Socialist Poland :
A Case worth Studying
Introdução
Os Erros da Vanguarda
-- Não construção de uma
nova máquina estatal
-- Abandono da
planificação central da economia
-- Muito fraca
colectivização da agricultura
-- Debilidade nas
relações com a igreja católica
-- Concessões à
subversão interna e externa
-- Impreparação
ideológica dos militantes
|
Introduction
The Errors of the Vanguard
- Not building a
new state machine
- Abandonment of
central planning of the economy
- Very weak
collectivization of agriculture
- Feebleness in
the relations with the Catholic Church
- Concessions to
domestic and foreign subversion
- Ideological
unpreparedness of the militants
|
Introdução
A Polónia socialista foi construída a
partir de 1946 com o entusiasmo e enorme apoio do povo polaco: 77% votou a
favor das reformas económicas (comités operários, reforma agrária, etc.) no
referendo de 1946 promovido pelo governo provisório acordado em Ialta (URSS,
O socialismo entrou em colapso em
1980-81 por via do sindicato Solidariedade, dito «independente». De facto, dependente das forças reaccionárias,
entre as quais intelectuais de direita do grupo KOR e do grupo anti-comunista
Jovem Polónia que forneceram os principais quadros do Solidariedade. Por trás
destas forças, estavam a burguesia (incluindo ex-donos de empresas), a
aristocracia, e a hierarquia católica reaccionária que sempre pactuara com a
extrema-direita e o anti-semitismo. Os reaccionários tiveram apoio financeiro
e propagandístico (CIA, USAID, Voz da América, Rádio
Europa Livre, BBC, etc.) do
imperialismo.
Também faziam parte do Solidariedade,
pelo menos nos primeiros anos, muitos operários membros do Partido Operário
Unificado Polaco (POUP) – resultante da fusão do partido comunista e do
partido socialista (foi, aliás, este último que propôs a fusão). A pertença
ao Solidariedade de um número considerável de operários membros do POUP
demonstra a degradação do POUP e a espantosa falta de consciência política
desses operários completamente manipulados pelos reaccionários. Quando deram
por isso e abandonaram o Solidariedade já era tarde.
As greves repetidas (e pagas pelo
governo!) do Solidariedade, com reivindicações reaccionárias sempre atendidas
pelo POUP, o «socialismo de mercado» do POUP que conduziu a uma dívida
insustentável a bancos ocidentais, rapidamente afundaram o socialismo. O POUP
tornou-se refém do Solidariedade que passou a ser o poder efectivo na Polónia.
Em 1989, o presidente Jaruzelski, Primeiro Secretário do CC do POUP, aceitou
nomear um cristão-democrata indicado pelo Solidariedade para primeiro-ministro.
Jaruzelski resignou em 1990. Foi sucedido por Lech Walesa, chefe carismático
do Solidariedade. Estava liquidado o socialismo. O país caíu no capitalismo.
Será que viriam agora com o capitalismo
(perdão, «socialismo de mercado»), as maravilhas de bem-estar e liberdade
prometidas pelos reaccionários do Solidariedade e da Igreja Católica?
Para a burguesia nacional e
internacional foi, de facto, um fartote de bem-estar e liberdade. Os
monopólios ocidentais assentaram arraiais. A Polónia passou a ter
bilionários; eram já dois em 2005 e cinco em 2015. Os 10% mais ricos
agregados familiares receberam em 2004 uma fatia de 27% do rendimento
nacional e os 20% mais ricos uma fatia de 42,7%; em 1975, no socialismo
(embora tremido), as respectivas fatias eram menores: 20,1% e 34,3%,
respectivamente. (Estes e outros valores de fontes ocidentais.)
Os trabalhadores, pelo contrário, não
tiveram (e têm) qualquer razão para estarem satisfeitos. O desemprego,
praticamente inexistente no socialismo, regressou: saltou para 15% logo em
1995, 21% em 2004, e está agora em 7,5%. A Polónia socialista era bastante igualitária,
com leque salarial apertado. Além disso, um estudo de 1983 de um analista
ocidental (citado em [1]) ao procurar documentar os «privilégios» da elite do
POUP mostrou que tais privilégios eram bem pequenos, nada comparáveis com os
das elites capitalistas. Em 1953 um quadro técnico ganhava cerca de 1,56
vezes o salário de um operário [1]; em 2003 a proporção era já de 2,5 a 4
vezes (OIT). O índice de Gini dos vencimentos brutos mensais saltou
de 0,2 em 1989 para 0,24 em 1991, 0,28 em 1994 e 0,34 em 2006 (OCDE). A
pobreza também cresceu dramaticamente. Segundo um analista do Banco Mundial
cresceu de 3,3 milhões em 1978 para 8,6 milhões em 1987. Desde os finais dos
anos oitenta que não tem diminuído substancialmente, mantendo-se em torno de
6,5% da população (segundo definições oficiais).
Em 1979 a Polónia era a nona potência
industrial do mundo, acima de países como Índia, Brasil, Canadá, Espanha e
Holanda [1]. Em 2009 tinha passado para 23.º lugar; abaixo desses países e da
Rússia, Turquia, Indonésia e Tailândia (CIA). Com o socialismo tinha havido
uma redução drástica da mortalidade infantil, de 140 em 1000 nados vivos em
1935 para 111 em 1950 e 22 em 1978 [1]. Os valores correspondentes para
Portugal são respectivamente 148,7, 94,1 e 29,1 [2]. Depois de 1981 os
valores para a Polónia sistematicamente pioraram face a Portugal, atingindo o
dobro de taxa de mortalidade portuguesa em 2010 (Pordata).
A enorme regressão social com o
capitalismo revela-se em muitos outros aspectos da Polónia actual: discriminação
das mulheres, regresso do racismo e anti-semitismo, entrega de antigas
mansões aos aristocratas, leis anti-trabalhador, perseguição e prisão de
comunistas ao abrigo de leis anti-comunistas, extrema-direita no poder, etc.
No Parlamento polaco há hoje 6 partidos: 4 da direita a extrema-direita
«tradicional» (e estes têm o poder), 1 da direita liberal e 1
social-democrata «centrista». Em suma, é só a direita e extrema-direita que
tem representação.
Quais as razões
substantivas do colapso do socialismo na Polónia? É o que iremos procurar
analisar com o apoio do livro de Albert Szymanski, Class Struggle in Socialist Poland [1]. O autor utiliza «quase
inteiramente fontes anti-comunistas e pró-ocidentais no estabelecimento dos
factos» a que depois aplica uma análise marxista. Concordamos com o autor
quando afirma que o método de estabelecer os factos segue «O princípio
historiograficamente correcto de que, se aqueles que argumentam contra uma
tese fornecem evidência em favor dela, então a tese em causa tem elevada
probabilidade de ser verdadeira». O método é correcto quanto ao
estabelecimento de factos, mas pode ser insuficiente, quer por faltarem
factos quer por os apresentados estarem truncados ou conterem distorções.
Para além do livro de Szimanski, consultámos outras fontes pró-ocidentais. A
análise a que aqui procedemos (que se afasta em alguns aspectos da de
Szimanski) pretende ser apenas uma contribuição. Entre outras limitações do
nosso estudo, não conseguimos consultar documentos do POUP.
A análise do
colapso do socialismo em países ex-socialistas, a análise dos erros
cometidos, é sempre importante por enriquecedora da prática política do
marxismo-leninismo, podendo contribuir para evitar erros futuros. Acontece
aqui o mesmo que em ciências aplicadas, que progridem aprendendo com erros
passados. O caso da Polónia parece-nos particularmente importante por duas
razões: por os erros cometidos surgirem com grande clareza; por o quadro
social da Polónia ter algumas semelhanças com o de Portugal e outros países
do Sul da Europa no que se refere ao peso da Igreja Católica e do pequeno
campesinato.
Os Erros da Vanguarda
O socialismo é a primeira etapa no
caminho da construção de uma sociedade
sem classes, do comunismo.
A construção do socialismo -- depois da tomada de poder do proletariado
-- é muito mais exigente que a construção do capitalismo. Esta última é a
culminação, guiada por imperativos económicos, de milénios de formações
sociais baseadas em classes, de que
uma explora o trabalho de outras. Encontrar exploradores é fácil. O
capitalismo não foi só construído pela burguesia. Parte da classe derrotada,
a nobreza feudal, aliou-se à burguesia. Quanto aos imperativos económicos,
sobressaem as leis «cegas» do mercado, instituição também milenar que a
burguesia só teve (tem) de orientar a seu favor. Na realidade, quando a
burguesia tomou o poder, o capitalismo já estava largamente construído. Esta
situação difere radicalmente do socialismo: quando o proletariado toma o
poder nada existe de socialismo; este tem de ser construído de raiz, com uma máquina estatal totalmente nova e
com uma nova economia, a economia socialista.
Construir o socialismo implica romper
com enormes pesos do passado. Implica: uma direcção consciente da economia:
economia centralmente planificada e controlada; abolir a propriedade privada
dos meios de produção, base histórica da exploração do trabalho:
colectivização da indústria, agricultura, minas, etc.; reprimir os antigos
exploradores que lutam ferozmente por recuperar os antigos privilégios e
restaurar o capitalismo, recorrendo a toda uma rede poderosa de
conhecimentos, contactos e subornos, usando meios materiais (atentados,
sabotagem, vandalismo, açambarcamento, etc.) e espirituais (mentiras,
difamação, desmoralização, disseminação de rumores, confusão, religião,
etc.); defender o socialismo contra a burguesia imperialista internacional
que também usa vários meios – materiais (sanções, guerra económica, grupos
paramilitares, etc.) e espirituais (cadeias dos media, estacões específicas de rádio, propaganda de organismos
internacionais, etc.) – para o mesmo fim. A subversão interna e externa
contra o socialismo atinge rapidamente níveis de violência elevados. Enquanto o capitalismo for globalmente poderoso
os países socialistas serão forçados a enfrentar uma forte subversão interna
e externa, que pode incluir guerras, invasões, golpes militares, etc.,
despoletadas pelos países imperia-listas [3] com apoio dos reaccionários
locais. A construção do socialismo exige, por isso mesmo, um partido das
camadas mais conscientes e lutadoras do proletariado com uma direcção central forte de estadistas
revolucionários firmes, estudiosos e experimentados, que gozem do apoio das
largas massas conscientes e empenhadas no que é necessário construir.
A construção (desenvolvimento) do
capitalismo guia-se largamente por imperativos económicos de exploração do
trabalho, de que bancarrotas e desemprego são corolários das leis
incontroláveis do mercado. A construção (desenvolvimento) do socialismo
guia-se largamente por imperativos conscientes de uso eficaz de recursos
económicos para satisfazer necessidades sociais, necessidades básicas do povo,
onde figura o pleno emprego. No capitalismo a economia controla o homem. No
socialismo o homem controla a economia. No capitalismo qualquer mediocridade
de honestidade duvidosa pode ser chefe de estado sem colocar o capitalismo em
perigo. (De facto, muitas vezes o que a burguesia pretende à frente do estado
é precisamente uma mediocridade que lhe é submissa.) O socialismo exige
estadistas firmes, honestos, estudiosos e experimentados; uma mediocridade
chefiando um estado socialista é sintoma de que o socialismo vai mal.
A construção do socialismo é, portanto,
difícil. Comprovadamente difícil – a nível teórico e prático.
Rejeitamos as propostas dos vendedores de facilidades, do género «Construa
Agora: Socialismo para o Século XXI», que vão contra toda a análise teórica e
experiência prática.
Difícil, mas possível e necessária. A
tomada do poder pelo proletariado e a sequente construção do socialismo exige
um partido das camadas mais conscientes e lutadoras do proletariado: um partido de vanguarda da classe
operária, capaz de -- em aliança com o pequeno campesinato e outros estratos
sociais, e tendo em conta as condições concretas, objectivas e subjectivas,
do país em causa -- estabelecer o domínio do proletariado indispensável à
implementação das reformas económicas sequentes à expropriação dos grandes
meios de produção, e à condução da luta contra a subversão interna e externa.
Existe um vasto corpo de conhecimentos marxistas-leninistas, teóricos e
práticos, que o partido da classe operária usa para se afirmar como
vanguarda. A história demonstrou que um partido operário não é
necessariamente, por esse simples facto, um partido de vanguarda. O ser ou
não de vanguarda terá de ser testado na prática, na aplicação prática do
marxismo-leninismo. A causa principal das derrotas do socialismo foi a
acumulação de erros oportunistas de direita – abandono continuado de
princípios marxistas-leninistas em troca de ganhos imediatos -- ao mais alto
nível do partido operário condutor do processo; ao cometer acumuladamente tais erros o partido
deixa de ser de vanguarda.
Na Polónia a tomada de poder pelo
proletariado foi relativamente fácil. No final da 2.ª GM os grandes
proprietários polacos não estavam em condições de se opor ao proletariado. Na
Europa ocidental a ocupação de fábricas e de terras foi impedida pelo
exército anglo-americano e aquelas devolvidas aos antigos donos; na Polónia o
exército vermelho deu livre curso ao povo para se organizar como quisesse.
Infelizmente, o POUP foi quase desde o início (com excepção do período de
1948 a 1956) liderado por direcções oportunistas. Cometeu erros sérios nos seguintes
aspectos:
-- Não construção de
uma nova máquina estatal
-- Abandono da
planificação central da economia
-- Muito fraca
colectivização da agricultura
-- Debilidade nas
relações com a igreja católica
-- Concessões à
subversão interna e externa
-- Impreparação
ideológica dos militantes
Não construção de uma nova máquina estatal
Quando falamos numa nova máquina estatal
temos em conta não só a necessidade de construir a economia socialista, mas
mais do que isso: órgãos de poder que estabeleçam a ligação do partido com as
massas trabalhadoras e com as camadas sociais aliadas do proletariado, e que,
na base de uma democracia directa, elejam os funcionários civis e controlem
os diversos departamentos governamentais.
Na URSS esses órgãos foram os sovietes.
Na Polónia, segundo depreendemos da obra de Szimanski e de outros autores,
não foram instituídos novos órgãos de poder. Adaptou-se os órgãos burgueses
pré-existentes – Sejm (Assembleia
Nacional), ministérios, polícia, exército, etc. – à realização das novas
tarefas. A consequência foi a falta de consciencialização das massas, a perda
de contacto do partido com as massas, as «quintas-colunas» no exército e
intelectualidade, os comités de trabalhadores funcionando isoladamente, etc.
A ausência de novos órgãos de poder contribuiu para o rápido desenvolvimento
dos erros que descrevemos a seguir.
Abandono da planificação central da
economia
À medida que o exército alemão retirava
da Polónia em 1944-45 teve lugar uma revolução socialista espontânea, com
comités de trabalhadores a ocupar fábricas e camponeses a ocupar terras. Em
Outubro de 1944 o partido comunista (PTP-Partido dos Trabalhadores Polacos)
ainda considerava uma eventual restauração da propriedade privada no âmbito
de uma larga «frente democrática» antifascista. Abandonou essa política por
pressão das massas populares. O Partido Socialista Polaco (PSP) colaborou com
os comunistas no Conselho Nacional então formado, apelando à transformação
socialista da sociedade segundo princípios marxistas, e ao fim do
anti-comunismo e anti-sovietismo.
Em Maio de 1945 o PTP, sob liderança de
Wladyslaw Gomulka, voltou atrás na sua política: apelou de novo a uma Frente
Popular, que incluísse o reaccionário Partido Popular (PP) de Mikolajczyk de
base pequeno camponesa. Foram minados os poderes dos comités de trabalhadores
e entregue a gestão de fábricas, em nome da eficiência, a quadros técnicos e
antigos capatazes que se tornaram administradores com ligações directas a
ministérios.
Em Janeiro de 1946 foi implementada a
Lei das Nacionalizações. O estado expropriou sem compensações todas as
empresas com mais de 50 trabalhadores. Foi o PSP quem redigiu e pressionou
para aplicar a lei. O PTP esteve relutante. O sector estatal e cooperativo
tornou-se responsável por 94% da produção industrial em 1948.
Foi também aprovado o Plano Trienal
(1947-49) de Reconstrução da Economia, com PSP e PTP apoiando a centralização
económica (planeamento e controlo). Das eleições de 1947 resultou um Sejm de 440 deputados com 304 do
PSP+PTP (234) e aliados (70), e 136 da oposição pequeno-camponesa e católica.
O PSP e PTP fundiram-se no POUP em Maio de 1947. O PTP defendia,
acertadamente, mais investimento do que consumo, nomeadamente investimento em
indústria pesada, produtora de bens de capital (maquinaria, produção
metalúrgica, produção de energia, construção naval, etc.); o PSP defendia
mais consumo que investimento, e este na indústria ligeira.
Gomulka representava a política de
«pequenos passos», de contemporizar com a pequena agricultura, e da «via
Polaca para o socialismo», expressão que servia para ocultar o desvio
opotunista das leis gerais de construção do socialismo. O oportunismo de
Gomulka era tão evidente que foi afastado da liderança em 1948 por «erros
nacionalistas» (intenções pan-polacas face a territórios ucranianos e
bielorussos ocupados no passado pela Polónia, anti-sovietismo) e «desvios de
direita». Foi substituído por Boleslaw Bierut que encabeçou um outro rumo do
POUP: industrialização rápida com o sistema stakhanovista de incentivos
morais e materiais, esforço de colectivização da agricultura (herdades
estatais, incentivos a cooperativas), desenvolvimento de serviços sociais e
do sistema de educação.
Em 1950 Iniciou-se um Plano de Seis
Anos. Bierut e Hilary Minc que apresentaram o plano numa reunião do CC
mostravam compreender bem o que era necessário à construção do socialismo na
Polónia nomeadamente a necessidade de dar prioridade à produção de energia
(electrificação), produção de bens de capital (p. ex., complexo do aço de
Nowa Huta), aumento da produtividade do trabalho, e mudar o «nível de pequena
escala, frequentemente de economia camponesa individual anã que ainda predomina
na nossa agricultura» (palavras de Bierut, [4]).
A aplicação às condições da Polónia das
leis gerais da construção do socialismo deu resultado. As condições
económicas melhoraram consideravelmente. No
período de 1951-56 a média anual de crescimento do PNB foi a mais alta de
toda a história da Polónia: 8,6% atingindo 11% em 1953 [5]. Segundo
Szimanski (fontes ocidentais) o crescimento industrial em 1948-55 foi de 320%. Segundo outra fonte [5] o crescimento
industrial em 1951-55 foi o mais elevado de períodos de cinco anos a partir
de 1951: 16,2% ao ano. Este crescimento corresponde a um aumento de pelo
menos 146% em 1955 face a 1949 o que não está longe dos 158,3% propostos por
Minc em 1950 como meta a atingir e tende a desmentir a tese de que as metas
demasiado ambiciosas do plano seriam responsáveis pelas greves de 1956 [6]. A
razão entre os 10% do topo e os 10% do fundo passou para menos de metade
entre 1947 (13,8) e 1956 (5,2) [7]. O cooperativismo na agricultura atingiu o
pico em 1955, com 10% da área cultivada [5]. O consumo não foi descurado. A
média percentual do GNP dedicada ao consumo foi de 76,2% no período 1949-56,
tendo o consumo de carne per capita
aumentado de 28 para 41 kg/ano [7]. Os italianos consumiam 45 kg/ano per
capita só em 1975-77. Os salários cresceram cerca de 40% de 1948 a 1956.
A «desestalinização» de Khrushtchev,
iniciada em 1956, marcou o início do oportunismo continuado do desvio das
leis gerais de construção do socialismo, das concessões aos inimigos do
socialismo. Sobre a URSS e outros países socialistas Szimanski diz «O
discurso de Nikita Khrustchev em 1956 atacando Estaline reverberou na
intelectualidade polaca desejosa de ser libertada de controlos estreitos do
partido». De facto, nem Szimanski nem outras fontes apresentam qualquer
evidência dos «controlos estreitos do partido». O que apresentam sim é o
desejo de muitos intelectuais e de trabalhadores de colarinho branco de
ganharem mais altos salários e terem um nível de vida semelhante aos dos seus
homólogos dos países capitalistas. Isto é, manifestavam sentimentos
anti-igualitaristas e irreais face às condições económicas socialistas da altura. O rumo
oportunista da URSS estimulou tais sentimentos.
No segundo plano quinquenal, iniciado em
Janeiro de 1956, o POUP corta substancialmente o investimento em bens de
capital de 64% para 50%, transferindo fundos para a indústria ligeira,
agricultura, habitação e bens de consumo. Szimanski diz que isso foi feito
para responder «à crescente pressão popular de aumentar o consumo». Todavia,
um autor ocidental não comunista, David Mason, refere que «Desde 1954 as
políticas sociais e de consumo tinham sido enfatizadas à custa de despesas em
investimentos industriais», e que apesar de uma escassez de pão em 1956
«devido em parte a uma má colheita de cereais... o consumo da maior parte de
outros produtos, alimentos e outros, cresceu substancialmente nesse ano»,
concluindo: «Os distúrbios populares de 1956 não podem, por isso, ser
entendidos simplesmente em termos de insatisfação económica e de declínio do
nível de vida» [7].
Na realidade, o corte substancial em
bens de capital do segundo plano quinquenal parece ser um primeiro sinal de
complacência do POUP com o oportunismo. Complacência que não deu resultado. Foi tomada pelos inimigos do socialismo como
um sinal de fraqueza do POUP, estimulando reivindicações mais agressivas, num
quadro que veremos repetir-se sistematicamente até à destruição final.
Na primavera de 1956 rebentou uma greve
de trabalhadores em Poznan. Segundo David Mason, foram os trabalhadores
altamente especializados das Obras de Engenharia Cegielski de Poznan que
iniciaram os protestos [7]. Mason reconhece a melhoria da situação económica
na Polónia [8], mas admite que os quadros técnicos talvez (sic) não tenham beneficiado tanto como outros
trabalhadores; contudo, a tabela salarial incluída no seu trabalho não apoia
tal tese. Os protestos iniciais dos grevistas eram: «irregularidade de
fornecimentos de matérias-primas» e «incorrecta aplicação de regulamentos de
salários». Uma delegação dos trabalhadores encontrou-se com líderes do POUP
que prometeu analisar as reivindicações. Em Junho, os protestos já incluíam
«falta de bens de consumo» e «habitação fraca». Rebentaram motins envolvendo
jovens; foram invadidos edifícios públicos, a sede provincial do POUP, o
arsenal e quartéis do exército onde os revoltosos pegaram em armas e
enfrentaram a polícia e o exército. Não se sabe quem disparou primeiro. Houve
53 mortos e 300 feridos. Em qualquer país do mundo a acção destes revoltosos
causaria com altíssima probabilidade mortos e feridos. (Os motins em Los
Angeles em 1992 causaram 63 mortos e 2.383 feridos e os amotinados não
assaltaram arsenais e quartéis e não tinham armas do exército.)
Devemos
prestar atenção ao seguinte: Será que é crível que as reivindicações --
«irregularidade de fornecimentos», «incorrecta aplicação de regulamentos de
salários», etc. –, num quadro de diálogo com o governo, fossem de molde a
provocar motins envolvendo gente jovem, com invasão de edifícios públicos, da
sede provincial do POUP e – pasme-se! – com assalto ao arsenal e a quartéis
do exército onde os revoltosos pegaram em armas e enfrentaram a polícia e o
exército?! Não, não é crível. Já muito antes de 1956 a Radio Free Europe e a Voice
of America tinham apelado a revoltas na Europa de Leste [9]. Os motins de
1956 na Hungria seguiram o mesmo padrão e, neste caso, com bem documentada participação
de agentes imperialistas [10]. Em 1953 tinham sido amnistiados na Polónia milhares
de membros de vários grupos militares anti-comunistas [1] que só esperavam
uma ocasião para atacar. Os motins «espontâneos» de Poznan revelam preparação
organizativa, conhecimentos e cumplicidades militares. Na realidade, a
amnistia de 1953 fortaleceu a organização clandestina Wolność i Niezawisłość («Liberdade e Independência») de militares
anti-comunistas que algumas fontes mencionam como envolvidas nos motins [11].
No Verão de 1956 a ala «liberal»
(oportunista) do POUP, liderada por ex-membros do PSP, consegue remover
Bierut e eleger Gomulka para Primeiro Secretário. Gomulka tinha permanecido
na Jugoslávia de onde regressou com as ideias de «socialismo de mercado» (uma
contradição nos termos). Em Outubro o CC do POUP apoiava a sua nova «via
polaca para o socialismo». Com Gomulka abre-se a linha oportunista do POUP que
conduzirà à restauração capitalista.
A liderança Gomulka implementou tudo que
é contra a construção do socialismo: comités de trabalhadores quase
autónomos; planeamento central muito reduzido; expansão de incentivos
materiais; fábricas operando na base do lucro, com autonomia do plano
central; enquanto em 1955 64% do investimento produtivo foi em bens de
capital, com Gomulka o novo Plano Quinquenal baixou esse investimento para
50%; afrouxamento da disciplina no trabalho; ênfase no consumo (individual e
não social); favorecimento salarial da intelectualidade; promoção de peritos
técnicos para altos cargos (em vez de operários experientes com as devidas
habilitações e conhecimentos, como até aí). O entusiasmo pela «via polaca
para o socialismo» de Gomulka foi elevado, em particular nos territórios
ocidentais onde a classe operária era de origem recente; iriam ser o bastião
do Solidariedade em 1980-81. O entusiasmo revelou-se numa forte votação no
POUP nas eleições de 1957 -- 89,4% dos votos.
Os comités de trabalhadores, com vastos
poderes [12], tornaram-se uma arena de confronto de operários, jovens,
quadros técnicos, e gestores do topo. Em breve os comités eram dominados pela
intelectualidade técnica em aliança com gestores e jovens trabalhadores
especializados. Esta aliança conseguiu aprovar políticas de bónus com base na
especialização, defendendo que a desigualdade de salários e bónus era
necessária à promoção da eficiência e produtividade. Aumentou a desigualdade
social entre operariado e intelectualidade técnica. De 1958 a 1962 o
rendimento dos colarinho brancos aumentou 10% face aos colarinhos azuis.
Dominados pela intelectualidade técnica,
aumentou a autonomia dos comités de trabalhadores face ao planeamento
central. Muitos velhos gestores oriundos da classe operária opuseram-se a
este curso. A crescente desilusão do operariado com as práticas tecnocráticas
dos comités levou a uma redução dos seus poderes em 1958 e ao reforço dos
poderes dos sindicatos. A justificação do POUP para esta medida, ao atribuir
as culpas aos trabalhadores, revela uma profunda incompreensão e oportunismo:
«a classe trabalhadora não estava suficientemente preparada para gerir a
democracia laboral implícita na formação dos comités de trabalhadores» e que
iria preparar a «nova classe trabalhadora» para a democracia.
Como resultado das reformas dos comités de
trabalhadores estes passaram a dar apenas parecer na nomeação de
administradores do topo. A autoridade destes, como sendo os mais habilitados
quadros técnicos, aumentou. A intelectualidade técnica também passou a ter
forte influência nos sindicatos. A Polónia tornava-se uma tecnocracia.
O reino das facilidades de Gomulka --
com grandes dispêndios no consumo e benefícios sociais à custa de
investimentos produtivos e com agricultura atrasada, fortemente deficitária –
teria fatalmente de terminar. Em 1959 o governo resolveu aumentar o
investimento na indústria: +17% face a 1958. Para tal teve de aumentar o
orçamento de estado de 57% face a 1954 [Mason], um aumento mais rápido do que
o do PNB. De facto, a taxa de crescimento do PNB que tinha sido de 5% em 1960
baixou para 2% em 1962. São então anunciadas medidas de austeridade e travado
o crescimento industrial. O preço da energia aumentou. Os finais dos anos 60
são marcados por baixos crescimentos de salários e estagnação do consumo. As
despesas sociais, contudo, aumentaram e houve alguma diminuição da diferença
salarial entre a intelectualidade e o operariado. A liderança Gomulka
lembra-se então de aumentar o investimento na indústria pesada que tinha
estado esquecida. Mas para isso, e para não agravar mais a estagnação do
consumo e salários, começou a importar massivamente tecnologia do Ocidente!
Em troca de exportações de alimentos de uma agricultura deficitária!
Para fazer face ao elevado subsídio da
agricultura o governo decretou em Dezembro de 1970 grandes aumentos dos
preços dos alimentos, alguns de 30%. Szimanski fala em «reformas do leque
salarial das indústrias» mas não concretiza. Os dados de Mason mostram
descidas constantes mas moderadas do salário da intelectualidade técnica face
ao salário do operariado: 1,54 vezes maior em 1969, 1,53 em 1970, 1,51 em
1971, 1,49 em 1972, 1,44 em 1973. Estaria a liderança Gomulka a corrigir
benesses dadas anteriormente à intelectualidade, que chegou a ganhar 1,67
vezes mais que o operariado, ou a responder a constrangimentos orçamentais?
Os decretos de 1970 despoletam grandes
manifestações nas docas e estaleiros do mar Báltico: Gdansk, Gdynia e Stetin.
Há de novo motins durante cinco dias que se espalham a outras cidades, com
pilhagens, destruição de edifícios públicos e sedes do POUP. O governo teve de
chamar o exército. Morreram 45 pessoas. As reivindicações não se limitaram
aos preços dos alimentos. Era exigido o aumento de poderes dos comités de
trabalhadores e dos sindicatos e que os directores das empresas fossem jovens
peritos técnicos, em prejuízo de administradores mais velhos, mais
politizados, oriundos da classe operária.
A partir de 1970 os líderes do POUP
mantêm o abandono do planeamento central, vivem a reboque dos acontecimentos,
dobrando-se a todas as reivindicações dos «trabalhadores» teleguiadas pelo
inimigo de classe, comportando-se como chefes de bombeiros a apagar fogos.
Alguns marcos:
-- Dezembro de 1970: Edward Gierek
substitui Gomulka. Os seus associados próximos são jovens peritos técnicos voltados para a modernização.
-- 1971: Quase todas as reivindicações
são aceites. É também aceite a representação directa dos trabalhadores nos
congressos do POUP! Em vez de vanguarda o POUP passa a retaguarda.
-- 1972: Mais poderes para os sindicatos
e mais descentralização da decisão económica. O POUP torna-se uma espécie de
partido anarco-sindicalista.
-- 1973: As directivas do planeamento
central são limitadas a: volume de vendas; volume de exportações; volume de
produção; compras; limites dos totais salariais; orientações de investimentos;
resultados financeiros. Isto é anunciado como «socialismo desenvolvido»,
«democracia socialista» e expansão do poder popular na tomada de decisões!
-- 1976: Greves. (O inimigo esporeia
para acelerar o desenlace.) A exportação de alimentos para o Ocidente tornou
a economia polaca influenciada pelas crises do capitalismo; neste caso, pela
crise do petróleo que fez declinar as exportações.
-- 1978: Desilusão dos trabalhadores com
os comités. Já só há 536 empresas com comités, um décimo do número de 1957.
Os comités tornam-se ferramentas da intelectualidade para aumentar a
produção. Gierek reorganiza a administração económica de tal forma que reduz
o papel do POUP dentro das empresas!
-- 1979: Diz o New York Times (26 de Janeiro, 1979): «Como parte de um esforço
em obter um novo e substancial empréstimo a Polónia concordou em permitir a
bancos ocidentais que monitorizem as suas políticas económicas... Esta
concessão é vista como um marco histórico das relações financeiras com o
mundo comunista... Os bancos envolvidos neste novo crédito vão a partir de
agora vigiar o progresso da economia polaca da mesma forma que o Fundo
Monetário Internacional monitoriza as economias dos países não comunistas em
dificuldades financeiras.»
De facto, desde 1970 que a Polónia reduz
importações dos países socialistas e passa a importar alta tecnologia dos
países capitalistas. Para financiar esta recorre a crédito de bancos desses
países! Resultado óbvio: rápida acumulação de dívida:
|
Introduction
Socialist Poland was built starting from 1946 with
the enthusiasm and enormous support of the Polish people: 77% voted in favor
of the economic reforms (workers’ committees, land reform, etc.) in the 1946
referendum promoted by the provisional government agreed in
Socialism entered in collapse in 1980-81 via
the Solidarity trade-union, claimed as “independent”. Actually, dependent on reactionary forces, including
the right-wing intellectuals of the KOR group and of the anti-communist group
Young Poland, who provided the main cadres of Solidarity. Behind these forces,
were the bourgeoisie (including ex-business owners), the aristocracy, and the
reactionary Catholic hierarchy who always colluded with the far-right and anti-Semitism.
The reactionaries had financial and propaganda support of imperialism (CIA, USAID, Voice of America,
Radio Free Europe, BBC, etc).
Many workers, members of the Polish United
Workers’ Party (PUWP) – resulting from the union of the Communist and Socialist
parties (an union which was, indeed, proposed by the latter) – were also
members of the Solidarity, at least in the first years. The adherence to
Solidarity of a considerable number of workers members of the PUWP
demonstrates both the degradation of the PUWP and the amazing lack of
political conscience of those workers completely manipulated by the
reactionaries. When they understood that and abandoned the Solidarity it was
already too late.
The repeated strikes of Solidarity (strikes
paid by the govenment!), with reactionary demands always attended to by the
PUWP, the “market socialism” of the PUWP which led to an unsustainable debt
to western banks, quickly sank socialism. The PUWP became a hostage of
Solidarity which raised then to be the real power in
Would the marvels of welfare and freedom promised
by the reactionaries of Solidarity and the Catholic Church now come and stay with
capitalism (pardon, "market socialism")?
For the national and international bourgeoisies
there came, indeed, a great bonanza of welfare and freedom. The western monopolies
laid down their roots.
The workers, on the other hand, did not (and do
not) have any reason to be satisfied. Unemployment, pratically nonexistent in
socialism, came back: it sky-rocketted to 15% as early as 1995, 21% in 2004, and
is now at 7.5%. Socialist Poland was fairly egalitarian, with a tight wage
range. Moreover, a 1983 study by a Western analist (cited in [1]), who
attempted to document the “privileges” of the PUWP elite, has shown that such
privileges were rather small, not at all comparable with those of the
capitalist elites. In 1953 a technically educated staff earned about 1.56 times
a worker’s wage [1]; in 2003 the ratio was already between 2.5 to 4 times (ILO).
The Gini index of the gross monthly earnings jumped from 0.2 in 1989 to 0.24 in
1991, 0.28 in 1994 and 0.34 in 2006 (OECD). Poverty has also increased
dramatically. According to an analist of the World Bank, it increased from 3.3
millions in 1978 to 8.6 millions in 1987. It has not substantially decreased
since the late eighties, remaining around 6.5% of the population (this figure
is according to official definitions).
The enormous social regression
with capitalism is revealed by many other aspects of present-day
What are the substantive
reasons for the collapse of socialism in
The analysis of the
collapse of socialism in former socialist countries, the analysis of mistakes
that were made, is always important because it enriches the political
practice of Marxism-Leninism and can help to avoid future mistakes. The same
happens here as in applied sciences, which progress by learning from past
mistakes. The case of Poland seems to us to be particularly important for two
reasons: because the mistakes that wer made made satnd out with great
clarity; because the social framework of Poland has some similarities with
that of Portugal and of other southern European countries as regards the
weight of the Catholic Church and of the small peasantry.
The
Errors of the Vanguard
Socialism is the first stage on the road to
building a classless, communist society.
The construction of socialism -- after the seizure of power by the
proletariat -- is far more demanding than the construction of capitalism.
The latter is the culmination, guided by economic imperatives, of millennia of class-based social
formations, of which one class exploits the work of others. Finding
exploiters is easy. Capitalism was not built by the bourgeoisie alone. Part
of the defeated class, the feudal nobility, allied itself with the
bourgeoisie. As regards the economic imperatives, the "blind" laws
of the market stand out, the market also being a millenary institution that
the bourgeoisie only had (has) to steer in its benefit. Actually, when the
bourgeoisie seized power, capitalism was already largely built. This
situation differs radically from socialism: when the proletariat takes power
there is no such thing as socialism; this has to be built from scratch, with a whole new state machine and with a
new economy, the socialist economy.
Building socialism implies breaking down
enormous obstacles of the past. It implies: a conscious direction of the
economy: a centrally planned and controlled economy; abolishing private
ownership of the means of production, the historical basis of labor
exploitation: collectivization of industry, agriculture, mines, etc; to
repress the old exploiters who fiercely struggle to recover the old
privileges and to restore capitalism, resorting to a whole powerful network
of knowledge, contacts and bribes, and using material means (attacks,
sabotage, vandalism, hoarding, etc.) and spiritual means (lies, slandering,
demoralization, dissemination of rumors, confusion, religion, etc.); to defend
socialism against the international imperialist bourgeoisie which also uses
various means –material (sanctions, economic warfare, paramilitary groups,
etc.) and spiritual (media networks, specific radio stations, propaganda from
international organizations, etc.) for the same purpose. Domestic and foreign
subversions against socialism rapidly reach high levels of violence. As long as capitalism is globally powerful,
socialist countries will be forced to confront strong domestic and foreign
subversion, which may include wars, invasions, military coups, etc.,
triggered by the imperialist countries [3] with the support of the domestic
reactionaries. The construction of socialism requires, therefore, a party of
the most conscious and fighting layers of the proletariat with a strong
central leadership of firm, studious and experienced revolutionary statesmen
who enjoy the support of the broad masses, conscious and engaged in what is
necessary to build.
The construction (development) of capitalism is
largely guided by economic imperatives of labor exploitation, of which
bankruptcies and unemployment are corollaries of the uncontrollable laws of
the markets. The construction (development) of socialism is largely guided by
conscious imperatives of the efficient use of economic resources to satisfy
social needs, the basic needs of the people, with full employment as one of
them. In capitalism the economy controls men. In socialism men control the
economy. In capitalism any mediocrity of dubious honesty can be head of state
without putting capitalism in danger. (In fact, what the bourgeoisie often intends
to have as head of the state is precisely a mediocrity that is submissive to
it.) Socialism demands firm, honest, studious, and experienced statesmen; a
mediocrity leading a socialist state is a symptom that socialism goes in the
wrong way.
The construction of socialism is, therefore,
difficult. Demonstrably difficult –
both at a theoretical and practical level. We reject the proposals of the
sellers of “easy ways”, of the genre "Build it Now: Socialism for the 21st
Century", which go against all theoretical analysis and practical
experience.
Difficult, but feasible and necessary. The
seizure of power by the proletariat and the subsequent construction of
socialism requires a party of the most conscious and combative layers of the
proletariat: a vanguard party of the working class capable of -- in alliance
with the small peasantry and other social strata, and taking account of the
concrete, objective and subjective conditions of the country concerned -- to
establish the domination of the proletariat indispensable to the
implementation of the economic reforms that follow the expropriation of the large
means of production and to the fight against domestic and foreign subversion.
There is a vast body of theoretical and practical Marxist-Leninist knowledge
that the working-class party uses to assert itself as the vanguard. History
has shown that a workers' party is not necessarily, by that mere fact, a
vanguard party. To be or not to be a vanguard will have to be tested in the praxis, in the practical application
of Marxism-Leninism. The main cause of the defeats of socialism was the
accumulation of right-wing opportunist errors -- continued abandonment of
Marxist-Leninist principles in exchange for immediate gains -- at the highest
level of the workers' party leading the process; by committing such errors in a cumulative way, the party ceases
to be a vanguard.
In
- Not building a
new state machine
- Abandonment of
central planning of the economy
- Very weak
collectivization of agriculture
- Feebleness in
the relations with the Catholic Church
- Concessions to
domestic and foreign subversion
- Ideological
unpreparedness of the militants
Not building a new state machine
When we speak of a new state
machine we take into account not only the need to build the socialist
economy, but more than that: organs of power that establish the party's
connection with the working masses and the allied social strata of the
proletariat, and that on the basis of direct democracy elect the civil
servants and control the various government departments.
In the
Abandonment of central planning of the economy
As the German army withdrew from
In May 1945 the PTP, under the
leadership of Wladyslaw Gomulka, went back on its policy: it appealed again
to a Popular Front, which would include the reactionary People's Party (PP)
of Mikolajczyk of small peasant base. The powers of the workers' committees were
undermined, and factory management was handed over, in the name of efficiency,
to technical staff and former foremen who then became administrators with
direct links to ministries.
The Law of Nationalizations was
implemented In January of 1946. The state expropriated without compensation
all companies with more than 50 workers. It was the PSP who wrote and pressed
on to enforce the law. The PTP was reluctant. The state and cooperative
sectors became responsible for 94% of industrial production in 1948.
The Triennial Plan (1947-49) for
Reconstruction of the Economy was also approved, with the PSP and PTP
supporting the economic centralization (planning and control). As a result of
the 1947 elections, a Sejm of 440
deputies was formed with 304 of the PSP + PTP (234) and allies (70), and 136
of the small peasant and Catholic opposition. The PSP and PTP became united
into the PUWP in May 1947. The PTP rightly defended more investment than
consumption, namely investment in heavy industry, producing capital goods
(machinery, metallurgical production, energy production, shipbuilding, etc.);
the PSP advocated more consumption than investment, and this in light
industry.
Gomulka represented the policy of "small
steps", of compromising with small-scale agriculture, and of the
"Polish road to socialism", an expression that served to conceal
the opotunist drift from the general laws of socialist construction.
Gomulka's opportunism was so evident that he was removed from the leadership
in 1948 because of “nationalist errors” (grand-Polish intentions with respect
to Ukrainian and Belarussian territories formerly occupied by
In 1950 a Six Year Plan began. Bierut and
Hilary Minc, who presented the plan at a meeting of the CC, showed a clear
understanding of what was necessary for the the construction of socialism in
Poland, namely the need to give priority to the production of energy
(electrification), production of capital goods (e.g., Nowa Huta's steel
complex), increasing labor productivity, and changing the “level of a small
scale, often dwarf-like individual peasant economy which still prevails in
our agriculture” (Bierut's words, [4]).
The application of the general laws of the
construction of socialism to the conditions of
Khrushchev's “de-Stalinization”, begun in 1956,
marked the beginning of the continued opportunism of diverting from the
general laws of socialist construction and from concessions to the enemies of
socialism. As regards the
In the second quinquennial plan, which began in
January 1956, the PUWP substantially cut down capital investment from 64% to
50% by transferring funds to light industry, agriculture, housing and
consumer goods. Szimanski says that this was done in response "to increased
popular pressure to raise consumption". However, a non-communist Western
author, David Mason, points out that "Beginning in 1954, both social
policy and consumption policies were emphasized at the expense of industrial
investments", and that despite a bread shortage in 1956 "due in
part to a poor harvest in grains… consumption of most other other products, food
and otherwise, was up substantially in that year", concluding: "The
popular disturbances of 1956, therefore, cannot be understood simply in terms
of economic dissatisfaction or declines in the standard of living." [7]
In fact, the substantial cut in capital goods
from the second five-year plan seems to be a first sign of the PUWP's compliance
with opportunism. A compliance that did not work out. It was taken by the enemies of socialism as a sign of weakness of the
PUWP, stimulating more aggressive demands, in a framework that we will see
systematically repeated until the final destruction.
In the spring of 1956 a workers' strike broke
out in
We must pay attention to the following: Is it
credible that the claims – “irregularities of supplies”, “incorrect
application of wage regulations”, etc. -- in the framework of a dialogue with
the government, could provoke riots involving young people, with invasion of
public buildings, of the provincial headquarters of PUWP and -- be amazed! --
with assault of the arsenal and army barracks from where the rioters took up
arms and confronted the police and the army?! No, it's not credible. Long
before 1956 Radio Free Europe and Voice of America had appealed to
revolts in
In the summer of 1956 the "liberal"
(opportunist) wing of the PUWP, led by former PSP members, managed to remove
Bierut and elect Gomulka to First Secretary. Gomulka had stayed in
The Gomulka leadership implemented everything
that is against the construction of socialism: almost autonomous workers’
committees; very reduced central planning; expansion of material incentives;
factories operating on the basis of profit, with autonomy from the central
plan; while in 1955 64% of productive investment was in capital goods, with
Gomulka the new Five Year Plan lowered this investment to 50%; relaxation of
work discipline; emphasis on consumption (individual, not the social one);
wage increase of the intelligentsia; promotion of technical experts to top
positions (rather than experienced workers with the appropriate
qualifications and expertise, as before). The enthusiasm for Gomulka's
"Polish road to socialism" was high, particularly in the western
territories where the working class was of recent origin; it would become the
bastion of Solidarity in 1980-81. This enthusiasm was revealed in a high
percentage voting PUWP in the 1957 election -- 89.4 percent.
The workers' committees, with vast powers, [12]
became an arena of confrontation among workers, young people, technical
staff, and top managers. Soon the committees were dominated by the technical
intelligentsia in alliance with managers and young skilled workers. This
alliance was able to approve bonus policies based on specialization, arguing
that wage and bonus inequality was necessary to promote efficiency and
productivity. Social inequality between manual workers and technical
intelligentsia increased. From 1958 to 1962 the income of the white collars
increased by 10% against the blue collars.
Dominated by the technical intelligentsia, the
autonomy of the workers' committees vis-à-vis the central planning increased.
Many old managers of the working class opposed this course. The growing
disillusionment of the working class with the technocratic practices of the
committees led to a reduction of their powers in 1958 and the strengthening
of the powers of the trade unions. The justification of PUWP for this
measure, when blaming the workers, reveals a deep misunderstanding and
opportunism: "the working class was not sufficiently prepared to manage
the labor democracy implicit in the formation of the workers'
committees" and the PUWP would prepare the "new working class” for
democracy.
As a result of the reforms of the workers’'
committees they ended up on only giving advice on the appointment of senior
managers. The authority of the latter, as being the most qualified technical
staff, increased. The technical intelligentsia also had a strong influence on
the trade unions.
The realm of Gomulka's easy ways -- with large
expenditures on consumption and social benefits at the expense of productive
investments and with a backward agriculture, heavily in deficit -- would
inevitably have to end. In 1959 the government decided to increase the investment
in industry: + 17% compared to 1958. To do so it had to increase the state
budget by 57% over 1954 [Mason], a faster increase than the GNP had. Indeed,
the growth rate of the GNP which was of 5 percent in 1960 fell to 2 percent
in 1962. Austerity measures were then announced and industrial growth slowed.
The price of energy increased. The late 1960s are marked by low wage growth
and stagnant consumption. Social spending, however, increased, and there was
some decrease in the wage gap between the intelligentsia and the working
class. At that point the Gomulka leadership got the idea of increasing
investment in heavy industry, which had been forgotten. But in order to do
this, without further aggravating the stagnation of consumption and wages, it
began to massively import technology from the West! In exchange for food
exports from the loss-making agriculture!
To cope with the high subsidy of agriculture
the government decreed large increases in food prices in December 1970, some attaining
30%. Szimanski speaks of "reforms in the industrial wage scale" but
does not concretize. Mason's data show constant but moderate declines in the
salary of technical intelligentsia compared to the salary of the manual working
class: 1.54 times higher in 1969, 1.53 in 1970, 1.51 in 1971, 1.49 in 1972, and
1.44 in 1973. Was the Gomulka leadership correcting previously given benefits
to the intelligentsia, who had gained 1.67 times more than the manual working
class, or responding to budgetary constraints?
The 1970 decrees trigger large demonstrations
on the docks and shipyards of the Baltic Sea:
After 1970 the PUWP leaders maintain the
abandonment of the central planning, they live in the wake of events, bending
to all demands of the "workers" guided by the class enemy, behaving
as chief firefighters with the mission to put out the fires. Some landmarks:
-- December 1970: Edward Gierek replaces
Gomulka. His close associates are young technical experts focused on
modernization.
-- 1971: Almost all demands are accepted. It is
also accepted the direct representation of workers in the PUWP! Instead of a vanguard
the PUWP becomes a rearguard.
-- 1972: More powers for trade unions and more
decentralization of economic decision. The PUWP becomes a sort of
anarcho-syndicalist party.
-- 1973: Central planning directives are
limited to: volume of sales; volume of exports; production volume; purchases;
limits on total wages; investment guidelines; financial results. This is
heralded as “developed socialism”, “socialist democracy” and expansion of
popular power in decision-making!
-- 1976: Strikes. (The enemy spurs to speed up
the outcome.) Food exports to the West have made the Polish economy affected
by capitalist crises; in this case, by the oil crisis that caused exports to
decline.
-- 1978: Workers disillusionment with the committees.
There are now only 536 companies with committees, one tenth of the number of
1957. Committees become tools of the intelligentsia to increase production.
Gierek reorganizes economic management in such a way that it reduces the role
of the PUWP inside the companies!
- 1979: The New York Times (January 26, 1979)
states: "As part of an effort to obtain a major, new loan,
In fact, since 1970
|
Dívida
externa da Polónia a bancos capitalistas | Foreign
debt of Poland to capitalist banks [13]
(mil milhões de US $ | billions of US dollars)
1972
|
1974
|
1976
|
1978
|
1980
|
1,5
|
4,8
|
11,2
|
16,9
|
23,0
|
-- 1980: Em Abril uma reunião de
credores estrangeiros da Polónia em Varsóvia, como condição de
reescalonamento da enorme dívida, pede ao governo que reduza os subsídios de
alimentação, aumentando significativamente os preços dos alimentos!
Em meados de 1981 a dívida está em 27
mil milhões de US$. O FMI bate à porta. Gierek (POUP) concorda com tudo que o
Solidariedade exige e uma das
reivindicações do Solidariedade, para além de reduzir preços de alimentos, é
reduzir muito mais as directivas de planeamento central. É a preparação
para a privatização capitalista.
Muito fraca colectivização da agricultura
A Polónia praticamente nunca
colectivizou a agricultura, o que constituiu um enorme erro na construção do
socialismo, tanto mais que a Polónia era um país essencialmente agrícola: em
1949, 60% da populção activa era camponesa e só 20% operária. (Em Portugal,
no mesmo ano, as percentagens eram respectivamente de 49,3% e 20,4% [14].)
Antes da 2.ª GM a terra na Polónia
pertencia quase toda a aristocratas e à Igreja que lhes era aliada; 44% da
terra era de enormes latifúndios. Em Outubro de 1944 o Concelho Nacional
começou a implementar uma reforma agrária, apoiada inclusive por um partido camponês
de direita (Mikolajczyk) para além de um mais pequeno de esquerda. Note-se
que o partido comunista também tinha sólida base no campesinato: em 1948, 22%
dos seus membros (225 mil militantes) eram camponeses. Havia, portanto,
condições para efectuar uma reforma agrária radical.
A reforma agrária de 1948 distribuiu 4
milhões de hectares a 1,5 camponeses sem terra (ou quase), ficando o estado
com 2 milhões de hectares (de territórios ocidentais que os alemães tiveram
de abandonar) para herdades estatais; mas,
permitiu-se aos grandes senhores ficarem com grandes e melhores terras, e não
se tocou em nenhumas da Igreja Católica para, «não antagonizar o campesinato
fortemente católico» [1]. O resultado desta reforma foi uma multidão de
lotes de terreno «demasiado pequenos para serem auto-sustentáveis já para não
falar eficientes. Em 1950, 57,2% das propriedades tinham menos de 5 ha». Pior
que isso, ao longo do tempo a dimensão média das propriedades diminuiu: em
1968 as propriedades com menos de 5 ha constituíam já 67,1% do total e a
percentagem de propriedades com mais de 15 ha baixou de 16% em 1950 para
12,4% em 1960. Em 1970 o tamanho médio dos 3,4 milhões de herdades privadas
era abaixo de 5 ha e um terço delas tinha entre 0,6 e 2 ha [5]. Nestes
milhões de propriedades a agricultura era ineficiente e impossibilitada de
usar tecnologia moderna.
A liderança Bierut compreendeu o
problema. Encorajou desde 1940 os pequenos camponeses a unirem-se em
cooperativas, concedendo-lhes condições favoráveis de uso de tractores,
menores impostos e subsídios. Nesta altura a direita do partido de
Mikolajczyk embarcou em actividades agressivas, contra-revolucionárias.
Alguns dos seus líderes foram presos e Mikolajczyk & C.ª foram para o
ocidente onde desenvolveram violenta campanha anti-comunista. Contudo, a
esquerda do partido de Mikolajczyk uniu-se a outro partido camponês
(pró-governo) com assento no Sejm.
Em 1955, com Bierut, foi atingido o
ponto mais alto da expansão co-operativa: próximo de 10% da área cultivada
[5].
A direcção oportunista de Gomulka
destruiu o cooperativismo: logo nos primeiros dois meses de 1956 80% das
herdades colectivas foram desmanteladas, ficando apenas colectivizada 1,2% da
área agrária; as estações de máquinas receberam ordens de vender o equipamento
aos camponeses e dissolverem-se; as entregas compulsórias de cereais ao
estado foram reduzidas para um terço e o crédito tornou-se mais fácil para os
camponeses ricos. O estado passou a esbanjar fortes subsídios numa
agricultura ineficiente que vendia ao estado produtos muito acima do custo
real.
Gierek continuou esta política. O
congelamento de preços de alimentos que decretou para satisfazer
reivindicações populares foi à custa de subsídios crescentes e insustentáveis
à agricultura. Em 1977 o estado subsidiava até 70% do preço a retalho! Além
disso, aboliu quotas de fornecimento compulsório, garantiu a propriedade
privada da terra (85% da terra cultivada em 1966!) e instituiu um preço
demasiado alto de compra do leite. Ainda subsistiam as herdades estatais; mas
estas só contribuíam para 13,3% da produção agrícola em 1966, e não parece
ter aumentado até 1980.
Já vimos que desde os finais dos anos 60
a Polónia começou a importar alta tecnologia dos países capitalistas que
pagava com produtos agrícolas. Szimansky apresenta uma tabela de dados de
comércio externo de que não retira as devidas conclusões. Eia aqui o que
interessa da tabela com cálculos nossos:
|
-- 1980: A meeting of Polish
foreign creditors takes place in
In mid-1981 the debt is at US$ 27
billion. The IMF knocks on the door. Gierek (PUWP) agrees with everything
that Solidarity requires and one of
Solidarity's demands, besides reducing food prices, is to reduce much further
the number of central planning directives. It is the preparation for
capitalist privatization.
Very weak collectivization of agriculture
Before WWII the land in
The 1948 land reform distributed 4
million hectares to 1.5 peasants without land (or almost so), leaving the
state with 2 million hectares (from western territories that the Germans had
to abandon) for state farms; but the large
land estate owners were allowed to keep large and the better lands, and no
land of the Catholic Church was touched upon in order to "not antagonize
the heavily Catholic peasantry." [1] The result of this reform was a
multitude of plots of land “too small to be self-sustaining, let alone
efficient. In 1950, 57.2% of the land plots had less than 5 ha.” Worse than
that, over time the average size of the properties decreased: in 1968 properties
with less than 5 ha accounted for 67.1% of the total and the percentage of
properties with more than 15 ha decreased from 16% in 1950 to 12.4% in 1960.
In 1970 the average size of the 3.4 million private farmsteads was below 5 ha
and a third of them had between 0.6 and 2 ha [5]. In these millions of
properties agriculture was inefficient and unable to use modern technology.
The Bierut leadership understood
the problem. Since 1940, it has encouraged small farmers to join into cooperatives,
granting them favorable conditions for the use of tractors, lower taxes and
subsidies. At this point the right wing of the Mikolajczyk's party embarked
on aggressive, counterrevolutionary activities. Some of their leaders were
arrested and Mikolajczyk & Co. went to the West where they developed a rabid
anti-communist campaign. Nevertheless, the left of Mikolajczyk's party joined
another (pro-government) peasant party with seats in the Sejm.
In 1955, with Bierut, the highest
point of the co-operative expansion was reached: close to 10% of the
cultivated area [5].
The opportunist leadership of Gomulka
destroyed the cooperatives: in the first two months of 1956 80% of the
collective farms were dismantled, being only collectivized 1.2% of the
agrarian area; the machine stations were ordered to sell the equipment to the
peasants and to dissolve; compulsory cereal deliveries to the state were
reduced to a third and credit became easier for rich peasants. The state
began to squander strong subsidies on an inefficient agriculture that sold to
the state products well above their real cost.
Gierek continued this policy. The
freezing of food prices that was decreed to satisfy popular demands came at
the expense of increasing and unsustainable subsidies to agriculture. In 1977
the state subsidized up to 70% of the retail price! In addition, it abolished
compulsory supply quotas, it guaranteed private ownership of land (85% of the
land cultivated in 1966!) and instituted a too high price of milk purchase.
State farms still existed; but they only accounted for 13.3 percent of the agricultural
production in 1966 and do not appear to have increased until 1980.
We have already seen that since
the late 1960s
|
Comércio
externo da Polónia | Poland foreign trade,
1969-1978
(milhões de
zloty | millions of zloty)
Ano
Year
|
I = Importações de
Importations from
|
E = Exportações para
Exportations to
|
E – I
|
I = Importações de
Importations from
|
E = Exportações para
Exportations to
|
E – I
|
Europa de Leste (socialista)
Eastern Europe
(socialist)
|
Países capitalistas
desenvolvidos
Developed capitalist
countries
|
|||||
1969
|
8,0
|
7,8
|
-0,3
|
3,7
|
3,6
|
-0,2
|
1970
|
9,5
|
8,6
|
-0,9
|
3,9
|
4,2
|
0,3
|
1971
|
10,4
|
9,2
|
-1,2
|
4,8
|
4,9
|
0,1
|
1972
|
11,4
|
11,0
|
-0,4
|
6,9
|
5,8
|
-1,1
|
1973
|
12,9
|
12,4
|
-0,5
|
12,0
|
7,6
|
-4,5
|
1974
|
14,7
|
14,6
|
-0,1
|
18,2
|
10,4
|
-7,8
|
1975
|
18,1
|
19,4
|
1,3
|
21,1
|
11,4
|
-9,7
|
1976
|
20,7
|
20,8
|
0,1
|
23,2
|
12,3
|
-11,0
|
1977
|
24,1
|
23,2
|
-0,9
|
21,5
|
13,4
|
-8,1
|
1978
|
26,2
|
25,7
|
-0,5
|
21,1
|
14,9
|
-6,2
|
Soma
Sum
|
-3,3
|
-48,1
|
Vemos que, ao contrário do que acontece
com os países socialistas, o comércio externo da Polónia com os países
capitalistas acumula elevados e crescentes défices. A soma dos défices com os
países capitalistas no período 1969-1978 é já 14,5 maior que a respectiva
soma para os países socialistas!
Szimanski comenta: «Claramente o enorme
subsídio aos produtores camponeses polacos inibiu o movimento dos camponeses
para as cidades e bloqueou a consolidação sos seus diminutos lotes em
unidades eficientes de larga escala capazes de usar tecnologia moderna. A
falência em colectivizar a agricultura provou ser um sério obstáculo ao
crescimento económico a longo prazo.» Refere também que num inquérito
nacional entre 1969 e 1970 60% dos camponeses inquiridos (abrangendo 23% do
total) aceitaram a ideia de cooperação e que um outro estudo mostrou que
durante os anos 70 o número de camponeses «empenhados em continuar com
lavoura privada tinha diminuído de cerca de 50% para menos de 20%.» Estes
resultados tendem a confirmar o enorme erro do POUP.
Debilidade nas relações com a Igreja
Católica
A Igreja Católica é influente na Polóna:
90% da população era católica em 1984. É também uma das mais reaccionárias da
Europa. Esteve sempre ligada à aristocracia e à intelectualidade dela
derivada. A aristocracia polaca – ainda hoje presente e reivindicando antigos
domínios! [15] – foi e é também uma das mais reaccionárias da Europa. A
Polónia foi o último país europeu a abandonar o regime de servidão. A
aristocracia e a intelectualidade chauvinista desde tempos recuados que usaram
os judeus como bodes expiatórios para desviar os camponeses e trabalhadores
dos seus inimigos reais. Na Polónia a perseguição dos judeus tornou-se uma
tradição nacional. Foi o último país
europeu onde decorreu um pogrom contra os judeus: em 4 de Julho de 1946
um grupo de judeus polacos e soviéticos em viagem para a Palestina foi
massacrado pela multidão na cidade de Kielce incitada por rumores de que os
judeus estavam a matar crianças cristãs para lhes beber o sangue e que
estavam a regressar dos campos de concentração para reclamar a sua
propriedade.
A hierarquia da Igreja Católica sempre
se comportou como uma nobreza feudal nos seus extensos domínios [16]. Aliada
à aristocracia e à intelectualidade que lhe asseguravam um dócil rebanho no
campesinato que a sustentava (largamente analfabeto antes do socialismo),
sempre apoiou ou foi complacente com o fascismo e o anti-semitismo. Apoiou em
1944-46 a resistência de grupos fascistas que mataram 30 mil pessoas, 15 mil
das quais comunistas. Apoiou a retórica da direita de que foram os judeus que
criaram a ideologia comunista. A pastoral de 1936 do chefe da igreja, cardeal
August Hlond, declarava que os judeus lutavam contra a igreja católica como
vanguarda do ateísmo e do comunismo, corrompendo a moralidade, disseminando
pornografia e lidando com traição e usura [17]. Em contraste com bispos de
outros países, os da Polónia nunca denunciaram as perseguições nazis aos
judeus quando o podiam fazer sem risco de vida; o relatório da Igreja enviado
ao governo no exílio em Londres no verão de 1941, além de não dizer nada
sobre as perseguições aos judeus, diz esta coisa espantosa: que os alemães,
apesar do mal que fizeram, provaram ter uma atitude realista ao «libertar a
sociedade polaca da praga judaica». A
Igreja Católica nunca denunciou os campos de extermínio na Polónia de que
tinha conhecimento: Auschwitz, Treblinka, Chelmno, Sobibor, Maidanek, Belzek.
Sobre o pogrom de Kielce em 1946 o
cardeal Hlond culpou os judeus por ocuparem cargos importantes e imporem uma forma
de governo alheia à nação polaca [17].
É certo que no partido comunista e no
POUP havia um número importante de católicos progressistas, hostis à
hierarquia. Isto sempre acontece. A própria intelectualidade católica que
sobreviveu à guerra abraçou com entusiasmo a construção socialista. Mas a instituição reaccionária Igreja Católica,
representada pela hierarquia, permaneceu como bastião da reacção,
tentáculo do Vaticano, estado dentro do estado, participante activa na luta de classes contra o
socialismo.
A liderança do POUP deu mostras de
compreender bem a questão da Igreja, mas as acções que inicialmente
empreendeu parecem débeis:
-- Segundo fonte citada por Szimanski em
1947 o Concelho Nacional não tocou nas terras da Igreja. Segundo outra fonte
[16] só as propriedades acima de 100 ha foram expropriadas em 1950. (Em
comparação, a Lei da Reforma Agrária em Portugal considerava a retenção de um
máximo de 50 ha para os atingidos por expropriação. E Portugal não era
socialista!) Isto é, a base económica da hierarquia permaneceu.
-- Szimanski refere que no tempo de
Bierut membros destacados do POUP assistiam a missas, incluindo o próprio
Bierut; as publicações católicas eram impressas livremente, a instrução
católica fazia parte do currículo das escolas estatais e numerosas igrejas
foram reconstruídas com fundos estatais! Se esperavam com tudo isso conciliar
as boas graças da Igreja estavam redondamente enganados. Como diz Szimanski,
a hierarquia católica permaneceu hostil, «decididamente não estava interessada
em nada parecido com a teologia da libertação da América Latina».
-- Mais, conforme irá acontecer com
outras questões e é um axioma na luta de classes, as concessões feitas pelo
POUP ao inimigo de classe foram entendidas como um sinal de fraqueza. Em
Julho de 1949 o papa Pio XII – o papa que apoiou os fascistas e nazis
auxiliando muitos a fugir no final da 2ª GM – emitiu um decreto excomungando
todos os católicos que fossem membros ou apoiantes de partidos comunistas. O
governo polaco reagiu dizendo que tal decreto era um «acto de agressão contra
o estado polaco» e que não seria aplicado na Polónia. Uma lei de Agosto
condenava a penas de prisão a quem recusasse sacramentos.
Em 1949 o POUP iniciou pela primeira vez
uma campanha contra a hierarquia da Igreja ao mesmo tempo que apoiava os
«católicos sociais» que apoiavam uma aliança católico-marxista. A hierarquia
respondeu atacando os padres progressistas que colaboravam com o governo. O
governo respondeu com ataques crescentes à hierarquia, encorajando greves nos
domínios da Igreja, nacionalizando uma organização de caridade, prendendo
cerca de 500 padres por actividades reaccionárias. Além disso, em Março de
1950 foram nacionalizadas terras da Igreja acima de 100 ha que ainda não o
tinham sido. Em 1953 o estado tornou obrigatório para padres e bispos jurarem
lealdade à Polónia Popular. Note-se que esta medida não foi uma invenção dos
comunistas; já tinha sido aplicada pelos revolucionários burgueses da
Revolução Francesa.
Portanto, pela primeira vez, eram
tomadas medidas mais adequadas, ainda que suaves, para lidar com a hierarquia
reaccionária da Igreja. Curiosamente, coube à liderança «liberal» de Gomulka
aplicar mais um conjunto de medidas: os que dessem instrução religiosa teriam
de ser professores e eram proibidos símbolos religiosos nas escolas (1958); o
clero e instituições da Igreja passaram a pagar impostos (1959); em 1961 o
ensino religioso foi retirado do currículo escolar oficial.
Com Gierek nos anos 70 regressa o
oportunismo a que Szimanski chama «política pragmática»: são feitas
«concessões à hierarquia na esperança de ganhar o seu apoio implícito ao
papel do partido no estado e na economia. Contudo, a hierarquia tomou as
concessões e apelos do partido como um sinal de fraqueza e agravou as
reivindicações. Pediu o direito de difundir a missa pela rádio e televisão e
o restabelecimento do ensino religioso nas escolas». É claro que a
reivindicação da difusão da missa não era por causa da missa em si. Era sim
porque a difusão do sermão da missa equivalia a difundir para todo o país uma
prelecção anti-comunista.
Em 1976 é iniciada a cooperação entre a
hierarquia e o grupo de extrema-direita da intelectualidade KOR, base do
Solidariedade. Em 1977 a hierarquia pede o restabelecimento de uma imprensa
católica independente e a abolição de censura política; a finalidade deste
pedido de abolição torna-se claro tendo em conta que a hierarquia começa a
apoiar a «universidade voadora» que ensinava cursos em nacionalismo
tradicional e em anti-comunismo.
Em Outubro de 1978 a eleição do
reaccionário cardeal Karol Wojtyla a papa é um golpe de mestre do Vaticano e
não só [18]. É dado um forte impulso à dissidência na Polónia. Durante a
visita de João Paulo II à Polónia no Verão de 1983 o Vaticano tornou-se uma
fonte de empréstimo de dinheiro ao campesinato. Sizmanski refere que a Igreja
«permaneceu a principal força organizada contra a colectivização» da
agricultura. Isto é, a falta de colectivização da agricultura não só não
proporcionou outro rumo social ao pequeno camponês como, pela mão da
hierarquia católica e do papa, o pequeno camponês mais amarrado ficou à
reacção.
Concessões à subversão interna e externa
O núcleo duro da subversão na Polónia
foi constituído pela intelectualidade reaccionária, aliada à Igreja Católica
e com apoio dos serviços secretos dos EUA, GBR e RFA.
A intelectualidade polaca, por razões
históricas, sempre esteve em grande parte ligada à aristocracia e à Igreja, e
contaminada por anti-semitismo e chauvinismo. Diz Szimanski que, ao invés de
outros países eslavos, na intelectualidade polaca «eram as tradições e estilo
de vida da aristocracia que eram celebradas. Mais do que em outros lados,
prevalecia a tradicional aversão aristocrática pelo trabalho manual». A
intelectualidade sofria mal as tendências igualitárias do socialismo, apesar
dos benefícos que colheu dele (vultuosos apoios à cultura e artes, segurança
económica). Quanto ao chauvinismo, a intelectualidade tendia a ver os russos
como bárbaros asiáticos, culturalmente atrasados, e a sustentar vivamente a
polonização forçada de terras ucranianas e bielorrussas conquistadas pelos
polacos, nomeadamente durante o regime fascista de Pilsudski (1918-39). Estas
ideias parecem ter também contaminado alguns comunistas polacos. Um alto
líder do POUP, Edward Ochab, refere que Gomulka defendia parte das ideias
nacionalistas de Pilsudski [19].
Segundo Szimanski, a partir de 1956 a
intelectualidade torna-se cínica sobre o papel do POUP. Em 1964, dois
professores da Universidade de Varsóvia, Jacek Kuron e Karol Modzelwski,
membros do POUP criticaram num manifesto a «burocracia», apelando a um
«estado verdadeiramente socialista». Assim, à la Trotsky! Em 1976 alguns intelectuais anti-comunistas,
liderados pelo «verdadeiramente socialista» Kuron e o anti-comunista de longa
data (anterior à 2ª GM) Lipinski organizaram o grupo KOR, sigla em polaco de Comité para a Defesa dos Trabalhadores
(!). Dos 34 membros do KOR, 5 eram veteranos da guerra anti-bolchevique de
1920-21 e 13 do Exército Nacional organizado pelo governo polaco no exílio em
Londres durante a 2ª GM, seguidor das ideias de Pilsudski; os restantes eram
líderes veteranos de protestos estudantis ligados a Kuron. Szimanski cita o New York Times de 26 de Dezembro de
1981, segundo o qual o KOR era
financiado por uma rede de emigrados da Europa de Leste com apoio da CIA.
O KOR editava um periódico «clandestino»
Robotnik (O Trabalhador), com uma retórica social-democrata de «esquerda»,
distribuído nas fábricas com colecta de fundos. Em 1977 o KOR celebra um
acordo com a Igreja. Em Setembro de 1979 o Robotnik publica uma Carta de Lech Walesa defendendo sindicatos
independentes e outras reivindicações que se iriam tornar as do
Solidariedade.
Quem era Walesa? Lech Walesa, um técnico
de electricidade dos estaleiros de Gdansk, sabe-se agora que foi um
informador dos serviços secretos nos anos 70 (ele nega-o, mas está
confirmado) [20]. Na altura usava palavreado de esquerda e cantava a
Internacional. Despertou a atenção do KOR pelas ligações que tinha com a
intelectualidade técnica local e por logo virem nele um demagogo sem
princípios. Começou a colaborar intensamente com o KOR em 1976 tornando-se um
ativista dissidente a 100%. Em Abril de 1978 organizou com o KOR o «Comité
Báltico do Sindicato Livre e Independente» que influenciou os operários das
docas e estaleiros do Báltico, incluindo os do POUP. O «Comité» organizou
manifestações em Dezembro de 1978 e 1979 comemorando com a Internacional as
greves de 1970.
O que fez nesta altura a liderança do POUP
para combater a já clara subversão interna e externa? Que tenhamos conseguido
saber, nada.
Walesa e o KOR prepararam então as
greves «espontâneas» de Gdansk em Julho-Agosto de 1980. O KOR organizou um
centro de informações e um «Comité de Coordenação» para coordenar e espalhar
as greves. Estas greves começaram ao som da Internacional mas rapidamente o
som mudou para o hino da Polónia. As reivindicações que tinham sido do tipo
económico -- «melhor nível de vida», «maior controlo sobre a produção», etc.
-- passaram a icluir medidas políticas -- «sindicatos independentes», «mais
direitos para a Igreja Católica», etc. O governo Gierek assinou um acordo com
o Comité de Coordenação concedendo o direito de greve e a formação de
sindicatos independentes. Imediatamente o «Comité de Coordenação» passou
a Comité de Coordenação Nacional do
Sindicato Livre Solidariedade,
tendo Walesa como Presidente (não eleito).
Entretanto, a rede de informação do KOR,
projectada com o apoio dos serviços secretos ocidentais (CIA, USAID, BND,
MI6, etc.) para desestabilizar o regime, recolhia notícias de acções dos
trabalhadores transmitindo-as para agências de notícias ocidentais sediadas
em Varsóvia, que as enviavam a estações de rádio anti-comunistas (Voz da América, Rádio Europa Livre, BBC,
etc.) que por sua vez as emitiam para a Polónia. Para travar esta prática o
governo deteve Kuron e outros membros do KOR. Uma acção isolada e débil que
não serviu de nada. O líder do KOR Andrez Celinski tornou-se secretário do
Comité do Solidariedade que passou a reivindicar a libertação de presos
políticos. O governo então libertou Kuron e os outros líderes do KOR em
Setembro de 1981. Nesse mês, o KOR, numa autêntica gargalhada contra o POUP,
declarou-se oficialmente dissolvido porque os seus objectivos tinham sido
plenamente atingidos!
A partir de 1980-81 a escalada
reaccionária levada a cabo pelo Solidariedade tornou-se clara, os falsos
amigos dos trabalhadores tiraram as máscaras, e a subversão externa tornou-se
patente:
-- Em 16 de Novembro de 1980, Walesa diz
ao Manchester Guardian, «Não sou
socialista» e que concorda com a «Crítica de Soljenitsine quer do Ocidente
quer da Rússia».
-- Em 9 de Dezembro de 1980, Walesa
elogia numa entrevista a eleição de Ronald Reagan como «um bom sinal para o
mundo e a Polónia». (Walesa irá tornar-se amigo pessoal de Reagan, Thatcher e
George Bush.) Refere também que não vê razão para reparar o sistema da
Polónia, «o melhor é construirmos uma nova máquina [de Estado]».
-- Em Dezembro de 1980, a organização
sindical anti-comunista AFL-CIO financiada pela CIA (através da AID) apoia o
Solidariedade com 140.000 US$. Edições em polaco da AFL-CIO são distribuídas
aos líderes do Solidariedade mas não aos membros de base.
-- Em 1981 o Solidariedade estabelece
relações estreitas com sindicatos anti-comunistas do Ocidente e convida o
chefe da AFL-CIO, Lane Kirkland, e o seu veterano Irving Brown para a
convenção do Solidariedade em Setembro de 1981. Brown era um perito em
eliminar influência comunista nos sindicatos europeus [21].
-- Em Fevereiro de 1981 ainda a
demagogia de Lech Walesa tem impacto sobre as massas populares (90% declaram
confiança no Solidariedade). Contraditoriamente com a reivindiação de melhor
nível de vida, um dos gritos favoritos de Walesa para atrair as massas era:
«Podemos todos viver com uma crosta de pão se for o mesmo para todos!»
-- Numa entrevista ao Washington Post de Outubro de 1981,
Walesa apela ao apoio dos EUA dizendo «Se formos bem sucedidos no que estamos
a fazer aqui [Polónia] isso será benéfico para vós a longo prazo.»
-- Por essa altura Walesa também dizia
numa reunião de líderes do Solidariedade que o confronto com o governo era
inevitável, porque tinham de destruir o sistema através de privatizações e
compra de herdades do Estado. Diz também: «Não devemos dizer em voz alta que
o confronto é inevitável... Devemos dizer que gostamos de vós, gostamos do
socialismo e do partido, e obviamente, da União Soviética. Mas ao mesmo tempo
devemos continuar a executar o nosso trabalho através de faits accompli e esperar...»
-- Em Novembro de 1981 os estaleiros de
Gdansk foram rebaptizados estaleiros Pilsudski, numa cerimónia de gala. O
culto do fascista Pilsudski [22] – que sempre proibiu sindicatos! -- cresceu.
-- Durante 1981 a influência dos
intelectuais anti-comunistas cresce no Solidariedade. Na Convenção desse ano,
70% dos participantes eram intelectuais (professores, cientistas,
engenheiros, escritores). Os restantes eram quadros técnicos como Walesa. Os
operários eram muito poucos. Por esta altura os trabalhadores do POUP já se
afastaram e desconfiavam do Solidariedade. Mas mantêm-se apáticos.
-- Na convenção de 1981, 100 dos 829
participantes eram simpatizantes do KPN (Movimento para uma Polónia
Independente), um partido abertamente fascista fortemente hostil ao KOR que
considerava demasiado moderado. A convenção decorreu com total desrespeito
por regras democráticas aprovando o desmantelamento de directivas centrais e
o livre curso das «forças de mercado», da «competição entre empresas num
mercado livre».
Entretanto o POUP, ultrapassado pelos
acontecimentos, vítima dos seus próprios erros, foi fazendo concessão atrás
de concessão até ao restauro selvagem do capitalismo em 1989 com a total
liquidação dos direitos dos trabalhadores. Os trotskistas fizeram (fazem!)
uma leitura diferente. O destacado trotskista Ernest Mandel foi um grande apoiante do
Solidariedade, tendo declarado: «a legalização [do governo] do Solidariedade
é uma vitória da classe operária.» [23] Note-se que, já depois de 1989, o NED
(CIA) continuou a financiar generosamente o Solidariedade (ver site oficial do NED).
Impreparação ideológica dos militantes
No desenvolvimento das políticas
oportunistas após de 1956 saltam à vista a impreparação ideológica dos
militantes do POUP (incluindo altos dirigentes) e a correlativa falta de
esclarecimento das massas. Notemos, entre outros:
-- Nas greves de 1956, 1970, e outras,
parece terem estado lado a lado membros do POUP e fascistas, nomeadamente do
WIN.
-- Nos motins de 1970, despoletados por
aumentos de preços de alimentos, os trabalhadores pediram que fossem os
jovens intelectuais técnicos a ter mais poder dentro das empresas do que os
administradores de maior preparação política e oriundos da classe operária.
-- Na sequência dos motins de 1970 não
vemos o governo a moderar aumentos e ao mesmo tempo a rever radicalmente a
política agrária e a política de privilégios do clero (ausência de impostos e
permanência de grandes domínios). Numa atitude de «sempre a reboque dos
acontecimentos» limitou-se a cancelar
os aumentos prometendo o congelamento de preços por dois anos.
-- Nessa altura Gierek prometeu aos
trabalhadores reforçar a democracia interna do partido. Contudo, ao mesmo
tempo, e aparentemente duvidando de tal reforço interno, prometeu que os
trabalhadores das «maiores fábricas» iriam ter acesso directo a ele, e
representação directa nos congressos do POUP!
-- No início dos anos 70 a liderança
Gierek «reorganizou» a economia e o partido reduzindo o papel das células do
partido dentro das empresas e substituindo quadros do partido por jovens
licenciados em «administração pública». O resultado, conforme diz Szimanski,
foi que «os funcionários locais do partido ficaram cada vez mais distantes
dos militantes operários de base do partido, os gestores das fábricas locais
cada vez mais isolados dos ramos locais do partido, e as associações de
gestores e ministérios centrais operaram cada vez mais segundo os seus
próprios critérios técnicos. As bases operárias do partido e a sua autoridade
dentro da classe operária foram consequentemente fortemente debilitadas».
Tudo isto claramente revela má preparação ideológica.
-- Com a «reorganização» de Gierek (e
Gierek tinha sido um operário mineiro) cresceu o carreirismo: os novos
gestores com aptidões técnicas aderiam ao partido tendo em vista progredir na
carreira e não por adesão política.
-- Em Janeiro de 1981, quando já era
clara a natureza reaccionária do Solidariedade, ainda 60% dos seus 8,5
milhões de membros eram assalariados. Mais: um sexto dos membros do
Solidariedade era também membros do POUP, o que correspondia a 40% de todos
os membros do POUP!!!
-- Num inquérito nacional em Maio de
1981, 90% dos polacos declararam confiança no Solidariedade.
-- Em Julho de 1981 o POUP apoiou
oficialmente o recrutamento de membros do Solidariedade como membros do
partido!!!
-- Com base nas percentagens de apoio às
várias propostas de reformas do Solidariedade Szimanski afirma candidamente e
tout-court que «a preocupação da
classe operária estava focada nos aspectos económicos e não nos políticos das
reformas.»
-- Walesa era claramente elitista.
Contudo, atraía as massas, incluindo operários, com o seu popular slogan
«Podemos todos viver com uma crosta de pão se for o mesmo para todos!»
Aparentemente, era prestada pouca atenção à extrema demagogia do seu slogan e
à sua amizade com Reagan, Thatcher, etc.
A impreparação ideológica dos militantes
(e correlativa falta de esclarecimento das massas) não foi exclusiva da
Polónia. Desempenhou também um papel importante no colapso da URSS e dos
outros países socialistas da Europa de Leste. Na URSS, p. ex., os plenários
do CC ouviam impávidos e serenos coisas espantosas, como existindo na URSS um
«Estado de todo o povo», o já existir o comunismo na URSS, o ser necessário
as empresas operarem na base do lucro, o ser necessário um «socialismo de
mercado», etc. No clima de traição aberta de 1989 os militantes ficaram
apáticos, sem saber o que fazer, à espera que chegassem ordens de cima, conforme
referem vários testemunhos (ver p. ex. [24]). O que se passou após a
restauração do capitalismo atesta também claramente a espantosa falta de
preparação política dos militantes e das massas. Era comum, p. ex., a crença
de que entrando no capitalismo os trabalhadores iriam manter os benefícios do
socialismo (pleno emprego, educação e saúde grátis, etc.) mais uma enorme
pletora de bens de consumo típica dos países capitalistas.
Pela informação que temos conseguido obter
parece-nos que este tema que não tem
merecido a devida atenção dos marxistas que analisaram as causas do colapso
do socialismo na Europa de Leste.
|
We see that, contrary to what
happens with the socialist countries,
Szimanski comments: "Clearly, the heavy subsidy to inefficient
Polish peasant producers has both greatly inhibited the movement of peasants
to the cities and blocked the consolidation of their tiny plots into
efficient, large-scale units able to use modern technology. The failure to
collectivize agriculture has proved to be a serious obstacle to long-term
economic growth."
He also points out that in a national survey between 1969 and 1970, 60% of
the peasants surveyed (covering 23% of the total) accepted the idea of
cooperation and that another study has shown that during the 1970s the number
of peasants "committed to the continuation of private farming diminished
from about 50 percent to less than 20 percent." These results tend to
confirm the huge PUWP error.
Feebleness in the relations with the
Catholic Church
The Catholic Church is influential
in
The hierarchy of the Catholic
Church has always behaved like a manorial nobility in its extensive domains
[16]. Allied with the aristocracy and the intelligentsia that assured the
Church a docile (and largely illiterate before socialism) flock in the
peasantry, which was its support, the Church has always sustained or was complaisant
with fascism and anti-Semitism. It supported in 1944-1946 the resistance of
fascist groups that killed 30 thousand people, 15 thousand of them
communists. It supported the right-wing rhetoric that was the Jews who
created the communist ideology. The pastoral of 1936 of the chief of the
Church, Cardinal August Hlond, stated that Jews fought against the Catholic
Church as a vanguard of atheism and communism, corrupting morality, disseminating
pornography, and dealing with treason and usury [17]. In contrast to bishops
from other countries, those in Poland never denounced Nazi persecutions of
Jews when they could do so without risk of life; the Church's report sent to
the government in exile in London in the summer of 1941, in addition to
saying nothing about the persecution of the Jews, says this astounding thing:
that the Germans, despite the evil they did, proved to be realistic in
"liberating the Polish society from the Jewish plague." The Catholic Church never denounced the
extermination camps in Poland that it knew: Auschwitz, Treblinka, Chelmno,
Sobibor, Maidanek, Belzek. On the pogrom of
It is true that in the communist
party and the PUWP there were a large number of progressive Catholics hostile
to the hierarchy. This always happens. The Catholic intelligentsia itself,
who survived the war, enthusiastically embraced the socialist construction.
But the reactionary institution
Catholic Church, represented by the hierarchy, remained the bastion of
reaction,
The PUWP leadership has shown a
good understanding of the Church issue, but the actions it initially took
seem feeble:
-- According to a source quoted by
Szimanski in 1947 the National Council did not touch the lands of the Church.
According to another source [16] only properties over 100 ha were
expropriated in 1950. (In comparison, the Law of Land Reform in
-- Szimanski reports that during
the time of Bierut prominent PUWP members attended masses, including Bierut
himself; Catholic publications were printed freely, Catholic instruction was
part of the curriculum of state schools, and numerous churches were rebuilt
with state funds! If they hoped to reconcile the good wills of the Church,
they were deeply mistaken. As Szimanski says, the Catholic hierarchy remained
hostile, "decidedly not interested in anything like the Latin American liberation
theology."
-- Moreover, as will happen with
other issues and is an axiom of class struggle, the concessions made by the PUWP
to the class enemy were understood as a sign of weakness. In July 1949 Pope
Pius XII -- the pope who supported the fascists and Nazis, helping many to
flee at the end of WWII -- issued a decree excommunicating all Catholics who
were members or supporters of communist parties. The Polish government
reacted by saying that such a decree was an "act of aggression against
the Polish state" and that it would not be applied in
In 1949 the PUWP began for the
first time a campaign against the hierarchy of the Church while supporting
the "social Catholics" who supported a Catholic-Marxist alliance.
The hierarchy responded by attacking the progressive priests who collaborated
with the government. The government responded with increasing attacks on the
hierarchy, encouraging strikes in the Church's farmsteads, nationalizing a
charitable organization, and arresting about 500 priests for reactionary
activities. In addition, in March 1950 were nationalized Church lands of over
100 ha that had not yet been so. In 1953 the state made it obligatory for
priests and bishops to swear allegiance to Popular Poland. It should here be
noted that this measure was not an invention of the Communists; it had
already been applied by the bourgeois revolutionaries of the French Revolution.
Therefore, for the first time,
more appropriate, albeit soft measures were taken to deal with the
reactionary hierarchy of the Church. Interestingly, it was left to the
"liberal" leadership of Gomulka to apply a further set of measures:
those who gave religious instruction had to be teachers and the religious
symbols were banned from schools (1958); the clergy and Church institutions
began to pay taxes (1959); in 1961 religious teaching was withdrawn from the
official school curriculum.
With Gierek in the 1970s, the
opportunism that Szimanski calls "pragmatic politics" comes back:
"concessions [are made] to
the hierarchy in hope of gaining its implicit support for the Party's role in
the state and the economy. However, the hierarchy took the Party’s
concessions and appeals as a sign of weakness, escalating its demands on the
state. It demanded the right to broadcast the mass on state radio and
television and the reinstitution of religious instruction in the schools." Of course, the claim to broadcast
the mass was not because of the mass in itself. It was because the broadcast
of the sermon of the mass was equivalent to spreading to the whole country an
anti-Communist preaching.
In 1976 the cooperation between
the hierarchy and the far right-wing group of the KOR intelligentsia, the
basis of Solidarity, began. In 1977 the hierarchy called for the
reestablishment of an independent Catholic press and the abolition of
political censorship; the purpose of this abolition request becomes clear when
taking into account that the hierarchy begins supporting the "flying
university" that taught courses in traditional nationalism and
anti-communism.
The election of the reactionary
Cardinal Karol Wojtyla to pope In October 1978 is a master coup of the
Concessions to domestic and foreign subversion
The hard core of subversion in
The Polish intelligentsia, for
historical reasons, has always been largely linked to the aristocracy and the
Church, and contaminated by anti-Semitism and chauvinism. Szimanski says
that, as opposed to other Slavic countries, in the Polish intelligentsia “it was the traditions and life-style of the
aristocracy that were celebrated. More than elsewhere, the traditional
aristocratic distaste for manual work prevailed." The intelligentsia coped badly with the
egalitarian tendencies of socialism, in spite of the benefits it derived from
it (massive support for culture and the arts, economic security). As for
chauvinism, the intelligentsia tended to view the Russians as culturally
backward, as Asiatic barbarians, and also tended to vividly support the
forced Polonization of Ukrainian and Belarussian lands conquered by the
Poles, notably during Pilsudski's fascist regime (1918-39). These ideas also
seem to have contaminated some Polish communists. A senior PUWP leader,
Edward Ochab, reports that Gomulka defended part of Pilsudski's nationalist
ideas [19].
According to Szimanski, from 1956 onwards
the intelligentsia becomes cynical about the role of the PUWP. In 1964 two
professors from the
KOR edited the "clandestine"
newspaper Robotnik (The Worker), with a "left"
social-democratic rhetoric, distributed in factories together with
fundraising. In 1977 KOR celebrates an agreement with the Church. In
September of 1979 the Robotnik
publishes a Letter of Lech Walesa defending independent trade unions and
other claims that would become those of Solidarity.
Who was Walesa? Lech Walesa, a
What did the PUWP leadership do to
combat the already clear domestic and foreign subversion? As far as we were
able to know, nothing.
Walesa and KOR then prepared the “spontaneous”'
strikes in
In the meantime, the KOR
information network, designed with the support from the Western secret
services (CIA, USAID, BND, MI6, etc.) to destabilize the regime, collected the
news of workers' actions by transmitting them to Western news agencies based
in Warsaw, who then sent them to anti-communist radio stations (Voice of America, Radio Free Europe, BBC,
etc.) which in turn broadcasted them to Poland. To curb this practice the
government detained Kuron and other KOR members. An isolated and weak action
that was useless. KOR leader Andrez Celinski became secretary of the
Solidarity Committee who went on demanding the release of political
prisoners. The government then liberated Kuron and the other leaders of KOR
in September 1981. That same month, KOR, in a veritable laughter against PUWP,
declared itself officially dissolved because its objectives had been fully
achieved!
From 1980-81 onwards the reactionary
escalation carried out by Solidarity became clear, the false friends of the
workers took off their masks, and the foreign subversion became exposed:
-- On 16 November 1980, Walesa
tells the Manchester Guardian, “I am not a socialist” and agrees with “Solzhenitsyn's
critique of both the West and
-- On an interview of 9 December
1980, Walesa praised the election of Ronald Reagan as "a good sign for
the world and
-- In December 1980, the
CIA-funded (through AID) anti-communist trade union organization AFL-CIO
supports Solidarity with $140,000. Polish editions of the AFL-CIO are
distributed to Solidarity leaders but not to grassroots members.
-- In 1981 Solidarity established
close relations with anti-communist unions in the West and invited AFL-CIO
chief Lane Kirkland and its veteran Irving Brown to the Solidarity Convention
in September 1981. Brown was an expert at eliminating communist influence in
European trade unions [21].
-- In February 1981 still the
demagogy of Lech Walesa have an impact on the popular masses (90% declare
confidence in Solidarity). Contrary to the claim of a better standard of
living, one of Walesa's favorite cries for attracting the masses was:
"We can all live on one crust of bread as long as we get the same amount!"
-- In an interview with the Washington Post in October 1981,
Walesa appeals for US support saying "…if we can succeed with what we are doing here [
-- Walesa also said at a meeting
of Solidarity leaders that confrontation with the government was inevitable
because they had to destroy the system through privatizations and the
purchase of state farms. He also says: "We should not say aloud that a confrontation is
unavoidable... We must say we love you, we love socialism and the party, and
obviously, the
-- In November 1981 the
-- During 1981 the influence of
anti-communist intellectuals grew in Solidarity. At that year's convention,
70% of the participants were intellectuals (teachers, scientists, engineers,
writers). The rest were technical cadres like Walesa. The workers were very
few. By this time the workers of the PUWP already moved away and distrusted
Solidarity. But they remained apathetic.
-- At the 1981 convention, 100 of
the 829 participants were sympathetic to the KPN (Movement for an Independent
Poland), an openly fascist party strongly opposed to KOR, which it considered
to be too moderate. The convention completely disregarded democratic rules and
move on to approve the dismantling of central directives and the free course
of “market forces”, of “competition between companies in a free market”.
In the meantime, the PUWP,
surpassed by the events, a victim of its own mistakes, went on making
concession after concession until the savage restoration of capitalism in
1989 with the total liquidation of workers' rights. The Trotskyites have made
(still make!) a different reading. The prominent Trotskyite Ernest Mandel was
a great supporter of Solidarity and declared: "Solidarity's legalization
[of government] is a victory for the working class." [23] Note that,
after 1989, the NED continued to finance generously Solidarity (see NED
official website).
Ideological unpreparedness of the
militants
In the
development of the opportunist policies after 1956, the ideological
unpreparedness of the PUWP militants (including top leaders) and the
correlative lack of elucidation of the masses stand out. Let us note, among
others:
-- In
the strikes of 1956, 1970, and others, there seems to have been members of
the PUWP and fascists, namely of WIN, side by side.
-- In
the 1970 riots, triggered by increases of food prices, the workers demanded that
the young technical intellectuals should have more power within the
enterprise than the more politically prepared administrators issued from the
working class.
--
Following the riots of 1970 we don’t see the government moderating price increases
and at the same time radically reviewing the agrarian policy and the policy
of privileges of the clergy (absence of taxes and permanence of large
domains). In an attitude of "always towed by events" the government
limited itself to cancel the
increases, promising price freeze for two years.
-- At
that time Gierek promised the workers to strengthen the internal democracy of
the party. However, at the same time, and apparently doubting such internal strengthening,
he promised that the workers of "larger factories" would have
direct access to him, and direct representation in the PUWP congresses!
-- In
the early 1970s the Gierek leadership "reorganized" the economy and
the party by reducing the role of party cells within companies and replacing
cadres by young graduates in "public administration." The result,
according to Szimanski, was that "local Party officials became increasingly distant from the
Party's working-class rank and file, the local plant managers became
increasingly insulated from the local Party branches, and the association
managers and central ministries increasingly operated according to their own
technical criteria. The Party's working-class base and its authority within
the working class were consequently greatly weakened."
All this clearly reveals poor ideological preparation.
-- With
Gierek's "reorganization" (and Gierek had been a mining worker)
careerism grew: new managers with technical skills joined the party with a
view to career advancement rather than on political adherence grounds.
-- In
January 1981, when the reactionary nature of Solidarity was already clear,
60% of its 8.5 million members were still wage earners. More: one sixth of the
Solidarity members were also members of the PUWP, amounting to 40% of all PUWP
members!!!
-- In a
national inquiry in May 1981, 90% of the Poles declared confidence in
Solidarity.
-- In
July 1981 the PUWP officially supported the recruitment of Solidarity members
as party members!!!
-- On
the basis of percentages in support of the various reform proposals of Solidarity,
Szimanski candidly and tout-court
states that "Working-class
concern was focused on the economic, rather than the political, aspects of
the reforms."
-- Walesa
was clearly an elitist. However, he attracted the masses, including workers,
with his popular slogan "We can all live on one crust of bread as long as we get the same
amount!" Apparently, the extreme demagoguery of his slogan and his
friendship with Reagan, Thatcher, etc., passed largely unnoticed.
The
ideological unpreparedness of the militants (and correlative lack of elucidation
of the masses) was not exclusive of
From the
information we have been able to obtain it seems to us that this subject has not deserved the due
attention of the Marxists who analyzed the causes of the collapse of
socialism in
|
Notas e Referências | Notes and References
[1] Albert
Szymanski, Class Struggle in Socialist Poland , Praeger Scientific, Praeger Pubs. , NY ,
USA , 1984.
[2] Estatísticas
Demográficas 2007, INE.
[3] Os oligarcas
têm sempre dinheiro e recursos em excesso -- os enormes excedentes não gastos
em satisfazer necessidades básicas da população -- para gastar em subversão e
guerras. O interesse fulcral do socialismo é o oposto: usar todos os recursos
possíveis para satisfazer necessidades do povo.
The oligarchs have
always money and resources in excess – the enormous surpluses unspent in
satisfying basic needs of the population – to spend in subversion and wars. The
pivotal interest of socialism is just the opposite: to use all possible
resources in order to satisfy people needs.
[4] Closing speech delivered by Boleslaw Bierut
at the Fifth Plenary Session of the Central Committee of the Polish United
Workers Party on the 16th of July 1950: http://www.revolutionarydemocracy.org/archive/poland.htm
[5] Marie Lavigne, The
Socialist Economies of the Soviet Union and
Europe, Martin Robertson & Co. Ltd, 1974.
[6] Tese do artigo | Thesis of the paper: Glenn E. Curtis, ed. Poland: A Country Study. Washington : GPO for the
Library of Congress, 1992.
Nele também se
afirma: «Desajustes, falhas de abastecimento e estrangulamentos apareceram na
implementação desse plano que se propunha criar a infraestrutura da indústria
futura: indústria pesada, mineração, geração de energia.» Desajustes, falhas de
abastecimento e estrangulamentos surgem na implementação de muitos planos. Há
que lidar com eles. O importante é que, apesar dessas omnipresentes
dificuldades, o plano resultou.
It also says:
“Maladjustments, shortages, and bottlenecks appeared in the implementation of
that plan, which was intended to create the infrastructure for the industrial
future: heavy industry, mining, and power generation.” Maladjustments,
shortages, and bottlenecks appear when implementing many plans. They must be
dealt with. What is really important is that besides those omnipresent
difficulties the plan did succeed.
[7] David S Mason, Policy
Dilemmas and Political Unrest in Poland , Journal of Politics,
(1983): 397-421.
[8] Mason chega a
apoiar a tese sem sentido e não verificada pela história de que as revoltas
tendem a ocorrer quando as condições estão a melhorar e não quando atingiram o
seu pior.
Mason even
comes to support the nonsensical thesis, not verified by History, that revolts tend to occur not when conditions
are at their worst, but when they are improving.
[9] Cold War
Broadcasting Impact, Report on a Conference
organized by the Hoover Institution and the Cold War International History
Project of the Woodrow Wilson International Center for Scholars at Stanford
University, October 13‐16, 2004.
[10] Herbert Aptheker, The Truth about Hungary ,
Mainstream Pubs, NY, 1957.
[11] La libertad que
prometió Walesa solo fue para los fascistas, 2011: http://civilizacionsocialista.blogspot.pt/search?q=walesa
[12] Szimanski: «Os
comités eleitos de trabalhadores, constituídos em 1956, tinham o poder de
alocar lucros das empresas, propor a demissão e nomeação de gestores de topo, e
em geral tomar decisões fundamentais dentro das empresas compatíveis com os
imperativos (reduzidos) do plano central e com leis económicas básicas.»
Szimanski:
“The elected workers' councils that
were set up in 1956 had the power to allocate the profits of the enterprise,
propose the dismissal and appointment of top managers, and otherwise to make
fundamental decisions within enterprises compatible with the (reduced)
imperatives of the central plan and basic economic laws.”
[13] Domenico Mario Nuti, The Polish Crisis: Economic Factors and Constraints, Socialist
Register, vol. 18, 1981.
[14] Mário
Cardoso dos Santos, Estrutura e Evolução
da População Activa em Portugal, Análise Social, http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1224165197C1mAP9iz4Ld29PZ7.pdf
[15] Vale a pena
ler o artigo de 2010 do Financial Times sobre o assunto. Fala do Conde Sobanski, que
recuperou um antigo domínio seu. Um de vários aristocratas que recuperou domínios
na actual Polónia capitalista. O FT trata de dizer o pior possível dos
comunistas. P. ex., sobre o «palácio arruinado por quarenta décadas de
negligência comunista». Logo abaixo contradiz-se, dizendo que «Depois da guerra
o palácio foi confiscado pelas autoridades e convertido em escola e depois num
serviço público. À família Sobanski só eram permitidas relutantemente visitas
ocasionais e curtas.» O FT chora de felicidade pela maravilha que é o Conde
Sobanski ter recuperado o palácio, numa bela ilustração do reaccionarismo de
estrema direita a que chegou o capitalismo europeu.
It’s worth reading the 2010 article
of Financial Times on the topic. It tells
about Count Sobanski, who got back one of its domains. This is one of several
aristocrats who got back domains in today’s capitalist Poland . The FT tells than also the worst possible about the communists. E.g., about
the “palace
ruined by four decades of neglect during communist rule”. But it
contradicts itself shortly below, saying that “After the war, the palace was confiscated
by the authorities and turned first into a school, then an office. The
Sobanski family was grudgingly allowed occasional short visits.” The FT sheds tears of happiness on how
marvellous it is that Count Sobanski got back his palace, in a beautiful
illustration of the heights reached by European capitalism in its far right
reactionarism.
[16] Não
encontrámos dados completos sobre o assunto. Uma fonte reaccionária ligada à
igreja -- Marian S Mazgaj, Church and
State in Communist Poland: A History, 1944-1989, McFarland & Co., Inc.
Pubs., 2010 – refere que os «comunistas» expropriaram 370.000 acres = 149.734
ha (aprox. um décimo da área cultivada do Alentejo) mas este é um valor
inferior ao de toda a terra pertencente à igreja polaca porque, segundo a mesma
fonte, os «comunistas» só expropriaram domínios com mais de 100 ha.
We couldn’t find
complete data on this topic. A reactionary source linked to the Church --
Marian S Mazgaj, Church and State in
Communist Poland: A History, 1944-1989, McFarland & Co., Inc. Pubs.,
2010 – mentions that the “communists” expropriated 370,000 acres = 149,734 ha, but
this value is below all the land owned by the Polish Church since, according to
the same source, the “communists” only expropriated land estates of over 100
ha.
[17] Excerto de | Excerpt from: Carol Rittner,
Stephen D. Smith and Irena Steinfeldt, The Holocaust and the Christian World,
Yad Vashem 2000, pp. 74-78.
[18] O livro bem
conhecido do jornalista David Yallop, Em
Nome de Deus (Publicações Dom Quixote 2008), oferece evidências
impressionantes e confirmadas da confluência de altas figuras do Banco do
Vaticano, da finança internacional, de políticos e organizações de
extrema-direita, para assassinar o papa João Paulo I, um «progressista» cujo
papado só durou dois meses, e eleger Woytila. João Paulo II teve papel
destacado no incentivo à dissidência na Polónia, Hungria e Jugoslávia, na
promoção da Opus Dei, e na beatificação de figuras reaccionárias como o cardeal
Stepinac apoiante do regime fascista dos ustachis na Croácia e dos respectivos
chefes religiosos de campos de concentração. João Paulo II ficará para a
História como um dos papas mais reaccionários, que contribuiu para doses
imensas de sofrimento humano.
The
well-known book of the journalist David Yallop, In God’s Name, provides confirmed and impressive evidence on the
convergence of top people from the Bank of Vatican, of international finance, and
of far-right politicians and organizations, to assassinate pope John Paul I, a
“progressist” whose papacy only lasted two months, and elect Woytila. John Paul
II played a key role in encouraging dissent in Poland ,
Hungary and Yugoslavia , in the promotion of Opus Dei, and in
the beatification of reactionary figures such as Cardinal Stepinac, a supporter
of the fascist regime of the Ustashis in Croatia , and the respective religious
leaders of concentration camps. John Paul II will become known of History as
one of the most reactionary popes, who contributed to immense human suffering.
[19] Entrevista
de Ochab à jornalista e feroz anti-comunista Teresa Toranska no seu livro Eles. Stalinistas Poloneses se Explicam,
Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1989, patrocinado pela Merk, Indústrias Químicas. Um livro concebido como apoio à campanha
anti-comunista.
"Them": Stalin's Polish Puppets, HarperCollins Pubs, 1988
Ochab's interview with the
rabid anti-communist journalist Teresa Toranska in her book, "Them: Stalin's Polish Puppets”, HarperCollins Pubs, 1988. A book designed to support the anti-communist campaign.
[20] Foi confirmado com
pormenores da análise grafológica de documentos de acordos e quantias revebidas
dos serviços secretos. Relatado por fontes ocidentais de 2016 (BBC, IntelNews, etc.) e pelo jornal Expresso (Luís M. Faria, 03.02.2017).
It has been
confirmed with details of the graphological analysis of documents of agreements
and amounts revealed by the intelligence services. This was reported by Western
sources in 2016 (BBC, IntelNews, etc.) and by the Portuguese right wing newspaper
Expresso (Luís M. Faria, 03.02.2017).
[21] Tom Braden, ex-chefe da
divisão Internacional da CIA, revelou em 1967 que Brown era um agente da CIA. Escreveu
que Brown estava ligado a ex-nazis e a mafiosos corsos para infiltrar
sindicatios dirigidos por comunistas na Europa do pós-guerra; a CIA financiava
estes esforços juntamente com a ILGWU (Braden, “I’m Glad the CIA Is 'Immoral’”, Saturday
Evening Post,
May 20. 1967)
Tom
Braden, former head of the CIA's International division, revealed in 1967 that
Brown was a CIA agent. Brown, he wrote, rallied ex-Nazis and Corsican Mafiosi to
infiltrate Communist-led unions and terrorize the workers in post-war Europe ; the CIA funded these efforts, along with the
ILGWU (Braden, “I’m Glad the CIA Is 'Immoral’”, Saturday Evening Post, May 20. 1967)
[22]
O general Joseph Pilsudski
foi chefe de estado da Polónia e ditador fascista de 1926 a 1935. Com Pilsudski os sindicatos
foram extintos, trabalhadores eram fuzilados, opositores torturados, campos de
concentração instalados (na sequência de uma visita de Goebbels em 1934, acompanhada
de pogroms oficialmente tolerados), e reforçadas as leis anti-semitas.
General Joseph Pilsudski
was Poland 's
chief of state and fascist dictator from 1926 to 1935. Under Pilsudski unions
were busted, workers shot down, opponents tortured, concentration camps set up (after
a visit from Goebbels in 1934, accompanied by officially tolerated pogroms),
and anti-Semitic laws enforced.
[23] Mandel, Crise à l’Est, Ernest Mandel,
Inprecor, n.° 283 , 6 mars 1989, p.4
[24] Henri Alleg, O
Grande Salto Atrás, Edições Avante! | Le Grand Bond en arrière.
Éditions Le Temps des Cerises (réédition
Delga / Le Temps des cerises, 2010).