Não existe área do conhecimento mais maltratada,
do ponto de vista científico, do que a história. Isto deve-se ao facto de as
correntes esmagadoramente dominantes entre os historiadores e académicos da
história negarem a existência de verdades objectivas. São correntes não
científicas e mesmo anti-científicas.
No presente artigo abordamos: subjectividade e
objectividade no conhecimento histórico; as deformações das correntes historiográficas
dominantes; o desprezo académico pela objectividade na história; ques está e
quem não está interessado em história objectiva; o condicionamento social do
historiador; a consecução de objectividade em história; cuidados a ter pelo
cidadão comum.
There is no more abused area of knowledge,
from a scientific point of view, than history. This is due to the fact that the
overwhelming mainstream trends among historians and scholars of history deny
the existence of objective truths. These trends are non-scientific and even
anti-scientific.
In the present article we address:
subjectivity and objectivity in historical knowledge; the deformations of the mainstream
historiographic currents; academic disdain for objectivity in history; who is and
who is not interested in objective history; the social conditioning of the
historian; the attainment of objectivity in history; recommendations for ordinary
people.
Comecemos por
definir alguns conceitos. É verdadeiro
um juízo de acordo com a realidade. Em geral, não existem verdades absolutas (a não ser
trivialidades). A obtenção de juízos verdadeiros envolve processos cognitivos,
colectivos e potencialmente infinitos. Ao longo de um dado processo cognitivo
obtêm-se verdades relativas, cada
vez mais compreensivas da realidade. Diz-se objectivo o conhecimento com valor universal e que é livre de
parcialidade. Diz-se subjectivo o
conhecimento individual sem valor universal, emotivamente influenciado, logo
parcial. Como todo o conhecimento envolve uma relação sujeito-objecto, obter
um conhecimento objectivo exige um processo que elimine o melhor possível a
parcialidade.
Tudo isto é
válido quer para as ciências naturais quer para as ciências sociais. Com uma
grande diferença, porém: tendo em conta a natureza do objecto do
conhecimento, a parcialidade subjectiva é, em geral, muito reduzida ou nula
nas ciências naturais, enquanto nas ciências sociais ela é, obviamente,
importante, dado que o sujeito que conhece é um produto de relações sociais.
Na história, e
como reacção ao positivismo [1] do séc. XIX que defendia uma história como
simples compilação de factos sem ter em conta o condicionamento social do
historiador, desenvolveram-se no séc. XX várias correntes subjectivistas:
intuicionismo (espiritualismo radical, negação do materialismo: o historiador
pode e deve ser parcial; existem tantas histórias quantos os espíritos que
«criam» a história); presentismo (não há passado objectivo, há apenas factos
criados pelo espírito num presente eternamente variável; toda a história é um
produto do espírito que vive no presente); pragmatismo (as nossas concepções
sobre o passado baseiam-se apenas em juízos relativos a coisas que podemos
observar no presente; cada século reinterpreta o passado de modo a servir os
seus próprios fins).
Note-se que
todas estas correntes são idealistas, quer por considerarem a verdade
objectiva como inatingível (positivismo) quer por negarem a existência de
verdades objectivas, considerando todas as verdades como subjectivas
(subjectivis-mo). As correntes subjectivistas defendem a existência de uma
multiplicidade de histórias, todas igualmente válidas. Resulta, assim, que o
historiador deverá aceitar como verdadeiras duas histórias que se contradizem
quanto ao mesmo acontecimento histórico. Desta forma, sem critério para
distinguir o verdadeiro do falso, a história não é uma ciência.
Após a 2.ª GM
ganhou a primazia a corrente pragmatista, primeiros nos EUA e depois na
Europa. Eis o que afirmou um dos seus apoiantes, R. G. Collingwood, em 1946:
«O pensamento histórico é uma actividade da imaginação […] Cada presente tem
o seu próprio passado e com a ajuda da imaginação […] visa-se reconstruir o
passado do presente dado, do presente em que se opera o acto de imaginação
[…]»
O livro do
filósofo marxista polaco Adam Schaff, História
e Verdade (Editorial Estampa, 2000) fornece uma análise profunda das
correntes historiográficas. O livro contém uma citação muito esclarecedora de
um historiador pragmatista. Trata-se da alocução presidencial de Conyers Read
em 1949 à Associação dos Historiadores Americanos [2]. Intitulada A Responsabilidade Social do Historiador,
Read ataca o conceito de verdade objectiva e recomenda aos historiadores a
«educação para a democracia», dizendo a certa altura:
«Nessa época [liberalismo do séc. XIX] a neu-tralidade
[imparcialidade] foi levada tão longe que deixámos de acreditar [...] nos
nossos próprios objectivos. Perante a alternativa que nos puseram Mussolini e
Hitler, e ultimamente Estaline, devemos adoptar claramente uma atitude militante
se queremos sobreviver. O antídoto para má doutrina é uma doutrina melhor e
não um intelecto neutralizado. Deve-mos afirmar os nossos próprios objectivos,
definir os nossos próprios ideais, estabelecer os nossos próprios padrões,
organizar todas as forças da nossa sociedade para os apoiar. A disciplina é o
imperativo fundamental de todo o exército eficaz, quer ele marche debaixo de
estrelas e riscas ou da foice e martelo. […] A atitude liberal de
neutralidade, o lidar com o desenvolvimento social em termos de compor-tamento
desapaixonado, já não chegam. […] A guerra total, quente ou fria, empenha e
exige de todos nós a participar nela. O historiador não é menos obrigado a
isso do que o físico.»
A mensagem de Conyers Read é clara:
-- Combate à
«neutralidade», termo evocador de patriotismo mas cuja verdadeira intenção é
o combate à imparcialidade do historiador;
-- Afinal, nem
todas as historiografias subjectivistas são igualmente válidas; a que defende
o modelo americano é melhor que todas as outras, em particular as provenientes
de qualquer «intelecto neutralizado»;
-- A
historiografia americana (de facto, de toda a pirâmide imperial americana)
tem por missão combater o comunismo.
Neste combate
que a versão imperial da historiografia subjectivista deve promover contra o
comunismo não é só a «neutralidade» que se deve eliminar. Read vai mais
longe, advogando o princípio do controlo social: «é importante que aceitemos
e sustentemos um tal controlo: é essencial para salvaguardar o nosso modo de
vida.» Segundo Read, o historiador pode con-tinuar a estudar todos os
fenómenos; se, porém, depara com algum fenómeno incomodativo, o conselho de
Read é claro: «mas devemos entender que nem tudo que se passa no laboratório
se presta a ser divulgado pelas esquinas.». Manter, portanto, o grande público na ignorância.
A corrente
pragmatista é dominante nas universidades. É ela que in-forma as centenas de milhares de historiadores de todo o
mundo, os livros de história que pululam e poluem as livrarias, os
jornalistas, os opiniosos, etc.
Numa pesquisa da
internet que fizemos em 17 universidades proeminentes, com cursos de
história, de vários países [6], só encontrámos uma com disciplinas que
incluem abordagens científicas da história. Trata-se da Universidade Federal
de Santa Catarina, Brasil, que nas disciplinas de Teoria da História I e II
recomendam, para além de obras de idealistas, obras de Marx e Engels, Adam
Schaff, E. Hobsbawm e M. Vovelle.
Em todas as
outras não encontrámos nenhuma
disciplina sobre metodologia científica da história; é o caso p. ex. da University of Califórnia at Los Angeles,
da New York University, da UCL-University College London, da Sorbonne, etc. Na UCL existe a
disciplina Making History descrita
como «um projecto de grupo destinado a encorajar o pensamento criativo e original
sobre o passado».
Em muitos cursos de história com disciplinas de «metodologia», esta
refere-se apenas a métodos técnicos (pesquisa documental e bibliográfica, organização em bibliotecas e
arquivos, etc.) [4]. As técnicas podem basear-se em várias ciências,
mas não fazem da história uma ciência. Conhecimentos das estrelas,
constelações e órbitas dos planetas também não fazem da astrologia uma
ciência.
Na Universidade
Nova de Lisboa encontrámos a disciplina Methodology
for History. O programa não é indicado e a bibliografia inclui um
livro cuja revisão por um historiador
norueguês revela o seu carácter pós-modernista (ver abaixo) e subjectivista [5]
e um artigo de 2010 sobre ética em história [6] que, a par de recomendações
usuais (não ao plágio, transcrição fiel das fontes, etc.), contém uma
recomendação típica dos subjectivistas, como iremos ver.
Em algumas
universidades a corrente subjectivista é claramente anunciada. Vejamos o que
afirma um professor de história da Utah State University em «História
e o Que Realmente Aconteceu» [7] no seu curso A Guide To Writing in
History and Classics. Diz assim: «A História não é só o que realmente aconteceu, mas uma
intersecção complexa de verdades, parcialidades e esperanças». Portanto, não
há uma verdade, mas «verdades». Cada historiador terá a sua. Se a intersecção
de verdades não for nula, será certamente uma mistela, dado que além de
«complexa» envolve «parcialidades e esperanças» dos historiadores da
intersecção. Além disso, com o «não é só… mas», são postas em pé de igualdade
a realidade objectiva («o que realmente aconteceu») e a mistela.
Ora, é a
mistela que logo a seguir é defendida porque segundo o mesmo académico «[a
história] é um negócio muito confuso e, como todos os empreendimentos
humanos, particularmente susceptível de parcialidade, presunção, orgulho,
vaidade e, se não a total e intencional perversão da verdade, pelo menos o
ocultamento subconsciente de alguma realidade mais desagradável ou suja».
Sobre isto, há
que observar no que concerne «todos os empreendimentos humanos»:
Em primeiro
lugar, na busca da verdade objectiva,
todos esses defeitos humanos podem ou não existir; para dar um exemplo, nunca
ninguém provou sofrer Einstein de parcialidade, presunção, orgulho, vaidade,
etc.
Em segundo
lugar, e relativamente a parcialidade, presunção, orgulho e vaidade, mesmo
com alguns destes defeitos, é possível alcançar uma verdade objectiva ainda
que relativa; o orgulho de Newton é bem conhecido e, contudo, ele descobriu a
lei da gravidade que é uma verdade.
Em terceiro
lugar, a «total e intencional perversão da verdade [etc.]», nunca impediram a
ciência como um todo de alcançar
verdades. William Summerlin anunciou em 1970 que tinha descoberto um método
de transplante de pele sem rejeição, demonstrando isso com o enxerto de pele
de rato negro em ratos brancos; em 1974 o método foi denunciado como fraude:
Summerlin pintara de negro os pelos do rato branco; apesar da «total e intencional
perversão da verdade» de Summerlin a imunologia não perdeu o seu estatuto de
ciência e continuou a alcançar verdades.
Uma história científica, baseada em conheci-mento
objectivo, rapidamente se desembaraçaria, como outras ciências, dos que pervertem
a verdade, intencionalmente ou não. Ora, não é isso que se verifica. A época
presente, de reacção dominante, pulula de histórias intencionalmente falsas. De facto, a reescrita da história,
falseando verdades já bem estabelecidas e provadas, é a moda de hoje;
impregna todos os media.
O grande
problema que impede qualificar a corrente dominante da história como ciência
não reside nos defeitos humanos. Também não reside, como alguns julgam, no
facto de na história não se poderem repetir experiências. A evolução das
espécies também não se pode repetir e, contudo, a paleontologia é uma
ciência.
É certo que a
relação sujeito-objecto introduz parcialidades no processo cognitivo que,
como dissemos acima, são especialmente de considerar nas ciências sociais. Mas
a questão central da subjectividade
não são os defeitos humanos nem, como defendem outros subjectivistas, nomeada-mente
os autores do artigo sobre ética acima citado, «a era e cultura em que se
nasceu e se foi criado, a educação, e as expectativas das comunidades a que
se pertence».
Sim, os
defeitos humanos, a «era e cultura, etc.», podem influenciar o sujeito no
acto cognitivo. A influência destes factores é facilmente ultrapas-sável no
conhecimento histórico tal como o é nas ciências naturais. Mas já não é
facilmente ultrapassável a influência subjectiva central no acto cognitivo da
história: a que provém do
condicionamento social do sujeito; isto é, a classe social do sujeito, o
factor que lhe faz tomar «espírito de partido». Como disse Marx em Contributo para a Crítica da Economia
Política: «Não é a consciência que determina a existência social, mas a
existência social que determina a consciência». Este factor central é sempre ocultado pelos subjectivistas.
Contrariamente
aos subjectivistas, os marxistas defendem a capacidade humana de atingir um
conhecimento objectivo não só da natureza, mas também das sociedades. Armados
com uma teoria científica das sociedades humanas, assente em definições claras
e leis sobre a realidade objectiva, o marxista reconhece que as relações de
produção e particularmente as relações de propriedade decidem a divisão da
sociedade em classes, as quais defendem interesses específicos que agem sobre
as atitudes cognitivas dos homens. Como os interesses das classes são diferentes
e contraditórios, a sua influência sobre as atitudes cognitivas produz
resultados diferentes.
Quando se fala
em classe dominante deve ter-se em conta que o domínio não é só económico. A
necessidade de preservar esse domínio e privilégios inerentes leva
necessariamente a que a ideologia da classe dominante seja imposta como a
ideologia dominante de toda a sociedade.
No capitalismo,
os elementos mais conscientes da classe exploradora (a burguesia) estão
vitalmente interessados em manter ocultos os mecanismos da exploração, em
perpetuar uma ordem social que já não suporta progresso social, em difamar as
experiências passadas de construção de uma nova ordem social. Sustentam, por
isso, uma ideologia assente em múltiplos e falsos juízos do passado, que apoie
a conservação da ordem social existente e a sua inevitabilidade. A
historiografia que permite estes objectivos é necessariamente subjectivista
e, como tal, anti-científica.
Os elementos
mais conscientes da classe explorada (o proletariado) e dos seus aliados
estão vitalmente interessados em compreender os mecanismos da exploração, em aprender
do passado as formas de luta contra a exploração, a experiência
revolucionária, a construção da ordem social rumo à sociedade sem classes, os
erros cometidos. Estão, portanto, vitalmente interessados em extrair juízos
verdadeiros do passado, da história. Se o não fizessem, se não se importassem
em usar falsos juízos do passado, estariam a ir contra os seus interesses. A atitude
que tomam é, portanto, uma atitude científica, que irá sempre seguir um
processo de busca de verdades objectivas com base na análise marxista, que
defende precisamente não só a objectividade do conhecimento como a construção
revolucionária do futuro pelo proletariado .
Em antes de
prosseguirmos, convirá determo-nos brevemente numa enorme perversão do
marxismo. Trata-se do chamado pós-modernismo. Um precursor desta corrente foi
o sociólogo húngaro Karl Manheim que, partindo do conceito marxista de
condicionamento social do sujeito, defendeu a seguinte tese (1952): todas as
opiniões relativas às realidades sociais são ideologias; dado que cada
ideologia depende de (é relativa a) uma dada situação social, há então tantas
verdades quantas as «situações sociais». Cai-se assim no relativismo da verdade
histórica depender da situação social, sem possibilidade de atingir uma
verdade objectiva, fundamento do conhecimento científico. Isto é, o
pós-modernismo é um «sub-jectivismo social»; sofre dos mesmos defeitos do
subjectivismo tout court. Também encontramos
nele múltiplas verdades e verdades contraditórias igualmente válidas.
Existem
historiadores que defendem a visão pós-modernista da história. Num blog de um historiador encontrámos a
seguinte afirmação tipicamente pós-modernista: «A ciência é política. Não se
escapa a isso.» Logo, para este historiador, a gravidade funciona de forma
diferente conforme é um burguês ou um proletário que leva com a proverbial
maçã na cabeça; certamente caindo com diferentes leis da gravidade. O
pós-modernismo já foi completamente desmascarado [8] para que percamos tempo
com isto. Note-se que a afirmação «A ciência é política» serve de facto como
substituto da afirmação «A política [qualquer política] é uma ciência». Hoje
em dia qualquer disparate é qualificado de ciência para lhe dar a dignidade
que não tem. O autor do blog logo a seguir revela a sua fé relativista quando
diz «A validade histórica baseia-se na interpretação do historiador dos
textos escritos existentes». Subjectivismo e pós-modernismo vão de braço
dado.
O
condicionamento social do historiador leva-o frequentemente, no processo de
escrever a história (na selecção de factos, na interpretação e compreensão
das motivações dos homens, etc.), a introduzir uma subjectividade que deforma
o conhecimento, por causa de factores tais como o interesse, a parcialidade,
a animosidade contra alguém ou contra certos grupos sociais. Estes são
factores induzidos por classe, e não os defeitos morais humanos, a "era e
cultura, [etc.]" dos subjectivistas, que vimos acima. Para atingir
objectividade o historiador terá de seguir um conjunto de práticas que
extrapolam as usadas nas ciências naturais [9]:
-- Considerar
uma hipótese de trabalho como provisória até se ter coligido e estudado
cuidadosamente toda a evidência relevante;
-- Empenhar-se
arduamente na colecção e estudo de toda a evidência relevante;
-- Considerar
com visão crítica toda a evidência e fontes;
-- Questionar
as nossas ideias preconcebidas;
-- Ser
especialmente céptico quanto a evidência que tende a apoiar as nossas ideias
preconcebidas;
-- Compensar as
nossas parcialidades assegurando-nos que prestámos atenção diligente e mesmo
generosa à evidência e teorias que tendem a colocar dúvidas sobre as nossas
ideias preconcebidas.
Do ponto de
vista da objectividade histórica, a melhor posição inicial contra deformações
subjectivistas e pós-modernistas, pelas razões já apontadas, é adoptar os
interesses de classe do proletariado, as posições da análise marxista. O
condicionamento pelos interesses do proletariado não introduz as deformações
subjectivas conservadoras; subentende, pelo contrário, uma atitude aberta ao
progresso social e à mudança; logo, uma atitude que desenvolve todos os
esforços possíveis para romper com o deformado conhecimento conservador e
atingir verdades objectivas cada vez mais próximas de «o que realmente
aconteceu». Isto não quer dizer, obviamente, que os marxistas não cometam
erros. Nenhum caminho científico é isento de erros.
Desviemos agora
a nossa atenção dos historia-dores e concentremo-nos nas dificuldades do
cidadão não historiador que pretende saber «o que realmente aconteceu». Que
cuidados pode ele tomar contra deformações subjectivistas ou pós-modernistas,
actualmente e cada vez mais corres-pondendo a «perversão intencional da
verdade»?
Pensamos que os
seguintes cuidados são essenciais:
1 - Desconfie
de tudo o que os media dominantes
dizem sobre história recente. Eles são financiados directa ou indirectamente
pelo grande capital. Tocam a música que os patrões ordenam. Quem não obedece
é despedido. Mentem sem escrúpulos para defender o capital, o imperialismo, e
para combater o marxismo e o socialismo.
2 - Desconfie
especialmente quando os media
abordam a história de lutas sociais, lutas e sublevações anti-imperialistas
ou se propõem «esclarecer» a história de revoluções, nomeda-mente socialistas,
e sobre países socialistas. Aí, o «esclarecimento» é de certeza grossa mentira.
Um exemplo: o
JN do passado dia 7 de Novembro anunciou uma série de artigos sobre os 100
anos da Revolução de Outubro; nesse anúncio, diz: «Lenine foi empurrado,
pelos acontecimentos, para a via revolucionária mais radical na linha de
Trotsky e Rosa Luxemburgo». Isto é totalmente falso: Trotsky e Rosa
Luxemburgo nem sonhavam com a «via revolucionária mais radical» na Rússia
quando Lenine propôs as suas famosas Teses
de Abril que inspiraram a revolução. A frase contém outras falsidades e
distorções como o «empurrado pelos acontecimentos», a «via mais radical»,
etc., cujo objectivo é rebaixar Lenine, a figura central da revolução e por
essa razão especialmente incómoda para a burguesia.
3 – Desconfie
também de documentários e filmes sobre esses temas feitos por grandes
empresas «ocidentais» que dominam o mercado de lazer. Pode-se rejeitar como
mentiras e propaganda imperialista os documentários nesses temas do Canal
História.
4 - Nos blogs da net e na wikipedia há
de tudo, do bom ao mau. Geralmente aí o espírito de partido e a existência ou
não de preocupações de objectividade dos autores é mais transparente que nos media.
5 - O primeiro
cuidado a ter antes de ler um livro de história é inquirir sobre o autor (p.
ex., através da net). Que
interesses de classe defende? Está o historiador ou a sua casa editorial
ligada a instituições ao serviço do capitalismo, do imperialismo? Qual a
crítica que tem tido a sua obra e que sector social mais a elogia? O prefácio
ou a introdução revelam uma abordagem subjectivista ou pós-modernista? Ou, pelo
contrário, marxista?
A resposta a
estas perguntas nem sempre é fácil. Um exemplo. O historiador Robert Conquest
escreveu o livro The Great Terror
onde traçou um quadro da URSS de Estaline como uma câmara de horrores. O
livro foi aclamado no ocidente e inspirou muitos outros no mesmo diapasão. O
impacto foi de tal ordem que mesmo muitos marxistas ficaram abalados. Veio-se
mais tarde a saber que Conquest trabalhou até 1956 para os serviços secretos
britânicos na secção Information
Research Department (IRD) (originalmente Communist Information Bureau) cuja missão era «combater a
influência comunista em todo o mundo implantando histórias falsificadas entre
políticos, jornalistas e outros em posição de influenciar a opinião pública».
A obra de Conquest foi publicada pela Praeger
Press, uma editora ligada à CIA. Por serviços prestados como agente da
CIA Conquest foi condecorado por G.W. Bush com a «Medalha da Liberdade» em
2005. Só em finais dos anos 70 vários historiado-res não comunistas com
preocupações de objecti-vidade [10] desmascararam aberta e detalhada-mente,
com base em evidências comprovadas, as invenções e falsidades de Conquest.
Como regra,
leva muito menos tempo a fabricar uma falsidade do que a provar que é falsa.
6 - Deve-se
também analisar as notas de rodapé e as referências bibliográficas.
Frequentemente, os historiadores subjectivistas não vão de facto às fontes ou
a testemunhas presenciais dos factos que mencionam. Limitam-se a escolher um
grande número de narrativas e testemunhos em segunda mão que sustentam a tese
que lhes convém, fazendo parecer que há um consenso.
7 - Em geral, a
evidência material proporcionada por objectos ou documentos oficiais devidamente
autenticados é mais credível – ou até decisiva – do que declarações
testemunhais (principalmente se recolhidas sem controlo oficial e
documentado) ou narrativas após os eventos em causa. Neste aspecto, o
apuramento da verdade em história tem semelhanças com a investigação
criminal.
Um exemplo. Até
recentemente os EUA negaram o seu envolvimento no massacre de centenas de
milhares de comunistas na Indonésia durante o golpe do exército indonésio que
colocou a ditadura de Suharto no poder. Agora, os ficheiros da embaixada dos
EUA em Jakarta libertados no passado Outubro (depois de 52 anos!) confirmam o
envolvimento da CIA.
8 - Devemos ser
especialmente cépticos quando a recolha de evidências e testemunhos é feita
por alguém expressamente seleccionado e financiado por personalidades e
instituições do grande capital (magnates dos media, serviços secretos, etc.)
para fazer essa recolha.
Um exemplo. A
confabulação da fraude do «holodomor» começou com a imprensa nazi em 1933 mas
impôs-se no Ocidente depois da série de artigos de Thomas Walker em 1935 para
a imprensa do magnata W.R. Hearst (Chicago
American and New York Evening
Journal). Walker passou algum tempo na URSS mas nunca esteve na Ucrânia!
Os seus artigos serviram Hearst, Henry Ford e outros que queriam enlamear a
URSS e mantê-la fora da Liga das Nações.
9 - Se um
historiador descreve como verdadeiro um facto que é contra o seu interesse de
«partido», então, com alta probabilidade, esse facto é objectivamente
verdadeiro [11].
Como exemplo,
consideremos a questão do «bloco de oposicionistas» clandestino nos anos 30
na URSS, que incluía direitistas e trotskistas, e motivou os processos de
Moscovo de 1937 e 1938. Durante muitos anos Trotsky negou a existência de tal
«bloco», dizendo ser uma fabricação de Estaline. Mas em 1980 foi permitido ao
principal historiador trotskista da época, Pierre
Broué, consultar o Arquivo Trotsky na Universidade de Havard e confirmar que
o «bloco de oposicionistas» tinha efectivamente existido.
(Actualmente, com mais evidência entretanto recolhida, já ninguém contesta o
facto.)
10 - Devemos
ser especialmente cautelosos quanto a teses «extraordinárias» que contrariam um enorme volume de verdades relativas que
já tinham sido provadas. De uma forma geral, em ciência, «afirmações
extraordinárias necessitam de provas extraordinárias». Hoje em dia somos
constantemente bombardeados com teses «históricas» que procuram rever num
sentido reaccionário verdades já bem estabelecidas e provadas, sem qualquer
fundamento ou novas evidências, já para não falar de « provas
extraordinárias».
Nem a Revolução
Francesa escapa a essa revisão; alguns historiadores (?) descobriram agora
que não foi uma revolução burguesa!
|
Let us first define
some concepts. A given statement is true
if it accords to reality. In general, there are no absolute truths (other than trivialities). The attainment of true
statements involves collective and potentially infinite cognitive processes.
Throughout a given cognitive process one obtains relative truths, each time more comprehensive of reality.
Knowledge is said to be objective,
when it has a universal value and is free from partiality (bias). Individual
knowledge without universal value is said to be subjective, emotionally influenced, and biased. Since all
knowledge involves a subject-object relationship, achieving objective
knowledge requires a process that eliminates partiality as best as possible.
All this holds true
for both the natural sciences and the social sciences. With a great
difference, however: considering the nature of the object of knowledge,
subjective partiality is generally very small or null in the natural
sciences, while it is obviously important in the social sciences, since the
subject of the cognitive relation is a product of social relations.
In history, and as a
reaction to nineteenth-century positivism [1], which defended history as a
simple compilation of facts without taking into account the social
conditioning of the historian, several subjectivist currents developed in the
twentieth century: intuitionism (radical spiritualism, denial of materialism:
the historian can and should be partial; there are as many histories as the
spirits who "create" history); presentism (there is no objective
past, there are only facts created by the spirit in an eternally variable
present; all history is a product of a spirit living in the present);
pragmatism (our conceptions of the past are based only on judgments
concerning things we can observe in the present; each century reinterprets
the past in a way that serves its own ends).
Note that all these
currents are idealistic, either because they consider the objective truth to
be unattainable (positivism) or because they deny the existence of objective
truths, they consider all truths to be subjective (subjectivism). The
subjectivist trends defend the existence of a multiplicity of histories, all
equally valid. It then follows that the historian must accept as true two
histories that contradict each other on the same historical event. In this
way, without a criterion to distinguish true from false, history is not a
science.
After the 2nd World War
the pragmatist trend gained the primacy, first in the
The book by the Polish
Marxist philosopher Adam Schaff, History
and Truth (Pergamon, 2014) provides a deep analysis of the
historiographical trends. The book contains a very enlightening quotation
from a pragmatist historian. This is Conyers Read's presidential address in
1949 to the Association of American Historians [2]. The address, entitled “The Social Responsibility of the Historian”,
attacks the concept of objective truth and recommends historians the "education
for democracy", saying at one point (original text, our square brackets):
“In that age [19th century liberalism] neutrality
[unbiasedness] went so far that we ceased to believe […] in our own
objectives. Confronted by such alternatives as Mussolini and Hitler and last
of all Stalin have imposed, we must clearly assume a militant attitude if we
are to survive. The antidote to bad doctrine is better doctrine, not
neutralized intelligence. We must assert our own objectives, define our own
ideals, establish our own standards and organize all the forces of our
society in support of them. Discipline is the essential prerequisite of every
effective army whether it march under the Stars and Stripes or under the
Hammer and Sickle. […] The liberal neutral attitude, the approach to social
evolution in terms of dispassionate behaviorism will no longer suffice. […]
Total war, whether it be hot or cold, enlists everyone and calls upon
everyone to assume his part. The historian is no freer from this obligation
than the physicist.”
Conyers Read's message
is clear:
-- To fight against “neutrality”, a term evoking patriotism, but whose true meaning is to fight the impartiality of the historian; -- After all, not all subjectivist historiographies are equally valid; the one defending the American model is better than all the other ones, particularly those coming from any "neutralized intelligence"; -- The purpose of American historiography (indeed, of the entire American imperial pyramid) is to fight communism.
In this fight, which
the imperial version of subjectivist historiography must promote against
communism, it is not only "neutrality" that must be eliminated.
Conyers Read goes further, advocating the principle of social control:
"The important thing is that we shall accept and endorse such controls
as are essential for the preservation of our way of life." According to
Read, the historian can keep on studying all phenomena; if, however, he
encounters any annoying phenomena, Read's advice is clear: "But we must
realize that not everything which takes place in the laboratory is appropriate
for broadcasting at the street corners." In other words, keep the public at large in their
ignorance.
The pragmatist current
is dominant in the universities. It’s this current who in-forms the hundreds of thousands of historians from all over
the world, the history books that swarm and pollute bookstores, journalists, opinion-makers
and so on.
In a internet survey
of 17 prominent universities, with courses in history, from several countries
[6], we have only found one with courses which include scientific approaches
to history. It is the Federal University of Santa Catarina, Brazil, which in
the courses of Theory of History I and II recommend, besides works of
idealists, works by Marx and Engels, Adam Schaff, E. Hobsbawm and M. Vovelle.
In all other universities
we did not find any course on the
scientific methodology of history; this is the case e.g. of the University of California at Los Angeles,
of the
In many history studies with courses on "methodology",
this refers only to technical methods (document and bibliographic research,
organization of libraries and archives, and so on) [4]. To be sure, techniques
can be based on various sciences, but they do not make history a science.
Knowledge of the stars, constellations and orbits of the planets also do not
make astrology a science.
At the Universidade Nova de Lisboa we found
the course Methodology for History.
The program is not indicated and the bibliography includes a book whose review
by a Norwegian historian reveals its postmodernist (see below) and
subjectivist character [5], and a 2010 article on ethics in history [6]
which, alongside usual recommendations (no to plagiarism, faithful
transcription of sources, etc.), contains a recommendation typical of
subjectivists, as we shall see.
In some universities
the subjectivist current is very clearly announced. Let us take a look at
what a history professor at Utah State
University asserts in the text "History and What Really
Happened" [7] presenting his course
A Guide
To Writing in History and Classics. He says the following:
"History is not just what really-happened-in-the-past, but a complex
intersection of truths, bias and hopes." According to this, there is no
single truth, but "truths". Each historian will have his/her own
truth. If the intersection of truths is not empty, it will certainly be a big
mix, since in addition to being "complex" it involves "biases
and hopes" of the intersecting historians. Moreover, with his "it
is not just ... but", the objective reality ("what really
happened") and the big mix are put on equal footing.
Nevertheless, it is really
the big mix that the same scholar immediately defends because according to him
"[history] is a very messy business and, like all human enterprises,
particularly susceptible of bias, self-righteousness, pride, vanity and, if
not outright and intentional perversion of the truth, at least the
subconscious obfuscation of some grimmer and grimier reality."
On this, and as
regards “all human enterprises”, one should note:
In the first place, in the search for objective truths, all those human defects may or may not be present; just to give an example, no one ever proved that Einstein suffered of bias, self-righteousness, pride, vanity, etc.
Secondly, and with
respect to bias, self-righteousness, pride and vanity, even with some of
these defects it is possible to attain an objective truth, albeit relative;
Thirdly, the
"outright and intentional perversion of the truth [etc.]" never
prevented science as a whole from attaining
truths. William Summerlin announced in 1970 that he had discovered a method
of skin transplant without rejection, demonstrating the discovery with grafts
of black mouse skin onto white mice; the transplanting method was denounced
as fraud in 1974: Summerlin had painted the white mice hair with black ink;
despite the "outright and intentional perversion of truth" of
Summerlin, immunology did not lose its status as a science and continued to attain
truths.
A scientific history, based on objective knowledge, would
quickly get rid, like other sciences, of those who pervert the truth,
intentionally or not. That this is not the case is clearly observed. The
present epoch, of dominant political reaction, is swarmed by intentionally
false stories. Actually, even the rewriting of history, with the
falsification of since long well established and proven truths, is the trend
of today and pervades all media.
The main problem
impeding to qualify mainstream history as a science lies not in human
defects. Nor does it lie, as some argue, in the fact that in history one
cannot repeat experiments. The evolution of species cannot be repeated
either, and yet paleontology is a science.
It is true that the
subject-object relationship introduces biases in the cognitive process which,
as mentioned above, are to be especially considered in the social sciences.
But the central issue of the
subjectivity lies not in the human defects nor, as subjectivists also argue
-- namely the authors of the article on ethics cited above -- on “era and
culture in which you were born and raised, education, and the expectations of
the communities to which you belong.”
Yes, human defects,
"era and culture," and so on, can influence the subject in the
cognitive act. The influence of these factors is easily overcome in
historical knowledge as it also is in the natural sciences. But the central subjective influence in the
cognitive act of history is no longer easily overcome: that which comes from the social conditioning of the subject; that is, the social class of the subject,
the factor that makes him take "party spirit". As Marx put it
in A Contribution to the Critique of Political Economy: "It is
not the consciousness of men that determines their existence, but their
social existence that determines their consciousness." This central factor is always concealed by
the subjectivists.
Contrary to the
subjectivists, Marxists defend the human capacity of attaining objective
knowledge not only of nature but also of societies. Armed with a scientific
theory of human societies, which is grounded on clear definitions and laws on
the objective reality, Marxists recognize that the relations of production
and particularly the relations of property decide the division of society
into classes; these defend specific interests that act on the cognitive
attitudes of men. Since the interests of classes are different and
contradictory their influence on cognitive attitudes produce different
results.
When talking about the
dominant class, it must be taken into account that the domination is not only
economic. The need to preserve its domination and inherent privileges
necessarily leads to the ideology of the dominant class being imposed to the
whole society as the dominant ideology.
In capitalism, the
most conscious elements of the exploiting class (the bourgeoisie) are vitally
interested in keeping the mechanisms of exploitation obscured, in
perpetuating a social order that no longer supports social progress, in
slandering past experiences of building a new social order. They, therefore,
support an ideology based on multiple and false judgments about the past,
which sustains the preservation of the existing social order and claims its
inevitability. The historiography allowing the attainment of these objectives
is necessarily subjectivist and, as such, anti-scientific.
The most conscious
elements of the exploited class (the proletariat) and its allies are vitally
interested in understanding the mechanisms of exploitation, of learning from
the past the forms of struggle against exploitation, of revolutionary
experience, of the building of a social order towards a society without
classes, and learning from previous mistakes. They are, therefore, vitally
interested in extracting true assessments from the past, from history. If
they did not do that, if they did not mind using false judgments from the
past, they would be standing against their interests. The attitude they take
is, therefore, a scientific attitude, which will always follow a process of
seeking objective truths based on the Marxist analysis, which precisely
defends both the objectivity of knowledge and the revolutionary building of
the future by the proletariat.
Before we go any further,
we must briefly dwell on an enormous perversion of Marxism. This is the so-called
postmodernism. A precursor of this trend was the Hungarian sociologist Karl
Manheim who, starting from the Marxist concept of social conditioning of the
subject, defended the following thesis (1952): all opinions concerning social
realities are ideologies; given that each ideology depends on (is relative
to) a given social situation, there are then as many truths as there are “social
situations”. One thus falls in the relativism of the historical truth, which
depends on the social situation, without possibility of reaching an objective
truth, the foundation of any scientific knowledge. That is, postmodernism is
a "social subjectivism" and suffers from the same defects of
subjectivism tout court. We also
find in postmodernism multiple truths and equally valid contradictory truths.
There are historians who
defend the postmodernist view of history. We found in a historian's blog the
following and typically postmodernist statement: "Science is political.
There are no two ways about it." Therefore, for this historian, gravity works
differently depending on whether it is a bourgeois or a proletarian who gets
the proverbial falling apple upon the head; and certainly falling with
different laws of gravity. Postmodernism has already been completely debunked
[8] so that we lose time with it. It should be noted that the statement “Science
is political” serves in fact as a surrogate of the statement “Politics [of any
kind] is a science”. Nowadays, any nonsense is qualified as science to lend
it the dignity it does not have. The author of the blog reveals his
relativistic belief in the following text when he states "Historical
validity is based in the historian’s interpretation of extant written texts."
Subjectivism and postmodernism go hand in hand.
The social
conditioning of the historian often leads him, in the process of writing
history (in the selection of facts, in the interpretation and understanding
of the motives of men, etc.), to introduce a subjectivity that deforms
knowledge, because of factors such as interest, partiality, animosity against
someone and against certain social groups. These are class-induced factors, not the moral human defects, "era
and culture, [etc.]" of the subjectivists, mentioned above. For a historian to attain
objectivity a set of practices extrapolating
those used in the natural sciences, must be observed [9]:
-- To regard one’s
working hypothesis as provisional until one has gathered and carefully
studied all the relevant evidence;
-- To engage in the
hard work of collecting and studying all the relevant evidence;
-- To regard all
evidence and sources with a critical eye;
-- To question one’s
own preconceived ideas;
-- To be especially skeptical
of evidence that tends to support one’s own preconceived ideas;
-- To compensate for
one’s own biases by making sure to give diligent, even generous attention to
evidence and theories that tend to cast doubt on one’s own preconceived
ideas.
From the point of view
of historical objectivity, the best initial position against subjectivist or
postmodernist deformations, for the reasons mentioned above, is to adopt the
class interests of the proletariat, the positions of Marxist analysis. The
conditioning by the interests of the proletariat does not introduce the
conservative subjective deformations; on the contrary, it implies an attitude
open to social progress and change; hence, an attitude that develops every
possible effort to break with deformed conservative knowledge and to achieve
objective truths ever closer to "what really happened." This does
not mean, of course, that Marxists do not make mistakes. No scientific path
is error-free.
We now divert our
attention from historians and concentrate on the difficulties of the
non-historian citizen who wants to know “what really happened”. What
precautions can one take against subjectivist and postmodernist deformations,
which are now and ever more often associated with the “intentional perversion
of truth”?
We believe that the
following precautions are essential:
1 – Be wary of
everything that the mainstream media say about history. They are financed
directly or indirectly by big capital. They play the music that the bosses
order for. Those who do not comply get fired. They lie unscrupulously to
defend capitalism, imperialism, and to fight against Marxism and socialism.
2 - Be especially
mistrustful when the media lecture on the history of social struggles,
anti-imperialist struggles and uprisings, and set out to "elucidate"
us about the history of revolutions, namely socialist revolutions, and about socialist
countries. The "elucidation" will then certainly be a gross lie.
An example. The Jornal de Notícias, a Portuguese
newspaper with large circulation, announced on past 7 November a series of
articles on the 100th anniversary of the October Revolution. It stated as
follows in the announcement: "Lenin was pushed by events to the most
radical revolutionary path along the lines of Trotsky and Rosa Luxemburg."
This is totally false: Trotsky and Rosa Luxemburg did not even dream of the
"most radical revolutionary path" in
3- Be also wary of
documentaries and films on those topics made by large “West” enterprises
which dominate the market of leisure time. You can reject as lies and
imperialist propaganda documentaries on those topics from the History
Channel.
4 - In the web blogs and
in the wikipedia one finds everything, from the good to the bad. Usually the
party spirit and the existence or not of objectivity concerns of the authors
is more transparent than in the media.
5 - The first caution
to be taken before reading a history book is to inquire about the author
(e.g., via the internet). What class interests does he/she hold? Is the
historian or his/her publishing house linked to institutions at the service
of capitalism, of imperialism? What reviews has his/her work received and
which social sector lends him/her most praise? Does the preface or the
introduction reveal a subjectivist or postmodern approach? Or, conversely,
Marxist?
The answer to these questions is not always easy. An example. The historian Robert Conquest wrote The Great Terror where he drew a picture of Stalin's
As a rule, it takes a
much shorter time to fabricate a falsehood than it takes to prove that it is false.
6 - One should also
analyze footnotes and bibliographical references. Often, subjectivist
historians do not actually go to sources or witnesses in the face of the
facts they mention. They limit themselves to choosing a large number of
second-hand narratives and testimonies that support the thesis that suits
them, making it appear that there is a consensus.
7 - In general,
material evidence provided by duly authenticated objects or documents is more
credible -- or even decisive -- than witness accounts (especially if
collected without official and documented control) or narratives after the
events in question. In this respect, the verification of truth in history
bears similarities to criminal investigation.
An example. Until
recently the
8 - We should be
particularly skeptical when evidence and testimonies are collected by someone
who is expressly selected and funded by personalities and institutions of big
capital (media moguls, secret services, etc.) to collect such evidence and
testimonies.
An example. The
fabrication of the “holodomor” hoax started with the Nazi press in 1933 but
was imposed in the West after the 1935 series of articles of Thomas Walker in
the W. R. Hearst press (Chicago
American and New York Evening
Journal). Though
9 - If a historian
describes as true a fact that is against his "party" interest,
then, with high probability, this fact is objectively true [11].
As an example, let us
consider the question of the clandestine "bloc of oppositionists"
in the 1930s in the
10 - One must be
especially wary of "extraordinary" theses that run counter to an
enormous volume of relative truths that have already been proven. Generally
speaking, in science, “extraordinary claims require extraordinary proofs”'.
Nowadays we are constantly bombarded with "historical" theses that
seek to revise, in a reactionary sense, truths that have already been well
established and proven, without any grounds or new evidence, not to mention
"extraordinary proofs".
Even the French
Revolution does not escape this revision; some historians (?) have now
discovered that it was not a bourgeois revolution!
|
Notas e Referências | Notes
and References
[1] O positivismo
(Mach, Comte, etc.) considera que o mundo material não pode ser conhecido, dado
só existirem as percepções sensoriais do sujeito; assim, a «ciência positiva»
não pode ir além de uma compilação de observações (experimentais ou não).
Positivism
(Mach, Comte, etc.) considers that the material world cannot be known, since
only sensory perceptions of the subject exist; thus "positive
science" cannot go beyond a compilation of observations (experimental or
otherwise).
[2] The
Social Responsibilities of the Historian, The American Historical Review, vol. 55, no. 2, 1950.
[3] USA
(3): UCLA, NYU, USU; GBR (3): UCL, Univ. Oxford ,
Univ. Cambridge ; IRL (1): DCU; FRA (2): Univ. Toulouse ,
Sorbonne; BEL (1): Univ. Ghent ; NLD (1): Univ. Leiden ; PRT (2): UP, UNL;
ESP (2): UCM, UPV; BRA (2): UFSC, USP.
[4] É o caso da
disciplina «Métodos e
Técnicas de Investigação Histórica» do curso da Universidade do Porto. This is
the case of “Methods and Techniques of Historical Research” taught at the Oporto University .
[5] From Reliable
Sources: An Introduction to Historical Methods. By Martha Howell and Walter Prevenier,
Cornell University Press, 2001.
O historiador
Trygve R. Tholfsen denuncia a defesa pelos autores do livro da tese pós-modernista,
uma tese de «múltiplas histórias», e as afirmações subjectivistas: «os autores
juntaram uma toada pós-moderna, salientando ao longo do livro que eles não
partilham com os seus predecessores as crenças “impossivelmente ingénuas”
acerca de verdade e objectividade.»
The
historian Trygve R. Tholfsen exposes the defense by the authors of the book of
the postmodernist thesis, a thesis of "multiple histories", and their
subjectivist statements: “the
authors have added a postmodern spin, emphasizing throughout the book that they
do not share their predecessors' “impossibly naïve" beliefs about truth
and objectivity.”
[6] Ethics for Historians: The Perspective of One Undergraduate
Class, Catherine Denial (with contributions
by Devin Harvie), Association of American Historians, January 2010.
.
[7] O historiador
de Utah usa aqui de forma irónica a frase “o que realmente aconteceu” usada
pelo historiador positivista da séc. XIX Leopold von Ranke: wie es
eigentlich gewesen.
The Utah historian uses here in an ironic way
the sentence “what really happened” used by Leopold von Ranke, a positivist
historian of the 19th century: wie es eigentlich
gewesen.
[8] Um excelente livro que desmascara totalmente o pós-modernismo é: Alan
Sokal, Jean Bricmont, Imposturas
Intelectuais, Gradiva, 1999.
An excellent book that
completely debunks postmodernism is: Alan Sokal, Jean Bricmont, Fashionable
Nonsense: Postmodern Intellectuals' Abuse of Science, Picador, 1999.
[9] Este conjunto de práticas aparece em | This set of practices
is mentioned in: Grover Furr, Vladimir L. Bobrov, Stephen Cohen’s Biography of Bukharin: A Study in the Falsehood of
Khrushchev-Era “Revelations”, Cultural Logic, 2010.
[10] São de destacar neste tópico os historiadores americanos | Worth noting on this topic are the American historians
Arch Getty, Robert W Thurston, Geofrey Roberts.
[11] Como este
resultado é muitas vezes divulgado sem justificação, apresentamos aqui uma
demonstração formal.
Seja o
historiador A com preocupações de
objectividade que defende a tese T
para um dado evento. A tese oposta designamos por ~T. A depara com o facto x desse evento. Podemos modelar a
probabilidade de A declarar x como verdadeiro -- p(x;A) --, como a soma do grau de certeza
que A possui de que x é objectivamente verdadeiro -- p(x)
--, com um valor de viés v.
p(x) varia, como uma
probabilidade, em [0,1]. Se x apoia a
tese T, o viés tem um certo valor
positivo, p. ex. v = 0,2; se x apoia ~T, tomemos v = 0.
Portanto, o modelo efectivamente aumenta p(x;A)
se x apoia a tese defendida por A (se a soma p(x)+v for superior a 1, tomamos 1).
Normalmente, o
historiador A não fará uma declaração
sobre a veracidade de x se p(x;A) não tiver um certo valor mínimo,
digamos 0,6 (mais do que a probabilidade de moeda ao ar). Suponhamos que x apoia a tese T e p(x) = 0,45. Então p(x;A) = 0,65 e A declara x como verdadeiro, apesar do grau de
certeza que A possui de que x é objectivamente verdadeiro ser
inferior ao de moeda ao ar. Mas, se x
apoia ~T, A exigirá que p(x) seja superior a 0,6 para declarar x como verdadeiro. (Há outros modelos
possíveis e com conclusões semelhantes.)
As
this result often appears without justification, we present here a formal
demonstration.
Assume
a historian A with concerns of
objectivity that defends thesis T for
a given event. The opposite thesis is denoted ~T. A considers the fact x of this event. We can model the
probability of A declaring x as true -- p(x; A) --, as the sum of the degree of certainty that A has that x is objectively true -- p(x) --, with a bias value v.
p(x)
varies, as a probability, in [0,1]. If x
supports the thesis T, the bias has a
certain positive value, e.g. v = 0.2;
if x supports ~T, let us take v = 0.
Therefore, the model effectively increases p(x; A)
if x supports the thesis defended by A (in case the sum p(x) + v is greater than 1, we take 1).
Normally,
the historian A will not make a
statement about the veracity of x if p(x;
A) does not have a certain minimum value,
say 0.6 (more than the probability on coin). Suppose that x supports the thesis T
and p(x) = 0.45. Then p(x; A)
= 0.65 and A declares x as true, despite the fact that the
degree of certainty that A has that x is objectively true is less than in
coin tossing. However, if x supports
~T, A will require p(x) to be greater than 0.6 to declare x as being objectively true. (There are
other possible models with similar conclusions.)