quinta-feira, 21 de junho de 2018

A Guerra Civil na Rússia (1918-1922) – Parte III | The Russian Civil War (1918-1922) – Part III




-- A Campanha do Noroeste
-- A Campanha do Sul
-- O Fim da Campanha a Leste
-- The Northwestern Campaign
-- The Southern Campaign
-- The End of the Eastern Campaign


A Campanha do Noroeste

Com a revolução na Alemanha o exército alemão no Báltico desintegrou-se. Os soldados alemães amotinados desertaram em massa. O movimento soviético cresceu rapidamente na Letónia, Estónia e Lituânia. O Alto Comando Britânico escolheu um alemão -- o general Conde R. von der Goltz – para comandar a Guarda Branca báltica. (Von der Goltz tinha experiência em comandar brancos na Finlândia, juntamente com o terrorista Barão K. von Mannerheim [64], mais tarde dirigente fascista da Finlândia e aliado de Hitler.)

Von der Goltz lançou uma campanha de terror para acabar com o movimento soviético na Letónia e Lituânia. Os brancos pilharam grandes partes do território e executaram civis em massa. O povo da Letónia e da Lituânia dispunha de pouco equipamento e organização militar para resistir a este violento ataque. «Em pouco tempo, von der Goltz foi o ditador virtual das duas nações» [1]. A caridosa Administração de Ajuda Americana (American Relief Administration) forneceu grandes quantidades de alimentos às regiões ocupadas pelo exército de von der Goltz.

Em Junho de 1919, receando o ascenso de von der Goltz-alemão no báltico, os britânicos decidiram substituí-lo por um branco mais directamente sob seu controlo. Escolheram, como já vimos, o ex-czarista Yudenitch, com a missão de marchar sobre Petrogrado. Forneceram-lhe «equipamento completo para 10.000 homens, 15.000.000 munições, 3.000 espingardas automáticas e vários tanques e aviões» [1]. E, claro, a Administração de Ajuda Americana continuou com a sua «ajuda humanitária», enviando navios carregados de alimentos para Reval a fim de fornecer o exército branco de Yudenitch. Fizeram «uma pesquisa cuidadosa para estimar a quantidade de comida necessária para garantir a tomada de Petrogrado pelo Exército Russo Branco do general Yudenitch», um exército que também incluía estónios e polacos.

Yudenitch lançou uma ofensiva contra Petrogrado na primavera de 1919, articulada com uma organização do «Centro Nacional» da cidade que coordenava a acção de vários grupos anti-soviéticos e de espionagem. A organização tinha preparado um complot para entregar Petrogrado a Yudenitch. Na noite de 12 de Junho os conspiradores, encabeçados por Neklyudov e ligados aos SRs e mencheviques, entregaram o forte de Krasnaia Gorka em Kronstadt aos finlandeses brancos (ver Parte I). Krasnaia Gorka era um dos mais importantes pontos de acesso a Petrogrado. Houve também rebeliões noutros fortes. O CC do PCR(b) chamou Estaline para resolver a situação.

Estaline reuniu-se com chefes navais e militares e comissários de destacamentos. Propôs um plano de tomada de Krasnaia Gorka por meio de um ataque simultâneo por mar e terra. Galvanizou os trabalhadores e comissários para a mobilização geral. Na noite de 15 de Junho, tropas costeiras e destacamentos de voluntários, apoiadas por navios do báltico e aviação, numa operação dirigida por Estaline das linhas de batalha, tomaram o forte. A organização contra-revolucionária de Petrograd, com excepção de um espião inglês [65], foi liquidada. Estaline comunicou o resultado a Lenine num breve telegrama onde também relata medidas militares que tomou [66]. Seis dias depois, em novo telegrama a Lenine, Estaline anunciou a derrota de Yudenitch [67]. Em 8 de Julho Estaline publicou uma importante análise da Frente de Petrogrado [68].

Yudenitch lançou uma nova e mais forte ofensiva em 28 de Setembro de 1919 com a participação de navios de guerra britânicos que bombardearam Kronstadt. (Estaline estava nessa altura na Frente Sul.) Para consolidar a sua base de ataque os britânicos propuseram a formação de um «governo democrático» encabeçado por Yudenitch numa Estónia independente. Segundo Chamberlin, este projecto não foi aprovado pelos políticos brancos que defendiam uma «grande e indivisa Rússia». Na terceira semana de Outubro de 1919, a cavalaria de Yudenitch alcançou os subúrbios da cidade. Os media dos Aliados divulgaram em grandes títulos que a queda de Petrogrado estava por dias ou horas.

Levantou-se no PCR(b) a questão de transferir tropas do Sul para Petrogrado. Trostky conta em My Life que Lenine, persuadido por Zinoviev (líder de Petrogrado), relutante em enfraquecer a Frente Sul contra Denikin, propunha o abandono de Petrogrado até as forças de Estaline derrotarem Denikin. Menciona também a sua oposição e a de Estaline a tal abandono, acrescentando que foi ele que conseguiu convencer Lenine a não abandonar a cidade. Esta tese é aceite por um sindicalista inglês, apoiante de Estaline, num livro seu de 1945 [69].

Em 16 de Outubro o Conselho de Defesa tomou a decisão de defender Petrogrado até à última gota de sangue, sem ceder uma polegada de terra, e de lutar nas ruas. Nessa reunião Trotsky também falou da necessidade de preparar para combates de rua. Mas, enquanto a principal directiva do Conselho de Defesa era defender Petrogrado a todo custo até à chegada dos reforços, só permitindo a luta de ruas se o inimigo tivesse sucesso em penetrar na cidade, Trotski defendia que «por considerações puramente militares» seria vantajoso permitir que o inimigo penetrasse em Petrogrado, que se coverterria então em «uma grande armadilha para a guarda branca”. Lenine, num telegrama a Trotski [70], afirma que o plano dele foi aceite mas que a transferência de trabalhadores de Petrogrado para o sul não era rejeitada.

Trotski teve um papel importante na defesa de Petrogrado, nomeadamente na mobilização dos trabalhadores. Em 23 de Outubro as tropas de Yudenitch recuaram perante o violento ataque do 7.º Exército, o qual tomou Gatchina a 3 de Novembro e Yamburg a 14 de Novembro, atingindo o rio Narva no fim de Novembro. O exército branco desintegrou-se e os seus restos retiraram-se para a Estónia. «Fugindo do sul da Estónia num carro com a bandeira britânica, Yudenitch deixou para trás os destroços totais do seu orgulhoso exército. Bandos dispersos dos seus soldados vaguearam pelos campos cobertos de neve, morrendo aos milhares de fome, doenças e exposição». Em 29 de Fevereiro de 1920, o New York Times relatou: “Yudenitch Abandona o Exército; Foge para Paris com a Sua Fortuna de 100.000.000 de marcos” [cerca de 100.000 US$ em Fevereiro de 1920, aprox. 1,2 milhões de US$ de 2017]» [1].
Pela vitória contra Yudenitch, Trotski e Estaline foram condecorados com a ordem da Bandeira Vermelha.
The Northwestern Campaign

With the revolution in Germany the German army in the Baltic disintegrated. The German mutineers deserted en masse. The Soviet movement grew rapidly in Latvia, Estonia and Lithuania. The British High Command chose a German – the General Count R. von der Goltz -- to command the Baltic White Guard. (Von der Goltz had experience in commanding the Whites in Finland, together with the terrorist Baron K. von Mannerheim [64], who would become later the Fascist leader of Finland and an ally of Hitler.)

Von der Goltz launched a campaign of terror to end the Soviet movement in Latvia and Lithuania. The Whites looted large parts of the territory and carried wholesale executions of civilians. The people of Latvia and Lithuania had little equipment and military organization to resist such violent attack. "Before long, von der Goltz was virtual dictator of the two nations." [1] The charitable American Relief Administration provided large quantities of food to the regions occupied by von der Goltz's army.

In June 1919, fearing the fast rise in the Baltic lands of the German von der Goltz, the British decided to replace him with a White more accountable to their control. They chose, as we have already seen, the former Tsarist officer Yudenitch, with the mission to march over Petrograd. They supplied him with "complete equipment for 10,000 men, 15,000,000 cartridges, 3,000 automatic rifles and a number of tanks and airplanes" [1]. The American Relief Administration continued, of course, providing its "humanitarian aid," by sending food-laden ships to Reval to supply Yudenitch's White army. They carried out indeed “a careful survey to estimate the amount of food necessary to guarantee the seizure of Petrograd by General Yudenitch’s White Russian Army," an army which also comprised Estonians and Poles.

Yudenitch launched an offensive against Petrograd in the spring of 1919, coordinated with an organization of the city's "National Center" which steered the activities of various anti-Soviet and espionage groups. The organization had prepared a plot to deliver Petrograd to Yudenitch. On the night of June 12, the conspirators headed by Neklyudov and colluded with SRs and Mensheviks, surrendered the Krasnaya Gorka fortress in Kronstadt to the White Finns (see Part I). Krasnaya Gorka was one of the most important access points to Petrograd. There were also rebellions in other fortresses. The CC of the RCP(B) summoned Stalin to take charge of the situation.

Stalin summoned a meeting with naval and army chiefs and commissars of detachments. He proposed a plan to seize Krasnaya Gorka by means of a simultaneous attack by sea and land. He galvanized the workers and commissars for a general mobilization. On the evening of 15 June, coastal troops and detachments of volunteers, backed by Baltic vessels and aviation, in an operation conducted by Stalin from the battle lines, seized the fortress. Also Petrograd's counter-revolutionary organization, with the exception of a British spy [65], was liquidated. Stalin briefed Lenin on the achieved results in a concise telegram where he also reports on the military measures he had taken [66]. Six days later, in a new telegram to Lenin, Stalin announced the defeat of Yudenitch [67]. On 8 July, Stalin published an important analysis of the Petrograd Front [68],

Yudenitch launched a new and stronger offensive on 28 September 1919 with the participation of British warships which bombarded Kronstadt. (Stalin was then on the South Front.) With a view on consolidating their base of attack, the British proposed the formation of a "democratic government" led by Yudenitch in an independent Estonia. According to Chamberlin, this project was not approved by the White politicians who defended a "great and undivided Russia". In the third week of October 1919, Yudenitch's cavalry reached the suburbs of the city. The Allied media reported in large headlines that the fall of Petrograd was now a question of days or hours.

The question of transferring troops from the South to Petrograd arose in the RCP(B). Trostky wrote in My Life that Lenin -- persuaded by Zinoviev, leader of Petrograd -- was reluctant to weaken the Southern Front against Denikin, proposing the abandonment of Petrograd until Stalin's forces defeated Denikin. He also mentions his and Stalin's opposition to such abandonment, adding that it was he who succeeded in convincing Lenin not to abandon the city. This narrative is accepted by an English trade-unionist, supporter of Stalin, in his book published in 1945 [69].

On 16 October the Defense Council took the decision to defend Petrograd to the last drop of blood, without yielding an inch of ground, and fighting in the streets. At this meeting Trotsky also spoke of the need to prepare for street fighting. But while the Defense Council's main directive was to defend Petrograd at all costs until the arrival of reinforcements, only engaging into street fighting if the enemy succeeded in penetrating the city, Trotsky argued that for “purely military considerations" it would be advantageous to allow the enemy to break into Petrograd, which should therefore be converted into "a big trap for the whiteguard troops." Lenin, in a telegram to Trotsky, [70] states that Trotsky’s plan was accepted but that the withdrawal of workers from Petrograd to the south was not rejected.

Trotsky played an important role in the defense of Petrograd, particularly in the mobilization of the workers. On 23 October, Yudenitch's troops retreated in the face of the violent attack by the 7th Army, which took Gatchina on November 3,  and Yamburg on November 14, reaching the Narva River by late November. The White army disintegrated and their remnants withdrew to Estonia. "Fleeing southward from Estonia in a car flying a British flag, Yudenitch left behind him the total wreckage of his once proud army. Scattered bands of his soldiers wandered across the snow-blanketed countryside, dying by the thousands of starvation, disease and exposure.” On February 29, 1920, the New York Times reported: "Yudenitch Quits Army; Starts for Paris with His Fortune of 100,000,000 Marks [about US$ 100,000 in February 1920, approximately US$ 1.2 million as of 2017]." [1]

For the victory against Yudenitch, Trotsky and Stalin were awarded the order of the Red Flag.


 
A Campanha do Sul

Franceses e britânicos tiveram o papel principal na ajuda a Denikin, que comandava o Exército Voluntário branco no sul da Rússia e Leste da Ucrânia. Em 23 de Novembro de 1918, o cruzador francês Ernest Renan e o cruzador britânico Liverpool chegaram ao porto de Novorossisk [71], acompanhados por dois torpedeiros. No início de Dezembro, uma missão militar britânica, chefiada pelo general Poole, foi recebida com entusiasmo na capital de Denikin, Ekaterinodar [16]. Quanto aos franceses, o general Berthelot, comandante das tropas aliadas na Roménia, tinha declarado enviar doze divisões francesas e gregas para substituir os alemães na ocupação da Ucrânia. O governo francês também tinha prometido pagar a Denikin e Koltchak 11 mil milhões rublos de ouro.

De acordo com o representante de Denikin na Roménia, os franceses ocupariam primeiro os portos do Mar Negro, Odessa e Sebastopol, estendendo depois a ocupação para norte até Kharkov e Kiev. Com essa ajuda substancial, esperava-se que os exércitos brancos de Denikin a norte do Cáucaso, pudessem lançar uma campanha contra Moscovo articulada com Koltchak, enquanto Yudenitch tomaria Petrogrado. Numa carta de Denikin a Koltchak, apreendida pelos soviéticos, o primeiro afirmava: «O principal é não parar no Volga, mas seguir em frente até ao coração do bolchevismo, Moscovo. Espero encontrá-lo em Saratov… Os polacos farão o seu trabalho e, quanto a Yudenich, ele está pronto e atacará Petrogrado sem perda de tempo…» [72]

As prometidas doze divisões nunca apareceram; a intervenção francesa na Ucrânia, quando ocorreu, foi limitada e altamente mal sucedida. De facto, a intervenção militar mais importante dos franceses foi em Odessa, onde se digladiavam representantes de Denikin, ucranianos brancos e o soviete local na clandestinidade. Desembarcaram aí, em 18 de Dezembro de 1918, 6.000 franceses, 2.000 gregos e 4.000 legionários polacos [73]. Mais tarde a força intervencionista aumentou de duas divisões francesas e duas gregas, somando entre 40 a 45 mil homens. Havia também 7.500 franceses e gregos na Crimeia. Os franceses nomearam um representante de Denikin como governador militar de Odessa.

As forças intervencionistas pouco progrediram. Em Fevereiro de 1919 tinham ocupado as cidades de Tiraspol, Nikolaev (Mykolaiv) e Kherson, todas próximas de Odessa. Debandaram depois ao primeiro ataque do Ataman Grigoriev, um partidário ucraniano que nessa época alinhava com os sovietes. Grigoriev expulsou os franceses e gregos de Kherson em 10 de Março. No dia 14, Nikolaev debilmente defendida por uma guarnição alemã foi ocupada por Grigoriev que avançou em direcção a Odessa.

A vontade das tropas intervencionistas de lutar contra os bolcheviques era extremamente baixa. Os soldados usavam rosetas vermelhas; houve vários casos de recusa em obedecer a ordens e de deserção para os bolcheviques. As fortes lutas sociais em Odessa resultaram no colapso geral da autoridade do representante de Denikin e no aumento do banditismo armado. Só os bolcheviques, nas zonas onde tinham influência, eram capazes de assegurar alguma estabilidade. O comité local do PCR(b) publicou clandestinamente o jornal Le Communiste [74], com receptividade entre soldados e marinheiros franceses, e preparou uma revolta. Apesar da revolta não ter ocorrido por traição de um provocador, as autoridades francesas, que sabiam do «contágio» das tropas, decidiram terminar a intervenção. As tropas foram apressadamente evacuadas a 2 de Abril. A 6 de Abril o último navio francês tinha fugido e as forças de Grigoriev entraram na cidade.

Na Crimeia tinha-se formado um governo de cadetes após a retirada dos alemães. Governo que depressa perdeu credibilidade por se ter comprometido com as crueldades de um destacamento do exército de Denikin. No final de Abril os franceses saíram da Crimeia que foi tomada pelas tropas soviéticas.

Regressemos a Denikin, um dos generais «democratas» ajudado pelos imperialistas que se tornou conhecido pelos seus métodos sádicos de fazer a guerra. O seu principal ajudante era o general Pyotr Wrangel, conhecido pela sua crueldade selvagem. Periodicamente, Wrangel executava grupos de prisioneiros desarmados na frente dos seus camaradas e depois dava aos prisioneiros que haviam presenciado a execução a escolha de se juntarem ao seu exército ou serem fuzilados. Quando as tropas de Denikin e Wrangel invadiram a cidade de Stavropol, um dos seus primeiros actos foi invadirem um hospital e massacrar setenta soldados feridos do Exército Vermelho. A pilhagem era prática oficial no exército de Denikin e Wrangel.

Avançando para norte as forças de Denikin e Wrangel tomaram Tsaritsin em Junho de 1919 e em Outubro aproximaram-se de Tula, a 190 km de Moscovo. Entretanto, com o apoio de Denikin e dos britânicos [75] -- estes forneciam armas e equipamentos descarregados nos portos do Mar Negro --, todos os territórios do Don e do baixo Volga tinham sido ocupados por divisões insurreccionais dos cossacos do Don (Exército do Don) [76]. Os exércitos de Denikin e Wrangel, aumentados dos Exércitos do Don e do Cáucaso, tornaram-se uma das maiores ameaças à RSFSR.

No Outono de 1919, Trotsky elaborou um plano para uma campanha contra Denikin. Esse plano exigia uma marcha pelas estepes do Don, numa região sem estradas, fervilhando de bandos de cossacos contra-revolucionários que conheciam o seu território como ninguém. Estaline foi expressamente enviado para a frente Sul por determinação do CC do PCR(b) de 26 de Setembro. Chegou ao quartel-general da Frente a 3 de Outubro e a 15 de Outubro enviou uma carta a Lenine [77] que rejeitava justificadamente o plano de Trotsky e expunha os traços principais de um plano de contra-ofensiva do Exército Vermelho avançando ao longo do rio Donets onde existia uma densa rede ferroviária, abastecimentos de carvão e solidariedade dos trabalhadores. O plano detalhado previa assestar o golpe principal desde Orel e Voronej ao longo do Donets, em direcção a Rostov, com captura da rede ferroviária do Donets, deixando Denikin sem carvão e outros suprimentos. O Exército Voluntário seria partido em dois, criando grandes dificuldades ao Exército do Don.

O plano de Estaline foi aceite pelo CC. Trotsky foi retirado da Frente Sul, ordenado a não interferir nas operações no sul e «aconselhado» a não cruzar a linha de demarcação da Frente Sul [1].

Seguindo o plano de Estaline os exércitos da Frente Sul atacaram sucessivamente em várias regiões numa sequência de grandes batalhas que criaram dificuldades crescentes aos brancos: Orlovsk-Kursk e Voronej-Kastornoye em Outubro-Novembro -- o famoso 1.º Corpo de Cavalaria de Budionny desbaratou os temíveis corpos de cavalaria cossaca de Shkuro e Mamontov [78]  -- tomando Orel, Kursk, Voronej, e Kastornoye; Kharkov e Donbass em Novembro-Dezembro; Rostov-Novocherkassk em Janeiro de 1920. (Ver mapa abaixo.)
The Southern Campaign

French and British had the leading role in the aid to Denikin, the commander of the White Volunteer Army in southern Russia and eastern Ukraine. On November 23, 1918, the French cruiser Ernest Renan and the British cruiser Liverpool arrived at the port of Novorossisk [71], accompanied by two torpedo boats. In early December, a British military mission, led by General Poole, was enthusiastically received in Ekaterinodar, the capital of Denikin [16]. As for the French, General Berthelot, commander of the allied troops in Romania, had declared he would send twelve French and Greek divisions to replace the Germans in the occupation of Ukraine. The French government had also promised to pay Denikin and Kolchak 11 billion gold rubles.

According to Denikin's representative in Romania, the French would first occupy the ports of the Black Sea, Odessa and Sevastopol, extending afterwards the occupation to the North, to Kharkov and Kiev. With such substantial aid, it was hoped that the White armies of Denikin in the northern Caucasus could launch a campaign against Moscow in coordination with Kolchak, while Yudenich would seize Petrograd. In a letter of Denikin to Kolchak, apprehended by the Soviets, the former stated: "The main thing, is not to stop at the Volga but to drive on to the heart of Bolshevism, Moscow. I hope to meet you in Saratov ... The Poles will do their work, and as for Yudenich, he is ready, and will attack Petrograd without loss of time ... “ [72]

The promised twelve divisions never showed up; the French intervention in Ukraine, when it took place, was of limited scope and highly unsuccessful. In fact, the most important military intervention of the French was in Odessa, where representatives of Denikin, White Ukrainians and the local clandestine Soviet battled with each other. On December 18, 1918, 6,000 French, 2,000 Greeks and 4,000 Polish legionaries landed there. [73] The interventionist force was later increased of two French divisions and two Greek divisions, amounting to between 40 to 45 thousand men. There were also 7,500 French and Greeks in the Crimea. The French appointed a representative of Denikin as military governor of Odessa.

The interventionist forces made little progress. By February 1919 they had occupied the towns of Tiraspol, Nikolaev (Mykolaiv) and Kherson, all of them close to Odessa. They were routed there by the first attack of Ataman Grigoriev, a Ukrainian partisan who at the time had sized with the Soviets. Grigoriev expelled the French and Greeks from Kherson on March 10. On the 14th, Nikolaev weakly defended by a German garrison was occupied by Grigoriev who then advanced towards Odessa.

The willingness of the interventionist troops to fight against the Bolsheviks was extremely low. The soldiers wore red rosettes; there were several cases of refusal to obey orders and desertion to the Bolsheviks. The fierce social struggles in Odessa resulted in the general collapse of the authority of Denikin's appointee and the rise of armed banditry. Only the Bolsheviks were able to ensure some stability in the areas where they had influence. The local Committee of the RCP(B) clandestinely published the newspaper Le Communiste [74], with receptivity among the French soldiers and sailors, and prepared a revolt. Although the revolt did not occur due to the betrayal of a provocateur, the French authorities, who were aware of the "contagion" of the troops, decided to end the intervention. The troops were hastily evacuated on April 2. On April 6 the last French ship had fled and Grigoriev's forces entered the city.

In the Crimea a cadet government had been formed after the withdrawal of the Germans. It was a government that soon lost any credibility for being involved with the cruelties practiced by a detachment of Denikin’s army. At the end of April the French left the Crimea which was taken by the Soviet troops.

Let us return to Denikin, one of the "democratic" generals, backed by the imperialists, who became known for his sadistic methods of warfare. His chief assistant was General Pyotr Wrangel, known for his savage cruelty. Wrangel periodically executed groups of unarmed prisoners in front of his comrades and then gave the prisoners who had witnessed the execution the choice of either joining his army or being shot. When Denikin and Wrangel's troops invaded the city of Stavropol, one of their first acts was to invade a hospital and massacre seventy wounded soldiers of the Red Army. Plundering was an officially endorsed practice in the army of Denikin and Wrangel.

Advancing northwards the forces of Denikin and Wrangel seized Tsaritsyn in June 1919 and in October they approached Tula, 190 km from Moscow. In the meantime, with the support of Denikin and of the British [75] -- who supplied arms and equipment which were unloaded in the ports of the Black Sea --, all territories of the Don and the low Volga had been occupied by the insurrect divisions of the Don Cossacks (Army of the Don) [76]. The armies of Denikin and Wrangel, with the addition of the Armies of the Don and the Caucasus, became one of the biggest threats to the RSFSR.

In the fall of 1919, Trotsky drew up a plan for a campaign against Denikin. This plan required a march through the steppes of the Don, in a region without roads, swarming of bands of counter-revolutionary Cossacks who knew their territory as no one else. Stalin was expressly sent to the Southern front by determination of the CC of the RCP(B) of September 26. He arrived at the headquarters of the Front on October 3 and on October 15 sent a letter to Lenin [77] where he justifiably rejected Trotsky's plan and outlined the main features of a Red Army counter-offensive plan advancing along the River Donets where there was a dense railway network, coal supplies, and workers’ solidarity. The detailed plan contemplated the launching of the main thrust from Orel and Voronezh, along the Donets and towards Rostov with the seizure of the railway network of the Donets, leaving Denikin without coal and other supplies. The Volunteer Army would be cut into two creating serious difficulties to the Army of the Don.

Stalin's plan was accepted by the CC. Trotsky was withdrawn from the Southern Front, ordered not to interfere in the operations in the South and "advised" not to cross the demarcation line of the Southern Front. [1]

Following Stalin's plan the South Front armies attacked successively in various regions in a series of major battles that created increasing difficulties to the Whites: Orlovsk-Kursk and Voronezh-Kastornoye in October-November -- the famous 1st Cavalry Corps of Budionny routed the fearsome Cossack cavalry corps of Shkuro and Mamontov [78] -- seizing Orel, Kursk, Voronezh, and Kastornoye; Kharkov and Donbass in November-December; Rostov-Novocherkassk in January 1920. (See map below.)

Mapa aproximado da posição dos exércitos vermelhos e brancos em 10 de Outubro de 1919 e de movimentos dos vermelhos até 1 de Janeiro e 1 de Fevereiro de 1920. Construído com base nos mapas detalhados de Kakurin e Vatsetis, A Guerra Civil (em russo). Note-se os movimentos do 13.º e 14.º exércitos em Outubro-Novembro que cindiram o Exército Voluntário, penetrando ao longo do Donets, tomando respectivamente Orel-Kursk e Kromy-Fatej-Kharkov
Map with the approximate positions of the Red and White armies on October 10, 1919, and of Reds’ movements until January 1st, and February 1st, 1920. Drawn up on basis of the detailed maps of Kakurin and Vatzetis, The Civil War (in Russian). Note the movements of the 13th and 14th armies in October-November which broke the Volunteer Army into two, penetrating along the Donets, respectively seizing Orel-Kursk and Kromy-Fatezh-Kharkov.

Entretanto, o campesinato ucraniano passou-se de novo para o lado soviético, por verem que uma vitória de Denikin significaria o regresso dos antigos proprietários da terra. As forças guerrilheiras anarquistas de Nestor Makhno fizeram nessa altura uma junção com o Exército Vermelho e avançaram contra Taganrog, no Mar de Azov, onde Denikin tinha o seu quartel-general. (Mais tarde as guerrilhas de Makhno não acataram o poder soviético e foram desbaratadas. Makhno fugiu para Paris.) Kharkov, Kiev, Poltava, Donbass foram tomados. Em poucas semanas, as tropas brancas fugiram em pânico em direcção ao Mar Negro. Doentes e moribundos entupiram as estradas. O exército branco desintegrou-se em bandos de ladrões.

Uma razão importante da desintegração do exército de Denikin e de outros exércitos brancos foi a política de conscrição forçada dos camponeses, já referida a propósito das tropas de Koltchak. Lenine previu as consequências dessa política. Escreveu num relatório de Julho de 1919 [79]: «… mobilização geral será o fim de Denikin, como foi de Koltchak. Enquanto tinha um exército de classe, de voluntários que odiavam o socialismo, era forte e fiável, mas quando começou com o recrutamento geral, pôde, sem dúvida, juntar mais rapidamente um exército; mas o exército tornou-se mais fraco, e o seu carácter de classe menos pronunciado. Os camponeses recrutados para o exército de Denikin servi-lo-ão da mesma maneira que os camponeses siberianos serviram Koltchak: trarão a desintegração completa do exército».

Em 9 de Dezembro de 1919, o general Wrangel enviou um despacho em pânico para Denikin, declarando: «Esta é a verdade amarga. O exército deixou de existir como uma força de combate». Nas primeiras semanas de 1920, os restos do exército branco chegaram a Novorossisk. Uma turba de soldados brancos e refugiados civis invadiu a cidade. Em 27 de Março de 1920, enquanto navios de guerra britânicos e franceses aguardavam no porto, disparando obuses para as colunas vermelhas que avançavam, Denikin fugiu num navio de guerra francês. Dezenas de milhares de soldados do exército de Denikin lotaram as docas e assistiram impotentes enquanto o seu comandante e oficiais fugiam.

Churchill resume assim a ajuda britânica a Denikin: «Um quarto de milhão de espingardas, duzentos canhões, trinta tanques e grandes massas de munições e equipamentos foram enviados pelos Dardanelos e pelo Mar Negro até ao porto de Novorossisk; várias centenas de oficiais e sub-oficiais britânicos promoveram a organização de seus exércitos como conselheiros, instrutores, armazenistas e até mesmo alguns aviadores».

Efectivamente, de acordo com o relatório da missão militar britânica do General Hallman de 8 de Outubro de 1919, os fornecimentos britânicos a Denikin no período de Março a Setembro de 1919 foram:
Meanwhile, the Ukrainian peasantry turned to the Soviet side again, after realizing that a Denikin victory would mean the return of the former landowners. The anarchist guerrilla forces of Nestor Makhno pulled then a common fight with the Red Army and advanced against Taganrog in the Sea of ​​Azov, where Denikin had his headquarters. (Later the Makhno guerrillas did not submit to Soviet power and were disbanded. Makhno fled to Paris.) Kharkov, Kiev, Poltava, and the Donbass were taken. In a few weeks, the White troops fled in panic towards the Black Sea. Sick and dying people blocked the roads. The White army disintegrated into bands of thieves.

An important reason for the disintegration of Denikin's army and of other White armies was the policy of forced conscription of the peasantry, which we have already mentioned about Kolchak's troops. Lenin foresaw the consequences of this policy. He wrote in a report in July 1919 [79]: "… universal mobilization will be the ruin of Denikin, as it was of Kolchak. As long as he had a class army, of volunteers who hated socialism, it was strong and sound, but when he began universal recruitment, he did, of course, get an army together more quickly; but the army became the weaker, and its class character less pronounced. Peasants recruited into Denikin's army will do him the same in that army as the Siberian peasants did in Kolchak’s army -- they brought completely disintegration into the army."

On December 9, 1919, General Wrangel sent a dispatch in panic to Denikin, declaring, "This is the bitter truth. The army has ceased to exist as a fighting force." In the first weeks of 1920, the remnants of the White army arrived at Novorossisk. A mob of white soldiers and civilian refugees invaded the city. On March 27, 1920, while British and French warships were waiting in the port, firing shells at the advancing Red columns, Denikin fled on a French warship. Tens of thousands of Denikin's army soldiers crowded the docks and watched helplessly as their commander and officers fled.

Churchill sums up British aid to Denikin this way:
“A quarter million rifles, two hundred guns, thirty tanks and large masses of munitions and equipment were sent through the Dardanelles and the Black Sea to the port of Novorossisk; and several hundred British officers and non-commissioned officers, as advisers, instructors, storekeepers, and even a few aviators furthered the organization of his armies."

As a matter of fact, according to the report of General Hallman of the British Military Mission dated October 8 1919, British supplies to Denikin from March to September 1919 were:

Armas e equipamentos fornecidos
Weapons and equipment
Quantidade
Amount
Canhões de diversos calibres
Guns of various calibers
558
Aviões
Airplanes
168
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4 013
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214 753
Camiões
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398

Depois da fuga de Denikin, Wrangel assumiu o comando do exército branco. Em 10 de Agosto o governo francês reconheceu o governo de Wrangel. O ex-marxista Peter B. Struve, que tinha elaborado o primeiro manifesto do POSDR no seu Congresso fundador em 1898, aceitou o cargo de ministro das Relações Externas de Wrangel em Paris e Londres [3]. Os exércitos de Wrangel que ocupavam a Crimeia estavam bem equipados. Avançaram para norte procurando constituir uma ameaça permanente na retaguarda da RSFSR. A Entente procurava também, através dela, desviar forças soviéticas envolvidas nessa altura na campanha contra a invasão polaca, de que falaremos na Parte IV. Dois documentos de Estaline [80] diagnosticam com justeza a situação.

Os exércitos da Frente Sul lutaram contra as forças de Wrangel no norte de Tavria em Setembro-Outubro de 1920. De 28 de Outubro a 3 de Novembro as principais forças de Wrangel foram derrotadas. O Exército Vermelho, comandado por Frunze, tomou Perekop de assalto, varreu a Crimeia e atirou as forças de Wrangel ao mar. «Embarcações britânicas, francesas e americanas, incluindo o cruzador americano St. Louis, ajudaram os fragmentos do último Exército Branco, junto com milhares de simpatizantes civis, a fugir para Constantinopla» [3]. Não era o último, como veremos.
After Denikin's escape, Wrangel took command of the White Army. On 10 August the French government recognized the government of Wrangel. Former Marxist Peter B. Struve, who had drafted the first manifesto of the RSDLP at its founding Congress in 1898, accepted the post of Wrangel's Minister of Foreign Affairs in Paris and London [3]. The armies of Wrangel that occupied the Crimea were well equipped. They moved northward, seeking to pose a permanent threat in the rear of the RSFSR. The Entente also sought, through it, to divert Soviet forces involved at the time in the campaign against the Polish invasion, of which we will speak in Part IV. Two documents of Stalin [80] rightly diagnose the situation.

The South Front armies fought against Wrangel forces in northern Tavria in September-October 1920. From 28 October to 3 November, Wrangel's main forces were defeated. The Red Army, commanded by Frunze, took Perekop by assault, swept the Crimea, and threw Wrangel's forces into the sea. "British, French and American vessels, including the American cruiser St. Louis, aided the fragments of the last White Army, along with thousands of civilian sympathizers, to flee to Constantinople." [3] It was not the last, as we will see.

O Fim da Campanha a Leste

«Com o esmagamento do exército de Wrangel e o fim da intervenção no Oeste, o único exército estrangeiro que permanecia em solo russo era o do Japão Imperial» [1]. Quanto à intervenção no Oeste, concretamente o ataque da Polónia à RSFSR, exige uma análise específica e será analisada num próximo artigo. Passemos à questão da Sibéria Oriental (Leste do lago Baikal) que depois da derrota dos exércitos brancos de Koltchak, de Agosto a Dezembro de 1919, ficou inteiramente nas mãos dos japoneses.

O Japão tinha mais de 70 mil soldados e centenas de agentes secretos na Sibéria. Empregava sistematicamente, como já vimos, o terror contra as populações civis, por meio dos exércitos de bandidos cossacos dos atamans Semyonov e Kalmikov, fantoches do Japão. Com a retirada da força expedicionária americana, concluída em 1 de Abril de 1920, os japoneses sentiram-se como senhores da Sibéria Oriental. Porém, a 21 de Outubro de 1920 os bolcheviques tomaram Chita (a cerca de 300 km a Leste do lago Baikal). Os japoneses decidiram restringir-se a uma menor área de ocupação própria e controlar o resto através de um governo fantoche. Em 8 de Junho de 1921 assinaram um tratado secreto em Vladivostok com Semyonov que deveria desencadear nova ofensiva contra os soviéticos e vir a encabeçar um governo civil, mas «os súbditos japoneses receberão direitos preferenciais para obter concessões de caça, pesca e silvicultura ... e para o desenvolvimento de recursos de mineração e minas de ouro».

Um dos principais assessores de Semyonov que iria encabeçar a campanha militar contra os sovietes, era o barão báltico e tenente-general Ungern-Sternberg, ex-oficial czarista (servira sob as ordens de Wrangel). Os japoneses colocaram à sua disposição uma multidão de oficiais russos brancos, tropas chinesas anti-soviéticas, bandidos mongóis, e agentes do serviço secreto japonês. Sobre Ungern-Sternberg dizem assim Sayers e Kahn [1]: «Vivendo na sua sede em Urga numa atmosfera de banditismo feudal e absolutismo, Ungern começou a ver-se como um homem predestinado. Casou-se com uma princesa mongol, trocou o vestuário ocidental por um manto mongol de seda amarela e declarou ser a reencarnação de Genghis Khan. Incitado pelos agentes japoneses que sempre o rodeavam, sonhava ser Imperador de uma Nova Ordem Mundial emanando do Oriente, que deveria descer sobre a Rússia soviética e a Europa, destruindo pelo fogo, espada e canhão os últimos traços da “democracia decadente e comunismo judaico” Sádico e meio louco, entregou-se a inúmeros actos de selvajaria bárbara. Numa ocasião viu uma bela judia numa pequena cidade siberiana e ofereceu mil rublos ao homem que lhe trouxesse a cabeça dela; a cabeça foi trazida e devidamente paga». Numa proclamação afirmou que «Comissários, comunistas e judeus, com as suas famílias, devem ser exterminados» e que «“Verdade e misericórdia” não são mais admissíveis. Daqui em diante só pode haver "verdade e crueldade impiedosa"».

A guerra de Ungern consistia em raids de bandidos saqueadores, deixando vilarejos fumegantes e corpos mutilados de homens, mulheres e crianças. As cidades eram entregues ao estupro e pilhagem. Judeus, comunistas e todos os suspeitos de simpatia democrática eram fuzilados, torturados até a morte e queimados vivos.

Em Julho de 1921, o 5.º exército e a guerrilha soviéticas lançaram uma campanha para exterminar as hordas de Ungern. Acabaram por obter uma vitória decisiva. As hordas de Ungern fugiram, abandonando a maioria das armas, comboios e feridos. Em Agosto, Ungern estava cercado e o seu guarda-costas mongol entregou-o às tropas soviéticas. O Barão foi trazido para Novo-Nikolayevsk e julgado publicamente como inimigo do povo. Vale a pena ler o relato em [1] desse julgamento. Entre outras alegações em sua defesa, Ungern gritou que «Por mil anos os Ungerns deram ordens a outros! Nunca receberam ordens de ninguém! Recuso-me a admitir a autoridade da classe trabalhadora! Como pode um homem, que nem sequer tem um serviçal, falar em governar? Tal homem é incapaz de dar ordens!»

Semyonov e os restos do exército do fantoche dos japoneses fugiram pela fronteira soviética para a Mongólia e a China. Só em 19 de Outubro de 1922, o Exército Vermelho chegou a Vladivostok. Os japoneses renderam-se e entregaram todos os arsenais. Navios japoneses evacuaram no dia seguinte, de Vladivostok, os últimos soldados do Japão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão anunciou nessa altura: «A decisão de evacuar tem como intenção afirmar o Japão como nação não agressiva, que se esforça por manter a paz no mundo". [1]

The End of the Eastern Campaign

"With the smashing of Wrangel's army and the end of intervention in the west, the only foreign army remaining on Russian soil was that of Imperial Japan."[1] As regards the intervention in the West, namely the Polish attack to the RSFSR, this requires a specific analysis and will be analyzed in a forthcoming article. Let us turn to the issue of Eastern Siberia (East of Lake Baikal) which, after the defeat of the White armies of Kolchak from August to December 1919, fell entirely into the hands of the Japanese.

Japan had more than 70,000 soldiers and hundreds of secret agents in Siberia. Systematically, as we have seen, it used terror against civilian populations through the armies of Cossack bandits of the Atamans Semyonov and Kalmikov, puppets of Japan. With the withdrawal of the American expeditionary force, completed on April 1, 1920, the Japanese felt as lords of Eastern Siberia. In spite of that, on 21 October 1920 the Bolsheviks took Chita (about 300 km east of Lake Baikal). The Japanese decided to restrict their own occupation to a smaller area ​​ and control the remaining territory through a puppet government. On June 8, 1921, they signed a secret treaty in Vladivostok with Semyonov who was to launch a new offensive against the Soviets and become head of a civilian government, but "Japanese subjects shall receive preferential rights for obtaining hunting, fishing and forestry concessions ... and for the development of mining resources and gold mines.”

One of Semyonov's chief advisers and the one who was to lead the military campaign against the Soviets was the Baltic baron and Lieutenant General Ungern-Sternberg, a former Tsarist officer (he had served under Wrangel). The Japanese placed at his disposal a multitude of White Russian officers, anti-Soviet Chinese troops, Mongol thugs, and Japanese intelligence officers. Sayers and Kahn [1] wrote as follows about Ungern-Sternberg: "Living in an atmosphere of feudal banditry and absolutism at his headquarters in Urga, Ungern began to conceive of himself as a man of destiny. He married a Mongolian princess, abandoned Western dress for a yellow silk Mongolian robe, and pronounced himself the reincarnation of Genghis Khan. Incited by the Japanese agents who always surrounded him, he dreamed of himself as Emperor of a New World Order emanating from the East, which was to descend on Soviet Russia and Europe, destroying with fire and sword and cannon the last traces of ‘decadent democracy and Jewish Communism.’ Sadistic and half-insane, he indulged in countless acts of barbaric savagery. On one occasion he saw a pretty Jewish woman in a small Siberian town and offered a thousand roubles to the man who would bring him her head; the head was brought and duly paid for." In a proclamation he stated that "Commissars, Communists and Jews, together with their families, must be exterminated" and that “‘Truth and mercy’ are no longer admissible. Henceforth there can be only ‘truth and merciless cruelty’."

Ungern's war consisted of raids of looting thugs, leaving behind smoldering villages and mutilated bodies of men, women, and children. The cities were delivered to rape and plunder. Jews, communists and all those suspected of democratic sympathy were shot, tortured to death and burned alive.

In July 1921, the 5th Soviet army and guerrillas launched a campaign to exterminate the Ungern hordes. They ended up winning a decisive victory. Ungern's hordes fled, abandoning most of the guns, trains, and the wounded. In August, Ungern was under siege, and his Mongol bodyguard handed him over to the Soviet troops. The Baron was brought to Novo-Nikolayevsk and publicly trialed as an enemy of the people. It is worth reading the account in [1] of that trial. Among other allegations in his defense, Ungern shouted that "For a thousand years the Ungerns have given other people orders! They have never taken orders from anybody! I refuse to admit working class authority! How can a man, who doesn’t even keep a general servant, talk about governing? He is incapable of giving orders!"

Semyonov and the remnants of the Japanese puppet army fled across the Soviet border to Mongolia and China. It was not until 19 October 1922 that the Red Army arrived in Vladivostok. The Japanese surrendered and handed over all their arsenals. The following day Japanese ships evacuated from Vladivostok the last soldiers of Japan.

The Ministry of Foreign Affairs of Japan announced on that occasion: "The decision to evacuate is intended to place Japan on record as a non-aggressive nation, striving to maintain the peace of the world." [1]

Notas e Referências III | Notes and References III

De 1 a 45 na Parte I | From 1 through 45 in Part I.

De 46 a 63 na Parte II | From 46 through 63 in Part II



[64] De [1]: «Com a ajuda das tropas bem armadas de von der Goltz, o barão Mannerheim derrubou o governo finlandês e convidou o príncipe Friedrich von Hessen, genro do Kaiser Wilhelm, a ocupar o trono finlandês. Para suprimir a oposição do povo finlandês, von der Goltz e Mannerheim instituíram um reino de terror. Em poucas semanas, a Guarda Branca de Mannerheim executou cerca de 20.000 homens, mulheres e crianças, e dezenas de milhares foram postos em campos de concentração e prisões onde muitos morreram de tortura, fome e exposição».

From [1]: “With the aid of von der Goltz’s well-armed troops, Baron Mannerheim overthrew the Finnish Government and invited Prince Friedrich von Hessen, Kaiser Wilhelm’s son-in-law, to occupy the Finnish throne. To suppress the opposition of the Finnish people, von der Goltz and Mannerheim instituted a reign of terror. Within a few weeks Mannerheim’s White Guards executed some 20,000 men, women and children; tens of thousands more were thrown in concentration camps and prisons, where many of them died from torture, starvation and exposure.”



[65] Trata-se de Paul Dukes, colega de Sidney Reilly, ligado à contra-revolução em Petrogrado. Dukes conseguiu obter uma comissão no Exército Vermelho e serviu como espião e sabotador anti-soviético dentro das forças do Exército Vermelho que se opunham a Yudenitch. Durante a ofensiva dos brancos, Dukes fez com que pontes vitais para a retirada do Exército Vermelho fossem explodidas e contra-ordenou ordens de destruir comunicações, facilitando o avanço de Yudenitch. Manteve-o informado de cada movimento do Exército Vermelho. Quando regressou a Londres, Dukes foi feito cavaleiro pelas suas façanhas.

This refers to Paul Dukes, a colleague of Sidney Reilly, connected to the counter-revolution in Petrograd. Dukes succeeded in getting himself a commission in the Red Army, and served as an anti-Soviet spy and saboteur within the Red forces opposing Yudenitch. When the White Army was attacking Petrograd, Dukes arranged for the blowing up of bridges vital to the retreat of the Red Army, and he countermanded orders for the destruction of communications facilitating the advance of Yudenitch. Dukes kept him informed of every move of the Red Army. After he returned to London, Dukes was knighted for his exploits.



[66] J.V. Stalin, Telegram To V. I. Lenin, June 16, 1919

«Após a captura de Krasnaya Gorka, Seraya Loshad foi tomada. Os seus canhões estão em perfeita ordem. Uma verificação rápida de todos os fortes e fortalezas está em andamento.

Especialistas navais afirmam que a captura de Krasnaya Gorka pelo mar é contrária à ciência naval. Só posso deplorar essa dita ciência. A rápida captura de Gorka deveu-se à mais grosseira interferência nas operações por mim e por civis em geral, chegando ao ponto de contra-ordenar ordens terrestres e marítimas e impor as nossas.

Considero meu dever declarar que continuarei no futuro a agir dessa maneira, apesar de toda a minha reverência pela ciência.»

“Following the capture of Krasnaya Gorka, Seraya Loshad has been taken. Their guns are in perfect order. A rapid check of all the forts and fortresses is under way.

Naval experts assert that the capture of Krasnaya Gorka from the sea runs counter to naval science. I can only deplore such so-called science. The swift capture of Gorka was due to the grossest interference in the operations by me and civilians generally, even to the point of countermanding orders on land and sea and imposing our own.

I consider it my duty to declare that I shall continue to act in this way in future, despite all my reverence for science.”



[67] Citado em | Quoted in: The Life of Stalin, A Symposium, N.Y., 1930, pp. 67-68.

«Atingimos o ponto de viragem nas nossas unidades. Durante uma semana não houve nenhum caso de deserção individual ou de grupo. Os desertores estão a regressar aos milhares. Há deserções mais frequentes do inimigo para o nosso campo. Numa semana 400 homens desertaram para nós, a maioria com as suas armas. Começámos o ataque ontem à tarde.

Embora os reforços prometidos não tenham chegado, era-nos impossível permanecermos na linha que ocupamos -- muito perto de Petrogrado. Até agora o ataque foi bem-sucedido, os brancos estão a fugir, hoje tomámos a linha Kernovo-Voronino-Slepino-Kaskovo. Fizemos prisioneiros, dois ou mais canhões, automáticas, cartuchos. Os navios inimigos não apareceram, aparentemente temem Krasnaya Gorka, que é agora inteiramente nosso. Envie urgentemente os dois milhões de cartuchos para a sexta divisão.»

“The turning-point in our units has arrived. For a week there has been no single case of individual or group desertion. The deserters are returning in thousands. There are more frequent desertions from the enemy to our camp. In a week 400 men have deserted to us, the majority with their weapons. We began the attack yesterday afternoon.

Although the promised reinforcements have not arrived it was impossible for us to remain on the line we occupied -- it was too close to Petrograd The attack so far is successful, the whites are running, today we took the line Kernovo-Voronino-Slepino-Kaskovo. We have taken prisoners, two or more guns, automatics, cartridges. The enemy ships have not appeared, they apparently fear the Krasnaya Gorka which is now entirely ours. Urgently send the two million cartridges for the 6th division.”



[68] J.V. Estaline, A Frente de Petrogrado, Entrevista ao Pravda, 8 de Julho de 1919 | J.V. Stalin, The Petrograd Front, Pravda Interview, July 8, 1919.



[69] Murphy, J. T.. Stalin, London, John Lane Pub., 1945.

John Thomas Murphy foi um sindicalista inglês. Tornou-se um dos líderes dos Comités de Trabalhadores e Movimento dos Empregados de Lojas, aderindo ao Partido Trabalhista Socialista em 1917. Com uma Revolução de Outubro foi desenvolvido para o bolchevismo, vindo a participar no Comintern. Denunciou Trotsky, em 1924, no PCGB por seu “ataque aberto à atual liderança da Internacional Comunista, que na opinião do PCGB, não só encorajará definitivamente os imperialistas britânicos, os mais ferrenhos inimigos da Rússia soviética, mas também encorajará seus lacaios. da Segunda Internacional, e os outros elementos que defendem a liquidação da Internacional Comunista e do Partido Comunista neste país. ”É preso em 1925 com outros militantes por ser comunista. Veio a tornar-se crítico de Estaline no final da 2.ª GM.

John Thomas Murphy was an English trade-unionist. He became one of the leaders of the Workers’ Committees and Shop Stewards’ Movement, adhering to the Socialist Labour Party in 1917. With the Revolution of October he progressed to Bolshevism, and participated in the Comintern. He denounced Trotsky in 1924 in the CPGB for his “open attack upon the present leadership of the Communist International, which in the opinion of the CPGB, will not only definitely encourage the British Imperialists, the bitterest enemies of Soviet Russia, but will also encourage their lackeys of the Second International, and those other elements who stand for the liquidation of the Communist International and the Communist Party in this country.” He was arrested in 1925 with other militants for being communist. He became critical of Stain in the end of WWII.



[70] Lenin, To Trotsky, October 17, 1919.

«A noite passada no Conselho de Defesa adoptámos uma decisão do Conselho e enviámo-la a si em código […]

Como vê, o seu plano foi adoptado.

Mas a retirada de trabalhadores de Petrogrado para o sul não é rejeitada (diz-se que você se alargou sobre isto com Krasin e Rykov); falar sobre isto prematuramente significaria desviar a atenção da luta até ao fim.

A tentativa de cercar e isolar Petrogrado exigirá, naturalmente, as correspondentes mudanças, que você realizará na ocasião».

“Last night in the Council of Defence we adopted a decision of the Council and sent it to you in code […].

As you see, your plan has been adopted.

But the withdrawal of the Petrograd workers to the south, of course, is not rejected (it is said that you expanded on this to Krasin and Rykov); to talk about this prematurely would mean diverting attention from the struggle to the last.

The attempt to envelop and cut off Petrograd, of course, will call for corresponding changes, which you will carry out on the spot.”



[71] No Mar Negro, perto de Ekaterinodar (a actual Krasnodar) | In the Black Sea, close to Ekaterinodar (today’s Krasnodar).



[72] J.V. Stalin, The Military Situation In The South, January 7, 1920.



[73] O General Borius, comandante da 156ª Divisão de Infantaria Francesa, que chegou primeiro a Odessa «geralmente saudado pelas classes proprietárias e conservadoras», anunciou numa proclamação que os Aliados haviam chegado à Rússia «para dar aos elementos saudáveis ​​e patrióticos a possibilidade de restaurar a ordem». [16]

General Borius, commander of the 156th Division of the French Infantry, who was first to arrive to Odessa “generally greeted by the propertied and conservative classes”, announced in a proclamation that the Allies had arrived in Russia “in order to give the healthy and patriotic elements the possibility to restore order.” [16]



[74] O jornal era confeccionado numa pedreira abandonada fora da cidade | The newspaper was printed in an abandoned quarry outside the city.



[75] No verão de 1919, os britânicos mantinham-se perto do Don e intervieram no apoio à revolta cossaca. Os britânicos e italianos, que tinham ocupado a Geórgia e o Azerbaijão, retiraram-se para Tiflis e Batum. Por fim, mantiveram-se apenas em Batum que evacuaram em Julho de 1920 quando o poder soviético era vencedor em todas as principais frentes.

The British remained close to the Don in the summer of 1919 and they intervened there supporting the Cossack uprising. British and Italians, who had occupied Georgia and Azerbaijan, withdrew to Tiflis and Batum. They finished up in Batum alone, which they evacuated in July 1920 when Soviet power had wined in all major fronts.



[76] Desde séculos os Czares tinham favorecido com mais terra os cossacos que os camponeses russos, com vista a garantir a sua lealdade ao poder central, defendendo a Rússia de ataques externos. Os territórios cossacos gozavam também de certa autonomia e organização hierárquica própria, segundo um modelo militar. As aldeias cossacas estavam organizadas em stanizas, cada uma com a sua assembleia da população cossaca masculina e o seu chefe militar eleito, o ataman, responsável pelo treino militar e as convocações para o serviço armado. Os cossacos viam-se a si próprios como uma casta especial de agricultores e guerreiros – cavaleiros com sabre –independentes, ciosos das suas tradições e independência, olhando com desprezo para o mujique (camponês) russo. Desprezo misturado com o receio – durante a revolução -- de uma lei agrária que repartisse igualmente a terra com os mujiques. Entretanto, nas stanizas, vinha-se agravando a diferenciação de classes entre camponeses ricos e pobres, levando muitos destes últimos a apoiar os bolcheviques.

For centuries the Tsars had favored the Cossacks with more land, than the one hold by the Russian peasants, with a view on guaranteeing their allegiance to the central power, defending Russia from outside attacks. The Cossack territories also enjoyed a certain degree of autonomy with their own hierarchical organization, following a military model. The Cossack villages were organized in stanitzas, each with their own assembly of the male Cossack population and their elected military headman, the Ataman, responsible for the military training and convocations for armed service. The Cossacks saw themselves as a special caste of independent farmers and warriors – saber armed horsemen – zealous of their traditions and independence, looking with contempt the Russian muzhik (peasant). Contempt mixed with fear – during the revolution – of a land decree that would equally share the land with the muzhiks. In the meantime, the class differentiation between rich and poor peasants in the stanitzas was becoming increasingly strong, and many of the poor peasants came to support the Bolsheviks.



[77] J.V. Stalin, Letter To V. I. Lenin From The Southern Front, October 15, 1919.

Na carta Estaline critica acerbamente o Grande Quartel-General (logo, Trotski), por propor um plano que assumia um agrupamento de forças que já não existia, e por ter dado instruções a um corpo especial de infantaria e artilharia (de V.I. Shorin) «de avançar da área de Tsaritsine para Novorosisk, através das estepes do Don, por um itinerário que poderá ser útil para ser sobrevoado pelos nossos aviadores, mas ao longo do qual a nossa infantaria e artilharia achará bastante impossível romper. Não é necessário provar que esta louca campanha (em projecto) através de um território hostil e onde não há absolutamente nenhumas estradas, nos ameaça com desastre total. Não deverá ser difícil compreender que uma tal campanha contra aldeias cossacas, conforme mostrou a experiência recente, só pode levar os cossacos a juntarem-se a Denikin e contra nós, em defesa das suas aldeias, só pode alçar Denikin como o salvador do Don, só pode criar um exército cossaco para Denikin, logo, só pode fortalecer Denikin».

Stalin bitterly criticized the General Headquarters (and, therefore, Trotsky) for putting forward a plan that assumed a no longer existing grouping of forces, and for having issued instructions to a special infantry and artillery corps (of V.I. Shorin) to advance from the Tsaritsyn area on Novorossiisk through the Don steppe by a line along which it may be convenient for our aviators to fly, but along which our infantry and our artillery will find it quite impossible to plod. It does not need to be proved that this insane (projected) campaign through a hostile environment and where there are absolutely no roads threatens us with utter disaster. It should not be difficult to understand that such a campaign against Cossack villages, as recent experience has shown, can only rally the Cossacks around Denikin and against us in defence of their villages, can only serve to set up Denikin as the saviour of the Don, can only create a Cossack army for Denikin, that is, can only strengthen Denikin.



[78] J.V. Stalin, Telegram To V. I. Lenin, October 25, 1919.

«Os Corpos de Cavalaria de Shkuro e Mamontov, criados depois de longo esforço pela Entente e Denikin como a espinha dorsal da contra-revolução, foram completamente desbaratados em Voronej pelo Corpo de Cavalaria do camarada Budionny. Voronej está nas mãos fos heróis vermelhos.

Foi capturado um grande volume de troféus que estão agora a ser contados. Já foi verificado que todos os comboios blindados pessoalmente nomeados pelo inimigo foram capturados; o comboio blindado do General Shkuro foi o primeiro deles. Continua a perseguição do inimigo em debandada. A aura de invencibilidade criada em torno dos nomes dos Generais Mamontov e Shkuto foi estilhaçada graças ao valor dos heróis vermelhos do Corpo de Cavalaria do camarada Budionny».

“The Cavalry Corps of Shkuro and Mamontov, created after such long effort by the Entente and Denikin as the backbone of the counter-revolution, have been utterly routed at Voronezh by Comrade Budyonny’s Cavalry Corps. Voronezh is in the hands of the Red heroes.

A mass of trophies has been captured and is now being counted. It is already ascertained that all the enemy’s personally named armoured trains have been captured, the General Shkuro Armoured Train first among them. Pursuit of the routed enemy continues. The halo of invincibility created around the names of Generals Mamontov and Shkuro has been shattered by the valour of the Red heroes of Comrade Budyonny’s Cavalry Corps.”



[79] Lenine, A Situação Actual e as Tarefas Imediatas do Poder Soviético, 4 de Julho de 1919.

Lenin, The Present Situation And The Immediate Tasks Of Soviet Power, July 4, 1919.



[80] J.V. Stalin, The Situation on the South-Western Front, Ukrainian ROSTA Interview, June 24, 1920.

«A Entente calculava, evidentemente, que no momento em que o Exército Vermelho adquirisse vantagem sobre os polacos e começasse a avançar, Wrangel apareceria na retaguarda dos nosso exércitos e perturbasse todos os planos da Rússia Soviética. A ofensiva de Wragel facilitou sem dúvida a posição dos polacos, mas praticamente não há razões para acreditar que Wrangel consiga romper a retaguarda dos nossos exércitos no ocidente».

 “The Entente evidently calculated that at the moment when the Red Army overwhelmed the Poles and began to advance, Wrangel would appear in the rear of our armies and upset all Soviet Russia’s plans. Undoubtedly, Wrangel’s offensive has considerably eased the position of the Poles, but there is scarcely reason to believe that Wrangel will succeed in breaking through to the rear of our Western armies.”



J.V. Stalin, To All Party Organisations, Draft Letter of the C.C., R.C.P.(B.), July 1920.

«Temos informações de que em torno de Wrangel se reuniu um grupo de generais experientes e corta-gargantas desesperados que não recuarão perante nada.

Os soldados de Wrangel estão esplendidamente arregimentados, lutam desesperadamente, e preferem suicidar-se a renderem-se.

As forças de Wrangel estão tecnicamente melhor equipadas do que as nossas; continua até hoje o fluxo proveniente do Ocidente de tanques, carros blindados, aviões, munições e indumentária, apesar da afirmação britânica de que foi descontinuado.

[…]

A Crimeia tem de ser restaurada à Rússia a todo o custo, caso contrário a Ucrânia e o Cáucaso serão sempre ameaçados por inimigos da Rússia Soviética.

O Comité Central encarrega-vos da tarefa de intensificar a agitação de massas segundo as linhas desta carta circular e de imediatamente tomar medidas para enviar regularmente comunistas para a Frente da Crimeia, mesmo que com prejuízo de outras frentes».



(Lenine escreveu nesta proposta de carta a seguinte nota dirigida ao Secretário do CC do PCR(b): «Estou a favor da sua circulação imediata como algo que não oferece dúvidas»)



“We have information to the effect that around Wrangel have gathered a group of experienced and desperate cut-throat generals who will stop at nothing.

Wrangel’s soldiers are splendidly enregimented, fight desperately and prefer suicide to surrender.

Technically, Wrangel’s forces are better equipped than ours, the flow of tanks, armoured cars, aircraft, cartridges and clothing from the West is continuing to this day, despite Britain’s assertion that it has been discontinued.

[…]

The Crimea must be restored to Russia at all costs, otherwise the Ukraine and the Caucasus will always be menaced by Soviet Russia’s enemies.

The Central Committee charges you with the duty of intensifying mass agitation on the lines of this circular letter and of immediately arranging for the regular dispatch of Communists to the Crimean Front, even at the expense of other fronts.”



(Lenin wrote on this draft letter the following minute, addressed to the Secretary of the C.C., R.C.P.(B.): “I am in favour of its immediate circulation as something indisputable.”)