-- A
Campanha do Noroeste
-- A
Campanha do Sul
-- O Fim da Campanha a Leste
|
-- The
Northwestern Campaign
-- The Southern
Campaign
-- The End of the
Eastern Campaign
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A Campanha do
Noroeste
Com a revolução na Alemanha o exército alemão no Báltico
desintegrou-se. Os soldados alemães amotinados desertaram em massa. O
movimento soviético cresceu rapidamente na Letónia, Estónia e Lituânia. O
Alto Comando Britânico escolheu um alemão -- o general Conde R. von der Goltz
– para comandar a Guarda Branca báltica. (Von der Goltz tinha experiência em
comandar brancos na Finlândia, juntamente com o terrorista Barão K. von
Mannerheim [64], mais tarde dirigente fascista da Finlândia e aliado de
Hitler.)
Von der Goltz lançou uma campanha de terror para acabar com o movimento soviético na Letónia e Lituânia. Os brancos pilharam grandes partes do território e executaram civis em massa. O povo da Letónia e da Lituânia dispunha de pouco equipamento e organização militar para resistir a este violento ataque. «Em pouco tempo, von der Goltz foi o ditador virtual das duas nações» [1]. A caridosa Administração de Ajuda Americana (American Relief Administration) forneceu grandes quantidades de alimentos às regiões ocupadas pelo exército de von der Goltz. Em Junho de 1919, receando o ascenso de von der Goltz-alemão no báltico, os britânicos decidiram substituí-lo por um branco mais directamente sob seu controlo. Escolheram, como já vimos, o ex-czarista Yudenitch, com a missão de marchar sobre Petrogrado. Forneceram-lhe «equipamento completo para 10.000 homens, 15.000.000 munições, 3.000 espingardas automáticas e vários tanques e aviões» [1]. E, claro, a Administração de Ajuda Americana continuou com a sua «ajuda humanitária», enviando navios carregados de alimentos para Reval a fim de fornecer o exército branco de Yudenitch. Fizeram «uma pesquisa cuidadosa para estimar a quantidade de comida necessária para garantir a tomada de Petrogrado pelo Exército Russo Branco do general Yudenitch», um exército que também incluía estónios e polacos.
Yudenitch lançou uma ofensiva contra Petrogrado na
primavera de 1919, articulada com uma organização do «Centro Nacional» da
cidade que coordenava a acção de vários grupos anti-soviéticos e de
espionagem. A organização tinha preparado um complot para entregar Petrogrado
a Yudenitch. Na noite de 12 de Junho os conspiradores, encabeçados por
Neklyudov e ligados aos SRs e mencheviques, entregaram o forte de Krasnaia
Gorka em Kronstadt aos finlandeses brancos (ver Parte I). Krasnaia Gorka era um dos mais
importantes pontos de acesso a Petrogrado. Houve também rebeliões noutros
fortes. O CC do PCR(b) chamou Estaline para resolver a situação.
Estaline reuniu-se com chefes navais e
militares e comissários de destacamentos. Propôs um plano de tomada de Krasnaia
Gorka por meio de um ataque simultâneo por mar e terra. Galvanizou os
trabalhadores e comissários para a mobilização geral. Na noite de 15 de Junho,
tropas costeiras e destacamentos de voluntários, apoiadas por navios do
báltico e aviação, numa operação dirigida por Estaline das linhas de batalha,
tomaram o forte. A organização contra-revolucionária de Petrograd, com
excepção de um espião inglês [65], foi liquidada. Estaline comunicou o
resultado a Lenine num breve telegrama onde também relata medidas militares
que tomou [66]. Seis dias depois, em novo telegrama a Lenine, Estaline anunciou
a derrota de Yudenitch [67]. Em 8 de Julho Estaline publicou uma importante
análise da Frente de Petrogrado [68].
Yudenitch lançou uma nova e mais forte ofensiva em 28 de
Setembro de 1919 com a participação de navios de guerra britânicos que
bombardearam Kronstadt. (Estaline estava nessa altura na Frente Sul.) Para
consolidar a sua base de ataque os britânicos propuseram a formação de um
«governo democrático» encabeçado por Yudenitch numa Estónia independente.
Segundo Chamberlin, este projecto não foi aprovado pelos políticos brancos
que defendiam uma «grande e indivisa Rússia». Na terceira semana de Outubro
de 1919, a cavalaria de Yudenitch alcançou os subúrbios da cidade. Os media dos Aliados divulgaram em
grandes títulos que a queda de Petrogrado estava por dias ou horas.
Levantou-se no PCR(b) a questão de transferir tropas do
Sul para Petrogrado. Trostky conta em My
Life que Lenine, persuadido por Zinoviev (líder de Petrogrado), relutante
em enfraquecer a Frente Sul contra Denikin, propunha o abandono de Petrogrado
até as forças de Estaline derrotarem Denikin. Menciona também a sua oposição
e a de Estaline a tal abandono, acrescentando que foi ele que conseguiu
convencer Lenine a não abandonar a cidade. Esta tese é aceite por um
sindicalista inglês, apoiante de Estaline, num livro seu de 1945 [69].
Em 16 de Outubro o Conselho de Defesa tomou a decisão de
defender Petrogrado até à última gota de sangue, sem ceder uma polegada de
terra, e de lutar nas ruas. Nessa reunião Trotsky também falou da necessidade
de preparar para combates de rua. Mas, enquanto a principal directiva do
Conselho de Defesa era defender Petrogrado a todo custo até à chegada dos
reforços, só permitindo a luta de ruas se o inimigo tivesse sucesso em
penetrar na cidade, Trotski defendia que «por considerações puramente
militares» seria vantajoso permitir que o inimigo penetrasse em Petrogrado,
que se coverterria então em «uma grande armadilha para a guarda branca”.
Lenine, num telegrama a Trotski [70], afirma que o plano dele foi aceite mas
que a transferência de trabalhadores de Petrogrado para o sul não era rejeitada.
Trotski teve um papel importante na defesa de Petrogrado,
nomeadamente na mobilização dos trabalhadores. Em 23 de Outubro as tropas de
Yudenitch recuaram perante o violento ataque do 7.º Exército, o qual tomou
Gatchina a 3 de Novembro e Yamburg a 14 de Novembro, atingindo o rio Narva no
fim de Novembro. O exército branco desintegrou-se e os seus restos
retiraram-se para a Estónia. «Fugindo do sul da Estónia num carro com a bandeira
britânica, Yudenitch deixou para trás os destroços totais do seu orgulhoso exército.
Bandos dispersos dos seus soldados vaguearam pelos campos cobertos de neve,
morrendo aos milhares de fome, doenças e exposição». Em 29 de Fevereiro de
1920, o New York Times relatou: “Yudenitch
Abandona o Exército; Foge para Paris com a Sua Fortuna de 100.000.000 de marcos”
[cerca de 100.000 US$ em Fevereiro de 1920, aprox. 1,2 milhões de US$ de
2017]» [1].
Pela
vitória contra Yudenitch, Trotski e Estaline foram condecorados com a ordem da
Bandeira Vermelha. |
The Northwestern Campaign
With
the revolution in Germany the German army in the Baltic disintegrated. The
German mutineers deserted en masse. The Soviet movement grew rapidly in
Latvia, Estonia and Lithuania. The British High Command chose a German – the
General Count R. von der Goltz -- to command the Baltic White Guard. (Von der
Goltz had experience in commanding the Whites in Finland, together with the
terrorist Baron K. von Mannerheim [64], who would become later the Fascist
leader of Finland and an ally of Hitler.)
Von der Goltz launched a campaign of terror to end the Soviet movement in Latvia and Lithuania. The Whites looted large parts of the territory and carried wholesale executions of civilians. The people of Latvia and Lithuania had little equipment and military organization to resist such violent attack. "Before long, von der Goltz was virtual dictator of the two nations." [1] The charitable American Relief Administration provided large quantities of food to the regions occupied by von der Goltz's army. In June 1919, fearing the fast rise in the Baltic lands of the German von der Goltz, the British decided to replace him with a White more accountable to their control. They chose, as we have already seen, the former Tsarist officer Yudenitch, with the mission to march over Petrograd. They supplied him with "complete equipment for 10,000 men, 15,000,000 cartridges, 3,000 automatic rifles and a number of tanks and airplanes" [1]. The American Relief Administration continued, of course, providing its "humanitarian aid," by sending food-laden ships to Reval to supply Yudenitch's White army. They carried out indeed “a careful survey to estimate the amount of food necessary to guarantee the seizure of Petrograd by General Yudenitch’s White Russian Army," an army which also comprised Estonians and Poles.
Yudenitch
launched an offensive against Petrograd in the spring of 1919, coordinated
with an organization of the city's "National Center" which steered
the activities of various anti-Soviet and espionage groups. The organization
had prepared a plot to deliver Petrograd to Yudenitch. On the night of June
12, the conspirators headed by Neklyudov and colluded with SRs and
Mensheviks, surrendered the Krasnaya Gorka fortress in Kronstadt to the White
Finns (see Part
I). Krasnaya Gorka was one of the most important access points to
Petrograd. There were also rebellions in other fortresses. The CC of the RCP(B)
summoned Stalin to take charge of the situation.
Stalin summoned a meeting with naval and army chiefs and commissars of detachments. He proposed a plan to seize Krasnaya Gorka by means of a simultaneous attack by sea and land. He galvanized the workers and commissars for a general mobilization. On the evening of 15 June, coastal troops and detachments of volunteers, backed by Baltic vessels and aviation, in an operation conducted by Stalin from the battle lines, seized the fortress. Also Petrograd's counter-revolutionary organization, with the exception of a British spy [65], was liquidated. Stalin briefed Lenin on the achieved results in a concise telegram where he also reports on the military measures he had taken [66]. Six days later, in a new telegram to Lenin, Stalin announced the defeat of Yudenitch [67]. On 8 July, Stalin published an important analysis of the Petrograd Front [68],
Yudenitch
launched a new and stronger offensive on 28 September 1919 with the
participation of British warships which bombarded Kronstadt. (Stalin was then
on the South Front.) With a view on consolidating their base of attack, the
British proposed the formation of a "democratic government" led by
Yudenitch in an independent Estonia. According to Chamberlin, this project
was not approved by the White politicians who defended a "great and
undivided Russia". In the third week of October 1919, Yudenitch's
cavalry reached the suburbs of the city. The Allied media reported in large
headlines that the fall of Petrograd was now a question of days or hours.
The question of transferring troops from the South to Petrograd arose in the RCP(B). Trostky wrote in My Life that Lenin -- persuaded by Zinoviev, leader of Petrograd -- was reluctant to weaken the Southern Front against Denikin, proposing the abandonment of Petrograd until Stalin's forces defeated Denikin. He also mentions his and Stalin's opposition to such abandonment, adding that it was he who succeeded in convincing Lenin not to abandon the city. This narrative is accepted by an English trade-unionist, supporter of Stalin, in his book published in 1945 [69].
On
16 October the Defense Council took the decision to defend Petrograd to the
last drop of blood, without yielding an inch of ground, and fighting in the
streets. At this meeting Trotsky also spoke of the need to prepare for street
fighting. But while the Defense Council's main directive was to defend
Petrograd at all costs until the arrival of reinforcements, only engaging
into street fighting if the enemy succeeded in penetrating the city, Trotsky
argued that for “purely military considerations" it would be
advantageous to allow the enemy to break into Petrograd, which should therefore
be converted into "a big trap for the whiteguard troops." Lenin, in
a telegram to Trotsky, [70] states that Trotsky’s plan was accepted but that
the withdrawal of workers from Petrograd to the south was not rejected.
Trotsky
played an important role in the defense of Petrograd, particularly in the
mobilization of the workers. On 23 October, Yudenitch's troops retreated in
the face of the violent attack by the 7th Army, which took Gatchina on
November 3, and Yamburg on November 14,
reaching the Narva River by late November. The White army disintegrated and
their remnants withdrew to Estonia. "Fleeing southward from Estonia in a
car flying a British flag, Yudenitch left behind him the total wreckage of
his once proud army. Scattered bands of his soldiers wandered across the
snow-blanketed countryside, dying by the thousands of starvation, disease and
exposure.” On February 29, 1920, the New
York Times reported: "Yudenitch Quits Army; Starts for Paris with
His Fortune of 100,000,000 Marks [about US$ 100,000 in February 1920, approximately
US$ 1.2 million as of 2017]." [1]
For the victory against Yudenitch, Trotsky and Stalin were awarded the order of the Red Flag. |
A Campanha do Sul
Franceses e britânicos tiveram o papel principal na ajuda
a Denikin, que comandava o Exército Voluntário branco no sul da Rússia e
Leste da Ucrânia. Em 23 de Novembro de 1918, o cruzador francês Ernest Renan
e o cruzador britânico Liverpool chegaram ao porto de Novorossisk [71], acompanhados
por dois torpedeiros. No início de Dezembro, uma missão militar britânica,
chefiada pelo general Poole, foi recebida com entusiasmo na capital de
Denikin, Ekaterinodar [16]. Quanto aos franceses, o general Berthelot,
comandante das tropas aliadas na Roménia, tinha declarado enviar doze
divisões francesas e gregas para substituir os alemães na ocupação da
Ucrânia. O governo francês também tinha prometido pagar a Denikin e Koltchak
11 mil milhões rublos de ouro.
De acordo com o representante de Denikin na Roménia, os franceses ocupariam primeiro os portos do Mar Negro, Odessa e Sebastopol, estendendo depois a ocupação para norte até Kharkov e Kiev. Com essa ajuda substancial, esperava-se que os exércitos brancos de Denikin a norte do Cáucaso, pudessem lançar uma campanha contra Moscovo articulada com Koltchak, enquanto Yudenitch tomaria Petrogrado. Numa carta de Denikin a Koltchak, apreendida pelos soviéticos, o primeiro afirmava: «O principal é não parar no Volga, mas seguir em frente até ao coração do bolchevismo, Moscovo. Espero encontrá-lo em Saratov… Os polacos farão o seu trabalho e, quanto a Yudenich, ele está pronto e atacará Petrogrado sem perda de tempo…» [72]
As prometidas doze divisões nunca apareceram; a
intervenção francesa na Ucrânia, quando ocorreu, foi limitada e altamente mal
sucedida. De facto, a intervenção militar mais importante dos franceses foi
em Odessa, onde se digladiavam representantes de Denikin, ucranianos brancos
e o soviete local na clandestinidade. Desembarcaram aí, em 18 de Dezembro de
1918, 6.000 franceses, 2.000 gregos e 4.000 legionários polacos [73]. Mais
tarde a força intervencionista aumentou de duas divisões francesas e duas
gregas, somando entre 40 a 45 mil homens. Havia também 7.500 franceses e
gregos na Crimeia. Os franceses nomearam um representante de Denikin como governador
militar de Odessa.
As forças intervencionistas pouco progrediram. Em Fevereiro
de 1919 tinham ocupado as cidades de Tiraspol, Nikolaev (Mykolaiv) e Kherson,
todas próximas de Odessa. Debandaram depois ao primeiro ataque do Ataman
Grigoriev, um partidário ucraniano que nessa época alinhava com os sovietes.
Grigoriev expulsou os franceses e gregos de Kherson em 10 de Março. No dia
14, Nikolaev debilmente defendida por uma guarnição alemã foi ocupada por
Grigoriev que avançou em direcção a Odessa.
A vontade das tropas intervencionistas de lutar contra os
bolcheviques era extremamente baixa. Os soldados usavam rosetas vermelhas;
houve vários casos de recusa em obedecer a ordens e de deserção para os bolcheviques.
As fortes lutas sociais em Odessa resultaram no colapso geral da autoridade
do representante de Denikin e no aumento do banditismo armado. Só os
bolcheviques, nas zonas onde tinham influência, eram capazes de assegurar
alguma estabilidade. O comité local do PCR(b) publicou clandestinamente o
jornal Le Communiste [74], com
receptividade entre soldados e marinheiros franceses, e preparou uma revolta.
Apesar da revolta não ter ocorrido por traição de um provocador, as
autoridades francesas, que sabiam do «contágio» das tropas, decidiram
terminar a intervenção. As tropas foram apressadamente evacuadas a 2 de Abril.
A 6 de Abril o último navio francês tinha fugido e as forças de Grigoriev
entraram na cidade.
Na Crimeia tinha-se formado um governo de cadetes após a
retirada dos alemães. Governo que depressa perdeu credibilidade por se ter
comprometido com as crueldades de um destacamento do exército de Denikin. No
final de Abril os franceses saíram da Crimeia que foi tomada pelas tropas
soviéticas.
Regressemos a Denikin, um dos generais «democratas»
ajudado pelos imperialistas que se tornou conhecido pelos seus métodos
sádicos de fazer a guerra. O seu principal ajudante era o general Pyotr
Wrangel, conhecido pela sua crueldade selvagem. Periodicamente, Wrangel
executava grupos de prisioneiros desarmados na frente dos seus camaradas e
depois dava aos prisioneiros que haviam presenciado a execução a escolha de
se juntarem ao seu exército ou serem fuzilados. Quando as tropas de Denikin e
Wrangel invadiram a cidade de Stavropol, um dos seus primeiros actos foi
invadirem um hospital e massacrar setenta soldados feridos do Exército
Vermelho. A pilhagem era prática oficial no exército de Denikin e Wrangel.
Avançando para norte as forças de Denikin e Wrangel tomaram
Tsaritsin em Junho de 1919 e em Outubro aproximaram-se de Tula, a 190 km de
Moscovo. Entretanto, com o apoio de Denikin e dos britânicos [75] -- estes
forneciam armas e equipamentos descarregados nos portos do Mar Negro --,
todos os territórios do Don e do baixo Volga tinham sido ocupados por
divisões insurreccionais dos cossacos do Don (Exército do Don) [76]. Os
exércitos de Denikin e Wrangel, aumentados dos Exércitos do Don e do Cáucaso,
tornaram-se uma das maiores ameaças à RSFSR.
No Outono de 1919, Trotsky elaborou um plano para uma
campanha contra Denikin. Esse plano exigia uma marcha pelas estepes do Don, numa
região sem estradas, fervilhando de bandos de cossacos contra-revolucionários
que conheciam o seu território como ninguém. Estaline foi expressamente
enviado para a frente Sul por determinação do CC do PCR(b) de 26 de Setembro.
Chegou ao quartel-general da Frente a 3 de Outubro e a 15 de Outubro enviou
uma carta a Lenine [77] que rejeitava justificadamente o plano de Trotsky e
expunha os traços principais de um plano de contra-ofensiva do Exército
Vermelho avançando ao longo do rio Donets onde existia uma densa rede
ferroviária, abastecimentos de carvão e solidariedade dos trabalhadores. O
plano detalhado previa assestar o
golpe principal desde Orel e Voronej ao longo do Donets, em direcção a
Rostov, com captura da rede ferroviária do Donets, deixando Denikin sem
carvão e outros suprimentos. O Exército Voluntário seria partido em dois,
criando grandes dificuldades ao Exército do Don.
O plano de Estaline foi aceite pelo CC. Trotsky foi
retirado da Frente Sul, ordenado a não interferir nas operações no sul e «aconselhado»
a não cruzar a linha de demarcação da Frente Sul [1].
Seguindo o plano de Estaline os exércitos da Frente Sul
atacaram sucessivamente em várias regiões numa sequência de grandes batalhas
que criaram dificuldades crescentes aos brancos: Orlovsk-Kursk e Voronej-Kastornoye
em Outubro-Novembro -- o famoso 1.º Corpo de Cavalaria de Budionny desbaratou
os temíveis corpos de cavalaria cossaca de Shkuro e Mamontov [78] -- tomando Orel, Kursk, Voronej, e Kastornoye;
Kharkov e Donbass em Novembro-Dezembro; Rostov-Novocherkassk em Janeiro de
1920. (Ver mapa abaixo.)
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The Southern Campaign
French and British had the leading role in the aid to Denikin, the commander of the White Volunteer Army in southern Russia and eastern Ukraine. On November 23, 1918, the French cruiser Ernest Renan and the British cruiser Liverpool arrived at the port of Novorossisk [71], accompanied by two torpedo boats. In early December, a British military mission, led by General Poole, was enthusiastically received in Ekaterinodar, the capital of Denikin [16]. As for the French, General Berthelot, commander of the allied troops in Romania, had declared he would send twelve French and Greek divisions to replace the Germans in the occupation of Ukraine. The French government had also promised to pay Denikin and Kolchak 11 billion gold rubles. According to Denikin's representative in Romania, the French would first occupy the ports of the Black Sea, Odessa and Sevastopol, extending afterwards the occupation to the North, to Kharkov and Kiev. With such substantial aid, it was hoped that the White armies of Denikin in the northern Caucasus could launch a campaign against Moscow in coordination with Kolchak, while Yudenich would seize Petrograd. In a letter of Denikin to Kolchak, apprehended by the Soviets, the former stated: "The main thing, is not to stop at the Volga but to drive on to the heart of Bolshevism, Moscow. I hope to meet you in Saratov ... The Poles will do their work, and as for Yudenich, he is ready, and will attack Petrograd without loss of time ... “ [72]
The
promised twelve divisions never showed up; the French intervention in
Ukraine, when it took place, was of limited scope and highly unsuccessful. In
fact, the most important military intervention of the French was in Odessa,
where representatives of Denikin, White Ukrainians and the local clandestine Soviet
battled with each other. On December 18, 1918, 6,000 French, 2,000 Greeks and
4,000 Polish legionaries landed there. [73] The interventionist force was later
increased of two French divisions and two Greek divisions, amounting to between
40 to 45 thousand men. There were also 7,500 French and Greeks in the Crimea.
The French appointed a representative of Denikin as military governor of
Odessa.
The interventionist forces made little progress. By February 1919 they had occupied the towns of Tiraspol, Nikolaev (Mykolaiv) and Kherson, all of them close to Odessa. They were routed there by the first attack of Ataman Grigoriev, a Ukrainian partisan who at the time had sized with the Soviets. Grigoriev expelled the French and Greeks from Kherson on March 10. On the 14th, Nikolaev weakly defended by a German garrison was occupied by Grigoriev who then advanced towards Odessa.
The
willingness of the interventionist troops to fight against the Bolsheviks was
extremely low. The soldiers wore red rosettes; there were several cases of
refusal to obey orders and desertion to the Bolsheviks. The fierce social
struggles in Odessa resulted in the general collapse of the authority of Denikin's
appointee and the rise of armed banditry. Only the Bolsheviks were able to
ensure some stability in the areas where they had influence. The local
Committee of the RCP(B) clandestinely published the newspaper Le Communiste [74], with receptivity among
the French soldiers and sailors, and prepared a revolt. Although the revolt
did not occur due to the betrayal of a provocateur, the French authorities,
who were aware of the "contagion" of the troops, decided to end the
intervention. The troops were hastily evacuated on April 2. On April 6 the
last French ship had fled and Grigoriev's forces entered the city.
In the Crimea a cadet government had been formed after the withdrawal of the Germans. It was a government that soon lost any credibility for being involved with the cruelties practiced by a detachment of Denikin’s army. At the end of April the French left the Crimea which was taken by the Soviet troops. Let us return to Denikin, one of the "democratic" generals, backed by the imperialists, who became known for his sadistic methods of warfare. His chief assistant was General Pyotr Wrangel, known for his savage cruelty. Wrangel periodically executed groups of unarmed prisoners in front of his comrades and then gave the prisoners who had witnessed the execution the choice of either joining his army or being shot. When Denikin and Wrangel's troops invaded the city of Stavropol, one of their first acts was to invade a hospital and massacre seventy wounded soldiers of the Red Army. Plundering was an officially endorsed practice in the army of Denikin and Wrangel.
Advancing
northwards the forces of Denikin and Wrangel seized Tsaritsyn in June 1919
and in October they approached Tula, 190 km from Moscow. In the meantime,
with the support of Denikin and of the British [75] -- who supplied arms and
equipment which were unloaded in the ports of the Black Sea --, all
territories of the Don and the low Volga had been occupied by the insurrect divisions
of the Don Cossacks (Army of the Don) [76]. The armies of Denikin and Wrangel,
with the addition of the Armies of the Don and the Caucasus, became one of
the biggest threats to the RSFSR.
In the fall of 1919, Trotsky drew up a plan for a campaign against Denikin. This plan required a march through the steppes of the Don, in a region without roads, swarming of bands of counter-revolutionary Cossacks who knew their territory as no one else. Stalin was expressly sent to the Southern front by determination of the CC of the RCP(B) of September 26. He arrived at the headquarters of the Front on October 3 and on October 15 sent a letter to Lenin [77] where he justifiably rejected Trotsky's plan and outlined the main features of a Red Army counter-offensive plan advancing along the River Donets where there was a dense railway network, coal supplies, and workers’ solidarity. The detailed plan contemplated the launching of the main thrust from Orel and Voronezh, along the Donets and towards Rostov with the seizure of the railway network of the Donets, leaving Denikin without coal and other supplies. The Volunteer Army would be cut into two creating serious difficulties to the Army of the Don.
Stalin's
plan was accepted by the CC. Trotsky was withdrawn from the Southern Front, ordered
not to interfere in the operations in the South and "advised" not
to cross the demarcation line of the Southern Front. [1]
Following
Stalin's plan the South Front armies attacked successively in various regions
in a series of major battles that created increasing difficulties to the Whites:
Orlovsk-Kursk and Voronezh-Kastornoye in October-November -- the famous 1st
Cavalry Corps of Budionny routed the fearsome Cossack cavalry corps of Shkuro
and Mamontov [78] -- seizing Orel, Kursk, Voronezh, and Kastornoye; Kharkov
and Donbass in November-December; Rostov-Novocherkassk in January 1920. (See
map below.)
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Mapa aproximado da posição dos exércitos vermelhos e
brancos em 10 de Outubro de 1919 e de movimentos dos vermelhos até 1 de Janeiro
e 1 de Fevereiro de 1920. Construído com base nos mapas detalhados de Kakurin e
Vatsetis, A Guerra Civil (em russo).
Note-se os movimentos do 13.º e 14.º exércitos em Outubro-Novembro que cindiram
o Exército Voluntário, penetrando ao longo do Donets, tomando respectivamente
Orel-Kursk e Kromy-Fatej-Kharkov
Map with the
approximate positions of the Red and White armies on October 10, 1919, and of
Reds’ movements until January 1st, and February 1st,
1920. Drawn up on basis of the detailed maps of Kakurin and Vatzetis, The Civil War (in Russian). Note the
movements of the 13th and 14th armies in October-November which broke the
Volunteer Army into two, penetrating along the Donets, respectively seizing
Orel-Kursk and Kromy-Fatezh-Kharkov.
Entretanto, o
campesinato ucraniano passou-se de novo para o lado soviético, por verem que
uma vitória de Denikin significaria o regresso dos antigos proprietários da
terra. As forças guerrilheiras anarquistas de Nestor Makhno fizeram nessa
altura uma junção com o Exército Vermelho e avançaram contra Taganrog, no Mar
de Azov, onde Denikin tinha o seu quartel-general. (Mais tarde as guerrilhas
de Makhno não acataram o poder soviético e foram desbaratadas. Makhno fugiu
para Paris.) Kharkov, Kiev, Poltava, Donbass foram tomados. Em poucas semanas,
as tropas brancas fugiram em pânico em direcção ao Mar Negro. Doentes e
moribundos entupiram as estradas. O exército branco desintegrou-se em bandos
de ladrões.
Uma razão importante da
desintegração do exército de Denikin e de outros exércitos brancos foi a
política de conscrição forçada dos camponeses, já referida a propósito das
tropas de Koltchak. Lenine previu as consequências dessa política. Escreveu
num relatório de Julho de 1919 [79]: «… mobilização geral será o fim de Denikin,
como foi de Koltchak. Enquanto tinha um exército de classe, de voluntários que
odiavam o socialismo, era forte e fiável, mas quando começou com o
recrutamento geral, pôde, sem dúvida, juntar mais rapidamente um exército;
mas o exército tornou-se mais fraco, e o seu carácter de classe menos
pronunciado. Os camponeses recrutados para o exército de Denikin servi-lo-ão
da mesma maneira que os camponeses siberianos serviram Koltchak: trarão a
desintegração completa do exército».
Em 9 de Dezembro de
1919, o general Wrangel enviou um despacho em pânico para Denikin,
declarando: «Esta é a verdade amarga. O exército deixou de existir como uma
força de combate». Nas primeiras semanas de 1920, os restos do exército branco
chegaram a Novorossisk. Uma turba de soldados brancos e refugiados civis
invadiu a cidade. Em 27 de Março de 1920, enquanto navios de guerra britânicos
e franceses aguardavam no porto, disparando obuses para as colunas vermelhas
que avançavam, Denikin fugiu num navio de guerra francês. Dezenas de milhares
de soldados do exército de Denikin lotaram as docas e assistiram impotentes
enquanto o seu comandante e oficiais fugiam.
Churchill resume assim a
ajuda britânica a Denikin: «Um quarto de milhão de espingardas, duzentos canhões,
trinta tanques e grandes massas de munições e equipamentos foram enviados
pelos Dardanelos e pelo Mar Negro até ao porto de Novorossisk; várias
centenas de oficiais e sub-oficiais britânicos promoveram a organização de
seus exércitos como conselheiros, instrutores, armazenistas e até mesmo alguns
aviadores».
Efectivamente, de acordo com o relatório da missão
militar britânica do General Hallman de 8 de Outubro de 1919, os
fornecimentos britânicos a Denikin no período de Março a Setembro de 1919
foram:
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Meanwhile,
the Ukrainian peasantry turned to the Soviet side again, after realizing that
a Denikin victory would mean the return of the former landowners. The
anarchist guerrilla forces of Nestor Makhno pulled then a common fight with
the Red Army and advanced against Taganrog in the Sea of Azov, where
Denikin had his headquarters. (Later the Makhno guerrillas did not submit to
Soviet power and were disbanded. Makhno fled to Paris.) Kharkov, Kiev,
Poltava, and the Donbass were taken. In a few weeks, the White troops fled in
panic towards the Black Sea. Sick and dying people blocked the roads. The White
army disintegrated into bands of thieves.
An important reason for the disintegration of Denikin's army and of other White armies was the policy of forced conscription of the peasantry, which we have already mentioned about Kolchak's troops. Lenin foresaw the consequences of this policy. He wrote in a report in July 1919 [79]: "… universal mobilization will be the ruin of Denikin, as it was of Kolchak. As long as he had a class army, of volunteers who hated socialism, it was strong and sound, but when he began universal recruitment, he did, of course, get an army together more quickly; but the army became the weaker, and its class character less pronounced. Peasants recruited into Denikin's army will do him the same in that army as the Siberian peasants did in Kolchak’s army -- they brought completely disintegration into the army."
On
December 9, 1919, General Wrangel sent a dispatch in panic to Denikin,
declaring, "This is the bitter truth. The army has ceased to exist as a
fighting force." In the first weeks of 1920, the remnants of the White
army arrived at Novorossisk. A mob of white soldiers and civilian refugees
invaded the city. On March 27, 1920, while British and French warships were
waiting in the port, firing shells at the advancing Red columns, Denikin fled
on a French warship. Tens of thousands of Denikin's army soldiers crowded the
docks and watched helplessly as their commander and officers fled.
Churchill sums up British aid to Denikin this way: “A quarter million rifles, two hundred guns, thirty tanks and large masses of munitions and equipment were sent through the Dardanelles and the Black Sea to the port of Novorossisk; and several hundred British officers and non-commissioned officers, as advisers, instructors, storekeepers, and even a few aviators furthered the organization of his armies."
As a
matter of fact, according to the report of General Hallman of the British Military
Mission dated October 8 1919, British supplies to Denikin from March to
September 1919 were:
|
Armas e equipamentos fornecidos
Weapons and equipment
|
Quantidade
Amount
|
Canhões de diversos calibres
Guns of various calibers
|
558
|
Aviões
Airplanes
|
168
|
Metralhadoras
Machine-guns
|
4 013
|
Espingardas
Rifles
|
214 753
|
Camiões
Trucks
|
398
|
Depois
da fuga de Denikin, Wrangel assumiu o comando do exército branco. Em 10 de
Agosto o governo francês reconheceu o governo de Wrangel. O ex-marxista Peter
B. Struve, que tinha elaborado o primeiro manifesto do POSDR no seu Congresso
fundador em 1898, aceitou o cargo de ministro das Relações Externas de
Wrangel em Paris e Londres [3]. Os exércitos de Wrangel que ocupavam a
Crimeia estavam bem equipados. Avançaram para norte procurando constituir uma
ameaça permanente na retaguarda da RSFSR. A Entente procurava também, através
dela, desviar forças soviéticas envolvidas nessa altura na campanha contra a
invasão polaca, de que falaremos na Parte IV. Dois documentos de Estaline [80]
diagnosticam com justeza a situação.
Os
exércitos da Frente Sul lutaram contra as forças de Wrangel no norte de
Tavria em Setembro-Outubro de 1920. De 28 de Outubro a 3 de Novembro as
principais forças de Wrangel foram derrotadas. O Exército Vermelho, comandado
por Frunze, tomou Perekop de assalto, varreu a Crimeia e atirou as forças de
Wrangel ao mar. «Embarcações britânicas, francesas e americanas, incluindo o
cruzador americano St. Louis, ajudaram os fragmentos do último Exército Branco,
junto com milhares de simpatizantes civis, a fugir para Constantinopla» [3].
Não era o último, como veremos.
|
After
Denikin's escape, Wrangel took command of the White Army. On 10 August the
French government recognized the government of Wrangel. Former Marxist Peter
B. Struve, who had drafted the first manifesto of the RSDLP at its founding
Congress in 1898, accepted the post of Wrangel's Minister of Foreign Affairs
in Paris and London [3]. The armies of Wrangel that occupied the Crimea were
well equipped. They moved northward, seeking to pose a permanent threat in
the rear of the RSFSR. The Entente also sought, through it, to divert Soviet
forces involved at the time in the campaign against the Polish invasion, of
which we will speak in Part IV. Two documents of Stalin [80] rightly diagnose
the situation.
The South Front armies fought against Wrangel forces in northern Tavria in September-October 1920. From 28 October to 3 November, Wrangel's main forces were defeated. The Red Army, commanded by Frunze, took Perekop by assault, swept the Crimea, and threw Wrangel's forces into the sea. "British, French and American vessels, including the American cruiser St. Louis, aided the fragments of the last White Army, along with thousands of civilian sympathizers, to flee to Constantinople." [3] It was not the last, as we will see. |
O Fim da Campanha a
Leste
«Com o esmagamento do exército de Wrangel e o fim da intervenção no Oeste, o único exército estrangeiro que permanecia em solo russo era o do Japão Imperial» [1]. Quanto à intervenção no Oeste, concretamente o ataque da Polónia à RSFSR, exige uma análise específica e será analisada num próximo artigo. Passemos à questão da Sibéria Oriental (Leste do lago Baikal) que depois da derrota dos exércitos brancos de Koltchak, de Agosto a Dezembro de 1919, ficou inteiramente nas mãos dos japoneses.
O Japão tinha mais de 70 mil soldados e centenas de
agentes secretos na Sibéria. Empregava sistematicamente, como já vimos, o
terror contra as populações civis, por meio dos exércitos de bandidos
cossacos dos atamans Semyonov e Kalmikov, fantoches do Japão. Com a retirada
da força expedicionária americana, concluída em 1 de Abril de 1920, os
japoneses sentiram-se como senhores da Sibéria Oriental. Porém, a 21 de
Outubro de 1920 os bolcheviques tomaram Chita (a cerca de 300 km a Leste do
lago Baikal). Os japoneses decidiram restringir-se a uma menor área de
ocupação própria e controlar o resto através de um governo fantoche. Em 8 de
Junho de 1921 assinaram um tratado secreto em Vladivostok com Semyonov que
deveria desencadear nova ofensiva contra os soviéticos e vir a encabeçar um
governo civil, mas «os súbditos japoneses receberão direitos preferenciais
para obter concessões de caça, pesca e silvicultura ... e para o desenvolvimento
de recursos de mineração e minas de ouro».
Um dos principais assessores de Semyonov que iria
encabeçar a campanha militar contra os sovietes, era o barão báltico e tenente-general
Ungern-Sternberg, ex-oficial czarista (servira sob as ordens de Wrangel). Os
japoneses colocaram à sua disposição uma multidão de oficiais russos brancos,
tropas chinesas anti-soviéticas, bandidos mongóis, e agentes do serviço
secreto japonês. Sobre Ungern-Sternberg dizem assim Sayers e Kahn [1]: «Vivendo
na sua sede em Urga numa atmosfera de banditismo feudal e absolutismo, Ungern
começou a ver-se como um homem predestinado. Casou-se com uma princesa
mongol, trocou o vestuário ocidental por um manto mongol de seda amarela e
declarou ser a reencarnação de Genghis Khan. Incitado pelos agentes japoneses
que sempre o rodeavam, sonhava ser Imperador de uma Nova Ordem Mundial
emanando do Oriente, que deveria descer sobre a Rússia soviética e a Europa,
destruindo pelo fogo, espada e canhão os últimos traços da “democracia
decadente e comunismo judaico” Sádico e meio louco, entregou-se a inúmeros actos
de selvajaria bárbara. Numa ocasião viu uma bela judia numa pequena cidade
siberiana e ofereceu mil rublos ao homem que lhe trouxesse a cabeça dela; a
cabeça foi trazida e devidamente paga». Numa proclamação afirmou que «Comissários,
comunistas e judeus, com as suas famílias, devem ser exterminados» e que «“Verdade
e misericórdia” não são mais admissíveis. Daqui em diante só pode haver
"verdade e crueldade impiedosa"».
A guerra de Ungern consistia em raids de bandidos saqueadores, deixando vilarejos fumegantes e corpos mutilados de homens, mulheres e crianças. As cidades eram entregues ao estupro e pilhagem. Judeus, comunistas e todos os suspeitos de simpatia democrática eram fuzilados, torturados até a morte e queimados vivos. Em Julho de 1921, o 5.º exército e a guerrilha soviéticas lançaram uma campanha para exterminar as hordas de Ungern. Acabaram por obter uma vitória decisiva. As hordas de Ungern fugiram, abandonando a maioria das armas, comboios e feridos. Em Agosto, Ungern estava cercado e o seu guarda-costas mongol entregou-o às tropas soviéticas. O Barão foi trazido para Novo-Nikolayevsk e julgado publicamente como inimigo do povo. Vale a pena ler o relato em [1] desse julgamento. Entre outras alegações em sua defesa, Ungern gritou que «Por mil anos os Ungerns deram ordens a outros! Nunca receberam ordens de ninguém! Recuso-me a admitir a autoridade da classe trabalhadora! Como pode um homem, que nem sequer tem um serviçal, falar em governar? Tal homem é incapaz de dar ordens!»
Semyonov e os restos do exército do fantoche dos japoneses
fugiram pela fronteira soviética para a Mongólia e a China. Só em 19 de Outubro de 1922, o
Exército Vermelho chegou a Vladivostok. Os japoneses renderam-se e entregaram
todos os arsenais. Navios japoneses evacuaram no dia seguinte, de Vladivostok,
os últimos soldados do Japão.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão anunciou nessa altura: «A decisão de evacuar tem como intenção afirmar o Japão como nação não agressiva, que se esforça por manter a paz no mundo". [1] |
The End of the Eastern Campaign
"With the smashing of Wrangel's army and the end of intervention in the west, the only foreign army remaining on Russian soil was that of Imperial Japan."[1] As regards the intervention in the West, namely the Polish attack to the RSFSR, this requires a specific analysis and will be analyzed in a forthcoming article. Let us turn to the issue of Eastern Siberia (East of Lake Baikal) which, after the defeat of the White armies of Kolchak from August to December 1919, fell entirely into the hands of the Japanese. Japan had more than 70,000 soldiers and hundreds of secret agents in Siberia. Systematically, as we have seen, it used terror against civilian populations through the armies of Cossack bandits of the Atamans Semyonov and Kalmikov, puppets of Japan. With the withdrawal of the American expeditionary force, completed on April 1, 1920, the Japanese felt as lords of Eastern Siberia. In spite of that, on 21 October 1920 the Bolsheviks took Chita (about 300 km east of Lake Baikal). The Japanese decided to restrict their own occupation to a smaller area and control the remaining territory through a puppet government. On June 8, 1921, they signed a secret treaty in Vladivostok with Semyonov who was to launch a new offensive against the Soviets and become head of a civilian government, but "Japanese subjects shall receive preferential rights for obtaining hunting, fishing and forestry concessions ... and for the development of mining resources and gold mines.”
One
of Semyonov's chief advisers and the one who was to lead the military campaign
against the Soviets was the Baltic baron and Lieutenant General
Ungern-Sternberg, a former Tsarist officer (he had served under Wrangel). The
Japanese placed at his disposal a multitude of White Russian officers,
anti-Soviet Chinese troops, Mongol thugs, and Japanese intelligence officers.
Sayers and Kahn [1] wrote as follows about Ungern-Sternberg: "Living in an atmosphere
of feudal banditry and absolutism at his headquarters in Urga, Ungern began
to conceive of himself as a man of destiny. He married a Mongolian princess,
abandoned Western dress for a yellow silk Mongolian robe, and pronounced
himself the reincarnation of Genghis Khan. Incited by the Japanese agents who
always surrounded him, he dreamed of himself as Emperor of a New World Order
emanating from the East, which was to descend on Soviet Russia and Europe,
destroying with fire and sword and cannon the last traces of ‘decadent
democracy and Jewish Communism.’ Sadistic and half-insane, he indulged in
countless acts of barbaric savagery. On one occasion he saw a pretty Jewish
woman in a small Siberian town and offered a thousand roubles to the man who
would bring him her head; the head was brought and duly paid for." In a proclamation he
stated that "Commissars, Communists and Jews, together with their families, must be
exterminated"
and that “‘Truth and mercy’ are no longer admissible. Henceforth there can be
only ‘truth and merciless cruelty’."
Ungern's war consisted of raids of looting thugs, leaving behind smoldering villages and mutilated bodies of men, women, and children. The cities were delivered to rape and plunder. Jews, communists and all those suspected of democratic sympathy were shot, tortured to death and burned alive. In July 1921, the 5th Soviet army and guerrillas launched a campaign to exterminate the Ungern hordes. They ended up winning a decisive victory. Ungern's hordes fled, abandoning most of the guns, trains, and the wounded. In August, Ungern was under siege, and his Mongol bodyguard handed him over to the Soviet troops. The Baron was brought to Novo-Nikolayevsk and publicly trialed as an enemy of the people. It is worth reading the account in [1] of that trial. Among other allegations in his defense, Ungern shouted that "For a thousand years the Ungerns have given other people orders! They have never taken orders from anybody! I refuse to admit working class authority! How can a man, who doesn’t even keep a general servant, talk about governing? He is incapable of giving orders!"
Semyonov
and the remnants of the Japanese puppet army fled across the Soviet border to
Mongolia and China. It was not until 19 October 1922 that the Red Army
arrived in Vladivostok. The Japanese surrendered and handed over all their
arsenals. The following day Japanese ships evacuated from Vladivostok the
last soldiers of Japan.
The Ministry of Foreign Affairs of Japan announced on that occasion: "The decision to evacuate is intended to place Japan on record as a non-aggressive nation, striving to maintain the peace of the world." [1] |
Notas e Referências
III | Notes and References III
De 46 a 63 na Parte II | From 46
through 63 in Part II
[64] De [1]: «Com a ajuda das tropas bem armadas de von der
Goltz, o barão Mannerheim derrubou o governo finlandês e convidou o príncipe
Friedrich von Hessen, genro do Kaiser Wilhelm, a ocupar o trono finlandês. Para
suprimir a oposição do povo finlandês, von der Goltz e Mannerheim instituíram
um reino de terror. Em poucas semanas, a Guarda Branca de Mannerheim executou
cerca de 20.000 homens, mulheres e crianças, e dezenas de milhares foram postos
em campos de concentração e prisões onde muitos morreram de tortura, fome e
exposição».
From
[1]: “With the aid of von der Goltz’s well-armed troops, Baron Mannerheim
overthrew the Finnish Government and invited Prince Friedrich von Hessen,
Kaiser Wilhelm’s son-in-law, to occupy the Finnish throne. To suppress the
opposition of the Finnish people, von der Goltz and Mannerheim instituted a
reign of terror. Within a few weeks Mannerheim’s White Guards executed some
20,000 men, women and children; tens of thousands more were thrown in
concentration camps and prisons, where many of them died from torture,
starvation and exposure.”
[65] Trata-se de Paul
Dukes, colega de Sidney Reilly, ligado à contra-revolução em Petrogrado. Dukes
conseguiu obter uma comissão no Exército Vermelho e serviu como espião e
sabotador anti-soviético dentro das forças do Exército Vermelho que se opunham
a Yudenitch. Durante a ofensiva dos brancos, Dukes fez com que pontes vitais para
a retirada do Exército Vermelho fossem explodidas e contra-ordenou ordens de
destruir comunicações, facilitando o avanço de Yudenitch. Manteve-o informado
de cada movimento do Exército Vermelho. Quando regressou a Londres, Dukes foi feito
cavaleiro pelas suas façanhas.
This
refers to Paul Dukes, a colleague of Sidney Reilly, connected to the
counter-revolution in Petrograd. Dukes succeeded in getting himself a
commission in the Red Army, and served as an anti-Soviet spy
and saboteur within the Red forces opposing Yudenitch. When the White Army was
attacking Petrograd, Dukes arranged for the blowing up of bridges vital to the
retreat of the Red Army, and he countermanded orders for the destruction of
communications facilitating the advance of Yudenitch. Dukes kept him informed
of every move of the Red Army. After he returned to London, Dukes was knighted
for his exploits.
[66] J.V. Stalin, Telegram
To V. I. Lenin,
June 16, 1919
«Após a captura de Krasnaya Gorka, Seraya Loshad foi tomada.
Os seus canhões estão em perfeita ordem. Uma verificação rápida de todos os
fortes e fortalezas está em andamento.
Especialistas navais afirmam que a captura de Krasnaya Gorka
pelo mar é contrária à ciência naval. Só posso deplorar essa dita ciência. A
rápida captura de Gorka deveu-se à mais grosseira interferência nas operações por
mim e por civis em geral, chegando ao ponto de contra-ordenar ordens terrestres
e marítimas e impor as nossas.
Considero meu dever declarar que continuarei no futuro a
agir dessa maneira, apesar de toda a minha reverência pela ciência.»
“Following the capture of Krasnaya
Gorka, Seraya Loshad has been taken. Their guns are in perfect order. A rapid
check of all the forts and fortresses is under way.
Naval experts assert that the
capture of Krasnaya Gorka from the sea runs counter to naval science. I can
only deplore such so-called science. The swift capture of Gorka was due to the
grossest interference in the operations by me and civilians generally, even to
the point of countermanding orders on land and sea and imposing our own.
I consider it my duty to declare
that I shall continue to act in this way in future, despite all my reverence
for science.”
[67] Citado em | Quoted in: The Life of Stalin,
A Symposium, N.Y., 1930, pp. 67-68.
«Atingimos o ponto de viragem nas nossas unidades. Durante
uma semana não houve nenhum caso de deserção individual ou de grupo. Os
desertores estão a regressar aos milhares. Há deserções mais frequentes do
inimigo para o nosso campo. Numa semana 400 homens desertaram para nós, a
maioria com as suas armas. Começámos o ataque ontem à tarde.
Embora os reforços prometidos não tenham chegado, era-nos
impossível permanecermos na linha que ocupamos -- muito perto de Petrogrado. Até
agora o ataque foi bem-sucedido, os brancos estão a fugir, hoje tomámos a linha
Kernovo-Voronino-Slepino-Kaskovo. Fizemos prisioneiros, dois ou mais canhões,
automáticas, cartuchos. Os navios inimigos não apareceram, aparentemente temem
Krasnaya Gorka, que é agora inteiramente nosso. Envie urgentemente os dois
milhões de cartuchos para a sexta divisão.»
“The turning-point in our units has
arrived. For a week there has been no single case of individual or group
desertion. The deserters are returning in thousands. There are more frequent
desertions from the enemy to our camp. In a week 400 men have deserted to us,
the majority with their weapons. We began the attack yesterday afternoon.
Although the promised
reinforcements have not arrived it was impossible for us to remain on the line
we occupied -- it was too close to Petrograd The attack so far is successful,
the whites are running, today we took the line
Kernovo-Voronino-Slepino-Kaskovo. We have taken prisoners, two or more guns,
automatics, cartridges. The enemy ships have not appeared, they apparently fear
the Krasnaya Gorka which is now entirely ours. Urgently send the two million
cartridges for the 6th division.”
[68] J.V. Estaline, A
Frente de Petrogrado, Entrevista ao Pravda, 8 de Julho de 1919 | J.V. Stalin, The
Petrograd Front, Pravda Interview, July 8, 1919.
[69] Murphy, J. T.. Stalin, London, John Lane Pub., 1945.
John Thomas Murphy foi um sindicalista inglês. Tornou-se um
dos líderes dos Comités de Trabalhadores
e Movimento dos Empregados de Lojas, aderindo ao Partido Trabalhista
Socialista em 1917. Com uma Revolução de Outubro foi desenvolvido para o
bolchevismo, vindo a participar no Comintern. Denunciou Trotsky, em 1924, no
PCGB por seu “ataque aberto à atual liderança da Internacional Comunista, que
na opinião do PCGB, não só encorajará definitivamente os imperialistas
britânicos, os mais ferrenhos inimigos da Rússia soviética, mas também
encorajará seus lacaios. da Segunda Internacional, e os outros elementos que
defendem a liquidação da Internacional Comunista e do Partido Comunista neste
país. ”É preso em 1925 com outros militantes por ser comunista. Veio a
tornar-se crítico de Estaline no final da 2.ª GM.
John Thomas Murphy was an English
trade-unionist. He became one of the leaders of the Workers’ Committees and Shop Stewards’ Movement, adhering to the Socialist Labour Party in 1917. With the
Revolution of October he progressed to Bolshevism, and participated in the
Comintern. He denounced Trotsky in 1924 in the CPGB for his “open attack upon
the present leadership of the Communist International, which in the opinion of
the CPGB, will not only definitely encourage the British Imperialists, the
bitterest enemies of Soviet Russia, but will also encourage their lackeys of
the Second International, and those other elements who stand for the
liquidation of the Communist International and the Communist Party in this
country.” He was arrested in 1925 with other militants for being communist. He
became critical of Stain in the end of WWII.
[70] Lenin, To Trotsky, October 17, 1919.
«A noite passada no Conselho de Defesa adoptámos uma decisão
do Conselho e enviámo-la a si em código […]
Como vê, o seu plano foi adoptado.
Mas a retirada de trabalhadores de Petrogrado para o sul não
é rejeitada (diz-se que você se alargou sobre isto com Krasin e Rykov); falar
sobre isto prematuramente significaria desviar a atenção da luta até ao fim.
A tentativa de cercar e isolar Petrogrado exigirá,
naturalmente, as correspondentes mudanças, que você realizará na ocasião».
“Last
night in the Council of Defence we adopted a decision of the Council and sent
it to you in code […].
As you see, your plan has been
adopted.
But the withdrawal of the Petrograd
workers to the south, of course, is not rejected (it is said that you expanded
on this to Krasin and Rykov); to talk about this prematurely would mean
diverting attention from the struggle to the last.
The attempt to envelop and cut off
Petrograd, of course, will call for corresponding changes, which you will carry
out on the spot.”
[71] No Mar Negro, perto de Ekaterinodar (a actual Krasnodar) | In the Black Sea, close to Ekaterinodar (today’s Krasnodar).
[72] J.V.
Stalin, The Military Situation In The
South, January 7, 1920.
[73] O General Borius, comandante da 156ª Divisão de
Infantaria Francesa, que chegou primeiro a Odessa «geralmente saudado pelas
classes proprietárias e conservadoras», anunciou numa proclamação que os
Aliados haviam chegado à Rússia «para dar aos elementos saudáveis e
patrióticos a possibilidade de restaurar a ordem». [16]
General Borius, commander of the
156th Division of the French Infantry, who was first to arrive to Odessa
“generally greeted by the propertied and conservative classes”, announced in a
proclamation that the Allies had arrived in Russia “in order to give the
healthy and patriotic elements the possibility to restore order.” [16]
[74] O jornal era confeccionado numa pedreira abandonada
fora da cidade | The newspaper was printed in an
abandoned quarry outside the city.
[75] No verão de 1919, os britânicos mantinham-se perto do Don
e intervieram no apoio à revolta cossaca. Os britânicos e italianos, que tinham
ocupado a Geórgia e o Azerbaijão, retiraram-se para Tiflis e Batum. Por fim,
mantiveram-se apenas em Batum que evacuaram em Julho de 1920 quando o poder
soviético era vencedor em todas as principais frentes.
The British remained close to the
Don in the summer of 1919 and they intervened there supporting the Cossack
uprising. British and Italians, who had occupied Georgia and Azerbaijan,
withdrew to Tiflis and Batum. They finished up in Batum alone, which they
evacuated in July 1920 when Soviet power had wined in all major fronts.
[76] Desde séculos os Czares tinham favorecido com mais
terra os cossacos que os camponeses russos, com vista a garantir a sua lealdade
ao poder central, defendendo a Rússia de ataques externos. Os territórios
cossacos gozavam também de certa autonomia e organização hierárquica própria,
segundo um modelo militar. As aldeias cossacas estavam organizadas em stanizas,
cada uma com a sua assembleia da população cossaca masculina e o seu chefe
militar eleito, o ataman, responsável pelo treino militar e as convocações para
o serviço armado. Os cossacos viam-se a si próprios como uma casta especial de
agricultores e guerreiros – cavaleiros com sabre –independentes, ciosos das
suas tradições e independência, olhando com desprezo para o mujique (camponês) russo. Desprezo
misturado com o receio – durante a revolução -- de uma lei agrária que
repartisse igualmente a terra com os mujiques. Entretanto, nas stanizas,
vinha-se agravando a diferenciação de classes entre camponeses ricos e pobres,
levando muitos destes últimos a apoiar os bolcheviques.
For centuries the Tsars had favored
the Cossacks with more land, than the one hold by the Russian peasants, with a
view on guaranteeing their allegiance to the central power, defending Russia
from outside attacks. The Cossack territories also enjoyed a certain degree of
autonomy with their own hierarchical organization, following a military model.
The Cossack villages were organized in stanitzas,
each with their own assembly of the male Cossack population and their elected
military headman, the Ataman, responsible for the military training and
convocations for armed service. The Cossacks saw themselves as a special caste
of independent farmers and warriors – saber armed horsemen – zealous of their
traditions and independence, looking with contempt the Russian muzhik (peasant). Contempt mixed with
fear – during the revolution – of a land decree that would equally share the
land with the muzhiks. In the
meantime, the class differentiation between rich and poor peasants in the stanitzas was becoming increasingly
strong, and many of the poor peasants came to support the Bolsheviks.
[77] J.V. Stalin, Letter
To V. I. Lenin From The Southern Front, October 15, 1919.
Na carta Estaline critica
acerbamente o Grande Quartel-General (logo, Trotski), por propor um plano que assumia um
agrupamento de forças que já não existia, e por ter dado instruções a um corpo
especial de infantaria e artilharia (de V.I. Shorin) «de avançar da área de
Tsaritsine para Novorosisk, através das estepes do Don, por um itinerário que
poderá ser útil para ser sobrevoado pelos nossos aviadores, mas ao longo do
qual a nossa infantaria e artilharia achará bastante impossível romper. Não é
necessário provar que esta louca campanha (em projecto) através de um
território hostil e onde não há
absolutamente nenhumas estradas, nos
ameaça com desastre total. Não deverá ser difícil compreender que uma tal
campanha contra aldeias cossacas, conforme mostrou a experiência recente, só
pode levar os cossacos a juntarem-se a Denikin e contra nós, em defesa das suas
aldeias, só pode alçar Denikin como o salvador do Don, só pode criar um
exército cossaco para Denikin, logo, só pode fortalecer Denikin».
Stalin
bitterly criticized the General Headquarters (and, therefore, Trotsky) for
putting forward a plan that assumed a no longer existing grouping of forces,
and for having issued instructions to a special infantry and artillery corps
(of V.I. Shorin) “to advance from the Tsaritsyn area on Novorossiisk through
the Don steppe by a line along which it may be convenient for our aviators to
fly, but along which our infantry and our artillery will find it quite
impossible to plod. It does not need to be proved that this insane (projected)
campaign through a hostile environment and where there are absolutely no
roads threatens us with utter disaster. It should not be difficult to
understand that such a campaign against Cossack villages, as recent experience
has shown, can only rally the Cossacks around Denikin and against us in defence
of their villages, can only serve to set up Denikin as the saviour of the Don,
can only create a Cossack army for Denikin, that is, can only strengthen Denikin.”
[78] J.V. Stalin, Telegram To V. I. Lenin, October 25,
1919.
«Os Corpos de Cavalaria de Shkuro e Mamontov, criados depois
de longo esforço pela Entente e Denikin como a espinha dorsal da
contra-revolução, foram completamente desbaratados em Voronej pelo Corpo de
Cavalaria do camarada Budionny. Voronej está nas mãos fos heróis vermelhos.
Foi capturado um grande volume de troféus que estão agora a
ser contados. Já foi verificado que todos os comboios blindados pessoalmente
nomeados pelo inimigo foram capturados; o comboio blindado do General Shkuro
foi o primeiro deles. Continua a perseguição do inimigo em debandada. A aura de
invencibilidade criada em torno dos nomes dos Generais Mamontov e Shkuto foi
estilhaçada graças ao valor dos heróis vermelhos do Corpo de Cavalaria do
camarada Budionny».
“The Cavalry Corps of Shkuro and
Mamontov, created after such long effort by the Entente and Denikin as the
backbone of the counter-revolution, have been utterly routed at Voronezh by
Comrade Budyonny’s Cavalry Corps. Voronezh is in the hands of the Red heroes.
A mass of trophies has been
captured and is now being counted. It is already ascertained that all the
enemy’s personally named armoured trains have been captured, the General Shkuro
Armoured Train first among them. Pursuit of the routed enemy continues. The
halo of invincibility created around the names of Generals Mamontov and Shkuro
has been shattered by the valour of the Red heroes of Comrade Budyonny’s
Cavalry Corps.”
[79] Lenine, A
Situação Actual e as Tarefas Imediatas do Poder Soviético, 4 de Julho de
1919.
Lenin, The Present Situation And The Immediate Tasks Of Soviet Power, July
4, 1919.
[80] J.V. Stalin, The Situation on the South-Western Front,
Ukrainian ROSTA Interview, June 24, 1920.
«A Entente calculava, evidentemente, que no momento em que o
Exército Vermelho adquirisse vantagem sobre os polacos e começasse a avançar,
Wrangel apareceria na retaguarda dos nosso exércitos e perturbasse todos os
planos da Rússia Soviética. A ofensiva de Wragel facilitou sem dúvida a posição
dos polacos, mas praticamente não há razões para acreditar que Wrangel consiga
romper a retaguarda dos nossos exércitos no ocidente».
“The Entente evidently calculated that at the
moment when the Red Army overwhelmed the Poles and began to advance, Wrangel
would appear in the rear of our armies and upset all Soviet Russia’s plans.
Undoubtedly, Wrangel’s offensive has considerably eased the position of the
Poles, but there is scarcely reason to believe that Wrangel will succeed in breaking
through to the rear of our Western armies.”
J.V. Stalin, To All Party Organisations, Draft
Letter of the C.C., R.C.P.(B.), July 1920.
«Temos informações de que em torno de Wrangel se reuniu um
grupo de generais experientes e corta-gargantas desesperados que não recuarão
perante nada.
Os soldados de Wrangel estão esplendidamente arregimentados,
lutam desesperadamente, e preferem suicidar-se a renderem-se.
As forças de Wrangel estão tecnicamente melhor equipadas do
que as nossas; continua até hoje o fluxo proveniente do Ocidente de tanques,
carros blindados, aviões, munições e indumentária, apesar da afirmação
britânica de que foi descontinuado.
[…]
A Crimeia tem de ser restaurada à Rússia a todo o custo,
caso contrário a Ucrânia e o Cáucaso serão sempre ameaçados por inimigos da
Rússia Soviética.
O Comité Central encarrega-vos da tarefa de intensificar a
agitação de massas segundo as linhas desta carta circular e de imediatamente
tomar medidas para enviar regularmente comunistas para a Frente da Crimeia,
mesmo que com prejuízo de outras frentes».
(Lenine escreveu nesta proposta de carta a seguinte nota
dirigida ao Secretário do CC do PCR(b): «Estou a favor da sua circulação imediata como algo que não oferece
dúvidas»)
“We have information to the effect
that around Wrangel have gathered a group of experienced and desperate
cut-throat generals who will stop at nothing.
Wrangel’s soldiers are splendidly
enregimented, fight desperately and prefer suicide to surrender.
Technically, Wrangel’s forces are better
equipped than ours, the flow of tanks, armoured cars, aircraft, cartridges and
clothing from the West is continuing to this day, despite Britain’s assertion
that it has been discontinued.
[…]
The Crimea must be restored to
Russia at all costs, otherwise the Ukraine and the Caucasus will always be
menaced by Soviet Russia’s enemies.
The Central Committee charges you
with the duty of intensifying mass agitation on the lines of this circular
letter and of immediately arranging for the regular dispatch of Communists to
the Crimean Front, even at the expense of other fronts.”
(Lenin wrote on this draft letter
the following minute, addressed to the Secretary of the C.C., R.C.P.(B.): “I am
in favour of its immediate circulation as something indisputable.”)