- Introdução
- De Março a Junho de 1918 – A
Contra-Revolução Organiza-se
- O Terrível Verão de 1918
- O Exército Vermelho
- As Primeiras Vitórias do
Exército Vermelho
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- Introduction
- From March to June 1918 – The Counter-- Revolution
Organizes Itself
- The Terrible Summer of 1918
- The Red Army
- The First Victories of the Red Army
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Introdução
A Rússia Soviética (RSFSR) foi constante-mente
atacada pelo imperialismo desde o seu nascimento O imperialismo patrocinou
sabo-tagens, boicotes, guerras económicas e actos terroristas, financiou
facções reaccionárias e desencadeou intervenções armadas. Mais tarde a URSS
foi alvo dos mesmos ataques. Os
imperialistas nunca deram tréguas à construção pacífica do primeiro estado
socialista. As intervenções armadas mais graves foram as da guerra civil
de 1918-1922 e da 2.ª GM, que custaram
dezenas de milhões de vítimas para além de enormíssimas destruições materiais.
A guerra civil começou em 1918. No
Verão de 1919 as forças de 14 estados (!) tinham invadido o território da
RSFSR [1]:
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Introduction
Soviet Russia (RSFSR) was
constantly attacked by imperialism since its inception. Imperialism sponsored
sabotage acts, boycotts, economic wars and terrorist acts, financed
reactionary factions and launched armed interventions. Later, the
The civil war began in
1918. By the summer of 1919 the forces of 14 states (!) had invaded the
territory of the RSFSR [1]:
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Reino
Unido (RU)
Great-Britain (UK)
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França
France
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EUA
United States
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Alemanha
Germany
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Japão
Japan
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Itália
Italy
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Checoslováquia
Czechoslovakia
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Sérvia
Serbia
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China
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Finlândia
Finland
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Grécia
Greece
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Polónia
Poland
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Roménia
Romania
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Turquia
Turkey
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Todavia, os bolcheviques triunfaram sobre
todo esse conjunto de forças. Pela primeira vez o socialismo mostrava a sua
superioridade. Após a guerra civil iria mostrar a sua superioridade socioeconómica.
Um ponto prévio: a propaganda
imperialista ainda hoje estigmatiza a revolução russa com a mentira do
«terror comunista», demonizando os comunistas. Demonizar e espalhar mentiras
para esconder os objectivos de exploração e rapina são endémicos do
imperialismo. No Verão de 1918 o New
York Times descrevia os bolcheviques como «vorazes feras predadoras»,
«carniceiros», «assassinos e loucos», «criminosos intoxicados por sangue»,
«escória humana», etc. [1] E qual era a realidade? A realidade era:
-- A revolução socialista de 25 de Outubro
de 1917 (7 de Novembro, segundo o nosso calendário), liderada pelo partido
bolchevique, foi uma das revoluções mais pacíficas da História. Os
testemunhos de jornalistas ingleses e americanos e de outros estrangeiros na
Rússia desse tempo confirmam isso [2]. Diz assim o historiador burguês F.
Schuman [3]: «[…] contrariamente à impressão que logo se tornou corrente no
Ocidente, o governo soviético entre Novembro de 1917 e Junho de 1918,
estabeleceu-se e empreendeu o seu programa com menos violência e muito menos
vítimas do que qualquer outro regime de revolução social nos anais da
humanidade».
-- A revolução só teve lugar quando os
bolcheviques (comunistas) verificaram cuidadosamente que as suas propostas e
acções concretas tinham conquistado uma maioria substancial dos trabalhadores
e camponeses pobres, pelo que a revolução não enfrentaria grande oposição e
violência. No II Congresso dos Sovietes de Deputados Operários e Soldados de
Toda a Rússia, de 649 delegados, eleitos
antes da revolução, 60% eram bolcheviques. Se juntarmos aos bolcheviques
os seus aliados SRs de esquerda (ver n/ artigo anterior)
a percentagem sobe para 75%.
-- As
armas dos comunistas eram (e são) as da razão, do estudo, do exemplo e do
esclarecimento, e unidade de acção dos trabalhadores. Até poucos meses
antes da revolução era a burguesia que controlava as forças repressivas:
exército e polícia.
-- Foram os comunistas que defenderam a
paz (ver n/ artigo anterior).
A construção de uma sociedade mais
justa precisa de paz e não de guerra. Inversamente, a exploração e rapina
imperialista precisam de guerra,
-- Foi a RSFSR (mais tarde, a URSS) que
foi atacada e invadida pelos imperialistas. Não o contrário.
-- Foram os imperialistas que se
comportaram
-- O respeito pela vida humana foi
amplamente demonstrado pelos bolcheviques. Em 30 de Novembro o governo
soviético (CCP = Conselho de Comissários do Povo) emitiu um decreto que
aboliu a pena capital. Impediu também expropriações selvagens de arruaceiros
anarquistas. Com raríssimas excepções, todos os prisioneiros foram bem
tratados. Os próprios generais czaristas, detidos na prisão de Petrogrado,
reconheceram isso. Disseram ao jornalista americano Albert Rhys Williams [4]
que os visitou: «Os bolcheviques são mais humanos que Kerensky. Até nos dão
jornais.»
-- Vencida a insurreição de Kerenski de
13 de Novembro de 1917, vários oficiais, entre os quais o general czarista
Krasnov, ataman [4a] dos cossacos do Don, foram feitos prisioneiros. Os
bolcheviques ofereceram-lhes a amnistia se prometessem não se opor em armas ao regime soviético.
Prometeram. Mas uma vez libertados, quebraram a promessa. Fugiram para o Sul
juntando-se aos exércitos financiados e participados pelos imperialistas,
desencadeando a guerra civil no fim de Maio de 1918. Só a partir dessa
altura, para enfrentar a situação difícil levantada pela destruição e
inaudito terror dos «brancos» [5], os soviéticos tiveram que recorrer a
medidas punitivas. «Se os Aliados não tivessem intervindo na Rússia e
novamente atiçado a guerra civil contra os sovietes, quase de certeza não
teria havido Terror Vermelho e a revolução teria continuado
-- O humanismo, as acções e ideias
sociais avançadas dos bolcheviques, chegavam mesmo a conquistar aqueles que
pareceria impossível. Um exemplo: o general czarista A. P. Nikolayev aderiu
ao poder soviético e tornou-se comandante do Exército Vermelho. Desempenhou
funções importantes até ser capturado em Maio de 1919 pelos brancos em
Yamburg. O general branco Rodzianko sugeriu-lhe que «admitisse os seus erros»
e aderisse aos brancos.
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Yet, the Bolshevists
triumphed over all this array of forces. For the first time socialism showed
its superiority. It would demonstrate after the civil war its socio-economic
superiority.
A prior remark:
imperialist propaganda still stigmatizes the Russian revolution with the lie
of "communist terror", demonizing the communists. Demonizing
and spreading lies to hide the exploitation and plundering ends are endemic
to imperialism. In the summer of 1918 the New York Times described the Bolsheviks as "ravening beasts
of prey," "butchers," "assassins and madmen,"
"blood-intoxicated criminals," "human scum," etc. [1] And
what was the reality? The reality was:
-- The socialist
revolution of October 25, 1917 (November 7, according to our calendar), led
by the Bolshevik party, was one of the most peaceful revolutions in history.
The testimonies of English and American journalists and of other foreigners
in
-- The revolution only
took place when the Bolsheviks (communists) carefully verified that their
proposals and concrete actions had won a substantial majority of the workers
and poor peasants, and therefore the revolution would not be confronted by
great opposition and violence. At the Second All-Russia Congress of Soviets
of Workers' and Soldiers’ Deputies, out of 649 delegates, elected before the revolution, 60%
were Bolsheviks. If we add to the Bolsheviks their left SR allies (see our previous article) the percentage rises to 75%.
-- The communists' weapons were (and are)
those of reason, study, example and elucidation, and unity of action of the
workers. Until a few months before the revolution, it was the bourgeoisie
who controlled the repression forces: the military and the police.
-- It was the
communists who defended peace (see our previous article). The
building up of a more just society needs peace, not war. Diametrically
opposed to this, imperialist exploitation and plundering need war, as we see
every day. When the RSFSR proposed peace the response of all the imperialists was war.
-- It was the RSFSR
(later the
-- It was the imperialists who behaved like the aforementioned epithets of the New York Times as we will see later.
-- Respect for human
life has been amply demonstrated by the Bolsheviks. On 30 November the Soviet
government (CPC = Council of People’s Commissars) issued a decree abolishing capital
punishment. It also impeded wild expropriations of anarchist hooligans. With
very few exceptions, all prisoners were treated well. The Tsarist generals
themselves, detained in the
-- Once the
insurrection of Kerensky of November 13 1917 had been quelled, several
officers, including the Tsarist General Krasnov, Ataman [4a] of the Don
Cossacks, were taken prisoners. The Bolsheviks offered them amnesty if they
promised not to oppose the Soviet regime in
arms. They promised that. But once released, they broke the promise. They
fled to the South joining the armies financed by and with army corps from the
imperialists, launching the civil war by the end of May 1918. Only from that
time, in order to face the difficult situation raised by the destruction and
unheard of terror of the "Whites" [5], the Soviets had to resort to
punitive measures. “Had not the Allies intervened in
-- The humanism and advanced
social ideas and actions of the Bolsheviks, even conquered those who would
seem impossible to. An example: the Tsarist General A. P. Nikolayev joined
the Soviet power and became a commander of the Red Army. He played important
roles until he was captured in May 1919 by the Whites at Yamburg. The White
general Rodzyank suggested him to "admit his mistakes" and adhere
to the Whites.
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A guerra civil russa, mais do que uma mera guerra
civil, foi o martírio do povo trabalhador russo imposto pelas acções armadas
financiadas e directamente participadas pelos imperialistas.
The Russian civil war, more than a
mere civil war, was the martyrdom of the Russian working people imposed by the
armed actions financed by and with army corps from the imperialists.
De
Março a Junho de 1918 – A Contra-Revolução Organiza-se
O «respiro» que Lenine tanto tinha
defendido
Entretanto a reacção interna organizava-se.
Tinha o seu centro em Moscovo [8]. Aí se tinham reunido muitos fugitivos de
Moguilev depois da derrota da rebelião de Kerenski e do Estado-Maior de
Dukhonin (ver n/ artigo anterior)
e formado a «União para a Defesa da Pátria e da Liberdade» que centralizava
todos os elementos anti-soviéticos. A «União» ainda procurou preparar uma
rebelião em Moscovo [9], mas convencida da sua impossibilidade transferiu em
Maio o seu quartel-general para
A heterogeneidade da «União» levou à sua
cisão em dois grupos: um, o «Centro de Direita» defendia a co-operação
estreita com o imperialismo alemão e permaneceu em Kiev; o outro, o «Centro Nacional»,
liderado pelo general Alexeiev [10], defendia a co-operação estreita com os
Aliados e transferiu-se para as estepes do Kuban (N. do Cáucaso) procurando
estabelecer contacto com os aliados através da Pérsia [11]. No fundo,
tratava-se da velha divisão pró-alemã e pró-Entente da burguesia russa. Na
luta comum anti-soviética os dois «Centros» mantiveram-se em contacto. Nesta
altura, os “Centros” eram dominados pelo partido cadete e por ex-oficiais
czaristas. Os SRs de direita tinham um papel subordinado. Os mencheviques
mantinham uma neutralidade expectante.
Os Cadetes eram a força operante do
«Centro de Direita» em
No início da Primavera de 1918 o Reino
Unido e a França estavam secretamente a apoiar forças contra-revolucionárias
em
A 5 de Abril, forças japonesas com o
apoio da Entente desembarcaram em
A 28 de Maio, por decisão do «Centro de
Direita», o general Krasnov – um dos que tinha sido amnistiado pelos
bolcheviques – declarou-se ataman dos cossacos do Don. Na Ucrânia, apoiado
pelos alemães, travou uma sangrenta campanha anti-soviética, enquanto em
Também a 28 de Maio, um corpo de exército
de 60.000 checoslovacos – que veio a ser chamada «legião checa» --, que se
supunha estarem em marcha para Vladivostok para regressarem à França,
revoltaram-se em vários pontos da Sibéria, apoderaram-se do caminho-de-ferro
em Riazan e tomaram Penza e Tcheliabinsk onde depuseram os sovietes.
O corpo de exército checoslovaco provinha
de prisioneiros de guerra de antes da Revolução de Outubro [15]. Masaryk,
presidente do Conselho Nacional da Checoslováquia (CzCN) e líder dos
nacionalistas burgueses checos, proclamou esse corpo
As duas revoltas coincidentes (Krasnov e
checoslovacos) levantaram suspeitas ao CCP de uma vasta conspiração
internacional. A 30 de Maio foi declarada a lei marcial em Moscovo e
principais cidades do Sul e Sudeste.
Efectivamente, documentos algum tempo
depois interceptados pela Tcheca (Comissão Extraordinária de Combate à
Contra-Revolução) e logo divulgados confirmaram as suspeitas do CCP.
Mostraram que:
-- A Missão Militar Francesa (MMF)
financiava os cossacos de várias regiões, incluindo do
-- A MMF, com apoio do RU e EUA, incitou o
CzCN a usar os checoslovacos como carne para canhão contra os russos, a troco
de uma vaga promessa de reconhecer a independência da Checoslováquia depois
da 1ªGM. Com esse fim, pagou ao CzCN a importância de 11 milhões de rublos, o
que corresponde a cerca de 1,54 milhões de dólares US da época (da ordem de
25 mil milhões de US$ de 2017) [18]. Masaryk não conseguiu, porém, obter dos
franceses o reconhecimento incondicional da Checoslováquia.
-- O cônsul britânico em Moscovo pagou ao
CzCN 80 mil libras, equivalente a cerca de 379 mil dólares
Outros aspectos:
-- As mentes dos soldados checoslovacos foram
cuidadosamente preparadas pela propaganda da MMF, segundo a qual o governo
soviético se recusara a permitir que voltassem à França e iria entregá-los às
autoridades austríacas que os enforcaria
-- Foi a MMF quem indicou aos chefes dos
checoslovacos que alvos deviam atacar na Sibéria, ao longo das linhas do
-- Na primavera de 1918 os serviços
secretos britânicos enviaram à Rússia o espião Sidney Reilly um ardente pró-czarista.
Este entrou em contacto com Boris Savinkov, um SR de direita e terrorista
profissional. Os SRs recebiam fundos dos serviços secretos franceses.
Savinkov recebia-os do embaixador francês Noulens e, mais tarde, também dos
serviços secretos britânicos. Savinkov estabeleceu em Moscovo um centro
terrorista, a «Liga para a Regeneração da Rússia», com a missão de cometer
actos de sabotagem e destruição, assassinar Lenine e outros líderes
soviéticos, causando o caos na retaguarda do Exército Vermelho. [19] A 21 de
Junho de 1918 um terrorista SR da «Liga» de Savinkov assassinou o Comissário
do Povo Volodarsky.
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From March to June 1918 – The Counter-Revolution Organizes
Itself
The “breathing space”
which Lenin had so much defended as a must during the negotiations at
Brest-Litovsk (see our previous
article), came to be a
precious one, albeit of short duration. It allowed laying solid foundations
on building up the Red Army [7]. And without the Red Army Soviet Russia would
not have survived.
In the meantime, the
domestic reaction was getting organized. It had its center in
The heterogeneity of
the “Union” led to its splitting into two groups: one, the “Right Center”,
advocated close co-operation with German imperialism and remained in Kiev;
the other, the “National Center”, led by General Alexeyev, [10] advocated
close co-operation with the Allies and moved to the steppes of the Kuban (N.
Caucasus) seeking to establish contact with the Allies through Persia [11].
It all boiled down, after all, to the old pro-German and pro-Entente division
of the Russian bourgeoisie. In their joint anti-Soviet fight the two
"Centers" maintained contact with each other. At this point in time
the “Centers” were dominated by the Cadet party and former Tsarist officers.
The Right SRs played a subordinate role. The Mensheviks maintained expectant
neutrality.
The Cadets were the
operating force of the “
In the early spring of
1918
On April 5, Japanese
forces with the support of the Entente landed in
On 28 May, following a
decision of the “
Also on 28 May, an
army corps of 60,000 Czechoslovak soldiers – which came to be called “Czech
legion” --, who were supposed to be marching to Vladivostok on their return
to France, revolted at various points in Siberia, seized the railway at
Ryazan and took Penza and Chelyabinsk where they deposed the soviets.
The Czechoslovak army corps
was formed from prisoners of war before the October Revolution [15]. Masaryk,
president of the Czechoslovak National Council (CzNC) and leader of the Czech
bourgeois nationalists, proclaimed this corps as part of the French army. The
representatives of the Entente raised the question of its evacuation to
The two coinciding
revolts (Krasnov and Czechoslovakians) raised suspicions to the CPC of a vast
international conspiracy. On the 30th May martial law was declared in
Documents later
intercepted by the Cheka (Extraordinary Commission for the Fight with the
Counter-revolution) and immediately divulged, confirmed indeed the suspicions
of the CPC. They showed that:
-- The French Military
Mission (FMM) financed the Cossacks of various regions, including the Kuban,
and other reactionaries, impelling the "
-- The FMM, with
support from
-- The British consul
in
Other aspects:
-- The minds of the
Czechoslovak soldiers had been carefully prepared by propaganda from the
French Military Mission to the effect that the Soviet Government had refused
to allow them to return to France, and was about to deliver them over to the
Austrian authorities, who would hang them all as deserters. Not all the
Czechoslovak soldiers allowed themselves to be duped. 12,000 joined the Red
Army.
-- It was the FMM who
told the Czechoslovak leaders what targets should be attacked in Siberia,
along the lines of the Volga and the Siberian railway, depriving
-- In the spring of
1918 the British secret services sent the spy Sidney Reilly, an ardent
pro-Tsarist, to
|
O
Terrível Verão de 1918
Durante Junho a legião checa ocupou
grande parte da ferrovia transiberiana e dos Urais, cortando o envio de
abastecimentos à Rússia Central. A RSFSR não tinha então tropas para lhes
resistir. Agentes franceses juntaram-se à legião nas estações ferroviárias
ocupadas, reunindo-se com membros do «Centro Nacional». Sob a protecção da
legião, um grupo de SRs de direita proclamou a 1 de Junho um «Comissariado da
Sibéria Ocidental», substituído no final do mês por um «Governo Siberiano».
No fim de Junho, cinco SRs de direita criaram
um «governo» em Samara, no
Com ajuda da legião o governo de Samara
organizou forças brancas que estabeleceram contacto com os cossacos dos Urais
e tomaram
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The Terrible Summer of 1918
During the month of
June the Czech legion occupied much of the Trans-Siberian railroad and of the
Ural, cutting off supplies to
By the end of June,
five Right SRs organized a "government" in Samara (on the
With help of the
legion the government of Samara organized White forces which established
contact with the Ural Cossacks and took
|
A 6 de Julho, quando decorria o V
Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia, um terrorista SR assassinou o
embaixador alemão Mirbach, com vista a forçar um ataque alemão à RSFSR e
servir de sinal a um levantamento de SRs de esquerda armados com bombas,
espingardas e metralhadoras contra os delegados bolcheviques no Congresso. A
revolta, com grande tiroteio, ocorreu, mas foi rapidamente dominada por
Guardas Vermelhos [20].
Também a 6 de Julho rebentou um motim em Yaroslav liderado por
Savinkov e organizado pelo «Centro Nacional», com participação de agentes de
Alexeyev, SRs (incluindo SRs de esquerda) e mencheviques. De acordo com
Savinkov, a sua organização esteve sempre em contacto próximo com os
representantes franceses em Moscovo, o Cônsul Grenard e o General Lavergne,
que lhe forneceram fundos, inicialmente escassos e, mais tarde, quando havia
a perspectiva de insurreição, generosamente. [21] Os amotinados ocuparam alguns
edifícios públicos. Os agentes de Alexeiev apoderaram-se do arsenal, armaram
estudantes, filhos dos kulaks e até
os padres do mosteiro. Depuseram os sovietes e executaram todos os
comunistas. Operários armados das fábricas locais com fortes destacamentos do
Exército Vermelho enviados de outras cidades puseram fim à revolta a 21 de
Julho. Yaroslav era um importante centro ferroviário no Alto Volga. A
intenção dos revoltosos era ligar Yaroslav com a legião checa no Baixo Volga
e tropas aliadas que tinham desembarcado em
Durante a primeira semana de Julho, a
legião checa -- com o apoio de tropas japonesas e americanas e oficiais franceses [22] --, organizou um
golpe e estabeleceu um regime anti-soviético em
O pretexto divulgado pelos Aliados para invadir
a Sibéria era que iam salvar os checos de ataques não provocados pelo
Exército Vermelho e prisioneiros de guerra alemães armados pelos
bolcheviques. Durante a primavera e verão de 1918, os jornais britânicos,
franceses e americanos encheram-se de relatórios sensacionais de que os
bolcheviques estavam a armar «dezenas de milhares de prisioneiros alemães e
austríacos na Sibéria» para lutar contra os checos. O New York Times relatou que «só na cidade de
Em
A 25 de Julho os turcos ocuparam
territórios do Norte do Cáucaso e ameaçavam
A 2 de Agosto as forças aliadas
bombardearam Arcangel e tomaram a cidade. A 5 de Agosto, os comandos aliados
apelaram ao «povo russo» a apoiá-los no seu esforço de restabelecer um
"governo da ordem" na Rússia.
Em
A 3 de Agosto tropas britânicas
desembarcaram em
Na terceira semana de Agosto, o exército
de Krasnov com oficiais alemães, invadiu o sul da província de Voronej, uma
das poucas províncias centrais onde ainda restava parte das 835 toneladas de
cereais dessas províncias. Ao mesmo tempo, agentes dos Aliados explodiram
três comboios de mantimentos na estação de Voronej.
No final de Agosto, o comandante da guarda
letã do Kremlin denunciou o agente britânico Sidney Reily por o tentar
subornar com 2 milhões de rublos num complot para prender e assassinar os
líderes soviéticos numa reunião do PCR(b) a 28 de Agosto. O complot tinha o
apoio dos diplomatas aliados em Moscovo. [1] A 30 de Agosto um cadete militar
assassinou o dirigente soviético Uritsky e uma terrorista SR feriu gravemente
Lenine com três tiros. Por trás dos terroristas estava a rede Savinkov. Neste
gravíssimo cenário de Terror Branco e de assassinatos de líderes soviéticos,
o CCP foi compelido a reinstituir a pena de morte. Algumas embaixadas e
consulados dos Aliados foram fechados.
No fim de Agosto de 1918 o território da
RSFSR tinha-se reduzido a 1/16. O resto estava sob controlo de exércitos
financiados pelos imperialistas dos dois grupos: Aliados e alemães. Quanto a
estes últimos, os próprios dirigentes militares dando-se conta da fraca
possibilidade de vitória a Ocidente, encaravam já associar-se aos Aliados na
liquidação da RSFSR. [27] «Moscovo, Leninegrado e a parte central da Rússia
tinham sido separados pelos exércitos atacantes das suas principais bases de
alimentos e combustível por dois anos e meio. O celeiro da Ucrânia, o carvão
do Donetz, o óleo de Baku, as minas dos Urais, o algodão do Turquestão
estavam em mãos inimigas» [28]. Em todo o território ocupado pelos brancos e
imperialistas o poder burguês era restaurado com o apoio dos SRs e
mencheviques.
A grande crise do «terrível Verão de
1918» iria acabar em breve com o Exército Vermelho.
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On 6th July, when the
Fifth All-Russia Congress of Soviets was being held, an SR terrorist
assassinated the German ambassador Mirbach with the aim of forcing Germany to
unleash an attack on the RSFSR and also serving as a signal to a Left SR
armed uprising, with bombs, rifles and machine guns, against the Bolshevik
delegates in the Congress. The uprising with major fusillade did occur but
was shortly put down by the Red Guards [20].
Also on 6 July a
mutiny broke out in Yaroslav led by Savinkov and organized by the “
During the first week
of July, the Czech legion -- with the aid of Japanese and American troops,
and of French officers [22] --, staged a coup in
The pretext broadcast
by the Allies to invade
Allied forces (mostly,
British) landed in July in
On 25th July, the
Turks occupied territories in the North Caucasus and threatened
On August 2nd the
Allied forces bombarded
In
On 3 August British
troops disembarked in
In the third week of August, Krasnov with
German officers invaded the southern part of the
In late August, the
commander of the Kremlin's Latvian Guard denounced the British agent Sidney
Reily for trying to bribe him with 2 million rubles in a plot to arrest and
assassinate the Soviet leaders at a meeting of the RCP(B) on August 28. The
plot had the support of Allied diplomats in
By the end of August
1918 the
The great crisis of
the “terrible summer of 1918” would soon end with the Red Army.
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As frontes Leste
e Sul no Verão de 1918 (adaptado de [16]. The East and South fronts in the summer of 1918 (adapted
from [16]).
O
Exército Vermelho
O núcleo inicial do Exército Vermelho era
constituído por milícias operárias (Guardas Vermelhos) que tiveram papel
proeminente na revolução. Em Agosto de 1917 ascendiam em Petrogrado a 25.000
homens. Em 12 de Janeiro de 1918, o CCP emitiu um decreto sobre a
"formação do exército socialista". A 23 de Fevereiro formaram-se os
primeiros corpos do Exército Vermelho quando as forças alemãs ameaçavam
Petrogrado. A 13 de Março, Trotski que tinha resignado do cargo de Comissário
do Povo dos Negócios Estrangeiros, foi nomeado pelo CEC de Toda a Rússia, por
proposta do CC do PCR(b), Comissário do Povo para a Guerra, cargo que manteve
até 15 de Janeiro de 1925.
Em 22 de Abril, o CCP publicou um decreto
estabelecendo "o treino militar universal" que deveria acontecer
nas fábricas e outros locais de produção, fora das horas de trabalho. Foram
contratados voluntários para o exército, obrigados a servir por seis meses. A
10 de Maio havia no Exército Vermelho 360.000 voluntários e 34.000 Guardas
Vermelhos. Uniram-se-lhes alguns corpos do antigo exército e grupos de
guerrilha
Na sua reunião de fecho a 10 de Julho o V
Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia aprovou medidas para organizar e
consolidar o Exército Vermelho na base do serviço militar obrigatório para os
trabalhadores. No final de Julho o CCP instituiu o serviço obrigatório nas
regiões mais ameaçadas e fez apelos a volunta-riado. Até Outubro de 1919
alistaram-se 180.000 membros do PCR(b). O Exército Vermelho cresceu de 331
mil em Agosto de 1918 a 600 mil no fim do ano. Em 1921 era de 5 milhões. [29]
Um problema difícil na formação do
Exército Vermelho foi o do oficialato. Inicialmente, os oficiais provinham
quase exclusivamente dos Guardas Vermelhos e dos sub-oficiais do antigo
exército – caso dos marechais Blücher, Voroshilov e Budyonny. Na primavera de
1918 foram abertas escolas militares para formação de oficiais de origem
proletária [30] mas que não resolviam nessa altura a carência de oficiais com
aptidões de comando.
Trotski resolveu, aparentemente com o
acordo do CCP [31], aceitar ex-oficiais czaristas no Exército Vermelho [32].
Aliou-se a vários deles, dos quais se tornou amigo e, apesar das frequentes
advertências do PCR(b), colocou-os em postos militares importantes.. Um deles
foi Mikhail Tukhatchesvski que se tinha oferecido para o Exército Vermelho em
Março de 1918. A fim de evitar traições, Trotski colocou comissários
políticos a supervisionar ordens de comando junto dos ex-oficiais czaristas.
Contudo,
Trotski, para além de medidas
organizativas do Exército Vermelho, limitou-se a viajar de comboio blindado
por perto de algumas frentes, acompanhado de uma guarda pessoal comandada por
Blumkin, o terrorista SR que assassinou o embaixador alemão Mirbach. O
comboio dispunha de um serviço de imprensa que emitia boletins de incitamento
ou de apreço às tropas, apreciações políticas, ordens gerais, e telegramas a
chefes militares, conforme se pode ler em:
A atitude de Estaline relativamente ao
Exército Vermelho era diferente da de Trotski. Embora não comentasse
inicialmente o recrutamento de ex-oficiais czaristas tinha dúvidas sobre se as
vantagens dos «especialistas» compensavam os perigos de traição. Estaline
preferia confiar nos quadros de origem proletária [35]
Os métodos de Trotski no Exército
Vermelho (e não só) eram brutais. Mesmo tendo em conta a natureza brutal de
qualquer guerra, os métodos de Trotski eram desnecessariamente e inadequadamente brutais. Por exemplo, em
1918 quis fuzilar todos os comissários políticos de uma divisão de onde
tinham desertado para os brancos alguns oficiais, o que levou dois membros do
CMR do 3.º Exército a protestar ao CC do PCR(b) contra a «atitude
extremamente irreflectida de Trotsky relativamente a coisas como
fuzilamentos». A ordem de Trotski não foi cumprida por recusa dos oficiais que
protestaram [37]. Autores de várias persuasões dão outros exemplos sobre a
brutalidade «irreflectida» de Trotski. Não encontrámos em toda a bibliografia
que consultámos, inclusive de autores anti-Estaline, a menção de eventos da
guerra civil retratando comportamento «irreflectidamente» (desne-cessário e
inadequado) brutal de Estaline.
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The Red Army
The initial core of
the Red Army consisted of working-class militias -- Red Guards -- who played
a prominent role in the revolution. In August 1917, there were 25,000 Red
Guards in
On 22 April, the CPC
published a decree establishing "universal military training" which
should take place in the factories and in other places of production beyond
working hours. Volunteers were enlisted into the army, with the obligation to
serve during six months. On May 10 there were 360,000 volunteers and 34,000
Red Guards in the Red Army. They were joined by some corps of the old army
and guerilla groups like those of Tchapaev and the cavalry corps of Budionny.
At its closing meeting
on 10th July, the Fifth All-Russian Congress of Soviets approved measures to
organize and consolidate the Red Army on the basis of conscription of the
workers. By the end of July the CPC instituted conscription in the most
endangered regions and made appeals for volunteering service. Until October
1919 180,000 members of the RCP(B) had been enlisted. The Red Army grew from
331,000 in August 1918 to 600,000 by the end of the year. In 1921 it came to
number 5 million. [29]
A difficult problem in
the formation of the Red Army was that of the (commissioned) officers.
Initially, the officers came almost exclusively from the Red Guards and the
non-commissioned officers (NCOs) of the former army – this was the case of
marshals Blücher, Voroshilov and Budyonny. In the spring of 1918, military
schools were created for the training of officers of proletarian origin, [30]
but they did not solve at the time the shortage of officers with commander
aptitudes.
Trotsky decided,
apparently with the agreement of the CPC [31], to accept former Tsarist
officers in the Red Army [32]. He allied himself with a number of them, whom
he befriended and, despite frequent warnings of the RCP(B), placed them in
important military posts. An example was Mikhail Tukhachesvsky who had offered
himself to the Red Army in March 1918. In order to avoid betrayals, Trotsky
placed political commissars at the side of the former Tsarist officers in
order to supervise command orders. Nevertheless, according to the unsuspected
statement of Wollenberg [6, 30] "Many Tsarist officers, including some
who volunteered for service with the Red Army, were guilty of
treachery." He cites two examples: 1) M. A. Muraviov, commander-in-chief
of the
Trotsky, in addition
to organizational measures of the Red Army, limited himself to traveling by
armored train near a few fronts, accompanied by a personal guard commanded by
Blumkin, the SR terrorist who had assassinated the German ambassador Mirbach.
The train had a press service that issued bulletins of incitement or
appreciation to the troops, political appraisals, general orders, and
telegrams to military leaders, as can be read in: How the Revolution Armed, The Military Writings and Speeches of Leon
Trotsky (3 volumes). Although some of these materials are of interest, no personal and direct contribution
from Trotsky to any military victory is known. His orders and telegrams deal
with political generalities. The specific military matters were handed over
by Trotsky to his "military experts," the former Tsarist officers
[33]. Even the Trotskyist historians
Stalin's attitude
toward the Red Army was different from that of Trotsky. Although he did not
initially comment on the recruitment of former Tsarist officers, he had
doubts on whether the advantages of the "experts" outweighed the
dangers of betrayal. Stalin preferred to rely on the cadres of proletarian
origin [35] as e.g. K. E. Voroshilov (who became chairman of the
Revolutionary Military Council, RMC, [36] in 1925). Stalin came later to
confirm the well-founded of his suspicions. When he was in Tsaritsyn he
discovered the betrayals of A.L. Nosovich and of other former Tsarist
officers protected by Trotsky. The RMC influenced at the time by Trotsky
ignored Stalin's denunciations.
Trotsky's methods in
the Red Army (and in other matters) were harsh. Even taking into account the
harsh nature of any war, Trotsky's methods were unnecessarily and inadequately harsh. For example, in 1918 he
wanted to shoot all the political commissars of a division from which some
officers had deserted to the Whites, compelling two members of the RMC of the
3rd Army to protest to the CC of the RCP(B) against "Trotsky’s extremely
lighthearted attitude toward such things as shooting". Trotsky’s order was
not carried out by the protesting officers [37]. Authors of various
persuasions give further examples of Trotsky's “lighthearted” harshness. We
have not found in all the literature we have consulted, including that of
anti-Stalin authors, any mention of civil wars events portraying a “lighthearted”
(unnecessary and inadequate) harsh behavior of Stalin.
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As
Primeiras Vitórias do Exército Vermelho
Tsaritsine,
cidade na margem direita do Volga, era estrategicamente importante por três
razões: 1) podia controlar as fontes de cereais e outros abastecimentos
(carne, peixe, petróleo, etc.) das estepes do Don e do Kuban, que era urgente
enviar a Moscovo, Petrogrado, etc. 2) Estava ligada ao Norte por ferrovia e
por via fluvial. 3) Era uma espécie de divisor entre
as forças dos dois grupos dos brancos (ajudados por kulaks, SRs e
mencheviques): o do sul (Don, Kuban), com os cossacos de Krasnov e apoio
alemão e o do leste (Médio Volga, Urais,
A 29 de Maio de 1918, Lenine, em nome do
CCP, enviou Estaline a esse sector importante, perigoso e decisivo. Nomeado
Director Geral de Assuntos Alimentares no Sul da Rússia, Estaline chegou a
Tsaritsin a 6 de Junho. Mal chegou, Estaline começou por acabar com
especuladores, sabotadores e elementos criminosos, deu confiança à população
e tomou medidas para enviar abastecimentos [39]. Em apenas dez dias os envios
de cereais para o Norte duplicaram, de uma média diária de 0,82 para 1,64
toneladas.
Estaline, com o apoio de Voroshilov e
sub-oficiais, conseguiu reunir destacamentos de operários a brigadas
internacionais [40] a corpos do Exército Vermelho, criando um exército
eficiente, coeso e disciplinado de 27.800 homens.
Finalmente, a liderança de Estaline
permitiu logo no final de Junho liquidar um complot contra-revolucionário que
envolvia um engenheiro de nome Alexeiev e esperava entregar a cidade aos
brancos. O coronel A. L. Nosovich, chefe do Estado-Maior do Distrito Militar
do Cáucaso do Norte (DMCN), um protegido de Trotski, estava envolvido no
complot. Nosovich, como mais tarde se confirmou, «trabalhou» em Tsaritsyn sob
instruções directas de Savinkov e do representante da MMF, general Laverne, e
já tinha preparado um discurso contra-revolucionário para quando Tsaritsin
fosse cercada pelos Brancos. O traidor Nosovich foi preso (mais tarde
libertado por Trotski), o pessoal do DMCN disperso e o seu comandante
Snesarev chamado a Moscovo [41]. Em vez do quartel-general do DMCN, formou-se
um conselho militar, liderado por Estaline.
Trotski e Vatzetis [36] acusaram Estaline
de insubordinação, por aquele ter acabado com o DMCN e, a partir de Agosto,
não se submeter ao comandante da Frente Sul, P.P. Sytin, um ex-oficial
czarista nomeado por Trotski que, fez os possíveis por boicotar Voroshilov [42].
(Por mau desempenho militar na ofensiva do Sul Sytin foi depois recambiado
para serviços de administração. Veio mais tarde a descobrir-se que tinha
ligações ao general branco Denikin.) Trotski, que se encontrava em Moscovo,
também pediu a Lenine para retirar Estaline de Tsaritsine. Lenine não fez
caso de tais pedidos e inclusive veio mais tarde a dar instruções severas a
Sitin para satisfazer os pedidos de Voroshilov [43].
Foi com a liderança firme de Estaline e
Voroshilov que estiveram nas frentes de batalha, que o Exército Vermelho
alcançou as primeiras vitórias. Em 22 e 24 de Junho, os brancos e alemães
foram repelidos da estação de Alexikovo, perto de Tsaritsine, facilitando o
envio de abastecimentos para Norte. Em 23 de Junho, Voroshilov numa campanha
heróica através dos distritos hostis do Don, trouxe consigo mineiros do
Donetsk e Lugansk, parte do ex-terceiro e quinto exércitos ucranianos e
arrastou das estepes Don todos os elementos revolucionários dos cossacos para
o seu exército, criando a divisão Morozovsky-Donetsk.
Em Agosto, os cossacos brancos [44] que
tinham vindo a juntar forças com armamento alemão, cercaram Tsaritsin e
conluiados com traidores internos [45] procuraram tomá-la de assalto, o que
foi frustrado por Estaline e Voroshilov. De 15 a 20 de Agosto, as batalhas
perto de Tsaritsyn foram ferozes. Corpos do Exército Vermelho e regimentos de
trabalha-dores repeliram o ataque dos krasnovitas. A 29 de Agosto libertaram
Kotluban e Karpovka, e a 6 de Setembro, Kalatch. A frente moveu-se 90 km.
Estaline telegrafou ao CCP: «A ofensiva das tropas soviéticas na área de
Tsaritsin foi coroada de sucesso: [...] O inimigo foi totalmente derrotado e repelido
para além do Don. A posição de Tsaritsyn é segura. A ofensiva continua».
A Norte, forças do Exército Vermelho começaram
a agrupar-se durante o Verão ao longo da margem direita do Volga, em Penza,
Saratov e Sviajsk, preparando uma ofensiva contra as tropas do «Governo da
Assembleia Constituinte» de Samara, o chamado «Exército do Povo». A
mobilização para este exército tinha tido pouco êxito [16]: «[…] as aldeias
deram pouca evidência de entusiasmo pelo novo governo. Poucos recrutas camponeses
apareceram voluntariamente […] Quando os brancos começaram a trazer de volta
os latifundiários, os camponeses organizaram bandos de guerrilha e caíram
sobre eles».
Trotski estabeleceu o seu QG em Sviyajsk,
a 60 km de Kazan, com os oficiais V.K. Putna, um lituano de tendência
trotskista, e de Tukhachevsky, comandante do 1.º Exército Vermelho. A 10 de
Setembro as forças de Putna tomaram
Em 3 de Outubro, o Exército Vermelho
ocupou
No Sul, a escala das operações militares levou a que o CMR formasse a Frente Sul a 11 de Setembro, e a 17 o Conselho Militar Revolucionário da Frente Sul de que fez parte Estaline até 19 de Outubro. Estaline foi depois nomeado para o Conselho Militar da Frente Ucraniana para derrubar o regime ucraniano de Skoropadsky criado pela Alemanha.
Em 11 de Setembro, o comandante do
Exército de Don, o general Denisov (nomeado por Krasnov) determinou tomar
Tsaritsin
Em 15 de Outubro os cossacos brancos
romperam as defesas de Tsaritsin na área de Beketovka-Sarepta, mas uma
brigada de reserva liquidou esse avanço. A situação melhorou com a chegada do
Norte do Cáucaso da Divisão de Aço D.P. Jloby. Depois de uma viagem de 600 km
pelas estepes sem água a cavalaria atacou os cossacos brancos, apoiada por
fogo de artilharia e metralhadoras. A divisão derrotou o 1.º regimento de
brancos de
Os Krasnovitas continuaram a atacar as
posições do 10.º Exército no sector central. A 16 de Outubro capturaram
algumas posições mas foram repelidos até ao Don pelo 10.º Exército a 18 de
Outubro. A tentativa da contra-revolução de tomar Tsaritsin falhou. Seria
preciso um livro para contar toda a gesta heróica de Tsaritsin, onde o papel
de Estaline
A 9 de Novembro de 1918 os marinheiros
alemães amotinaram-se no porto de
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The First Victories of the Red Army
Tsaritsyn, a town on
the right bank of the Volga, was strategically important for three reasons:
1) it was able to control sources of grain and other supplies (meat, fish,
oil, etc.) from the Don and the Kuban steppes, which were of urgent need in
Moscow, Petrograd, etc. 2) It was connected to the North by railroad and by
waterway. 3) It was a kind of divisor between the forces of the two groups of
Whites (aided by kulaks, SRs and Mensheviks): the Southern group (Don, Kuban)
with Krasnov’s Cossacks and German support, and the Eastern group (Middle
Volga, Urals,
On May 29 1918, Lenin,
on behalf of the CPC, sent Stalin to this important, dangerous and decisive
sector. Named Director General of Food Affairs in
Stalin, with the
support of Voroshilov and sub-officers, was able to aggregate detachments of
workers and international brigades [40] to the Red Army, creating an
efficient, cohesive and disciplined army of 27,800 men.
Finally, Stalin's
leadership allowed soon at late June to liquidate a counter-revolutionary
plot which involved an engineer named Alexeyev and hoped to hand the city
over to the Whites. Colonel A.L. Nosovich, chief of staff of the Military
District of the Northern Caucasus (MDNC), a protégé of Trotsky, was involved
in the plot. Nosovich, as later confirmed, "worked" in Tsaritsyn
under direct instructions from Savinkov and the representative of FMM,
General Laverne, and had already prepared a counterrevolutionary speech for when
Tsaritsyn would be sieged by the Whites. The traitor Nosovich was arrested (and
later released by Trotsky), the MDNC personnel dispersed and its commander
Snesarev called to
Trotsky and Vatzetis
[36] accused Stalin of insubordination, because he terminated the MDNC and,
as of August, did not submit to the Southern Front commander, P. P. Sytin, a
former Tsarist officer appointed by Trotsky, who did his best to boycott Voroshilov
[42]. (Due to poor military performance in the South offensive, Sytin was in
due time reassigned to administrative services. Later he was found to have
had connections with the White General Denikin.) Trotsky, who was in
It was with the firm
leadership of Stalin and Voroshilov, who were in the front lines, that the Red
Army achieved its first victories. On 22 and 24 June, the Whites and Germans
were repelled from the Alexikovo station near Tsaritsyn, making it easier to
ship supplies to the North. On June 23, Voroshilov, in a heroic campaign
through the hostile districts of the Don, brought with him miners from the
Donetsk and Lugansk, part of the former third and fifth Ukrainian armies, and
dragged from the steppes of the Don all the revolutionary elements of the
Cossacks to his army, creating the Morozovsky-Donetsk division.
In August, the White
Cossacks [44] who had been concentrating forces equipped with German
armament, surrounded Tsaritsyn and, colluded with internal traitors, [45]
sought to seize it by storm, which was frustrated by Stalin and Voroshilov.
From 15 to 20 August, the battles near Tsaritsyn were fierce. Red Army detachments
and workers’ regiments repelled the Krasnovites' attack. On 29 August they
liberated Kotluban and Karpovka, and on 6 September Kalach. The front moved
90 km. Stalin telegraphed to the CPC: "The offensive of the Soviet
troops of the Tsaritsyn area has been crowned with success: […] The enemy has
been utterly routed and hurled back across the Don. Tsaritsyn is secure. The
offensive continues.”
To the north, Red Army forces began to cluster during the summer along the right bank of the Volga in Penza, Saratov and Sviazhsk, preparing an offensive against the troops of the "Constituent Assembly Government" of Samara, the so-called "People’s Army ". The mobilization for this army had met little success [16]: "[...] the villages gave little evidence of enthusiasm for the new government. Few peasant recruits appeared voluntarily [...] When the Whites began to bring back the landlords, the peasants organized guerrilla bands and fell on them. " Trotsky established his headquarters in Sviyazhsk, 60 km from On October 3, the Red Army occupied In the South, the scale of the military operations led the RMC to establish the South Front on September 11 and on the 17th the Revolutionary Military Council of the Southern Front of which Stalin was a member until 19 October. Stalin was afterwards appointed to the Military Council of the Ukrainian Front with the task to overthrow the Ukrainian regime of Skoropadsky empowered by the Germans.
On September 11, the
commander of the Army of the Don, General Denisov (appointed by Krasnov),
determined as priority task to seize Tsaritsyn. He launched a major offensive
on September 17, capturing a series of villages on the outskirts of Tsaritsyn.
At the end of September the city became partially surrounded by the Whites.
On 15 October the White Cossacks broke Tsaritsyn's defenses in the Beketovka-Sarepta area, but a reserve brigade liquidated their advance. The situation improved with the arrival of the Steel Division D.P. Zhloby from the The Krasnovites continued to attack the positions of the 10th Army in the central sector. On 16 October they captured some positions but were repulsed to the Don by the 10th Army on 18 October. The counter-revolution's attempt to take Tsaritsyn failed. It would take a book to narrate the full heroic saga of Tsaritsyn in the terrible summer of 1918, where Stalin's role as a political leader (with an outstanding contribution to the fight of the famine) and as a military chief was gigantic. The workers of Tsaritsyn rightly requested that the city be renamed On November 9, 1918 the German sailors rebelled in the |
Notes and References
[1] Michael
Sayers, Albert E. Kahn, The Great
Conspiracy Against Russia, Boni & Gaer Inc., Pub., NY, 1946.
Um livro essencial sobre as conspirações contra o poder soviético até
1945, elaborado com preocupações de rigor, baseado em documentos oficiais,
correspondência diplomática e livros de memórias. O livro foi elogiado por Joseph
E. Davies, embaixador americano na URSS em 1936-38 («um livro extraordinário»)
e mereceu elogios de vários jornais e revistas americanas.
Michael Sayers: escritor irlandês
anti-fascista, amigo de T.S. Elliot e George Orwell (apesar de discordar das
opiniões políticas deste último); foi para a América em 1936 e investigou as
actividades dos fascistas americanos que queriam manter os EUA neutrais;
durante a guerra foi repórter de investigação; foi o primeiro a relatar sobre
os campos de concentração depois da libertação (o seu editor recusou-se a
publicar o relato por o julgar inacreditável); trabalhou para a NBC mas foi
posto na lista negra macartista pelas suas actividades durante a guerra e
alegadas simpatias comunistas.
Albert E. Kahn: jornalista americano que se
dizia marxista sem filiação partidária; foi secretário de 1938 a 1941 do
American Council Against Nazi Propaganda; foi posto na lista negra macartista
por alegadas simpatias comunistas; em 1953 tornou-se editor na firma Cameron
& Kahn, que publicou False Witness, um livro de Harvey Matusow que o
escritor John Steinbeck qualificou de «a palha que partiu as costas de McCarthy».
An essential book on the conspiracies against the Soviet
power until 1945, prepared with concerns of rigor, based on official documents,
diplomatic correspondence and memoirs. The book was praised by Joseph E.
Davies, American ambassador to the USSR in 1936-38 ("an
extraordinary book") and received praise from several American newspapers
and magazines.
Michael Sayers: Irish
anti-fascist writer, friend of T.S. Elliot and George Orwell (despite
disagreeing with the latter's political views); he went to America in 1936 and investigated the activities
of the American fascists who wanted to keep the US neutral. Sayers was an
investigative reporter during the war; was the first to report on the
concentration camps after the liberation (his editor refused to publish the
report because he judged it to be unbelievable). He worked for NBC but was
blacklisted by McCarthyism for his wartime activities and alleged communist
sympathies.
Albert E. Kahn: American
journalist who claimed to be a Marxist without partisan affiliation; he was
secretary from 1938 to 1941 of the American Council Against Nazi Propaganda.
Kahn was put on the McCarthyist blacklist for alleged communist sympathies. He
became editor in 1953 at the firm Cameron & Kahn, which published False
Witness, a book by Harvey Matusow that writer John Steinbeck called "the
straw that broke McCarthy's back."
[2] Os jornalistas americanos e ingleses
foram, tanto quanto sabemos, os únicos ocidentais que percorreram a Rússia,
contactaram a população e líderes, assistiram a reuniões, entenderam o que se
passava e deram disso testemunhos vívidos e verídicos. Isto é reconhecido pelo
capitão Jacques Sadoul da Missão Militar Francesa, um «socialista» que durante
muito tempo não entendeu o que se passava, conforme demonstra no seu livro Notes sur la Révolution Bolchevique,
onde trata a revolução bolchevique como uma espécie de re-edição da revolução
francesa, julga que os «socialistas» franceses deviam dar conselhos a Trotski e
Lenine, e considera este como mero assistente de Trotski. Sadoul, contudo, veio
a compreender a revolução russa, ajudando-a e tornando-se comunista. Um caso
bem diferente de outro «socialista» que não entendeu nada: o embaixador
português Jaime Batalha Reis, figura patética que fugiu da Rússia como pendura de ingleses e
belgas choramingando as suas mágoas (ver Joaquim P. Silva, Jaime Batalha Reis na Rússia dos Sovietes, Ed. Afrontamento, 2017).
The American and British
journalists were, as far as we know, the only Westerners to have toured Russia ,
contacted the people and leaders, attended meetings, understood what was going
on, and gave from this a vivid and true testimony. This is recognized by
Captain Jacques Sadoul of the French Military Mission, a "socialist"
who for a long time did not understand what was going on, as shown in his book Notes sur la Révolution Bolshevique,
where he covers the Bolshevik revolution as a sort of re-edition of the French
Revolution, thinks that the French “socialists” should give advice to Trotsky
and Lenin, and considers the latter a mere assistant to Trotsky. Sadoul,
however, came to understand the Russian revolution, helped it and became
communist. A very different case from another "socialist" who
understood nothing: the Portuguese ambassador Jaime Batalha Reis, a pathetic figure
who fled Russia
as hanger-on of British and Belgians whimpering his sorrows (see Joaquim P.
Silva, Jaime Batalha Reis na Rússia dos
Sovietes, Ed. Afrontamento, 2017).
[3] Frederick L.
Schuman, Soviet Politics at Home and
Abroad, A.A. Knopf , New York , 1946.
O livro de Schuman está cheio de estereótipos anti-comunistas e
anti-marxistas. Contém, porém, informação documental de interesse e uma boa
descrição da insurreição da legião checoslovaca.
Schuman foi Professor no Williams College
e na Universidade de Chicago. Atacado pelo Comité de Actividades Antiamericanas
em 1943 como tendo um registo de afiliações
comunistas, negou as acusações e resistiu com sucesso aos esforços do comité
para removê-lo como
analista governamental das transmissões de rádio alemãs. Acusado no Williams College de franco liberalismo e suspeito
de comunismo (!) Schuman empreendeu várias batalhas políticas e sociais
incluindo a sua tão divulgada recusa em participar de cerimónias durante uma
visita de Lady Bird Johnson, que considerou uma indicação tácita de apoio do
colégio à política externa do presidente Lyndon Johnson.
Schuman's book is full of anti-communist and anti-Marxist
stereotypes. It contains, however, documentary information of interest and a
good description of the insurrection of the Czechoslovak legion.
Schuman was a Professor
at the Williams College
and at the University
of Chicago . Though
attacked by the Un-American Activities Committee in 1943 as having a register
of communist affiliations, he denied the accusations and successfully withstood
efforts by the committee to have him removed as a Government analyst of German
radio broadcasts. Accused at the Williams
College of outspoken
liberalism and suspected communism (!) Schuman undertook several political and
social battles including his much-publicized refusal to attend ceremonies
during a visit by Lady Bird Johnson, which he considered a tacit indication of
support for President Lyndon Johnson’s foreign policies on the part of the
college.
[4] Albert Rhys
Williams, Through the Russian Revolution,
Boni and Liveright Pub., New
York , 1921.
Rhys Williams era um jornalista americano e
activista sindical. Viajou na Rússia em plena revolução tendo contactado várias estratos sociais em várias
regiões. O seu livro baseia-se em artigos que escreveu para o Asia, Yale Review, Dial, Nation, New Republic ,
New York
Evening Post. Contactou Lenine várias vezes. Abraçou a causa comunista
depois da sua experiência na Rússia.
Rhys Williams was an
American journalist and trade union activist. He traveled through Russia in the
heat of the revolution, and made
contacts with various social strata in various regions. His book is
based on articles he wrote for Asia, Yale
Review, Dial, Nation, New
Republic and New York Evening Post. He contacted Lenin
several times. He embraced the communist cause after his experience in Russia .
[4a] Ataman,
Hetman: líder supremo de uma comunidade cossaca | supreme
leader of a Cossack Community.
[5] «Brancos»: designação dos
contra-revolucionários de vários partidos. Eram assim chamados pelo facto de
parte importante dos militares contra-revolucionários usarem o uniforme branco
das tropas czaristas. As unidades dos brancos eram designadas por «guardas
brancos» ou «exército dos brancos».
"Whites":
designation of the counterrevolutionaries of various parties. They were called
after the white uniform of the Tsarist troops worn by a considerable number of
counterrevolutionary military men. The detachments of the Whites were called
“White Guards” or “White Armies”.
[6] Rhys
Williams, op. cit. Há outras variantes das palavras finais de Nikolayev que nos parecem demasiado longas e
formais para terem sido proferidas no momento do enforcamento. Assim, em Подвиг красных генералов. Часть первая (O Feito dos Generais Vermelhos. Parte
Um), as palavras teriam sido «Vocês roubam-me a vida mas não me roubam a fé
na felicidade futura do nosso povo!» No livro The Red Army de Erich Wollenberg (Indexreach Ltd, 1938; New Park
Publications, Ltd, 1978), a versão é: «Viva o Exército Vermelho! Declaro que
servi os trabalhadores e camponeses até ao meu último suspiro!»
A tortura
aplicada a Nikolayev
foi uma das habitualmente aplicadas pelos brancos aos comunistas: queimar uma
estrela no peito.
Rhys Williams, op. cit. There are other variants of Nikolayev 's final words
that seem to us too long and formal as an uttering when about to swing in the
space. Thus, in Подвиг красных генералов. Часть первая (The Feat of Red Generals, Part One), the words would have been
"You steal my life but you don’t steal my faith in the future happiness of
our people!" In The Red Army by
Erich Wollenberg (Indexreach Ltd, 1938; New Park Publications, Ltd, 1978), the
version is: "Long Live the Red Army! I declare that I have served the
workers and peasants until my last breath!"
The torture applied to Nikolayev
was one of those commonly applied by the Whites to the communists: to burn a
star upon the chest.
[7] O tratado de Brest-Litovsk foi assinado
a 3 de Março de 1918. A 5 de Março, Lenine escrevia em Uma Séria Lição e uma Séria Responsabilidade: «É um facto que desde
3 de Março, quando os alemães cessaram as hostilidades às 13H00, até às 19H00
do dia 5 de Março quando escrevo estas linhas, temos tido um respiro, e já
aproveitámos estes dois dias para a defesa prática (não com frases, mas com
feitos) da pátria socialista. […] ao retirar em ordem para salvar os restos do
exército aproveitando cada dia de respiro para esse fim».
The Brest-Litovsk treaty
was signed at March 3, 1918. On 5 March Lenin wrote in A Serious Lesson And A Serious Responsibility: “It is a fact that
from March 3, when at 1 p.m. the Germans ceased hostilities, to March 5, at 7
p.m., when I am writing these lines, we have had a breathing-space, and we have
already made use of these two days for the business like (as expressed in
deeds, not phrase-making) defence of the socialist fatherland. […] in
retreating in good order, so as to save the remnants of the army, taking
advantage of every day’s respite for this purpose.”
[8] O peso da classe operária em Moscovo
era menor que em Petrogrado. A reacção encontrava aí um terreno mais propício,
dado o peso dos médios e ricos comerciantes e camponeses. Já em Novembro de
1917 a revolução tinha sido em Moscovo bem mais difícil que em Petrogrado,
conforme é descrito em: História da
Grande Revolução Socialista de Outubro, Ed. Progresso, 1977, obra de
referência importante.
The proportion of the
working class in Moscow was smaller than in Petrograd . The reaction found in Moscow a more propitious ground, given the
proportion of the middle and wealthy merchants and peasants. Already in
November 1917, the revolution had been much more difficult in Moscow
than in Petrograd , as is well described in: History of the Great Socialist October
Revolution, Progress Ed., 1977, an important reference work.
[9] A «União» pensava subornar os
comandantes dos voluntários letões que eram os elementos mais seguros da Guarda
Vermelha.
The “Union ”
was considering bribing the commanders of the Lettish volunteers who were the
more reliable elements of the Red Guard.
[10] General do Estado-Maior do Czar,
Comandante-Chefe do Governo Provisório até Maio de 1917 e depois Chefe do
Estado-Maior. Aliou-se a Kaledine (ver nota 12) depois da Revolução de Outubro.
General of the Tzarist
General Staff, Chief Commander of the Provisional Government until May 1917 and
then Chief of Staff. He allied himself with Kaledin (see note 12) after the
October Revolution.
[11] Morgan
Phillips Price, My Reminiscences of the
Russian Revolution, G. Allen & Unwin, London ,
1921 (reprint 1981 by Hyperion Press, Inc., CT, USA ).
Um dos livros mais importantes sobre a revolução socialista da Rússia
até 1920, baseado em documentos oficiais e em testemunhos oculares do autor.
Price era membro do Partido Liberal inglês
mas opôs-se à 1.ªGM. Tornou-se correspondente de Guerra do Manchester Guardian na Frente Oriental. Phillips Price falava o russo
o que lhe foi útil durante a viagem através da Rússia, nos contactos com a
população, e nas suas observações sobre a revolução. No seu livro mostra
compreensão e simpatia por Lenine, pelas políticas bolcheviques, pelas camadas
pobres da população. Regressado a Inglaterra em 1921 aderiu ao Partido
Trabalhista.
One of the most important books on the Russian socialist
revolution until 1920, based on official documents and eyewitness accounts of
the author.
Price was a member of
the English Liberal Party but opposed the WWI. He became a war correspondent
for the Manchester Guardian on the
Eastern Front. Phillips Price spoke Russian what was useful to him during his
trip through Russia ,
in the contacts with the population, and in his observations on the revolution.
In his book he shows understanding and sympathy for Lenin, for Bolshevik
policies, and for the poor sections of the population. Having returned to England in 1921
he joined the Labor Party.
[12] Ataman dos cossacos do Don que
organizou um levantamento contra o governo soviético, logo a seguir à Revolução
de Outubro. Suicidou-se em Janeiro de 1918 depois da derrota do seu exército
cossaco em Rostov-no-Don (derrotado pela Guarda Vermelha).
Ataman of the Don
Cossacks who organized a rally against the Soviet government, shortly after the
October Revolution. He took suicide on January 1918 after the defeat of his
Cossack army in Rostov-on-Don (defeated by the Red Guard).
[13] Komilov foi morto em Abril de 1918,
durante uma tentativa fracassada de tomar Ekaterinodar aos bolcheviques.
Komilov was killed in
April, 1918, during an unsuccessful attempt to take Ekaterinodar from the
Bolsheviks.
[14] Lenin, Directives to the Vladivostok Soviet, April 7, 1918.
[15] A Checoslováquia fazia parte do
Império Austro-Húngaro e o corpo incluía também húngaros e austríacos.
[16] O longo episódio contra-revolucionário da legião checa
está bem descrito em | The long counterrevolutionary episode of the Czech legion
is well described in: William H. Chamberlin, The Russian Revolution (1917-1918), vol. 2,
The Macmillan Co., NY, 1926. Concordando no essencial com outros
autores, Chamberlin fornece muitos detalhes de interesse.
Chamberlin era o correspondente americano
em Moscovo do The Christian Science
Monitor no período 1922-1934. A sua visão burguesa é, como seria de esperar, hostil ao regime
soviético e aos bolcheviques, particularmente a Lenine. A única figura que
trata com simpatia é Trotsky, inclusive em termos elogiosos. Contudo, procura
manter-se objectivo em muitos aspectos.
Agreeing in substance
with other authors, Chamberlin provides many details of interest.
Chamberlin was the
American correspondent in Moscow
of The Christian Science Monitor in
the period 1922-1934. His bourgeois outlook is, as one would expect, hostile to
the Soviet regime and to the Bolsheviks, particularly Lenin. The only figure he
treats with sympathy is Trotsky, even in flattering terms. However, he seeks to
remain objective in many aspects
[17] Por exemplo, um telegrama enviado de
Samara a 17 de Maio à Missão Militar em Moscovo, dizia assim: «Todos delegados
cossacos chegados Samara pedem dinheiro e estão prontos a marchar contra
sovietes e alemães. Por favor envie resposta».
As an example, a
telegram dated May 17, 1918, from Samara to the Military Mission in Moscow , reads: "All
Cossack delegates arrived Samara ask for money and are ready march against
Soviets and Germans. Please send reply."
[18] A New World Economics
permite determinar o equivalente do rublo em dólares US para o período da 1.ª
GM (até ao 2T de 1918). A wikipedia fornece os
valores a partir de 1924, o que permite estimar por interpolação para anos
intermédios.
The New World Economics
allows one to determine the ruble equivalent in US dollars for the WWI period
(up to 2Q 1918). The wikipedia provides the values
starting at 1924, which allows one to estimate by interpolation for
intermediate years.
[19] Sobre a intervenção dos serviços de
espionagem dos Aliados na RSFSR ver | On the
intervention of the Allied espionage services in the RSFSR see: Sayers and
Kahn, op. cit., c. III.
[20] A insurreição dos SRs de esquerda foi
organizada pelo CC deste partido a 24 de Junho. Era secretamente apoiada por
missões diplomáticas estrangeiras, como
parte de um ataque geral da contra-revolução interna e dos imperialistas da
Entente. Cerca de 1.800 pessoas participaram na insurreição, liderada pelo SR
de esquerda D.I. Popov, membro da Cheka. O Kremlin foi bombardeado com
artilharia e o edifício de telefone e telégrafo ocupado. Durante as duas horas
que permaneceram em controlo, os SRs de esquerda emitiram manifestos e
telegramas alegando que tinham tomado o poder e que a sua acção havia sido bem
recebida por toda a população. Os SRs também tentaram sem êxito iniciar
insurreições em Petrogrado, Vologda
e outras cidades. Quando o V Congresso dos Sovietes se voltou a reunir após a
derrota da insurreição, foi aprovada uma decisão de expulsar dos sovietes
aqueles SRs de esquerda que haviam apoiado a linha aventureira da sua
liderança. (Vários grupos de SRs de esquerda permaneceram fiéis ao poder
soviético.)
The insurrection of the
Left SRs was organized by the CC of this party on June 24. It was secretly
supported by foreign diplomatic missions as part of a general attack by the
internal counter-revolution and the Entente imperialists. About 1,800 people
participated in the insurrection, led by the Left SR D. I. Popov, a member of
the Cheka. The Kremlin was bombarded with artillery and the telephone and
telegraph building occupied. During the two hours they remained in control, the
Left SRs issued manifestoes and telegrams claiming they had seized the power
and their action had been welcomed by the whole population. The SRs also tried
unsuccessfully to initiate insurgencies in Petrograd, Vologda and other cities. When the Fifth
Congress of Soviets reassembled after the defeat of the insurrection, it passed
a decision expelling from the Soviets those Left SRs who had supported the
adventuristic line of their leadership. (Several groups of left SRs remained
loyal to the Soviet power.)
[21] Savinkov testemunhou em tribunal que a
insurreição de Yaroslav tinha sido inspirada pelo embaixador francês Noulens,
personagem sinistra que irá aparecer mais vezes em posição de destaque nas
intervenções da Entente.
Savinkov testified in
court that the insurrection of Yaroslav had been inspired by the French
ambassador Noulens, a sinister character who will often appear leading Entente
interventions.
[22] Nesta altura eram os americanos que
controlavam os checoslovacos. Em 22 de Julho o cônsul americano em Moscovo
enviou ao cônsul americano em Omsk
um telegrama cifrado que dizia [1]:
«Pode informar confidencialmente os líderes
checoslovacos que, até nova disposição, os Aliados ficarão contentes, do ponto
de vista político, que mantenham a actual posição. […] É desejável, em primeiro
lugar, que assegurem o controlo da Ferrovia Transiberiana e, em segundo lugar,
se se considerar isso também possível, manter o controlo sobre o território que
agora dominam. Informe os representantes franceses que o Cônsul Geral francês
dá o seu acordo a estas instruções.»
At this point it was the Americans who controlled
the Czechoslovaks. On July 22 the American Consul in Moscow
sent to the American Consul at Omsk
a cipher telegram which read [1]:
“You may inform the
Czechoslovak leaders confidentially that pending further notice the Allies will
be glad, from a political point of view, to have them hold their present
position. […] It is desirable first of all, that they should secure control of
the Trans-Siberian Railway, and second, if this is assumed at the same time
possible, retain control over the territory which they now dominate. Inform the
French representatives that the French Consul General joins in these
instructions.”
[23] «As descobertas do capitão Hicks, do
capitão Webster e do major Drysdale foram ocultadas dos públicos britânico e
americano. O capitão Hicks recebeu uma ordem judicial para regressar a Londres,
e foi depois designado para trabalhar com o capitão Sidney Reilly. O
Departamento de Estado dos EUA arquivou os relatórios do capitão Webster e
Major Drysdale» [1]
“The findings of Captain
Hicks, Captain Webster and Major Drysdale were kept from the British and
American publics. Captain Hicks received a court order to return to London , and then was
assigned to work with Captain Sidney Reilly. The U. S. State Department shelved
the reports of Captain Webster and Major Drysdale” [1]
[24] A Conferência dos bolcheviques em Baku , em 27 de Julho, decidiu não abandonar o poder sem
luta e organizar urgentemente a defesa de Baku
sob a liderança do CCP. Declarou a mobilização geral e incentivou os
trabalhadores a defender a cidade e o poder soviético. Para tal, declarou a
cidade em estado de guerra, confiou à Cheka a repressão da agitação
contra-revolucionária, dirigiu um apelo aos trabalhadores de Baku para se levantarem em armas e defenderem
a cidade. Mas os esforços heróicos dos comunistas da Azerbaidjão foram
frustrados pela traição dos Dashnaki (nacionalistas), SRs e mencheviques. Entre
as causas do colapso do poder soviético em Baku , além da intervenção estrangeira, há que
citar não ter sido consolidada a aliança do proletariado com o campesinato e
erros cometidos na questão nacional.
The Bolshevik Conference
in Baku on 27 July decided not to abandon power
without struggle and to urgently organize the defense of Baku under the leadership of the CPC. It
declared the general mobilization and encouraged the workers to defend the city
and the Soviet power. For this purpose, it declared the city in a state of war,
entrusted to the Cheka the repression of the counterrevolutionary agitation,
appealed to the Baku
workers to stand in arms and defend the city. But the heroic efforts of the
Azerbaijani communists were thwarted by the betrayal of the Dashnaki (nationalists),
SRs and Mensheviks. Among the causes of the collapse of Soviet power in Baku , apart from foreign
intervention, was the fact that the alliance of the proletariat with the
peasantry had not been consolidated and errors made in the national question.
[25] Vários «governos» brancos chamaram-se
a si próprios da «Assembleia Constituinte» por agruparem cadetes, SRs e
mencheviques fugidos da Assembleia Constituinte. Esta tinha acabado sem quórum
e sem glória em Janeiro de 1918, povoada apenas por cadetes, SRs de direita e
mencheviques que não reconheciam o mais elementar decreto do poder soviético.
Ao intitularem-se da «Assembleia Constituinte» esses brancos anunciavam a sua
intenção de restaurar o regime burguês dos governos provisórios, já rejeitado
pelo povo.
A number of White
“governments” called themselves of the “Constituent Assembly” for aggregating
cadets, SRs and Mensheviks who had fled the Constituent Assembly. This had
ended without quorum and glory in January 1918, populated only by cadets, Right
SRs and Mensheviks who did not recognize the most elementary decree of Soviet
power. By calling themselves of the "Constituent Assembly" those
Whites announced their intention to restore the bourgeois regime of the
provisional governments, already rejected by the people.
[26] Informação do governo britânico ao
povo russo: «Viemos para vos ajudar a salvarem-se do desmembramento e da
destruição pelas mãos da Alemanha… Desejamos assegurar-vos solenemente que não
nos apropriaremos de um metro do vosso território. Os destinos da Rússia estão
nas mãos do povo russo. Cabe a ele, e só a ele, decidir a forma de governo e
encontrar solução para os seus problemas sociais».
Declaração de Washington: «A acção militar
é agora admissível na Rússia apenas para prestar a protecção e a ajuda possível
aos checoslovacos contra os prisioneiros armados austríacos e alemães que os
atacam, e para consolidar qualquer esforço de autogoverno ou autodefesa em que
os próprios russos possam estar dispostos a aceitar assistência».
Tóquio anunciou: «Ao adoptar esta decisão o
governo japonês permanece fiel ao seu desejo de promover relações duradouras de
amizade e afirma a sua política de respeitar a integridade territorial da
Rússia e de se abster de toda a interferência na sua política nacional».
Information of the
British Government to the Russian people: “We are coming to help you save
yourselves from dismemberment and destruction at the hands of Germany ... We
wish to solemnly assure you that we shall not retain one foot of your territory.
The destinies of Russia
are in the hands of the Russian people. It is for them, and them alone, to
decide their forms of Government, and to find a solution for their social
problems.”
Declaration from Washington : “Military action is admissible in Russia now only
to render such protection and help as is possible to the Czechoslovaks against
the armed Austrian and German prisoners who are attacking them, and to steady
any efforts at self-government or self-defense in which the Russians themselves
may be willing to accept assistance.”
[27] Phillips Price, op. cit., revela
entendimentos entre os dois grupos de imperialistas. Phillips
Price, op. cit., reveals understandings between the two groups of imperialists.
[28] Anna Louise
Strong, The Soviets Expected It, The
Dial press, New York ,
1941.
Doutorada em filosofia, a autora denunciou
a miséria infantil e, como jornalista do New York Evening Post, reportou em 1916
o massacre de trabalhadores em Everett ,
Washington , tornando-se defensora
dos trabalhadores e socialista. Depois da Revolução de Outubro defendeu na
imprensa liberal o governo soviético. Veio a ser correspondente em Moscovo do
International News Service, tornando-se forte apoiante de URSS. Entrevistou trabalhadores
e povo comum bem como
líderes soviéticos. Visitou a Espanha em 1937 e acompanhou o Exército Vermelho
na Polónia e em Berlim em 1945, e visitou a China durante as últimas etapas da
guerra de libertação. Presa por acusações de espionagem após a 2.ªGM, veio a
estabelecer-se na China
até à sua morte em 1970.
A PhD in philosophy, the
author denounced child misery and, as a journalist for the New York Evening Post, reported in 1916 the massacre of workers in Everett , Washington ,
becoming a worker and socialist advocate. After the October Revolution she
defended the Soviet government in the liberal press. She became a correspondent
in Moscow of the International News Service, and
later a strong supporter of the USSR .
She interviewed workers and ordinary people as well as Soviet leaders. She
visited Spain in 1937 and
accompanied the Red Army in Poland
and Berlin in 1945, and visited China during
the latter stages of the war of liberation. Arrested on espionage charges after
the WWII, she settled in China
until her death in 1970.
[29] Os livros supracitados de Chamberlin e
de Erich Wollenberg contém informação sobre o Exército Vermelho.
Erich Wollenberg era um comunista alemão
que ingressou no exército vermelho em 1924-25. Em 1927 foi assistente de
investigação no Instituto Marx-Engels-Lenin em Moscovo. Defende no livro
posições trostkistas, anti-Estaline. Independentemente disso, o livro contém
observações de interesse, factos e números dignos de crédito.
The aforementioned books
by Chamberlin and Erich Wollenberg contain information about the Red Army.
Erich Wollenberg was a
German communist who joined the Red Army in 1924-25. In 1927 he was research
assistant at the Marx-Engels-Lenin Institute in Moscow . He defends in the book Trotskyist,
anti-Stalin positions. Regardless of that, the book contains observations of
interest, facts, and credible numbers.
[30] Wollenberg, op. cit.: «No final de
Dezembro de 1920, as escolas militares vermelhas tinham fornecido 39.914
oficiais juniores para o exército, que então possuía um total de 130.000
oficiais e 315.747 sub-oficiais e funcionários militares.»
Wollenberg, op. cit.:
“By the end of December 1920, the Red military schools had provided 39,914
junior officers for the army, which then possessed a total of 130,000 officers
and 315,747 N.C.O.s and military officials.”
[31] Lenine defendia como necessária a utilização de especialistas
e técnicos burgueses, mas tanto quanto sabemos nunca se referiu ao alistamento
de ex-oficiais czaristas.
Though Lenin defended
the need of using bourgeois specialists and technicians, as far as we know he
never referred to the enlistment of former Tsarist officers.
[32] Segundo Wollenberg, op. cit., o número
de oficiais do antigo exército, incluindo alferes, servindo no Exército
Vermelho, era em 1 de Janeiro de 1919 de 100.000 num total de 165.113 (60,6 %).
According to Wollenberg,
op. cit., the number of officers of the former army, including ensigns, serving
in the Red Army was on January 1 1919 of 100,000 out of a total of 165,113 (60,6
%).
[33] Chamberlin (op. cit.), sempre
simpático com Trotski, diz: «Trotski não era um líder infalível. Não era, e não
imaginava ser, um Napoleão ou um Marlborough ;
deixou as questões de estratégia entregues ao julgamento de especialistas
militares».
Chamberlin (op. cit.),
always sympathetic of Trotsky, states: “Trotsky was not an infallible leader.
He was not, and did not imagine that he was, a Napoleon or a Marlborough ; he left matters of strategy to
the judgment of military experts.”
[34] Dos historiadores trotskistas que
trataram especificamente da guerra civil só encontrámos Wollenberg e Isaac
Deutscher. Este último tem um capítulo Stalin
in the Civil War no seu livro Stalin
(Penguin Books, 1966) em que compara Trotski com Estaline.
Deutscher foi um polaco que estudou
filosofia e economia juntando-se ao Partido Comunista da Polónia (KPP) em 1927.
Viajou pela URSS em 1931 e no regresso fundou um grupo anti-estalinista no KPP.
Expulso do KPP exilou-se no RU onde aderiu por pouco tempo a um grupo trotskista.
Em 1942 tornou-se jornalista do jornal burguês The Economist (com ligações ao MI5 e CIA). Em 1946-47 deixou o
jornalismo para se tornar escritor. Tornou-se biógrafo de Trotski usando para
tal os arquivos da Universidade de Harvard. O seu nome aparece com a nota «só
simpatizante» na lista que George Orwell – um trotskista informador dos
serviços secretos britânicos -- preparou em 1949 para o Information Research Department do MI6 sobre comunistas no RU. Na década de 1960, em pleno sentimento de
esquerda contra a guerra do Vietname, o trotskismo de Deutscher virou «marxismo
humanista». Tony Blair elogiou a obra de Deutscher em 2006. Deutscher, cujo
trajecto sempre foi para a direita, de conciliação com o imperialismo, e de
desgosto por qualquer revolução, só revela um rebate de decência no Stalin
posterior à edição de 1948 ao argumentar porque razão não se pode igualar
Estaline a Hitler.
Of the Trotskyist
historians who dealt specifically with the civil war, we only found Wollenberg
and Isaac Deutscher. The latter has a chapter Stalin in the Civil War in his book Stalin (Penguin Books, 1966) in which he compares Trotsky with
Stalin.
Deutscher was a Polish
who studied philosophy and economics joining the Communist Party of Poland
(KPP) in 1927. He traveled through the USSR in 1931 and on his return
founded an anti-Stalinist group in the KPP. Expelled from the KPP he exiled in
the UK
where he joined a Trotskyist group for a short time. He became a journalist in
1942 for the bourgeois newspaper The
Economist (with links to the MI5 and CIA). He left journalism in 1946-47 to
become a writer. He became Trotsky's biographer using the Harvard University
archives. His name appears with the note "sympathizer only" on the
list that George Orwell -- a Trotskyist and informant of the British secret
services -- prepared in 1949 for the MI6's Information
Research Department on communists in the UK . In the 60s, in the midst of a
leftist sentiment against the Vietnam War, Deutscher's Trotskyism became
"humanistic Marxism." Tony Blair praised Deutscher's work in 2006.
Deutscher, whose trajectory has always been rightwards, conciliatory with
imperialism, and of disgust of any revolution, only reveals a rebuttal of
decency in the editions of Stalin subsequent to 1948 where he argues why one
cannot equate Stalin to Hitler.
[35] O trotskista Wollenberg reconhece (op.
cit.): «A maioria dos trabalhadores militares bolcheviques adquiriam os
conhecimentos e as capacidades de líderes do exército num tempo incrivelmente
curto, apesar de não terem feito anteriormente qualquer serviço militar».
The Trotskyist
Wollenberg recognizes (op. cit.): “Most of the Bolshevist military workers
acquired the knowledge and capability of army leaders in an amazingly short
time, despite the fact that they had done no previous military service.”
[36] Havia CMRs das divisões e das diversas
frentes. A 2 de Setembro de 1918 foi oficializado o CMR da República, presidido
por Trotski. Incluía como
membro proeminente o Comandante-Chefe J. J. Vatsetis (um letão, comandante do
antigo exército) e outros membros, entre os quais Estaline a partir de 8 de
Outubro de 1918.
Em Julho de 1919, Vatsetis foi acusado de
traição e encobrimento de conspiração militar. Foi preso. A sua prisão foi
explicada num telegrama enviado a Trotski assinado por Djerjinski, Krestinski,
Lenine e Sklyanski. Vatsetis auto-justificou-se e Trotski conseguiu a sua
libertação em Agosto e reinstalá-lo no CMR. Em 1937 o NKVD acusou-o de ter sido
um agente da espionagem alemã desde 1918, sob cujas instruções realizara uma
série de acções traiçoeiras durante a guerra civil. Acusou-o também de desde
1921 pertencer à espionagem letã, participando na criação de uma organização
fascista-terrorista letã para combater o poder soviético. Vatsetis reconheceu-se
culpado. Como Khrutchev na sua sanha «anti-estalinista» não o reabilitou,
podemos concluir que as acusações não ofereciam dúvidas.
There were RMCs of the
divisions and of the various fronts. On September 2 1918 the RMC of the
Republic, presided by Trotsky, was made official. It had as prominent member
the Commander-in-Chief J. J. Vatsetis (a Latvian, commander of the old army);
it also had other members, among which Stalin since October 8, 1918.
In July 1919, Vatsetis
was charged with treason and of covering-up a military conspiracy. He was
arrested. His arrest was explained in a telegram sent to Trotsky signed by
Dzherzhinski, Krestinsky, Lenin and Sklyanski. Vatsetis gave a justification
and Trotsky succeeded in releasing him in August and re-instated him in the
RMC. In 1937 the NKVD accused him of having been an agent of the German
intelligence since 1918, under whose instructions he had carried out a series
of treacherous actions during the civil war. He was also accused of being a
member of the Latvian intelligence since 1921, participating in the creation of
a Latvian fascist-terrorist organization to fight Soviet power. Vatsetis
pleaded guilty. Since Khrushchev in his "anti-Stalinist" spree did
not rehabilitate him, we may conclude that the accusations offered no doubt.
[37] Chamberlin, op. cit., que cita S. I.
Gusev figura militar de grande destaque, membro do CMR durante a guerra civil
autor de um livro sobre o tema.
Chamberlin, op. cit.,
who quotes S. I. Gusev, military figure of great prominence, member of the RMC
during the civil war, author of a book on the subject.
[38] E. Genkina, Historical Journal, No. 5, Maio de
1938, pp. 18-31 (História dos
Combates em Tsaritsine, 1918, em russo | History of the
Combats in Tsaritsyn, 1918, in Russian):
«A 23 de Maio de 1918 Ordjonikidze
telegrafou a Lenine sobre a situação em Tsaritsine: "São necessárias
medidas fortes, e os camaradas locais são muito fracos. Qualquer desejo de
ajudar é visto como
uma interferência nos assuntos locais. Há 6 comboios com pão para Moscovo quee
não vão para a estação ... Repito mais uma vez que precisamos das medidas mais
decisivas. Está a ocorrer uma contra-revolução em torno de Tsaritsyn.” … Na
própria cidade, devido à liderança oportunista do presidente do soviete local,
Minin, reinava o caos e a confusão tanto nos órgãos soviéticos e profissionais,
como nos órgãos do comando militar.»
“On 23 May 1918 Ordzhonikidze telegraphed
Lenin on the situation in Tsaritsyn: ‘Strong measures are needed, and local
comrades are very weak. Any desire to help is seen as interference in local
affairs. There are six trains with bread bound for Moscow that do not get to
the station ... I repeat once again that we need the most decisive measures. A
counter-revolution is taking place around Tsaritsyn.’ In the city itself,
because of the opportunist leadership of the chairman of the local Soviet,
Minin, chaos and confusion reigned in Soviet and professional bodies, as well
as in organs of military command.”
[39] J. Estaline, Telegrama para V.I. Lenine, 7 de Junho de 1918: «Cheguei a
Tsaritsin no dia 6… Em Tsaritsin, Astracã e Saratov , o monopólio dos cereais e os preços
fixos foram abolidos pelos sovietes, e há caos e especulação. Assegurei a
introdução de racionamento e preços fixos em Tsaritsyn ... Dentro de uma
semana, proclamarei uma "Semana do Cereal" e despacharei
imediatamente para Moscovo cerca de um milhão de pudes [1 pude =16,38 kg] com
uma escolta especial de ferroviários. Enviei um mensageiro a Baku e partirei para o sul eu mesmo dentro de
um dia ou dois. O chefe comercial Zaitsev será preso hoje por negociação oculta
e especulação em bens do governo. Diga a Schmidt para não enviar mais patifes.
Que Kobozev faça com que a comissão de cinco homens em Voronej, no seu próprio
interesse, não crie dificuldades aos meus agentes».
J. Stalin, Telegram to V. I. Lenin, June 7, 1918:
“Arrived in Tsaritsyn on the 6th…In Tsaritsyn, Astrakhan
and Saratov the
grain monopoly and fixed prices were abolished by the Soviets, and there is
chaos and profiteering. Have secured the introduction of rationing and fixed
prices in Tsaritsyn… Within a week we shall proclaim a ‘Grain Week’ and shall
dispatch to Moscow right away about one million
poods [1 pood =16.38 kg] with a special escort of railwaymen Have sent a
messenger to Baku ,
and shall be leaving for the South myself in a day or two. Chief Trade Agent
Zaitsev will be arrested today for bag-trading and speculating in government
goods. Tell Schmidt not to send any more scoundrels. Let Kobozev see to it that
the five-man collegium in Voronezh
in its own interests does not create difficulties for my agents.”
[40] Uma
grande ajuda a Tsaritsine foi prestada pelos comunistas de entre os
ex-prisioneiros de guerra (Wagner, Melcher e outros). Criaram o Sindicato dos
Trabalhadores e Camponeses Estrangeiros. O jornal Internationalist começou a aparecer (em checo, sérvio, polaco,
húngaro, alemão). Por iniciativa da União, formou-se o 1.º Regimento
Revolucionário Sérvio, o 4.º Regimento Internacional, o Destacamento
Consolidado (780 homens) e algumas brigadas internacionais. O número total de
internacionalistas do Exército Vermelho era de 4.000 homens.
A great help to Tsaritsyn was provided by the communists from among
the ex-prisoners of war (Wagner, Melcher and others). They created the Union of
Foreign Workers and Peasants. The Internationalist
newspaper began to appear (in Czech, Serbian, Polish, Hungarian, and German).
At the initiative of the Union , the 1st
Serbian Revolutionary Regiment, the 4th International Regiment, the
Consolidated Detachment (780 men) and some international brigades were formed.
The total number of Red Army internationalists was 4,000 people.
[41]
Genkina, op. cit.: «Lenine escreveu pessoalmente no telegrama de Estaline, que
sugeriu que se dispersasse o quartel-general da DMCN: “A minha opinião concorda
com a de Estaline”».
Genkina, op. cit.: "Lenin wrote personally in Stalin's
telegram, which suggested that the MDNC headquarters should be dispersed: ‘My
opinion agrees with Stalin's.’"
[42] Ver
o artigo hostil a Estaline | See the article hostile
to Stalin: https://ru.wikipedia.org/wiki/Сытин,_Павел_Павлович
[43]
Lenin, Telegrama para P. P. Sytin, 24
de Outubro de 1918. Para : Sytin, Kozlov,
Trotsky, Tsaritsyn: Voroshilov.
«Estamos
a receber telegramas desesperados de Voroshilov sobre o não recebimento de
granadas e cartuchos apesar dos seus repetidos e insistentes pedidos. Verifique
isso imediatamente, tome as medidas mais urgentes para atender aos seus pedidos
e informe-nos do que foi feito. Dê-nos os nomes das pessoas responsáveis pelo
cumprimento.»
Lenin, Telegram to P. P.
Sytin, October 24, 1918. To: Sytin, Kozlov,
Trotsky, Tsaritsyn:
Voroshilov.
“We are receiving
desperate telegrams from Voroshilov about non-receipt of shells and cartridges
despite his repeated demands and insistence. Have this checked immediately,
take the most urgent measures to meet his demands and notify us what has been
done. Give names of persons responsible for fulfillment.”
[44] No início da ofensiva contra Tsaritsine,
eram 27 mil soldados de infantaria, 30 mil de cavalaria, 175 canhões, 610
metralhadoras, 20 aeronaves e 4 trens blindados. Além disso, tinha sido formado
apressadamente o «exército cossaco de jovens» de 19-20 anos.
At the beginning of the
offensive against Tsaritsyn, it numbered 27,000 infantry, 30,000 cavalry, 175
guns, 610 machine guns, 20 aircraft and 4 armored trains. In addition, the
"young standing Cossack army" was hastily formed with 19-20-year-old
Cossacks.
[45] Durante este
período de tensão, os Chekistas descobriram uma trama preparada sob a
orientação de um engenheiro chamado Alexeyev. O jornal Soldado da Revolução, relatou: «Em 21 de Agosto de 1918, às 17:00
horas, foi descoberta em Tsaritsyn uma conspiração de guardas brancos. Os
participantes proeminentes na conspiração foram presos e executados. Os
conspiradores tinham 9 milhões de rublos». O vice-cônsul britânico e os
cônsules franceses e sérvios participaram da preparação da conspiração. Os
conspiradores esperavam que pelo menos 3.000 pessoas participassem num motim.
Mais tarde, falando no VIII Congresso da PCR(b), Lenine disse: «Deve-se ao
mérito dos habitantes de Tsaritsin terem desmascarado essa conspiração de
Alexeyev».
During
this tense period, the Chekists uncovered a plot prepared under the guidance of
an engineer named Alexeyev. The newspaper Soldier
of the Revolution, reported: "On August 21, 1918, at 17:00 hours, a
conspiracy of white guards was uncovered in Tsaritsyn. The prominent
participants in the conspiracy were arrested and executed. The conspirators had
9 million rubles." The British Vice-Consul and the French and Serbian
Consuls participated in the preparation of the conspiracy. The conspirators
expected that at least 3,000 people would take part in a mutiny. Later,
speaking at the Eighth Congress of the RCP(B), Lenin said: "The merit of
the Tsaritsyns, that they unmasked this conspiracy of Alexeyev"