Se não existirem obstáculos, a pena acabará sempre por cair no chão. A força da
gravidade é o factor determinante
deste desfecho. Os outros factores são acessórios.
Podem em maior ou menor grau sobrepor-se à acção da gravidade, mas a tendência de queda provocada pela
gravidade está sempre presente e ganhará no final. Sem o factor
determinante da gravidade a pena poderia nunca cair no chão. Isto é, a
gravidade é o factor (a causa) sine qua
non da queda no chão.
Vejamos agora o que são «factores determinados» recorrendo
ao exemplo da queda de um corpo. São bem conhecidas as imagens da queda de
meteoritos em chamas devido ao aquecimento provocado pelo atrito na
atmosfera. De facto, qualquer corpo aquece ao cair, devido ao atrito do ar
(embora de forma extremamente diminuta no caso da pena). A camada de ar
circundante também aquece. Este aquecimento é um factor determinado pela queda por acção da gravidade. Podemos
dizer que a força da gravidade – o factor determinante – é o factor independente
ou primário, enquanto o aquecimento provocado pela queda é o factor
dependente ou secundário. A existência do factor determinado depende da
existência do factor determinante. Ocorre também o seguinte neste e em muitos
outros casos: o factor determinado
modifica a forma de actuação do factor determinante numa relação dinâmica,
dialéctica. Consiste aqui no seguinte: o aquecimento da camada de ar dá
lugar a uma corrente de ar local e ascensional que contraria a acção da
gravidade. O efeito é diminuto mas existe [15].
Muitos dos factores determinados da história têm a ver com
a consciência dos homens, que reage a muitos factores, materiais ou não,
incluindo a acção consciente de outros homens. É aqui o momento de assinalar
que, apesar do determinismo das leis históricas, a história não é uma narrativa pré-determinada. É impossível
prever como reage a consciência dos homens aos inúmeros factores da sociedade
em que vivem, muitos dos quais imprevisíveis. A própria existência de qualquer
ser humano é imprevisível. Olhando para a figura 2, podemos imaginar uma
sociedade representada por uma pena cujas barbas reagem «consciente» e
imprevisivelmente ao vento, atrito do ar, etc. As mais diversas trajectórias
são possíveis e, embora a pena acabe sempre por cair no chão, o instante e
local da queda são imprevisíveis.
2.4 Explicações idealistas da história
Apesar de sabermos que uma teoria científica da história
requer causas materiais determinantes, vale a pena passar em revista as
explicações idealistas da história. Quanto mais não seja porque algumas
dessas explicações constantemente reemergem sob novas e pseudo-científicas
roupagens.
Note-se que o materialismo histórico não nega o papel das
ideias dos homens. Ao fim e ao cabo são homens concretos com as suas ideias
que fazem a história. Essas ideias têm muitas vezes um enorme papel, quer
animando os homens nos empreendimentos mais difíceis, chegando ao ponto do
sacrifício da vida, em nome de ideais de justiça e liberdade, quer
acorrentando-os a concepções mercenárias e predatórias, racistas e xenófobas,
em nome das quais cometem as maiores barbaridades.
Mas a concepção idealista da história não vê que nos pensamentos é a própria realidade que se
reflecte, e que, por isso mesmo, não é
a partir dos pensamentos que se pode compreender a realidade de uma
época, mas que é a partir da realidade que se pode compreender os pensamentos
dessa época. Assim, as ideias dos homens, a ideologia de grupos e partidos
políticos, não podem ser factores determinantes. São factores determinados pela existência de causas materiais. Como
diz Marx: «Não é a consciência dos homens que lhes determina a existência; é,
ao invés, a sua existência social que lhes determina a consciência.» [16]
2.4.1 A Providência
A invocação de Deus ou deuses como explicação da história
remonta à antiguidade. A guerra de Tróia, por exemplo, era apresentada pelos
antigos gregos como causada por uma disputa divina. A situação pouco se
alterou até aos dias de hoje. Encontrámos na Internet um portal católico onde
a guerra é explicada como uma punição de Deus pelos pecados humanos [17].
Em todos os tempos os ditadores mais brutais têm recorrido
a um Deus-Providência como justificação dos seus actos. Hitler também diz no Mein Kampf,
que a história é obra da Providência, agradecendo-lhe ter posto o lugar do seu
nascimento na
fronteira austríaca.
A seguinte observação é importante [1]: «Tornar Deus ou a Providência
responsáveis pela história, eis uma teoria cómoda:
os homens nada podem, e, por conseguinte, nada
há a fazer
contra a guerra, é preciso consenti-la.»
Qualquer explicação
científica assenta em causas materiais.
Aqui, como noutros domínios do conhecimento, invocar Deus ou deuses como
explicação equivale a dizer que desconhecemos as causas e carecemos de
explicação.
2.4.2 Imperativos morais
Lemos nos jornais as seguintes frases: «mudar a sociedade
[para «melhor», supostamente]», «sociedade mais virtuosa», «sociedade mais
justa», «sociedade com novas [melhores] atitudes». Não há nada de mal nestes
anseios morais, assumindo que «melhor» e «novo» significam progresso social.
O problema está em como concretizá-los. Há quem aponte imperativos morais
como um importante factor histórico. Será que é verdade?
Há milhares de anos que personagens influentes difundem
ideais morais, de amor, virtude e justiça, mas com resultados medíocres. O
imperador romano Marco Aurélio escreveu belas frases sobre os homens, como
«Que é, pois, o que merece os nossos cuidados? Somente isto: os pensamentos
conformes à justiça, proceder tendo em vista o bem social, nunca enganar
ninguém [...]»; contudo, debalde procuraríamos na sua obra [18]
uma reflexão sobre o trabalho escravo. Marco Aurélio tinha uma visão
resignada, pessimista e estática do mundo; estava preso, nas suas concepções,
ao modo de produção esclavagista da sua época, que considerava os escravos
como meros «instrumentos falantes». Apesar de ser imperador, os seus anseios
morais não modificaram a realidade.
Muitos homens religiosos, das mais diversas religiões,
também têm defendido desde tempos imemoriais «não matarás»; contudo,
abençoaram e ainda hoje abençoam exércitos em confronto e as suas
carnificinas ao serviço dos poderosos. Inclusive, quando os exércitos em
presença são da mesma religião.
O trabalho escravo ressuscitou com o colonialismo. No Sul
dos EUA a produção em enormes latifúndios de cultura algodoeira estava a
cargo de escravos. Os altos dignitários do clero nada acharam de imoral nesse
retorno ao esclavagismo.
Um exemplo gritante da dependência da moral do modo de
produção é a posição do padre jesuíta António Vieira [19] nos
inícios da colonização do Brasil no século XVI. Os colonos organizavam
caçadas aos índios, que eram escravizados a fim de trabalharem na construção
de casas, fortificações, e engenhos da cana-de-açúcar. António Vieira opôs-se
a tais caçadas. Mas não se opôs à importação maciça de escravos africanos,
argumentando que era errado escravizar os índios mas se podia escravizar os
africanos.
Hoje em dia, subsistem o trabalho escravo, o tráfico
humano, a opressão e a exploração, os contrastes mais gritantes entre miséria
e luxo. É certo que se levantam vozes e iniciativas contra esses males,
invocando razões morais. Todas de fracos resultados porque os mesmos males
permanecem. Não são imperativos morais que irão resolver as questões sociais,
mas sim a modificação das causas materiais: o modo de produção social.
De facto, os
imperativos morais são factores determinados e não determinantes da história.
Por exemplo, o esclavagismo no Sul dos EUA acabou, não devido a imperativos
morais, mas sim porque já não correspondia aos interesses do desenvolvimento
capitalista dos Estados nortistas.
2.4.3 Imperativos ideais
Há também quem enfatize o papel, no desenvolvimento
histórico, de determinados ideais sociais, da construção de uma nova e mais
justa sociedade. Assim, diz-se, por exemplo, que foram os ideais de
liberdade, igualdade e fraternidade que, guiando as políticas dos países
europeus e dos EUA desde as respectivas revoluções burguesas, os tornaram países
socialmente avançados. Contudo, a escravatura dos estados sulistas dos EUA
não encaixa no quadro de mais justa sociedade; assim como também não encaixa
a brutal exploração, doméstica e colonial, dos trabalhadores durante todo o
século XIX e primeira metade do século XX. Também não encaixa a crescente
desigualdade social com o neoliberalismo, desde meados dos 1970.
De facto, também neste tema se podem apontar inúmeros
exemplos de que o factor determinante é o modo de produção e não os imperativos
ideais, mesmo que defendidos com empenho e sinceridade. Em 138 d.C. deu-se
uma revolução vitoriosa de escravos na Sicília. Apesar do anseio de liberdade
que animava os escravos, estes promoveram o seu chefe Eunus a rei com poderes
absolutos, e o modo de produção esclavagista continuou [20]. O
modo de produção e o estado das forças produtivas da época prevaleceu sobre o
ideal de liberdade. Outro exemplo é o dos socialistas utópicos (Louis Blanc,
Saint Simon, Fourier, Owen); apesar da elaboração detalhada dos seus ideais sociais,
e até de algumas experiências práticas, eles não conseguiram modificar a sociedade
[0].
Uma variante de imperativo ideal diz respeito ao papel da cultura.
Dizem alguns que é a cultura que determina o desenvolvimento social. Mas a
cultura e a sua correlata, a educação, não se obtêm sem recursos materiais.
Portanto, não são a educação e cultura que são causas determinantes do
desenvolvimento económico, mas, pelo contrário, é o desenvolvimento económico
que é causa determinante da educação e cultura. A educação e cultura são
factores determinados, sempre dependentes dos interesses da classe social
dominante, como ilustram dramaticamente as barbaridades do Kulturvolk alemão durante o nazismo.
A ideia errada do papel da cultura no desenvolvimento sócio-económico
foi recentemente ressuscitado pela teoria idealista e pseudo-científica das
«dimensões culturais» de Hofstede [21] que parece ter bastantes
seguidores.
2.4.4 O papel das grandes personalidades
O materialismo histórico não nega o papel de grandes
personagens, mas, como é dito em [1], «Sendo indubitavelmente importante o
estudo do pensamento e do carácter de grandes personalidades, sendo muito
compensadora a leitura atenta das memórias, da correspondência, etc., desses
homens, nem um nem outra são, contudo, suficientes para compreendermos
realmente o curso da história.»
Marx observou justamente a este respeito: «Os homens fazem
a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a
fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se
defrontam directamente, legadas e transmitidas pelo passado» [22].
Engels complementou brilhantemente esta constatação [23]:
«Se procurarmos, portanto, as forças motrizes que –
consciente ou inconscientemente e, por certo, com muita frequência,
inconscientemente – estão por detrás dos móbeis das acções históricas dos
homens e que, de facto, constituem as forças motrizes últimas da história, os
móbeis dos indivíduos, por muito eminentes que sejam, não serão tão
importantes como os móbeis que põem em movimento as grandes massas, povos
inteiros e, em cada povo, por seu turno, classes inteiras, os móbeis que
levam os povos não a uma mera efervescência passageira e a um fogo de pouco
dura, mas sim a uma acção duradoura que culmina numa grande transformação
histórica. Trazer à luz do dia as causas motoras que no espírito das massas
em acção e no dos seus chefes – aqueles que são chamados, vulgarmente,
grandes homens – se reflectem de um modo claro ou confuso, directamente ou
sob uma forma ideológica ou mesmo divinizada, como objectivos conscientes,
esta é a única via que nos poderá levar à descoberta das leis que, no
conjunto, nas diferentes épocas e países, dominam a história. Tudo o que põe
os homens em movimento deve passar necessariamente pelos seus cérebros; mas a
forma que aí vier a tomar dependerá muito das circunstâncias.»
Sempre existiram personalidades corajosas e
intelectualmente brilhantes que dedicaram as suas forças a lutar por
sociedades mais justas. Na Revolução Francesa os chefes mais radicais dos
jacobinos, Robespierre, Couthon e Saint Just, desenvolveram os maiores
esforços para construir uma sociedade mais virtuosa e mais justa. Contudo,
tinham uma noção errada do desenvolvimento económico e social e não fizeram
mais do que afastar – sem disso se aperceberem – os obstáculos que ainda
tolhiam o desenvolvimento do capitalismo em França, acabando por ser
executados por aqueles mesmos a quem entregaram a vitória da revolução: a
burguesia.
Lenine, pelo contrário, conhecia bem as leis do
desenvolvimento histórico para as quais deu importantes contribuições. Esse
conhecimento teve um grande papel no sucesso da Revolução de Outubro na
Rússia e, mais tarde, na construção do socialismo na URSS. Mas mesmo Lenine
não teria sido capaz de tais sucessos se não existissem factores materiais
determinantes.
Acresce que, mesmo com o conhecimento das leis históricas
e com condições objectivas e subjectivas adequadas, não fica assegurado o
êxito das revoluções e das acções políticas em geral. Como vimos acima, há
sempre na história a influência de factores imprevisíveis que nenhuma
personagem por «maior» que seja consegue evitar. Marx observou justamente [24]:
«A história mundial seria, aliás, muito fácil de fazer se a luta fosse
empreendida apenas sob a condição de probabilidades infalivelmente
favoráveis. Ela seria, por outro lado, de natureza muito mística se as
“casualidades” não desempenhassem nenhum papel. Estas casualidades ocorrem
elas próprias naturalmente no campo geral do desenvolvimento e são de novo
compensadas por outras casualidades. Mas a aceleração e o retardamento estão
muito dependentes de tais “casualidades”, entre as quais figura também o
“acaso” do carácter das pessoas que no início estão à cabeça do movimento.»
O conhecimento das leis históricas e das condições
objectivas e subjectivas existentes é uma condição necessária mas não
suficiente do sucesso das acções dos homens.
A finalizar, notemos que também os reaccionários defendem
o papel determinante de «grandes» personalidades defensoras da opressão de
trabalhadores e de nações. Tais personalidades não estão animadas de ideais
de progresso social mas sim de concepções elitistas; não necessitam de
grandes conhecimentos e muito menos de conhecimentos científicos. Bastam-lhes
mistelas de ideias adequadas à exploração demagógica de preconceitos
populares.
2.5 Explicações materialistas da história
Os seguintes factores materiais foram propostos por vários
estudiosos: 1) Condições geográficas e climáticas; 2) Conquistas; 3)
Densidade populacional; 4) Raça; 5) Modo de produção. Iremos ver que os quatro
primeiros factores são acessórios. Só o quinto factor, proposto pela primeira
vez por Marx e Engels, é determinante.
2.5.1 Condições geográficas e climáticas
É sabido que as mais antigas civilizações nasceram em
vales férteis de grandes rios de clima temperado a sub-tropical – Egipto no
rio Nilo, Suméria-Acádia na Mesopotâmia (rios Tigre e Eufrates), China nos
rios Huang-He e Yang-Tze. Menciona-se também o mar Mediterrâneo como berço de
civilizações.
Compreende-se que as condições geográficas e climáticas
favoráveis à vida (produção de alimentos, comércio, construção de habitações,
etc.) tiveram papel de relevo no arranque civilizacional. Mas serão elas
factores determinantes da história? Inúmeros exemplos desmentem tal sugestão:
muitos povos também viveram em vales férteis de grandes rios de clima
temperado a sub-tropical (Mississipi, Paraná, Zambeze, Danúbio, etc.) e não
criaram grandes civilizações; na alta Idade Média os povos nórdicos europeus
viviam em condições geográficas e climáticas pouco favoráveis e, contudo,
passaram rapidamente do estado de comunidades tribais à fundação de reinos
feudais que ultrapassaram as condições de vida no Egipto e na Mesopotâmia; os
Incas criaram uma brilhante civilização em condições geográficas e climáticas
adversas nas encostas gélidas dos Andes; Portugal tornou-se um importante
reino europeu nos séculos XV e XVI devido ao seu papel pioneiro no comércio
marítimo transcontinental, não porque fosse melhor dotado de condições
geográficas e climáticas que outros reinos europeus; hoje, Portugal está na
cauda da Europa apesar das condições climáticas e geográficas continuarem a
ser, no essencial, as mesmas; muitos dos actuais povos esquimós estão num
estado de desenvolvimento social idêntico ao de outros povos, apesar de
viverem em regiões sumamente inóspitas; etc.
Logo que o desenvolvimento social atinge determinado
nível, as condições geográficas e climáticas tornam-se pouco ou nada influentes
do desenvolvimento histórico, dado que o próprio homem pode intervir nelas e
até criá-las artificialmente (ar condicionado, secagem de terrenos, etc.).
2.5.2 Conquistas
Referindo-se ao papel «da
violência, da guerra, da pilhagem, da rapina sangrenta, etc.» na história,
diziam assim Marx e Engels [25]: «É muito usual a
ideia de que na história tudo se resumiu até agora a tomadas de poder. Os
bárbaros tomam o império romano, e com o facto desta tomada se explica a
passagem do mundo antigo para a feudalidade. Mas, na tomada pelos bárbaros,
trata-se é de saber se a nação que é ocupada desenvolveu forças produtivas
industriais, como é o caso com os povos modernos, ou se as suas forças
produtivas assentam principalmente na sua união e no sistema comunitário. O
tomar é ainda condicionado pelo objecto tomado. A fortuna em papel de um
banqueiro não pode de modo nenhum ser tomada sem que aquele que a toma se
submeta às condições de produção e de intercâmbio do país tomado. Do mesmo
modo, todo o capital industrial de um país industrial moderno. E, por fim, o
tomar acaba muito depressa em toda a parte, e quando nada mais há para tomar
tem de se começar a produzir.»
É sabido que vários países europeus conquistaram possessões
coloniais nos séculos XVI a XIX. Tais conquistas aceleraram o desenvolvimento
económico dos colonizadores (importação de matérias-primas a baixo custo,
exploração brutal da mão-de-obra colonial, exportação para os mercados
coloniais, etc.). Contudo, o colonialismo não teve um impacto idêntico em
todos os países colonizadores. Apesar do seu Império de longa duração,
Portugal tornou-se cada vez mais atrasado, social e economicamente, face a
todos os outros países colonizadores. Desde o fim da 2.ª Guerra Mundial que as
conquistas são cada vez menos físicas. Os «conquistadores» imperialistas
actuam agora maioritariamente por métodos neocoloniais de subjugação por
dependência económica. Apesar destas conquistas e dos benefícios que os
neocolonizadores receberam, a situação actual – a avaliar pelos próprios
relatórios imperiais (FMI, BM, etc.) – está longe de ser brilhante para os
neocolonizadores, tendo-se inclusive verificado uma regressão no seu
desenvolvimento sócio-económico.
2.5.3 Densidade populacional
Alguns historiadores – incluindo os defensores
reaccionários do «espaço vital» – têm
apontado a «pressão populacional» como causa importante da história. Causa
que explicaria as grandes migrações de povos na antiguidade. Não é certo,
porém, que tal causa tenha tido aí papel relevante. Para além da densidade
populacional na antiguidade ser extremamente baixa, existem claramente outras
causas dessas migrações: desastres naturais, atracção por territórios mais
férteis, atracção pela pilhagem, etc.
Não se encontra na história qualquer correlação entre a
densidade populacional e o desenvolvimento económico e social. Portugal, por
exemplo, quando deu um salto em frente na fase mercantilista com a fundação,
no início do séc. XVI, de feitorias na Ásia, África e Brasil tinha uma
densidade populacional muito baixa, já que a população total não excederia um
milhão e meio de habitantes [26]. Também não se encontra, nos
tempos recentes, qualquer correlação entre densidade populacional e nível de
vida, quer nas condições capitalistas quer nas condiçõess socialistas. Os
EUA, o Zimbabwe e a R. D. Congo têm densidades populacionais semelhantes
(resp., 32, 32 e 31 hab/km2 [27]) e níveis de vida
muito diferentes, com valores do IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano [28]) de 0,914, 0,492 e 0,338.
Moçambique e Estónia têm densidades populacionais semelhantes (29, 28 hab/km2)
mas IDHs completamente distintos (0,393, 0,840). Cuba tem menor densidade
populacional que o Vietname (100, 276 hab/km2) mas maior IDH
(0,815, 0,638). Etc.
Importa notar que os avanços civilizacionais têm permitido
proporcionar níveis de vida semelhantes ou até superiores mesmo com aumento
de densidade populacional. É certo que os recursos do planeta não são
infinitos, mas, como argumentámos noutro local [29], a questão da
sustentabilidade é essencialmente uma questão de desperdício e desigualdade
social capitalistas, só resolúvel com o socialismo.
2.5.4 Raça
Ainda hoje alguns historiadores e intelectuais reaccionários
defendem o papel da superioridade racial. A discriminação racial surgiu com o
colonialismo, como justificação da pretensa superioridade da raça branca, que
legitimaria a escravização de africanos e ameríndios e o seu extermínio.
Justificaria mais tarde a opressão de povos asiáticos e seus trabalhadores
migrantes, como a brutal exploração de trabalhadores chineses na construção
das primeiras vias-férreas dos EUA. No século XX, é conhecido o uso que os
nazis fizeram da teoria eugénica de apuramento da raça ariana, que justificou
a gigantesca pilhagem dos judeus e o seu trabalho até à morte como escravos. Actualmente
o conceito de raça continua ainda a servir para justificar privilégios e
desigualdade social.
As recentes descobertas científicas trouxeram um claro
desmentido da noção popular de raça e do seu papel histórico. Um número
diminuto de cientistas [30] continua, porém, a fornecer
justificações «científicas» aos governos capitalistas – inclusive, daqueles países
que se gabam de ser anti-racistas – usadas na menorização de povos e na
manutenção de políticas discriminatórias. Dois temas recorrentes dessas
justificações: 1) a inteligência difere com a raça; 2) os negros nunca
fizeram nada na história.
Comecemos por clarificar o conceito de raça [31-35].
A investigação genética dos últimos trinta anos [36] desmentiu a
ideia de raça como espécie. Todos os seres humanos pertencem à mesma espécie,
Homo sapiens [37].
A variação genética dentro de um dado grupo étnico é em média de 85%, enquanto
só os restantes 15% correspondem a
variações entre grupos; além disso,
destes 15% apenas entre 6% a 10% correspondem a variações de aspectos
morfológicos que associamos à ideia de raça: cor da pele, forma do
cabelo, do nariz, dos olhos, etc. Assim, por exemplo, um nigeriano pode ter
uma maior semelhança genética com um sueco do que com outro nigeriano.
A cor da pele depende de 6 de 20.000 pares de genes, 0,03%
do total. Há, porém, centenas de outros genes que têm um papel menor e
ocasional na pigmentação, o que torna impossível uma classificação biológica
da pigmentação. Não existem variantes de genes de pigmentação que só e sempre
se encontrem numa suposta «raça branca» e não noutras raças. A pele escura
surgiu como adaptação à exposição solar (filtro de radiação ultravioleta
causadora de melanomas) em populações geneticamente muito distintas da
África, Austrália e Sul da Ásia. Mais distintas geneticamente do que populações
negras da África face a populações nórdicas da Europa. O mesmo se pode dizer
relativamente a outros caracteres morfológicos: apesar da crença popular de
que o cabelo encarapinhado só se encontra entre os negros africanos, ele de
facto encontra-se em populações de muito diferentes pigmentações; os povos da
África Ocidental têm geralmente nariz largo, tal como os mongóis ou outros
povos asiáticos, enquanto os da África Oriental, com pele escura, têm narizes
estreitos; etc. De facto, existe toda uma série contínua de caracteres morfológicos que não variam
correlacionadamente mas sim independentemente uns dos outros, podendo-se
arquitectar as mais diferentes estruturas classificativas de categorias discretas – artificialmente discretas
– de raças.
O papel das classificações raciais tem evoluído ao longo
da história. Os antigos egípcios não ligavam à raça e tiveram faraós
«brancos» e «negros». Já a África do Sul (particularmente durante o apartheid), EUA e Brasil são exemplos de
países onde se praticou/a a exploração de preconceitos raciais ao serviço da
classe dominante. As próprias designações etnico-raciais têm evoluído confusamente.
O termo «hispânico» é usado nos EUA sem muitos se aperceberem que cobre
populações bem distintas do ponto de vista genético, cultural e linguístico. O
mesmo acontece com os «pardos» no Brasil. A confusão também existe na
correspondência raça-etnia: muitos judeus soviéticos consideravam-se como
judeus na URSS, mas passaram a considerar-se russos quando emigraram para os
EUA [35]; nos censos dos EUA indivíduos classificados como
«brancos» podem ter sido classificados como pretos ou mexicanos em censos
anteriores [33] .
A maioria dos antropologistas está hoje de acordo que
«raça» não é um conceito suportado biologicamente. Não existe uma definição única
de raça e, qualquer que seja a definição baseada em caracteres morfológicos,
poderíamos saber o genoma completo de uma pessoa sem com isso ficarmos a
saber a sua raça. Raça é um construto
social. Mutável como todas os construtos sociais.
Tal como acontece com raça, também não existe uma definição
única de inteligência [33, 35, 38];
ninguém sabe exactamente o que é. Diz-se que a inteligência está ligada à
capacidade de resolver problemas, à adaptação ao meio ambiente e à capacidade
de aprendizagem, supostamente medidas por testes de QI. Acontece que todos
estes critérios são fluidos e sempre vistos na perspectiva da elite «branca»
e «ocidental». Os testes de QI colocam problemas de reconhecimento de padrões
com polígonos. São problemas que nada têm a ver, por exemplo, com a cultura
dos hotentotes que nunca «viram» polígonos. Se os testes envolvessem a
compreensão de trilhos entrecruzados de pegadas de animais certamente os
hotentotes obteriam pontuação máxima nos testes e a elite «branca» seria
classificada como idiota. Em suma, os testes de QI apenas medem qualquer
coisa – ninguém sabe muito bem o quê – que a «cultura ocidental» julga ser
inteligência.
Há quem procure fundamentar
geneticamente a inteligência e defenda a sua herdabilidade. Todavia, não
foram descobertos quaisquer genes ligados à inteligência (i.e., a capacidades
de aprendizagem) e a herdabilidade da inteligência é um mito [33].
Além disso, ao contrário do que alguns afirmam, não é a inteligência que influencia
o estatuto socio-económico mas, pelo contrário, é o o estatuto
socio-económico que influencia a inteligência. Dois resultados (entre muitos)
de comparações de valores de QI de brancos e negros dos EUA suportam esta
afirmação: 1) O QI médio dos negros era, na década de 1970, cerca de 15
pontos abaixo da média dos brancos. Este achado foi muito agitado cerca de
1975 pelos reaccionários, como pretensa demonstração da inferioridade dos
negros. Poucos anos depois, surgiram estudos estatísticos mostrando que,
quando se restringiam os brancos às mesmas condições sócio-económicas dos
negros (rendimento, escolaridade, etc.) a diferença de QIs médios baixava
drasticamente e não tinha significado. 2) Com a melhoria progressiva das
condições socio-económicas dos negros dos EUA a diferença dos QIs médios tem
diminuído, para cerca de 7 pontos em 2005.
É claro que, apesar de todos
os estudos e de toda a acumulação de evidência científica, sempre haverá quem
use resultados truncados e mal digeridos para propôr, como disse o biólogo Stephen
Jay Gould, um «manifesto de ideologia conservadora» justificando a existência
de uma «subclasse permanentemente pobre de população geneticamente inferior» [38].
Isto é, justificando o darwinismo social [0].
Quanto à ideia de que os
negros nunca fizeram nada na história, ela também é falsa e fruto da
desinformação «ocidental». Na África negra existiram muitos reinos e impérios
importantes [39], com descobertas científicas e tecnológicas
surpreendentes [40]. Nos tempos actuais, e apesar de partirem de
um baixo nível de desenvolvimento e de difíceis problemas sociais herdados do
colonialismo (tribalismo, fronteiras artificiais, etc.), muitas nações
africanas têm tido um desenvolvimento social e económico notável. O Botswana,
um dos mais pobres países do mundo em 1960 (70 US$ PIBpc=per capita), tinha em 2013 um PIBpc de 15.752 US$, 225 vezes
maior! (O da Bulgária era de 15.732 US$.) É certo que o Botswana tem grandes
riquezas minerais. Mas o mesmo acontece com a África do Sul com um PIBpc de
12.867 US$. Além disso, o IDH do Botswana era (também em 2013) de 0,683,
superior ao do Egipto (0,682), Bolívia (0,667) e África do Sul (0,658). Com
uma taxa de crescimento anual do PIB superior a 5%, o Botswana, de acordo com
a Transparency International, tinha
um ICP (Índice de Percepção da Corrupção) de 31, melhor que o da Espanha
(37). Cabo Verde tem escassos recursos naturais. Não surpreende que o seu PIBpc
seja baixo (6.416 US$); mas é superior ao da Bolívia (6.131 US$), tem um IDH
de 0,636, superior ao de Marrocos (0,617), e um ICP de 42, entre a Eslovénia
(39) e a Coreia do Sul (43).
2.5.5 Modo de produção
No discurso proferido junto ao túmulo de Marx, Engels
resumiu bem o cerne do materialismo histórico ao dizer que a descoberta de
Marx consistia em «que os homens precisam, antes de tudo, de comer, beber,
ter uma casa e vestir-se, antes de poderem dedicar-se à política, à ciência,
à arte, à religião, etc; que, portanto, a produção dos meios de vida
materiais directos e, com ela, a respectiva fase de desenvolvimento económico
de um povo ou de um período, constituem a base a partir da qual se
desenvolveram as instituições do Estado, as concepções do direito, a arte e
mesmo as representações religiosas dos homens em questão, e a partir da qual,
por isso, estas têm também de ser explicadas – e não ao contrário, como tem
acontecido até aqui».
Conforme é esclarecedoramente dito em [1] (itálicos nossos):
«Quando estudamos a história, logo vemos que a única condição material da
vida social que se altera, tanto quanto a própria sociedade, é a produção
material, a maneira, o modo de produzir os bens necessários à vida. Vemos também que há na história da
sociedade períodos claramente separados uns dos outros e que cada um destes
períodos é sempre caracterizado por uma maneira, um modo de produzir iguais
em toda a parte, independentemente das condições climáticas, geográficas,
biológicas, rácicas, e das condições relativas ao movimento da população.
Logo, o modo de produção da vida material da sociedade é a base determinante,
decisiva e última do desenvolvimento histórico.»
Define-se modo de
produção como sendo um factor de desenvolvimento histórico constituído por
dois componentes indissociáveis: forças
produtivas; relações de produção.
As forças produtivas de uma sociedade são os trabalhadores – com as suas
experiências e conhecimentos de (ou relacionados com) produção – e os meios de produção (instrumentos,
equipamentos, edifícios, tecnologias, materiais, solos, etc.) com os quais os
trabalhadores transformam recursos cuja base geral é a natureza.
As relações de produção são as relações que os homens
estabelecem entre si consoante o nível de desenvolvimento das forças
produtivas. «Estas podem ser relações de cooperação, de troca de bens, de
comércio, mas também – sobre a base da propriedade privada dos principais
instrumentos de produção, ou do solo ou das riquezas minerais – relações em
que são explorados os que nada possuem.» [1]
Conforme diz Marx [41]: «Na produção os homens
agem não só sobre a natureza, mas ainda uns sobre os outros. Não podem
produzir sem colaborarem de maneira determinada e sem estabelecerem um
intercâmbio de actividades. Para produzir, os homens contraem determinadas
ligações e relações uns com os outros, e é através dessas ligações
e relações sociais que se estabelece a sua acção sobre a natureza, que se
efectua a produção.»
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If
the feather finds no obstacles in its way it will ultimaely fall on the ground. The force of gravity is the determinant factor of this outcome. The
other factors are accessories. They
may in a large or small degree superimpose to the force of gravity, but the tendency to fall caused by the gravity
is always present, and will win in the end. Without the determinant
factor of the gravity the feather might never fall on the ground. That is, gravity
is the sine qua non factor (cause) of
falling on the ground.
Let
us now see what “determined factors” are, using the same example of a falling
body. Images of falling meteorites are well known. They fall in flames due to
the heating up caused by atmospheric friction. In fact, every body heats up
when falling due to air friction (albeit in an extremely tiny way in the case
of a feather). The surrounding air layer also heats up. This heating up is a factor determined by the fall under
gravity action. We may say that the force of gravity – the determinant factor
– is the primary or independent factor, whereas the heating up caused by the
fall is the secondary or dependent factor. The existence of the determined
factor depends on the existence of the determinant factor. In this and other
cases the following observation is also to be noticed: the determined factor modifies the way the determinant factor
operates, in a dynamic, dialectical relation. It operates here as follows:
the heating up of the air layer gives rise to a local upward flow of air
which goes contrary to the action of gravity. This effect is tiny but does
take place [15].
Many
of the determined factors of history are related to the conscience of men,
which reacts to many factors, be they material or not, including the
conscience of other men. To this respect one should emphasize that, in spite
of the determinism of historical laws, history
is not a preordained narrative. It is simply impossible to foresee how
the conscience of men reacts to the numberful factors of the society they
live in, many of which are unforeseeable. The existence itself of any human
being is unforeseeable. Looking to Figure 2, one may imagine a society as
being represented by a feather whose barbs react “consciously” and
unforeseeably to the wind, the air friction, and so on. A huge variety of
trajectories is possible, and though the feather will end up by falling on
the ground, the time instant and place of this event are unforeseeable.
2.4 Idealist
explanations of history
In
spite of the fact that we know that a scientific theory of history requires
determinant material causes, it is nevertheless instructive to review the
idealist explanations of history. If only because some of these explanations
constantly resurface under new and pseudo-scientific dressing.
Notice
that historical materialism doesn't deny the role played by the ideas of men.
After all, history is made by concrete men with their ideas. These ideas
often have an important role, either by inspiring men in the most difficult
endeavors, to the point of sacrificing their lives defending ideals of
justice and freedom, or by chaining them to mercenary and predatory
conceptions, racist and xenophobic, in whose dependence they commit
unimaginable atrocities.
The
point here is that the idealist conception of history is blind to the fact
that in the thoughts of men we see reflected reality itself; for this reason,
it is not from the thoughts that the reality of an epoch can be understood; rather,
it is from the reality that the thoughts of an epoch can be understood. Consequently,
the ideas of men, the ideology of groups and of political parties cannot be
determinant factors. They are factors
determined by the existence of material causes. In the words of Marx: "It
is not the consciousness of men that determines their being, but, on the
contrary, their social being that determines their consciousness." [16]
2.4.1 Providence
Invoking
God or gods as explanation of history goes back to the ancient times. The war
of Troy, for
instance, was presented by the ancient Greeks as caused by a divine dispute. To
this respect, not much has changed till the present times. We found in the Internet
a Catholic site where wars are explained as the punishment of God for the
sins of men [17].
In
all times the most brutal dictators have resorted to a God-Providence as
justification of their acts. Hitler also says in Mein Kampf
that history is the work of Providence, thanking it of having put his
birthplace in the Austrian border.
To
this respect the following observation is worth mentioning [1]: "Taking
God or the Providence as responsible for history, is a handy [opportunistic] theory indeed:
men can do nothing, therefore there is nothing to do against war, one is
obliged to consent it."
Every scientific explanation is
based on material causes. Here, as in
other areas of knowledge, invoking God or gods as explanation is tantamount
of saying that we don't know the causes and do not have any explanations.
2.4.2 Moral
imperatives
We
read the following sentences in newspapers: "to change the society [supposedly,
for better]", "a more virtuous society", "a society with
more justice", "a society with new [better] attitudes". There
is nothing wrong with these moral yearnings, assuming "better" and
"new" mean social progress. The problem is how to concretize them. Some
people claim that moral imperatives are an important historical factor. Is
this true?
Since
thousands of years that notable people propagate ideas of love, virtue, and
justice, with mediocre results. The Roman emperor Marcus Aurelius wrote very
nice sentences about men, such as: "What is then the thing deserving our
care? Only this: thoughts in agreement with justice, to act having in view
the social welfare, never deceive anyone [...]"; nonetheless, one would
search in vain his work [18] for a meditation about the work of
slaves. Marcus Aurelius had a resigned, pessimistic and static view of the
world, and was tied in his conceptions to the slave mode of production of his
time, which considered slaves as mere "speaking instruments". Though
he was an emperor his moral yearnings did not modify reality.
A
multitude of religious men, from various religions, have also defended since
immemorial times "thou shall not kill"; nevertheless, they have
blessed and even today they bless confronting armies and their bloodsheds at
the service of the powerful strata. And they do that even when the
confronting armies are of the same religion.
The
slave work was resuscitated with colonialism. In the South of USA the
production in large land estates of cotton culture was the toil of slaves. The
high clergy dignitaries didn't find anything immoral in this return to slave
work.
A
glaring example of the dependence of morals on the way of production is the
position of the Jesuit priest António Vieira [19] in the early
times of the colonization of Brazil in the 16th century. The colonists
organized hunting expeditions of Indians who were enslaved and forced to
build houses, fortresses and work in the sugarcane "engenhos".
António Vieira did oppose to such hunting expeditions. But he did not oppose
the massive importation of slaves from Africa, arguing that it was wrong to
enslave Indians but that one could enslave the Africans.
Nowadays,
we still find slave work, human trafficking, oppression and exploration, the
most blatant contrast between misery and luxury. Surely, many voices and
initiatives stand up against these evils, invoking moral reasons. All with meagre
results since the same evils go on and on. We may rest assure that moral
imperatives will not solve social issues. The solution has to be based on
changing the material causes: the social mode of production.
There
is no doubt whatsoever that moral
imperatives are determined factors, not determinant factors of history. For
instance, the slave work in the South of USA ended, not out of moral
imperatives, but because it did not correspond any longer to the interests of
the capitalist development of the northern States.
2.4.3 Ideal
imperatives
One also finds people emphasizing the role of specific social ideals in the
historic development, favoring the building of new and more just societies. It
has been said, for instance, that the ideals of freedom, equality, and
fraternity, guided the policies of European countries and of USA in the
aftermath of the respective bourgeois revolutions, and that such ideals made
these countries socially advanced countries. However, the slave labor in the
southern States of US doesn't fit into the frame of a more just society; and
the brutal exploration of the workers, domestic and from overseas, along the
whole 19th century and first half of the 20th century
does not fit either. The growing social inequality with neoliberalism since
the middle of the 1970s also stands out of the picture.
Regarding
this topic numerous examples can also be presented that the determinant factor
is the mode of production and not ideal imperatives, even when they are
defended with commitment and sincerity. A revolution of slaves in Sicily was
victorious In 138 a.d.. In spite of the yearning for freedom animating the
slaves, they promoted their leader Eunus to king with absolute power, and the
slave-based mode of production went on [20]. The mode of
production and the level of the productive forces of the time prevailed over
the yearning of freedom. Another example is related to the utopist socialists
(Louis Blanc, Saint Simon, Fourier, Owen); in spite of the detailed
elaboration of their social ideals, and even of some practical experiments, they
were unable to change the society [0].
A
variant of ideal imperative concerns the role of culture. Some say that
culture determines the social development. But culture and its correlate,
education, cannot be obtained without material resources. Consequently, culture
and education cannot be determinant causes of economic development, but
rather, it is the economic development which is the determinant cause of
education and culture. Education and culture are determined factors, always
dependent on the interests of the dominating social class, as the atrocities
of the German Kulturvolk during Nazism
dramatically demonstrate.
The
wrong idea of the role played by culture in socio-economic development was in
recent times resuscitated by the idealist and pseudo-scientific Hofstede's
theory of the "cultural dimensions" [21] which seems to
have many followers.
2.4.4 The
role of notable figures
Historical
materialism doesn't deny the historical role of great and notable figures,
but as is said in [1], "Although the study of the thought and character
of great [women and] men is undoubtedly important, and the attentive reading
of the memoirs, correspondence, etc., of such personages is very rewarding,
they are, nonetheless, insufficient to really understand the course of
history."
Marx
observed on this issue: "Men make their own history, but they do not
make it as they please; they do not make it under self-selected
circumstances, but under circumstances existing already, given and
transmitted from the past" [22]. Engels brilliantly complemented
this observation [23]:
"When, therefore, it is a question of investigating
the driving powers which – consciously
or unconsciously, and indeed very often unconsciously – lie behind
the motives of men who act in history and which constitute the real ultimate
driving forces of history, then it is not a question so much of the motives
of single individuals, however eminent, as of those motives which set in
motion great masses, whole people, and again whole classes of the people in
each people; and this, too, not merely for an instant, like the transient
flaring up of a straw-fire which quickly dies down, but as a lasting action
resulting in a great historical transformation. To ascertain the driving
causes which here in the minds of acting masses and their leaders – to so-called great men – are reflected as conscious motives, clearly or
unclearly, directly or in an ideological, even glorified, form – is the only path which can put us on the track of
the laws holding sway both in history as a whole, and at particular periods
and in particular lands. Everything which sets men in motion must go through
their minds; but what form it will take in the mind will depend very much
upon the circumstances."
There have always been courageous and intellectually
brilliant personages who dedicated their forces struggling for more just
societies.
The most radical leaders of the Jacobins of the French Revolution,
Robespierre, Couthon and Saint Just, dedicated the most strenuous efforts to
build a more just and virtuous society. They had, however, a wrong idea about
the social and economic development, and they achieved nothing else than removing
the obstacles that still hindered the development of capitalism in France – without
being aware of that. They ended up being executed by precisely those to whom
they delivered the victory of the revolution: the bourgeoisie.
Lenin,
on the other hand, knew well the laws of historical development to which he
gave important contributions. That knowledge played a great role in the
success of the October Revolution in Russia and later in the construction of
socialism in the USSR. But even Lenin would not have been able to obtain such
successes if determinant material factors weren't there.
Moreover,
one should keep in mind that even with the knowledge of historical laws and
with adequate objective and subjective conditions, the success of revolutions
or of political actions is not assured. As we saw above, there is always in
history the influence of unforeseeable factors that no personage is able to
avoid, no matter how "great" he or she is. Marx didn't fail to recognize
this [24]: "World history
would indeed be very easy to make, if the struggle were taken up only on
condition of infallibly favorable chances. It would, on the other hand, be a
very mystical nature, if “accidents” played no part. These accidents themselves
fall naturally into the general course of development and are compensated
again by other accidents. But acceleration and delay are very dependent upon
such “accidents,” which included the "accident" of the character of
those who at first stand at the head of the movement."
Briefly,
the knowledge of historical laws and of the existing objective and subjective
conditions is a necessary but not a sufficient condition for the success of
the actions of men.
Finally,
let us note that reactionaries also claim the determinant role of
"great" figures, defenders of the oppression of workers and nations.
Such figures are not animated of ideals of social progress, but rather of
elitist concepts; they do not need much knowledge and surely not of any scientific
knowledge. They find it sufficient the use of hotchpotches of ideas adequate
to the demagogic exploration of popular prejudices.
2.5 Materialist
explanations of history
The
following material factors have been proposed by various scholars: 1) Geographic
and climatic conditions; 2) Conquests; 3) Population density; 4) Race; 5) Mode
of production. We shall see that the first four factors are accessories. Only
the fifth factor, first proposed by Marx and Engels, is determinant.
2.5.1 Geographic
and climatic conditions
It
is commonly known that the most ancient civilizations were born in fertile
valleys of large rivers, of sub-tropical to temperate climate – Egypt in the river Nile,
Sumer-Akkad in Mesopotamia
(rivers Tigris and Euphrates), China in the rivers Huang-He and
Yang-Tze. The Mediterranean Sea is also mentioned as a cradle of
civilizations.
It
stands to reason that geographic and climate conditions favorable to life (food
production, trade, house building, etc.) had a relevant role in the initial
startup of civilizations. But are they determinant factors of historic
development? Numerous examples reject such suggestion: various peoples have
also lived in fertile valleys of great rivers of sub-tropical to temperate
climate (Mississippi, Paraná, Zambezi, Danube, etc.) and didn't build great
civilizations; in the high Middle Ages the European northern peoples lived in
scarcely favorable geographic and climate conditions but nevertheless they
soon made a transition from tribal communities to the foundation of feudal
kingdoms, outdoing the living conditions in Egypt and Mesopotamia; the Incas
created a brilliant civilization in the adverse geographic and climate
conditions of the freezing Andean slopes; Portugal became an important
European kingdom in the 15th and 16th centuries due to
its pioneer role in the transcontinental see trade, not because it was better
endowed of geographic and climate conditions than other European kingdoms; Portugal
is today on the rear side of Europe though its geographic and climate
conditions are essentially the same as before; many of today's Eskimo peoples
are in a state of social development similar to other peoples, in spite of
the fact that they live in very harsh
and inhospitable regions; etc.
It
is evident that, whenever the social development has reached a certain level,
the geographic and climate conditions have little or no influence at all,
since man itself can intervene and even create them artificially (air conditioning,
soil treatment, land draining, etc.).
2.5.2
Conquests
The
role of "violence, war, pillage, murder and robbery, etc." in
history, was addressed by Marx and Engels as follows [25]: "Nothing is more common than the notion that in
history up till now it has only been a question of taking. The barbarians
take the Roman Empire, and this fact of
taking is made to explain the transition from the old world to the feudal
system. In this taking by barbarians, however, the question is, whether the
nation which is conquered has evolved industrial productive forces, as is the
case with modern peoples, or whether their productive forces are based for
the most part merely on their association and on the community. Taking is
further determined by the object taken. A banker's fortune, consisting of
paper, cannot be taken at all, without the taker's submitting to the
conditions of production and intercourse of the country taken. Similarly the
total industrial capital of a modern industrial country. And finally,
everywhere there is very soon an end to taking, and when there is nothing
more to take, you have to set about producing."
We
know that several European countries conquered colonial possessions from the
16th century throughout the 19th century. These
conquests did accelerate the economic development of the colonialists
(importation of prime-matters at low cost, brutal exploration of colonial
labor force, exportation to colonial markets, etc.). However, colonialism did
not have an equal impact in all colonialist countries. Despite its long
lasting Empire, Portugal became further and further belated socially and
economically with respect to all other colonialist countries.
Since
the end of World War II conquests are less accomplished in a physical sense. The
imperialist "conquerors" act now in a major way through neocolonial
methods, subduing nations through economic dependency; particularly, by tying
the neocolonized countries to permanent debts. In spite of such conquests and
the profit reaping by the neocolonialists, their present situation – assessed
by the reports of imperialists themselves (IMF, WB, etc.) – is far from being
a shining one, and a social and economic setback of their development is now
clearly patent.
2.5.3 Population
density
There
are historians – including the reactionary claimers of "vital
space" – who have raised the "population pressure" to
important cause of history. A cause explaining the great migrations of
populations in the ancient times. It is not certain, however, that such cause
had a relevant influence on that issue. The population density in ancient
times was extremely low and, moreover, there were clearly other causes for
those migrations: natural disasters, attraction for more fertile regions, attraction
for pillage, and so on.
A
correlation between population density and socio-economic development cannot
be found. Portugal, for instance, had a very low population density when it
leaped forward in its mercantilist stage with the foundation of trading posts
in Asia, Africa and Brazil in the beginning of the 16th century;
the Portuguese population of that time would not exceed a million and a half
inhabitants [26]. A correlation between population density and living
standards is also impossible to find either in capitalist conditions or in
socialist conditions. The USA, Zimbabwe, and the Dem. Rep. of Congo have similar population densities
(resp., 32, 32 and 31 pop. per km2, [27]) and quite
different living standards with HDI (Human
Development Index [28]) values of 0,914, 0,492 and 0,338. Mozambique
and Estonia have similar population densities (29, 28 pop. per km2)
but completely distinct HDI (0,393, 0,840). Cuba has a lower population
density than Vietnam (100, 276 pop. per /km2) but a higher HDI
(0,815, 0,638). And so on.
One
should also notice on this respect that civilization improvements have
allowed the delivering of similar or even higher standards of living in conditions
of growing population densities. The planet resources are, surely, not
infinite; but as we argued elsewhere [29], the sustainability
issue is essentially an issue of capitalist waste and social inequality,
which can only be solved with socialism.
2.5.4 Race
Reactionary
historians and other intellectuals claiming the role of racial supremacy are
still to be found today. Racial discrimination emerged with colonialism, as a
justification of an alleged superiority of the white race, legitimizing the
enslavement of Africans and Amerinds and their extermination. It would justify
at a later time the oppression of Asian peoples and of their migrant workers,
as in the brutal exploration of Chinese workers in the construction of the
first railroads of the USA. Brutal racial discrimination is also present in
the 20th century. It is widely known the use that Nazis have made
of the eugenics theory for the improvement of the Arian race, justifying the
huge pillage of the Jews and their work as slaves until death by exhaustion. Nowadays
the notion of race is still being used to justify the maintenance of privileges
and of social inequality.
A
clear denial of the popular notion of race and of its historical role was brought
up by recent scientific discoveries. Despite this fact a tiny minority of
scientists carries on with the supplying of "scientific"
justifications to capitalist governments [30] – including of those
countries that don’t miss an opportunity to pose as anti-racist – which are used
to belittle peoples and to maintain discriminating policies. Two recurring
topics of those justifications are: 1) intelligence differs with race; 2) black
people did nothing in the history.
Let
us first clarify the concept of race [31-35]. The genetic research
of the last thirty years [36] has denied the idea of race as a species.
All human beings belong to the same species, Homo sapiens [37]. The genetic variation
within a given ethnic group is of 85% on average, whereas the remaining 15% correspond to between
group variations; furthermore, of
these 15% only 6% to 10% correspond to variations of morphological traits
that we associate to the idea of race: color of the skin, shape of the
hair, nose, eyes, etc. Thus, as an example, a Nigerian may have greater
genetic similarity with a Swedish than with another Nigerian.
The
color of the skin depends on 6 of 20.000 pairs of genes, 0.03% of the total. There
are, however, hundreds of other genes that have a minor and occasional role
in the pigmentation, making the biological classification of pigmentation
impossible. There are no variants of the genes of pigmentation that can only
and always be found in a postulated "white race" and not found in
other races. The dark skin appeared as an adaptation to sun exposition (filtering
the ultraviolet radiation causing melanoma) in populations that are genetically
very different from Africa, Australia and Southern Asia. More distinct in genetic
terms than black populations of Africa are with respect to northern European
populations. The same can be stated regarding other morphological traits: despite
the popular belief that frizzled hair is only found in African blacks, it is
in fact found in populations of various pigmentations; peoples of Western
Africa have wide nose as the Mongols or other Asian peoples, whereas dark
skin people of Eastern Africa have narrow noses; etc. As a matter of fact,
there is a continuous series of
morphological traits, which do not vary correlatedly among them, but
independently of each other; one may then classify races into artificially discrete categories using many distinct
classification systems.
The
role of racial classifications has changed throughout history. The ancient
Egyptians didn’t pay attention to race and had “white” and “black” Pharaohs. On
the other hand, South Africa (particularly during the apartheid period), USA and Brazil are examples of countries where
the exploration of racial prejudices by the dominant class was/is practiced. The
ethnic-racial labels have also been changing in a confusing way. The
"Hispanic" label is used in the US without people being aware that
it covers very distinct populations in the genetic sense, as well as in the
cultural and linguistic sense. The same can be said of the “pardos” label in
Brazil. Many soviet Jews considered themselves as Jews in the USSR, but moved
to consider themselves as Russians when they immigrated to the US [35].
In the US census individuals classified as "white" may have been
classified as "black" or "Mexican" in previous census
[33].
The
majority of the anthropologists agree today that "race" is a
concept with no biological support. There is no unique definition of race and
whatever such a definition might be we could know the complete genome of a
person and still do not know its race. Race
is a social construct. Subject to changes as all social constructs.
As
with race, there isn’t also a unique definition of intelligence [33, 35,
38]; no one knows exactly what intelligence is. Some people say
intelligence is linked to the ability to solve problems, to adaptation to the
environment, and to learning ability; and supposedly all these abilities are
measured by the IQ. Nevertheless all these criteria are malleable and are
always seen under the "white" and "Western" perspective. The
IQ tests present problems of pattern recognition with polygons. These are
problems that have nothing in common, for instance, with the culture of the
Hottentots, who never "saw" polygons. If the tests entailed the
understanding of criss-cross trails of animal footprints surely the
Hottentots would achieve top performance in the tests and the
"white" elite people would be classified as idiots. Briefly, the IQ
tests measure something – no one knows really what – that "Western
culture" thinks to be intelligence.
There
are those that try to give a genetic basis to intelligence and claim its
heritability. Yet, no genes linked to intelligence (i.e., learning ability)
have ever been discovered and the heritability of intelligence is a myth [33].
Furthermore, and contrary to some claims, it is not intelligence that
influences the socio-economic status, but rather the opposite is true, it is
the socio-economic status that influences intelligence. Two results (out of many)
comparing IQ values of US blacks and whites support this assertion: 1) The
average IQ of black people was 15 points below the average of the white
people in the years 1970s. This finding was presented around 1975 and was then
much stirred up by the reactionaries as alleged demonstration of black
inferiority. However, further statistical works were published a few years
later showing that when one restricted the white people sample to similar socio-economic
conditions as the sample of black people (income, schooling, etc.) the
difference of the average IQs decreased drastically and became non
significant. 2) With the progressive improvement of the socio-economic
conditions of the black people the difference of average IQs has declined to around
7 points in 2005.
In
spite of all studies and accumulation of scientific evidence, there will
always be people that use truncated and poorly digested results to propose, as
stated by the biologist Stephen Jay Gould, "a manifesto of conservative
ideology" intended to justify the existence of "a permanently poor
underclass consisting of genetically inferior people" [38]. In
short, defending social Darwinism [0].
The
idea that black people never did anything in history is also false and a
fruit of "Western" misinformation. Many important kingdoms and
empires have existed in black Africa [39], with surprising
scientific and technological discoveries [40]. In today’s world
and though they started from a rather low level of development and inherited difficult
problems from colonialism (tribalism, artificial frontiers, etc.), many
African countries register an impressive socio-economic development.
Botswana, once one of the poorest countries of the world (US$70 GDPpc=per
capita in 1960 and in PPP), had in 2013 a GDPpc of US$15,752, 225 times higher! (Bulgaria had US$15,732.) Of
course, Botswana has large mineral resources. But the same observation
applies to South Africa with a GDPpc
of US$12,867. Moreover, the HDI of Botswana was 0.683 in 2013, higher than that
of Egypt (0.682), Bolivia (0.667) and South Africa (0.658). With an annual
GDP growth rate over 5%, Botswana, according to Transparency International, had a CPI (Corruption Perception Index) of 31, better than that of Spain
(37). Cape Verde, with scarce natural resources, not surprisingly has a low
GDPpc (US$6,416), but higher than
the GDPpc of Bolivia (US$6,131).
Cape Verde HDI of 0.636 ranks higher than Morocco (0.617), and its CPI of 42,
is between the values of Slovenia (39) and of South Korea (43).
2.5.5 Mode
of production
In
his speech near the grave of Karl Marx, Engels synthesized well the kernel of
historical materialism by saying that Marx's discovery consisted of "the simple fact, hitherto concealed by an overgrowth
of ideology, that mankind must first of all eat, drink, have shelter and
clothing, before it can pursue politics, science, art, religion, etc.; that
therefore the production of the immediate material means, and consequently
the degree of economic development attained by a given people or during a
given epoch, form the foundation upon which the state institutions, the legal
conceptions, art, and even the ideas on religion, of the people concerned
have been evolved, and in the light of which they must, therefore, be
explained, instead of vice versa, as had hitherto been the case."
The
following is a clarifying text from [1] (with added emphases and complements):
"When we study history, we soon perceive that the only material
condition of social life that changes, as much as society itself, is the
material production, the manner, the way of producing the goods necessary to
life. We also see that there are in
history periods clearly separated one from the other and that each of those
periods is characterized by a manner, a way of producing that is the same
[almost] everywhere, independent of climate and geographical conditions,
[conquests], biological and racial conditions, as well as the conditions
related to population movements. Therefore, the mode of production of the
material life of society is the determinant, decisive and last instance basis
of historic development."
One
defines mode of production as a
factor of historic development composed of two inextricable components: productive forces; relations of production.
The
productive forces of a society are the workers
– with their experiences and knowledge of (or related to) production – and the
means of production (tools,
equipment, buildings, technologies, materials, land, etc.) with which the
workers transform resources whose general basis is Nature.
The
relations of production are relations that men establish among them,
according to the level of development of the productive forces. "These
can be relations of co-operation, exchange of goods, trade, and also – on the
basis of the private property of the main instruments of production, of the
land, and of the mineral resources – relations where are explored those that
have nothing [of those means of production]." [1]
Marx
says the following to this respect [41]: "In the process of production, human beings work not
only upon nature, but also upon one another. They produce only by working
together in a specified manner and reciprocally exchanging their activities.
In order to produce, they enter into definite connections and relations to
one another, and only within these social connections and relations does
their influence upon nature operate – i.e., does production take place."
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