segunda-feira, 11 de junho de 2018

A Investigação Oficial da Queda do MH17 é uma Fraude | The Official Investigation of the MH17 Fall is a Fraud



Tempos atrás dissemos neste blog que analisaríamos a queda do avião MH17 da Malásia (em 17 de Julho de 2014) quando dispuséssemos de mais evidências. Infelizmente, mas de facto sem grande surpresa, a comissão oficial – a JIT, Joint Investigation Team, composta por representantes de autoridades judiciais e policiais da Holanda, Austrália, Bélgica, Malásia e Ucrânia, liderada pelos holandeses -- para investigar o incidente tem vindo a efectuar uma investigação a todos os títulos fraudulenta.

Trata-se claramente de uma equipa investigadora cuja única missão e actividade é e tem sido a de colher falsas evidências, fornecidas por terceiros, para construir uma narrativa que apoie a NATO no seu drang nach Osten. Para apoiar a Ucrânia filofascista e prejudicar internacionalmente a Federação Russa abrindo caminho à sua desagregação e ocupação dos territórios desagregados por governos subservientes dos ocidentais. Como a Geórgia.

A Joint Investigation Team (Equipa Conjunta de Investigação) não é uma equipa de investigação. É uma equipa de recolha de «factos» úteis a uma narrativa NATO pré-preparada.

A grosseria das «evidências» apresentadas na conferência da JIT de 24 de Maio é de grande clareza: fragmentos, fotos, vídeos áudio muito curtos sem qualquer validação e credibilidade que não provam o que pretendem provar. Provêm todas ou de fontes claramente de direita e extrema direita – como o Paris Match que publicou fotos de um pretenso transporte de um Buk na República de Donetsk – ou de indivúduos sobre os quais nada se sabe, podendo muito bem ser agentes dos serviços secretos uvranianos.

As «evidências» JIT têm sido estudadas em detalhe e rigor por várias fontes. Ver, p. ex., One Thousand Days of Faking, Problems of the MH17 track-a-trail narrative, e Hunt the Buk. Uma das «evidências» destacadas pela JIT é a referida foto do transporte de (alegadamente) um Buk, publicada pelo Paris Match em 23 e 25 de Julho de 2014, supostamente obtida no dia da queda do avião, 17 de Julho, às 10:23. Só dois anos mais tarde foi revelado que as fotos provinham de um curto vídeo. As análises das fotos e vídeo revelaram que: quando o camião com o Buk aparece no último segundo dos 13 segundos do vídeo a taxa de quadros por segundo do vídeo cai para 15 quadros por segundo; a cabina e matrícula do camião (e outros objectos na estrada) estão claramente visíveis, mas a parte da imagem do atrelado com o rodado e suposta carga do lançador Buk é, estranhamente, de péssima qualidade, altamente enevoada impedindo por completo a identificação; as perspectivas (pontos de fuga) do camião e da estrada (e de outros objectos) não acertam; o estudo das sombras (foi usado um modelo 3D para esse estudo) aponta para um tempo de 11:05 e não os tempos oficiais de captura (09:00, 11:00, 10:45) mudados algumas vezes para se adequarem a um cronograma do itinerário do Buk quando confrontado com novas evidências; as sombras contradizem o objecto, sugerindo alterações digitais e uma carga diferente do lançador Buk; o local indicado pelo Paris Match na República de Donetsk está errado.

A JIT não analisou nada; nem esta foto nem outras «evidências». Logo, a JIT não investigou nada. Nem tecnicamente nem quanto à idoneidade das fontes. Limita-se a usar o que lhe dão. Por estas razões, as conferências da JIT são uma tragi-cómica palhaçada.

Existem forças poderosas por trás desta palhaçada. Recentemente deparámos com um artigo bem estruturado e argumentado sobre o assunto, embora contendo na parte final algumas dissonâncias. O artigo foi publicado pelo portal SouthFront, «Escrito por Brian Kalman exclusivamente para o SouthFront; Brian Kalman é um profissional de gestão na indústria de transporte marítimo. Foi oficial da Marinha dos EUA durante onze anos. Actualmente reside e trabalha no Caribe.»

Inserimos a seguir a sua tradução.
Some time ago we said in this blog that we would analyze the fall of the Malaysian Airline Flight MH17 (on July 17, 2014) when we had got more evidence. Unfortunately, but not at all surprisingly, the official commission to investigate the incident -- the JIT, Joint Investigation Team, composed of representatives of judicial and police authorities from the Netherlands, Australia, Belgium, Malaysia and Ukraine, which is led by the Dutch -- has been conducting an all-out fraudulent investigation.

This is clearly an investigation team whose sole mission and activity is and has been to gather false evidences provided by third parts in order to construct a narrative that upholds NATO in its drang nach Osten. To support the philofascist Ukraine and to damage the Russian Federation internationally, paving the way for its disaggregation and occupation of disaggregated territories by subservient governments of the West. As it happened with Georgia.


The Joint Investigation Team is not an investigation team. It is a team that gathers "facts" which are useful for a pre-prepared NATO narrative.


The coarseness of the “evidences” presented at the JIT conference on past May 24 is quite clear: fragments, photos, very short audio and videos without any validation and credibility, which do not prove what they were intended to prove. They all come either from clearly right-wing and far-right sources -- such as the Paris Match which published photos of a supposed Buk transport in the Republic of Donetsk -- or from individuals about whom nothing is known, and may well be agents of the Uranian secret services.


The JIT “evidences” have been studied in detail and thoroughness by various sources. See, e.g., One Thousand Days of Faking, Problems of the MH17 track-a-trail narrative, and Hunt the Buk. One of the "evidences" highlighted by JIT is the aforementioned photo of the transport of an (alleged) Buk, published by Paris Match on 23 and 25 July 2014, supposedly obtained on the day of the plane crash, July 17, at 10: 23. Only two years later it was revealed that the photos came from a short video. Photo and video analyses revealed that: when the truck with the Buk appears in the last second of the 13 seconds of the video, the frame rate per second of the video drops to 15 frames per second; the cabin and license plate of the truck (and other objects on the road) are clearly visible, but the part of the image of the trailer with the wheels and the supposed load of the Buk launcher is, strangely enough, of very poor quality, highly blurred and completely preventing any identification; the perspectives (vanishing points) of the truck and the road (and of other objects) don’t add up; the study of the shadows (a 3D model was used for this study) points to a time of 11:05 and not the official times of capture (09:00, 11:00, 10:45) changed a few times to fit a timeline of the Buk trail when confronted with new evidence; the shadows contradict the object, suggesting digital changes and a different load than the Buk launcher; the place indicated by the Paris Match in the Republic of Donetsk is wrong.


JIT did not analyze anything; neither this photo nor other "evidences". Therefore, JIT did not investigate anything. Neither technically nor as regards the idoneity of the sources. It just used what it got from others. For these reasons, JIT conferences are a tragi-comic buffoonery.

There are powerful forces behind this buffoonery. We have recently come across a well-structured and well-argued article on the subject, although it contains some dissonances towards the end. The article -- MH-17 Uupdate: Is the JIT Investigating the Truth or Manufacturing It? -- was posted by the SouthFront website, "Written by Brian Kalman exclusively for SouthFront; Brian Kalman is a management professional in the marine transportation industry. He was an officer in the US Navy for eleven years. He currently resides and works in the Caribbean."

You can read it here. (What follows below is the translation into Portuguese.)

Actualização sobre o MH-17: está o JIT a investigar a verdade ou a fabricá-la?

Escrito por Brian Kalman para o SouthFront

(Consultado em 3 de Junho de 2018)

falsa bandeira ocidental para obter apoio internacional para a conquista da Ucrânia

A tragédia do avião MH17 entrou novamente no ciclo de notícias, com a Joint Investigation Team (JIT) liderada pelos holandeses a realizar uma conferência de imprensa para anunciar a sua resolução de que o avião foi abatido por um míssil terra-ar Buk fornecido directamente pela Rússia às milícias ucranianas. A JIT anunciou que tem evidências conclusivas de que o lançador de mísseis veio do inventário da 53.ª Brigada de Defesa Aérea, sediada em Kursk. A evidência de facto apresentada foi inconclusiva, para dizer o mínimo, e os porta-vozes do JIT disseram que a evidência conclusiva que possuíam não seria divulgada nessa altura.


O avião foi abatido em 17 de Julho de 2014. O JIT teve quase quatro anos para determinar o cenário mais provável por trás da tragédia; contudo, durante a conferência de imprensa de 24 de Maio, o público só recebeu propaganda anti-russa vagamente apoiada por meios de comunicação sociais [Twitter, YouTube, etc.] bem como um número de fragmentos de mísseis Buk que obviamente não estiveram envolvidos na intercepção de qualquer aeronave.

A Federação Russa forneceu provas materiais e conduziu uma série de experiências conclusivas, incluindo uma efectuada pelo fabricante do sistema de mísseis Buk, Almaz-Antey; apesar disso, foi liminarmente negada à Federação Russa qualquer envolvimento na «investigação» oficial. A Ucrânia, por outro lado, que é também um dos principais suspeitos do crime, e pese embora o óbvio conflito de interesses, tem sido um membro-chave do esforço investigativo desde o início. Não parece isto estranho ao leitor?

Isto acontece porque o JIT não se empenhou numa investigação criminal, mas sim numa fabricação criminosa. As mesmas potências ocidentais que conseguiram identificar os autores dos ataques do 11 de Setembro em 48 horas (lembram-se do passaporte imaculado que de alguma forma sobreviveu à imolação e pulverização de um arranha-céu e de um avião?) e que apontaram virtuosamente o dedo a Saddam Hussein declarando que tinham a prova indesmentível da sua intenção de uso iminente de armas de destruição maciça (a fim de mobilizar o apoio internacional para outra guerra no Iraque), levaram quase quatro anos a reconstituir o que aconteceu nos céus do leste da Ucrânia.

Porquê, desta vez, uma investigação tão longa, secreta e extensa? Poderia a mesma equipa JIT -- que deixou detritos da aeronave por todos os campos nas aldeias de Petropavlivka, Hrabov e Rozsypne, que não mostrou qualquer interesse em entrevistar uma multidão de testemunhas locais, e se baseou fortemente nos vídeos twitter fornecidos pela Ucrânia logo no início, para construir o seu caso inicial – poderia ela, na verdade, passar os últimos quatro anos a empregar a diligência investigativa adequada à descoberta da verdade? É altamente improvável.
[O autor insere aqui uma foto da mesa de conferência do JIT com o comentário «Como revelam as bandeiras de mesa é praticamente uma operação da OTAN, com presença malaia simbólica e, claro, o membro aspirante da OTAN e provavelmente culpado do crime, a Ucrânia.]

Porque razão foram os corpos das vítimas deixados quatro dias em comboios refrigerados antes de ser dada autorização para a custódia deles? Foram as autópsias conduzidas para determinar a natureza da morte e foram as feridas de estilhaços completamente investigadas e documentadas? Apenas três meses após o acidente, o Procurador-Chefe holandês Fred Westerbeke afirmou que 500 partículas de metal (um bom número redondo) tinham sido recuperadas dos corpos, e que pelo menos 25 delas eram compostas de ferro. Quase um ano depois, em Agosto de 2015, Westerbeke afirmou que sete fragmentos de estilhaços, que eram quase de certeza de um míssil Buk (embora não especificasse como pòde saber isso num momento tão inicial), tinham sido recuperados, mas que não tinham sido recuperados de corpos ou de destroços do avião. Como pôde a sua proveniência ser identificada se não foram encontrados nos destroços do avião ou nos corpos?
[O autor publica aqui uma foto de um dos «misteriosos “fragmentos de Buk”». A foto mostra uma peça informe como se fosse de uma escória de ferro ferrugenta. É difícil acreditar que uma identificação seja possível.]

Embora a Rússia se tenha mostrado extremamente útil desde o início, foi dito aos russos que a sua ajuda não era desejada e que não seriam incluídos de forma alguma na investigação oficial do JIT. As autoridades ucranianas tornaram-se membros oficiais do esforço de investigação. A Rússia não era um combatente declarado no conflito, mas a Ucrânia era. O óbvio conflito de interesses em ter a Ucrânia como um dos principais membros da investigação desde o início foi um sinal claro de que o objectivo da JIT não era encontrar a verdade, mas fabricá-la.

A quem aproveita?


A primeira pergunta a ser feita depois de qualquer evento deste tipo é cui bono, ou «a quem aproveita»? É bastante óbvio que a Rússia não beneficiaria de uma ocorrência tão horrenda. Também não as milícias ucranianas que estavam nessa altura envolvidas em fortes batalhas contra os militares ucranianos. Os líderes do golpe bem sucedido de Kiev tinham, no entanto, tudo a ganhar com o fabrico de uma tragédia para culpar a Rússia. Não estamos a dizer que foi o que aconteceu, mas é uma possibilidade óbvia. A Ucrânia tinha um motivo forte para criar uma escalada que pudesse ser atribuída aos seus inimigos. A Rússia não tinha a ganhar tal benefício. As milícias que lutavam em Donbass e Lugansk não tinham necessidade de adquirir capacidades antiaéreas mais avançadas, que pudessem ter como alvo aviões voando a altitudes mais elevadas, já que estavam a obter grandes sucessos derrubando aviões ucranianos a um ritmo impressionante.


Quem era capaz de tal acto?


Uma segunda pergunta a ser feita é: «Quem tinha capacidade de abater um avião voando a tão elevada altitude?» As milícias obviamente obtiveram ajuda da Rússia na aquisição de MANPADS, acima e além do que puderam capturar dos arsenais militares no seu próprio território, e foram muito bem sucedidos em derrubar dos ucranianos um grande número de helicópteros de ataque Mi-24, aviões de ataque terrestre SU-25, e até dois Mig-29. As milícias provaram ser muito hábeis no combate e derrota de aeronaves envolvidas em missões de ataque terrestre. A Força Aérea Ucraniana foi largamente incapaz de bombardear alvos a partir de grande altitude, faltando-lhe tanto o equipamento como tripulações altamente treinadas para tais missões. Por que razão as milícias, ou a liderança russa, decidiriam que SAMs [surface-to-air missile] avançados teriam de entrar no conflito quando os MANPADS já tinham sido muito bem-sucedidos? Tal ideia desafia toda a lógica.

[o autor insere aqui uma foto de um Mi-24 ucraniano abatido em Slaviansk.]

Os militares ucranianos tinham a capacidade de abater o avião civil e as unidades de defesa aérea avançadas na frente [contra as milícias], armadas com o sistema Buk SAM, tinham a capacidade para abater o Boeing 777. O 156.º Regimento de Defesa Aérea da Ucrânia tinha 17 lançadores de mísseis Buk instalados no leste do país, uma bateria localizada em Avdeyevka, perto de Donetsk, uma em Mariupol e uma em Lugansk. Mais uma vez, não estamos a dizer que foi isso que aconteceu, mas na nossa opinião, é o cenário mais provável.

Poderia muito bem ter sido um trágico acidente, mas provavelmente foi um acidente causado por uma unidade de defesa aérea ucraniana. Uma vez ocorrido, a liderança de Kiev, auxiliada pelo SBU [serviços secretos da Ucrânia], entrou em modo de gestão de crise, e logo decidiu enquadrar o incidente como um acto de agressão russa. Uma maior demonização da Rússia e qualquer sucesso em transformá-la num pária internacional só contribuiriam para ajudar os líderes do golpe de Kiev na sua causa, tanto para obter legitimidade internacional como para fortalecer o apoio à conquista dos territórios rebeldes de Donetsk, Lugansk e Crimeia, que se recusaram a reconhecer a sua legitimidade. A Rússia tinha que ser pintada como agressora e, mais ainda, como violadora do direito internacional. Havia confiança em como os Estados Unidos, com todas as suas vastas capacidades de colheita de informações, não apresentariam qualquer prova do que aconteceu, mas sim uma contabilidade anti-russa dos eventos. Foi exactamente isso que aconteceu.
[O autor insere aqui uma foto de um lançador de mísseis Buk do 156.º Regimento de Defesa Aérea Ucraniano «enviado para a frente na zona de conflito oriental no momento do acidente. Se uma das baterias do Regimento abatesse o avião civil, seria a segunda vez desde o dia 4 de Outubro de 2001 que os militares ucranianos abateram um voo de passageiros.»]

Um precedente do passado

Outra pergunta a ser feita é: «Será que aconteceu um acidente deste tipo no passado e, se sim, qual a causa e qual a reacção do culpado?» Aviões civis foram derrubados pelo menos três outras vezes desde 1983; se incluirmos o voo 800 da TWA (que provavelmente foi derrubado por um míssil terra-ar), houve quatro incidentes desse tipo antes do incidente com o MH-17.


Voo da Korean Airlines 007 (1983)


O avião da Coreia do Sul foi abatido em 1 de Setembro de 1983 depois de entrar no espaço aéreo soviético. Os EUA sacrificaram informações confidenciais poucas semanas depois da tragédia, para provar que o avião tinha sido abatido pela União Soviética. Demorou cerca de uma década para as autoridades russas admitirem falhas no incidente (após a dissolução da União Soviética), que matou todos os 269 passageiros e tripulantes a bordo do Boeing 747.


Voo 655 da Iran Air (1988)


O avião civil foi abatido pelo USS Vincennes CG49, navio da Marinha Norte-Americana, em 3 de Julho de 1988. Os Estados Unidos admitiram ter derrubado o avião, mas afirmaram que um F-14 iraniano usava o avião como sombra de radar para atacar recursos navais dos EUA no Golfo Pérsico. Os radares civis e militares logo provaram, em poucos dias, que essa afirmação era uma mentira total; passado pouco tempo o mundo inteiro responsabilizou os EUA pela tragédia. O governo dos EUA foi forçado a reconhecer legalmente a culpa e a compensar oito anos depois as famílias das vítimas. Uma observação importante desta história é que o comandante do USS Vincennes, o Capitão Will Rogers III, e o Oficial de Sistemas de Combate e Armas, Tenente-Comandante Scott Lustig, receberam medalhas de serviço meritórias logo um ano após o trágico incidente.
[O autor insere uma foto de «Uma das muitas crianças mortas no desastre que custou 290 vidas. Quando perguntado se o governo dos Estados Unidos devia oferecer um pedido de desculpas à nação iraniana, o então vice-presidente George H.W. Bush afirmou categoricamente: “Nunca irei pedir desculpas pelos Estados Unidos. Não me importo com o que sejam os factos. Eu não sou do tipo de “peço desculpa pelo americano”».]

Voo 1812 da Siberia Airlines (2001)

Em 4 de Outubro de 2001 um Tu-154 da Siberian Airlines, a caminho de Telavive. foi abatido sobre o Mar Negro por uma unidade de defesa aérea ucraniana que efectuava um exercício de fogo real. O avião foi aparentemente atingido por um míssil S-200 que ultrapassou um drone alvo que já havia sido interceptado por outro míssil. Apesar de ser um óbvio acidente trágico, as autoridades ucranianas recusaram-se a aceitar a responsabilidade até serem pressionadas pela administração da Federação Russa do presidente Vladimir Putin. O presidente ucraniano, Leonid Kuchma, reconheceu então a culpa pelo incidente e o ministro da Defesa na época, Oleksandr Kuzmuk, demitiu-se. O governo compensou as famílias das vítimas num valor total de aproximadamente 15,6 milhões de US$.

[O autor insere aqui uma foto de «Um Tu-154 semelhante em aparência ao abatido sobre o Mar Negro em 2001 por um Regimento de Defesa Aérea da Ucrânia... Todos os 78 passageiros e tripulantes morreram na tragédia».]

Voo TWA 800

O Trans World Airlines 747-100 descolou do aeroporto JFK de Nova Iorque na noite de 17 de Julho de 1996 e explodiu em bola de fogo 12 minutos após a descolagem. Pelo menos 700 testemunhas oculares sugeriram claramente que um míssil terra-ar abateu o avião. A área de destroços era extensa, com o avião destruído em milhares de pedaços, denotando uma interceptação a velocidade significativa e forte detonação. Após investigação de quatro anos, o NTSB [National Transportation Safety Board] determinou que um tubo de combustível defeituoso causou uma explosão catastrófica que abateu o avião (embora tal falha nunca tenha acontecido com qualquer outro 747 antes ou depois da tragédia do TW 800). Formei-me na USMMA [US Merchant Marine Academy] com um colega que estava a pescar com o pai em Long Island naquela noite e testemunhou o evento. Ele é agora um alto oficial da Marinha dos EUA. Até hoje, e agora com vasto conhecimento em primeira mão de mísseis modernos, ele continua firme na sua crença de que um míssil derrubou o voo civil. O FBI levou quase seis meses para admitir que um navio da Marinha dos EUA «envolvido em manobras classificadas» estava localizado a 3 milhas náuticas do incidente. Após uma investigação de quatro anos, o NTSB emitiu a sua controversa decisão de que uma falha técnica causou a explosão e acidente que mataou todos os 230 passageiros e tripulantes do avião. Cerca de 500 milhões de US$ foram pagos pela TWA (que faliu) e pela Boeing em compensação às famílias das vítimas, cerca de 6 anos após o acidente. Centenas de testemunhas oculares e vários investigadores do NTSB declararam acreditar que o FBI encobriu a verdade da tragédia.


Olhando para os precedentes no passado, [vemos que] o governo russo, após a negação inicial da culpabilidade, admitiu o erro e compensou os afectados por acidentes trágicos envolvendo forças militares estatais que derrubaram acidentalmente aviões civis. No caso do voo 1812 da Siberian Air provou-se que as unidades de defesa aérea ucranianas tinham acidentalmente alvejado e destruído um voo aéreo civil. Foram forçadas a admitir a culpa por ninguém menos que o presidente russo Vladimir Putin, o papão favorito do Ocidente.



No caso da culpabilidade dos EUA em tais acidentes, não só as autoridades dos EUA tentaram ofuscar os factos das tragédias como, no caso do Voo 655 da Iran Air, elogiaram os perpetradores da tragédia condecorando-os com comendas estatais. Tendo aprendido com este incidente, as autoridades dos EUA arrastaram a investigação por quatro anos no caso do voo 800 da TWA e trocaram os pés pelas mãos para escapar à culpa. Vários dos envolvidos a nível oficial na investigação do acidente da TWA 800 vieram nos últimos anos a refutar as conclusões da investigação. Que melhor maneira de escapar da culpa do que encobrir, ofuscar, distrair e eventualmente fabricar uma explicação?


MH17: A visão de conjunto



A tragédia do MH-17 deve ser vista no contexto mais amplo das condições de guerra no momento do incidente e da forte guerra de propaganda que está a ser travada pelo Ocidente contra a Rússia desde o início do conflito ucraniano e que continua até hoje num crescendo de dureza.


Em Julho de 2014, as milícias anti-Kiev das regiões orientais, de Donetsk e Lugansk, estavam envolvidas numa batalha feroz e bem-sucedida contra um governo instalado pelo golpe que consideravam ilegítimo. As Forças Armadas Ucranianas (FAU), por sua vez, estavam a combater um inimigo tenaz de ex-compatriotas que pareciam receber ajuda crescente da Rússia na forma de assessores militares e de informação e assistência técnica. A FAU estava a perder tanto a nível táctico quanto estratégico nos confrontos com as milícias. A FAU precisava de algo para romper o impasse, um evento para colocar os holofotes globais sobre a Rússia como um violador agressivo da sua soberania e do direito internacional, forçando a Rússia a limitar ou interromper a sua ajuda às milícias. Que melhor maneira do que projectar uma tragédia internacional que destacaria a Rússia como nação empenhada nos seus próprios interesses «expansionistas» a qualquer custo, um proliferador irresponsável de sistemas avançados de armas para «mineiros iletrados» tornados rebeldes?

Por essa altura a liderança russa devia estar extremamente satisfeita. Uma pequena força de milícias dedicadas vinha causando ao governo de Kiev humilhantes derrotas atrás de derrotas, com um mínimo de investimento militar ou financeiro e com muito pouca exposição ou culpabilidade explícitas. As ordens óbvias, vindas do topo, devem ter sido «mantenham-se assim». Não havia necessidade de mudar nada, certo?

A tragédia do MH-17 mudou todo o paradigma. Um conflito num remanso pós-soviético alcançou de imediato implicações internacionais de um dia para o outro. Embora centenas, senão milhares de civis inocentes na Ucrânia tivessem sido mortos no conflito até aquele momento, agora eram civis ocidentais que haviam morrido. Isto era mais do que a «comunidade internacional» podia aguentar. Agora teria de haver responsáveis. Mas que aconteceu logo após o trágico derrube?


Os Estados Unidos afirmaram que tinham provas conclusivas de que a Rússia e seus representantes no leste da Ucrânia tivessem derrubado o MH-17, mas não apresentaram nada. Nenhuma evidência. Nenhuma imagem de satélite. Nenhuma intercepção eletrónica. Nenhuns dados de radar. Nada. Apoiavam as afirmações ucranianas de que era um crime orquestrado pelos russos com vídeos do YouTube, twitter e gravações audio não verificáveis​​. Seja como for, nenhuma evidência real foi apresentada pelos EUA. Isto contrasta com as acções imediatas da administração Reagan após a queda do voo 007 da Korean Airlines: os EUA não só comprometeram os maiores segredos da informação da segurança nacional, como também os mesmos segredos de um aliado-chave, o Japão. A administração também decidiu, logo de seguida, disponibilizar o sistema de navegação por satélite GPS aos usuários civis. Um enorme sacrifício na busca da verdade. E os sacrifícios da administração Obama pela verdade? Nenhuns. Eles sabiam a verdade e essa verdade era muito prejudicial para vir à luz do dia. Essa é a única conclusão que se pode tirar. Os EUA souberam imediatamente quem abateu o voo civil e o seu silêncio fala muito. Se na verdade tivesse sido a Rússia, ou as milícias apoiadas pela Rússia, as evidências teriam vindo de Washington num dilúvio, mas isso não aconteceu. O que dizem eles sempre? Fontes e métodos não podem ser comprometidos.


É bastante óbvio neste momento, que o JIT, que inclui o mais provável culpado e dois membros da OTAN, passou os últimos quatro anos a fabricar uma versão da verdade que se encaixa na narrativa desejada. A «evidência» será fabricada para se adequar à conclusão de que a Rússia foi a culpada do crime. A filosofia do terrorista de que «o fim justifica os meios» foi mais uma vez totalmente adoptada. A verdade que se dane. O establishment ocidental fabricará a verdade.


O sempre importante tempo de ocorrência


Em maquinações geopolíticas, o tempo de ocorrência [timing, no original] é sempre importante e nunca deve ser visto como uma coincidência. As declarações do JIT ocorreram [agora] quando as forças armadas ucranianas aumentaram os ataques a territórios dentro dos 15 km de profundidade da linha de separação RPD/RPL [República Popular do Donetz/ República Popular de Lugansk] – Ucrânia [acordos de Minsk] no lado das RPD/RPL, particularmente em torno do cruzamento de transportes perto de Gorlovka, estrategicamente importante. As actividades militares ao longo da «zona cinzenta» aumentaram no último mês. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e a Federação Russa estão a negociar acordos sobre delimitação de territórios no sul da Síria. A Taça do Mundo da FIFA, a realizar este ano na Rússia, está próxima, com a partida de abertura marcada para 14 de Julho. Todos nos lembramos do que aconteceu durante as Olimpíadas de Sochi. É isso mesmo, o governo ucraniano foi derrubado por um golpe ilegal fortemente financiado e apoiado pelo Departamento de Estado dos EUA.


Também é de interesse o aparente suicídio do capitão [ucraniano] Vladyslav Voloshyn, um homem implicado como tendo possivelmente derrubado o voo MH-17 quando pilotava um SU-25 nas proximidades da rota de voo do avião sobre a Ucrânia, quando foi abatido. Um grande número de especialistas em aviação e analistas avançou a teoria de que o avião foi abatido por uma aeronave. Pelo menos um Su-25 da Força Aérea Ucraniana foi detectado pelo radar russo como estando na área imediata do derrube. O controlo de tráfego aéreo da Ucrânia recusou-se a divulgar quaisquer dados sobre o voo, e o JIT recusou-se a usar nas suas investigações dados de radar civis e militares fornecidos pela Rússia.

[O autor insere aqui uma foto do piloto ucraniano e comenta que o «seu suposto suicídio, apenas uma semana antes do JIT divulgar as suas últimas descobertas, é mais do que convenientes».]

Acontece que acredito que a causa mais provável da destruição do MH-17 terá sido um míssil terra-ar e não uma aeronave, mas também acredito que todos os cenários possíveis devem ser investigados para os avançar ou remover como causa possível da tragédia. Fontes dos media russos destacaram o cenário do derrube pelo SU-25 quando um desertor e testemunha se apresentou e avançou a teoria de que um Su-25 pilotado por Cap. Voloshyn abatera o avião. A resposta inicial dos «media» ocidentais foi refutar tal possibilidade realçando que o Su-25 não tem tecto ou velocidade operacionais para interceptar um Boeing 777. Isso foi logo provado falso pelas Forças Aeroespaciais da Rússia quando mostraram que um Su-25 25 pode realmente alcançar a altitude a que o MH-17 estava a voar. A RT registou a experiência e divulgou-a na cobertura sobre a tragédia do MH-17. É bem conhecido entre os militares de todo o mundo e a maioria dos analistas militares que as capacidades oficialmente declaradas pelos governos dos sistemas de armas estão sempre abaixo do seu desempenho real. Há que realçar [neste contexto] que os militares russos se esforçaram por revelar algumas das características reais do desempenho de uma das suas aeronaves mais sofisticadas para provar a possibilidade dessa teoria. Isso ocorreu apesar do governo russo parecer abraçar como mais provável a teoria de que o avião foi abatido por um SAM.

A 6 dias apenas da conferência de imprensa do JIT diz-se que Voloshyn cometeu suicídio. Os principais media ocidentais foram rápidos em apontar que não havia ligação entre Vladyslav Voloshyn (que deixou a Força Aérea para se tornar o director do aeroporto de Nikolaev), quer com o derrube do MH-17, quer com a data de divulgação das mais recentes «descobertas» do JIT. Um desses meios de comunicação, o Polygraph.info, afirmou que o envolvimento de Voloshyn era impossível porque o JIT tinha determinado que um míssil russo Buk tinha abatido o avião. É este o modus operandi usual dos media ocidentais, que meramente empurram a narrativa do establishment sem nenhuma investigação independente. As evidências que se danem. Vamos dar uma olhada no Polygraph.info um pouco mais perto. O portal afirma claramente:


    «O Polygraph.info é um portal de verificação de factos produzido pela Voz da América (VDA) e pela Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade (REL/RL). O portal serve como um meio para avaliar o crescente volume de desinformação e má informação que está a ser globalmente distribuída e partilhada. Um portal semelhante em russo pode ser encontrado em factograph.info.

    Os jornalistas da VDA e da REL/RL pesquisam e analisam citações, histórias e relatórios distribuídos por funcionários do governo, media patrocinados por governos e indivíduos de alto perfil. Os repórteres separam os factos da ficção, adicionam contexto e desmascaram mentiras.
    
A Voz da América e a Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade são emissoras internacionais multimedia, não partidárias, que fornecem notícias e informações precisas, especialmente para audiências com liberdade de imprensa limitada. A VDA, sediada em Washington, DC, transmite em 45 idiomas para uma audiência semanal medida de mais de 238 milhões de pessoas em todo o mundo. A REL/RL é uma fonte de media substituta em 26 idiomas, alcançando mais de 23,6 milhões de pessoas por semana.»

A Voz da América e a Rádio Europa Livre são financiadas e dirigidas pelo governo federal dos Estados Unidos. Soa-lhe isto como imparcial? Afirmar que esta roupagem de media é um esforço internacional, não partidário, visando desmascarar a desinformação e a má informação é risível. Este meio de comunicação é uma operação de propaganda estatal que impulsiona a narrativa do governo dos EUA. [De facto, é bem sabido que, desde o início, a VDA e a REL/RL são órgãos de propaganda e de guerra psicológica tutelados pelos serviços secretos americanos.]

O que deve então o leitor crítico tirar disto? Existe uma ligação entre o Capitão Voloshyn e o derrube do voo MH-17? Existe uma ligação entre o suicídio e o anúncio do JIT da culpa russa na tragédia? Honestamente não sei. O tempo de ocorrência é certamente sintomático. Uma pessoa que poderia refutar as últimas afirmações do JIT já não pode testemunhar o contrário. Está morto. Os media ocidentais, incluindo as mais óbvias fontes de propaganda do governo, divulgaram inúmeros artigos e posts para refutar qualquer possibilidade de que Voloshyn estivesse envolvido em abater o avião, simplesmente afirmando que as últimas afirmações do JIT são verdadeiras. Lembre-se, para eles não há necessidade de evidências.


O que nos reserva o futuro imediato?


Eu diria que se embarcou agora numa nova campanha para demonizar e desacreditar a Rússia, ou pelo menos para a continuar após um longo hiato. A Rússia será vilipendiada e desacreditada pelos media ocidentais, e mais uma vez com a Rússia a estar sob os holofotes internacionais durante os eventos da Taça do Mundo da FIFA. O governo de Kiev tentará provavelmente alguma escalada no impasse actual nas regiões orientais da Ucrânia, encenando novas provocações ou uma ofensiva limitada. O JIT realizará provavelmente uma conferência de imprensa adicional para extrapolar ainda mais as suas «evidências» e «descobertas». Será por isso que o JIT não apresentou a sua evidência «concreta e incontroversa» em 24 de Maio, para que possa divulgá-la numa época que maximize o dano à Rússia aos olhos do mundo, quando todos esses olhos estão focados nela? É possível.


Sistematicamente, quando o establishment dos EUA se mostra impotente num conflito em termos reais e é impotente para influenciar um conflito no campo de batalha, recorre a truques sujos que pode usar para influenciar a opinião pública, impulsionados pela sua bem financiada e bem articulada rede de propaganda multimedia. Isso só aumentou desde os fracassos dos EUA para derrubar a Síria e a Ucrânia como estados independentes e não-alinhados. A Ucrânia independente que se recusou a escolher entre a UE e a Rússia, sob a liderança de Viktor Yanukovych, foi derrubada. Uma Síria independente sob Assad, que se recusou a concordar com os interesses económicos do Ocidente e do Golfo, foi invadida. Nenhuma tentativa de conquista foi bem-sucedida e ambas as nações se mostraram mais resistentes do que os seus inimigos previram. Enquanto a vitória no campo de batalha se evaporava como uma miragem, as falsas bandeiras e campanhas de propaganda aumentavam rapidamente. Qual será a próxima pretensa atrocidade colocada na porta da Rússia?

[O autor insere aqui uma foto dos energúmenos ucranianos com o comentário «Os Estados Unidos aumentaram discretamente a ajuda militar à Ucrânia nos últimos dois anos, principalmente sob a forma de treino e assessoria. Também forneceram às FAU uniformes, coletes, espongardas, suprimentos e equipamentos médicos e, mais recentemente, mísseis guiados antitanque Javelin. Há poucas dúvidas sobre quais os nteresses que o regime de Poroshenko está realmente a servir».]

Não sei as respostas a estas perguntas, mas, como pessoa que pensa criticamente, posso rever as evidências disponíveis, estudar eventos passados, criar um perfil dos perpetradores e beneficiários mais prováveis ​​e teorizar sobre o cenário mais provável. Não preciso de ir à CNN ou à RT para obter a minha visão muito bem pré-empacotada dos eventos. E definitivamente não preciso do Polygraph.info, Snopes.com ou similares para avaliar por mim próprio os meus esforços de colheita de informações. Confiarei no meu próprio raciocínio, intuição e experiência para chegar às minhas próprias conclusões e você também deveria [fazer isso].

Sei que as experiências realizadas pela Almaz-Antey, fabricante do sistema de defesa de mísseis Buk, foram muito exaustivas. Eles até simularam a intercepção do MH-17 com um míssil Buk para recriar e estudar o que tal intercepção produziria em termos de evidência física. De facto, detonaram um míssil Buk na maneira e na localização da fuselagem dianteira de um avião para simular o que mais provavelmente parece ter ocorrido. Determinaram que os padrões e formas dos estilhaços indicavam que um míssil Buk provavelmente derrubou o MH-17, mas que os padrões de estilhaços indicavam uma versão anterior do míssil, não usada pela Federação Russa há algum tempo, mas ainda amplamente usada na Ucrânia. Também determinaram que o ângulo e direcção a partir da qual o avião foi atingido indicavam que era mais provável que tivesse sido lançado de um território controlado pela Ucrânia, e não uma área controlada pelas milícias. O fabricante divulgou ao JIT as suas conclusões na íntegra, bem como informações anteriormente secretas relativas ao sistema de mísseis Buk. O JIT simplesmente respondeu que as descobertas da equipa de investigação da Almaz-Antey eram erradas e improváveis. É claro que nenhuma explicação para essa afirmação baseada em factos foi jamais avançada, nem experièncias semelhantes foram conduzidas para refutar as descobertas.


Que vimos nós do JIT? Alguns vídeos postados em media sociais, supostamente mostrando o veículo de lançamento de mísseis realmente usado numa estrada no leste da Ucrânia? Alguns clips de audio (inadmissíveis num tribunal de direito ocidental) supostamente de rebeldes afirmando que derrubaram o avião errado? Um pedaço de um míssil altamente intacto com um número identificável estampado nele que supostamente o liga à 53.ª Brigada de Defesa Aérea? Gostaria que isso fosse considerado evidência na Síria, onde milhares de armas fornecidas pelo Ocidente foram encontradas nas mãos de jihadistas e podem realmente ser rastreadas até à sua fonte através de números de série, denotando lugar e data de fabrico. E quanto às centenas de peças de mísseis de cruzeiro exibidas pela Rússia que afirmaram terem sido interceptadas pela Síria depois que os EUA insistiram que todos os mísseis atingiram com sucesso os seus alvos? Alguém vê um padrão aqui?


Isso traz-me de volta ao meu ponto inicial sobre a investigação do JIT. O JIT não está interessado em descobrir a verdade, mas em fabricá-la. A falsa investigação formulará uma falsa verdade que corresponde a uma falsa narrativa pré-estabelecida, a fim de fabricar o consentimento num público que foi cuidadosamente alimentado com propaganda durante quase quatro anos. Veja-se: geralmente a verdade leva um tempo muito curto para vir à luz se for realmente procurada. As mentiras realmente boas levam muito tempo a serem fabricadas e deve-se deixá-las penetrar na mente racional em pequenas doses ao longo do tempo.


Em suma, é de esperar uma escalada do exército ucraniano em algum momento nos próximos dois meses, após o início da Taça do Mundo. O Verão é um bom período de campanha militar na Europa. Além disso, é de esperar em simultâneo com isso mais «evidências» e alegações emitidas pelo JIT. Ambas as ações serão coordenadas para aprofundar a narrativa de que Putin e a Rússia em geral são uma ameaça agressiva e bárbara à ordem mundial governada pelo Ocidente.