletariat “cannot be exercised or the functions
of government performed without a foundation such as the trade unions” and the
functions of the government “through the medium of special institutions which
are also of a new type, namely, the Soviets.”
[126] O documento ficou conhecido como «plataforma dos dez».
Definía o papel dos sindicatos à luz das novas tarefas em relação com o fim da
guerra civil e passagem à construção socialista pacífica. Aos sindicatos era
atribuído o papel de escolas de direcção, administração e comunismo. A sua função
principal era tomar parte no governo do Estado, na preparação de quadros para o
aparelho soviético e económico, na luta por fortalecer a disciplina de trabalho.
Deviam basear o seu trabalho de educação na persuasão e nas práticas
democráticas.
The
document became known as the “platform of the ten”. It defined the role of the
trade unions in the light of the new tasks connected with the end of the Civil
War and transition to peaceful socialist construction: the trade unions, being
a school of administration, a school of economic management, a school of
communism, were chiefly to take part in government, train personnel for
government bodies and economic agencies, and help tighten labour discipline.
They were to base their work on education, persuasion and democratic practices.
[127] Lénine começou a escrever o artigo em 21 ou 22 de Janeiro
de 1921, em Gorki, onde descansava.
Ao regressar a Moscovo em 22 de Janeiro, entregou a maior parte do artigo à
secretária para dactilografar. Lénine terminou o trabalho em 25 de Janeiro e
enviou-o para o impressor. Já tarde em 26 de Janeiro os membros do CC que
participavam das discussões locais sobre o papel e as tarefas dos sindicatos
receberam cópias do artigo impresso, enquanto os restantes exemplares ficaram
prontos em 27 de Janeiro. (ênfases
nossos).
Lenin
began writing the pamphlet on January 21 or 22, 1921, in Gorki where he was taking a rest. Upon his return to Moscow on January 22, he
handed the greater part of the pamphlet to his secretary for typing. He
finished the work on January 25 and had it sent to the printer’s. Late on
January 26, CC members who were going to attend local discussions of the trade
unions’ role and tasks were given copies of the printed pamphlet, while the
rest of the copies were ready on January 27. (our emphasis)
[128]
Grover Furr, The Murder of Sergei Kirov,
Aakar Books, 2018, pág. 78, nota 42: «... Os defensores de Trotsky
afirmam por vezes que essa proibição era temporária. Mas não há linguagem na
discussão no 10.º Congresso do Partido sugerindo que se pretendia que fosse
temporária (Protokoly 523-548). Veja 10-i s’ezd RKP(b) (8-16 marta
1921 goda). Protokoly (Moscow:
Partizdat, 1933)».
Grover
Furr, The Murder of Sergei Kirov,
Aakar Books, 2018, p. 78, note 42: “… Supporters of Trotsky sometimes claim
that this ban was intended to be temporary. But there is no language in the
discussion at the 10th Party Congress suggesting that it was intended to be
temporary (Protokoly 523-548). See 10-i s’ezd RKP(b) (8-16 marta 1921 goda). Protokoly
(Moscow: Partizdat, 1933).”