Ontem o JN voltou
a alinhar no vilipêndio de Fidel, típico dos meios de comunicação obedientes ao
Império Ianque & C.ª, conforme comentámos no artigo anterior.
A propósito das
cerimónias fúnebres o jornalista de “Está numa pedra o nome do mito” não se
esqueceu de comentar no estilo imperial a “ditadura” e os “atropelos aos
direitos humanos” na “despedida… do mito criado”. Portanto, saúde e educação
gratuitas e universais, erradicação da pobreza, desenvolvimento da cultura e da
ciência, apoio aos povos oprimidos, etc., foi tudo um “mito criado”. E, claro,
julgar e aplicar a respectiva pena judicial a quem planeia e executa actos
terroristas contra o Estado cubano é “ditadura” e “atropelos aos direitos
humanos”.
A notícia ao lado
da do “mito”, intitulada “Elogio de Ségolène causa incómodo em Paris”, foi a excepção. Então não querem lá ver que
Ségolène Royal, socialista e ministra do governo francês, fez um elogio fúnebre
de Fidel tendo dito, nomeadamente, que:
-- Fidel era um “monumento da história”,
-- “os cubanos [com Fidel] recuperaram o seu território, a sua vida, o seu
destino. Inspiraram-se na Revolução Francesa sem viver o terror da Revolução
Francesa”.
Confrontada pela
imprensa quanto “às violações dos direitos humanos”, Ségolène falou em
“desinformação” e contrapôs com
-- a “liberdade religiosa” e
-- “de consciência” que se vive em Cuba.
Quanto aos
“presos políticos”, Ségolène afirmou que sempre que se pedem as listas dos
presos políticos não as há. Acrescentou: “Forneçam-me listas. Nessa altura
poderemos fazer alguma coisa”.
* * *
Três comentários:
-- Ségolène é
mais um exemplo de que não é preciso ser-se comunista para apreciar
positivamente, e inclusive elogiar, Fidel. Basta ser-se honesto e estar bem
informado dos factos.
-- As afirmações
de Ségolène são incompatíveis com a alegada imagem de “ditadura”.
-- O escândalo
causado em Paris (o jornalista do JN diz que “fez cair o Carmo e a Trindade”)
pelas afirmações de Ségolène – pediram a Hollande que viesse a público
“corrigir” Ségolène, considerada a número três do governo!!! – é mais um
exemplo de que a tão gabada “liberdade de expressão” do “Ocidente” é em grande
parte um mito. Só há liberdade de expressão no “Ocidente” se essa “expressão”
não conflituar com os interesses imperiais. Caso contrário, quem se atreve a
tal sofre as consequências: correcções, vilipêndio, hostilização, bloqueio de
carreira, proibição de exercer a profissão, etc., até chegar a prisão ou mais
ainda.