terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Fidel no JN e… mais uma excepção

Ontem o JN voltou a alinhar no vilipêndio de Fidel, típico dos meios de comunicação obedientes ao Império Ianque & C.ª, conforme comentámos no artigo anterior.
   
A propósito das cerimónias fúnebres o jornalista de “Está numa pedra o nome do mito” não se esqueceu de comentar no estilo imperial a “ditadura” e os “atropelos aos direitos humanos” na “despedida… do mito criado”. Portanto, saúde e educação gratuitas e universais, erradicação da pobreza, desenvolvimento da cultura e da ciência, apoio aos povos oprimidos, etc., foi tudo um “mito criado”. E, claro, julgar e aplicar a respectiva pena judicial a quem planeia e executa actos terroristas contra o Estado cubano é “ditadura” e “atropelos aos direitos humanos”.
   
A notícia ao lado da do “mito”, intitulada “Elogio de Ségolène causa incómodo em Paris”, foi  a excepção. Então não querem lá ver que Ségolène Royal, socialista e ministra do governo francês, fez um elogio fúnebre de Fidel tendo dito, nomeadamente, que:
   
-- Fidel era um “monumento da história”,
-- “os cubanos [com Fidel] recuperaram o seu território, a sua vida, o seu destino. Inspiraram-se na Revolução Francesa sem viver o terror da Revolução Francesa”.
   
Confrontada pela imprensa quanto “às violações dos direitos humanos”, Ségolène falou em “desinformação” e contrapôs com
   
-- a “liberdade religiosa” e
-- “de consciência” que se vive em Cuba.
   
Quanto aos “presos políticos”, Ségolène afirmou que sempre que se pedem as listas dos presos políticos não as há. Acrescentou: “Forneçam-me listas. Nessa altura poderemos fazer alguma coisa”.
   
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Três comentários:
   
-- Ségolène é mais um exemplo de que não é preciso ser-se comunista para apreciar positivamente, e inclusive elogiar, Fidel. Basta ser-se honesto e estar bem informado dos factos.
   
-- As afirmações de Ségolène são incompatíveis com a alegada imagem de “ditadura”.
   

-- O escândalo causado em Paris (o jornalista do JN diz que “fez cair o Carmo e a Trindade”) pelas afirmações de Ségolène – pediram a Hollande que viesse a público “corrigir” Ségolène, considerada a número três do governo!!! – é mais um exemplo de que a tão gabada “liberdade de expressão” do “Ocidente” é em grande parte um mito. Só há liberdade de expressão no “Ocidente” se essa “expressão” não conflituar com os interesses imperiais. Caso contrário, quem se atreve a tal sofre as consequências: correcções, vilipêndio, hostilização, bloqueio de carreira, proibição de exercer a profissão, etc., até chegar a prisão ou mais ainda.