- Os Planos Imperialistas Pós
1.ª GM
- Preparativos
- A Campanha do Norte
- A Campanha do Leste até Abril
de 1919
- Questões Militares
- A Derrota de Koltchak
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- The Imperialist
Plans Post WWI
- Preparations
- The Northern Campaign
- The Eastern
Campaign until April 1919
- Military Issues
- The Defeat of Kolchak
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Os Planos Imperialistas Pós 1.ªGM
Com o fim da
1.ª GM os Aliados ficaram com as mãos livres para se concentrarem abertamente
no ataque à RSFSR sem a desculpa de estarem a combater os alemães. Em Janeiro
de 1919 os «Quatro Grandes» – Woodrow Wilson, D. Lloyd George, Georges
Clemenceau e Vittorio Orlando – reuniram-se na «Conferência de Paz» de Paris.
A «Conferência de Paz» não tratou da paz, mas sim da guerra à RSFSR. Woodrow
Wilson, com o apoio ténue de Lloyd George, ainda avançou com planos de paz de
que o CCP teve conhecimento e aceitou [46], mas logo depois os elementos mais
reaccionários da «Conferência de Paz» -- Clemenceau, Marechal Foch, embaixador
Noulens e Orlando – repeliram tais planos. Entretanto, Winston Churchill substituiu
Lloyd George e encabeçou o bloco mais reaccionário dos Aliados. Para Churchill
«o momento não era propício» para a paz com a Rússia. (Ao contrário da versão
corrente da historiografia imperialista, Churchill foi uma dos políticos mais
reaccionários e sinistros do Ocidente [47].)
Para além das
habituais motivações imperialistas (exportação de capitais, controlo de
mercados, controlo de territórios [48], etc.) e receio do efeito de contágio
do bolchevismo, os Quatro Grandes e o Japão tinham interesses específicos. Os
EUA interessavam-se pelos recursos e portos da Sibéria. O Japão disputava
cautelosamente com os EUA os portos da Sibéria e desejava controlar
permanentemente a Sibéria Oriental, a leste do lago Baikal, o que lhe asseguraria
um maior controlo sobre a Manchúria e a China. A França e RU queriam forçar a
devolução dos empréstimos concedidos à Rússia (czarista e dos governos
provisórios) e a reversão das nacionalizações das suas empresas [49].
Para os
dirigentes imperialistas já não bastavam as insurreições e tomada de cidades
como em 1918, com formação de «governos» locais de SRs e mencheviques.
Planeavam grandes ofensivas convergindo para Moscovo, lideradas por ex-Generais
czaristas como ditadores militares, impondo a «ordem» à frente dos exércitos
brancos. O tempo dos governos rebeldes de SRs e mencheviques, ditos da
«Assembleia Constituinte», tinha passado. O fim almejado dos ditadores
brancos, aprovados pelo RU e França, e com aquiescência dos EUA e Japão, era
o regresso aos bons velhos tempos do czarismo. O partido Cadete, emigrados,
nobres e kulaks apoiavam esses
planos.
O RU e a França
estavam dispostos a financiar generosamente os ditadores e a fornecer-lhes armas,
equipamento e homens. Quanto a este último aspecto, porém, as populações do
RU e França estavam cansadas de guerra e os trabalhadores tinham-se
manifestado contra os ataques à RSFSR. Os líderes ingleses e franceses,
principalmente estes últimos [50], contavam com a participação de outros
países e obtiveram-na. Corpos de exército polacos [51], finlandeses, sérvios,
romenos, e gregos participaram na cruzada ocidental. Os checos e chineses
intervieram na Sibéria. Os turcos controlavam parte importante do Cáucaso.
Na Alemanha
decorria uma revolução social que veio a ser barbaramente esmagada pelos
sociais-democratas alemães em Abril-Maio de 1919. Os sociais-democratas e
outros partidos burgueses alemães sentiram-se então livres para, em conjunto
com os Quatro Grandes, participarem no ataque à RSFSR. (Apesar de, para a
opinião pública alemã, gritarem muito contra o Tratado de Versalhes.) O Alto
Comando Alemão conservara 100.000 homens (a «Reichswehr Negra»), permitidos
pelo «inimigo» Marechal Foch para esmagar a revolução alemã. Do Alto Comando
fazia parte o já nosso conhecido General Max Hoffmann que contactou Foch
(agora, já «amigo») apresentando-lhe um plano segundo o qual o exército
alemão marcharia sobre Moscovo e aniquilaria o bolchevismo «pela raiz». Foch
aprovou o plano desde que se mobilizasse toda a Europa de Leste contra a
RSFSR e o exército francês marchasse à cabeça do alemão contra Moscovo.
Assim, a RSFSR
iria enfrentar mais uma dura prova de invasão
e guerra não declarada de 14 países. Quanto a isto, Churchill inseriu num
livro seu uma «alegre» tirada do mais puro cinismo [16]: «Estavam eles [os
Aliados] em guerra com a Rússia? Claro que não; mas disparavam sobre os
russos soviéticos à vista. E davam armas aos inimigos do governo soviético. E
bloqueavam os seus portos e afundavam os seus navios de guerra. E desejavam e
planeavam com fervor o seu derrube. Mas guerra – chocante! Interferência –
vergonha! Era para eles indiferente, repetiam, a forma como os russos resolviam
os seus próprios assuntos internos. Eles [os Aliados] eram imparciais – Bang!
Ao mesmo tempo, parlamentários e negociações».
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The Imperialist Plans Post WWI
With the end of WWI, the Allies could concentrate their attentions on openly attacking
the RSFSR without the excuse of fighting the Germans. In January 1919 the “Big
Four” -- Woodrow Wilson, D. Lloyd George, Georges Clemenceau and Vittorio
Orlando -- met at the “Peace Conference” in Paris. The “Peace Conference” did
not deal with peace, but with the war against the RSFSR. Woodrow Wilson, with
the mild support of Lloyd George, still advanced peace plans that the CPC came
to know and accepted [46], but soon after the most reactionary elements of
the "Peace Conference" -- Clemenceau, Marshal Foch, Ambassador
Noulens and Orlando -- repelled such plans. In the meantime, Winston
Churchill replaced Lloyd George and headed the most reactionary Allied bloc.
For Churchill "the moment was not propitious" for peace with
Russia. (Contrary to the current version of imperialist historiography,
Churchill was one of the West's most reactionary and sinister politicians
[47].)
In
addition to the usual imperialist motivations (export of capital, control of
markets, control of territories [48], etc.), and fear of the contagious
effect of Bolshevism, the Big Four and Japan also had specific interests. The
US was interested in the Siberian resources and harbors. Japan cautiously
disputed with the US the harbors of Siberia and wanted to permanently control
the Eastern Siberia -- east of Lake Baikal --, which would assure her a
greater control over Manchuria and China. France and UK wanted to enforce the
restitution of loans conceded to Russia (tsarist and provisional governments)
and to reverse the nationalization of their enterprises [49].
Insurrections
and city seizures, as in 1918, with the formation of local
"governments" of SRs and Mensheviks were no longer a solution for
the imperialist leaders. They were planning major offensives converging to
Moscow, led by former Tsarist Generals as military dictators, imposing the
"order" as leaders of the White armies. The time of the rebel
governments of SRs and Mensheviks, called of the "Constituent
Assembly", had passed. The aimed goal of the White dictators, endorsed
by the UK and France, and with US and Japanese acquiescence, was a return to
the good old days of Tsarism. The Cadet party, émigrés, nobles and kulaks
stood by those plans.
UK
and France were willing to generously finance the dictators and supply them weaponry,
equipments and men. On this latter point, however, the peoples of the UK and
France were weary of war and the workers had demonstrated against the attacks
on the RSFSR. The English and French leaders, especially the latter [50],
counted on the participation of other countries and they got hold of it.
Polish [51], Finnish, Serbian, Romanian, and Greek army units participated in
the Western crusade. The Czechs and Chinese intervened in Siberia. The Turks
controlled an important part of the Caucasus.
In
Germany a social revolution was unfolding which ended barbarously crushed by
the German Social-Democrats in April-May 1919. The Social-Democrats and other
German bourgeois parties felt then free to join forces with the Big Four to
participate in the attack to the RSFSR. (In spite of the fact that for the
sake of the German public opinion they shouted a lot against the Treaty of
Versailles.) The German High Command had kept 100,000 men (the "Black
Reichswehr") allowed by the "enemy" Marshal Foch to crush the
German revolution. A member of the High Command was our well-known General
Max Hoffmann who contacted Foch (now, already a "friend"),
presenting him a plan according to which the German army would march to
Moscow and annihilate Bolshevism "by the roots". Foch approved the
plan provided the whole Eastern Europe would be mobilized against the RSFSR
and the French army would lead at the head of the German army against Moscow.
This
way, the RSFSR was going to yet face another ordeal of invasion and undeclared warfare from 14 countries. On this
respect, Churchill inserted in a book of his a "merry" tirade of
the purest cynicism [16]: “Were they [the Allies] at war with Soviet
Russia? Certainly not; but they shot Soviet Russians at sight. They armed the
enemies of the Soviet Government. They blockaded its ports and sunk its
battleships. They earnestly desired and schemed its downfall. But war —shocking!
Interference — shame! It was, they repeated, a matter of indifference to them
how Russians settled their own internal affairs. They [the Allies] were
impartial — Bang! And then at the same time: parley and try to trade.”
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Preparativos
A estratégia
dos generais brancos e dos intervencionistas era mover os seus exércitos a
partir de cinco frentes [52] cujos comandantes eram:
-- Frente
Leste: Almirante Koltchak (Alexander Vassilievitch), ex-comandante naval
czarista vindo do Japão. Escolhido pelo General checo Gaida [53], comandante
da legião checa, com apoio de Churchill e do General Graves, comandante da
Força Expedicionária Americana na Sibéria (chegada a Vladivostok a 1 de
Setembro de 1918). Missão aprovada por conselheiros franceses e britânicos, e
Departamento de Estado dos EUA: organizar um grande exército de ocupação da
Sibéria e Leste da Rússia Europeia, e com exércitos interven-cionistas, avançar
sobre Moscovo pelo Leste.
-- Frente Sul:
General Denikin (Anton), ex-oficial czarista que já referimos no artigo
anterior. Escolhido por Churchill e franceses. Missão aprovada por Churchill,
franceses e representantes dos brancos: a partir de bases do Cáucaso e Mar
Negro, com amplo apoio e reforço dos franceses, romenos e gregos, apoderar-se
dos territórios economicamente vitais da Ucrânia e do Don e subir o Volga em
direcção a Moscovo [54].
-- Frente Norte:
Capitão Tchaplin (Georgy Ermolaevitch), ex-oficial czarista, e General
Frederick Poole, britânico, Comandante-Chefe das Forças Aliadas do Norte da
Rússia. Escolhidos pelos Aliados. Missão: marchar de Arcangel sobre Petrogrado
e Moscovo.
-- Frente Noroeste:
General Yudenitch (Nikolai), ex-General czarista e amigo do espião britânico Sidney Reilly. Escolhido por Churchill. Missão aprovada pelo
governo britânico: conduzir a partir dos países bálticos, com apoio de
exércitos do Leste Europeu, uma ofensiva sobre Petrogrado.
-- Frente
Ocidental: exércitos polacos do General Pilsudski, sob liderança de oficiais
franceses. Missão: ocupar o norte da Ucrânia e a Bielorrússia e marchar sobre
Moscovo.
A fim de preparar esta imensa ofensiva numa guerra não declarada contra a RSFSR,
«Uma campanha violenta e fantástica de propaganda anti-soviética varria a
Europa e América na primavera de 1919. O London
Daily Telegraph reportou um "reinado de terror" em Odessa
acompanhado por uma "semana de amor livre". O New York Sun destacou: “Feridos Mutilados pelos Vermelhos com Machados”.
O New York Times relatou: "A
Rússia sob os Vermelhos é uma Gigantesca Casa de Loucos... Vítimas que escaparam
dizem que maníacos as perseguiram. Alucinados pelas ruas de Moscovo... Lutam
com cães por carniça”. Toda a imprensa mundial, de Aliados e de alemães,
publicaram “documentos autênticos” fraudulentos, mostrando que na Rússia
“jovens mulheres e meninas das classes burguesas” estavam a ser “confiscadas
e entregues aos quartéis... para as necessidades dos regimentos de
artilharia!”». Além disso, «Qualquer um que ousasse questionar a campanha
anti-soviética era automaticamente denunciado como “bolchevique”» [1].
Esta propaganda anti-soviética decorria
quase sem oposição porque «[…] os territórios soviéticos tinham sido
completamente isolados do mundo exterior. Nenhum telegrama podia ser enviado
para qualquer país Aliado, nenhuma mensagem de rádio de Moscovo era captada
por qualquer estação. Nenhum jornal da Europa Ocidental podia ser obtido, e --
o pior de tudo -- não havia meio de explicar ao mundo exterior o que estava a
acontecer na Rússia, quão terrivelmente a República Soviética estava a ser
difamada pelos mercenários das agências de imprensa Aliadas, quão
traiçoeiramente estava a ser atacada, bloqueada e submetida à fome por
hipócritas de falinhas mansas, com frases untuosas nos lábios sobre a "não
interferência nos assuntos internos da Rússia". Mesmo os governos dos
países neutros foram forçados pela pressão da Entente a expulsar os representantes
diplomáticos soviéticos» [11].
Churchill, como Secretário da Guerra
britânico, assumiu o papel oficioso de comandante supremo dos exércitos
anti-soviéticos. Durante a primavera de 1919, ele e o chefe da espionagem
britânica Samuel Hoare (outra figura sinistra) receberam como emissários
especiais da Rússia o almirante Koltchak, o general Denikin e outros líderes dos
brancos – considerados «Russos democráticos» --, para elaborar os
preparativos finais em conversações altamente secretas. Nas reuniões estiveram
também presentes outros «democratas»: o Príncipe Lvov, o terrorista SR B.
Savinkov, o ministro czarista dos Negócios Estrangeiros, Sazonov
(representante em Paris de Koltchak e Denikin) e o Tenente-General Golovin,
«Representante Oficial dos Exércitos Brancos Russos" no Gabinete de
Guerra Britânico. Churchill comprometeu-se a equipar os exércitos brancos.
O RU foi de longe o maior financiador do
intervencionismo imperialista. Segundo Churchill, o RU dispendeu em toda a
intervenção na RSFSR 100 milhões de libras (cerca de 441 milhões de US$ em
1919, correspondendo a cerca de 6,3 mil milhões de US$ de 2017 [18]).
A 5 de Maio
Golovin conversou com Churchill. Este prometeu-lhe 10.000 «voluntários»
(muitos da Índia e do Canadá) para a campanha do Norte – reforços
urgentemente necessários dada a desmoralização nos contingentes britânico e
americano --, e 2.500 «voluntários» britânicos como instrutores militares e
especialistas técnicos para Denikin. Disse que o RU destinaria £ 24.000.000
às várias frentes anti-soviéticas, e armamento adequado para equipar os 100.000
homens de Yudenitch na marcha sobre Petrogrado. Seriam ainda tomadas
providências para que 500 ex-oficiais czaristas, prisioneiros de guerra na
Alemanha, fossem transferidos para Arcangel a expensas britânicas. Segundo
Golovin, a ajuda britânica excedeu as suas expectativas [55].
A França deu
muito menos ajuda material aos brancos que a Inglaterra. O único empreendi-mento
independente da França, em Odessa, terminou em fiasco. A França deu, contudo,
grande apoio diplomático aos brancos. Reconheceu formalmente o governo de
Koltchak como o «governo nacional de toda a Rússia». Em 27 de Maio,
Clemenceau, em nome do Supremo Conselho Aliado, enviou uma nota a Koltchak em
que propunha apoiar o seu governo enviando munições, suprimentos e alimentos,
desde que – cláusula de propaganda para a opinião pública -- «os governos Aliados
tenham provas de que estão realmente a ajudar o povo russo a alcançar a
liberdade, o auto-governo e a paz». [16] Veremos depois como Koltchak cumpriu
esta cláusula.
«De acordo com as estatísticas do Estado-Maior
da Rússia, as forças intervencionistas em Fevereiro de 1919 atingiram um
total de 300.000 homens. Destes, 50.000 homens compunham o exército do norte,
enquanto tropas franco-gregas totalizando 20.000, juntamente com 7.000
americanos, ocupavam a costa do Mar Negro. Havia 40 mil homens no sector
finlandês e outros 37 mil na Estónia e na Letónia. As forças polacas somavam
64.000 e as Checoslovacas 40.000. Os japoneses enviaram três divisões e,
finalmente havia 31.000 alemães baltas. Estes números não incluem os
marinheiros das frotas britânica e francesa nos mares Báltico e Negro» [29].
No final de
1918 a situação não era desfavorável para o Exército Vermelho. Para além das vitórias
alcançadas desde Agosto, havia outros factores favoráveis: tinham ocorrido
revoluções populares na Ucrânia, Don e países bálticos. Na Ucrânia, os
camponeses que haviam sofrido a opressão brutal de Skoropadsky e dos grandes
latifundiários russos e polacos apoiados pelos generais prussianos, revoltaram-se.
A traição da Rada tinha-a desacreditado tal como os slogans nacionalistas. A
segunda república soviética ucraniana foi proclamada em Kharkov. Krasnov
tinha fugido do Don e com Skoropadsky foi para a Alemanha. Pequenas forças
das tropas vermelhas, unidas aos elementos vermelhos dos cossacos, tomaram
Novotcherkassk. Alexeiev morrera no final de 1918 e o Exército Voluntário foi
encabeçado por Denikin, confinado a uma pequena faixa nas estepes do noroeste
do Cáucaso. Nos países bálticos insurreições de operários e camponeses criaram
repúblicas soviéticas.
Entretanto, face
à ameaça da intervenção com forças poderosas o CCP tomou medidas. Desde o
início de 1919 procurou febrilmente elevar o Exército Vermelho de 600.000 para
1,5 milhão de homens. Um número crescente de trabalha-dores foi recrutado. As
escolas de oficiais continuaram a formar comandantes das classes trabalhadoras,
que começaram gradualmente a substituir oficiais do antigo exército.
Constituiu-se um Conselho Supremo Revolucionário de Defesa que controlava
todas as frentes do Exército Vermelho, estendendo-se por mais de 12.000 km.
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Preparations
The strategy of the White generals and the interventionists was to move their armies from five fronts [52] whose commanders were:
--
Eastern Front: Admiral Kolchak (Alexander Vassilievich), former Tsarist naval
commander who came from Japan. He was chosen by the Czech General Gayda [53],
commander of the Czech legion, with support from Churchill and General
Graves, commander of the American Expeditionary Force in Siberia (arrived to
Vladivostok on September 1, 1918). Mission approved by the French and British
advisers and the US Department of State: to organize a large occupation army of
Siberia and Eastern European Russia, and with interventionist armies, to advance
over Moscow from the East.
--
South Front: General Denikin (Anton), former Tsarist officer already
mentioned in the previous article. Chosen by Churchill and the French.
Mission approved by Churchill, French and representatives of the Whites: from
the Caucasus and Black Sea bases, with broad support and reinforcements of
the French, Romanians and Greeks, to seize the economically vital territories
of Ukraine and Don and advance up the Volga toward Moscow [54].
--
North Front: Captain Chaplin (Georgy Ermolaevitch), former Tsarist officer,
and General Frederick Poole, British, Commander-in-chief of the Allied Forces
of Northern Russia. Chosen by the Allies. Mission: to march from Archangel
over Petrograd and Moscow.
--
Northwest Front: General Yudenitch (Nikolai), former Tsarist General and
friend of the British spy Sidney Reilly. Chosen by Churchill. Mission
approved by the British government: to lead from the Baltic countries, with
the support of Eastern European armies, an offensive on Petrograd.
--
Western Front: Polish armies of General Pilsudski, under the leadership of
French officers. Mission: to occupy northern Ukraine and Belarus and to march
over Moscow.
In
order to prepare this immense offensive in
an undeclared war against the RSFSR, “A
violent and fantastic campaign of anti-Soviet propaganda was sweeping Europe
and America in the spring of 1919. The London Daily Telegraph reported
a ‘reign of terror’ in Odessa accompanied by a ‘free love week.’ The New
York Sun headlined: ‘Wounded Mutilated by Reds with Axes.’ The New
York Times reported: ‘Russia Under Reds a Gigantic Bedlam... Escaped
Victims say maniacs Stalk Raving through the streets of Moscow... Fight Dogs
for Carrion.’ The entire world press, Allied and German alike, published
fraudulent ‘authentic documents’ showing that in Russia ‘young women and
girls of the bourgeois classes’ were being ‘commandeered and delivered to the
barracks... for the needs of artillery regiments!’” In addition, "Anyone who dared
to question the anti-Soviet campaign was automatically denounced as a ‘Bolshevik’".
[1]
This
anti-Soviet propaganda was almost unopposed because "[...] the Soviet territories were completely cut off
from the outer world. No telegrams could be sent to any Allied country, no
radio message from Moscow was taken up by any wireless station. No newspaper
could be obtained from Western Europe, and -- worst of all -- there was no
means of explaining to the outer world what was going on in Russia, how
grievously the Soviet Republic was being libelled by the hirelings of the
Allied press agencies, how treacherously she was being attacked, blockaded
and starved by mealy-mouthed hypocrites with unctuous phrases on their lips
about ‘non-interference in the internal affairs of Russia.’ Even the
Governments of the neutral countries had been forced by the pressure of the
Entente to expel the Soviet diplomatic representatives" [11].
Churchill,
as British Secretary of War, assumed the officious role of supreme commander
of the anti-Soviet armies. During the spring of 1919, he and the British
espionage chief Samuel Hoare (another sinister figure) received, as special
emissaries of Russia, Admiral Kolchak, General Denikin, and other White
leaders – appraised as "democratic Russians" --, for the purpose of
elaborating on the final preparations in highly secretive talks. Other
"democrats" were also present at the meetings: Prince Lvov, the SR terrorist
B. Savinkov, the Tsar’s Foreign Minister Sazonov (representative of Kolchak
and Denikin in Paris) and the Lieutenant-General Golovin, "Official
Representative of the White Russian Armies" in the British War Cabinet.
Churchill committed himself to equipping the White armies.
UK
was by far the biggest financier of the imperialist interventionism.
According to Churchill, the UK spent over £ 100 million on the whole
intervention against RSFSR (about US$ 441 millions in 1919, corresponding to
about US$ 6.3 billions in 2017 [18]).
On
May 5 Golovin talked with Churchill. Churchill promised 10,000
"volunteers" (many from India and Canada) for the Northern Campaign
– in urgent need of reinforcements given the plummeting morale of the British
and American contingents -- and 2,500 British "volunteers" as
military instructors and technical experts for Denikin. He further said that
the UK would allocate £ 24,000,000 to various anti-Soviet fronts, and
adequate armament to equip Yudenich's 100,000 men in their march over
Petrograd. Arrangements would also be made for 500 former Tsarist officers,
prisoners of war in Germany, to be transferred to Archangel at British
expense. According to Golovin, British aid exceeded his expectations [55].
France
gave much less material aid to the Whites than Britain. The only independent undertaking
of France, in Odessa, ended in complete fiasco. France, however, gave great
diplomatic support to the Whites. She formally recognized Kolchak’s
government as the "all Russia national government”. On 27 May,
Clemenceau, on behalf of the Supreme Allied Council, sent a note to Kolchak
proposing to support his government by sending ammunition, supplies and food,
as far as -- a propaganda clause for the public opinion -- "Allied
governments have proof that they are really helping the Russian people to achieve
freedom, self-government, and peace." [16] We shall see later how Kolchak
fulfilled this clause.
"According to the statistics of the Russian
General Staff, the interventionist forces in February 1919 reached a total of
300,000 men. Of these, 50,000 men composed the northern army, while
Franco-Greek troops to the number of 20,000 along with 7,000 Americans,
occupied the Black Sea coast. There were 40,000 men in the Finnish sector and
another 37,000 in Estonia and Latvia. The Polish forces numbered 64,000 and
the Czechoslovaks 40,000. The Japanese sent three divisions, and finally
there were the 31,000 German Balts. These figures do not include the sailors
of the British and French Fleets in the Baltic and Black Seas” [29].
By
the end of 1918 the situation was not unfavorable for the Red Army. In
addition to the victories achieved since August, there were other favorable
factors: popular revolutions had occurred in Ukraine, the Don and the Baltic
countries. In Ukraine the peasants, who had suffered the brutal oppression of
Skoropadsky and of the large Russian and Polish landowners supported by the
Prussian generals, stood up. The Rada's betrayal had discredited her and the
nationalist slogans. The second Ukrainian Soviet republic was proclaimed in
Kharkov. Krasnov had fled the Don and with Skoropadsky went to Germany. Small
forces of the Red troops, united to the red elements among the Cossacks, took
Novocherkassk. Alexeyev had died in the end of 1918 and the Volunteer Army
was now headed by Denikin, confined to a small strip in the Northwest steppes
of the Caucasus. In the Baltic countries insurrections of workers and
peasants had created Soviet republics.
Meanwhile,
faced with the threat of intervention by powerful forces the CPC took action.
From the beginning of 1919 it was feverishly sought to raise the Red Army
from 600,000 to 1.5 million men. An increasing number of workers were
recruited. Officer schools continued to form commanders from the working
classes, who gradually began to replace the officers of the old army. A
Supreme Revolutionary Defense Council was formed which controlled all Fronts
of the Red Army, which would extend for more than 12,000 km.
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A Campanha do Norte
Vimos na Parte I como os intervencionistas
avançaram em Julho de 1918 de Murmansk para Arcangel, fuzilando sumariamente
pelo caminho todos os opositores e líderes soviéticos que puderam apanhar. Os
britânicos tomaram medidas para impor um regime reaccionário. Enviaram
agentes dos serviços secretos que colaboraram com conspiradores SRs e o
ex-oficial czarista G. Tchaplin. A 3 de Agosto, após a tomada de Arcangel, os
britânicos, comandados pelo General Poole, instalaram um governo fantoche
encabeçado por N. Tchaikovski. A 5 de Setembro Tchaplin e oficiais russos
reaccionários conluiados com Poole depuseram o governo Tchaplin, considerado
demasiado liberal, instalando uma ditadura militar pró-monarquista. Para dar
um ar democrático ao governo, integraram alguns ex-ministros SR de Tchaikovski.
Em Setembro de
1918 um contingente de 4.500 tropas americanas desembarcou em Arcangel.
Americanos, britânicos e sérvios avançaram para Sul, ao longo do rio Dvina
Setentrional (N-S: Kotlas, Perm) e do rio Vaga (N-S: Shenkursk, Volsk,
Vologda). Queriam ligar com as forças brancas do Norte da Sibéria e ameaçar
Petrogrado. Depararam com forte oposição do 6.º Exército Vermelho e não
alcançaram Kotlas nem Volsk. Pediram reforços.
No início de 1919 as forças
intervencionistas compunham-se de: 18.400 britânicos (incluindo canadianos e
indianos), 5.100 americanos, 1.800 franceses, 1.200 italianos e 1.000
sérvios. O exército branco era de cerca de 20.000 homens. Um capitão do
contingente americano escreveu no seu livro de memórias que no exército
branco «todos eram oficiais»; havia inúmeros oficiais czaristas e oficiais
cossacos vestidos como em parada.
A crueldade de brancos e
intervencionistas era geral. Um participante americano escreveu [55]: «Usámos
bombas de gás nos bolcheviques», «Montámos todas as armadilhas que pudemos imaginar
quando evacuávamos as aldeias. Uma vez fuzilámos mais de trinta prisioneiros [...]
Quando prendemos o comissário de Borok, um sargento disse-me que deixou o
corpo dele na rua, despido e com dezasseis baionetadas. Entrámos de surpresa
em Borok, e o Comissário, um civil, não teve tempo de se armar [...] Ouvi um
oficial dizer repetidamente aos seus homens para não fazer prisioneiros, para
os matar mesmo se viessem desarmados [...] Vi um prisioneiro bolchevique
desarmado, que não estava a causar nenhum problema, abatido a sangue frio [...]
Noite após noite, o pelotão de fuzilamento escolhia os seus lotes de vítimas».
Sayers e Kahn [1]: «Uma companhia francesa matou todos os seus [prisioneiros]
feridos antes de uma súbita retirada» e «Os poucos americanos que foram
feitos prisioneiros foram bem tratados e propagandeados em Moscovo e logo
libertados».
O moral dos soldados intervencionistas
era baixo. Perguntavam-se por que estavam a lutar na Rússia quando a guerra tinha
terminado. As fricções entre britânicos, franceses e brancos tornaram-se cada
vez mais frequentes. Os motins começaram a irromper. Quando o 339.º regimento
de infantaria americano se recusou a obedecer a ordens, o Coronel reuniu as tropas
e leu os Artigos de Guerra especificando a morte como pena por um motim. Após
um momento de impressionante silêncio o Coronel perguntou se havia dúvidas.
Uma voz das fileiras perguntou: «V. Senhoria, para que estamos aqui e quais
são as intenções do governo dos Estados Unidos?» O Coronel não conseguiu
responder à pergunta [1]. Em fins de Julho um regimento russo no distrito de
Onega amotinou-se e entregou toda a frente de Onega aos bolcheviques. Nos EUA
crescia o protesto popular para retirar os soldados da Rússia.
Em 25 de
Janeiro de 1919 o 6.º Exército Vermelho desencadeou a contra-ofensiva
«operação Shenkursk» e liquidou o avanço inimigo. As tropas americanas e
canadianas fugiram de Shenkursk. Em Março de 1919 a retirada dos invasores
era geral. Em 30 de Março, a Companhia I do 339.º regimento de infantaria dos
EUA iniciou um leve motim. O general March prometeu a retirada de todas as
tropas americanas até Junho.
Em 30 de Junho
os últimos americanos foram evacuados. A intervenção custara US$ 3.000.000
(cerca de 43 milhões de US$ de 2017), 244 mortos e 305 feridos. Os britânicos
ainda procuravam avançar para Petrogrado mas enfrentaram grande resistência
da população russa farta da crueldade intervencionista. Um participante da
intervenção escreveu [56]: «Quando, noite após noite o pelotão de fuzilamento
escolhia os seus lotes de vítimas […] havia milhares de ouvidos atentos a
ouvir o ré-té-tét das metralhadoras […] Toda a vítima tinha amigos. Esses
amigos e seus amigos rapidamente se tornaram inimigos da Intervenção Militar.
Essa inimizade naturalmente significou bolchevismo, no que diz respeito à
Intervenção Militar». As perdas britânicas totais no norte da Rússia, onde tiveram
mais combates com as tropas soviéticas do que em outros teatros de
intervenção, foram oficialmente de 983, incluindo 327 mortos.
Os exércitos
brancos e intervencionistas entraram em decomposição. Em 27 de Julho, um
grupo de russos, recrutados pelos brancos, assassinou os seus oficiais
ingleses e russos e juntou-se ao Exército Vermelho. As deserções e motins
tornaram-se comuns. Arcangel foi abandonada em 27 de Setembro e Murmansk em
12 de Outubro. As forças soviéticas, ocupadas em outros lugares, só entraram
em Arcangel e Murmansk em Fevereiro de 1920.
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The Northern Campaign
We
saw in Part
I how
the interventionists advanced in July 1918 from Murmansk to Archangel,
summarily shooting along the way all the opponents and Soviet leaders they
could lay hands on. The British took steps to impose a reactionary regime.
They sent intelligence officers who collaborated with SR conspirators and the
former Tsarist officer G. Chaplin. On August 3, after the capture of Archangel,
the British, commanded by General Poole, installed a puppet government headed
by N. Tchaikovsky. On September 5, Chaplin and reactionary Russian officers colluded
with Poole deposed the Chaplin government, considered too liberal, and set up
a pro-monarchist military dictatorship. In order to give the government a
democratic appearance, some former SR ministers of Tchaikovsky were
integrated in the new government.
In
September 1918 a contingent of 4,500 American troops landed in Archangel. Americans,
British and Serbs progressed southwards, along the Northern Dvina river (N-S:
Kotlas, Perm) and the Vaga river (N-S: Shenkursk, Volsk, Vologda). They
wanted to link with the White forces of northern Siberia and threaten
Petrograd. They faced strong opposition from the 6th Red Army and didn’t
reach Kotlas nor Volsk. They asked reinforcements.
In
early 1919 the interventionist forces consisted of: 18,400 British (including
Canadians and Indians), 5,100 Americans, 1,800 French, 1,200 Italians and
1,000 Serbs. The White army was of about 20,000 men. A captain of the
American contingent wrote in his memoirs that in the White army "everyone
was an officer"; there were countless Tsarist officers and Cossack
officers dressed as for a parade.
The
cruelty of the Whites and interventionists was generalized. One American
participant wrote: "We used gas shells on the Bolsheviks”, “We fixed all the booby
traps we could think of when we evacuated villages. Once we shot more than
thirty prisoners [...] And when we caught the Commissar of Borok, a sergeant
tells me he left his body in the street, stripped, with sixteen bayonet
wounds. We surprised Borok, and the Commissar, a civilian, did not have time
to arm himself [...] I have heard an officer tell his men repeatedly to take
no prisoners, to kill them even if they came in unarmed [...] I saw a
disarmed Bolshevik prisoner, who was making no trouble of any kind, shot down
in cold blood [...] Night after night the firing squad took out its batches
of victims.” Sayers and Kahn [1]: “One
French company killed all its wounded [prisoners] before a sudden retirement.”
and “The few Americans taken prisoner were pampered and propagandized in
Moscow and soon liberated."
The
morale of the interventionist soldiers was low. They wondered why they should be
fighting in Russia when the war was over. Frictions between British, French,
and Whites became more and more frequent. Mutinies began to break out. When
the American 339th infantry regiment refused to obey orders, the Colonel assembled
the troops and read the Articles of War specifying death as a penalty for a mutiny.
After a moment of impressive silence the Colonel asked if there were any
doubts. A voice from the ranks spoke up: "Sir, what are we here for, and what are
the intentions of the United States Government?" The Colonel could not answer
the question. At the end of July a Russian regiment in the Onega district
mutinied and handed over the entire Onega Front to the Bolsheviks. In the US,
popular protest was mounting to withdraw soldiers from Russia.
On
January 25, 1919 the 6th Red Army unleashed the counter-offensive
"Operation Shenkursk" and liquidated the enemy advance. American
and Canadian troops fled from Shenkursk. In March 1919 the withdrawal of the
invaders was general. On March 30, Company I of the 339th US Infantry
Regiment began a mild mutiny. General March promised to withdraw all US
troops by June.
On
June 30 the last Americans were evacuated. The intervention had cost US$
3,000,000 (about 43 million US$ of 2017), 244 dead and 305 injured. The
British were still seeking to advance to Petrograd, but they faced great
resistance from the Russian population that had had enough of the
interventionist cruelty. As one
participant of the interventionists wrote [56]: “When night after night the
firing squad took out its batches of victims […] there were thousands of
listening ears to hear the rat-tat-tat of machine guns […] Every victim had
friends. These friends and their friends rapidly were made enemies of the
Military Intervention. And this enmity naturally spelled Bolshevism, as far
as the Military Intervention was concerned.” The total British losses in
North Russia, where there was more direct fighting with the Soviet troops
than in other theatres of intervention, were officially stated as 983,
including 327 killed.
The White
and interventionist armies entered into decomposition. On July 27, a group of
Russians, recruited by the Whites, assassinated their English and Russian
officers and joined the Red Army. Desertions and mutinies became commonplace.
Archangel was abandoned on 27 September and Murmansk on 12 October. Soviet
forces, occupied elsewhere, only entered Archangel and Murmansk in February
1920.
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A Campanha do Leste até Abril de 1919
Koltchak
estabeleceu-se como ditador da Sibéria em 18 de Novembro de 1918. Com apoio
dos cossacos da Sibéria e dos imperialistas da Entente, varreu o «Directório»
de SRs em Omsk e tornou-se «Supremo Governante» da Rússia com um Ministro do
Interior do partido Cadete [57]. Os seus oficiais mais próximos eram homens
que aquando de uma recepção de uma missão francesa cantaram o «Deus salve o
Czar».
Os numerosos
SRs, que meses atrás tantas revoltas armadas tinham feito contra os
bolcheviques e sovietes, não organizaram nenhuma contra Koltchak. Os SRs mais
notáveis de Omsk, como Tchernov, emigraram. Mas a organização bolchevique clandestina
que continuou a funcionar depois do derrube do soviete preparou uma revolta
que eclodiu em Omsk a 21 de Dezembro. Os principais participantes eram
trabalhadores ferroviários. «Foi impiedosamente esmagada; quase 300 pessoas
foram mortas durante a repressão da revolta; e outras 166 foram fuziladas por
sentenças de tribunais militares» [16].
Para além de
comandar um grande exército branco, Koltchak foi apoiado por mais de 133.000 forças
estrabgeiras: 70.000 japoneses cuja missão era ocupar a Sibéria a Leste do
lago Baikal; mais de 7.000 soldados ingleses no norte da Sibéria; 7.000
oficiais, técnicos e soldados, ingleses e franceses, que ajudaram a treinar o
exército branco; 1.500 italianos; um corpo de 8.000 soldados americanos sob o
comando do General Graves para, juntamente com a legião checa de 40.000
homens, controlar o Transiberiano [58]. Além disso, «O regime de Koltchak foi
generosamente fornecido pelos Aliados, especialmente pela Grã-Bretanha, com
munições, armas de guerra e fundos» [1]
Os imperialistas teceram vários louvores
a Koltchak: «um cavalheiro» (Samuel Hoare), «honesto», «patriótico» (Churchill),
«homem forte e honesto» com «um governo estável e aproximadamente
representativo» (New York Times).
Na realidade, o regime «aproximadamente representativo» era um regime de
terror. Relatam assim Sayers e Kahn [1] (confirmado por outros autores e
muitas testemunhas oculares):
«Havia 100.000 homens no exército do
almirante e outros milhares estavam a ser recrutados sob pena de fuzilamento.
As prisões e campos de concentração estavam cheios a transbordar. Centenas de
russos que tinham tido a ousadia de se opor ao novo ditador balançavam de postes
telegráficos e árvores ao longo do Transiberiano. Muitos mais jaziam em valas
comuns que os próprios tinham sido forçados a escavar antes dos executores de
Koltchak os liquidarem com metralhadoras. Violações, assassinatos e pilhagens
eram a ordem do dia».
«Este General Ivanov-Rinov foi um dos
comandantes de Kolchak mais selvagens e sádicos. Os seus soldados na Sibéria
Oriental chacinaram todas as populações masculinas das aldeias suspeitas de
terem dado guarida a “bolcheviques”. Tornaram prática corrente violar
mulheres e chicoteá-las com varetas. Assassinaram velhos, mulheres e crianças».
«Um jovem oficial americano que foi
enviado para investigar as atrocidades cometidas por Ivanov-Rinov ficou tão
abalado com o que viu que depois de ter reportado a Graves exclamou: “Por
amor de Deus, General, nunca me envie para outra expedição como esta! Por um
triz não arranquei o meu uniforme e me juntei a essa pobre gente ajudando-a o
melhor que podia!”»
Quando Ivanov-Rinov enfrentou uma
insurreição popular foi o comissário britânico que o salvou. Graves, que
refreou o apoio dos soldados americanos a Koltchak, deparou com grande
hostilidade dos líderes brancos, britânicos, franceses e japoneses por
criticar as selvajarias de Kolchak. Foi acusado de «bolchevismo» e incomodado
pelo Departamento de Estado dos EUA.
«Juntamente com as tropas de Koltchak,
bandos terroristas financiados pelos japoneses pilhavam as aldeias. Os
principais líderes eram os atamans Grigori Semyonov e Kalmikov.
O Coronel Morrow, comandante das tropas
americanas no sector Trans-Baikal, relatou que numa aldeia ocupada pelas
tropas de Semyonov todos os homens, mulheres e crianças foram assassinados. A
maioria dos ocupantes das casas, relatou o Coronel, foram abatidos “como
coelhos”, quando fugiam delas. Houve homens queimados vivos.
Segundo o
General Graves, ‘Os soldados de Semyonov e Kalmikov, sob protecção das tropas
japonesas, vagueavam pelos campos como feras, matando e roubando as pessoas…
Quando se lhes perguntava sobre estes assassinatos brutais a resposta era que
as pessoas assassinadas eram os bolcheviques e esta explicação,
aparentemente, satisfazia todo o mundo’».
O caso de Koltchak não foi único. Todos os exércitos brancos ficaram
conhecidos pelas suas atrocidades. Todos eles apoiados, financiados,
acarinhados pelos imperialistas. Todos eles com líderes muito elogiados pelos
media imperialis-tas. A
bestialidade e o cinismo imperialista vêm de longe. A sua “lógica” radica-se
no lucro capitalista.
* *
*
No final de
Dezembro de 1918, quando o Exército Vermelho no seu avanço no Médio Volga
tomou Ufa e Orenburgo, um exército de Koltchak tomou Perm, no Norte e
progrediu gradualmente para Oeste.
Em Março de
1919 a situação no sector central da Frente Leste complicou-se para o
Exército Vermelho. Face a um exército de Koltchak de 40.000 homens
encontrava-se apenas o 5.º exército [59] do Exército Vermelho que na altura
contava com 11.000 homens. Ufa foi tomada pelos brancos a 13 de Março.
A ofensiva dos
brancos continuou até ao fim de Abril. Kazan e Samara foram seriamente
ameaçadas, enquanto no norte um exército comandado pelo general checo Gayda,
alcançou Glazov, a meio caminho entre Perm e Viatka.
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The Eastern Campaign until April 1919
Kolchak
established himself as a dictator of Siberia in November 18, 1918. With the
support of the Cossacks of Siberia and the Entente imperialists, he swept the
SRs' “Directory” in Omsk and became Russia's "Supreme Ruler" with a
Home Minister of the Cadet party [57]. His closest officers were men who,
upon receiving a French mission, sang the "God save the Tsar."
The
numerous SRs, who months earlier so many insurrections unleashed against the
Bolsheviks and the soviets, did not organize any whatsoever against Kolchak.
The most notable SRs in Omsk, like Chernov, emigrated. But the clandestine
Bolshevik organization which continued to function after the overthrow of the
Soviet prepared an uprising that broke out in Omsk on 21 December. The main
participants were railway workers. “It was mercilessly crushed; almost 300 people were killed during the
suppression of the uprising; and 166 more were shot by court martial
sentences.” [16]
Besides
commanding a large White army, Kolchak was supported by more than 133,000
foreign forces: 70,000 Japanese whose mission was to occupy Siberia, east of
Lake Baikal; more than 7,000 British soldiers in northern Siberia; 7,000
officers, technicians, and soldiers, English and French, who helped train the
White army; 1,500 Italians; a force of 8,000 American soldiers under General
Graves' command to control the Trans-Siberian together with the Czech legion
of 40,000 men. [58] In addition, "The Kolchak regime was generously
supplied by the Allies, especially by Britain, with munitions, weapons of war
and funds." [1]
The
imperialists lauded Kolchak in several ways: "a gentleman" (Samuel
Hoare), "honest", "patriotic" (Churchill), "strong
and honest man" with "a stable and approximately representative
government" (New York Times). The
“approximately representative” regime was actually a regime of terror. Sayers
and Kahn [1] report this (confirmed by other authors and many eyewitnesses):
“There
were 100,000 men in the Admiral’s army, and thousands more were being
recruited on penalty of being shot. Prisons and concentration camps were filled
to overflowing. Hundreds of Russians, who had had the temerity to oppose the
new dictator, dangled from telegraph poles and trees along the Trans-Siberian
Railroad. Many more reposed in common graves which they had been forced to
dig themselves before Kolchak’s executioners had mowed them down with
machine-gun fire. Rape, murder and pillage were the rule of the day.”
“This
General Ivanoff-Rinoff was one of Kolchak’s most savage and sadistic
commanders. His soldiers in eastern Siberia slaughtered the entire male
populations of villages suspected of having harbored ‘Bolsheviks.’ They made
a common practice of raping women and whipping them with ram-rods. They
murdered old men, women and children.”
“One young American officer, who
had been sent to investigate the atrocities committed by Ivanoff-Rinoff, was
so shaken by what he saw that after he had finished making his report to
Graves, he exclaimed, “General, for God’s sake never send me on another
expedition like this! I came within an ace of pulling off my uniform, joining
these poor people, and helping them as best I could!”
When
Ivanov-Rinov faced a popular uprising it was the British commissar who saved
him. Graves, who restrained American troops' support of Kolchak, was met with
great hostility by the White, British, French and Japanese leaders for
criticizing Kolchak's savageries. He was accused of "Bolshevism"
and harassed by the US State Department.
“Along with Kolchak’s troops,
terrorist bands, financed by the Japanese, were ravaging the countryside.
Their chief leaders were Ataman Grigori Semyonov and Kalmikoff.
Colonel Morrow, the commander of
the American troops in the Trans-Baikal sector, reported that in one village
occupied by Semyonov’s troops, every man, woman and child was murdered. The
majority of the occupants, related the Colonel, were shot down “like rabbits”
as they fled from their homes. Men were burned alive.
“Semenov
[Semyonov] and Kalmikoff soldiers,” according to General Graves, “under the
protection of Japanese troops, were roaming the country like wild animals,
killing and robbing the people.... If questions were asked about these brutal
murders, the reply was that the people murdered were the Bolsheviks and this
explanation, apparently, satisfied the world.”
The
case of Kolchak was not unique. All
White armies were known for their atrocities. All of them supported,
financed, cherished by the imperialists. All of them with leaders praised by
the imperialist media. Imperialist brutality and cynicism reach far back into
the past. Its "rationale" is rooted in the capitalist profit.
* * *
In
late December 1918, when the Red Army in its advance in the Middle Volga took
Ufa and Orenburg, one of Kolchak’s armies took Perm in the north and
gradually progressed westwards.
In
March 1919 the situation in the central sector of the Eastern Front became
complicated for the Red Army. Facing one of Kolchak’s armies of 40,000 men stood
only the 5th Army [59] of the Red Army which at the time had 11,000 men. Ufa
was taken by the Whites on 13 March.
The White offensive continued until the end of April. Kazan and Samara were seriously threatened, while in the north an army commanded by the Czech General Gaida, reached Glazov, midway between Perm and Vyatka. |
Situação das
Frentes em Março de 1919 [16]. Situation of the Fronts in March 1919 [16].
A Derrota de Koltchak
Em Abril de
1919, quando as tropas de Koltchak tinham rompido a frente no sector central,
imediatamente o CEC de Penza formou um regimento de choque comunista que
enviou para esse sector. Foram também enviados reforços de Samara – um
regimento de voluntários camponeses – e de Novgorod. Os trabalhadores de
Orenburg organizaram a defesa da cidade impedindo-a de ser tomada pelos
brancos [16].
No início de
Maio o 4.º Exército com outras forças na vizinhança da ferrovia
Samara-Orenburg, sob o comando de Mikhail Frunze, derrotou o flanco esquerdo
do exército branco. Durante a ofensiva de Frunze um destacamento nacional
ucraniano das forças de Koltchak matou os seus oficiais e passou-se para o
Exército Vermelho.
Em Maio, o 2.º
e 3.º Exércitos (48.000 homens) levaram a cabo uma bem sucedida operação preparatória
(Sarapulo-Votkinsk) para atacar Perm. Em 20 de Junho atravessaram o rio Kama
repelindo o exército de Gaida (44.000 homens). Em 1
de Julho a 29.ª Divisão de Infantaria do 3º
Exército tomou, com outras forças, a cidade. A vitória de Perm permitiu ao
Exército Vermelho levar a cabo uma ampla ofensiva vitoriosa nos Urais. A
retirada das forças de Koltchak converteu-se em debandada.
Em Agosto e
Setembro os exércitos de Koltchak fugiam desesperadamente perante os ataques
esmagadores do Exército Vermelho e com retaguardas assediadas incessantemente
por um movimento de guerrilha generalizado e em rápido crescimento. Em Novembro,
Koltchak evacuou a sua capital em Omsk. Chegou em Dezembro a Irkutsk num
comboio com as bandeiras inglesa, americana, francesa, italiana e japonesa.
O povo de
Irkutsk revoltou-se em 24 de Dezembro, estabeleceu um soviete e prendeu Koltchak
e o seu Primeiro-Ministro Cadete, M. Papeleiev. Foi apreendido a Koltchak um
vasto tesouro que transportara no comboio: 5.143 caixas e 1.680 sacos de barras
de ouro, bolhão, valores mobiliários e objectos de valor, com um valor total
estimado de 1.150.500.000 rublos (equivalendo cerca de 451 milhões US$ de
1919 e 6,3 mil milhões de US$ de 2017). No dia de Natal Koltchak transferiu o
seu comando para o terrorista Semyonov.
Koltchak e Papeleiev foram julgados por um tribunal soviético e acusados de traição. No tribunal Koltchak lamentou não ter permanecido no mar e afirmou que tinha sido traído por «elementos estrangeiros» que o abandonaram na crise. O tribunal condenou Koltchak e Papeleiev à morte. Foram fuzilados em 7 de Fevereiro de 1920. Vários assessores de Koltchak fugiram para os japoneses. Um deles, o general Bakich, enviou esta mensagem ao cônsul russo na Mongólia: «Perseguidos pelos judeus e comunistas, cruzei a fronteira!»
Os
checoslovacos restantes, agora em franca revolta, disseram aos agentes
aliados em Vladivostok que o regime de Koltchak era de «absoluto despotismo e
sem lei», caracterizado por «acções criminosas que abalarão o mundo inteiro. O
incêndio de aldeias, o assassinato em massa de habitantes pacíficos e o
fuzilamento de centenas de pessoas de convicção democrática e também daqueles
só suspeitos de deslealdade política ocorrem diariamente». [63] Churchill
declarou que a Grã-Bretanha enviou a Koltchak durante 1919 quase 100.000
toneladas de armas, munições, equipamentos e roupas.
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The Defeat of Kolchak
In April 1919, when Kolchak's troops had broken off in the central sector, the CEC of Penza immediately formed a Communist shock regiment which was sent to that sector. Reinforcements were also sent from Samara -- a regiment of peasant volunteers -- and from Novgorod. The workers of Orenburg organized the defense of the city preventing it from being taken by the Whites [16]. In early May the 4th Army with other forces under the command of Mikhail Frunze defeated the left flank of the White Army in the vicinity of the Samara-Orenburg railroad. During Frunze's offensive a Ukrainian national detachment of the Kolchak forces killed its officers and moved to the Red Army. In May, the 2nd and 3rd Armies (48,000 men) undertook a successful preparatory operation (Sarapulo-Votkinsk) to attack Perm. On June 20 they crossed the Kama River repelling the army of Gayda (44,000 men). On the 1st July the 29th Infantry Division of the 3rd Army took the city with other forces. Perm's victory allowed the Red Army to carry out a wide-ranging victorious offensive in the Urals. The withdrawal of Kolchak's forces became a rout. In August and September, Kolchak's armies fled desperately in the face of the crushing attacks of the Red Army and with rearguards being incessantly assailed by a generalized and rapidly growing guerrilla movement. In November, Kolchak evacuated his capital in Omsk. He reached Irkutsk in December, in a train hoisting the English, American, French, Italian and Japanese flags. The people of Irkutsk revolted on 24 December, established a soviet and arrested Kolchak and his Cadet Premier, M. Papelaiev. Kolchak had carried on the train a large treasure which was apprehended: 5,143 boxes and 1,680 bags of gold bars, bullion, securities and valuable objects, with a total estimated value of 1,150,500,000 rubles (the equivalent to about 451 million US$ of 1919 and 6,3 billion US$ of 2017). On Christmas Day Kolchak transferred his command to the terrorist Semyonov. Kotchak and Papeleiev were tried by a Soviet court and charged with treason. In court Kolchak regretted not having stayed at sea and claimed that he had been betrayed by "foreign elements" who abandoned him in the crisis. The court condemned Kolchak and Papeleiev to death. They were shot on February 7, 1920. Several of Kolchak's aides fled to the Japanese side. One of them, General Bakich, sent this message to the Russian Consul in Mongolia: "Persecuted by the Jews and Communists, I crossed the border!" The remaining Czechoslovakians, now in open rebellion, told Allied agents in Vladivostok that the Kolchak regime was of "absolute despotism and lawlessness", characterized by "criminal action that will stagger the entire world. The burning of villages, the murder of masses of peaceful inhabitants, and the shooting of hundreds of persons of democratic conviction and also those only suspected of political disloyalty occurs daily." [63] Churchill stated that Britain sent to Kolchak during 1919 almost 100,000 tons of arms, ammunition, equipment and clothing. |
Notas e Referências | Notes and References
De 1 a 45 no artigo
anterior | From 1 through 45 in
the previous
article.
[46] A questão
das propostas de paz é descrita por Chamberlin [16] (com grande detalhe),
Sayers e Kahn [1] e outros. As várias versões coincidem no essencial. O CCP,
para evitar a guerra, também propôs sete planos de paz, de Novembro de 1918 a
Fevereiro de 1919, com concessões importantes. Woodrow Wilson foi quem mais
defendeu um acordo com a RSFSR e chegou a ser marcado um encontro de delegações
em Prinkipo. Churchill torpedeou a inclinação de Lloyd George para um acordo.
Os brancos, franceses e italianos eram profundamente hostis a qualquer acordo.
A França opunha-se, inclusive, a quaisquer contactos com a RSFSR.
The
issue of peace proposals is described by Chamberlin [16] (in great detail),
Sayers and Kahn [1] and others. The various versions coincide. The CPC, in
order to avoid war, also proposed seven peace plans from November 1918 to
February 1919, with significant concessions. Woodrow Wilson stood as a major
defender of an agreement with the RSFSR; a meeting of delegations in Prinkipo
was even scheduled. Churchill torpedoed Lloyd George's penchant for an
agreement. The Whites, French, and Italians were profoundly hostile to any
agreement. France even opposed contacts of any kind with the RSFSR.
[47] ver, p. ex.
| See e.g., The crimes of Winston Churchill. In:
Crimes of Britain.
[48] Churchill
revela, num livro seu, que um encontro anglo-francês, em 23 de Dezembro de 1917
em Paris, regulou as futuras operações das forças britânicas e francesas na
RSFSR. Foi definida como «zona de influência» britânica as regiões cossacas,
Cáucaso, Arménia, e Geórgia. A «zona de influência» francesa consistia na
Bessarábia, Ucrânia e Crimeia.
Churchill
reveals in one of his books that an Anglo-French meeting, on December 23 1917,
in Paris, regulated the future operations of the British and French forces in
the RSFSR. The British “zone of influence” was defined as the Cossack regions,
Caucasus, Armenia and Georgia. The French “zone of influence” consisted of
Bessarabia, Ukraine and the Crimea.
[49] Sobre este
tema, que já abordámos no artigo anterior, vale a pena ler a descrição em [16]
de como o presidente de quatro companhias caucasianas do petróleo formulava o
desejo, numa reunião em Londres (Dezembro de 1918) da Bibi-Eibat Oil Company, da «penetração
pacífica da influência britânica» do Cáucaso (Baku) ao Mar Cáspio (Tiflis) porque
«A indústria petrolífera da Rússia, liberalmente financiada e devidamente
organizada sob auspícios britânicos seria um activo valioso do Império».
On
this subject, which we have already approached in the previous article, it is
worth reading the description in [16] of how the president of four Caucasian
oil companies outlined the desire at a meeting in London (December 1918) of the
Bibi-Eibat Oil Company, of the
"peaceful penetration of British influence" from the Caucasus (Baku)
to the Caspian Sea (Tbilisi) because “The
oil industry of Russia, liberally financed and properly organized under British
auspices would, in itself, be a valuable asset to the Empire.”
[50] Foch, em Janeiro
de 1919: «São necessárias grandes massas, que poderiam ser obtidas mobilizando
os finlandeses, polacos, checos, romenos e gregos, bem como os elementos russos
pró-Aliados ainda disponíveis... Se isso for feito, 1919 verá o fim do
bolchevismo!»
Foch
in January 1919: “Great
numbers are required, which could be obtained by mobilizing the Finns, Poles,
Czechs, Rumanians and Greeks, as well as the Russian pro-Ally elements still
available.... If this is done, 1919 will see the end of Bolshevism!”
[51] O sentimento
anti-Rússia cultivado pela nobreza e intelectualidade polaca facilitou a tarefa
dos imperialistas. Diz Price [11]: «Na Polónia [...] os elementos nacionalistas
e social-chauvinistas ganharam a maioria e o governo de Paderewsky [Primeiro-Ministro
em 1919, filho de administrador de latifúndios, feroz nacionalista, apadrinhado
pela Entente] aspirou tornar-se o "gendarme do Leste", para extrair o
tributo dos empréstimos do czar para [dar a] os bancos de Paris. O exército de
Haller [de voluntários polacos na França durante a 1.ª GM] tornou-se parte do
sistema militar de Foch para o domínio da Europa, no interesse dos credores
franceses».
The
anti-Russia feeling cultivated by the Polish nobility and intelligentsia
facilitated the task of the imperialists. Price [11] wrote: "In Poland [...]
the national and social chauvinist
elements gained the upper hand and the Government of Paderewsky [Prime Minister in 1919, the son of a land
estates administrator, and a fierce nationalist patronized by the Entente]
aspired to become the ‘gendarme of the East’, to exact the tribute of the Tsar's
loans for [to give to] the banks of Paris. Haller's army [of Polish volunteers
in France during WWI] became part of Foch's military system for the domination of Europe, in the interests of French
creditors."
[52] Durante toda
a Guerra Civil o Conselho Militar Revolucionário da República criou, por
questões operacionais, onze frentes [53]: Leste, Oeste, Caúcaso,
Cáspio-Cáucaso, Norte, Turquestão, Ucrânia, Sul, Sudoeste e Sulista. A Frente
Cáspio-Cáucaso só existiu de 8 de Dezembro de 1918 a
13 de Março de 1919. As frentes do Cáucaso, Sudoeste e Sulista foram
criadas em 1920. Por facilidade de exposição seguimos a descrição de Sayers e
Kahn [1] que distingue a Frente Norte da Frente Noroeste – esta englobada na
Frente Ocidental pelos soviéticos – e que engloba na Frente Sul as Frentes
Sudeste, Ucraniana, Cáspio-Cáucasiana e do Turquestão.
O seguinte site
russo contem informações técnicas sobre o Exército Vermelho (mais exactamente,
Exército Vermelho de Operários e Camponeses, sigla PKKA em russo): Рабоче-Крестьянская
Красная армия, РККА
Throughout
the Civil War the Revolutionary Military Council of the Republic created eleven
fronts [53]: East, West, Caucasus, Caspian-Caucasus, North, Turkestan, Ukraine,
South, Southwest and Southern. The Caspian-Caucasus Front only existed from
December 8, 1918 to March 13, 1919. The Caucasus, Southwest and Southern fronts
were created in 1920. For simplicity sake we follow the description of Sayers and
Kahn [1] that distinguishes the North Front from the Northwest Front -- this
one is included the Western Front by the Soviets -- and includes on the South
Front the Southeastern, Ukrainian, Caucasian and Turkestan Fronts.
The
following Russian website contains technical information about the Red Army
(more precisely, Red Army of Workers and Peasants, acronym PKKA in Russian): Рабоче-Крестьянская
Красная армия, РККА
[53] Segundo o reaccionário general Gayda, os
russos não podiam ser governados por «amabilidade e persuasão, mas só com
chicote e baioneta» sendo necessário um ditador para varrer o bolchevismo.
According
to the reactionary General Gayda, the Russians could not be ruled by
"kindness and persuasion, but only by the whip and bayonet" and a
dictator was needed to wipe out Bolshevism.
[54] Num Congresso em Jassy, na Roménia, que
decorreu de 14 a 23 de Novembro de 1918, a maioria dos delegados (brancos
monarquistas – entre os quais Milyukov -- e «socialistas», franceses e
britânicos) escolheu como «solução temporária» uma ditadura militar encabeçada
por Denikin.
In a Congress
at Jassy, Romania, held from 14 to 23 November 1918, most of the delegates (White
monarchists -- including Milyukov -- and "socialists", French and
British) chose as "temporary solution" a military dictatorship led by
Denikin.
[55] «Golovin afirmou no relatório que
apresentou aos seus superiores quando regressou à Rússia: “Churchill não é
apenas um simpatizante, mas um amigo activo e enérgico. Foi-nos garantida a
maior ajuda possível. Temos agora que mostrar aos ingleses que estamos prontos
para transformar palavras em acções.” Este relatório, posteriormente capturado
pelo Exército Vermelho nos arquivos secretos do governo branco de Murmansk, foi
publicado no Daily Herald em Londres
pouco tempo depois, causando um embaraço considerável aos círculos
anti-soviéticos da Inglaterra.» [1]
“Golovin stated in the report he
submitted to his superiors when he returned to Russia: ‘Churchill is not only a
sympathizer but an energetic and active friend. The greatest possible aid is
assured us. Now we have to show the English that we are ready to turn words
into deeds.’ This report, subsequently captured by the Red Army in the secret
archives of the Murmansk White Government, was published in the Daily Herald
in London a short time after, causing a considerable embarrassment to
anti-Soviet circles in England.” [1]
[56] Ralph Albertson (funcionário do YMCA que
esteve no norte da Rússia em 1919) no seu livro Fighting Without a War. O YMCA (Young Men’s Christian Association)
é uma organização reaccionária americana, ligada à CIA.
Ralph
Albertson (Y.M.C.A. official who was in North Russia in 1919) in his book, Fighting
Without a War. The YMCA (Young Men's Christian Association) is an American reactionary
organization, linked to the CIA.
[57] O «golpe anunciado» de Koltchak é descrito em pormenor por Chamberlin [16]
que escreve «O general francês Janin, comandante das forças aliadas na Sibéria
durante o regime de Koltchak, faz a declaração definitiva de que o seu colega
britânico, o General Knox, sabia da "conspiração de Kolchak" e que um
dos agentes dos serviços secretos de Knox, o capitão Steveni, admitira estar
presente numa reunião secreta onde os planos do golpe foram decididos». Mais
tarde Koltchak também varreu outras oposições de SRs e mencheviques dos
governos da «Assembleia Constitucional» de Samara e Ufa.
Koltchak's
“announced coup” is described in detail by Chamberlin [16] who writes "The French General Janin, commander of the Allied
forces in Siberia during Kolchak’s regime, makes the definite statement that
his British colleague, General Knox, knew of ‘Kolchak’s conspiracy’ and that
one of Knox’s Intelligence ofiicers, Captain Steveni, had admitted being
present at a secret meeting where the plans for the coup were decided on."
Later Koltchak also swept away other SRs and Menshevik oppositions of the
governments of the "Constitutional Assembly" of Samara and Ufa.
[58] Os números
são de [1]. Dos 48 mil homens iniciais da legião checa, muitos desertaram ou
morreram. Segundo Chamberlin ([16]), a legião checa opôs-se ao golpe de
Koltchak contra o «Directório» em Omsk, mas «Vários dos generais checos,
incluindo o ambicioso e aventureiro Gayda, simpatizavam com ele e esperavam
fazer carreiras para si próprioss no serviço russo». O ministro dos Negócios
Estrangeiros de Koltchak pediu a um enviado americano um empréstimo de duzentos
milhões de dólares e o envio de vinte e cinco mil soldados para substituir os checos,
que se estavam a tornar cada vez mais hostis ao regime de Koltchak. Não lhe foi
concedido.
The figures
are from [1]. Of the initial 48,000 men of the Czech legion, many deserted or
died. According to Chamberlin, [16] the Czech legion opposed Koltchak's coup
against the "Directory" in Omsk, but "several of the Czech Generals, including the ambitious and
adventurous Gayda, sympathized with him and hoped to make careers for
themselves in the Russian service.” Koltchak’s Foreign Minister asked a US envoy for a loan of two hundred
million dollars and the sending of twenty-five thousand soldiers to replace the
Czechs, who were becoming increasingly hostile to Kolchak’s regime. The demand
wasn’t granted.
[59] Um «exército»
do Exército Vermelho era uma unidade operacional que em 1919 era constituído
por 3 a 6 divisões de infantaria e 1 a 2 divisões de cavalaria. A divisão de
infantaria era nessa altura constituída por três regimentos de infantaria, um
regimento de artilharia e unidades técnicas e podia ter até 15 mil homens; a divisão
de cavalaria era constituída por quatro a seis regimentos de cavalaria, um
regimento de artilharia, e unidades blindadas e técnicas. Os exércitos das
várias frentes durante a guerra civil estão descritos em Armii RKKA
v Grazhdanskoy voyne — Vikipediya.
An
"army" of the Red Army was an operational unit that in 1919 consisted
of 3 to 6 divisions of infantry and 1 to 2 divisions of cavalry. The infantry division
at that time consisted of three infantry regiments, an artillery regiment and
technical units, and could have up to 15,000 men; the cavalry division
consisted of four to six cavalry regiments, an artillery regiment, and armored
units and techniques. The armies of the various fronts during the civil war are
described in Armii RKKA
v Grazhdanskoy voyne — Vikipediya.
[60] J.
Stalin, F. Dzerzhinsky, Letter To V.I.
Lenin From The Eastern Front, Vyatka ,
January 5, 1919. Vyatka, now Kirov, is 330 km from Perm.
[61] Estaline e
Djerjinski ilibaram de culpas dois regimentos e apontaram quais os regimentos
que de facto tinham tido acções hostis, com deserções para o inimigo, devido ao
seu espírito contra-revolucionário; apontaram culpas à má gestão do CMR por não
se ter demolido uma ponte e instalações valiosas, pela falta de reservas, falta
de sistema de controlo e incompetência da administração, etc.
Stalin and Dzherzhinski acquitted two regiments of blame and
pointed out which regiments had in fact taken hostile actions, desertions to
the enemy, because of their counterrevolutionary spirit; they blamed the poor
management of the CMR for not having demolished a bridge and valuable
facilities, for lack of reserves, lack of control system and incompetence of
the administration, etc.
[62] Esta informação das Ed. Progresso mostra que, ao contrário do que transparecia
na nossa nota 31, Lenine admitia o alistamento de ex-oficiais czaristas, desde
que devidamente controlados. No seu Relatório
do Comité Central, Oitavo Congresso do R.C.P. (B), 18 de março de 1919,
Lenine diz:
«A natureza do problema era clara. A menos
que defendêssemos a república socialista pela força das armas, não poderíamos
existir [...] Se a classe dominante, o proletariado, quiser manter o poder,
deve, portanto, provar a sua capacidade de o fazer pela sua organização
militar. Como poderia uma classe que até então servira de carne para canhão
para os comandantes militares da classe imperialista dominante criar os seus
próprios comandantes? Como poderia resolver o problema de combinar o
entusiasmo, o novo espírito criativo revolucionário dos oprimidos e o emprego do
armazém da ciência e tecnologia burguesas do militarismo [...]? [...] Quando
incluímos a questão dos especialistas burgueses no programa revolucionário do
nosso partido, resumimos a experiência prática do partido numa das questões
mais importantes. Tanto quanto me lembro dos primeiros mestres do socialismo [...]
nunca expressaram uma opinião sobre esta questão. Ela não existia para eles,
pois surgiu apenas quando começámos a criar um Exército Vermelho».
This
information from Ed. Progress shows that, contrary to what was inferred in our
note 31, Lenin admitted the enlistment of former Tsarist officers, provided
they were properly controlled. In his Report
of the Central Committee, Eighth Congress of R.C.P. (B), March 18, 1919,
Lenin says:
“And the nature of the
problem was clear. Unless we defended the socialist republic by force of arms,
we could not exist […] If the ruling class, the proletariat, wants to hold
power, it must, therefore, prove its ability to do so by its military organization.
How was a class which had hitherto served as cannon-fodder for the military
commanders of the ruling imperialist class to create its own commanders? How
was it to solve the problem of combining the enthusiasm, the new revolutionary
creative spirit of the oppressed and the employment of the store of the
bourgeois science and technology of militarism […]? [...] When we included the
question of bourgeois specialists in the revolutionary programme of our Party,
we summed up the Party’s practical experience in one of the most important
questions. As far as I remember the earlier teachers of socialism […] never
expressed an opinion on this question. It did not exist for them, for it arose
only when we proceeded to create a Red Army.”
[63] Estas
revelações, bem como a informação da transferência de comando para Semyonov, provêm
da citada obra de Chamberlin. Este autor também refere – embora de forma curta
-- as crueldades dos ajudantes de Koltchak. Ajudantes que Koltchak, como
«Supremo Governante», livremente escolheu e com cujo comportamento se
comprometeu. Que Koltchak tenha transferido o comando para Semyonov é de uma
clareza gritante.
Pois, apesar
disto, Chamberlin faz esta afirmação absolutamente espantosa que ilustra bem a
hipocrisia burguesa quando se trata de branquear os seus «heróis»:
«Um orgulhoso
patriota russo, ele foi compelido pela força das circunstâncias a operar sob
condições de humilhante dependência dos caprichos dos poderes intervencionistas
estrangeiros. Um homem de apaixonada integridade, ele foi comprometido em cada instante
pela corrupção e arbitrariedade dos funcionários subordinados de seu regime.
Dedicado ao ideal de restaurar o respeito pela lei e pela ordem, ele foi
incapaz de verificar... os excessos selvagens e brutais dos chefes militares
que ajudaram a levá-lo ao poder e de quem ele era dependente.»
Deixamos ao
leitor a tarefa de identificar as contradições e inverdades que a hipocrisia do
discurso contém. São oito.
These
revelations, as well as the information on the transfer of command to Semyonov,
come from the cited work of Chamberlin. This author also mentions – albeit in
an abridged way -- the cruelties of Kolchak's aides. Aides whom Kolchak, as
"Supreme Ruler," freely chose and with whose behavior he compromised.
That Kolchak has transferred the command to Semyonov is of stark clarity.
But in
spite of all this, Chamberlin makes this absolutely astounding statement which is
a good illustration of bourgeois hypocrisy when they have to whitewash their
“heroes”:
“A proud Russian patriot, he was compelled by
force of circumstances to operate under conditions of humiliating dependence on
the caprices of foreign interventionist powers. A man of passionate integrity,
he was compromised at every turn by the corruption and arbitrariness of the
subordinate officials of his regime. Devoted to the ideal of restoring respect
for law and order, he was unable to check …the wild and brutal excesses of the
military chieftains who had helped to bring him into power and on whom he was
dependent.”
We
leave to the reader the task of identifying the contradictions and untruths
that the hypocrisy of the discourse contains. There are eight.