sexta-feira, 24 de abril de 2020

A BANALIZAÇÃO DA EXCEPÇÃO | THE BANALIZATION OF EXCEPTION

O artigo que se segue contém uma reflexão pertinente e fundamentada de um aspecto importante do combate à pandemia, silenciado pelos grandes meios de comunicação, pelo que julgamos de grande interesse a sua leitura.

Aproveitamos para recomendar vivamente ao leitor para acompanhar os sites https://www.oladooculto.com/ e https://www.abrilabril.pt/ para estar a par do «outro lado das notícias».
JMS
The following article contains a pertinent and well-founded reflection regarding an important aspect of the fight against the pandemic, silenced by the mainstream media, which is why we believe that it is of great interest to read it.

Please note that we translate directly from the Portuguese, which may cause deviations from original English terms of some citations unavailable to us.
JMS


A BANALIZAÇÃO DA EXCEPÇÃO

José Goulão

Exclusivo: O Lado Oculto/AbrilAbril

2020-04-22
THE BANALIZATION OF EXCEPTION

José Goulão

O Lado Oculto/AbrilAbril

2020-04-22

Se há domínio onde a futurologia está avançada, tocando mesmo o nível zero de erro, é o das pandemias virais. O Event 201, realizado em Outubro de 2019 em Nova York [*], antecipou apenas em dois meses o terrível mergulho no desconhecido que estamos a viver. É certo que a vocação assassina do coronavírus parece pecar por escassa em relação às previsões dos adivinhos – 65 milhões de mortos - mas já iremos perceber que a componente de pânico tem papel reservado nestas matérias. Porém, ao cabo de uma década de sucessivas “antecipações científicas”, de que o Event 201 foi a etapa mais recente, há que dar relevo ao acontecimento fundador destes exercícios visionários, datado de 2010 e que revela um realismo gritante. Sobretudo na vertente que começa a ganhar forma à escala global: a imposição do autoritarismo ou a vulgarização do excepcionalismo.

[*] O Evento 201 foi um exercício de simulação decorrido em 18 de Outubro de 2019 no hotel The Pierre, Manhattan, organizado pelo Centro John Hopkins, com o Fórum Económico Mundial e a Fundação Bill e Melinda Gates. Comparència só por convite (exclusivo da Bloomberg). Banqueiros, grandes empresários e responsáveis de organismos financeiros mundiais reuniram-se para explorar ideias dos impactos económicos e sociais mundiais de "um surto intercontinental grave e altamente transmissível" por um coronavírus. O vídeo difundido na Internet pelos organizadores do exercício profetiza as campanhas oficias contra o covid-19 quase de modo premonitório. Ver mais aqui. – JMS.

Corria o ano de 2010, como já se disse, quando a Fundação Rockefeller, em colaboração com a Global Business Network do futurólogo Peter Schwartz, publicou uma espécie de livro branco com “Cenários para o Futuro da Tecnologia e do Desenvolvimento Internacional”.

A Fundação Rockefeller, abra-se aqui um parêntesis, é um ícone do neoliberalismo globalista – actualmente em rivalidade cega com o neoliberalismo populista – a par de outras entidades como o Fórum Económico Mundial, que se realiza anualmente em Davos, o “filantropo” George Soros e a sua “Fundação Sociedade Aberta” especializada em “revoluções coloridas”, a Fundação John Hopkins e a Fundação Bill e Melinda Gates, todos eles associados às continuadas projecções de pandemias virais - e não é certamente por coincidência.

Um dos capítulos do livro branco da Fundação Rockefeller intitula-se Lock Step e antecipa, então para 2012, uma pandemia provocada por uma “nova estirpe de gripe extremamente virulenta e mortal”. Neste caso as previsões são de oito milhões de mortes em sete meses, além de um “efeito nefasto na economia: a mobilidade internacional de pessoas e bens é suspensa debilitando indústrias como o turismo, interrompendo as redes de abastecimento global (…) encerrando lojas e escritórios durante vários meses, sem trabalhadores nem clientes”.

“Uma liderança mais autoritária”

Uma consequência da pandemia que percorre todo o trabalho da Fundação Rockefeller, e merece especial atenção dos autores, é “o apertado controlo governamental de cima para baixo e uma liderança mais autoritária”, com “crescente pressão sobre os cidadãos”. Um cenário que mais adiante é explicado desta maneira: “Dirigentes nacionais em todo o mundo reforçam a sua autoridade e impõem regras e restrições herméticas, desde o uso obrigatório de máscaras faciais até à verificação da temperatura corporal nas entradas de espaços comuns como estações de comboios e supermercados”.

Até que os autores da previsão chegam ao que parece ser o fulcro da mensagem futurista: “Mesmo depois de a pandemia ter sido ultrapassada o controlo e a supervisão mais autoritários das cidades continuaram e intensificaram-se”; como “protecção contra a disseminação de problemas cada vez mais globais – de pandemias ao terrorismo internacional, a crises ambientais e ao aumento da pobreza – os dirigentes mundiais apoderaram-se de maneira mais firme do poder”. 

E assim os cenários da Fundação Rockefeller e respectivos parceiros saltam dez anos a instalam-nos na antecâmara de uma actualidade que não parece distante se olharmos bem o que nos cerca na perspectiva das ambições do regime neoliberal global. Há muito que, de crise em crise, o sistema vem dando sinais de que está cada vez mais tentado pelo autoritarismo original, afastando-se da democracia ainda que esta funcione de modo meramente formal.

Não é necessário ser futurólogo para prever que a “recuperação económica” dos efeitos da pandemia na perspectiva neoliberal exigirá ainda menos direitos civis, sociais e humanos, mais austeridade, maior e mais férreo controlo sobre as movimentações de massas. Aliás o reaparecimento em cena da Comissão Europeia para gerir a “reabertura” social, depois de ter hibernado profundamente em pleno combate aos efeitos da doença, é um sinal óbvio do que está para vir. É um indício de que o regresso à “normalidade” significará o funcionamento pleno da ditadura da economia sobre as preocupações humanas que a pandemia suscitou pontualmente e contra a corrente. Não esqueçamos, por exemplo, que muitas das trágicas consequências da pandemia do COVID-19 têm vindo a ser provocadas pelos ataques devastadores contra os sistemas públicos de saúde comandados por entidades neoliberais como a Comissão Europeia, o FMI, o Banco Central Europeu e o Eurogrupo mais a sua corte de obsessivos do défice.

O capítulo Lock Step da publicação da Fundação Rockefeller, na senda do que têm afirmado vários expoentes do globalismo, não prevê que sejam necessários cenários de violência para garantir o reforço de medidas autoritárias. Considera que a instauração de normas deste tipo será facilitada perante “cidadãos assustados que voluntariamente abandonam parte da sua soberania – e privacidade – a Estados mais paternalistas, em troca de maior segurança e estabilidade”, mercê de uma situação que os torna “tolerantes e mesmo ansiosos por comando e até supervisão de cima para baixo”.

Estas palavras não são mais do que uma expressão do pensamento de Henry Kissinger, esse terrorista globalista que dirigiu a primeira aplicação da ortodoxia neoliberal, no Chile do fascista Pinochet, quando afirmou em 1992, na reunião do Grupo de Bilderberg em Evian, França: “A única coisa de que o homem tem medo é do desconhecido; quando são colocadas perante um cenário desse tipo as pessoas renunciam de bom grado aos seus direitos individuais, trocando-os pela garantia do seu bem-estar assegurado pelo governo mundial”. Agora, em plena pandemia, o mesmo Kissinger escreveu no Wall Street Journal que “a resposta às necessidades do momento, em última análise, deve ser associada a uma visão e um programa globais de colaboração”.

Não é de admirar que a indução de pânico, a multiplicação de cenários apocalípticos associadas a situações realmente graves que exigem medidas de excepção acabem por facilitar a imposição de sistemas de vigilância total a pessoas que “abandonam voluntariamente parte da sua soberania – e privacidade – a Estados mais paternalistas”, como anteviu a Fundação Rockefeller, de que aliás Henry Kissinger tem sido a figura mais emblemática.

A passagem à prática

A experiência vivida por Edward Snowden, o ex-agente da CIA e da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos que divulgou ao mundo os principais programas de espionagem global, diz-lhe que medidas aplicadas actualmente com carácter de excepção irão permanecer no futuro e que os dados recolhidos no quadro do combate à pandemia ficarão registados e serão processados para os fins múltiplos que os seus possuidores entendam necessários.

Não se pense, porém, que enquanto se vive o excepcionalismo o passo para a sua banalização ainda está apenas no domínio das intenções.

No dia 8 de Março, numa entrevista à estação de televisão CBS News, o globalista Bill Gates garantiu que “a normalidade” e os ajuntamentos de pessoas “não voltarão, de modo algum”, até que haja uma vacinação em massa.

As pessoas, muito naturalmente, anseiam por uma vacina contra o novo coronavírus tendo em conta a situação real e também a multiplicação de previsões catastróficas.

Porém, Bill Gates, também ele um “filantropo”, tem da vacinação global uma ideia muito própria como grande accionista de vários gigantes transnacionais dos medicamentos. A sua “vacinação global” está intimamente ligada ao projecto ID2020 para instaurar métodos de identificação dos cidadãos à escala planetária através da introdução de nanochips sob a pele das pessoas, usando as vacinas como veículos de inserção. Delírio de imaginação? Teoria da conspiração? Nada disso: a experiência piloto está em desenvolvimento no Bangladesh, numa colaboração entre os círculos de Bill Gates, o governo de Dacca e o Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT) porque “cada pessoa tem o direito a saber quem é” e a “ser parte da moderna economia”.

A vacinação contra o coronavírus não entrará ainda, eventualmente, neste programa. Mas pode ser parte de novos passos no sentido do autoritarismo e do controlo dos movimentos de pessoas.

O que se escreveu não é especulação; assenta no pensamento do próprio Gates manifestado durante a mesma entrevista à CBS News. “Eventualmente”, disse, “teremos de ter certificados de quem é uma pessoa recuperada, quem é uma pessoa vacinada” que regulem os movimentos de seres humanos através do mundo. “Então eventualmente haverá uma prova de imunidade digital que ajudará a facilitar a reabertura global”. Entretanto, admite o “filantropo” Gates, “as reuniões de massas podem ser proibidas até que seja possível um programa de vacinação em larga escala”.

Enquanto esse dia não chega, a Google e a Apple, fundada por Bill Gates – o globalista que também se dedica à “Agenda Verde” e à geoengenharia para que o planeta se “adapte” às alterações climáticas - puseram em marcha o sistema de rastreamento de pessoas infectadas com COVID-19 com base em dados dos smartphones. Naturalmente, uma vez aberto o caminho, as mesmas instituições que perseguem telemóveis por causa do combate à pandemia poderão fazê-lo por outra qualquer razão que tenha a ver com a “segurança da sociedade”. O combate a uma pandemia é, como se percebe, um manancial de aquisições, potenciadas agora pela evolução da inteligência artificial. Ao serviço de “pessoas tolerantes e até ansiosas por comando e supervisão de cima para baixo” assumidos por “Estados paternalistas”.

COVID-19 e biologia matemática

É cedo para ter certezas sobre muitos dos aspectos que caracterizam a pandemia de COVID-19. Desde logo a sua origem, que ficará para sempre enterrada no entulho de desinformação que tem uma dimensão directamente proporcional à vontade de que a verdade não seja esclarecida – afinal o paradigma prevalecente em torno do imbróglio.

Que se trata de um gravíssimo e trágico problema de saúde pública não existem dúvidas. Há situações, porém, que exigem reflexão serena e objectiva, sobretudo quando se determinam opções securitárias apresentadas como soluções únicas e absolutas e que acabam por ter a sua quota-parte na campânula de pânico que envolve o tratamento da pandemia.

O pânico é uma forma de manipulação que facilita a introdução de normas rígidas – mesmo que flutuando ao ritmo das circunstâncias ou dos desígnios político-sanitário-económicos - num terreno onde escasseiam dados objectivos e informações estatísticas mais afinadas para lá das fatalidades e dos números de infecções. Seria interessante, por exemplo, conhecer as taxas de recuperação ao COVID-19 sem auxílio de medicamentos ou com medicamentos de utilização corrente.

A principal componente do pânico tem mais a ver, contudo, com as estimativas que vêm determinando a adopção de medidas extremas, elas mesmas parecendo réplicas das antevisões apocalípticas que foram sendo projectadas por uma orquestrada corrente de futurólogos neoliberais e globalistas.

Papel central na formatação dessa componente tem sido desempenhado, desde o início do século, pela chamada “biologia matemática” praticada por Neil Ferguson, do Imperial College de Londres; um método que parte de estatísticas, por vezes desactualizadas, para projectar comportamentos humanos.

Foi uma nota confidencial de Ferguson segundo a qual a pandemia mataria meio milhão de franceses, remetida em 12 de Março, que levou o presidente Macron à sua dramática intervenção da qual resultou o confinamento generalizado. Há mais de 20 mil mortes em França, porém longe das contas feitas pela biologia matemática. Assim como os números reais estão longe dos 550 mil mortos no Reino Unido e dos 1,2 milhões nos Estados Unidos previstos na mesma ocasião por Ferguson.

Poderá argumentar-se: as advertências de Ferguson evitaram que se chegasse tão longe. Ao que poderá contrapor-se o caso sueco que, sem estados de emergência, gere a crise com números do mesmo nível dos ocorridos com regimes de contenção mais rigorosos. É cedo, portanto, para haver certezas.

Daí que a banalização de medidas de excepção à espera de uma eventual vacina pareça o aprofundamento de um caminho vocacionado para se estender para lá de uma imunização contra o coronavírus; a qual, por isso, não nos vacinará contra o autoritarismo de que o neoliberalismo necessitará cada vez mais para sobreviver.

A “biologia matemática” de Ferguson não se “enganou” só agora. Isso está na essência da sua existência. Em 2001 convenceu Tony Blair a abater seis milhões de bovinos para combater a febre aftosa e a deitar para o lixo 10 mil milhões de libras, um acto que faz parte hoje da lista das grandes aberrações; em 2002 profetizou que a doença das “vacas loucas” mataria entre 50 mil e 150 mil britânicos mas, felizmente, não passou dos 177; em 2005 seria a gripe das aves a ceifar as vidas de cerca de 65 mil cidadãos britânicos e, mais uma vez felizmente, o número não chegou aos 500.

Quer isto dizer que cada caso de pandemia, real ou encenada, é servido com uma dose acrescida de sementes de pânico. Ignoram-se quais os efeitos desta constante no combate às doenças; não se ignora, no entanto, que o “medo do desconhecido”, como diria Kissinger, deixa as pessoas de “braços abertos” para o que lhes queiram impor.

Talvez alguém considere que prevenir através do pavor seja melhor do que remediar com medicamentos ou estados de emergência. Mas se, afinal, os estados de emergência, totais ou parciais, parecem talhados para sobreviver à cura e à imunização dos fenómenos virais, então talvez seja altura de os cidadãos se prevenirem denunciando e combatendo já as excepções aos direitos civis, sociais e humanos em vez de tentarem remediar depois o que não terá remédio.
If there is a field where futurology is in an advanced state, even approaching zero error, that field is viral pandemics. The “Event 201”, held in October 2019 in New York [*], anticipated by just two months the terrible plunge into the unknown that we are now experiencing. True, the murderous vocation of the coronavirus seems to be in short supply with respect to the predictions of the clairvoyants -- 65 million dead -- but we will see below that the panic component has already a scheduled role in these matters. Meanwhile, after a decade of successive “scientific anticipations”, with “Event 201” as the most recent stage, one should nevertheless emphasize the foundational event of these visionary exercises, dated 2010 and revealing a glaring realism. Especially in the aspect that begins shaping up on a global scale: the imposition of authoritarianism or the vulgarization of exceptionalism.

[*]The Event 201 was a simulation exercise that took place on October 18, 2019 at The Pierre hotel, Manhattan, organized by the John Hopkins Center, with the World Economic Forum and the Bill and Melinda Gates Foundation. Attendance only by invitation (a Bloomberg exclusive). Bankers, big businessmen and heads of global financial organizations came together to explore ideas of global economic and social impacts of "a serious and highly transmissible intercontinental outbreak" by a coronavirus. The video broadcast on the Internet by the organizers of the exercise prophesies official campaigns against the covid-19 almost in a premonitory way. See more here. – JMS

It was 2010, as told above, when the Rockefeller Foundation, in collaboration with the futuristic Peter Schwartz's Global Business Network, published a sort of white book with “Scenarios for the Future of Technology and International Development”.

The Rockefeller Foundation, let’s open parentheses here, is an icon of globalist neoliberalism -- currently in blind rivalry with populist neoliberalism -- alongside other entities such as the World Economic Forum which takes place annually at Davos, the “philanthropist” George Soros and his "Open Society Foundation" expert in "colored revolutions", the John Hopkins Foundation and the Bill and Melinda Gates Foundation, all of which are associated with continued projections of viral pandemics. And this is certainly not a coincidence.

One of the chapters of the Rockefeller Foundation's white book is called Lock Step and it anticipated at the time for 2012, a pandemic caused by a “new strain of extremely virulent and deadly flu”. In this case, the forecast is eight million deaths in seven months, and in addition an “adverse effect on the economy: the international mobility of people and goods is suspended, industries such as tourism become weaker, interrupting global supply networks […] closing up stores and offices for several months, without workers or customers.”

A "More Authoritarian Leadership"

One consequence of the pandemic that runs through all the work of the Rockefeller Foundation, and deserves special attention from the authors, is "the tight top-down government control and more authoritarian leadership", with "increasing pressure on citizens." A scenario that is further explained this way: “National leaders around the world will reinforce their authority and impose hermetic rules and restrictions, ranging from the mandatory use of face masks to the verification of body temperature at the entrance of common spaces such as train stations and supermarkets.”

Following this, the authors of the forecast come to what seems the heart of the futuristic message: “Even after the pandemic has been overcome, the most authoritarian control and supervision of the cities will be carried on and intensified”, as a "protection against the spread of increasingly global problems -- from pandemics to international terrorism, to environmental crises and the increase in poverty -- world leaders will have taken a stronger grip on power."

Thus, the scenarios of the Rockefeller Foundation and their partners stand as a ten-year anticipation, and place us in the antechamber of a tomorrow that does not seem that distant if we look closely at what surrounds us in the perspective of the ambitions of the global neoliberal regime. Since a long time, and crisis after crisis, the system has been showing signs that it is increasingly tempted by the authoritarianism of its inception, moving away from democracy even though it operates in a merely formal way.

There is no need to be a futurologist to predict that the “economic recovery” from the effects of the pandemic, in the neoliberal perspective, will require even less civil, social, and human rights, more austerity, and a greater and more ironclad control over mass movements. In fact, the reappearance of the European Commission on the stage to manage the social “reopening”, after having deeply hibernated during full combat against the effects of the disease, is an obvious sign of what is to come. It is an indication that the return to “normality” will mean the full functioning of the dictatorship of the economy over the human concerns that the pandemic promptly raised and against the tide. Let us not forget, for example, that many of the tragic consequences of the COVID-19 pandemic have been caused by the devastating attacks on public health systems led by neoliberal entities such as the European Commission, the IMF, the European Central Bank, and the Eurogroup plus their deficit-cut-obsessive cohort.

The Lock Step chapter of the publication of the Rockefeller Foundation, in the wake of what several exponents of globalism have affirmed, does not foresee the need of violent scenarios to guarantee the reinforcement of authoritarian measures. It envisages that the establishment of such rules will be facilitated by “frightened citizens who voluntarily abandon part of their sovereignty -- and privacy -- to more paternalistic States, in exchange for greater security and stability,” due to a situation that makes them “tolerant and even eager for top-down command and supervision.”

These words are nothing else than an expression of Henry Kissinger’s thought, the globalist terrorist who directed the first application of neoliberal orthodoxy in Chile by the fascist Pinochet, when he stated in 1992, at the meeting of the Bilderberg Group in Evian, France: “The only thing that man is afraid of is the unknown; when faced with such a scenario, people willingly renounce their individual rights, exchanging them for the guarantee of their well-being ensured by the world government”. Today, in the middle of a pandemic, the same Kissinger wrote in the Wall Street Journal that "the answer to the needs of the moment, in the final analysis, must be associated with a global vision and program of collaboration".

It is not surprising that the induction of panic, the multiplication of apocalyptic scenarios associated with really serious situations that require exceptional measures, end up facilitating the imposition of total surveillance systems on people who “voluntarily abandon part of their sovereignty -- and privacy -- to more paternalistic states,” as predicted by the Rockefeller Foundation, of which Henry Kissinger has indeed been the most emblematic figure.

Putting into practice

The experience lived by Edward Snowden, the former CIA agent of the US National Security Agency (NSA) who disclosed the main global espionage programs to the world, made him saying that the measures currently applied as an exception will remain in the future and that the data collected in the framework of the fight against the pandemic will be recorded and will be processed for the multiple purposes that its owners deem necessary.

Let us not take for granted, however, that even though we live in exceptionalism the step towards banalization is still only in the domain of intentions.

On March 8, in an interview with the CBS News television station, the globalist Bill Gates guaranteed that "normalcy" and the gatherings of people "will not come back at all" until there is a massive vaccination.

People, naturally, yearn for a vaccine against the new coronavirus, taking into account the real situation and also the multiplication of catastrophic predictions.

Bill Gates, however, who is also a “philanthropist”, has an idea of ​​global vaccination of his own as a major shareholder in several transnational pharmaceutical giants. His “global vaccination” is closely linked to the ID2020 project of introducing citizen identification methods on a planetary scale, through the introduction of nanochips under people's skin, using vaccines as insertion vehicles. Delirium of magination? Conspiracy theory? None of this: a pilot experiment is underway in Bangladesh, by a partnership involving Bill Gates' circles, the Dakota government and the Massachusetts Institute of Technology (MIT), because “every person has the right to know who he/she is” and “be part of the modern economy.”

The vaccination against coronavirus will not eventually be part yet of this program. But it can be part of new steps towards authoritarianism and the control of people's movements.

This is not speculation; it is based on the thought of Gates himself expressed during the same interview with CBS News. "Eventually," he said, "we will have to have certificates of who is a recovered person, and who is a vaccinated person" in order to track the movements of human beings across the world. "There will be then eventually a proof of digital immunity that will help facilitate the global reopening." However, admits the “philanthropist” Gates, “mass meetings may be banned until a large-scale vaccination program is possible.”

As we are waiting for that day to come, Google and Apple, founded by Bill Gates -- the globalist who also devotes himself to the "Green Agenda" and geo-engineering so that the planet "adapts" to climate change – have set in motion the tracking system of people infected with COVID-19 based on smartphone data. Of course, once the path is clear, the same institutions that track cell phones justified by the fight against the pandemic will be able to do so for any other reason that has to do with the “security of society”. The fight against a pandemic is, as we see, a source of assets, now enhanced by the evolution of artificial intelligence. At the service of "tolerant people and even eager for top-down command and supervision" assumed by "paternalistic states."

COVID-19 and mathematical biology

It is too early to be sure about many of the aspects that characterize the COVID-19 pandemic. For a starter, its origin, which will be forever buried in the rubble of disinformation, in its turn with a dimension directly proportional to the desire for the truth not to be clarified -- after all, the prevailing paradigm surrounding the imbroglio.

There is no doubt that this is a very serious and tragic public health problem. There are situations, however, that require a serene and objective reflection, especially when assessing security proposals presented as unique and definitive solutions and that end up having their share in the panic hood that involves the treatment of the pandemic.

Panic is a form of manipulation that facilitates the introduction of rigid norms -- even if they fluctuate to the rhythm of circumstances or political-sanitary-economic designs -- in a field where there is a lack of objective data and of more in-depth statistical information beyond numbers of victims and infections. It would be interesting, for example, to know the recovery rates for COVID-19 without the aid of medicines or with medicines in common use.

The main component of panic has more to do, however, with the estimates that have determined the adoption of extreme measures, themselves looking like replicas of the apocalyptic forecasts that were being projected by an orchestrated stream of neoliberal and globalist futurologists.

A central role in the formatting of this component has been played, since the beginning of the century, by the so-called “mathematical biology” practiced by Neil Ferguson, from Imperial College, London; a method based on statistics, sometimes outdated, to predict human behavior.

It was a confidential note sent by Ferguson on 12 March that the pandemic would kill half a million Frenchmen which led President Macron to his dramatic intervention resulting in widespread confinement. There are more than 20,000 deaths in France, but far from the accounts made by mathematical biology. Just as the real numbers are far from the 550,000 dead in the UK and the 1.2 million in the United States predicted at that time by Ferguson.

It could be argued: Ferguson's warnings prevented things from going that far. One can counterpose to this the Swedish case, which, without a state of emergency, manages the crisis with numbers at the same level as those observed in more strict containment regimes. It is too soon, therefore, to be sure.

That is why the banalization of exceptional measures waiting for an eventual vaccine seems to deepen a path aimed at extending beyond an immunization against the coronavirus; which, therefore, will not vaccinate us against the authoritarianism that neoliberalism is in an increasingly need in order to survive.

It was not only now that Ferguson's "mathematical biology" was "mistaken". This is at the heart of its nature. Ferguson convinced Tony Blair in 2001 to slaughter six million cattle to fight foot-and-mouth disease throwing with it £ 10 billion into the trash, an act that is now on the list of great aberrations; in 2002 he prophezied that the “mad cow” disease would kill between 50,000 and 150,000 Britons, but fortunately it was no more than 177; in 2005 the bird flu would supposedly claim the lives of some 65,000 British citizens and, thankfully, the number did not reach 500.

This means that each case of a pandemic, real or staged, is served with an increased dose of panic seeds. The effects of this component are ignored in the fight against diseases; it is not ignored, however, that the “fear of the unknown”, as Kissinger would put it, leaves people with “open arms” for whatever they want to impose on them.

Perhaps someone thinks that preventing through fear is better than remedying with medication or states of emergency. But if, after all, states of emergency, total or partial, seem tailored to survive the cure and the immunization of viral phenomena, then perhaps is time for citizens to protect themselves by denouncing and combating exceptions to civil, social and human rights instead of trying to remedy afterwards what will have no remedy.