segunda-feira, 23 de abril de 2018

A Guerra Civil na Rússia (1918-1922) – Parte I | The Russian Civil War (1918-1922) – Part I


- Introdução
- De Março a Junho de 1918 – A Contra-Revolução Organiza-se
- O Terrível Verão de 1918
- O Exército Vermelho
- As Primeiras Vitórias do Exército Vermelho
- Introduction
- From March to June 1918 – The Counter-- Revolution Organizes Itself
- The Terrible Summer of 1918
- The Red Army
- The First Victories of the Red Army


Introdução

A Rússia Soviética (RSFSR) foi constante-mente atacada pelo imperialismo desde o seu nascimento O imperialismo patrocinou sabo-tagens, boicotes, guerras económicas e actos terroristas, financiou facções reaccionárias e desencadeou intervenções armadas. Mais tarde a URSS foi alvo dos mesmos ataques. Os imperialistas nunca deram tréguas à construção pacífica do primeiro estado socialista. As intervenções armadas mais graves foram as da guerra civil de 1918-1922 e da 2.ª GM, que custaram dezenas de milhões de vítimas para além de enormíssimas destruições materiais.

A guerra civil começou em 1918. No Verão de 1919 as forças de 14 estados (!) tinham invadido o território da RSFSR [1]:
Introduction

Soviet Russia (RSFSR) was constantly attacked by imperialism since its inception. Imperialism sponsored sabotage acts, boycotts, economic wars and terrorist acts, financed reactionary factions and launched armed interventions. Later, the USSR was targeted by the same attacks. The imperialists never let up on the peaceful construction of the first socialist state. The most serious armed interventions were those of the civil war of 1918-1922 and of WWII, which have cost tens of millions of casualties not to speak of the enormous material destructions.

The civil war began in 1918. By the summer of 1919 the forces of 14 states (!) had invaded the territory of the RSFSR [1]:

Reino Unido (RU)
Great-Britain (UK)
França
France
EUA
United States
Alemanha
Germany
Japão
Japan
Itália
Italy
Checoslováquia
Czechoslovakia
Sérvia
Serbia
China
China
Finlândia
Finland
Grécia
Greece
Polónia
Poland
Roménia
Romania
Turquia
Turkey

Todavia, os bolcheviques triunfaram sobre todo esse conjunto de forças. Pela primeira vez o socialismo mostrava a sua superioridade. Após a guerra civil iria mostrar a sua superioridade socioeconómica.

Um ponto prévio: a propaganda imperialista ainda hoje estigmatiza a revolução russa com a mentira do «terror comunista», demonizando os comunistas. Demonizar e espalhar mentiras para esconder os objectivos de exploração e rapina são endémicos do imperialismo. No Verão de 1918 o New York Times descrevia os bolcheviques como «vorazes feras predadoras», «carniceiros», «assassinos e loucos», «criminosos intoxicados por sangue», «escória humana», etc. [1] E qual era a realidade? A realidade era:

-- A revolução socialista de 25 de Outubro de 1917 (7 de Novembro, segundo o nosso calendário), liderada pelo partido bolchevique, foi uma das revoluções mais pacíficas da História. Os testemunhos de jornalistas ingleses e americanos e de outros estrangeiros na Rússia desse tempo confirmam isso [2]. Diz assim o historiador burguês F. Schuman [3]: «[…] contrariamente à impressão que logo se tornou corrente no Ocidente, o governo soviético entre Novembro de 1917 e Junho de 1918, estabeleceu-se e empreendeu o seu programa com menos violência e muito menos vítimas do que qualquer outro regime de revolução social nos anais da humanidade».

-- A revolução só teve lugar quando os bolcheviques (comunistas) verificaram cuidadosamente que as suas propostas e acções concretas tinham conquistado uma maioria substancial dos trabalhadores e camponeses pobres, pelo que a revolução não enfrentaria grande oposição e violência. No II Congresso dos Sovietes de Deputados Operários e Soldados de Toda a Rússia, de 649 delegados, eleitos antes da revolução, 60% eram bolcheviques. Se juntarmos aos bolcheviques os seus aliados SRs de esquerda (ver n/ artigo anterior) a percentagem sobe para 75%.

-- As armas dos comunistas eram (e são) as da razão, do estudo, do exemplo e do esclarecimento, e unidade de acção dos trabalhadores. Até poucos meses antes da revolução era a burguesia que controlava as forças repressivas: exército e polícia.

-- Foram os comunistas que defenderam a paz (ver n/ artigo anterior). A construção de uma sociedade mais justa precisa de paz e não de guerra. Inversamente, a exploração e rapina imperialista precisam de guerra, como vemos todos os dias. Quando a RSFSR propôs a paz a resposta de todos os imperialistas foi a guerra.

-- Foi a RSFSR (mais tarde, a URSS) que foi atacada e invadida pelos imperialistas. Não o contrário.

-- Foram os imperialistas que se comportaram como os epítetos acima do New York Times como veremos abaixo.

-- O respeito pela vida humana foi amplamente demonstrado pelos bolcheviques. Em 30 de Novembro o governo soviético (CCP = Conselho de Comissários do Povo) emitiu um decreto que aboliu a pena capital. Impediu também expropriações selvagens de arruaceiros anarquistas. Com raríssimas excepções, todos os prisioneiros foram bem tratados. Os próprios generais czaristas, detidos na prisão de Petrogrado, reconheceram isso. Disseram ao jornalista americano Albert Rhys Williams [4] que os visitou: «Os bolcheviques são mais humanos que Kerensky. Até nos dão jornais.»

-- Vencida a insurreição de Kerenski de 13 de Novembro de 1917, vários oficiais, entre os quais o general czarista Krasnov, ataman [4a] dos cossacos do Don, foram feitos prisioneiros. Os bolcheviques ofereceram-lhes a amnistia se prometessem não se opor em armas ao regime soviético. Prometeram. Mas uma vez libertados, quebraram a promessa. Fugiram para o Sul juntando-se aos exércitos financiados e participados pelos imperialistas, desencadeando a guerra civil no fim de Maio de 1918. Só a partir dessa altura, para enfrentar a situação difícil levantada pela destruição e inaudito terror dos «brancos» [5], os soviéticos tiveram que recorrer a medidas punitivas. «Se os Aliados não tivessem intervindo na Rússia e novamente atiçado a guerra civil contra os sovietes, quase de certeza não teria havido Terror Vermelho e a revolução teria continuado como começou – praticamente uma “revolução sem sangue”». [4] Aos «Aliados» há que juntar a Alemanha e outros.

-- O humanismo, as acções e ideias sociais avançadas dos bolcheviques, chegavam mesmo a conquistar aqueles que pareceria impossível. Um exemplo: o general czarista A. P. Nikolayev aderiu ao poder soviético e tornou-se comandante do Exército Vermelho. Desempenhou funções importantes até ser capturado em Maio de 1919 pelos brancos em Yamburg. O general branco Rodzianko sugeriu-lhe que «admitisse os seus erros» e aderisse aos brancos. Nikolayev recusou. Foi torturado e condenado à morte. À beira da forca ainda lhe propuseram a vida salva se se aliasse aos brancos. Recusou de novo. Morreu proferindo como últimas palavras «Morro bolchevique. Vivam os sovietes!» [6].
Yet, the Bolshevists triumphed over all this array of forces. For the first time socialism showed its superiority. It would demonstrate after the civil war its socio-economic superiority.

A prior remark: imperialist propaganda still stigmatizes the Russian revolution with the lie of "communist terror", demonizing the communists. Demonizing and spreading lies to hide the exploitation and plundering ends are endemic to imperialism. In the summer of 1918 the New York Times described the Bolsheviks as "ravening beasts of prey," "butchers," "assassins and madmen," "blood-intoxicated criminals," "human scum," etc. [1] And what was the reality? The reality was:

-- The socialist revolution of October 25, 1917 (November 7, according to our calendar), led by the Bolshevik party, was one of the most peaceful revolutions in history. The testimonies of English and American journalists and of other foreigners in Russia at that time confirm this [2]. The bourgeois historian F. Schuman says as follows [3]: "[...] contrary to the impression which soon became current in the West, the Soviet Government between November and June, 1917-18, established itself and pursued its program with the less violence and with far fewer victims than any other social revolutionary regime in human annals."

-- The revolution only took place when the Bolsheviks (communists) carefully verified that their proposals and concrete actions had won a substantial majority of the workers and poor peasants, and therefore the revolution would not be confronted by great opposition and violence. At the Second All-Russia Congress of Soviets of Workers' and Soldiers’ Deputies, out of 649 delegates, elected before the revolution, 60% were Bolsheviks. If we add to the Bolsheviks their left SR allies (see our previous article) the percentage rises to 75%.

-- The communists' weapons were (and are) those of reason, study, example and elucidation, and unity of action of the workers. Until a few months before the revolution, it was the bourgeoisie who controlled the repression forces: the military and the police.

-- It was the communists who defended peace (see our previous article). The building up of a more just society needs peace, not war. Diametrically opposed to this, imperialist exploitation and plundering need war, as we see every day. When the RSFSR proposed peace the response of all the imperialists was war.

-- It was the RSFSR (later the USSR) that was attacked and invaded by the imperialists. Not the other way around.

-- It was the imperialists who behaved like the aforementioned epithets of the New York Times as we will see later.

-- Respect for human life has been amply demonstrated by the Bolsheviks. On 30 November the Soviet government (CPC = Council of People’s Commissars) issued a decree abolishing capital punishment. It also impeded wild expropriations of anarchist hooligans. With very few exceptions, all prisoners were treated well. The Tsarist generals themselves, detained in the Petrograd prison, recognized this. They told the American journalist Albert Rhys Williams [4] who visited them: "The Bolsheviks are more human than Kerensky. They even give us the newspapers."

-- Once the insurrection of Kerensky of November 13 1917 had been quelled, several officers, including the Tsarist General Krasnov, Ataman [4a] of the Don Cossacks, were taken prisoners. The Bolsheviks offered them amnesty if they promised not to oppose the Soviet regime in arms. They promised that. But once released, they broke the promise. They fled to the South joining the armies financed by and with army corps from the imperialists, launching the civil war by the end of May 1918. Only from that time, in order to face the difficult situation raised by the destruction and unheard of terror of the "Whites" [5], the Soviets had to resort to punitive measures. “Had not the Allies intervened in Russia and again stirred up civil war against the Soviets, in all probability there would have been no Red Terror and the Revolution would have continued as it began – practically a “bloodless revolution.” [4] To the “Allies” one must add Germany and others.

-- The humanism and advanced social ideas and actions of the Bolsheviks, even conquered those who would seem impossible to. An example: the Tsarist General A. P. Nikolayev joined the Soviet power and became a commander of the Red Army. He played important roles until he was captured in May 1919 by the Whites at Yamburg. The White general Rodzyank suggested him to "admit his mistakes" and adhere to the Whites. Nikolayev refused. He was tortured and sentenced to death. On the edge of the gallows they still offered him his life if he adhered to the Whites. He again refused. He died uttering as last words: "I die a Bolshevik. Long live the Soviets!" [6].

A guerra civil russa, mais do que uma mera guerra civil, foi o martírio do povo trabalhador russo imposto pelas acções armadas financiadas e directamente participadas pelos imperialistas.
The Russian civil war, more than a mere civil war, was the martyrdom of the Russian working people imposed by the armed actions financed by and with army corps from the imperialists.

De Março a Junho de 1918 – A Contra-Revolução Organiza-se

O «respiro» que Lenine tanto tinha defendido como necessário aquando das negociações de Brest-Litovsk (ver n/ artigo anterior), veio a ser precioso, embora de curta duração. Permitiu lançar bases sólidas de construção do exército vermelho [7]. E sem o exército vermelho a Rússia Soviética não teria sobrevivido.

Entretanto a reacção interna organizava-se. Tinha o seu centro em Moscovo [8]. Aí se tinham reunido muitos fugitivos de Moguilev depois da derrota da rebelião de Kerenski e do Estado-Maior de Dukhonin (ver n/ artigo anterior) e formado a «União para a Defesa da Pátria e da Liberdade» que centralizava todos os elementos anti-soviéticos. A «União» ainda procurou preparar uma rebelião em Moscovo [9], mas convencida da sua impossibilidade transferiu em Maio o seu quartel-general para Kiev ocupada pelos alemães.

A heterogeneidade da «União» levou à sua cisão em dois grupos: um, o «Centro de Direita» defendia a co-operação estreita com o imperialismo alemão e permaneceu em Kiev; o outro, o «Centro Nacional», liderado pelo general Alexeiev [10], defendia a co-operação estreita com os Aliados e transferiu-se para as estepes do Kuban (N. do Cáucaso) procurando estabelecer contacto com os aliados através da Pérsia [11]. No fundo, tratava-se da velha divisão pró-alemã e pró-Entente da burguesia russa. Na luta comum anti-soviética os dois «Centros» mantiveram-se em contacto. Nesta altura, os “Centros” eram dominados pelo partido cadete e por ex-oficiais czaristas. Os SRs de direita tinham um papel subordinado. Os mencheviques mantinham uma neutralidade expectante.

Os Cadetes eram a força operante do «Centro de Direita» em Kiev. Miliukov, ministro dos Negócios Estrangeiros do 1.º Governo Provisório e líder dos Cadetes, estava em contacto com os altos oficiais alemães em Kiev. Os Cadetes tinham decidido criar um «Governo Nacional Russo» na Ucrânia para, com a ajuda do exército alemão, preparar um exército que invadisse o Norte da Rússia e derrubasse o governo soviético. Contavam, para isso, com os oficiais dos cossacos do Don do falecido general Kaledine, com quem secretamente contactava o embaixador americano Francis. [12]

No início da Primavera de 1918 o Reino Unido e a França estavam secretamente a apoiar forças contra-revolucionárias em Murmansk e no Don. Em Ekaterinodar (Krasnodar in the Kuban) o «Exército Voluntário» comandado pelo general Alexeiev estava a ser recrutado com remanescentes dos destacamentos de Kornilov [13].

A 5 de Abril, forças japonesas com o apoio da Entente desembarcaram em Vladivostok com o pretexto de «defender os seus súbditos». O CEC (Comité Executivo Central) dos sovietes da Sibéria declarou a lei militar em toda a Sibéria. Todos os sovietes locais redobraram de esforços para organizar o exército vermelho [14].

A 28 de Maio, por decisão do «Centro de Direita», o general Krasnov – um dos que tinha sido amnistiado pelos bolcheviques – declarou-se ataman dos cossacos do Don. Na Ucrânia, apoiado pelos alemães, travou uma sangrenta campanha anti-soviética, enquanto em Kiev, o ataman Skoropadsky, fantoche dos alemães, fazia massacres por atacado de judeus e comunistas.

Também a 28 de Maio, um corpo de exército de 60.000 checoslovacos – que veio a ser chamada «legião checa» --, que se supunha estarem em marcha para Vladivostok para regressarem à França, revoltaram-se em vários pontos da Sibéria, apoderaram-se do caminho-de-ferro em Riazan e tomaram Penza e Tcheliabinsk onde depuseram os sovietes.

O corpo de exército checoslovaco provinha de prisioneiros de guerra de antes da Revolução de Outubro [15]. Masaryk, presidente do Conselho Nacional da Checoslováquia (CzCN) e líder dos nacionalistas burgueses checos, proclamou esse corpo como parte do exército francês. Os representantes da Entente levantaram a questão da sua evacuação para a França. O CCP concordou, desde que as tropas russas estacionadas em França pudessem regressar. Um acordo de 26 de Março de 1918 permitiu que os checoslovacos saíssem da Rússia via Vladivostok sob condição de entregar as armas. Mas os comandantes reaccionários do corpo, instigados pela Entente, não cumpriram a palavra e provocaram a revolta 28 de Maio. Os governos dos EUA, RU e França apoiaram abertamente a revolta de todas as maneiras possíveis, e oficiais franceses participaram nela. [16]

As duas revoltas coincidentes (Krasnov e checoslovacos) levantaram suspeitas ao CCP de uma vasta conspiração internacional. A 30 de Maio foi declarada a lei marcial em Moscovo e principais cidades do Sul e Sudeste.

Efectivamente, documentos algum tempo depois interceptados pela Tcheca (Comissão Extraordinária de Combate à Contra-Revolução) e logo divulgados confirmaram as suspeitas do CCP. Mostraram que:
-- A Missão Militar Francesa (MMF) financiava os cossacos de várias regiões, incluindo do Kuban, e outros reaccionários, procurando que o «Centro Nacional» estabelecesse uma frente no Leste contra os alemães e enviasse tropas contra Moscovo. [17]
-- A MMF, com apoio do RU e EUA, incitou o CzCN a usar os checoslovacos como carne para canhão contra os russos, a troco de uma vaga promessa de reconhecer a independência da Checoslováquia depois da 1ªGM. Com esse fim, pagou ao CzCN a importância de 11 milhões de rublos, o que corresponde a cerca de 1,54 milhões de dólares US da época (da ordem de 25 mil milhões de US$ de 2017) [18]. Masaryk não conseguiu, porém, obter dos franceses o reconhecimento incondicional da Checoslováquia.
-- O cônsul britânico em Moscovo pagou ao CzCN 80 mil libras, equivalente a cerca de 379 mil dólares US da época (cerca de 6,2 mil milhões de US$ de 2017).

Outros aspectos:
-- As mentes dos soldados checoslovacos foram cuidadosamente preparadas pela propaganda da MMF, segundo a qual o governo soviético se recusara a permitir que voltassem à França e iria entregá-los às autoridades austríacas que os enforcaria como desertores. Nem todos os soldados checoslovacos se deixaram ludibriar. 12.000 aderiram ao Exército Vermelho.
-- Foi a MMF quem indicou aos chefes dos checoslovacos que alvos deviam atacar na Sibéria, ao longo das linhas do Volga e da ferrovia siberiana, privando a Rússia Central das suas últimas reservas de cereais e desencadeando a fome. Os imperialistas também usavam a fome como arma.
-- Na primavera de 1918 os serviços secretos britânicos enviaram à Rússia o espião Sidney Reilly um ardente pró-czarista. Este entrou em contacto com Boris Savinkov, um SR de direita e terrorista profissional. Os SRs recebiam fundos dos serviços secretos franceses. Savinkov recebia-os do embaixador francês Noulens e, mais tarde, também dos serviços secretos britânicos. Savinkov estabeleceu em Moscovo um centro terrorista, a «Liga para a Regeneração da Rússia», com a missão de cometer actos de sabotagem e destruição, assassinar Lenine e outros líderes soviéticos, causando o caos na retaguarda do Exército Vermelho. [19] A 21 de Junho de 1918 um terrorista SR da «Liga» de Savinkov assassinou o Comissário do Povo Volodarsky.
From March to June 1918 – The Counter-Revolution Organizes Itself

The “breathing space” which Lenin had so much defended as a must during the negotiations at Brest-Litovsk (see our previous article), came to be a precious one, albeit of short duration. It allowed laying solid foundations on building up the Red Army [7]. And without the Red Army Soviet Russia would not have survived.

In the meantime, the domestic reaction was getting organized. It had its center in Moscow [8]. Many fugitives fleeing from Mogilev gathered there after the defeat of the rebellions of Kerensky and Dukhonin’s General Staff (see our previous article). They organized the "Union for the Defense of the Country and of Freedom" which centralized all anti-Soviet elements. The “Union” still hoped to put up a rebellion in Moscow, [9] but finding it impossible to achieve, moved in May its headquarters to Kiev occupied by the Germans.

The heterogeneity of the “Union” led to its splitting into two groups: one, the “Right Center”, advocated close co-operation with German imperialism and remained in Kiev; the other, the “National Center”, led by General Alexeyev, [10] advocated close co-operation with the Allies and moved to the steppes of the Kuban (N. Caucasus) seeking to establish contact with the Allies through Persia [11]. It all boiled down, after all, to the old pro-German and pro-Entente division of the Russian bourgeoisie. In their joint anti-Soviet fight the two "Centers" maintained contact with each other. At this point in time the “Centers” were dominated by the Cadet party and former Tsarist officers. The Right SRs played a subordinate role. The Mensheviks maintained expectant neutrality.

The Cadets were the operating force of the “Right Center” in Kiev. Milyukov, Minister of Foreign Affairs of the First Provisional Government and leader of the Cadets, was in contact with the senior German officers in Kiev. The Cadets had decided to create a "National Russian Government" in Ukraine, which, with the help of the German army, was to prepare n army to invade northern Russia and overthrow the Soviet government. They were counting for that end with the officers of the Don Cossacks of the late General Kaledin, with whom the American ambassador Francis was secretively in contact. [12]

In the early spring of 1918 Britain and France were secretly backing counterrevolutionary forces which were assembling in Murmansk and on the Don. The “Volunteer Army” under General Alexeyev, based on Ekaterinodar (Krasnodar no Kuban), was at the time being recruited from the remnants of Kornilov’s [13] detachments.

On April 5, Japanese forces with the support of the Entente landed in Vladivostok with the pretext of “defending her Subjects”. The CEC (Central Executive Committee) of the Siberian soviets declared military law throughout Siberia and all local soviets redoubled their efforts to organize the Red Army [14].

On 28 May, following a decision of the “Right Center”, General Krasnov -- one of those who had been amnestied by the Bolsheviks -- declared himself Ataman of the Don Cossacks.  In the Ukraine, Krasnov supported by the Germans waged a bloody anti-Soviet campaign whereas in Kiev the German puppet Ataman Skoropadsky was carrying out whole-sale massacres of Jews and Communists.

Also on 28 May, an army corps of 60,000 Czechoslovak soldiers – which came to be called “Czech legion” --, who were supposed to be marching to Vladivostok on their return to France, revolted at various points in Siberia, seized the railway at Ryazan and took Penza and Chelyabinsk where they deposed the soviets.

The Czechoslovak army corps was formed from prisoners of war before the October Revolution [15]. Masaryk, president of the Czechoslovak National Council (CzNC) and leader of the Czech bourgeois nationalists, proclaimed this corps as part of the French army. The representatives of the Entente raised the question of its evacuation to France. The CPC agreed, provided Russian troops stranded in France were allowed to return home. An agreement of March 26, 1918, allowed the Czechoslovakians to leave Russia via Vladivostok on the condition that they surrendered their arms. But the reactionary commanders of the corps, instigated by the Entente, did not keep their word and provoked the armed revolt of May 28. The US, British and French governments openly supported the revolt in every possible way, and French officers took a direct part in it. [16]

The two coinciding revolts (Krasnov and Czechoslovakians) raised suspicions to the CPC of a vast international conspiracy. On the 30th May martial law was declared in Moscow and in the main towns of the South and Southeast.

Documents later intercepted by the Cheka (Extraordinary Commission for the Fight with the Counter-revolution) and immediately divulged, confirmed indeed the suspicions of the CPC. They showed that:
-- The French Military Mission (FMM) financed the Cossacks of various regions, including the Kuban, and other reactionaries, impelling the "National Center" to set up an Eastern Front against the Germans and to send troops against Moscow. [17]
-- The FMM, with support from Britain and the US, urged the CzNC to use the Czechoslovaks as cannon fodder against the Russians, in exchange for a vague promise to recognize Czechoslovak independence after WWI. To this end, the FMM paid to the CzNC the amount of 11 million rubles, corresponding to about US$ 1.54 million at the time (of the order of US$ 25 billion in 2017). [18] Masaryk did not, however, obtain from the French the unconditional recognition of Czechoslovakia.
-- The British consul in Moscow paid £ 80,000 to the CzNC, corresponding to about US$ 379,000 (of the order of US$ 6.2 billion in 2017).

Other aspects:
-- The minds of the Czechoslovak soldiers had been carefully prepared by propaganda from the French Military Mission to the effect that the Soviet Government had refused to allow them to return to France, and was about to deliver them over to the Austrian authorities, who would hang them all as deserters. Not all the Czechoslovak soldiers allowed themselves to be duped. 12,000 joined the Red Army.
-- It was the FMM who told the Czechoslovak leaders what targets should be attacked in Siberia, along the lines of the Volga and the Siberian railway, depriving Central Russia of its last corn reserves and triggering a state of famine. Famine was also used as a weapon by the imperialists.
-- In the spring of 1918 the British secret services sent the spy Sidney Reilly, an ardent pro-Tsarist, to Russia. He got into contact with Boris Savinkov, a Right-wing SR and professional terrorist. The SRs received funds from the French secret services. Savinkov received them from the French ambassador Noulens and somewhat later also from the British secret services. Savinkov established in Moscow a terrorist center, the "League for the Regeneration of Russia", with the mission of carrying out acts of sabotage and wrecking, and assassination of Lenin and other Soviet leaders, wreaking havoc in the rear of the Red Army. [19] On the 21st June 1918 an SR terrorist from Savinkov's "League" murdered the People's Commissar Volodarsky.

O Terrível Verão de 1918

Durante Junho a legião checa ocupou grande parte da ferrovia transiberiana e dos Urais, cortando o envio de abastecimentos à Rússia Central. A RSFSR não tinha então tropas para lhes resistir. Agentes franceses juntaram-se à legião nas estações ferroviárias ocupadas, reunindo-se com membros do «Centro Nacional». Sob a protecção da legião, um grupo de SRs de direita proclamou a 1 de Junho um «Comissariado da Sibéria Ocidental», substituído no final do mês por um «Governo Siberiano». Como em todos os governos «brancos» que se formaram durante a guerra civil, os sovietes foram suprimidos, a propriedade privada foi restaurada e os bolcheviques perseguidos tendo de passar à clandestinidade.

No fim de Junho, cinco SRs de direita criaram um «governo» em Samara, no Volga, o qual anunciou o restabelecimento da «liberdade de expressão, imprensa e reunião», o que nunca foi cumprido. A actividade bolchevique foi proscrita; milhares de bolcheviques reais ou suspeitos lotavam as prisões das pequenas cidades provinciais; as revoltas bolcheviques foram reprimidas com «severidade impiedosa». 

Com ajuda da legião o governo de Samara organizou forças brancas que estabeleceram contacto com os cossacos dos Urais e tomaram Ufa a 4 de Julho. Simbirsk foi tomada a 21 de Julho e a área do novo regime estendeu-se para sul com a captura de Volsk. A 6 de Agosto tomaram Kazan. A perda de Kazan foi um golpe especialmente duro para a RSFSR porque foram capturaram 651.500.000 rublos (cerca de 1.486 mil milhões de US$ de 2017) em ouro que mais tarde ficou na posse do ditador siberiano Kolchak. [16] As províncias da Sibéria Ocidental ao longo da ferrovia e as províncias de Samara, Ufa e parte de Saratov tinham uma grande proporção de kulaks (lavradores ricos), a classe social de apoio dos SRs. [16]
The Terrible Summer of 1918

During the month of June the Czech legion occupied much of the Trans-Siberian railroad and of the Ural, cutting off supplies to Central Russia. The RSFSR did not have yet troops to oppose them. French agents joined the legion at the occupied railway stations, meeting with members of the "National Center". Under the protection of the legion, a group of Right SRs proclaimed a "Western Siberia Commissariat" on the 1st June, which was replaced by a "Siberian Government" by the end of the month. As with all White governments that were formed during the civil war, the soviets were suppressed, the private property was restored and the Bolsheviks were persecuted, having to go underground.

By the end of June, five Right SRs organized a "government" in Samara (on the Volga), announcing the reestablishment of “freedom of speech, press and assembly,” which was never put in practice. The Bolshevik activity was proscribed; thousands of real or suspected Bolsheviks crowded the prisons of the small provincial towns; and Bolshevik uprisings were put down with “pitiless severity”.

With help of the legion the government of Samara organized White forces which established contact with the Ural Cossacks and took Ufa on July 4. Simbirsk was seized on July 21 and the area of the new regime was extended to the South with the capture of Volsk. On August 6 Kazan was taken. The loss of Kazan was an especially severe blow to the RSFSR because gold to the value of 651,500,000 rubles (about 1,486 billion US$ of 2017) was captured, which later fell into the hands of the Siberian dictator, Kolchak [16]. The Western Siberia provinces along the railway and the provinces of Samara, Ufa and part of Saratov contained a large proportion of kulaks (rich farmers), the social class supporting the SRs. [16]

A 6 de Julho, quando decorria o V Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia, um terrorista SR assassinou o embaixador alemão Mirbach, com vista a forçar um ataque alemão à RSFSR e servir de sinal a um levantamento de SRs de esquerda armados com bombas, espingardas e metralhadoras contra os delegados bolcheviques no Congresso. A revolta, com grande tiroteio, ocorreu, mas foi rapidamente dominada por Guardas Vermelhos [20].

Também a 6 de Julho rebentou um motim em Yaroslav liderado por Savinkov e organizado pelo «Centro Nacional», com participação de agentes de Alexeyev, SRs (incluindo SRs de esquerda) e mencheviques. De acordo com Savinkov, a sua organização esteve sempre em contacto próximo com os representantes franceses em Moscovo, o Cônsul Grenard e o General Lavergne, que lhe forneceram fundos, inicialmente escassos e, mais tarde, quando havia a perspectiva de insurreição, generosamente. [21] Os amotinados ocuparam alguns edifícios públicos. Os agentes de Alexeiev apoderaram-se do arsenal, armaram estudantes, filhos dos kulaks e até os padres do mosteiro. Depuseram os sovietes e executaram todos os comunistas. Operários armados das fábricas locais com fortes destacamentos do Exército Vermelho enviados de outras cidades puseram fim à revolta a 21 de Julho. Yaroslav era um importante centro ferroviário no Alto Volga. A intenção dos revoltosos era ligar Yaroslav com a legião checa no Baixo Volga e tropas aliadas que tinham desembarcado em Murmansk. Mas os primeiros ainda não tinham avançado até Kazan nem os segundos até Arcangel.

Durante a primeira semana de Julho, a legião checa -- com o apoio de tropas japonesas e americanas  e oficiais franceses [22] --, organizou um golpe e estabeleceu um regime anti-soviético em Vladivostok. Uma proclamação assinada pelo almirante Knight da Marinha dos EUA, o vice-almirante Kato da marinha japonesa, o coronel Pons da missão francesa e o capitão checo Badiura (que se tornou comandante da cidade), informou a população que a intervenção dos Aliados fora realizada «num espírito de amizade e simpatia pelo povo russo»!

O pretexto divulgado pelos Aliados para invadir a Sibéria era que iam salvar os checos de ataques não provocados pelo Exército Vermelho e prisioneiros de guerra alemães armados pelos bolcheviques. Durante a primavera e verão de 1918, os jornais britânicos, franceses e americanos encheram-se de relatórios sensacionais de que os bolcheviques estavam a armar «dezenas de milhares de prisioneiros alemães e austríacos na Sibéria» para lutar contra os checos. O New York Times relatou que «só na cidade de Tomsk 60.000 alemães tinham recebido equi-pamento militar dos Vermelhos». O capitão Hicks, do Serviço de Espionagem Britânico, o capitão Webster da Cruz Vermelha Americana, e o major Drysdale, Adido Militar Americano em Pequim, viajaram pela Sibéria com autorização das autoridades soviéticas para investigar as acusações. Após semanas de investigação cuidadosa, chegaram à mesma conclusão: não havia prisioneiros alemães e austríacos armados na Sibéria. Os três oficiais declararam, que as acusações eram pura propaganda fabricada deliberadamente para envolver os Aliados na intervenção contra a RSFSR. Escusado dizer, os resultados da investigação não foram noticiados nem no RU nem nos EUA [23].

Em Murmansk desembarcaram em Julho forças aliadas (maioria britânica). (Na cidade existiam stocks consideráveis de material de guerra enviados pelos Aliados durante a 1ªGM.) Proclamaram como propósito proteger a costa norte da Rússia dos finlandeses brancos e dos submarinos alemães. Uma mentira. O Izvestia dizia a 11 de Julho: «Nos últimos dias, a situação em Murmansk assumiu a forma de guerra aberta entre as forças aliadas e o governo soviético. Tropas britânicas, francesas e sérvias avançaram para o interior e ocuparam a ferrovia entre Murmansk e Soroka. […] Ao longo de toda a ferrovia, as tropas aliadas estabeleceram o seu controlo, e todos os que desobedeceram às suas ordens foram fuzilados. Em Kern, os soldados sérvios, por ordem do comandante britânico, fuzilaram três membros do soviete local […]. Soroka foi tomada pelos britânicos após um bombardeio naval." A declaração sobre os fuzilamentos de Kern foi negada pelo representante britânico em Moscovo, mas uma investigação posterior confirmou-a. A 29 de Julho os Aliados não marcharam para a Finlândia nem para o Báltico, conforme o propósito proclamado, mas sim em direcção a Arcangel com o fim de se ligarem aos guardas brancos de Alexeiev no Alto Volga. Começava o cerco imperialista da RSFSR.

A 25 de Julho os turcos ocuparam territórios do Norte do Cáucaso e ameaçavam Baku, importante centro petrolífero no Azerbaijão. O soviete de Baku, dominado por SRs, mencheviques e nacionalistas aceitou a ajuda prometida pelos britânicos contra os turcos. Baku e a flotilha do Cáspio acabaram por ser entregues aos britânicos e seus agentes a 31 de Julho, a despeito do esforço heróico dos comunistas. [24] A rede de agentes da Entente, SRs, mencheviques e nacionalistas constituiu um governo contra-revolucionário, chamado «Ditadura do Cáspio Central». (Na noite de 19-20 Setembro os britânicos fuzilaram 26 comunistas de Baku com a conivência de SRs e mencheviques.) A Geórgia foi ocupada pelos alemães com apoio dos mencheviques. Os turcos ocuparam Batumi e outros territórios.

A 2 de Agosto as forças aliadas bombardearam Arcangel e tomaram a cidade. A 5 de Agosto, os comandos aliados apelaram ao «povo russo» a apoiá-los no seu esforço de restabelecer um "governo da ordem" na Rússia. Como primeiro acto da «ordem» os Aliados executaram em Arcangel todos os líderes dos sovietes que puderam apanhar.

Em Kazan, tomada a 6 de Agosto, a legião colocou no poder o «Comité da Assembleia Constituinte»» [25], apoiado pelos latifundiários e cadetes do "Centro Nacional". O terrorista SR Savinkov chegou a Kazan e, apoiado pelos kulaks, aboliu os sovietes preparando uma restauração completa do antigo regime. Os camponeses médios começaram a tremer pelas conquistas da Revolução, quando viram os latifundiários restaurados com as antigas propriedades. Quanto aos camponeses pobres e assalariados rurais, para não serem vítimas do Terror Branco, fugiram para norte, para o pequeno território que ainda restava aos soviéticos. A divisão de classes no campesinato prejudicou, assim, o sucesso de Savinkov e do «Comité» na mobilização geral de um «Exército Nacional» para se unir aos Aliados no norte e marchar sobre Moscovo.

A 3 de Agosto tropas britânicas desembarcaram em Vladivostok. Foram seguidos a 16 de Agosto por destacamentos americanos e pouco depois por novas forças japonesas. Todos para bem do «povo russo» como cinicamente proclamaram [26]. Aos soldados japoneses na Sibéria foram dados pequenos dicionários russos, nos quais a palavra «bolchevique» era definida como «fera selvagem», com a anotação: «A exterminar».

Na terceira semana de Agosto, o exército de Krasnov com oficiais alemães, invadiu o sul da província de Voronej, uma das poucas províncias centrais onde ainda restava parte das 835 toneladas de cereais dessas províncias. Ao mesmo tempo, agentes dos Aliados explodiram três comboios de mantimentos na estação de Voronej.

No final de Agosto, o comandante da guarda letã do Kremlin denunciou o agente britânico Sidney Reily por o tentar subornar com 2 milhões de rublos num complot para prender e assassinar os líderes soviéticos numa reunião do PCR(b) a 28 de Agosto. O complot tinha o apoio dos diplomatas aliados em Moscovo. [1] A 30 de Agosto um cadete militar assassinou o dirigente soviético Uritsky e uma terrorista SR feriu gravemente Lenine com três tiros. Por trás dos terroristas estava a rede Savinkov. Neste gravíssimo cenário de Terror Branco e de assassinatos de líderes soviéticos, o CCP foi compelido a reinstituir a pena de morte. Algumas embaixadas e consulados dos Aliados foram fechados.

No fim de Agosto de 1918 o território da RSFSR tinha-se reduzido a 1/16. O resto estava sob controlo de exércitos financiados pelos imperialistas dos dois grupos: Aliados e alemães. Quanto a estes últimos, os próprios dirigentes militares dando-se conta da fraca possibilidade de vitória a Ocidente, encaravam já associar-se aos Aliados na liquidação da RSFSR. [27] «Moscovo, Leninegrado e a parte central da Rússia tinham sido separados pelos exércitos atacantes das suas principais bases de alimentos e combustível por dois anos e meio. O celeiro da Ucrânia, o carvão do Donetz, o óleo de Baku, as minas dos Urais, o algodão do Turquestão estavam em mãos inimigas» [28]. Em todo o território ocupado pelos brancos e imperialistas o poder burguês era restaurado com o apoio dos SRs e mencheviques.

A grande crise do «terrível Verão de 1918» iria acabar em breve com o Exército Vermelho.
On 6th July, when the Fifth All-Russia Congress of Soviets was being held, an SR terrorist assassinated the German ambassador Mirbach with the aim of forcing Germany to unleash an attack on the RSFSR and also serving as a signal to a Left SR armed uprising, with bombs, rifles and machine guns, against the Bolshevik delegates in the Congress. The uprising with major fusillade did occur but was shortly put down by the Red Guards [20].

Also on 6 July a mutiny broke out in Yaroslav led by Savinkov and organized by the “National Center”, with the participation of Alexeyev's agents, SRs (including Left SRs) and Mensheviks. According to Savinkov, his organization was always in close contact with the French representatives in Moscow, the Consul Grenard and General Lavergne, who supplied him with funds, at first meagerly, and later, when there was the prospect of an uprising, generously [21]. The mutineers occupied some public buildings. Alexeyev's agents seized the arsenal, armed the students, the sons of the kulaks and even the priests of the monastery. They deposed the soviets and executed all communists. Armed workers from local factories together with strong Red Army detachments sent from other towns put an end to the insurrection on 21st July. Yaroslav was an important railway center in the Upper Volga. The intention of the rebels was to connect Yaroslav to the Czech legion on the Lower Volga and to the troops of the Allies that had landed in Murmansk. But the former hadn’t yet advanced to Kazan or the latter to Archangel.

During the first week of July, the Czech legion -- with the aid of Japanese and American troops, and of French officers [22] --, staged a coup in Vladivostok and set up an anti-Soviet regime in the town. A proclamation signed by Admiral Knight of the US Navy, Vice-Admiral Kato of the Japanese Navy, Colonel Pons of the French Mission, and the Czech Captain Badiura (who became commandant of the city), informed the populace that the intervention of the Allies was being undertaken “in a spirit of friendship and sympathy for the Russian people.”!

The pretext broadcast by the Allies to invade Siberia was that they were coming to save the Czechs from unprovoked attacks by Red Army troops and German war prisoners armed by the Bolsheviks. During the spring and summer of 1918, British, French, and American newspapers were filled with sensational reports that the Bolsheviks were arming "tens of thousands of German and Austrian prisoners in Siberia" to fight against the Czechs. The New York Times reported “that in the city of Tomsk alone, 60,000 Germans had been supplied by the Reds with military equipment." Captain Hicks of the British Intelligence Service, Captain Webster of the American Red Cross, and Major Drysdale, the American Military Attaché at Peking, travelled to Siberia, with permission from the Soviet authorities, to investigate the charges. After weeks of careful investigation, they reached the same conclusion: there were no armed German and Austrian prisoners in Siberia. The three officers declared that the charges were pure propaganda deliberately fabricated to involve the Allies in the intervention against Soviet Russia. Needless to say, the results of the investigation have not been reported by the newspapers either in the UK or the US [23].

Allied forces (mostly, British) landed in July in Murmansk (where considerable stocks of war material sent by the Allies during WWI had been piled). They proclaimed as their purpose to protect the northern coast of Russia from white Finns and German submarines. A lie. On 11th July the Izvestia read: "In the last few days the situation in Murmansk has taken the form of an open war between Allied forces and the Soviet government. British, French and Serbian troops have pushed inland and have occupied the railway between Murmansk and Soroka. [...] Along the whole length of the way the Allied troops have established their control, and all who have disobeyed their orders have been shot. At Kern the Serbian soldiers, at the order of the British commandant, shot three members of the local Soviet [...]. Soroka was taken by the British after a naval bombardment." The statement about the shootings at Kern was denied by the British representative in Moscow, but further investigation confirmed it. On 29th July the Allies did not march to either Finland or the Baltic, in accord to the proclaimed purpose, but instead to Archangel with the aim of establishing a connection with Alexeyev's White guards in the Upper Volga. The imperialist siege of the RSFSR was shaping up.

On 25th July, the Turks occupied territories in the North Caucasus and threatened Baku, a major oil center in Azerbaijan. The soviet of Baku, dominated by SRs, Mensheviks and nationalists, accepted the aid promised by the British against the Turks. Baku and the Caspian flotilla were ultimately handed over to the British and their agents on 31 July, despite the Communists' heroic effort. [24] The network of Entente agents, SRs, Mensheviks, and Nationalists established a counterrevolutionary government called the "Central Caspian Dictatorship." (On the night of 19-20 September the British shot 26 communists from Baku with the connivance of SRs and Mensheviks.) Georgia was occupied by the Germans with the support of the Mensheviks. The Turks occupied Batumi and other territories.

On August 2nd the Allied forces bombarded Archangel and seized the city. On August 5th, the Allied commanders appealed to the "Russian people" to support them in their effort to re-establish a "rule of order" in Russia. As first act of "order" the Allies executed in Archangel all the leaders of the soviets they could lay hands on.

In Kazan, seized on August 6, the legion brought to power the "Committee of the Constituent Assembly" [25], supported by the large landowners and the cadets of the "National Center". The SR terrorist Savinkov arrived in Kazan and, backed by the kulaks, abolished the soviets as preparation for a full restoration of the old regime. The middle peasantry began to tremble for the conquests of the Revolution, when they saw the landlords restored to their old properties. As for the poor peasants and the rural wage-laborers, they fled to the small territory still in the hands of the Soviets, so as not to fall victims of the White Terror. Class division among the peasantry thus hindered the success of Savinkov and the “Committee” in the general mobilization for a “National Army” to join the Allies in the north and march on Moscow.

On 3 August British troops disembarked in Vladivostok. They were followed on 16 August by American detachments and shortly thereafter by new Japanese forces. All for the good of the "Russian people" as they cynically proclaimed [26]. To the Japanese soldiers in Siberia were given little Russian dictionaries in which the word “Bolshevik” was defined as “wild beast”, followed by the notation: “To be exterminated.”

In the third week of August, Krasnov with German officers invaded the southern part of the Voronezh province, one of the few Central provinces where a part of the 835 tons of corn of those provinces still remained. At the same time Allied agents blew up three food trains in the station at Voronezh.

In late August, the commander of the Kremlin's Latvian Guard denounced the British agent Sidney Reily for trying to bribe him with 2 million rubles in a plot to arrest and assassinate the Soviet leaders at a meeting of the RCP(B) on August 28. The plot had the support of Allied diplomats in Moscow. [1] On 30 August a military cadet assassinated the Soviet leader Uritsky and an SR terrorist severely injured Lenin with three shots. Behind the terrorists was Savinkov’s network. Facing a very serious scenario of White Terror and assassinations of Soviet leaders, the CPC was compelled to reinstitute the capital punishment. Some embassies and consulates of the Allies were closed.

By the end of August 1918 the territory of RSFSR had shrunk to 1/16. The remaining territory was under control by armies financed by the imperialists of the two groups: Allies and Germans. As for the latter, the military leaders themselves, realizing the weak possibility of victory in the West, were already considering joining the Allies in the liquidation of the RSFSR. [27] "Moscow and Leningrad and the central part of Russia were separated by attacking armies from their chief food and fuel bases for two and a half years. The granary of the Ukraine, the coal of the Donetz, the oil of Baku, the mines of the Urals, the cotton of Turkestan were in enemy hands." [28] Throughout the territory occupied by the Whites and the imperialists, bourgeois power had been restored with the support of SRs and Mensheviks.

The great crisis of the “terrible summer of 1918” would soon end with the Red Army.

As frontes Leste e Sul no Verão de 1918 (adaptado de [16]. The East and South fronts in the summer of 1918 (adapted from [16]).

O Exército Vermelho

O núcleo inicial do Exército Vermelho era constituído por milícias operárias (Guardas Vermelhos) que tiveram papel proeminente na revolução. Em Agosto de 1917 ascendiam em Petrogrado a 25.000 homens. Em 12 de Janeiro de 1918, o CCP emitiu um decreto sobre a "formação do exército socialista". A 23 de Fevereiro formaram-se os primeiros corpos do Exército Vermelho quando as forças alemãs ameaçavam Petrogrado. A 13 de Março, Trotski que tinha resignado do cargo de Comissário do Povo dos Negócios Estrangeiros, foi nomeado pelo CEC de Toda a Rússia, por proposta do CC do PCR(b), Comissário do Povo para a Guerra, cargo que manteve até 15 de Janeiro de 1925.

Em 22 de Abril, o CCP publicou um decreto estabelecendo "o treino militar universal" que deveria acontecer nas fábricas e outros locais de produção, fora das horas de trabalho. Foram contratados voluntários para o exército, obrigados a servir por seis meses. A 10 de Maio havia no Exército Vermelho 360.000 voluntários e 34.000 Guardas Vermelhos. Uniram-se-lhes alguns corpos do antigo exército e grupos de guerrilha como os de Tchapaev e o corpo de cavalaria de Budionny.

Na sua reunião de fecho a 10 de Julho o V Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia aprovou medidas para organizar e consolidar o Exército Vermelho na base do serviço militar obrigatório para os trabalhadores. No final de Julho o CCP instituiu o serviço obrigatório nas regiões mais ameaçadas e fez apelos a volunta-riado. Até Outubro de 1919 alistaram-se 180.000 membros do PCR(b). O Exército Vermelho cresceu de 331 mil em Agosto de 1918 a 600 mil no fim do ano. Em 1921 era de 5 milhões. [29]

Um problema difícil na formação do Exército Vermelho foi o do oficialato. Inicialmente, os oficiais provinham quase exclusivamente dos Guardas Vermelhos e dos sub-oficiais do antigo exército – caso dos marechais Blücher, Voroshilov e Budyonny. Na primavera de 1918 foram abertas escolas militares para formação de oficiais de origem proletária [30] mas que não resolviam nessa altura a carência de oficiais com aptidões de comando.

Trotski resolveu, aparentemente com o acordo do CCP [31], aceitar ex-oficiais czaristas no Exército Vermelho [32]. Aliou-se a vários deles, dos quais se tornou amigo e, apesar das frequentes advertências do PCR(b), colocou-os em postos militares importantes.. Um deles foi Mikhail Tukhatchesvski que se tinha oferecido para o Exército Vermelho em Março de 1918. A fim de evitar traições, Trotski colocou comissários políticos a supervisionar ordens de comando junto dos ex-oficiais czaristas. Contudo, como afirma insuspeitamente Wollenberg [6, 30], «Muitos oficiais czaristas, incluindo alguns que se voluntariaram para o serviço do Exército Vermelho, foram culpados de traição». Cita dois exemplos: 1) M. A. Muraviov, comandante-chefe das forças do Volga e dos Urais no verão de 1918, que entrou em Simbirsk com tropas dirigidas por SRs de esquerda. Mal chegou prendeu os bolcheviques e causou tamanho caos que Simbirsk caiu nas mãos dos checos e dos brancos. Quando Simbirsk foi recapturada Muraviov foi preso e fuzilado por traição. 2) Nikolai M. Neklyudov, entregou aos finlandeses brancos em 12 de Julho de 1919 o forte de Krasnaya Gorka (em Kronstadt) que comandava, fugindo para a Estónia e depois para a Alemanha. Houve outros exemplos, como veremos.

Trotski, para além de medidas organizativas do Exército Vermelho, limitou-se a viajar de comboio blindado por perto de algumas frentes, acompanhado de uma guarda pessoal comandada por Blumkin, o terrorista SR que assassinou o embaixador alemão Mirbach. O comboio dispunha de um serviço de imprensa que emitia boletins de incitamento ou de apreço às tropas, apreciações políticas, ordens gerais, e telegramas a chefes militares, conforme se pode ler em: Como a Revolução se Armou, Os escritos militares e discursos de Leon Trotsky (3 volumes). Embora alguns destes materiais tenham interesse, não se conhece nenhuma contribuição pessoal e directa de Trotski para qualquer vitória militar. As suas ordens e telegramas tratam de generalidades políticas. Os assuntos propriamente militares foram entregues por Trotski aos seus «peritos militares», os ex-oficiais czaristas [33]. Mesmo os historiadores trotskistas E. Wollenberg e Isaac Deutscher [34] não oferecem evidência que contrarie esta constatação.

A atitude de Estaline relativamente ao Exército Vermelho era diferente da de Trotski. Embora não comentasse inicialmente o recrutamento de ex-oficiais czaristas tinha dúvidas sobre se as vantagens dos «especialistas» compensavam os perigos de traição. Estaline preferia confiar nos quadros de origem proletária [35] como p. ex. K. E. Voroshilov (veio a ser presidente do Conselho Militar Revolucionário, CMR, [36] em 1925). Mais tarde, Estaline veio a confirmar o bem fundado das suas suspeitas. Quando esteve em Tsaritsin descobriu as traições de A.L. Nosovich e outros ex-oficiais czaristas protegidos de Trotski. O CMR influenciado nesse tempo por Trotski ignorou as denúncias de Estaline.

Os métodos de Trotski no Exército Vermelho (e não só) eram brutais. Mesmo tendo em conta a natureza brutal de qualquer guerra, os métodos de Trotski eram desnecessariamente e inadequadamente brutais. Por exemplo, em 1918 quis fuzilar todos os comissários políticos de uma divisão de onde tinham desertado para os brancos alguns oficiais, o que levou dois membros do CMR do 3.º Exército a protestar ao CC do PCR(b) contra a «atitude extremamente irreflectida de Trotsky relativamente a coisas como fuzilamentos». A ordem de Trotski não foi cumprida por recusa dos oficiais que protestaram [37]. Autores de várias persuasões dão outros exemplos sobre a brutalidade «irreflectida» de Trotski. Não encontrámos em toda a bibliografia que consultámos, inclusive de autores anti-Estaline, a menção de eventos da guerra civil retratando comportamento «irreflectidamente» (desne-cessário e inadequado)  brutal de Estaline.
The Red Army

The initial core of the Red Army consisted of working-class militias -- Red Guards -- who played a prominent role in the revolution. In August 1917, there were 25,000 Red Guards in Petrograd. On January 12, 1918, the CPC issued a decree on the "formation of the socialist army." On 23 February, the first Red Army detachments were formed when German forces threatened Petrograd. On 13 March, Trotsky, who had resigned from the post of People's Commissar of Foreign Affairs, was appointed by the All-Russia CEC, following a proposal from the CC of the RCP(B), People's Commissar for War, a position he held until 15 January of 1925.

On 22 April, the CPC published a decree establishing "universal military training" which should take place in the factories and in other places of production beyond working hours. Volunteers were enlisted into the army, with the obligation to serve during six months. On May 10 there were 360,000 volunteers and 34,000 Red Guards in the Red Army. They were joined by some corps of the old army and guerilla groups like those of Tchapaev and the cavalry corps of Budionny.

At its closing meeting on 10th July, the Fifth All-Russian Congress of Soviets approved measures to organize and consolidate the Red Army on the basis of conscription of the workers. By the end of July the CPC instituted conscription in the most endangered regions and made appeals for volunteering service. Until October 1919 180,000 members of the RCP(B) had been enlisted. The Red Army grew from 331,000 in August 1918 to 600,000 by the end of the year. In 1921 it came to number 5 million. [29]

A difficult problem in the formation of the Red Army was that of the (commissioned) officers. Initially, the officers came almost exclusively from the Red Guards and the non-commissioned officers (NCOs) of the former army – this was the case of marshals Blücher, Voroshilov and Budyonny. In the spring of 1918, military schools were created for the training of officers of proletarian origin, [30] but they did not solve at the time the shortage of officers with commander aptitudes.

Trotsky decided, apparently with the agreement of the CPC [31], to accept former Tsarist officers in the Red Army [32]. He allied himself with a number of them, whom he befriended and, despite frequent warnings of the RCP(B), placed them in important military posts. An example was Mikhail Tukhachesvsky who had offered himself to the Red Army in March 1918. In order to avoid betrayals, Trotsky placed political commissars at the side of the former Tsarist officers in order to supervise command orders. Nevertheless, according to the unsuspected statement of Wollenberg [6, 30] "Many Tsarist officers, including some who volunteered for service with the Red Army, were guilty of treachery." He cites two examples: 1) M. A. Muraviov, commander-in-chief of the Volga and Ural forces in the summer of 1918, who entered Simbirsk with troops led by left SRs. He had barely arrived when he arrested the Bolsheviks and caused such chaos that Simbirsk fell into the hands of the Czechs and Whites. When Simbirsk was recaptured Muraviov was arrested and shot for treason. 2) Nikolai M. Neklyudov, who delivered the fort of Krasnaya Gorka (in Kronstadt), which he commanded, to the White Finns on 12 July 1919, fleeing to Estonia and later to Germany. There were other examples, as we shall see.

Trotsky, in addition to organizational measures of the Red Army, limited himself to traveling by armored train near a few fronts, accompanied by a personal guard commanded by Blumkin, the SR terrorist who had assassinated the German ambassador Mirbach. The train had a press service that issued bulletins of incitement or appreciation to the troops, political appraisals, general orders, and telegrams to military leaders, as can be read in: How the Revolution Armed, The Military Writings and Speeches of Leon Trotsky (3 volumes). Although some of these materials are of interest, no personal and direct contribution from Trotsky to any military victory is known. His orders and telegrams deal with political generalities. The specific military matters were handed over by Trotsky to his "military experts," the former Tsarist officers [33]. Even the Trotskyist historians E. Wollenberg and Isaac Deutscher offer no evidence contradicting this observation [34].

Stalin's attitude toward the Red Army was different from that of Trotsky. Although he did not initially comment on the recruitment of former Tsarist officers, he had doubts on whether the advantages of the "experts" outweighed the dangers of betrayal. Stalin preferred to rely on the cadres of proletarian origin [35] as e.g. K. E. Voroshilov (who became chairman of the Revolutionary Military Council, RMC, [36] in 1925). Stalin came later to confirm the well-founded of his suspicions. When he was in Tsaritsyn he discovered the betrayals of A.L. Nosovich and of other former Tsarist officers protected by Trotsky. The RMC influenced at the time by Trotsky ignored Stalin's denunciations.

Trotsky's methods in the Red Army (and in other matters) were harsh. Even taking into account the harsh nature of any war, Trotsky's methods were unnecessarily and inadequately harsh. For example, in 1918 he wanted to shoot all the political commissars of a division from which some officers had deserted to the Whites, compelling two members of the RMC of the 3rd Army to protest to the CC of the RCP(B) against "Trotsky’s extremely lighthearted attitude toward such things as shooting". Trotsky’s order was not carried out by the protesting officers [37]. Authors of various persuasions give further examples of Trotsky's “lighthearted” harshness. We have not found in all the literature we have consulted, including that of anti-Stalin authors, any mention of civil wars events portraying a “lighthearted” (unnecessary and inadequate) harsh behavior of Stalin.

As Primeiras Vitórias do Exército Vermelho

Tsaritsine, cidade na margem direita do Volga, era estrategicamente importante por três razões: 1) podia controlar as fontes de cereais e outros abastecimentos (carne, peixe, petróleo, etc.) das estepes do Don e do Kuban, que era urgente enviar a Moscovo, Petrogrado, etc. 2) Estava ligada ao Norte por ferrovia e por via fluvial. 3) Era uma espécie de divisor entre as forças dos dois grupos dos brancos (ajudados por kulaks, SRs e mencheviques): o do sul (Don, Kuban), com os cossacos de Krasnov e apoio alemão e o do leste (Médio Volga, Urais, Orenburg), da legião checa com apoio da Entente. Era em Tsaritsin, ameaçada pelo Brancos, que a contra-revolução planeava unir-se. Na cidade reinava o caos e vivia-se uma situação muito difícil [38].

A 29 de Maio de 1918, Lenine, em nome do CCP, enviou Estaline a esse sector importante, perigoso e decisivo. Nomeado Director Geral de Assuntos Alimentares no Sul da Rússia, Estaline chegou a Tsaritsin a 6 de Junho. Mal chegou, Estaline começou por acabar com especuladores, sabotadores e elementos criminosos, deu confiança à população e tomou medidas para enviar abastecimentos [39]. Em apenas dez dias os envios de cereais para o Norte duplicaram, de uma média diária de 0,82 para 1,64 toneladas.

Estaline, com o apoio de Voroshilov e sub-oficiais, conseguiu reunir destacamentos de operários a brigadas internacionais [40] a corpos do Exército Vermelho, criando um exército eficiente, coeso e disciplinado de 27.800 homens.

Finalmente, a liderança de Estaline permitiu logo no final de Junho liquidar um complot contra-revolucionário que envolvia um engenheiro de nome Alexeiev e esperava entregar a cidade aos brancos. O coronel A. L. Nosovich, chefe do Estado-Maior do Distrito Militar do Cáucaso do Norte (DMCN), um protegido de Trotski, estava envolvido no complot. Nosovich, como mais tarde se confirmou, «trabalhou» em Tsaritsyn sob instruções directas de Savinkov e do representante da MMF, general Laverne, e já tinha preparado um discurso contra-revolucionário para quando Tsaritsin fosse cercada pelos Brancos. O traidor Nosovich foi preso (mais tarde libertado por Trotski), o pessoal do DMCN disperso e o seu comandante Snesarev chamado a Moscovo [41]. Em vez do quartel-general do DMCN, formou-se um conselho militar, liderado por Estaline.

Trotski e Vatzetis [36] acusaram Estaline de insubordinação, por aquele ter acabado com o DMCN e, a partir de Agosto, não se submeter ao comandante da Frente Sul, P.P. Sytin, um ex-oficial czarista nomeado por Trotski que, fez os possíveis por boicotar Voroshilov [42]. (Por mau desempenho militar na ofensiva do Sul Sytin foi depois recambiado para serviços de administração. Veio mais tarde a descobrir-se que tinha ligações ao general branco Denikin.) Trotski, que se encontrava em Moscovo, também pediu a Lenine para retirar Estaline de Tsaritsine. Lenine não fez caso de tais pedidos e inclusive veio mais tarde a dar instruções severas a Sitin para satisfazer os pedidos de Voroshilov [43].

Foi com a liderança firme de Estaline e Voroshilov que estiveram nas frentes de batalha, que o Exército Vermelho alcançou as primeiras vitórias. Em 22 e 24 de Junho, os brancos e alemães foram repelidos da estação de Alexikovo, perto de Tsaritsine, facilitando o envio de abastecimentos para Norte. Em 23 de Junho, Voroshilov numa campanha heróica através dos distritos hostis do Don, trouxe consigo mineiros do Donetsk e Lugansk, parte do ex-terceiro e quinto exércitos ucranianos e arrastou das estepes Don todos os elementos revolucionários dos cossacos para o seu exército, criando a divisão Morozovsky-Donetsk.

Em Agosto, os cossacos brancos [44] que tinham vindo a juntar forças com armamento alemão, cercaram Tsaritsin e conluiados com traidores internos [45] procuraram tomá-la de assalto, o que foi frustrado por Estaline e Voroshilov. De 15 a 20 de Agosto, as batalhas perto de Tsaritsyn foram ferozes. Corpos do Exército Vermelho e regimentos de trabalha-dores repeliram o ataque dos krasnovitas. A 29 de Agosto libertaram Kotluban e Karpovka, e a 6 de Setembro, Kalatch. A frente moveu-se 90 km. Estaline telegrafou ao CCP: «A ofensiva das tropas soviéticas na área de Tsaritsin foi coroada de sucesso: [...] O inimigo foi totalmente derrotado e repelido para além do Don. A posição de Tsaritsyn é segura. A ofensiva continua».

A Norte, forças do Exército Vermelho começaram a agrupar-se durante o Verão ao longo da margem direita do Volga, em Penza, Saratov e Sviajsk, preparando uma ofensiva contra as tropas do «Governo da Assembleia Constituinte» de Samara, o chamado «Exército do Povo». A mobilização para este exército tinha tido pouco êxito [16]: «[…] as aldeias deram pouca evidência de entusiasmo pelo novo governo. Poucos recrutas camponeses apareceram voluntariamente […] Quando os brancos começaram a trazer de volta os latifundiários, os camponeses organizaram bandos de guerrilha e caíram sobre eles».

Trotski estabeleceu o seu QG em Sviyajsk, a 60 km de Kazan, com os oficiais V.K. Putna, um lituano de tendência trotskista, e de Tukhachevsky, comandante do 1.º Exército Vermelho. A 10 de Setembro as forças de Putna tomaram Kazan, o que constituiu uma grande vitória. A 12 de Setembro o 1.º Exército Vermelho de Tukhachevsky derrotou as forças aliadas da legião checa e dos brancos e retomou Simbirsk. A partir daí limpou todo o Volga Médio dos brancos.

Em 3 de Outubro, o Exército Vermelho ocupou Syzran, com a sua ponte sobre o Volga, e no dia 8 tomou Samara. Excepto nos arredores de Ekaterinburg, onde havia forças brancas consideráveis, o Exército Vermelho continuou a avançar para leste do Volga até ao final do ano. Ijevs foi capturada a 7 de Novembro e depois Ufa durante os últimos dias do ano.

No Sul, a escala das operações militares levou a que o CMR formasse a Frente Sul a 11 de Setembro, e a 17 o Conselho Militar Revolucionário da Frente Sul de que fez parte Estaline até 19 de Outubro. Estaline foi depois nomeado para o Conselho Militar da Frente Ucraniana para derrubar o regime ucraniano de Skoropadsky criado pela Alemanha.

Em 11 de Setembro, o comandante do Exército de Don, o general Denisov (nomeado por Krasnov) determinou tomar Tsaritsin como tarefa prioritária. Lançou a 17 de Setembro uma grande ofensiva, conseguindo capturar uma série de aldeias nos arredores de Tsaritsin. A cidade foi parcialmente cercada pelos brancos no final de Setembro.

Em 15 de Outubro os cossacos brancos romperam as defesas de Tsaritsin na área de Beketovka-Sarepta, mas uma brigada de reserva liquidou esse avanço. A situação melhorou com a chegada do Norte do Cáucaso da Divisão de Aço D.P. Jloby. Depois de uma viagem de 600 km pelas estepes sem água a cavalaria atacou os cossacos brancos, apoiada por fogo de artilharia e metralhadoras. A divisão derrotou o 1.º regimento de brancos de Astrakhan e o 1.º regimento de oficiais voluntários ucranianos. Seis regimentos da 2.ª Divisão dos Cossacos foram esmagados e fugiram. No campo de batalha ficaram 1.400 cadáveres de oficiais e soldados.

Os Krasnovitas continuaram a atacar as posições do 10.º Exército no sector central. A 16 de Outubro capturaram algumas posições mas foram repelidos até ao Don pelo 10.º Exército a 18 de Outubro. A tentativa da contra-revolução de tomar Tsaritsin falhou. Seria preciso um livro para contar toda a gesta heróica de Tsaritsin, onde o papel de Estaline como líder político (com contribuição excepcional no combate à fome) e como chefe militar foi gigantesco. Com toda a razão os trabalhadores de Tsaritsin pediram que a cidade fosse renomeada Estalinegrado, o que foi concedido pelo CEC de Toda a Rússia a 10 de Abril de 1925.

A 9 de Novembro de 1918 os marinheiros alemães amotinaram-se no porto de Kiel, mataram os oficiais e hastearam a bandeira vermelha. Começara a revolução alemão que derrubou o regime monárquico. A 13 de Novembro o CEC de Toda a Rússia anulou o tratado espoliador de Brest-Litovsk.
The First Victories of the Red Army

Tsaritsyn, a town on the right bank of the Volga, was strategically important for three reasons: 1) it was able to control sources of grain and other supplies (meat, fish, oil, etc.) from the Don and the Kuban steppes, which were of urgent need in Moscow, Petrograd, etc. 2) It was connected to the North by railroad and by waterway. 3) It was a kind of divisor between the forces of the two groups of Whites (aided by kulaks, SRs and Mensheviks): the Southern group (Don, Kuban) with Krasnov’s Cossacks and German support, and the Eastern group (Middle Volga, Urals, Orenburg) of the Czech legion with Entente support. It was in Tsaritsyn, threatened by the Whites, that the counterrevolution planned to unite. Chaos reigned in the city, and a very difficult situation had settled in [38].

On May 29 1918, Lenin, on behalf of the CPC, sent Stalin to this important, dangerous and decisive sector. Named Director General of Food Affairs in Southern Russia, Stalin arrived in Tsaritsyn on 6 June. Stalin had barely arrived when he began by wiping out speculators, saboteurs, and criminal elements, gave confidence to the population, and took measures to send supplies [39]. In just ten days the grain shipments to the North doubled, from a daily average of 0.82 to 1.64 tons.

Stalin, with the support of Voroshilov and sub-officers, was able to aggregate detachments of workers and international brigades [40] to the Red Army, creating an efficient, cohesive and disciplined army of 27,800 men.

Finally, Stalin's leadership allowed soon at late June to liquidate a counter-revolutionary plot which involved an engineer named Alexeyev and hoped to hand the city over to the Whites. Colonel A.L. Nosovich, chief of staff of the Military District of the Northern Caucasus (MDNC), a protégé of Trotsky, was involved in the plot. Nosovich, as later confirmed, "worked" in Tsaritsyn under direct instructions from Savinkov and the representative of FMM, General Laverne, and had already prepared a counterrevolutionary speech for when Tsaritsyn would be sieged by the Whites. The traitor Nosovich was arrested (and later released by Trotsky), the MDNC personnel dispersed and its commander Snesarev called to Moscow [41]. Instead of the MDNC headquarters, a military council was formed, led by Stalin.

Trotsky and Vatzetis [36] accused Stalin of insubordination, because he terminated the MDNC and, as of August, did not submit to the Southern Front commander, P. P. Sytin, a former Tsarist officer appointed by Trotsky, who did his best to boycott Voroshilov [42]. (Due to poor military performance in the South offensive, Sytin was in due time reassigned to administrative services. Later he was found to have had connections with the White General Denikin.) Trotsky, who was in Moscow, also asked Lenin to withdraw Stalin from Tsaritsyn. Lenin ignored these demands and even came to give severe instructions to Sytin to satisfy the requests of Voroshilov [43].

It was with the firm leadership of Stalin and Voroshilov, who were in the front lines, that the Red Army achieved its first victories. On 22 and 24 June, the Whites and Germans were repelled from the Alexikovo station near Tsaritsyn, making it easier to ship supplies to the North. On June 23, Voroshilov, in a heroic campaign through the hostile districts of the Don, brought with him miners from the Donetsk and Lugansk, part of the former third and fifth Ukrainian armies, and dragged from the steppes of the Don all the revolutionary elements of the Cossacks to his army, creating the Morozovsky-Donetsk division.

In August, the White Cossacks [44] who had been concentrating forces equipped with German armament, surrounded Tsaritsyn and, colluded with internal traitors, [45] sought to seize it by storm, which was frustrated by Stalin and Voroshilov. From 15 to 20 August, the battles near Tsaritsyn were fierce. Red Army detachments and workers’ regiments repelled the Krasnovites' attack. On 29 August they liberated Kotluban and Karpovka, and on 6 September Kalach. The front moved 90 km. Stalin telegraphed to the CPC: "The offensive of the Soviet troops of the Tsaritsyn area has been crowned with success: […] The enemy has been utterly routed and hurled back across the Don. Tsaritsyn is secure. The offensive continues.”

To the north, Red Army forces began to cluster during the summer along the right bank of the Volga in Penza, Saratov and Sviazhsk, preparing an offensive against the troops of the "Constituent Assembly Government" of Samara, the so-called "People’s Army ". The mobilization for this army had met little success [16]: "[...] the villages gave little evidence of enthusiasm for the new government. Few peasant recruits appeared voluntarily [...] When the Whites began to bring back the landlords, the peasants organized guerrilla bands and fell on them. "

Trotsky established his headquarters in Sviyazhsk, 60 km from Kazan, with officers V.K. Putna, a Lithuanian of the Trotskyist trend, and Tukhachevsky, commander of the 1st Red Army. On 10 September Putna's forces took Kazan, which was a great victory. On September 12 the 1st Red Army of Tukhachevsky defeated the allied forces of the Czech legion and of the Whites and retook Simbirsk. From there he cleaned the whole Middle Volga of the Whites.

On October 3, the Red Army occupied Syzran, with its bridge over the Volga, and on the 8th seized Samara. Except on the outskirts of Ekaterinburg, where there were considerable White forces, the Red Army continued to advance eastward beyond the Volga until the end of the year. Izhevs was captured on 7 November and then Ufa during the last days of the year.

In the South, the scale of the military operations led the RMC to establish the South Front on September 11 and on the 17th the Revolutionary Military Council of the Southern Front of which Stalin was a member until 19 October. Stalin was afterwards appointed to the Military Council of the Ukrainian Front with the task to overthrow the Ukrainian regime of Skoropadsky empowered by the Germans.

On September 11, the commander of the Army of the Don, General Denisov (appointed by Krasnov), determined as priority task to seize Tsaritsyn. He launched a major offensive on September 17, capturing a series of villages on the outskirts of Tsaritsyn. At the end of September the city became partially surrounded by the Whites.

On 15 October the White Cossacks broke Tsaritsyn's defenses in the Beketovka-Sarepta area, but a reserve brigade liquidated their advance. The situation improved with the arrival of the Steel Division D.P. Zhloby from the North Caucasus. After a journey of 600 km through the steppes without water the cavalry attacked the White Cossacks, supported by artillery fire and machine guns. The division defeated the 1st Astrakhan regiment of the Whites and the 1st regiment of the Ukrainian volunteer officers. Six regiments of the 2nd Division of the Cossacks were crushed and fled. On the battlefield were left 1,400 corpses of officers and soldiers.

The Krasnovites continued to attack the positions of the 10th Army in the central sector. On 16 October they captured some positions but were repulsed to the Don by the 10th Army on 18 October. The counter-revolution's attempt to take Tsaritsyn failed. It would take a book to narrate the full heroic saga of Tsaritsyn in the terrible summer of 1918, where Stalin's role as a political leader (with an outstanding contribution to the fight of the famine) and as a military chief was gigantic. The workers of Tsaritsyn rightly requested that the city be renamed Stalingrad, which was granted by the All Russia CEC on April 10, 1925.

On November 9, 1918 the German sailors rebelled in the harbor of Kiel, killed the officers and hoisted the red flag. The German revolution had begun, which overthrew the monarchist regime. On 13 November the All-Russia CEC nullified the plundering Brest-Litovsk treaty.

Notes and References

[1] Michael Sayers, Albert E. Kahn, The Great Conspiracy Against Russia, Boni & Gaer Inc., Pub., NY, 1946.
Um livro essencial sobre as conspirações contra o poder soviético até 1945, elaborado com preocupações de rigor, baseado em documentos oficiais, correspondência diplomática e livros de memórias. O livro foi elogiado por Joseph E. Davies, embaixador americano na URSS em 1936-38 («um livro extraordinário») e mereceu elogios de vários jornais e revistas americanas.
Michael Sayers: escritor irlandês anti-fascista, amigo de T.S. Elliot e George Orwell (apesar de discordar das opiniões políticas deste último); foi para a América em 1936 e investigou as actividades dos fascistas americanos que queriam manter os EUA neutrais; durante a guerra foi repórter de investigação; foi o primeiro a relatar sobre os campos de concentração depois da libertação (o seu editor recusou-se a publicar o relato por o julgar inacreditável); trabalhou para a NBC mas foi posto na lista negra macartista pelas suas actividades durante a guerra e alegadas simpatias comunistas.
Albert E. Kahn: jornalista americano que se dizia marxista sem filiação partidária; foi secretário de 1938 a 1941 do American Council Against Nazi Propaganda; foi posto na lista negra macartista por alegadas simpatias comunistas; em 1953 tornou-se editor na firma Cameron & Kahn, que publicou False Witness, um livro de Harvey Matusow que o escritor John Steinbeck qualificou de «a palha que partiu as costas de McCarthy».
An essential book on the conspiracies against the Soviet power until 1945, prepared with concerns of rigor, based on official documents, diplomatic correspondence and memoirs. The book was praised by Joseph E. Davies, American ambassador to the USSR in 1936-38 ("an extraordinary book") and received praise from several American newspapers and magazines.
Michael Sayers: Irish anti-fascist writer, friend of T.S. Elliot and George Orwell (despite disagreeing with the latter's political views); he went to America in 1936 and investigated the activities of the American fascists who wanted to keep the US neutral. Sayers was an investigative reporter during the war; was the first to report on the concentration camps after the liberation (his editor refused to publish the report because he judged it to be unbelievable). He worked for NBC but was blacklisted by McCarthyism for his wartime activities and alleged communist sympathies.
Albert E. Kahn: American journalist who claimed to be a Marxist without partisan affiliation; he was secretary from 1938 to 1941 of the American Council Against Nazi Propaganda. Kahn was put on the McCarthyist blacklist for alleged communist sympathies. He became editor in 1953 at the firm Cameron & Kahn, which published False Witness, a book by Harvey Matusow that writer John Steinbeck called "the straw that broke McCarthy's back."

[2] Os jornalistas americanos e ingleses foram, tanto quanto sabemos, os únicos ocidentais que percorreram a Rússia, contactaram a população e líderes, assistiram a reuniões, entenderam o que se passava e deram disso testemunhos vívidos e verídicos. Isto é reconhecido pelo capitão Jacques Sadoul da Missão Militar Francesa, um «socialista» que durante muito tempo não entendeu o que se passava, conforme demonstra no seu livro Notes sur la Révolution Bolchevique, onde trata a revolução bolchevique como uma espécie de re-edição da revolução francesa, julga que os «socialistas» franceses deviam dar conselhos a Trotski e Lenine, e considera este como mero assistente de Trotski. Sadoul, contudo, veio a compreender a revolução russa, ajudando-a e tornando-se comunista. Um caso bem diferente de outro «socialista» que não entendeu nada: o embaixador português Jaime Batalha Reis, figura patética que fugiu da Rússia como pendura de ingleses e belgas choramingando as suas mágoas (ver Joaquim P. Silva, Jaime Batalha Reis na Rússia dos Sovietes, Ed. Afrontamento, 2017).
The American and British journalists were, as far as we know, the only Westerners to have toured Russia, contacted the people and leaders, attended meetings, understood what was going on, and gave from this a vivid and true testimony. This is recognized by Captain Jacques Sadoul of the French Military Mission, a "socialist" who for a long time did not understand what was going on, as shown in his book Notes sur la Révolution Bolshevique, where he covers the Bolshevik revolution as a sort of re-edition of the French Revolution, thinks that the French “socialists” should give advice to Trotsky and Lenin, and considers the latter a mere assistant to Trotsky. Sadoul, however, came to understand the Russian revolution, helped it and became communist. A very different case from another "socialist" who understood nothing: the Portuguese ambassador Jaime Batalha Reis, a pathetic figure who fled Russia as hanger-on of British and Belgians whimpering his sorrows (see Joaquim P. Silva, Jaime Batalha Reis na Rússia dos Sovietes, Ed. Afrontamento, 2017).

[3] Frederick L. Schuman, Soviet Politics at Home and Abroad, A.A. Knopf, New York, 1946.
O livro de Schuman está cheio de estereótipos anti-comunistas e anti-marxistas. Contém, porém, informação documental de interesse e uma boa descrição da insurreição da legião checoslovaca.
Schuman foi Professor no Williams College e na Universidade de Chicago. Atacado pelo Comité de Actividades Antiamericanas em 1943 como tendo um registo de afiliações comunistas, negou as acusações e resistiu com sucesso aos esforços do comité para removê-lo como analista governamental das transmissões de rádio alemãs. Acusado no Williams College de franco liberalismo e suspeito de comunismo (!) Schuman empreendeu várias batalhas políticas e sociais incluindo a sua tão divulgada recusa em participar de cerimónias durante uma visita de Lady Bird Johnson, que considerou uma indicação tácita de apoio do colégio à política externa do presidente Lyndon Johnson.
Schuman's book is full of anti-communist and anti-Marxist stereotypes. It contains, however, documentary information of interest and a good description of the insurrection of the Czechoslovak legion.
Schuman was a Professor at the Williams College and at the University of Chicago. Though attacked by the Un-American Activities Committee in 1943 as having a register of communist affiliations, he denied the accusations and successfully withstood efforts by the committee to have him removed as a Government analyst of German radio broadcasts. Accused at the Williams College of outspoken liberalism and suspected communism (!) Schuman undertook several political and social battles including his much-publicized refusal to attend ceremonies during a visit by Lady Bird Johnson, which he considered a tacit indication of support for President Lyndon Johnson’s foreign policies on the part of the college.

[4] Albert Rhys Williams, Through the Russian Revolution, Boni and Liveright Pub., New York, 1921.
Rhys Williams era um jornalista americano e activista sindical. Viajou na Rússia em plena revolução tendo contactado várias estratos sociais em várias regiões. O seu livro baseia-se em artigos que escreveu para o Asia, Yale Review, Dial, Nation, New Republic, New York Evening Post. Contactou Lenine várias vezes. Abraçou a causa comunista depois da sua experiência na Rússia.
Rhys Williams was an American journalist and trade union activist. He traveled through Russia in the heat of the revolution, and made contacts with various social strata in various regions. His book is based on articles he wrote for Asia, Yale Review, Dial, Nation, New Republic and New York Evening Post. He contacted Lenin several times. He embraced the communist cause after his experience in Russia.

[4a] Ataman, Hetman: líder supremo de uma comunidade cossaca | supreme leader of a Cossack Community.

[5] «Brancos»: designação dos contra-revolucionários de vários partidos. Eram assim chamados pelo facto de parte importante dos militares contra-revolucionários usarem o uniforme branco das tropas czaristas. As unidades dos brancos eram designadas por «guardas brancos» ou «exército dos brancos».
"Whites": designation of the counterrevolutionaries of various parties. They were called after the white uniform of the Tsarist troops worn by a considerable number of counterrevolutionary military men. The detachments of the Whites were called “White Guards” or “White Armies”.

[6] Rhys Williams, op. cit. Há outras variantes das palavras finais de Nikolayev que nos parecem demasiado longas e formais para terem sido proferidas no momento do enforcamento. Assim, em  Подвиг красных генералов. Часть первая (O Feito dos Generais Vermelhos. Parte Um), as palavras teriam sido «Vocês roubam-me a vida mas não me roubam a fé na felicidade futura do nosso povo!» No livro The Red Army de Erich Wollenberg (Indexreach Ltd, 1938; New Park Publications, Ltd, 1978), a versão é: «Viva o Exército Vermelho! Declaro que servi os trabalhadores e camponeses até ao meu último suspiro!»
A tortura aplicada a Nikolayev foi uma das habitualmente aplicadas pelos brancos aos comunistas: queimar uma estrela no peito.
Rhys Williams, op. cit. There are other variants of Nikolayev's final words that seem to us too long and formal as an uttering when about to swing in the space. Thus, in Подвиг красных генералов. Часть первая (The Feat of Red Generals, Part One), the words would have been "You steal my life but you don’t steal my faith in the future happiness of our people!" In The Red Army by Erich Wollenberg (Indexreach Ltd, 1938; New Park Publications, Ltd, 1978), the version is: "Long Live the Red Army! I declare that I have served the workers and peasants until my last breath!"
The torture applied to Nikolayev was one of those commonly applied by the Whites to the communists: to burn a star upon the chest.

[7] O tratado de Brest-Litovsk foi assinado a 3 de Março de 1918. A 5 de Março, Lenine escrevia em Uma Séria Lição e uma Séria Responsabilidade: «É um facto que desde 3 de Março, quando os alemães cessaram as hostilidades às 13H00, até às 19H00 do dia 5 de Março quando escrevo estas linhas, temos tido um respiro, e já aproveitámos estes dois dias para a defesa prática (não com frases, mas com feitos) da pátria socialista. […] ao retirar em ordem para salvar os restos do exército aproveitando cada dia de respiro para esse fim».
The Brest-Litovsk treaty was signed at March 3, 1918. On 5 March Lenin wrote in A Serious Lesson And A Serious Responsibility: “It is a fact that from March 3, when at 1 p.m. the Germans ceased hostilities, to March 5, at 7 p.m., when I am writing these lines, we have had a breathing-space, and we have already made use of these two days for the business like (as expressed in deeds, not phrase-making) defence of the socialist fatherland. […] in retreating in good order, so as to save the remnants of the army, taking advantage of every day’s respite for this purpose.”

[8] O peso da classe operária em Moscovo era menor que em Petrogrado. A reacção encontrava aí um terreno mais propício, dado o peso dos médios e ricos comerciantes e camponeses. Já em Novembro de 1917 a revolução tinha sido em Moscovo bem mais difícil que em Petrogrado, conforme é descrito em: História da Grande Revolução Socialista de Outubro, Ed. Progresso, 1977, obra de referência importante.
The proportion of the working class in Moscow was smaller than in Petrograd. The reaction found in Moscow a more propitious ground, given the proportion of the middle and wealthy merchants and peasants. Already in November 1917, the revolution had been much more difficult in Moscow than in Petrograd, as is well described in: History of the Great Socialist October Revolution, Progress Ed., 1977, an important reference work.

[9] A «União» pensava subornar os comandantes dos voluntários letões que eram os elementos mais seguros da Guarda Vermelha.
The “Union” was considering bribing the commanders of the Lettish volunteers who were the more reliable elements of the Red Guard.

[10] General do Estado-Maior do Czar, Comandante-Chefe do Governo Provisório até Maio de 1917 e depois Chefe do Estado-Maior. Aliou-se a Kaledine (ver nota 12) depois da Revolução de Outubro.
General of the Tzarist General Staff, Chief Commander of the Provisional Government until May 1917 and then Chief of Staff. He allied himself with Kaledin (see note 12) after the October Revolution.

[11] Morgan Phillips Price, My Reminiscences of the Russian Revolution, G. Allen & Unwin, London, 1921 (reprint 1981 by Hyperion Press, Inc., CT, USA).
Um dos livros mais importantes sobre a revolução socialista da Rússia até 1920, baseado em documentos oficiais e em testemunhos oculares do autor.
Price era membro do Partido Liberal inglês mas opôs-se à 1.ªGM. Tornou-se correspondente de Guerra do Manchester Guardian na Frente Oriental. Phillips Price falava o russo o que lhe foi útil durante a viagem através da Rússia, nos contactos com a população, e nas suas observações sobre a revolução. No seu livro mostra compreensão e simpatia por Lenine, pelas políticas bolcheviques, pelas camadas pobres da população. Regressado a Inglaterra em 1921 aderiu ao Partido Trabalhista.
One of the most important books on the Russian socialist revolution until 1920, based on official documents and eyewitness accounts of the author.
Price was a member of the English Liberal Party but opposed the WWI. He became a war correspondent for the Manchester Guardian on the Eastern Front. Phillips Price spoke Russian what was useful to him during his trip through Russia, in the contacts with the population, and in his observations on the revolution. In his book he shows understanding and sympathy for Lenin, for Bolshevik policies, and for the poor sections of the population. Having returned to England in 1921 he joined the Labor Party.

[12] Ataman dos cossacos do Don que organizou um levantamento contra o governo soviético, logo a seguir à Revolução de Outubro. Suicidou-se em Janeiro de 1918 depois da derrota do seu exército cossaco em Rostov-no-Don (derrotado pela Guarda Vermelha).
Ataman of the Don Cossacks who organized a rally against the Soviet government, shortly after the October Revolution. He took suicide on January 1918 after the defeat of his Cossack army in Rostov-on-Don (defeated by the Red Guard).

[13] Komilov foi morto em Abril de 1918, durante uma tentativa fracassada de tomar Ekaterinodar aos bolcheviques.
Komilov was killed in April, 1918, during an unsuccessful attempt to take Ekaterinodar from the Bolsheviks.

[14] Lenin, Directives to the Vladivostok Soviet, April 7, 1918.

[15] A Checoslováquia fazia parte do Império Austro-Húngaro e o corpo incluía também húngaros e austríacos.
Czechoslovakia was then part of the Austro-Hungarian Empire and the army corps also comprised Hungarians and Austrians.

[16] O longo episódio contra-revolucionário da legião checa está bem descrito em | The long counterrevolutionary episode of the Czech legion is well described in: William H. Chamberlin, The Russian Revolution (1917-1918), vol. 2, The Macmillan Co., NY, 1926. Concordando no essencial com outros autores, Chamberlin fornece muitos detalhes de interesse.
Chamberlin era o correspondente americano em Moscovo do The Christian Science Monitor no período 1922-1934. A sua visão burguesa é, como seria de esperar, hostil ao regime soviético e aos bolcheviques, particularmente a Lenine. A única figura que trata com simpatia é Trotsky, inclusive em termos elogiosos. Contudo, procura manter-se objectivo em muitos aspectos.
Agreeing in substance with other authors, Chamberlin provides many details of interest.
Chamberlin was the American correspondent in Moscow of The Christian Science Monitor in the period 1922-1934. His bourgeois outlook is, as one would expect, hostile to the Soviet regime and to the Bolsheviks, particularly Lenin. The only figure he treats with sympathy is Trotsky, even in flattering terms. However, he seeks to remain objective in many aspects

[17] Por exemplo, um telegrama enviado de Samara a 17 de Maio à Missão Militar em Moscovo, dizia assim: «Todos delegados cossacos chegados Samara pedem dinheiro e estão prontos a marchar contra sovietes e alemães. Por favor envie resposta».
As an example, a telegram dated May 17, 1918, from Samara to the Military Mission in Moscow, reads: "All Cossack delegates arrived Samara ask for money and are ready march against Soviets and Germans. Please send reply."

[18] A New World Economics permite determinar o equivalente do rublo em dólares US para o período da 1.ª GM (até ao 2T de 1918). A wikipedia fornece os valores a partir de 1924, o que permite estimar por interpolação para anos intermédios.
The New World Economics allows one to determine the ruble equivalent in US dollars for the WWI period (up to 2Q 1918). The wikipedia provides the values starting at 1924, which allows one to estimate by interpolation for intermediate years.

[19] Sobre a intervenção dos serviços de espionagem dos Aliados na RSFSR ver | On the intervention of the Allied espionage services in the RSFSR see: Sayers and Kahn, op. cit., c. III.

[20] A insurreição dos SRs de esquerda foi organizada pelo CC deste partido a 24 de Junho. Era secretamente apoiada por missões diplomáticas estrangeiras, como parte de um ataque geral da contra-revolução interna e dos imperialistas da Entente. Cerca de 1.800 pessoas participaram na insurreição, liderada pelo SR de esquerda D.I. Popov, membro da Cheka. O Kremlin foi bombardeado com artilharia e o edifício de telefone e telégrafo ocupado. Durante as duas horas que permaneceram em controlo, os SRs de esquerda emitiram manifestos e telegramas alegando que tinham tomado o poder e que a sua acção havia sido bem recebida por toda a população. Os SRs também tentaram sem êxito iniciar insurreições em Petrogrado, Vologda e outras cidades. Quando o V Congresso dos Sovietes se voltou a reunir após a derrota da insurreição, foi aprovada uma decisão de expulsar dos sovietes aqueles SRs de esquerda que haviam apoiado a linha aventureira da sua liderança. (Vários grupos de SRs de esquerda permaneceram fiéis ao poder soviético.)
The insurrection of the Left SRs was organized by the CC of this party on June 24. It was secretly supported by foreign diplomatic missions as part of a general attack by the internal counter-revolution and the Entente imperialists. About 1,800 people participated in the insurrection, led by the Left SR D. I. Popov, a member of the Cheka. The Kremlin was bombarded with artillery and the telephone and telegraph building occupied. During the two hours they remained in control, the Left SRs issued manifestoes and telegrams claiming they had seized the power and their action had been welcomed by the whole population. The SRs also tried unsuccessfully to initiate insurgencies in Petrograd, Vologda and other cities. When the Fifth Congress of Soviets reassembled after the defeat of the insurrection, it passed a decision expelling from the Soviets those Left SRs who had supported the adventuristic line of their leadership. (Several groups of left SRs remained loyal to the Soviet power.)

[21] Savinkov testemunhou em tribunal que a insurreição de Yaroslav tinha sido inspirada pelo embaixador francês Noulens, personagem sinistra que irá aparecer mais vezes em posição de destaque nas intervenções da Entente.
Savinkov testified in court that the insurrection of Yaroslav had been inspired by the French ambassador Noulens, a sinister character who will often appear leading Entente interventions.

[22] Nesta altura eram os americanos que controlavam os checoslovacos. Em 22 de Julho o cônsul americano em Moscovo enviou ao cônsul americano em Omsk um telegrama cifrado que dizia [1]:
«Pode informar confidencialmente os líderes checoslovacos que, até nova disposição, os Aliados ficarão contentes, do ponto de vista político, que mantenham a actual posição. […] É desejável, em primeiro lugar, que assegurem o controlo da Ferrovia Transiberiana e, em segundo lugar, se se considerar isso também possível, manter o controlo sobre o território que agora dominam. Informe os representantes franceses que o Cônsul Geral francês dá o seu acordo a estas instruções.»
At this point it was the Americans who controlled the Czechoslovaks. On July 22 the American Consul in Moscow sent to the American Consul at Omsk a cipher telegram which read [1]:
“You may inform the Czechoslovak leaders confidentially that pending further notice the Allies will be glad, from a political point of view, to have them hold their present position. […] It is desirable first of all, that they should secure control of the Trans-Siberian Railway, and second, if this is assumed at the same time possible, retain control over the territory which they now dominate. Inform the French representatives that the French Consul General joins in these instructions.”

[23] «As descobertas do capitão Hicks, do capitão Webster e do major Drysdale foram ocultadas dos públicos britânico e americano. O capitão Hicks recebeu uma ordem judicial para regressar a Londres, e foi depois designado para trabalhar com o capitão Sidney Reilly. O Departamento de Estado dos EUA arquivou os relatórios do capitão Webster e Major Drysdale» [1]
“The findings of Captain Hicks, Captain Webster and Major Drysdale were kept from the British and American publics. Captain Hicks received a court order to return to London, and then was assigned to work with Captain Sidney Reilly. The U. S. State Department shelved the reports of Captain Webster and Major Drysdale” [1]

[24] A Conferência dos bolcheviques em Baku, em 27 de Julho, decidiu não abandonar o poder sem luta e organizar urgentemente a defesa de Baku sob a liderança do CCP. Declarou a mobilização geral e incentivou os trabalhadores a defender a cidade e o poder soviético. Para tal, declarou a cidade em estado de guerra, confiou à Cheka a repressão da agitação contra-revolucionária, dirigiu um apelo aos trabalhadores de Baku para se levantarem em armas e defenderem a cidade. Mas os esforços heróicos dos comunistas da Azerbaidjão foram frustrados pela traição dos Dashnaki (nacionalistas), SRs e mencheviques. Entre as causas do colapso do poder soviético em Baku, além da intervenção estrangeira, há que citar não ter sido consolidada a aliança do proletariado com o campesinato e erros cometidos na questão nacional.
The Bolshevik Conference in Baku on 27 July decided not to abandon power without struggle and to urgently organize the defense of Baku under the leadership of the CPC. It declared the general mobilization and encouraged the workers to defend the city and the Soviet power. For this purpose, it declared the city in a state of war, entrusted to the Cheka the repression of the counterrevolutionary agitation, appealed to the Baku workers to stand in arms and defend the city. But the heroic efforts of the Azerbaijani communists were thwarted by the betrayal of the Dashnaki (nationalists), SRs and Mensheviks. Among the causes of the collapse of Soviet power in Baku, apart from foreign intervention, was the fact that the alliance of the proletariat with the peasantry had not been consolidated and errors made in the national question.

[25] Vários «governos» brancos chamaram-se a si próprios da «Assembleia Constituinte» por agruparem cadetes, SRs e mencheviques fugidos da Assembleia Constituinte. Esta tinha acabado sem quórum e sem glória em Janeiro de 1918, povoada apenas por cadetes, SRs de direita e mencheviques que não reconheciam o mais elementar decreto do poder soviético. Ao intitularem-se da «Assembleia Constituinte» esses brancos anunciavam a sua intenção de restaurar o regime burguês dos governos provisórios, já rejeitado pelo povo.
A number of White “governments” called themselves of the “Constituent Assembly” for aggregating cadets, SRs and Mensheviks who had fled the Constituent Assembly. This had ended without quorum and glory in January 1918, populated only by cadets, Right SRs and Mensheviks who did not recognize the most elementary decree of Soviet power. By calling themselves of the "Constituent Assembly" those Whites announced their intention to restore the bourgeois regime of the provisional governments, already rejected by the people.

[26] Informação do governo britânico ao povo russo: «Viemos para vos ajudar a salvarem-se do desmembramento e da destruição pelas mãos da Alemanha… Desejamos assegurar-vos solenemente que não nos apropriaremos de um metro do vosso território. Os destinos da Rússia estão nas mãos do povo russo. Cabe a ele, e só a ele, decidir a forma de governo e encontrar solução para os seus problemas sociais».
Declaração de Washington: «A acção militar é agora admissível na Rússia apenas para prestar a protecção e a ajuda possível aos checoslovacos contra os prisioneiros armados austríacos e alemães que os atacam, e para consolidar qualquer esforço de autogoverno ou autodefesa em que os próprios russos possam estar dispostos a aceitar assistência».
Tóquio anunciou: «Ao adoptar esta decisão o governo japonês permanece fiel ao seu desejo de promover relações duradouras de amizade e afirma a sua política de respeitar a integridade territorial da Rússia e de se abster de toda a interferência na sua política nacional».
Information of the British Government to the Russian people: “We are coming to help you save yourselves from dismemberment and destruction at the hands of Germany... We wish to solemnly assure you that we shall not retain one foot of your territory. The destinies of Russia are in the hands of the Russian people. It is for them, and them alone, to decide their forms of Government, and to find a solution for their social problems.”
Declaration from Washington: “Military action is admissible in Russia now only to render such protection and help as is possible to the Czechoslovaks against the armed Austrian and German prisoners who are attacking them, and to steady any efforts at self-government or self-defense in which the Russians themselves may be willing to accept assistance.”
Tokyo announced: “In adopting this course the Japanese Government remains constant in their desire to promote relations of enduring friendship, and they affirm their policy of respecting the territorial integrity of Russia and of abstaining from all interference with her national politics.”

[27] Phillips Price, op. cit., revela entendimentos entre os dois grupos de imperialistas. Phillips Price, op. cit., reveals understandings between the two groups of imperialists.

[28] Anna Louise Strong, The Soviets Expected It, The Dial press, New York, 1941.
Doutorada em filosofia, a autora denunciou a miséria infantil e, como jornalista do New York Evening Post, reportou em 1916 o massacre de trabalhadores em Everett, Washington, tornando-se defensora dos trabalhadores e socialista. Depois da Revolução de Outubro defendeu na imprensa liberal o governo soviético. Veio a ser correspondente em Moscovo do International News Service, tornando-se forte apoiante de URSS. Entrevistou trabalhadores e povo comum bem como líderes soviéticos. Visitou a Espanha em 1937 e acompanhou o Exército Vermelho na Polónia e em Berlim em 1945, e visitou a China durante as últimas etapas da guerra de libertação. Presa por acusações de espionagem após a 2.ªGM, veio a estabelecer-se na China até à sua morte em 1970.
A PhD in philosophy, the author denounced child misery and, as a journalist for the New York Evening Post, reported in 1916 the massacre of workers in Everett, Washington, becoming a worker and socialist advocate. After the October Revolution she defended the Soviet government in the liberal press. She became a correspondent in Moscow of the International News Service, and later a strong supporter of the USSR. She interviewed workers and ordinary people as well as Soviet leaders. She visited Spain in 1937 and accompanied the Red Army in Poland and Berlin in 1945, and visited China during the latter stages of the war of liberation. Arrested on espionage charges after the WWII, she settled in China until her death in 1970.

[29] Os livros supracitados de Chamberlin e de Erich Wollenberg contém informação sobre o Exército Vermelho.
Erich Wollenberg era um comunista alemão que ingressou no exército vermelho em 1924-25. Em 1927 foi assistente de investigação no Instituto Marx-Engels-Lenin em Moscovo. Defende no livro posições trostkistas, anti-Estaline. Independentemente disso, o livro contém observações de interesse, factos e números dignos de crédito.
The aforementioned books by Chamberlin and Erich Wollenberg contain information about the Red Army.
Erich Wollenberg was a German communist who joined the Red Army in 1924-25. In 1927 he was research assistant at the Marx-Engels-Lenin Institute in Moscow. He defends in the book Trotskyist, anti-Stalin positions. Regardless of that, the book contains observations of interest, facts, and credible numbers.

[30] Wollenberg, op. cit.: «No final de Dezembro de 1920, as escolas militares vermelhas tinham fornecido 39.914 oficiais juniores para o exército, que então possuía um total de 130.000 oficiais e 315.747 sub-oficiais e funcionários militares.»
Wollenberg, op. cit.: “By the end of December 1920, the Red military schools had provided 39,914 junior officers for the army, which then possessed a total of 130,000 officers and 315,747 N.C.O.s and military officials.”

[31] Lenine defendia como necessária a utilização de especialistas e técnicos burgueses, mas tanto quanto sabemos nunca se referiu ao alistamento de ex-oficiais czaristas.
Though Lenin defended the need of using bourgeois specialists and technicians, as far as we know he never referred to the enlistment of former Tsarist officers.

[32] Segundo Wollenberg, op. cit., o número de oficiais do antigo exército, incluindo alferes, servindo no Exército Vermelho, era em 1 de Janeiro de 1919 de 100.000 num total de 165.113 (60,6 %).
According to Wollenberg, op. cit., the number of officers of the former army, including ensigns, serving in the Red Army was on January 1 1919 of 100,000 out of a total of 165,113 (60,6 %).

[33] Chamberlin (op. cit.), sempre simpático com Trotski, diz: «Trotski não era um líder infalível. Não era, e não imaginava ser, um Napoleão ou um Marlborough; deixou as questões de estratégia entregues ao julgamento de especialistas militares».
Chamberlin (op. cit.), always sympathetic of Trotsky, states: “Trotsky was not an infallible leader. He was not, and did not imagine that he was, a Napoleon or a Marlborough; he left matters of strategy to the judgment of military experts.”

[34] Dos historiadores trotskistas que trataram especificamente da guerra civil só encontrámos Wollenberg e Isaac Deutscher. Este último tem um capítulo Stalin in the Civil War no seu livro Stalin (Penguin Books, 1966) em que compara Trotski com Estaline.
Deutscher foi um polaco que estudou filosofia e economia juntando-se ao Partido Comunista da Polónia (KPP) em 1927. Viajou pela URSS em 1931 e no regresso fundou um grupo anti-estalinista no KPP. Expulso do KPP exilou-se no RU onde aderiu por pouco tempo a um grupo trotskista. Em 1942 tornou-se jornalista do jornal burguês The Economist (com ligações ao MI5 e CIA). Em 1946-47 deixou o jornalismo para se tornar escritor. Tornou-se biógrafo de Trotski usando para tal os arquivos da Universidade de Harvard. O seu nome aparece com a nota «só simpatizante» na lista que George Orwell – um trotskista informador dos serviços secretos britânicos -- preparou em 1949 para o Information Research Department do MI6 sobre comunistas no RU.  Na década de 1960, em pleno sentimento de esquerda contra a guerra do Vietname, o trotskismo de Deutscher virou «marxismo humanista». Tony Blair elogiou a obra de Deutscher em 2006. Deutscher, cujo trajecto sempre foi para a direita, de conciliação com o imperialismo, e de desgosto por qualquer revolução, só revela um rebate de decência no Stalin posterior à edição de 1948 ao argumentar porque razão não se pode igualar Estaline a Hitler.
Of the Trotskyist historians who dealt specifically with the civil war, we only found Wollenberg and Isaac Deutscher. The latter has a chapter Stalin in the Civil War in his book Stalin (Penguin Books, 1966) in which he compares Trotsky with Stalin.
Deutscher was a Polish who studied philosophy and economics joining the Communist Party of Poland (KPP) in 1927. He traveled through the USSR in 1931 and on his return founded an anti-Stalinist group in the KPP. Expelled from the KPP he exiled in the UK where he joined a Trotskyist group for a short time. He became a journalist in 1942 for the bourgeois newspaper The Economist (with links to the MI5 and CIA). He left journalism in 1946-47 to become a writer. He became Trotsky's biographer using the Harvard University archives. His name appears with the note "sympathizer only" on the list that George Orwell -- a Trotskyist and informant of the British secret services -- prepared in 1949 for the MI6's Information Research Department on communists in the UK. In the 60s, in the midst of a leftist sentiment against the Vietnam War, Deutscher's Trotskyism became "humanistic Marxism." Tony Blair praised Deutscher's work in 2006. Deutscher, whose trajectory has always been rightwards, conciliatory with imperialism, and of disgust of any revolution, only reveals a rebuttal of decency in the editions of Stalin subsequent to 1948 where he argues why one cannot equate Stalin to Hitler.

[35] O trotskista Wollenberg reconhece (op. cit.): «A maioria dos trabalhadores militares bolcheviques adquiriam os conhecimentos e as capacidades de líderes do exército num tempo incrivelmente curto, apesar de não terem feito anteriormente qualquer serviço militar».
The Trotskyist Wollenberg recognizes (op. cit.): “Most of the Bolshevist military workers acquired the knowledge and capability of army leaders in an amazingly short time, despite the fact that they had done no previous military service.”

[36] Havia CMRs das divisões e das diversas frentes. A 2 de Setembro de 1918 foi oficializado o CMR da República, presidido por Trotski. Incluía como membro proeminente o Comandante-Chefe J. J. Vatsetis (um letão, comandante do antigo exército) e outros membros, entre os quais Estaline a partir de 8 de Outubro de 1918.
Em Julho de 1919, Vatsetis foi acusado de traição e encobrimento de conspiração militar. Foi preso. A sua prisão foi explicada num telegrama enviado a Trotski assinado por Djerjinski, Krestinski, Lenine e Sklyanski. Vatsetis auto-justificou-se e Trotski conseguiu a sua libertação em Agosto e reinstalá-lo no CMR. Em 1937 o NKVD acusou-o de ter sido um agente da espionagem alemã desde 1918, sob cujas instruções realizara uma série de acções traiçoeiras durante a guerra civil. Acusou-o também de desde 1921 pertencer à espionagem letã, participando na criação de uma organização fascista-terrorista letã para combater o poder soviético. Vatsetis reconheceu-se culpado. Como Khrutchev na sua sanha «anti-estalinista» não o reabilitou, podemos concluir que as acusações não ofereciam dúvidas.
There were RMCs of the divisions and of the various fronts. On September 2 1918 the RMC of the Republic, presided by Trotsky, was made official. It had as prominent member the Commander-in-Chief J. J. Vatsetis (a Latvian, commander of the old army); it also had other members, among which Stalin since October 8, 1918.
In July 1919, Vatsetis was charged with treason and of covering-up a military conspiracy. He was arrested. His arrest was explained in a telegram sent to Trotsky signed by Dzherzhinski, Krestinsky, Lenin and Sklyanski. Vatsetis gave a justification and Trotsky succeeded in releasing him in August and re-instated him in the RMC. In 1937 the NKVD accused him of having been an agent of the German intelligence since 1918, under whose instructions he had carried out a series of treacherous actions during the civil war. He was also accused of being a member of the Latvian intelligence since 1921, participating in the creation of a Latvian fascist-terrorist organization to fight Soviet power. Vatsetis pleaded guilty. Since Khrushchev in his "anti-Stalinist" spree did not rehabilitate him, we may conclude that the accusations offered no doubt.

[37] Chamberlin, op. cit., que cita S. I. Gusev figura militar de grande destaque, membro do CMR durante a guerra civil autor de um livro sobre o tema.
Chamberlin, op. cit., who quotes S. I. Gusev, military figure of great prominence, member of the RMC during the civil war, author of a book on the subject.

[38] E. Genkina, Historical Journal, No. 5, Maio de 1938, pp. 18-31 (História dos Combates em Tsaritsine, 1918, em russo | History of the Combats in Tsaritsyn, 1918, in Russian):
«A 23 de Maio de 1918 Ordjonikidze telegrafou a Lenine sobre a situação em Tsaritsine: "São necessárias medidas fortes, e os camaradas locais são muito fracos. Qualquer desejo de ajudar é visto como uma interferência nos assuntos locais. Há 6 comboios com pão para Moscovo quee não vão para a estação ... Repito mais uma vez que precisamos das medidas mais decisivas. Está a ocorrer uma contra-revolução em torno de Tsaritsyn.” … Na própria cidade, devido à liderança oportunista do presidente do soviete local, Minin, reinava o caos e a confusão tanto nos órgãos soviéticos e profissionais, como nos órgãos do comando militar.»
“On 23 May 1918 Ordzhonikidze telegraphed Lenin on the situation in Tsaritsyn: ‘Strong measures are needed, and local comrades are very weak. Any desire to help is seen as interference in local affairs. There are six trains with bread bound for Moscow that do not get to the station ... I repeat once again that we need the most decisive measures. A counter-revolution is taking place around Tsaritsyn.’ In the city itself, because of the opportunist leadership of the chairman of the local Soviet, Minin, chaos and confusion reigned in Soviet and professional bodies, as well as in organs of military command.”

[39] J. Estaline, Telegrama para V.I. Lenine, 7 de Junho de 1918: «Cheguei a Tsaritsin no dia 6… Em Tsaritsin, Astracã e Saratov, o monopólio dos cereais e os preços fixos foram abolidos pelos sovietes, e há caos e especulação. Assegurei a introdução de racionamento e preços fixos em Tsaritsyn ... Dentro de uma semana, proclamarei uma "Semana do Cereal" e despacharei imediatamente para Moscovo cerca de um milhão de pudes [1 pude =16,38 kg] com uma escolta especial de ferroviários. Enviei um mensageiro a Baku e partirei para o sul eu mesmo dentro de um dia ou dois. O chefe comercial Zaitsev será preso hoje por negociação oculta e especulação em bens do governo. Diga a Schmidt para não enviar mais patifes. Que Kobozev faça com que a comissão de cinco homens em Voronej, no seu próprio interesse, não crie dificuldades aos meus agentes».
J. Stalin, Telegram to V. I. Lenin, June 7, 1918: “Arrived in Tsaritsyn on the 6th…In Tsaritsyn, Astrakhan and Saratov the grain monopoly and fixed prices were abolished by the Soviets, and there is chaos and profiteering. Have secured the introduction of rationing and fixed prices in Tsaritsyn… Within a week we shall proclaim a ‘Grain Week’ and shall dispatch to Moscow right away about one million poods [1 pood =16.38 kg] with a special escort of railwaymen Have sent a messenger to Baku, and shall be leaving for the South myself in a day or two. Chief Trade Agent Zaitsev will be arrested today for bag-trading and speculating in government goods. Tell Schmidt not to send any more scoundrels. Let Kobozev see to it that the five-man collegium in Voronezh in its own interests does not create difficulties for my agents.”

[40] Uma grande ajuda a Tsaritsine foi prestada pelos comunistas de entre os ex-prisioneiros de guerra (Wagner, Melcher e outros). Criaram o Sindicato dos Trabalhadores e Camponeses Estrangeiros. O jornal Internationalist começou a aparecer (em checo, sérvio, polaco, húngaro, alemão). Por iniciativa da União, formou-se o 1.º Regimento Revolucionário Sérvio, o 4.º Regimento Internacional, o Destacamento Consolidado (780 homens) e algumas brigadas internacionais. O número total de internacionalistas do Exército Vermelho era de 4.000 homens.
A great help to Tsaritsyn was provided by the communists from among the ex-prisoners of war (Wagner, Melcher and others). They created the Union of Foreign Workers and Peasants. The Internationalist newspaper began to appear (in Czech, Serbian, Polish, Hungarian, and German). At the initiative of the Union, the 1st Serbian Revolutionary Regiment, the 4th International Regiment, the Consolidated Detachment (780 men) and some international brigades were formed. The total number of Red Army internationalists was 4,000 people.

[41] Genkina, op. cit.: «Lenine escreveu pessoalmente no telegrama de Estaline, que sugeriu que se dispersasse o quartel-general da DMCN: “A minha opinião concorda com a de Estaline”».
Genkina, op. cit.: "Lenin wrote personally in Stalin's telegram, which suggested that the MDNC headquarters should be dispersed: ‘My opinion agrees with Stalin's.’"

[42] Ver o artigo hostil a Estaline | See the article hostile to Stalin: https://ru.wikipedia.org/wiki/Сытин,_Павел_Павлович

[43] Lenin, Telegrama para P. P. Sytin, 24 de Outubro de 1918. Para: Sytin, Kozlov, Trotsky, Tsaritsyn: Voroshilov.
«Estamos a receber telegramas desesperados de Voroshilov sobre o não recebimento de granadas e cartuchos apesar dos seus repetidos e insistentes pedidos. Verifique isso imediatamente, tome as medidas mais urgentes para atender aos seus pedidos e informe-nos do que foi feito. Dê-nos os nomes das pessoas responsáveis pelo cumprimento.»
Lenin, Telegram to P. P. Sytin, October 24, 1918. To: Sytin, Kozlov, Trotsky, Tsaritsyn: 
Voroshilov.

“We are receiving desperate telegrams from Voroshilov about non-receipt of shells and cartridges despite his repeated demands and insistence. Have this checked immediately, take the most urgent measures to meet his demands and notify us what has been done. Give names of persons responsible for fulfillment.”

[44] No início da ofensiva contra Tsaritsine, eram 27 mil soldados de infantaria, 30 mil de cavalaria, 175 canhões, 610 metralhadoras, 20 aeronaves e 4 trens blindados. Além disso, tinha sido formado apressadamente o «exército cossaco de jovens» de 19-20 anos.
At the beginning of the offensive against Tsaritsyn, it numbered 27,000 infantry, 30,000 cavalry, 175 guns, 610 machine guns, 20 aircraft and 4 armored trains. In addition, the "young standing Cossack army" was hastily formed with 19-20-year-old Cossacks.

[45] Durante este período de tensão, os Chekistas descobriram uma trama preparada sob a orientação de um engenheiro chamado Alexeyev. O jornal Soldado da Revolução, relatou: «Em 21 de Agosto de 1918, às 17:00 horas, foi descoberta em Tsaritsyn uma conspiração de guardas brancos. Os participantes proeminentes na conspiração foram presos e executados. Os conspiradores tinham 9 milhões de rublos». O vice-cônsul britânico e os cônsules franceses e sérvios participaram da preparação da conspiração. Os conspiradores esperavam que pelo menos 3.000 pessoas participassem num motim. Mais tarde, falando no VIII Congresso da PCR(b), Lenine disse: «Deve-se ao mérito dos habitantes de Tsaritsin terem desmascarado essa conspiração de Alexeyev».
During this tense period, the Chekists uncovered a plot prepared under the guidance of an engineer named Alexeyev. The newspaper Soldier of the Revolution, reported: "On August 21, 1918, at 17:00 hours, a conspiracy of white guards was uncovered in Tsaritsyn. The prominent participants in the conspiracy were arrested and executed. The conspirators had 9 million rubles." The British Vice-Consul and the French and Serbian Consuls participated in the preparation of the conspiracy. The conspirators expected that at least 3,000 people would take part in a mutiny. Later, speaking at the Eighth Congress of the RCP(B), Lenin said: "The merit of the Tsaritsyns, that they unmasked this conspiracy of Alexeyev"