Tempos atrás
dissemos neste blog que
analisaríamos a queda do avião MH17 da Malásia (em 17 de Julho de 2014)
quando dispuséssemos de mais evidências. Infelizmente, mas de facto sem
grande surpresa, a comissão oficial – a JIT, Joint Investigation Team, composta por representantes de
autoridades judiciais e policiais da Holanda, Austrália, Bélgica, Malásia e
Ucrânia, liderada pelos holandeses -- para investigar o incidente tem vindo a
efectuar uma investigação a todos os títulos fraudulenta.
Trata-se
claramente de uma equipa investigadora cuja única missão e actividade é e tem
sido a de colher falsas evidências, fornecidas por terceiros, para construir
uma narrativa que apoie a NATO no seu drang
nach Osten. Para apoiar a Ucrânia filofascista e prejudicar
internacionalmente a Federação Russa abrindo caminho à sua desagregação e
ocupação dos territórios desagregados por governos subservientes dos ocidentais.
Como a Geórgia.
A Joint Investigation Team (Equipa
Conjunta de Investigação) não é uma
equipa de investigação. É uma equipa de recolha de «factos» úteis a uma
narrativa NATO pré-preparada.
A grosseria das
«evidências» apresentadas na conferência da JIT de 24 de Maio é de grande
clareza: fragmentos, fotos, vídeos áudio muito curtos sem qualquer validação
e credibilidade que não provam o que pretendem provar. Provêm todas ou de
fontes claramente de direita e extrema direita – como o Paris Match que publicou fotos de um pretenso transporte de um
Buk na República de Donetsk – ou de indivúduos sobre os quais nada se sabe,
podendo muito bem ser agentes dos serviços secretos uvranianos.
As «evidências» JIT têm sido estudadas em detalhe e rigor por várias
fontes. Ver, p. ex., One Thousand Days of Faking, Problems of the MH17 track-a-trail narrative, e Hunt the Buk. Uma das «evidências»
destacadas pela JIT é a referida foto do transporte de (alegadamente) um Buk,
publicada pelo Paris Match em 23 e 25 de Julho de
2014, supostamente obtida no dia da queda do avião, 17 de Julho, às 10:23. Só dois anos mais tarde foi revelado
que as fotos provinham de um curto vídeo. As análises das fotos e vídeo
revelaram que: quando o camião com o Buk aparece no último segundo dos 13
segundos do vídeo a taxa de quadros por segundo do
vídeo cai para 15 quadros por segundo; a cabina e matrícula do camião (e outros objectos na estrada) estão
claramente visíveis, mas a parte da imagem do atrelado com o rodado e suposta
carga do lançador Buk é, estranhamente, de péssima qualidade, altamente
enevoada impedindo por completo a identificação; as perspectivas (pontos de
fuga) do camião e da estrada (e de outros objectos) não acertam; o estudo das
sombras (foi usado um modelo 3D para esse estudo) aponta para um tempo de
11:05 e não os tempos oficiais de captura (09:00, 11:00, 10:45) mudados algumas vezes para se adequarem a um cronograma do
itinerário do Buk quando confrontado com novas evidências; as sombras contradizem o objecto,
sugerindo alterações digitais e uma carga diferente do lançador Buk; o local
indicado pelo Paris Match na República de Donetsk está errado.
A JIT não
analisou nada; nem esta foto nem outras «evidências». Logo, a JIT não
investigou nada. Nem tecnicamente nem quanto à idoneidade das fontes.
Limita-se a usar o que lhe dão. Por estas razões, as conferências da JIT são
uma tragi-cómica palhaçada.
Existem forças
poderosas por trás desta palhaçada. Recentemente deparámos com um artigo bem
estruturado e argumentado sobre o assunto, embora contendo na parte final
algumas dissonâncias. O artigo foi publicado pelo portal SouthFront, «Escrito por
Brian Kalman exclusivamente para o SouthFront; Brian Kalman é um profissional
de gestão na indústria de transporte marítimo. Foi oficial da Marinha dos EUA
durante onze anos. Actualmente reside e trabalha no Caribe.»
Inserimos a
seguir a sua tradução.
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Some
time ago we said in this blog that we would analyze the fall of the Malaysian
Airline Flight MH17 (on July 17, 2014) when we had got more evidence.
Unfortunately, but not at all surprisingly, the official commission to
investigate the incident -- the JIT, Joint
Investigation Team, composed of representatives of judicial and police
authorities from the Netherlands, Australia, Belgium, Malaysia and Ukraine, which
is led by the Dutch -- has been conducting an all-out fraudulent
investigation.
This is clearly an investigation team whose sole mission and activity is and
has been to gather false evidences provided by third parts in order to
construct a narrative that upholds NATO in its drang nach Osten. To support the philofascist Ukraine and to damage
the Russian Federation internationally, paving the way for its disaggregation
and occupation of disaggregated territories by subservient governments of the
West. As it happened with Georgia.
The Joint Investigation Team is not an
investigation team. It is a team that gathers "facts" which are
useful for a pre-prepared NATO narrative.
The coarseness of the “evidences” presented at the JIT conference on past May
24 is quite clear: fragments, photos, very short audio and videos without any
validation and credibility, which do not prove what they were intended to
prove. They all come either from clearly right-wing and far-right sources --
such as the Paris Match which published
photos of a supposed Buk transport in the Republic of Donetsk -- or from individuals
about whom nothing is known, and may well be agents of the Uranian secret services.
The JIT “evidences” have been studied in detail and thoroughness by various
sources. See, e.g., One
Thousand Days of Faking, Problems
of the MH17 track-a-trail narrative, and Hunt
the Buk.
One of the "evidences" highlighted by JIT is the aforementioned
photo of the transport of an (alleged) Buk, published by Paris Match on 23 and 25 July 2014, supposedly obtained on the
day of the plane crash, July 17, at 10: 23. Only two years later it was revealed that the photos came from a
short video. Photo and video analyses revealed that: when the truck with the
Buk appears in the last second of the 13 seconds of the video, the frame rate
per second of the video drops to 15 frames per second; the cabin and license
plate of the truck (and other objects on the road) are clearly visible, but
the part of the image of the trailer with the wheels and the supposed load of
the Buk launcher is, strangely enough, of very poor quality, highly blurred
and completely preventing any identification; the perspectives (vanishing
points) of the truck and the road (and of other objects) don’t add up; the
study of the shadows (a 3D model was used for this study) points to a time of
11:05 and not the official times of capture (09:00, 11:00, 10:45) changed a
few times to fit a timeline of the Buk trail when confronted with new
evidence; the shadows contradict the object, suggesting digital changes and a
different load than the Buk launcher; the place indicated by the Paris Match in the Republic of Donetsk
is wrong.
JIT
did not analyze anything; neither this photo nor other "evidences".
Therefore, JIT did not investigate anything. Neither technically nor as regards
the idoneity of the sources. It just used what it got from others. For these
reasons, JIT conferences are a tragi-comic buffoonery.
There
are powerful forces behind this buffoonery. We have recently come across a
well-structured and well-argued article on the subject, although it contains
some dissonances towards the end. The article -- MH-17 Uupdate:
Is the JIT Investigating the Truth or Manufacturing It? -- was posted by the SouthFront website,
"Written by Brian
Kalman exclusively
for SouthFront; Brian Kalman is a management professional in
the marine transportation industry. He was an officer in the US Navy for
eleven years. He currently resides and works in the Caribbean."
You
can read it here.
(What follows below is the translation into Portuguese.)
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Actualização sobre o MH-17: está
o JIT a investigar a verdade ou a fabricá-la?
Escrito por Brian
Kalman para o SouthFront
(Consultado em 3 de Junho de 2018)
A falsa bandeira ocidental para obter apoio
internacional para a conquista da Ucrânia
A tragédia do avião MH17 entrou novamente no ciclo de notícias, com a Joint Investigation Team (JIT) liderada
pelos holandeses a realizar uma conferência de imprensa para anunciar a sua resolução
de que o avião foi abatido por um míssil terra-ar Buk fornecido directamente pela
Rússia às milícias ucranianas. A JIT anunciou que tem evidências conclusivas de
que o lançador de mísseis veio do inventário da 53.ª Brigada de Defesa Aérea, sediada
em Kursk. A evidência de facto apresentada foi inconclusiva, para dizer o
mínimo, e os porta-vozes do JIT disseram que a evidência conclusiva que
possuíam não seria divulgada nessa altura.
O avião foi
abatido em 17 de Julho de 2014. O JIT teve quase quatro anos para determinar o
cenário mais provável por trás da tragédia; contudo, durante a conferência de
imprensa de 24 de Maio, o público só recebeu propaganda anti-russa vagamente
apoiada por meios de comunicação sociais [Twitter,
YouTube, etc.] bem como um número de
fragmentos de mísseis Buk que obviamente não estiveram envolvidos na
intercepção de qualquer aeronave.
A Federação Russa
forneceu provas materiais e conduziu uma série de experiências conclusivas,
incluindo uma efectuada pelo fabricante do sistema de mísseis Buk, Almaz-Antey;
apesar disso, foi liminarmente negada à Federação Russa qualquer envolvimento
na «investigação» oficial. A Ucrânia, por outro lado, que é também um dos
principais suspeitos do crime, e pese embora o óbvio conflito de interesses,
tem sido um membro-chave do esforço investigativo desde o início. Não parece
isto estranho ao leitor?
Isto acontece
porque o JIT não se empenhou numa investigação criminal, mas sim numa
fabricação criminosa. As mesmas potências ocidentais que conseguiram identificar
os autores dos ataques do 11 de Setembro em 48 horas (lembram-se do passaporte
imaculado que de alguma forma sobreviveu à imolação e pulverização de um
arranha-céu e de um avião?) e que apontaram virtuosamente o dedo a Saddam
Hussein declarando que tinham a prova indesmentível da sua intenção de uso iminente
de armas de destruição maciça (a fim de mobilizar o apoio internacional para
outra guerra no Iraque), levaram quase quatro anos a reconstituir o que
aconteceu nos céus do leste da Ucrânia.
Porquê, desta vez,
uma investigação tão longa, secreta e extensa? Poderia a mesma equipa JIT -- que
deixou detritos da aeronave por todos os campos nas aldeias de Petropavlivka,
Hrabov e Rozsypne, que não mostrou qualquer interesse em entrevistar uma
multidão de testemunhas locais, e se baseou fortemente nos vídeos twitter fornecidos pela Ucrânia logo no
início, para construir o seu caso inicial – poderia ela, na verdade, passar os
últimos quatro anos a empregar a diligência investigativa adequada à descoberta
da verdade? É altamente improvável.
[O autor insere
aqui uma foto da mesa de conferência do JIT com o comentário «Como revelam as
bandeiras de mesa é praticamente uma operação da OTAN, com presença malaia
simbólica e, claro, o membro aspirante da OTAN e provavelmente culpado do
crime, a Ucrânia.]
Porque razão
foram os corpos das vítimas deixados quatro dias em comboios refrigerados antes
de ser dada autorização para a custódia deles? Foram as autópsias conduzidas
para determinar a natureza da morte e foram as feridas de estilhaços
completamente investigadas e documentadas? Apenas três meses após o acidente, o
Procurador-Chefe holandês Fred Westerbeke afirmou que 500 partículas de metal
(um bom número redondo) tinham sido recuperadas dos corpos, e que pelo menos 25
delas eram compostas de ferro. Quase um ano depois, em Agosto de 2015, Westerbeke
afirmou que sete fragmentos de estilhaços, que eram quase de certeza de um
míssil Buk (embora não especificasse como pòde saber isso num momento tão
inicial), tinham sido recuperados, mas que não tinham sido recuperados de
corpos ou de destroços do avião. Como pôde a sua proveniência ser identificada
se não foram encontrados nos destroços do avião ou nos corpos?
[O autor publica aqui
uma foto de um dos «misteriosos “fragmentos de Buk”». A foto mostra uma peça informe como se fosse de uma escória de
ferro ferrugenta. É difícil acreditar que uma identificação seja possível.]
Embora a Rússia
se tenha mostrado extremamente útil desde o início, foi dito aos russos que a sua
ajuda não era desejada e que não seriam incluídos de forma alguma na
investigação oficial do JIT. As autoridades ucranianas tornaram-se membros
oficiais do esforço de investigação. A Rússia não era um combatente declarado
no conflito, mas a Ucrânia era. O óbvio conflito de interesses em ter a Ucrânia
como um dos principais membros da investigação desde o início foi um sinal
claro de que o objectivo da JIT não era encontrar a verdade, mas fabricá-la.
A quem aproveita?
A primeira pergunta a ser feita depois de qualquer evento deste tipo é cui bono, ou «a quem aproveita»? É
bastante óbvio que a Rússia não beneficiaria de uma ocorrência tão horrenda.
Também não as milícias ucranianas que estavam nessa altura envolvidas em fortes
batalhas contra os militares ucranianos. Os líderes do golpe bem sucedido de
Kiev tinham, no entanto, tudo a ganhar com o fabrico de uma tragédia para
culpar a Rússia. Não estamos a dizer que foi o que aconteceu, mas é uma
possibilidade óbvia. A Ucrânia tinha um motivo forte para criar uma escalada
que pudesse ser atribuída aos seus inimigos. A Rússia não tinha a ganhar tal
benefício. As milícias que lutavam em Donbass e Lugansk não tinham necessidade
de adquirir capacidades antiaéreas mais avançadas, que pudessem ter como alvo aviões
voando a altitudes mais elevadas, já que estavam a obter grandes sucessos
derrubando aviões ucranianos a um ritmo impressionante.
Quem era capaz de tal acto?
Uma segunda pergunta a ser feita é: «Quem tinha capacidade de abater um avião
voando a tão elevada altitude?» As milícias obviamente obtiveram ajuda da
Rússia na aquisição de MANPADS, acima e além do que puderam capturar dos
arsenais militares no seu próprio território, e foram muito bem sucedidos em
derrubar dos ucranianos um grande número de helicópteros de ataque Mi-24,
aviões de ataque terrestre SU-25, e até dois Mig-29. As milícias provaram ser
muito hábeis no combate e derrota de aeronaves envolvidas em missões de ataque
terrestre. A Força Aérea Ucraniana foi largamente incapaz de bombardear alvos a
partir de grande altitude, faltando-lhe tanto o equipamento como tripulações
altamente treinadas para tais missões. Por que razão as milícias, ou a
liderança russa, decidiriam que SAMs [surface-to-air
missile] avançados teriam de entrar no conflito quando os MANPADS já tinham
sido muito bem-sucedidos? Tal ideia desafia toda a lógica.
[o autor insere aqui
uma foto de um Mi-24 ucraniano abatido em Slaviansk.]
Os militares
ucranianos tinham a capacidade de abater o avião civil e as unidades de defesa
aérea avançadas na frente [contra as milícias], armadas com o sistema Buk SAM, tinham
a capacidade para abater o Boeing 777. O 156.º Regimento de Defesa Aérea da
Ucrânia tinha 17 lançadores de mísseis Buk instalados no leste do país, uma
bateria localizada em Avdeyevka, perto de Donetsk, uma em Mariupol e uma em
Lugansk. Mais uma vez, não estamos a dizer que foi isso que aconteceu, mas na
nossa opinião, é o cenário mais provável.
Poderia muito bem
ter sido um trágico acidente, mas provavelmente foi um acidente causado por uma
unidade de defesa aérea ucraniana. Uma vez ocorrido, a liderança de Kiev,
auxiliada pelo SBU [serviços secretos da Ucrânia], entrou em modo de gestão de
crise, e logo decidiu enquadrar o incidente como um acto de agressão russa. Uma
maior demonização da Rússia e qualquer sucesso em transformá-la num pária
internacional só contribuiriam para ajudar os líderes do golpe de Kiev na sua
causa, tanto para obter legitimidade internacional como para fortalecer o apoio
à conquista dos territórios rebeldes de Donetsk, Lugansk e Crimeia, que se
recusaram a reconhecer a sua legitimidade. A Rússia tinha que ser pintada como
agressora e, mais ainda, como violadora do direito internacional. Havia
confiança em como os Estados Unidos, com todas as suas vastas capacidades de
colheita de informações, não apresentariam qualquer prova do que aconteceu, mas
sim uma contabilidade anti-russa dos eventos. Foi exactamente isso que
aconteceu.
[O autor insere
aqui uma foto de um lançador de mísseis Buk do 156.º
Regimento de Defesa Aérea Ucraniano «enviado para a frente na zona de conflito
oriental no momento do acidente. Se uma das baterias do Regimento abatesse o
avião civil, seria a segunda vez desde o dia 4 de Outubro de 2001 que os
militares ucranianos abateram um voo de passageiros.»]
Um precedente do passado
Outra pergunta a ser feita é: «Será que aconteceu um acidente deste tipo no
passado e, se sim, qual a causa e qual a reacção do culpado?» Aviões civis
foram derrubados pelo menos três outras vezes desde 1983; se incluirmos o voo 800
da TWA (que provavelmente foi derrubado por um míssil terra-ar), houve quatro
incidentes desse tipo antes do incidente com o MH-17.
Voo da Korean Airlines 007 (1983)
O avião da Coreia do Sul foi abatido em 1 de Setembro de 1983 depois de entrar
no espaço aéreo soviético. Os EUA sacrificaram informações confidenciais poucas
semanas depois da tragédia, para provar que o avião tinha sido abatido pela
União Soviética. Demorou cerca de uma década para as autoridades russas
admitirem falhas no incidente (após a dissolução da União Soviética), que matou
todos os 269 passageiros e tripulantes a bordo do Boeing 747.
Voo 655 da Iran Air (1988)
O avião civil foi
abatido pelo USS Vincennes CG49, navio da Marinha Norte-Americana, em 3 de Julho
de 1988. Os Estados Unidos admitiram ter derrubado o avião, mas afirmaram que
um F-14 iraniano usava o avião como sombra de radar para atacar recursos navais
dos EUA no Golfo Pérsico. Os radares civis e militares logo provaram, em poucos
dias, que essa afirmação era uma mentira total; passado pouco tempo o mundo
inteiro responsabilizou os EUA pela tragédia. O governo dos EUA foi forçado a
reconhecer legalmente a culpa e a compensar oito anos depois as famílias das
vítimas. Uma observação importante desta história é que o comandante do USS
Vincennes, o Capitão Will Rogers III, e o Oficial de Sistemas de Combate e
Armas, Tenente-Comandante Scott Lustig, receberam medalhas de serviço
meritórias logo um ano após o trágico incidente.
[O autor insere
uma foto de «Uma das muitas crianças mortas no desastre
que custou 290 vidas. Quando perguntado se o governo dos Estados Unidos devia
oferecer um pedido de desculpas à nação iraniana, o então vice-presidente
George H.W. Bush afirmou categoricamente: “Nunca irei pedir desculpas pelos
Estados Unidos. Não me importo com o que sejam os factos. Eu não sou do tipo de
“peço desculpa pelo americano”».]
Voo 1812 da Siberia Airlines (2001)
Em 4 de Outubro de 2001 um Tu-154 da Siberian Airlines, a caminho de Telavive.
foi abatido sobre o Mar Negro por uma unidade de defesa aérea ucraniana que efectuava
um exercício de fogo real. O avião foi aparentemente atingido por um míssil
S-200 que ultrapassou um drone alvo
que já havia sido interceptado por outro míssil. Apesar de ser um óbvio
acidente trágico, as autoridades ucranianas recusaram-se a aceitar a
responsabilidade até serem pressionadas pela administração da Federação Russa
do presidente Vladimir Putin. O presidente ucraniano, Leonid Kuchma, reconheceu
então a culpa pelo incidente e o ministro da Defesa na época, Oleksandr Kuzmuk,
demitiu-se. O governo compensou as famílias das vítimas num valor total de
aproximadamente 15,6 milhões de US$.
[O autor insere aqui
uma foto de «Um Tu-154 semelhante em aparência ao
abatido sobre o Mar Negro em 2001 por um Regimento de Defesa Aérea da
Ucrânia... Todos os 78 passageiros e tripulantes morreram na tragédia».]
Voo TWA 800
O Trans World Airlines 747-100 descolou
do aeroporto JFK de Nova Iorque na noite de 17 de Julho de 1996 e explodiu em
bola de fogo 12 minutos após a descolagem. Pelo menos 700 testemunhas oculares
sugeriram claramente que um míssil terra-ar abateu o avião. A área de destroços
era extensa, com o avião destruído em milhares de pedaços, denotando uma
interceptação a velocidade significativa e forte detonação. Após investigação
de quatro anos, o NTSB [National
Transportation Safety Board] determinou que um tubo de combustível
defeituoso causou uma explosão catastrófica que abateu o avião (embora tal
falha nunca tenha acontecido com qualquer outro 747 antes ou depois da tragédia
do TW 800). Formei-me na USMMA [US Merchant
Marine Academy] com um colega que estava a pescar com o pai em Long
Island naquela noite e testemunhou o evento. Ele é agora um alto oficial da
Marinha dos EUA. Até hoje, e agora com vasto conhecimento em primeira mão de
mísseis modernos, ele continua firme na sua crença de que um míssil derrubou o
voo civil. O FBI levou quase seis meses para admitir que um navio da Marinha
dos EUA «envolvido em manobras classificadas» estava localizado a 3 milhas
náuticas do incidente. Após uma investigação de quatro anos, o NTSB emitiu a sua
controversa decisão de que uma falha técnica causou a explosão e acidente que
mataou todos os 230 passageiros e tripulantes do avião. Cerca de 500 milhões de
US$ foram pagos pela TWA (que faliu) e pela Boeing em compensação às famílias
das vítimas, cerca de 6 anos após o acidente. Centenas de testemunhas oculares
e vários investigadores do NTSB declararam acreditar que o FBI encobriu a
verdade da tragédia.
Olhando para os precedentes no passado, [vemos que] o governo russo, após a
negação inicial da culpabilidade, admitiu o erro e compensou os afectados por
acidentes trágicos envolvendo forças militares estatais que derrubaram
acidentalmente aviões civis. No caso do voo 1812 da Siberian Air provou-se que as unidades de defesa aérea ucranianas tinham
acidentalmente alvejado e destruído um voo aéreo civil. Foram forçadas a admitir
a culpa por ninguém menos que o presidente russo Vladimir Putin, o papão
favorito do Ocidente.
No caso da culpabilidade dos EUA em tais acidentes, não só as autoridades dos
EUA tentaram ofuscar os factos das tragédias como, no caso do Voo 655 da Iran Air, elogiaram os perpetradores da
tragédia condecorando-os com comendas estatais. Tendo aprendido com este
incidente, as autoridades dos EUA arrastaram a investigação por quatro anos no
caso do voo 800 da TWA e trocaram os pés pelas mãos para escapar à culpa.
Vários dos envolvidos a nível oficial na investigação do acidente da TWA 800 vieram
nos últimos anos a refutar as conclusões da investigação. Que melhor maneira de
escapar da culpa do que encobrir, ofuscar, distrair e eventualmente fabricar
uma explicação?
MH17: A visão de conjunto
A tragédia do MH-17 deve ser vista no contexto mais amplo das condições de
guerra no momento do incidente e da forte guerra de propaganda que está a ser
travada pelo Ocidente contra a Rússia desde o início do conflito ucraniano e que
continua até hoje num crescendo de dureza.
Em Julho de 2014,
as milícias anti-Kiev das regiões orientais, de Donetsk e Lugansk, estavam
envolvidas numa batalha feroz e bem-sucedida contra um governo instalado pelo
golpe que consideravam ilegítimo. As Forças Armadas Ucranianas (FAU), por sua
vez, estavam a combater um inimigo tenaz de ex-compatriotas que pareciam
receber ajuda crescente da Rússia na forma de assessores militares e de informação
e assistência técnica. A FAU estava a perder tanto a nível táctico quanto
estratégico nos confrontos com as milícias. A FAU precisava de algo para romper
o impasse, um evento para colocar os holofotes globais sobre a Rússia como um
violador agressivo da sua soberania e do direito internacional, forçando a
Rússia a limitar ou interromper a sua ajuda às milícias. Que melhor maneira do
que projectar uma tragédia internacional que destacaria a Rússia como nação
empenhada nos seus próprios interesses «expansionistas» a qualquer custo, um
proliferador irresponsável de sistemas avançados de armas para «mineiros
iletrados» tornados rebeldes?
Por essa altura a
liderança russa devia estar extremamente satisfeita. Uma pequena força de milícias
dedicadas vinha causando ao governo de Kiev humilhantes derrotas atrás de
derrotas, com um mínimo de investimento militar ou financeiro e com muito pouca
exposição ou culpabilidade explícitas. As ordens óbvias, vindas do topo, devem
ter sido «mantenham-se assim». Não havia necessidade de mudar nada, certo?
A tragédia do MH-17 mudou todo o paradigma. Um conflito num remanso
pós-soviético alcançou de imediato implicações internacionais de um dia para o
outro. Embora centenas, senão milhares de civis inocentes na Ucrânia tivessem
sido mortos no conflito até aquele momento, agora eram civis ocidentais que
haviam morrido. Isto era mais do que a «comunidade internacional» podia
aguentar. Agora teria de haver responsáveis. Mas que aconteceu logo após o
trágico derrube?
Os Estados Unidos afirmaram que tinham provas conclusivas de que a Rússia e
seus representantes no leste da Ucrânia tivessem derrubado o MH-17, mas não apresentaram
nada. Nenhuma evidência. Nenhuma imagem de satélite. Nenhuma intercepção eletrónica.
Nenhuns dados de radar. Nada. Apoiavam as afirmações ucranianas de que era um
crime orquestrado pelos russos com vídeos do YouTube, twitter e
gravações audio não verificáveis. Seja como for, nenhuma evidência real foi apresentada
pelos EUA. Isto contrasta com as acções imediatas da administração Reagan após
a queda do voo 007 da Korean Airlines:
os EUA não só comprometeram os maiores segredos da informação da segurança
nacional, como também os mesmos segredos de um aliado-chave, o Japão. A
administração também decidiu, logo de seguida, disponibilizar o sistema de
navegação por satélite GPS aos usuários civis. Um enorme sacrifício na busca da
verdade. E os sacrifícios da administração Obama pela verdade? Nenhuns. Eles
sabiam a verdade e essa verdade era muito prejudicial para vir à luz do dia.
Essa é a única conclusão que se pode tirar. Os EUA souberam imediatamente quem
abateu o voo civil e o seu silêncio fala muito. Se na verdade tivesse sido a
Rússia, ou as milícias apoiadas pela Rússia, as evidências teriam vindo de
Washington num dilúvio, mas isso não aconteceu. O que dizem eles sempre? Fontes
e métodos não podem ser comprometidos.
É bastante óbvio neste momento, que o JIT, que inclui o mais provável culpado e
dois membros da OTAN, passou os últimos quatro anos a fabricar uma versão da
verdade que se encaixa na narrativa desejada. A «evidência» será fabricada para
se adequar à conclusão de que a Rússia foi a culpada do crime. A filosofia do
terrorista de que «o fim justifica os meios» foi mais uma vez totalmente adoptada.
A verdade que se dane. O establishment
ocidental fabricará a verdade.
O sempre importante tempo de ocorrência
Em maquinações geopolíticas, o tempo de ocorrência [timing, no original] é sempre importante e nunca deve ser visto
como uma coincidência. As declarações do JIT ocorreram [agora] quando as forças
armadas ucranianas aumentaram os ataques a territórios dentro dos 15 km de
profundidade da linha de separação RPD/RPL [República Popular do Donetz/ República
Popular de Lugansk] – Ucrânia [acordos de Minsk] no lado das RPD/RPL, particularmente
em torno do cruzamento de transportes perto de Gorlovka, estrategicamente
importante. As actividades militares ao longo da «zona cinzenta» aumentaram no
último mês. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e a Federação Russa estão a negociar
acordos sobre delimitação de territórios no sul da Síria. A Taça do Mundo da
FIFA, a realizar este ano na Rússia, está próxima, com a partida de abertura
marcada para 14 de Julho. Todos nos lembramos do que aconteceu durante as
Olimpíadas de Sochi. É isso mesmo, o governo ucraniano foi derrubado por um
golpe ilegal fortemente financiado e apoiado pelo Departamento de Estado dos
EUA.
Também é de interesse o aparente suicídio do capitão [ucraniano] Vladyslav
Voloshyn, um homem implicado como tendo possivelmente derrubado o voo MH-17 quando
pilotava um SU-25 nas proximidades da rota de voo do avião sobre a Ucrânia,
quando foi abatido. Um grande número de especialistas em aviação e analistas
avançou a teoria de que o avião foi abatido por uma aeronave. Pelo menos um Su-25
da Força Aérea Ucraniana foi detectado pelo radar russo como estando na área
imediata do derrube. O controlo de tráfego aéreo da Ucrânia recusou-se a
divulgar quaisquer dados sobre o voo, e o JIT recusou-se a usar nas suas
investigações dados de radar civis e militares fornecidos pela Rússia.
[O autor insere aqui
uma foto do piloto ucraniano e comenta que o «seu
suposto suicídio, apenas uma semana antes do JIT divulgar as suas últimas
descobertas, é mais do que convenientes».]
Acontece que
acredito que a causa mais provável da destruição do MH-17 terá sido um míssil
terra-ar e não uma aeronave, mas também acredito que todos os cenários
possíveis devem ser investigados para os avançar ou remover como causa possível
da tragédia. Fontes dos media russos
destacaram o cenário do derrube pelo SU-25 quando um desertor e testemunha se
apresentou e avançou a teoria de que um Su-25 pilotado por Cap. Voloshyn abatera
o avião. A resposta inicial dos «media»
ocidentais foi refutar tal possibilidade realçando que o Su-25 não tem tecto ou
velocidade operacionais para interceptar um Boeing 777. Isso foi logo provado
falso pelas Forças Aeroespaciais da Rússia quando mostraram que um Su-25 25
pode realmente alcançar a altitude a que o MH-17 estava a voar. A RT registou a
experiência e divulgou-a na cobertura sobre a tragédia do MH-17. É bem
conhecido entre os militares de todo o mundo e a maioria dos analistas
militares que as capacidades oficialmente declaradas pelos governos dos
sistemas de armas estão sempre abaixo do seu desempenho real. Há que realçar
[neste contexto] que os militares russos se esforçaram por revelar algumas das
características reais do desempenho de uma das suas aeronaves mais sofisticadas
para provar a possibilidade dessa teoria. Isso ocorreu apesar do governo russo
parecer abraçar como mais provável a teoria de que o avião foi abatido por um
SAM.
A 6 dias apenas da conferência de imprensa do JIT diz-se que Voloshyn cometeu
suicídio. Os principais media
ocidentais foram rápidos em apontar que não havia ligação entre Vladyslav
Voloshyn (que deixou a Força Aérea para se tornar o director do aeroporto de
Nikolaev), quer com o derrube do MH-17, quer com a data de divulgação das mais
recentes «descobertas» do JIT. Um desses meios de comunicação, o Polygraph.info, afirmou que o
envolvimento de Voloshyn era impossível porque o JIT tinha determinado que um
míssil russo Buk tinha abatido o avião. É este o modus operandi usual dos media
ocidentais, que meramente empurram a narrativa do establishment sem nenhuma investigação independente. As evidências que
se danem. Vamos dar uma olhada no Polygraph.info
um pouco mais perto. O portal afirma claramente:
«O Polygraph.info
é um portal de verificação de factos produzido pela Voz da América (VDA) e pela Rádio
Europa Livre/Rádio Liberdade (REL/RL). O
portal serve como um meio para avaliar o crescente volume de desinformação e má
informação que está a ser globalmente distribuída e partilhada. Um portal
semelhante em russo pode ser encontrado em factograph.info.
Os jornalistas da VDA e da REL/RL pesquisam e
analisam citações, histórias e relatórios distribuídos por funcionários do
governo, media patrocinados por
governos e indivíduos de alto perfil. Os
repórteres separam os factos da ficção, adicionam contexto e desmascaram
mentiras.
A Voz da América e a Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade são emissoras internacionais multimedia, não partidárias, que fornecem notícias e informações precisas,
especialmente para audiências com liberdade de imprensa limitada. A VDA,
sediada em Washington, DC, transmite em 45 idiomas para uma audiência semanal
medida de mais de 238 milhões de pessoas em todo o mundo. A REL/RL é uma fonte
de media substituta em 26 idiomas,
alcançando mais de 23,6 milhões de pessoas por semana.»
A Voz da América e a Rádio Europa Livre são financiadas e dirigidas pelo governo federal
dos Estados Unidos. Soa-lhe isto como imparcial? Afirmar que esta roupagem de media é um esforço internacional, não
partidário, visando desmascarar a desinformação e a má informação é risível.
Este meio de comunicação é uma operação de propaganda estatal que impulsiona a
narrativa do governo dos EUA. [De facto, é bem sabido que, desde o início, a
VDA e a REL/RL são órgãos de propaganda e de guerra psicológica tutelados pelos
serviços secretos americanos.]
O que deve então o leitor crítico tirar disto? Existe uma ligação entre o Capitão
Voloshyn e o derrube do voo MH-17? Existe uma ligação entre o suicídio e o
anúncio do JIT da culpa russa na tragédia? Honestamente não sei. O tempo de
ocorrência é certamente sintomático. Uma pessoa que poderia refutar as últimas
afirmações do JIT já não pode testemunhar o contrário. Está morto. Os media ocidentais, incluindo as mais
óbvias fontes de propaganda do governo, divulgaram inúmeros artigos e posts para refutar qualquer
possibilidade de que Voloshyn estivesse envolvido em abater o avião, simplesmente
afirmando que as últimas afirmações do JIT são verdadeiras. Lembre-se, para
eles não há necessidade de evidências.
O que nos reserva o futuro imediato?
Eu diria que se embarcou agora numa nova campanha para demonizar e desacreditar
a Rússia, ou pelo menos para a continuar após um longo hiato. A Rússia será
vilipendiada e desacreditada pelos media
ocidentais, e mais uma vez com a Rússia a estar sob os holofotes internacionais
durante os eventos da Taça do Mundo da FIFA. O governo de Kiev tentará provavelmente
alguma escalada no impasse actual nas regiões orientais da Ucrânia, encenando
novas provocações ou uma ofensiva limitada. O JIT realizará provavelmente uma
conferência de imprensa adicional para extrapolar ainda mais as suas «evidências»
e «descobertas». Será por isso que o JIT não apresentou a sua evidência «concreta
e incontroversa» em 24 de Maio, para que possa divulgá-la numa época que
maximize o dano à Rússia aos olhos do mundo, quando todos esses olhos estão
focados nela? É possível.
Sistematicamente, quando o establishment
dos EUA se mostra impotente num conflito em termos reais e é impotente para
influenciar um conflito no campo de batalha, recorre a truques sujos que pode
usar para influenciar a opinião pública, impulsionados pela sua bem financiada
e bem articulada rede de propaganda multimedia.
Isso só aumentou desde os fracassos dos EUA para derrubar a Síria e a Ucrânia
como estados independentes e não-alinhados. A Ucrânia independente que se
recusou a escolher entre a UE e a Rússia, sob a liderança de Viktor Yanukovych,
foi derrubada. Uma Síria independente sob Assad, que se recusou a concordar com
os interesses económicos do Ocidente e do Golfo, foi invadida. Nenhuma
tentativa de conquista foi bem-sucedida e ambas as nações se mostraram mais
resistentes do que os seus inimigos previram. Enquanto a vitória no campo de
batalha se evaporava como uma miragem, as falsas bandeiras e campanhas de
propaganda aumentavam rapidamente. Qual será a próxima pretensa atrocidade
colocada na porta da Rússia?
[O autor insere
aqui uma foto dos energúmenos ucranianos com o comentário «Os Estados Unidos aumentaram discretamente a ajuda militar à Ucrânia
nos últimos dois anos, principalmente sob a forma de treino e assessoria.
Também forneceram às FAU uniformes, coletes, espongardas, suprimentos e
equipamentos médicos e, mais recentemente, mísseis guiados antitanque Javelin.
Há poucas dúvidas sobre quais os nteresses que o regime de Poroshenko está
realmente a servir».]
Não sei as
respostas a estas perguntas, mas, como pessoa que pensa criticamente, posso rever
as evidências disponíveis, estudar eventos passados, criar um perfil dos
perpetradores e beneficiários mais prováveis e teorizar sobre o cenário mais
provável. Não preciso de ir à CNN ou à RT para obter a minha visão muito bem pré-empacotada
dos eventos. E definitivamente não preciso do Polygraph.info, Snopes.com
ou similares para avaliar por mim próprio os meus esforços de colheita de
informações. Confiarei no meu próprio raciocínio, intuição e experiência para
chegar às minhas próprias conclusões e você também deveria [fazer isso].
Sei que as experiências realizadas pela Almaz-Antey, fabricante do sistema de
defesa de mísseis Buk, foram muito exaustivas. Eles até simularam a intercepção
do MH-17 com um míssil Buk para recriar e estudar o que tal intercepção
produziria em termos de evidência física. De facto, detonaram um míssil Buk na
maneira e na localização da fuselagem dianteira de um avião para simular o que mais
provavelmente parece ter ocorrido. Determinaram que os padrões e formas dos
estilhaços indicavam que um míssil Buk provavelmente derrubou o MH-17, mas que
os padrões de estilhaços indicavam uma versão anterior do míssil, não usada
pela Federação Russa há algum tempo, mas ainda amplamente usada na Ucrânia. Também
determinaram que o ângulo e direcção a partir da qual o avião foi atingido indicavam
que era mais provável que tivesse sido lançado de um território controlado pela
Ucrânia, e não uma área controlada pelas milícias. O fabricante divulgou ao JIT
as suas conclusões na íntegra, bem como informações anteriormente secretas
relativas ao sistema de mísseis Buk. O JIT simplesmente respondeu que as
descobertas da equipa de investigação da Almaz-Antey eram erradas e
improváveis. É claro que nenhuma explicação para essa afirmação baseada em factos
foi jamais avançada, nem experièncias semelhantes foram conduzidas para refutar
as descobertas.
Que vimos nós do JIT? Alguns vídeos postados em media sociais, supostamente mostrando o veículo de lançamento de
mísseis realmente usado numa estrada no leste da Ucrânia? Alguns clips de audio
(inadmissíveis num tribunal de direito ocidental) supostamente de rebeldes
afirmando que derrubaram o avião errado? Um pedaço de um míssil altamente
intacto com um número identificável estampado nele que supostamente o liga à 53.ª
Brigada de Defesa Aérea? Gostaria que isso fosse considerado evidência na
Síria, onde milhares de armas fornecidas pelo Ocidente foram encontradas nas
mãos de jihadistas e podem realmente ser rastreadas até à sua fonte através de
números de série, denotando lugar e data de fabrico. E quanto às centenas de
peças de mísseis de cruzeiro exibidas pela Rússia que afirmaram terem sido
interceptadas pela Síria depois que os EUA insistiram que todos os mísseis
atingiram com sucesso os seus alvos? Alguém vê um padrão aqui?
Isso traz-me de volta ao meu ponto inicial sobre a investigação do JIT. O JIT não
está interessado em descobrir a verdade, mas em fabricá-la. A falsa
investigação formulará uma falsa verdade que corresponde a uma falsa narrativa
pré-estabelecida, a fim de fabricar o consentimento num público que foi
cuidadosamente alimentado com propaganda durante quase quatro anos. Veja-se:
geralmente a verdade leva um tempo muito curto para vir à luz se for realmente
procurada. As mentiras realmente boas levam muito tempo a serem fabricadas e
deve-se deixá-las penetrar na mente racional em pequenas doses ao longo do
tempo.
Em suma, é de esperar uma escalada do exército ucraniano em algum momento nos
próximos dois meses, após o início da Taça do Mundo. O Verão é um bom período
de campanha militar na Europa. Além disso, é de esperar em simultâneo com isso mais
«evidências» e alegações emitidas pelo JIT. Ambas as ações serão coordenadas
para aprofundar a narrativa de que Putin e a Rússia em geral são uma ameaça
agressiva e bárbara à ordem mundial governada pelo Ocidente.