Uma análise
cientificamente fundamentada da actual fase do capitalismo – o capitalismo
monopolista de Estado (CME) – exige precisar o conceito de monopólio. É este
o tema do presente artigo.
* * *
Definição de monopólio: entidade económica que concentra e centraliza
uma larga massa de capital que lhe permite uma posição de domínio económico e
político, e obter assim, por tempo apreciável, uma taxa de lucro acima da
taxa de lucro média das entidades não monopolistas do mesmo sector de
actividade. ||
Nesta definição
há três aspectos a esclarecer:
-- A entidade económica pode apresentar-se
sob várias formas concretas, que já descrevemos noutro artigo [1].
-- A concentração e centralização de capital
([1]) não ocorrem por mero capricho ou «sede de poder» dos monopolistas. Elas emergem necessariamente do
capitalismo de livre concorrência. Já vimos que é possível provar
matematicamente para um modelo de pura e ingénua concorrência, sem
intervenção do Estado e sem motivação para acumular e centralizar, que qualquer conjunto de agentes
económicos com capitais diferentes converge com o tempo para uma situação
monopolista por simples agravamento das diferenças (ainda que inicialmente
pequenas) [2]. Mas a concorrência realmente existente exerce uma pressão para
a formação de monopólios bem maior que nesse simples e ingénuo modelo
matemático. Marx mostrou a necessidade de acumulação de capital na produção
capitalista, logo da concentração e
centralização de capital, por força
das leis coercivas da concorrência [3]. Mostrou também a posição de domínio
económico dos monopólios, por via do crédito [4], e em certa medida, o poder
político [5]. No imperialismo acentua-se o poder político dos monopólios,
devido à super-exploração de nações oprimidas, conforme mostrou Lenine
extensamente [6].
-- Por tempo apreciável entende-se um tempo
que excede largamente o de um ciclo de negócios (digamos, 8 ± 2 anos).
Actualmente, há muitos exemplos de monopólios com uma longevidade de 50 anos
e mais [7].
Existem três
tipos de monopólios conforme o sector de actividade económica: monopólios do sector produtivo [8], do sector financeiro e do sector comercial. Os dois últimos
tipos dependem do primeiro – a produção de bens pelo trabalho humano (com a
correspondente formação de valor no capitalismo) é a base de toda a economia,
e a acumulação capitalista na produção é a pré-condição de todos os
monopólios. Mas, ao longo do desenvolvimento capitalista e particularmente no
CME, os dois últimos sectores vieram a tornar-se proeminentes face ao
primeiro o que denuncia o grau de parasitismo a que chegou o capitalismo.
-- Os
monopólios do sector produtivo [9] obtêm uma taxa de lucro bastante acima da
média das taxas de lucro dos capitais não monopolistas (obtendo assim super-lucros) não estando sujeitos por
um tempo apreciável à lei da concorrência: lei tendencial de equalização da
taxa de lucro mostrada por Marx, com base na lei do valor. Contudo, as
tendências básicas da concorrência não desaparecem, já que o contexto social
da produção é mediado pela competição dos inúmeros capitais individuais não
monopolistas com a tendência imanente de gerar uma taxa de lucro média e
preços de produção médios. Simplesmente, esta tendência é contrariada em
certa medida pelo capital monopolista que distorce, assim, as leis da
concorrência. Há ainda que ter em conta dois processos que contribuem para
diminuir o impacto dos monopólios nas leis da concorrência: a concorrência
entre os próprios monopólios: «O monopólio nega a concorrência mas reprodu-la
a um novo nível como concorrência monopolística» [10]; o monopólio dura um
tempo apreciável mas não é eterno -- constantemente há capitais monopolistas
que perdem essa qualidade (impacto de crises, falências, perda de mercados,
divisões, etc.).
Assim, a teoria
marxista dos monopólios bem como a teoria leninista do imperialismo e do CME,
assentam no fundamento teórico sólido da lei do valor. A essência do
capitalismo em todos os seus estádios de desenvolvimento permanece a mesma e
não mudou nem mudará quer pelo facto de haver monopólios quer por intervenção
do Estado.
Para além da
super-exploração imperialista que já tratámos noutros artigos, existem vários
meios pelos quais os monopólios do sector produtivo obtêm super-lucros devido
ao domínio económico [11]: melhores condições de financiamento por ligações
estreitas aos monopólios do sector financeiro, com acesso a créditos
vultuosos em condições mais favoráveis que as PMEs; domínio de mercados de
matérias-primas e meios de produção; melhor acesso a novas tecnologias
(muitos monopólios têm os seus próprios centros de I&D) e a processos de
produção economicamente mais favoráveis; facilidade de aquisição de pequenas
firmas pioneiras de produtos inovadores; maior capacidade de expansão, através
de melhores estudos de mercado, publicidade e diferenciação de produtos;
capacidade de arruinar PMEs concorrentes, através de bloqueamento de
fornecimentos e de créditos, bem como de baixas temporárias de preços (dumping) [12]; maior capacidade de atrair
e fidelizar clientes bem como de contratar o pessoal técnico melhor
habilitado (engenheiros e economistas).
-- O sector
comercial vive da apropriação de parte do valor produzido no sector
produtivo. Para além dos meios de obtenção de super-lucros já mencionados
para o sector produtivo, os monopólios
do sector comercial obtêm super-lucros impondo, através do seu domínio de
mercados, baixos preços de aquisição de produtos a associações de pequenos e
médios produtores, a campanhas de dumping
de preços e à super-exploração da produção em outsourcing [13].
-- O sector
financeiro vive da concessão de crédito aos outros sectores e da especulação
financeira – apostas sobre títulos de propriedade da produção futura [14].
Para além da super-exploração imperialista, os monopólios do sector financeiro obtêm super-lucros através da
hegemonização sobre os outros sectores (dependentes do crédito), o controlo
de grandes fundos especulativos, o controlo de fundos sociais e estatais com
o consequente domínio político que daí advém, e a definição e imposição de
regras de crédito à sociedade em geral.
O domínio político dos monopólios
exerce-se de vários modos, nomeadamente: contratos com o Estado para
desenvolvimento e produção de armamento, independentemente do fornecimento ou
não! [15]; contratos com o Estado para construção de infra-estruturas, sempre
em termos favoráveis aos monopólios; financiamento de partidos políticos
burgueses e respectivas campanhas eleitorais; interligação dos monopólios com
órgãos estatais e governamentais, através de agentes seus nessas órgãos,
definindo e aplicando directivas favoráveis aos monopólios; formação de
grupos políticos de influenciamento e pressão sobre governos, em particular
através de confederações patronais; articulação com governos e instituições
supranacionais para defender e conduzir políticas imperialistas, violentas ou
não violentas, que sustentem a super-exploração capitalista; articulação com
governos para reduzir impostos dos monopólios e fechar os olhos aos vários
meios de evasão fiscal, descarregando o financiamento do Estado sobre as
classes trabalhadoras e estratos da burguesia não monopolista; articulação
com governos para propocionar as melhores condições de exploração do trabalho
(baixos salários, cortes de direitos).
É claro que
todos estes (e outros) meios têm como objectivo central a perpetuação do CME,
logo a perpetuação da oligarquia monopolista que controla o globo.
Todos os
monopólios, independentemente do sector e da área de negócio, estão interligados
entre si através das chamadas redes
corporativas. Já vimos isso em [1] no que se refere à interligação
proprietária através de controlo de capital (controlo accionista). Mas a
interligação monopolista não é só a nível de capital, mas também a nível de
membros de conselhos de administração (direcção): interligação directorial. Os poucos estudos que encontrámos sobre
o tema são bem elucidativos sobre o montante de interligações directoriais
(membro da direcção de A é também membro da direcção de B). Limitamo-nos aqui
a alguns resultados: em meados dos anos noventa existiam elevadas
percentagens de interligações em cinco países europeus (DEU, GBR, FRA, CHE,
NLD), que atingiam 236% na Alemanha (1456 interligações em 616 grandes firmas),
bem como de interligações de monopólios do sector financeiro com outros (86%
na Holanda) [16]; o número de interligações nos EUA em 1999-2003 crescia com
a dimensão do monopólio [17]; no Citigroup dos EUA em 2005, 13 dos 15 membros
da direcção eram também membros de direcções de 25 monopólios, e o monopólio
de produtos de consumo Sara Lee tinha uma direcção de 10 membros ligados a 31
«grandes companhias», estas por sua vez interligadas a 297 [18].
As leis
burguesas não admitem que membros do governo sejam membros de grupos
privados. Essa disposição é, contudo, uma débil folha de parra para enganar o
povinho. Todos os dias há escândalos de favorecimento a grupos privados por
membros de governos burgueses, que ficam largamente impunes. Por outro lado, mesmo
sem escândalos, há evidências do que se passa atrás dos bastidores. O estudo
[18] revela vários membros de administrações americanas que quando deixaram o
cargo oficial se tornaram membros de direcções de corporações; certamente,
como recompensa de bons serviços gerais aos monopólios enquanto agentes
governamentais e bons (ou mesmo excelentes) serviços específicos às
corporações que logo depois os contrataram para altos cargos. Exemplos disso
abundam. Também em Portugal. A ex-ministra das Finanças (2013-2015), enquanto
ministra, ocultou o «buraco» do Banif; logo que deixou o cargo o “buraco” foi
revelado pelo novo governo, mas ela alegou «desconhecimento»; foi, porém,
contratada para alto cargo na Arrow Global, uma grande corporação que lucrou bastante
com a compra de crédito mal-parado ao Banif... É claro que a justificação da
Arrow foi a de sempre: qualidades ímpares da nova contratada!
No CME a
promiscuidade entre monopólios e governos burgueses é absoluta.
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A
scientifically grounded analysis of the present stage of capitalism – the
State monopoly capitalism (SMC) – demands a precise concept of monopoly. This is the topic of the present article.
* * *
Definition of monopoly: economic entity concentrating and centralizing a large
mass of capital which allows it a position of economic and politic domination,
thus obtaining during a considerable time a rate of profit above the average
rate of profit of the non-monopolist entities in the same sector of activity.
||
Three
aspects in this definition need
clarification:
-- The economic entity may appear under
several concrete forms, which we have already described elsewhere [1].
-- The concentration and centralization of
capital ([1]) do not occur by mere whim or “thirst for power” of the
monopolists. They emerge as a necessity
out of the capitalism of free competition. We already saw that it is
possible to mathematically prove for a
model of pure and naive competition, without State intervention and without
motivation to accumulate and centralize, that any assembly of economic agents with differing capitals will
converge along time towards a monopolist situation by the mere escalation of
the differences (though initially small) [2]. However, the real-world
competition exerts a pressure towards monopoly formation far larger than in
that simple and naive mathematical model. Marx has shown the necessity of
capital accumulation in the capitalist production, and thereby of capital concentration and centralization, under the influence of the coercive laws of
competition [3]. He also showed the position of economic domination of
monopolies, mediated by the role of credit [4], and to a certain extent the
political power [5]. Imperialism intensifies the political power of
monopolies, linked to the super-exploitation of oppressed nations, as
extensively shown by Lenin [6].
-- By considerable time is understood a
period of time largely exceeding the duration of a business cycle (say, 8 ± 2
years). There are, presently, many examples of monopolies with a lifetime of
50 years and more [7].
There are
three main types of monopolies according to the sector of economic activity:
monopolies of the productive sector
[8], of the financial sector and of
the commercial sector. The last two
types depend of the first one – the production of goods by human labor (and
corresponding formation of value in the capitalist system) is the basis of
the whole economy, and the capitalist accumulation in the production the
pre-condition of all monopolies. Yet, the capitalist development and
particularly the SMC, led the last two sectors to prominence over the first
one, which denounces the degree of parasitism attained by capitalism.
-- The
monopolies of the productive sector [9] achieve a rate of profit well above
the average of the rates of profit of the non-monopolist capitals (thus pocketing
super-profits) without being
subject for a considerable time to the law of competition: the tendential law
of equalization of rate of profit shown by Marx with basis on the law of
value. Nevertheless, the basic tendencies of the competition do not disappear, since the
social context of the production is mediated by the competition of countless individual
capitals, with the immanent tendency to produce the average rate of profit
and average production prices. Such tendency is simply blocked to a certain extent by the
monopolist capital, which thus distorts the laws of competition. One has also
to take into account two processes which contribute to decreasing the impact
of monopolies in the laws of competition: the competition among the
monopolies themselves: "The
monopoly negates the competition but it reproduces it on a new stage as
monopolistic competition" [10]; though the monopoly lasts for a considerable time it is not
eternal – there are constantly monopolist which cease having that quality
(impact of crises, bankrupts, loss of markets, divisions, etc.).
Briefly, the
Marxist theory of monopolies as well as the Leninist theory of imperialism
and of SMC is grounded in the solid theoretical foundation of the law of
value. The essence of capitalism in all its periods of development remains the same and
has neither changed or will change by the monopoly, nor by the intervention
of the State.
In
addition to imperialist super-exploitation which we discussed in other
articles, there are other means through which the monopolies of the
productive sector obtain super-profits due to economic domination [11]: better
financing conditions given their close ties to the monopolies o the financial
sector, with access to voluminous credits with more favorable conditions than
the SMEs; domination of markets of raw-materials and means of production; better
access to new technologies (many monopolies have their own R&D centres) and
to more economically favorable processes of production; facility in
purchasing small pioneer firms in innovating products; better capacity of
expansion, through better studies of markets, advertisement and
differentiation of products; capability to ruin competitor SMEs, by blocking
supplies and credits and by temporary price dumping [12]; better capability
to attract and retain customers, and also to contract the better endowed
technical personnel (engineers and economists).
-- The
commercial sector feeds itself on the appropriation of part of the value
produced by the productive sector. Besides the means of achieving super-profits
already mentioned for the productive sector, the monopolies of the commercial sector obtain super-profits by
imposing low prices, through their market domination, in the purchase of
goods from associations of small and medium producers, by campaigns of price
dumping, and through the super-exploitation of production in outsourcing
[13].
-- The
financial sector thrives on the concession of credit to the other sectors and
on the financial speculation – bets on ownership titles of future production
[14]. Besides the imperialist super-exploitation, the monopolies of the financial sector obtain super-profits through
the hegemonization over the other, credit-dependent, sectors, the control of
large speculative funds, the control of social and state funds with the
consequent political domination derived from that, and the definition and
imposition of credit regulations to the society in general.
The political domination of monopolies is exercised in several ways, namely: contracts with the State for
the development and production of armaments, independently of their being
supplied or not! [15]; contracts with the State for the construction of
infrastructures, always in terms favorable to the monopolies; financing of
bourgeois political parties and their respective electoral campaigns; interlocking
of monopolies with state and governmental organs, through their agents in
those organs, defining and applying directives favorable to the monopolies;
formation of lobbying political groups to influence and pressurize governments,
namely through confederations of
employers; liaisons with governments and supranational institutions to defend and conduct
imperialist policies, violent and non-violent, in support of capitalist super-exploitation;
liaisons with governments to reduce monopoly taxation and closing the eyes to
the various ways of fiscal evasion, discharging the financing of the State on
the shoulders of the working classes and strata of non-monopolist bourgeoisie;
liaisons with governments in order to provide for the best conditions of
labor exploitation (low wages, cuts on labor rights).
The
pivotal objective of all these (and other) means is, of course, the
perpetuation of the SMC, and thereby the perpetuation of the monopolist
oligarchy which controls the globe.
All
monopolies, independently of their sector and branch of business, are linked
among them through the so-called corporate
networks. We saw that already in [1] as regards the proprietary
interlocking through control of capital (stock control). But more than that,
monopolist interlocking is not only at capital level but also at the level of
board of directors: directorate
interlocking. The few studies we found out on this topic are quite
enlightening on the volume of directorate interlocks (a member of the board
of A is also a member of the board of B). We will limit ourselves here to a
few results: high percentages of interlocks did exist in five European
countries (DEU, GBR, FRA, CHE, NLD) in the middle of the nineties, reaching
236% in Germany (1456 interlocks in 616 big firms), and also of monopolies of
the financial sector with others (86% in Holland) [16]; the number of
interlocks in the USA in the period 1999-2003 grew with the size of the
monopoly [17]; 13 of 15 members of the 2005 board of directors of the US Citigroup
were also members of directions of 25 monopolies, and the monopoly of
consumer products Sara Lee had 10 members in the board of directors, all linked
to 31 “large companies”, and these on their turn to 297 [18].
The
bourgeois laws do not allow members of governments being members of private
groups. Such regulation is, however, a weak fig leaf destined to fool the
common people. Every day pop up scandals of governmental members having
favored private groups, which fade down with large impunity. On the other
hand, even without scandals, there are evidences of what goes on behind the
curtains. The study [18] reveals several members of American administrations
who became members of corporate directorates as soon as they left the
respective official charge; certainly, as reward for good services to the
overall monopolies in their position of governmental officers, and good (or
even outstanding) specific services to the corporations wasting no time to
contract them afterwards to high positions. Examples of this abound. Also in
Portugal. The former
Minister of Finances (2013-2015), during her term as Minister, concealed the
“hole” in the bank Banif; when she left the office the “hole” was revealed by
the new government but she alleged “lack of knowledge”; she was, however,
contracted to a high position in the Arrow Global a large corporation which
got a handsome profit with the purchase of non-performing loans from Banif...
To be sure, Arrow’s justification was the standard one: unique qualities of
the new employee!
The
promiscuity between monopolies and governments in the SMC is absolute.
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Notes and References
[3] Em O Capital encontram-se explicações e
demonstrações deste tema. Cingimo-nos aqui a curtas citações do vol. I:
Adopção de novas
tecnologias: «A lei da determinação do valor pelo tempo de trabalho, que leva o
capitalista individual a aplicar um novo método de produção, ao compeli-lo a
vender os seus produtos abaixo do seu valor social esta mesma lei age como lei
coerciva da concorrência, forçando os seus concorrentes a adoptar o novo
método.» (cap.12)
Concorrência-acumulação: «... cada capitalista individual sente as leis
imanentes da produção capitalista, como leis coercivas externas, através da
concorrência. Esta compele-o a constantemente expandir o capital com vista a
preservá-lo, mas só pode expandi-lo por meio da acumulação gradual.» (cap. 24,
sec. 3)
Acumulação-concentração:
«Todo o capital individual é uma maior ou menor concentração de meios de
produção... Toda a acumulação torna-se o meio de nova acumulação. Com a
crescente massa de riqueza que funciona como capital a acumulação aumenta a
concentração dessa riqueza nas mãos de capitalistas individuais, dessa forma
alargando a base de produção em maior escala e em métodos específicos da
produção capitalista.» (cap. 25, sec. 2)
Centralização: «…
Esta última [atracção de capitais individuais] não significa a simples
concentração de meios de produção... É
concentração de capitais já formados, a destruição da sua independência
individual, expropriação de capitalista por capitalista, transformação de muitos
pequenos em poucos grandes capitais. Este processo difere do anterior na
medida em que só pressupõe uma mudança de distribuição de capitais já
existentes e a operar... Isto é propriamente centralização, distinta da
acumulação e concentração.» (cap. 25, sec. 2)
One finds
in Capital explanations and
demonstrations of this topic. We’ll limit ourselves to a few citations from
vol. I:
Adoption of new technologies: “The law of the determination of value by
labour-time, a law which brings under its sway the individual capitalist who
applies the new method of production, by compelling him to sell his goods under
their social value, this same law, acting as a coercive law of competition,
forces his competitors to adopt the new method.” (ch. 12)
Competition-accumulation: “… competition makes the immanent laws of
capitalist production to be felt by each individual capitalist, as external
coercive laws. It compels him to keep constantly extending his capital, in
order to preserve it, but extend it he cannot, except by means of progressive
accumulation.” (ch. 24 sect. 3)
Accumulation-concentration:
“Every individual capital is a larger or smaller concentration of means
of production, with a corresponding command over a larger or smaller
labour-army. Every accumulation becomes the means of new accumulation. With the
increasing mass of wealth which functions as capital, accumulation increases
the concentration of that wealth in the hands of individual capitalists, and
thereby widens the basis of production on a large scale and of the specific
methods of capitalist production.” (ch. 25, sect. 2)
Centralization (our italics): “…This last [attraction of individual
capitals] does not mean simple concentration of the means of production... It is concentration of capitals already formed,
destruction of their individual independence, expropriation of capitalist by
capitalist, transformation of many small into few large capitals. This
process differs from the former in this, that it only presupposes a change in
the distribution of capital already to hand, and functioning... This is
centralisation proper, as distinct from accumulation and concentration. ” (ch.
25, sect. 2)
[4] Ibid.: «A batalha da
concorrência trava-se com o embaratecimento dos bens produzidos. Este
embaratecimento exige, caeteris paribus,
a produtividade do trabalho e também a escala da produção. Por isso, os maiores
capitais vencem os mais pequenos... [Estes] povoam os sectores de produção de
que a indústria moderna só esporadicamente ou incompletamente se apropriou. Aí
a sanha da concorrência é em proporção directa do número e inversa das
grandezas... Termina sempre pela ruína de muitos pequenos capitalistas, cujos
capitais em parte passam para as mãos dos seus conquistadores, e noutra parte
desaparecem. Para além disso... uma força inteiramente diferente intervém – o
sistema de crédito que nos estádios iniciais rasteja furtivamente como humilde
assistente da acumulação...; mas cedo se torna uma nova e terrível arma na
batalha da concorrência e se transforma finalmente num enorme mecanismo social
de centralização de capitais.» (cap.
25, sec. 2)
Ibid.: “The
battle of competition is fought by cheapening of commodities. The cheapness of
commodities demands, caeteris paribus, on the productiveness of labour,
and this again on the scale of production. Therefore, the larger capitals beat
the smaller… [These] crowd into spheres of production which modern industry has
only sporadically or incompletely got hold of. Here competition rages in direct
proportion to the number, and in inverse proportion to the magnitudes... It
always ends in the ruin of many small capitalists, whose capitals partly pass
into the hands of their conquerors, partly vanish. Apart from this... an
altogether new force comes into play – the credit system, which in its first
stages furtively creeps in as the humble assistant of accumulation…; but it
soon becomes a new and terrible weapon in the battle of competition and is
finally transformed into an enormous social mechanism for the centralisation of
capitals.” (ch. 25, sect. 2)
[5] Ibid.: «Alguns sectores de
produção exigem, logo no início da produção capitalista, um mínimo de capital
que ainda não está disponível em simples indivíduos. Isto origina em parte os
subsídios estatais a pessoas privadas, como em França no tempo de Clobber, e em
muitos estados alemães até ao presente a formação de companhias com o monopólio
legal de exploração de certaos ramos de indústria e comércio, precursores das
modernas sociedades anónimas.» (cap. 11)
Ibid.: “Certain spheres of production demand, even at the very outset of
capitalist production, a minimum of capital that is not as yet found in the
hands of single individuals. This gives rise partly to state subsidies to
private persons, as in France
in the time of Clobber, and as in many German states up to our own epoch,
partly to the formation of societies with legal monopoly for the exploitation
of certain branches of industry and commerce, the forerunners of our modern
joint stock companies.” (ch. 11)
[6] V.I. Lenine, O Imperialismo, Fase Superior do
Capitalismo (1916) | V.I.
Lenin, Imperialism the Highest Stage of Capitalism (1916).
[7] Datas de fundação de algumas companhias que cedo se tornaram
monopólios até hoje | Foundation dates of some
companies which soon became monopolies until today: Barclays: 1896,
Krupp: 1903, IBM: 1911, Corticeira Amorim (cork
products): 1952, WalMart: 1962.
[8] Sector produtivo: actividades económicas em que há formação de valor
pelo trabalho humano: agricultura e pescas, indústrias extractivas, indústrias
transformadoras, construção, produção de energia, tratamento de água,
transportes de mercadorias.
Productive sector: economic activities where there is formation of value
by human labour: agriculture and fisheries, mining and quarrying, manufactures,
construction, production of energy, water treatment, transport of commodities.
[9] Sobre a teoria dos monopólios do sector produtivo, ver | On the theory of monopolies of the productive sector, see:
Jörg Huffschmid, Begründung und Bedeutung
des Monopolbegriffs in der marxistischen politischen Ökonomie (Fundaments and Meaning of the Concept of
Monopoly in Marxist Political Economy). In: Zur Theorie des Monopols. Staat
und Monopole (I), Argument-Sonderbande
AS 6, Argument-Verlag GmbH, Berlin, 1975, pp. 4-92; Elmar Altvater, Wertgesetz und Monopolmacht (Law of Value and Monopoly Power). Ibid., pp. 129-198.
[10] Citação em | Citation in: Elmar Altvater, Wertgesetz und Monopolmacht, de | from
Horst Heininger, Peter Hess, Die
Aktualität der Leninschen Imperialismuskritik, Frankfurt/M. 1970.
[11] Existe abundante literatura sobre domínio monopolista. Seguimos aqui dois
clássicos | There is an abundant literature on
monopolistic domination. We follow here two classics: Eugen Varga, Politico-Economic Problems of Capitalism,
Progress Pubs, Moscow ,
1968; Paul Baran, Paul Sweezy, Monopoly
Capital, Pelican Books, 1975.
[12] Estas práticas podem ser combinadas por acordos entre monopólios da mesma área de negócio.
Tais acordos frequentemente também distribuem mercados e definem outras
matérias.
These
practices can result from agreements among monopolies of the same business
area. Such agreements often comprise a distribution of markets and
understandings on other matters.
[13] Ver | See: A Super-Exploração na Produção Emigrada | The Super-Exploitation in the Emigrated Production.
[14] Ver a série de artigos sobre especulação financeira que publicámos,
em particular o artigo Jogos
com derivados (5). Ver também a revisão de T. Le Corre
do livro de Durand, C., Le capital
fictive: comment la finance s’approprie notre avenir, Paris, 2015.
See the series of articles on financial speculation posted by us,
particularly the article Jogos com derivados (5). See
also the review by T. Le Corre of the
book: Durand, C., Le capital fictive:
comment la finance s’approprie notre avenir, Paris , 2015.
[15] Há vários casos em que um novo armamento é desenvolvido mas já está
obsoleto quando pronto a ser produzido. O respectivo monopólio nada sofre
quanto a isso. Os lucros dos monopólios armamentistas são sempre garantidos e
colossais.
There are several cases of a new weapon being developed but becoming
obsolete when it is ready to be mass produced. The respective monopoly suffers
no losses with that. The profits of the armament monopolies are always assured
and colossal.
[16] Paul Windolf, Corporate Networks in Europe and United States , Oxford University
Press, 2002.