Continuação de / Continuation of:
De [0]:
11 –
Evolução Histórica das Formações Sociais
----------------------- Artigo Presente ----------------------
B4 – Capitalimo
B4D – Capitalismo
Liberal
(Continua
no próximo artigo)
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From
[0]:
11 –
Historical Evolution of Social Formations
----------------------- Present
Article ----------------------
B4 – Capitalism
B4D – Liberal Capitalism
(Continues in a next article)
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B4 – Capitalismo
«Todo o trabalho do escravo parece ser trabalho não pago. É o inverso no
trabalho assalariado: até o sobretrabalho ou trabalho não pago parece ser
trabalho pago.»
Marx, O Capital, vol. 1, cap. 19
O capitalismo é o mais sofisticado modo de produção (MP) classista.
Vejamos porquê.
Nas anteriores formações sociais (FSs) classistas a classe dominante,
proprietária dos principais meios de produção, apropria-se directamente do sobreproduto da(s)
classe(s) explorada(s). O produtor explorado do esclavagismo e do feudalismo
«vê» o sobreproduto: ele tem existência física individualizada. O produto do
trabalho do escravo para o seu senhor é visível. O camponês e o artesão do
feudalismo também vêem o sobreproduto, aquilo que excede o seu consumo e é
entregue ao senhor na forma de renda em trabalho ou em espécie. Quando
a circulação monetária se difunde no feudalismo, mesmo aí, o sobreproduto tem
uma existência individualizada na forma de renda em dinheiro.
No capitalismo a apropriação de sobreproduto é indirecta, através da incorporação do valor do sobretrabalho no
valor das mercadorias. Chamamos mais-valia
ao valor do sobretrabalho e nela assenta o lucro capitalista. O trabalhador
assalariado não «vê» a mais-valia. Ela faz parte do preço da mercadoria (ou
serviço) destinada ao mercado. Daí a natureza aparentemente misteriosa do lucro
[1]. Para o trabalhador, o seu salário parece-lhe ser a paga do seu trabalho.
E assim é afirmado pelos defensores do capitalismo. Mas, de facto, não é: o
salário é a paga da força de trabalho,
isto é, da capacidade de produzir um produto do trabalho cujo valor excede o
necessário para a manutenção da força de trabalho em dadas condições sociais
(alimentação, vestuário, habitação, etc.) [2].
Não é a existência de mercados que caracteriza o capitalismo. Também havia
mercados nas anteriores FSs, embora com papel regional e local, limitando-se
frequentemente à troca em espécie, e sujeitos a factores extra-económicos:
coacção física, tradições locais, imposições da nobreza e clero, etc. Na
formação do valor de troca das
mercadorias no mercado a sua medição pelo «tempo de trabalho socialmente
necessário» – a lei do valor de
Marx – só opera quando os mercados se desenvolvem no final do mercantilismo, o
capitalismo ascende e com ele a circulação monetária, determinante na medição
do valor, e ainda com a existência de vários capitalistas concorrendo com os
mesmos produtos. Tudo isto conduz à formação do valor (valor de troca) pelo «tempo
de trabalho socialmente necessário» [3].
Consideremos uma dada quantidade de dinheiro: D. No comércio de mercadorias o comerciante compra com D – capital comercial – mercadorias, M, que vende, obtendo D’ = D + g, sendo g o ganho ou perda do comerciante. O
ciclo do capital comercial é D --> M --> D’.
Nas manufacturas pelo sistema doméstico, o comerciante comprava
matérias-primas, mp, como mercadorias
M. Transformadas por artesãos em
suas casas em outras mercadorias, M’,
estas eram vendidas por D’.
Designando por ct o custo do
trabalho dos artesãos, temos o ciclo manufactureiro: D --> M={mp} --> M’ --> D’ --> D’
– ct. O comerciante manufactureiro só adiantava de
D a parte mp pagando depois da venda (subtraindo a D’) o valor combinado de ct
que incluía o consumo próprio dos artesãos e a depreciação dos seus meios de
trabalho. O manufactureiro tinha pouco controlo sobre ct e nenhum sobre o processo produtivo. Com o advento da fábrica,
o industrial gasta dinheiro em cada ciclo produtivo em meios de produção, Mp (essencialmente mp e custos de depreciação de máquinas
e outros equipamentos), e em força de trabalho, T. O ciclo do capital industrial é D --> M = Mp + T -->
P --> M’ --> D’,
com o valor de M’ maior que o de M. A força de trabalho funciona como
qualquer mercadoria comprada pelo industrial. E este controla o processo de
produção P.
Vemos, assim, que existe um mercado específico no capitalismo. É o mercado de trabalho. Ao contrário do
que acontecia no feudalismo, no capitalismo o produtor não dispõe de meios de
produção. (Estamos a falar, claro, dos meios que correspondem à economia
dominante da FS: os principais meios de produção.) Para viver, o produtor (p.
ex., o operário nas indústrias manufactureiras) tem de vender a sua força de
trabalho no mercado de trabalho, dado que a propriedade dos meios de produção
é privada. Na sociedade capitalista o produtor é «livre» à face da lei. Mas a
lei em qualquer FS
é um elemento superestrutural constrangido à base económica, ao MP. Resulta,
então, que o produtor é «livre» de se submeter à eventual oferta de trabalho
pelos capitalistas, vendendo-lhes, por um salário, a única mercadoria que
possui e procura reproduzir: a sua força de trabalho. Se não quiser, não puder
ou estiver privado do gozo dessa «liberdade», é «livre» de ser mendigo, viver
de biscates, à custa de outros, etc.
«A única característica
definidora de uma formação social [classista] como capitalista é a
constatação de que o trabalho assalariado é a forma principal pela qual a
população produtora é explorada pela classe proprietária [dos meios de
produção] e controladora [da FS].» [4]
A obtenção a partir de M de um M’ de maior valor no ciclo industrial só
pode dever-se ao uso da mercadoria T,
dado que os meios de produção são valores «congelados» que apenas transmitem
a M’ uma parcela do valor por que
foram pagos. A única e especial mercadoria capaz de, pelo seu uso, criar mais valor do que o necessário para restaurar
o seu estado inicial, é a força de trabalho. O capitalista paga D = M = Mp
+ T, onde T são os salários dos trabalhadores; obtém uma mercadoria (ou
produção de um serviço) cujo valor é M’
= Mp + T + p, onde p – sempre positivo – representa o valor criado pelo sobretrabalho, isto
é, em excesso das necessidades de restauro da força de trabalho: a
mais-valia. A mais-valia traduz-se num lucro do capital com uma taxa de
lucro, p/D. Logo, o capital não é simplesmente uma coisa material como
muitos defendem [5]. É mais do que isso: é uma relação social de produção que
constrange o produtor à produção de mais-valia apropriada pelo capitalista.
Convém também, desde já, esclarecer algo que se presta a muitas
confusões. O que caracteriza o capitalismo não é a existência de mais-valia
num sentido lato de sobreproduto excedente sobre o consumo. Tomado nesse
sentido, nenhuma FS existe sem mais-valias, que correspondem à diferença
entre o que uma sociedade produz e o que consome. Assim, no socialismo, p.
ex., também existem mais-valias. Há sempre necessidade de mais-valias: para
prestações sociais, para repor equipamentos que se depreciam ao longo do
processo produtivo, para substituí-los por outros equipamentos, etc. O que
caracteriza um MP classista não é a existência de mais valias, mas sim a apropriação privada das mais-valias
e, no MP capitalista, a sua extracção e
aplicação guiadas essencialmente pelo móbil do lucro da classe capitalista [6].
Terminamos estas notas com um trecho de [7]. Escrito em 1934, mantém
ainda a sua importância e transmite o pano de fundo do exposto a seguir.
«O capitalismo surgiu na história como uma força revolucionária,
guerreando as relações políticas, económicas e culturais do feudalismo. Os
lucros são o coração do capitalismo, os mercados o seu sistema de circulação;
por isso, a produção capitalista requer a transformação da produção para uso
em produção para lucro e cada vez maiores mercados. A produção capitalista
também precisou dum mercado de trabalho livre, de trabalhadores deapropriados,
distintos de escravos e servos pela sua “liberdade” de trabalhar em qualquer
lado por um salário […] Este movimento esteve ligado à necessidade de livre empreendi-mento
e competição, de laissez-faire, individualis-mo e democracia: os
representantes revolucionári-os da burguesia, transcendendo as suas necessida-des
imediatas, invocaram um ideal de democracia e individualismo, hoje totalmente
repudiado pelo imperialismo e fascismo […] Uma vez no poder o capitalismo
abandonou os ideais revolucionários, que ameaçavam os seus interesses de
classe. Esses ideais tinham tido sempre aplicação prática limitada; o laissez-faire
nunca foi totalmente aceite pela burguesia [...] e o capitalismo recorreu ao
proteccionismo, monopólio, e ajuda estatal […] A democracia foi limitada à
democracia burguesa […] uma ideologia que assegurava o domínio capitalista,
com os trabalhadores forçados a lutar por direitos democráticos. O
capitalismo desen-volveu-se desigualmente; produziu crises econó-micas e
guerras recorrentes, limitou a expansão do mercado doméstico em prol de
lucros elevados em mercados estrangeiros, incluindo a exploração colonial
[…]»
B4D – Capitalismo Liberal
FSs: B4D vai de
meados do século XVIII até ao início do séc. XX. A Inglaterra é o país
clássico de B4D. Do início do séc. XX até à 2.ª Guerra Mundial (2ªGM) tem
lugar um período de transição para B4C. Podemos dizer que B4D começa e
termina com o liberalismo.
RdP: A burguesia
industrial é a classe dominante. Extrai mais-valia do proletariado. Existem
várias indústrias de pequena ou média dimensão em cada sector de actividade,
que concorrem nos mercados interno e externos. Em B4D as indústrias de
serviços, com excepção dos bancos, têm expressão reduzida. As burguesias
comercial e financeira também vivem da mais-valia criada pelo proletariado,
como apêndices da burguesia industrial: para realizar a mais-valia como lucro
do capital (a conversão M’ --> D’
no mercado) o industrial tem, em geral, de recorrer ao comércio, prescindindo
de parte da mais-valia (o g acima é
parte de p) como pagamento do
serviço comercial [8]; para efectuar o investimento necessário a vários
ciclos produtivos – aquisição de Mp
e T – o industrial tem, em geral,
de recorrer ao crédito, que lhe cobra um juro de empréstimo a deduzir da
mais-valia [9]. Os órgãos do Estado e as profissões liberais vivem, através
de impostos e pagamentos de serviços, dos salários dos assalariados e também
da mais-valia no caso da classe capitalista e seus apêndices (p. ex. os
gestores). Tal como no esclavagismo e feudalismo o Estado no capitalismo está
essencialmente e obviamente ao serviço da respectiva classe dominante: a
burguesia.
Em B4D existem PPs e também classes de B3D (nobreza, artesãos, manufactureiros,
etc.) em muitas regiões da Europa Meridional e de Leste, até ao século XX. No
Japão até ao final da 2ªGM.
No capitalismo liberal não há intervenção do Estado nos assuntos dos
capitalistas. As decisões económicas e
em larga medida as políticas são tomadas de forma descentralizada pela
burguesia, quer através de parlamentarismo quer de modo informal.
OrgPol: Monarquias
e repúblicas de democracia burguesa. Até meados do séc. XIX só eram elegíveis
para o Parlamento os possidentes (com raros períodos de excepção em poucos
países): tinham de ter fortuna e/ou rendimentos superiores a certo valor.
Idem, para o direito de voto. As mulheres só conquistaram o direito de voto a
partir de 1893. A
actividade editorial, jornalística e eleitoral era controlada pela burguesia.
Em muitos regimes parlamentares existem órgãos elitistas que constituem uma
defesa suplementar dos interesses da alta burguesia: Câmara dos Lordes, Câmara
dos Pares, Senado, etc.
Evolução [10]:
A 1.ª Revolução Industrial e o Liberalismo
A primeira revolução industrial, das máquinas a vapor, surgiu no último
quartel do séc. XVIII: máquina Watt usada a partir de 1775 e primeira fábrica
de fiação com máquinas a vapor em Nottingham em 1785. A par das fábricas
de fiação, tecelagem, e produção de tijolos, cresceu rapidamente a produção
de ferro (para a construção de máquinas) em altos-fornos.
É imposta uma exploração brutal de um proletariado miserável. Vários
escritores assinalam na 1.ª metade do séc. XIX, com base em inquéritos
oficiais, que o proletariado inglês era considerado uma classe fora da lei;
muitos operários chegavam a trabalhar até 20 horas seguidas e doze a catorze
horas crianças de 6 a
8 anos. Obrigado a revoltar-se contra as duras condições económicas e
sociais, o proletariado irá conquistar passo a passo os seus direitos:
organização sindical (em 1834, pouco depois reprimida), greves e imprensa
operária (Poor Man’s Guardian em
1830).
A sede do lucro, de vencer a competição face a concorrentes no mesmo ramo
de negócio, incita a: aumento da produção e alargamento dos mercados, no
estrangeiro e nas colónias (William Pitt: «A política britânica é o comércio
britânico» [11]); liberalismo (laissez-faire), isto é, liberdade para a burguesia produzir,
comerciar e pagar a mão-de-obra como entendesse, sem intervenção do Estado; leis proteccionistas face à importação
de produtos estrangeiros; leis contra os pobres, obrigando-os compulsivamente
a trabalhar nas fábricas; leis proibindo coligações dos operários.
Da ideologia liberal, cujo expoente da época é Adam Smith, fazem parte:
- A aceitação da desigualdade social, porque imposta pela «Providência»,
e a defesa da exploração dos trabalhadores ao abrigo da ideia hipócrita de
que é preciso haver ricos para que os pobres não sejam tão pobres, bem como
da ideia de que os pobres acabam por ser mais felizes porque não têm
preocupações [12];
- Outra linha de defesa hipócrita da desigualdade social é a ideia da
filantropia dos ricos, bem representada pelo político francês Adolphe Thiers
[13] cuja aplicação prática de filantropia iremos apreciar mais tarde;
- A defesa da ordem social existente: «O governo civil já que foi
instituído para a segurança da propriedade é, na realidade, instituído para
defender os ricos contra os pobres» [14];
- Oposição a tudo que possa restringir a «liberdade do trabalho»: «o
património do pobre reside na força e habilidade das suas mãos; e impedi-lo
de aplicar esta força e esta habilidade da maneira que ele julgar mais
conveniente, desde que não cause prejuízo a ninguém, é uma violação manifesta
desta propriedade primitiva. É uma usurpação gritante da liberdade legítima,
tanto do operário como daqueles que estariam dispostos a dar-lhe trabalho»
[15];
- A defesa de «o sistema óbvio e simples da liberdade natural» que se
exerce através do mercado [16]; Thomas Paine considera mesmo que no limite
não seria preciso haver governos, mas só mercados;
- A limitação do Estado ao papel de apoio da burguesia, usando a polícia
e a tropa para esmagar qualquer protesto operário, e o exército e marinha
para a expansão colonial. O ideólogo liberal Bastiat insiste em reduzir o
mais possível toda a acção do Estado: «A acção governamental é essencialmente
limitada a fazer reinar a ordem, a segurança, a justiça. Fora destes limites,
é usurpação da consciência, da inteligência, do trabalho, numa palavra da
Liberdade humana» (citado em [10]).
Outro expoente do liberalismo foi Jean-Baptiste Say que considerou a
propriedade, liberdade e prosperidade como indissociáveis: propriedade de
activos produtivos e dos rendimentos que produzem; liberdade de usar esses
activos como a burguesia quiser pois «toda a restrição não necessária para
proteger os direitos de alguém, é um atentado à propriedade»; prosperidade
para todos – ricos e pobres – porque «os seus interesses são exactamente os
mesmos». Reconhece que, sem dúvida, «é uma grande infelicidade ser pobre»,
mas «essa infelicidade é bem maior quando rodeados de outros pobres […] Um pobre
tem mais meios de ganhar a vida e alcançar o desafogo se se encontra numa
população rica […] É pelos seus interesses que o rico fornece ao pobre
terreno, utensílios, adubos, sementes e que o alimenta até à colheita». Say escreveu
um «catecismo de economia política» onde considera trabalho, capital e terra
como três factores de produção, remunerados de acordo com a sua contribuição
para a produção [17]. Um postulado que ainda é hoje o da economia
convencional, tal como outras explicações «científicas» dos economistas
britânicos da época: lei da oferta e da procura em concorrência perfeita,
trabalho e capital em pé de igualdade como factores de produção, teorias
marginalistas.
Crescimento Capitalista no séc. XIX
Depois da Inglaterra (GBR) o MP capitalista ascende na França (FRA),
Alemanha (DEU) e EUA (USA). Também ascende no final do séc. XIX em países
mais fracos, como Portugal [18]. As três principais indústrias em 1780-1880
são: algodão, ferro e caminhos-de-ferro. A produção industrial inglesa
correspondia a cerca de ¼ da produção mundial. Con a França, Alemanha, e EUA,
correspondia a uma fracção entre 2/3 a 3/5 da produção mundial (ver Tabela 1).
A libra esterlina inglesa (£), convertível em ouro, foi a moeda internacional
até 1898.
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B4 – Capitalism
“All the slave’s labor appears as unpaid labor.
In
wage labor, on the contrary, even surplus labor, or unpaid labor, appears as
paid.”
Marx, Capital, vol. 1, ch. 19
Capitalism is the most sophisticated class-based mode of
production (MP). Let us see why.
The dominant class in the previous class-based social
formations (SFs), owner of the main means of production, appropriates the
surplus-product of the exploited class/es in a direct way. The exploited producer of slavery and of feudalism
“sees” the surplus-product: it has an individualized physical existence. The
work product of the slave is clearly visible. The peasant and craftsman of
feudalism also see the surplus-product, everything in excess of his
consumption given over to the lord under the form of rent in work or in kind.
When money circulation becomes widespread in feudalism, even then the
surplus-product has an individualized existence under the form of rent in
money.
The appropriation of surplus-product in capitalism is done
in an indirect way, through the
embodiment of surplus-labor value in the value of commodities. The value of
surplus-labor is called surplus-value
and constitutes the basis of capitalist profit. The wage-workers don’t “see”
the surplus-labor. It is a part of the commodity (or service) price submitted
to the market. From this stems the apparently mysterious nature of profit
[1]. To the worker, the wage seems to be the payment of his labor. This is what
the defenders of capitalism assert. But, in fact, it is not: the wage is the
payment of the labor power, that
is, of the capability of producing a labor product whose value exceeds what is
needed to the maintenance of the labor power in given social conditions (nourishment,
clothing, housing, etc.) [2].
The existence of markets is not what characterizes
capitalism. The previous SFs also had markets, though with a regional and
local role, and often being restricted to barter, and subject to
extra-economic factors: physical constraint, local traditions, impositions of
nobility and clergymen, etc. As to the market formation of an exchange value of goods, its
measurement by the “socially needed labor time” – Marx’s law of value – is only operational when markets become developed
in the final stage of mercantilism, capitalism rises, with the money
circulation having a determinant role in the measurement of value, and
furthermore with the existence of several capitalists competing with the same
goods. All this leading to the formation of value (exchange value) by the
“socially needed labor time”. [3]
Let us consider a given amount of money: D. In commodity trading, the trader
buys with D – commercial capital –
commodities, M, that he sells,
obtaining D’ = D + g, with g the trader‘s gain or loss. The cycle
of commercial capital is D --> M --> D’. In the manufactures of the putting-out system the trader
bought raw materials, rm, as
commodities M. Transformed by
craftsmen at their homes into merchandises, M’, they were sold by D’.
Denoting by lc the craftsmen labor
costs, we get the manufacture cycle: D
--> M={mp} --> M’ --> D’ --> D’ – lc. The
manufacturing trader advanced from D only the amount rm, paying the agreed upon lc
after the sale took place (subtracting lc
from D’). The amount lc included the craftsmen own
consumption and the depreciation of their working means. The manufacturer had
little control over lc and none at
all over the production process. With the advent of factories the industrial
entrepreneur spent his money, in each productive cycle, in means of
production, Mp (essentially, rm plus depreciation costs of
machinery and other equipments), and in labor power, W. The industrial capital cycle is D --> M = Mp + W --> P --> M’ --> D’, with the value of M’
greater than M. The labor power
enters the cycle as any commodity purchased by the entrepreneur, who is in
control of the production process P.
We then see that there is a specific market in capitalism.
The labor market. Instead of what
ran in feudalism, the producer in capitalism owns no means of production. (We
mean, of course, means corresponding to the dominant economy of the SF, the
main means of production.) In order to earn a living the producer (e.g., the
wage-worker in the manufacturing industries), must sell his labor power in
the labor market, since the property of the means of production is in private
hands. In the capitalist society the producer is “free” as regards to law. But
the law in every SF is a super-structural element constrained by the economic
basis, the MP. It then follows that the producer is “free” to submit to the
eventual employment offer of the capitalists, selling them in exchange of
wages the sole commodity that he owns and strives to reproduce – his labor
power. If he doesn’t want, cannot, or is deprived of the enjoyment of such
“freedom”, he is “free” to be a beggar, to live out of odd jobs, at the
charge of others, etc.
“The sole defining characteristic, therefore, of
whether a [class-based] social formation is capitalist is whether wage labor is the primary form by which the producing
population is exploited by the owning [of means of production] and
controlling [of the SF] class.” [4]
Obtaining a greater valued M’ from M in the
industrial cycle can only be due to the use of the commodity W, since the means of production are
“frozen” values, which can only transmit to M’ a part of the value they were bought for. The unique and
special commodity capable, by its use,
of creating more value than what is needed to restore its initial state, is
the labor power. The capitalist pays D = M = Mp + W, where W are the workers wages. He obtains a
commodity (or the production of a service) whose value is M’ = Mp + W + p, with p – always positive – is
the value created by surplus work, that is, in excess of restoration needs of
labor force: the surplus-value. The surplus-value translates into a profit for
the capital, with a profit rate, p/D. Hence, capital is not simply a material
thing as claimed by many [5]. It is more than that: it is a social relation
of production constraining the producer to the production of surplus-value
appropriated by the capitalist.
It is important to clarify at this point something that is
often misconstrued. What characterizes capitalism is not the existence of
surplus-value, in a broad sense of surplus-product in excess of consumption.
Taken in that sense no SF exists without surplus-values, which correspond to
the difference between what a society produces and what it consumes. As an
example, there also surplus-values in socialism. There is always a need of
surplus-values: for social handovers, to repair equipments which depreciated
during the productive process, to substitute them by other equipments, and so
on. What characterizes a class-based MP is not the existence of surplus
values, but indeed the private
appropriation of surplus values and, in the capitalist MP, their extraction and application
essentially guided by the profit drive of the capitalist class [6].
We end these notes with an excerpt from [7]. Written in
1934, it maintains its relevance and sets the background of what follows below.
“Capitalism appeared in history as a revolutionary force,
waging war upon the economic, political, and cultural relations of feudalism.
Profits are the heart of capitalism, markets its circulating system;
capitalist enterprise consequently required the transformation of production
for use into production for profit and increasingly larger markets. Capitalist
production also needed a free labor market of propertiless workers
distinguished from serfs and slaves by their “freedom” to work for wages
anywhere [...] This movement was bound up with the necessity for freedom of
enterprise and competition, of laissez-faire, individualism, and
democracy: the revolutionary representatives of the bourgeoisie, transcending
immediate needs, invoked an ideal of individualism and democracy which is now
completely repudiated by imperialism and fascism […] Once in power capitalism
abandoned its revolutionary ideals: they now threatened its own vested class
interests. These ideals had always had a limited practical application; thus laissez-faire
was never wholly accepted by the bourgeoisie […] and capitalism resorted to protectionism,
monopoly, and state aid [...] Democracy was limited to bourgeois
democracy. […] an ideology insuring capitalist domination, with labor forced
to fight for democratic rights. Capitalism developed unevenly; it produced
recurrent economic crises and wars, limited expansion of the home market in
favor of the larger profits of overseas markets, including colonial
exploitation”
B4D – Liberal Capitalism
SFs: B4D
spans from the middle of the 18th century to the beginning of the 20th
century. England
is the classic country of B4D. From the early 20th century until WWII a
transition period to B4C sets in. We may say that B4D begins and ends with
liberalism.
RoP: The
industrial bourgeoisie is the dominant class. It extracts surplus-value from
the proletariat. There exist in each sector of activity several small and
medium-sized industries, competing with each other in the domestic and
foreign markets. The industries of services are, with the exception of
banking, of reduced expression in B4D. The commercial and financial
bourgeoisies also live from the surplus-value created by the proletariat, as
appendices of the industrial bourgeoisie: in order to realize the
surplus-value as a capital profit (the M’
--> D’ market conversion)
the industrial entrepreneur has in general to resort to the commerce, doing
without part of the surplus-value (the above g is part of p) as
payment of the commercial service [8]; to perform the investment needed for
several productive cycles – purchase of Mp
and W – the industrial entrepreneur
has in general to resort to credit operations charging him a loan interest to
be subtracted from the surplus-value [9]. The organs of State and the liberal
professions live, through taxes and service payments, from the wages of the
workers and in the case of the capitalist class and their foremen (e.g. the
CEOs) also from the surplus-value they created. As in slavery and feudalism
the State in capitalism is essentially and obviously at the service of the
respective dominant class: the bourgeoisie.
There are petty producers in B4D. Classes of B3D
(nobility, craftsmen, manufacturers, etc.) persist in regions of Southern and
Eastern Europe until the 20th
century. In Japan
they persist until the end of WWII.
In liberal capitalism there is no State intervention in capitalist
affairs. Economic decisions and to a
large extent political decisions are taken in a decentralized way by the
bourgeoisie, either through parliamentarism or through informal ways.
PolOrg: Parliamentary
monarchies and republics of bourgeois democracy. Until the middle of the 19th
century only the propertied layer could be elected to parliamentary
institutions (with rare exception periods in a few countries): only those who
had wealth and/or income above a certain threshold could be elected.
Likewise, in order to have voting rights. Women won voting rights only after
1893. The editorial, journalistic and electoral activities were controlled by
the bourgeoisie. There are elitist chambers in many parliamentary regimes as
a supplementary defense line of the interests of the upper bourgeoisie: House
of the Lords, House of the Peers, Senate, etc.
Evolution
[10]:
The 1st Industrial Revolution and Liberalism
The first industrial revolution, of the steam engines, started
in the last quarter of the 18th century: the Watt’s machine was
used from 1775 onward and the first spinning factory with steam engines appeared
in Nottingham in 1785. Together with spinning,
weaving, and brick-making factories, the production of pig iron (for engine
construction) in blast furnace grew rapidly.
A ruthless exploitation is imposed on a wretched
proletariat. Several writers report during the 1st half of the 19th
century, on basis of official enquiries, that the English proletariat was
considered an outlaw class; many workers had to work up to twenty consecutive
hours and children of 6 to 8 eight years old worked twelve to fourteen hours.
Obliged to rebel against the hard economic and social conditions, the
proletariat will conquer step by step its rights; trade-union organization
(in 1834, repressed soon after), strikes, and workers’ press (Poor Man’s Guardian in 1830).
The thirst for profit, for winning the competition against
competitors in the same business branch, incites to: increasing production
and widening of markets, both abroad and in the colonies (William Pitt: “The
British policy is the British trade” [11]); liberalism (laissez-faire),
that is, freedom for the bourgeoisie to
produce, to trade, and to pay the labor force as it saw fit, without State intervention; protectionist
laws against importing foreign goods; laws against the poor, obliging them
compulsively to work in the factories; laws forbidding any coalitions of
workers whatsoever.
The following traits characterize the liberal ideology
epitomized by Adam Smith:
- The acceptance of social inequality, since it was
imposed by the “Providence”, and the defense of the exploitation of the
workers based on the hypocritical idea that rich men are needed in order that
the poor are not that much poor, as well as the idea that the poor end up
being happier because they have no worries [12];
- Another line of hypocritical defense of social
inequality is the idea of the philanthropy of rich people, well represented
by the French politician Adolphe Thiers [13] whose practical application of
philanthropy we’ll appreciate later;
- The defense of the existing social order: “Civil
government, so far as it is instituted for the security of property, is in
reality instituted for the defense of the rich against the poor” [14];
- Opposition to anything that may restrain the “freedom of
work”: “The patrimony of a poor man lies in the strength and dexterity of his
hands; and to hinder him from employing this strength and dexterity in what
manner he thinks proper without injury to his neighbor, is a plain violation
of this most sacred property. It is a manifest encroachment upon the just
liberty both of the workman, and of those who might be disposed to employ
him” [15];
- The defense of “the obvious and simple system of natural
liberty”, which operates through the market [16]; Thomas Paine even considers
that in the limit there should be no need of governments, only markets;
- The limitation of the State to the role of supporting
the bourgeoisie, using police and troops to crush down any workers’ protest,
and the army and the navy for the colonial expansion. The liberal ideologist
Bastiat insists in reducing as much as possible the action of the State: “The
governmental action is essentially limited to maintain the reign of order,
the security, and the justice. Outside these limits it is usurpation of
conscience, of intelligence, of labor, briefly of human Freedom” (quoted from
[10]).
Another luminary of liberalism was Jean-Baptiste Say, who
considered property, liberty and prosperity as inseparable: property of
productive assets and of the profits they yield; freedom of using those
assets as desired by the bourgeoisie since “any unnecessary restriction to
protect the rights of someone is an attack against property”; prosperity for
everybody – rich and poor – because “their interests are exactly the same”.
He does recognize that indeed “it is a great unhappiness to be poor”, but
“that unhappiness is far greater when surrounded by other poor […] A destitute
finds more ways of earning a living and to be better off when he lives in a
rich population […] It is in his interests that the rich man provides a poor
man with land, working tools, manure, seeds, and that he feeds him until the
crops”. Say wrote a “catechism of political economics” where he considers
labor, capital, and land, as three factors of production which are paid
according to their contribution to production [17]. A postulate that runs
until today in mainstream economics, as well as other “scientific”
explanations developed at that time by British economists: law of supply and
demand in perfect market competition, labor and capital in equal footing as
factors of production, and marginalist theories.
Capitalist Growth in the 19th century
Following England (GBR), the capitalist MP becomes
dominant in France (FRA), Germany (DEU), and United States (USA). It also
rises to dominance by the end of the 19th century in weaker
countries such as Portugal
[18]. The three main industries in the period 1780-1880 are: cotton, iron,
and railways. The British industrial production amounted to about ¼ of the
world production. Together with France,
Germany, and USA, the production
amounted to between 2/3 and 3/5 of the world production (see Table 1). The
British sterling pound (£), convertible in gold, was the international
currency until 1898.
|
Tabela 1. Evolução da produção industrial das principais potências
capitalistas no séc. XIX. Adapt. de [10].
Table 1. Progress of industrial production of main capitalist powers in
the 19th century. Adapted from [10].
Ano Year
|
GBR
|
FRA
|
DEU
|
USA
|
.
|
Fios de algodão (milhões de £)
Cotton threads (millions of £)
|
1830
|
250
|
68
|
16
|
77
|
1870
|
1101
|
220
|
147
|
400
|
|
Ferro (milhares
de toneladas) Pig Iron (thousands of tons)
|
1800
|
200
|
60
|
40
|
-
|
1860
|
3800
|
900
|
500
|
900
|
|
Caminhos-de-ferro (milhares de km) Railways
(thousands of km)
|
1850
|
11
|
3
|
6
|
-
|
1870
|
25
|
18
|
20
|
52
|
|
Potência de máquinas instaladas (milh. de CV) Power
of installed machines (thousnds of HP)
|
1840
|
350
|
34
|
20
|
-
|
1870
|
900
|
336
|
900
|
-
|
A Inglaterra passa rapidamente de país agrícola a industrial: na produção
total em valor, a indústria subiu de 42% em 1801 para 73% em 1871. Em França
a indústria ainda só representava 55% em 1874. A produção de maquinaria
era forte em Inglaterra: 29% da produção industrial em 1783 e 47% em 1883. Com
um largo império colonial e como maior potência marítima, a Inglaterra detinha
em 1860 ¼ do comércio mundial (França 11%, Alemanha 9%). Todavia, a balança comercial inglesa foi negativa
durante todo o séc. XIX dada a enorme importação de matérias-primas e de
bens de consumo. Em 1866-1870 o défice comercial inglês foi de -65 M£
(milhões de libras). A balança de pagamentos só foi positiva nesse período devido
a retornos de investimentos no estrangeiro (+57 M£), de transportes marítimos
(+45 M£) e de serviços bancários (+13 M£), o que prenuncia a fase
imperialista do capitalismo [10].
A Inglaterra tem uma burguesia bem desenvolvida com a qual se fundiu a
nobreza. Pelo contrário, na França manteve-se a nobreza rural e o atraso nos
campos com formas feudais de exploração até cerca de 1830. Parte da burguesia
ansiava ser aceite pela nobreza e parecer-se com ela. Um fenómeno que também
marca a burguesia portuguesa [19]. No reinado de Carlos X em França
(1825-1830) assistiu-se, inclusive, à tomada do poder pela nobreza fundiária
que destronou a burguesia.
Nos EUA existiram três FSs até a guerra civil: B1D no sul; colonização
por pequenos e médios produtores no Oeste, comparável à dos boers na África do Sul; B4D no Nordeste.
Depois da guerra o capitalismo tornou-se o MP dominante. Alguns grandes
capitalistas enriqueceram à custa da guerra: J. P. Morgan vendendo um stock
de carabinas defeituosas ao exército e especulando em ouro; Jim Fisk vendendo
cobertores ao exército; Vanderbilt alugando barcos a preços elevados ao
governo federal; J. D. Rockefeller vendendo petróleo. «O capitalismo
americano, ao contrário do europeu, não sofreu entraves de relíquias feudais
ou de compromissos com a nobreza. […] O individualismo e a democracia
burguesas desenvolveram-se mais livre e completamente que na Europa.
Formou-se uma ideologia capitalista quase “pura”, que permitiu e justificou a
exploração e acumulação irrestrita» [7]. O liberalismo irrestrito, juntamente
com as «oportunidades» oferecidas pelos vastos territórios a Oeste, criou a
lenda do «sonho americano».
Os casos da Alemanha e Japão merecem menção especial porque neles o
capitalismo se desenvolveu com forte presença da nobreza a todos os níveis do
Estado: um capitalismo com poucas características liberais que poderíamos
chamar de capitalismo de Estado.
Na Alemanha é a nobreza latifundiária prussiana – Junckers – quem detém o poder, formando uma
casta militar em que irá assentar o imperialismo alemão. A temerosa e
vacilante burguesia alemã foi incapaz de tomar o poder na revolução de 1848.
O capitalismo progredirá graças ao Juncker e déspota iluminado, Otto von
Bismarck (1860-1890). Como Chanceler
do imperador Guilherme I, unifica a Alemanha, criando um grande mercado
interno, e inicia a prática do apoio estatal à industrialização, com tarifas
proteccionistas nas importações que defendem as indústrias e fazem progredir
a agricultura, tornando-a a mais próspera da Europa. O Estado alemão
permanece um estado militarista, dominado pela nobreza com ingresso
predominante nos militares que constituem uma casta aparte, no alto
funcionalismo e na política externa. A democracia burguesa tem fortes limitações
[20], os partidos liberais são confessionais (o luterano Nacional Liberal e o
católico Partido do Centro), e o capitalismo é dependente da ajuda do Estado.
Embora nunca tenha comandado tropas, Bismarck usava quase sempre o uniforme
de general em público.
O crescimento capitalista no Japão descola em 1868 com a «restauração
Meiji» [21] liderada por príncipes do Sul (Satsuma, Choshu, Tosa) com apoio
de bancos e da corte de Kioto. O imperador restaurado e iluminado (meiji), tinha um poder divinizado, de
unificador da nação. O poder estava de facto nas mãos de nobres oligarcas,
representa-dos no Conselho do Imperador,
dispostos a «modernizar» o Japão. Modernização liderada pelo Estado num
quadro largamente feudal: os
daimios tinham perdido os seus domínios mas receberam ricos estipêndios estatais
tornando-se oligarcas; os altos samurais tornaram-se altos funcionários
públicos e quadros do exército; o regime parlamentarista, moldado pelo Prussiano,
esperou até 1888 e tinha uma Câmara dos Pares (membros da família real e alta
nobreza) e Câmara dos Representantes, eleita pelos possidentes (450 mil
votantes em 40 milhões), de poderes muito limitados, cujas leis podiam ser
vetadas; um conselho extra-constitucional de antigos estadistas
Satsuma-Choshu (genro) influenciava
o conselho do imperador; uma
burocracia asfixiante destinada a proteger os nobres, treinada no «desprezo
pelo povo»; uma Constituição que enfatizava os deveres dos «súbditos», não os
seus direitos [22]; um decreto imperial sobre Educação, mantendo o
confucionismo como doutrina estatal para moldar um povo obediente, com
valores de «lealdade e piedade filial».
Embora os nobres oligarcas apoiassem a iniciativa privada nas
indústrias tradicionais [23], comércio e banca – a isto reduzindo o seu
«liberalismo» – eram eles que faziam os grandes investimentos – por vezes, no
que se poderia chamar de PPPs – e atraíam peritos internacionais para a
indústria têxtil, moderna construção naval, caminhos-de-ferro e novas
tecnologias. O crescimento industrial, baseado na exploração cruel do
proletariado, foi rápido; os caminhos-de-ferro, cresceram de 200 milhas em 1881
para 4.500 em 1903; o comércio externo mais que quadruplicou entre 1870 e
1905. Muitas indústrias cresceram devido a aquisições militares. Como no
feudalismo, o Japão Meiji era militarista: os militares só respondiam ao
imperador, não ao governo; podiam derrubar governos demitindo-se dos seus
postos e recusando apontar novas nomeações.
Lutas dos Trabalhadores no séc. XIX
Os trabalhadores progridem na sua luta ao longo do séc. XIX, passando de
ajuntamentos de protesto e explosões de cólera a formas organizadas de luta.
Em Inglaterra surge o movimento Cartista (1838-1848) que reclama o
sufrágio universal, o voto secreto, a elegibilidade dos não proprietários, e
subsídios parlamentares para os eleitos sem fortuna. O movimento desune-se, é
ameaçado e reprimido. Mesmo assim é obtido o sufrágio universal em 1867 e o
direito de organização sindical em 1868. Nos EUA forma-se a União Nacional do
Trabalho em 1866. Na Alemanha surge o Partido Social-Democrata em 1869,
fortemente reprimido pelas leis anti-socialistas de 1878, abandonadas em
1890. O Japão tinha um regime muito repressivo que proibia e reprimia cruelmente
quaisquer ajuntamentos, protestos e greves. A própria palavra «socialista»
era proibida.
Em França a luta de classes foi particularmente intensa. Em 1831 revoltam-se
os canutos, operários das
indústrias de seda de Lião: «batemo-nos por pão e trabalho». A tropa esmaga a
revolta: mais de mil mortos e feridos. O filantrópico Thiers não está com
meias medidas e diz à tropa: «É preciso matar tudo. Não dar quartel. Sede
implacáveis…É preciso abater três mil facciosos». Em 1848 têm lugar grandes
manifestações em Paris, dos trabalhadores contra o governo, que terminam em
fortes confrontos e barricadas. As tropas esmagam as barricadas. Resultado:
milhares de mortos, 11 mil presos, dos quais alguns condenados á guilhotina,
outros a trabalhos forçados, a deportações para a Argélia, etc.
Em 1871, na sequência da derrota francesa cujos generais abandonam Paris
às tropas alemãs, dá-se a famosa insurreição popular conhecida por Comuna de
Paris. Durante 72 dias reina em Paris o poder proletário. Apesar da coragem
dos defensores a Comuna é esmagada por tropas Versalhesas, enviadas pelo
filantrópico Thiers que obteve o apoio de Bismark. Os generais franceses não
venceram os rapinantes invasores alemães; pelo contrário, portaram-se
cobardemente. Mas foram rápidos em se aliar às altas patentes alemãs para
reprimir com a maior bestialidade os trabalhadores franceses [24]. Uma de
inúmeras demonstrações históricas dos distintos significados de «pátria» nas
FSs classistas.
Desde muito cedo surgiram intelectuais a denunciar a exploração
capitalista. Em 1793 já o filósofo político inglês William Godwin denunciava
a desigualdade social e o facto dos ricos viverem da exploração do trabalho
[25]. Mais tarde surgiram várias doutrinas socialistas e anarquistas
utópicas. Todas elas vieram a desaparecer ou a perder importância no
movimento operário, mantendo-se apenas até hoje, e objecto de constantes
aportes, o socialismo científico de Marx e Engels desenvolvido em várias
obras de investigação na 2.ª metade do séc. XIX. Marx e Engels foram
fundadores da Associação Internacional dos Trabalhadores (Iª Internacional)
com grande impacto no movimento operário internacional.
A Longa
Depressão de 1873 e o Início do Imperialismo
Antes do capitalismo ocorriam crises económicas por causas exógenas à economia: más colheitas
devido a causas climáticas, movimentos de povos, pestes, guerras, etc.
No capitalismo surgem pela primeira vez, nas FSs classistas, as crises
(recessões, depressões) devido a causas endógenas
do MP; isto é, devido a leis específicas do capitalismo, nomeadamente a lei
da queda tendencial da taxa de lucro, descoberta por Marx, que traduz uma
contradição fundamental do capitalismo: para aumentar o lucro e vencer a
concorrência os capitalistas procuram aumentar a produtividade do trabalho
usando meios de trabalho (maquinaria, automatização, etc.) mais sofisticados;
esses meios são geralmente mais onerosos e necessitam de menos trabalhadores;
o alargamento do seu uso traduz-se numa tendência geral do aumento de Mp/T
– chamada composição orgânica do capital; para uma taxa de mais-valia, p/T,
constante, a tendência do aumento de Mp/T traduz-se na tendência de diminuição de (p/T)/(1 + Mp/T)
= p/D, isto é, da taxa de lucro.
No séc. XIX ocorreram quatro recessões em Inglaterra: em 1812, 1857, 1867
e 1873. A
de 1873 é conhecida por Longa Depressão já que durou cerca de 20 anos. Teve impacto
mundial: colapsos de bancos em Inglaterra, Áustria, Alemanha, França, e EUA;
quedas de bolsas; quedas no investimento e na produção; falências de
indústrias; aumento do desemprego.
As crises da 1.ª metade do séc. XIX eram resolvidas automaticamente por:
a) Queda dos preços e redução da produção, liquidação de stocks a preços de saldo para cancelar
dívidas --> forte redução do valor
realizado --> eliminação das empresas mais
fracas: purga periódica do capital que elimina os ramos mais fracos deixando
a «seiva» subsistente de mais-valia para os ramos mais fortes. Esta purga,
com a desvalorização de activos, leva geralmente a uma crise financeira.
b) Desemprego e redução dos salários reais -->
baixa do consumo dos trabalhadores -->
alargamento da crise, logo da purga --> reinício da actividade dos
ramos mais fortes e de novos ramos com força de trabalho disponível a mais
baixo custo -->
a taxa de lucro começa a crescer.
Estas respostas automáticas do capitalismo continuam em vigor até hoje. A
crise de 1873 apresentou, porém, fenómenos novos: mesmo com a purga do capital
os preços continuaram baixos e a depressão entrou num quadro deflacionário
com o PNB estagnado e alto desemprego. Estes novos fenómenos levaram a classe
capitalista dos países avançados a adoptar novas respostas:
- Formação de cartéis a nível nacional que fixam níveis de produção e
preços, coordenam investimentos e repartem mercados. Em 1914 havia 114
cartéis nos países avançados, 29 nas indústrias do carvão, 19 nas indústrias
químicas, 18 nos transportes.
- Proteccionismo: o Estado decreta leis limitando ou impedindo as
importações de produtos concorrentes com os domésticos.
- Utilização pelo patronato de medidas para elevar a taxa de mais-valia, p/T,
logo a taxa de lucro, à custa de maior exploração dos trabalhadores, pela
intensificação do ritmo de trabalho. É adoptado o taylorismo [26]:
decomposição de tarefas em movimentos elementares, executáveis em tempo
curto, cronometrados e impostos pela maquinaria.
Em 1880 tem início a 2.ª revolução industrial, da electricidade e dos
motores de explosão: iluminação, geradores e motores eléctricos, transportes
motorizados, indústrias do petróleo, automóveis, aeronáutica, etc. Com ela
aumenta a influência do proletariado industrial, em número, organização
sindical, partidos, e lutas contra o capital (elevado número de greves). As
greves são brutalmente reprimidas, pela polícia, pelo exército e por milícias
privadas pagas pelo patronato. O direito à greve só é ganho no início do séc.
XX; por vezes, com os patrões mantendo o direito de despedir grevistas [27].
O aumento da influência e das lutas da classe operária traduzem-se em
subidas do salário real e numa tendência para baixar o tempo de trabalho.
Concessões cedidas pelo patronato devidas também ao aumento de produtividade
do trabalho. Os grandes capitalistas continuam, porém, a rejeitar a
intervenção estatal nos problemas sociais, travando quaisquer iniciativas
legislativas para melhorar o nível de vida do operariado, por vezes a coberto
de um hipócrito «direito ao trabalho» [28].
O fortalecimento da classe operária e as novas crises (1882, 1893, 1902,
1907) – tendo como causa principal a descida da taxa de lucro, nomeadamente
nas indústrias tradicionais, mas também agravadas pelo avanço do capitalismo
nos países que dantes eram apenas escoadouros da produção das potências
capitalistas –, leva a burguesia dos países avançados a adoptar novas
soluções:
- Concentração e centralização do capital industrial, formando grandes
empresas por absorção das mais pequenas (baixando o impacto do aumento de Mp através de economias de escala).
Formam-se novos cartéis (trusts) e
os primeiros monopólios nacionais [29].
- Concentração e centralização do capital financeiro em grandes
instituições bancárias intimamente ligadas aos monopólios industriais [30]
que canalizam para eles os depósitos. Na direcção dos monopólios e dos bancos
encontram-se, frequentemente, os mesmos capitalistas.
- Forte corrida à caça de colónias, protectorados, condomínios e
concessões territoriais (na China). O Japão lançou-se rápido numa caça às
colónias, em particular à custa da China. Bismarck na Alemanha não se
interessava por colónias, preferindo exercer a hegemonia alemã na Europa; mudou
de opinião em 1883-84 e de um dia para o outro a Alemanha construiu o seu
império colonial.
São reestruturados os negócios coloniais, as formas de governo colonial,
saqueadas novas matérias-primas, abertos novos mercados, e investidos
capitais nos caminhos-de-ferro, no telégrafo, etc. Protectorados, condomínios
e países mais fracos ficam reféns de empréstimos usurários para investir na
compra de equipamentos e construção de infra-estruturas fornecidos pelos
monopólios ligados aos bancos que fizeram os empréstimos: um sorvedouro de
dupla via. (Lista de nova divisão do mundo no período 1876-1914 em [31].)
Inicia-se a era imperialista do capitalismo.
No final do séc. XIX e até à 1ªGM as economias inglesa e francesa
declinaram enquanto as da Alemanha, EUA e Japão cresceram. Na Inglaterra e
França verifica-se falta de inovação e atraso na introdução de novas indústrias;
parte da burguesia prefere viver à custa de investimentos financeiros. Dá-se
o fim da hegemonia britânica. Em 1913, a Rússia tem já uma produção industrial
igual à da França, e os EUA surgem como potência industrial dominante (Tabela
2).
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From an agricultural country England quickly became an
industrial country: industry rose from 42% of the total production in value
in 1801 to 73% in 1871. The industry in France represented only 55% of
the total in 1874. The production of machinery was also strong in England:
29% of the industrial production in 1783 and 47% in 1883. With a large
colonial empire and as the largest sea power England
controlled ¼ of the world trade in 1860 (France
11%, Germany
9%). In spite of that, the English
trade balance was negative throughout the whole 19th century
due to the huge importation of raw materials and consumption goods. In
1866-1870 the trade balance deficit was -65 M£ (millions of pounds. The English
balance of payments was only positive in that period due to revenues from investments
abroad (+57 M£), sea freight (+45 M£), and banking services (+13 M£),
foretelling the imperialist stage of capitalism [10].
England has a fully-fledged bourgeoisie
with which the nobility merged. By contrast, in France the rural nobility is
still present with the belatedness of the countryside and feudal forms of exploitation
until around 1830. Part of the bourgeoisie yearned to be accepted by and
imitate the nobility. Features also displayed by the Portuguese bourgeoisie
[19]. The French rural nobility did even wrest the power from the bourgeoisie
during Charles X reign (1825-1830).
Until the Civil War three SFs co-existed in USA: B1D in the South; a colonization of the
West by independent small and medium producers, comparable to the boer colonists in South Africa; B4D in the
Northeast. Capitalism became the
dominant MP after the war. A few big capitalists got rich because of the war:
J. P. Morgan by selling a stock of faulty rifles to the army and speculating
on gold; Jim Fisk by selling blankets to the army; Vanderbilt by hiring boats
at high prices to the federal government; J. D. Rockefeller by selling oil. “American capitalism, unlike the
European, was not fettered by feudal hangovers or compromise with the
nobility. […] Bourgeois individualism and democracy developed more freely and
fully than in Europe. An almost “pure”
capitalist ideology arose, which permitted and justified unrestricted
exploitation and accumulation.” [7]. The unrestricted liberalism,
together with the “opportunities” offered by the vast Western territories, created
the legend of the “American dream”.
The cases of Germany
and Japan
deserve special mention, since their capitalism progressed with a strong
presence of the nobility at all State levels: capitalism with few liberal characteristics,
which could be called State capitalism.
The Prussian big landed estate nobility – Junckers –
wielded the power in Germany,
forming a military caste which will later sustain German imperialism. The vacillating
and fearful German bourgeoisie was unable to wrest power during the 1848 revolution.
Capitalism develops thanks to the enlightened Juncker despot Otto von Bismarck
(1860-1890) who, as Chancellor of emperor William I, unifies Germany creating a vast domestic market and
initiates the practice of state support to industrialization, decreeing
protectionist tariffs on importations, which defend industries and advance
the agriculture, turning it into the most prosperous of Europe.
The German State stays a militarist state,
dominated by the nobility with prominent ingress in the military as an
autonomous caste, in the high cadres of civil servants, and in foreign
affairs. The bourgeois democracy is strongly restricted [20], the liberal
parties are confessional parties (the Lutheran National Liberal and the Catholic
Party of the Center), and capitalism depends on state support. Though he
never commanded troops, von Bismarck used almost always a uniform of general in
public appearances.
Capitalist growth of Japan takes off with the “Meiji
restoration” in 1868 [21] headed by princes of the South (Satsuma, Choshu and
Tosa) with the support of banks and the Court of Kyoto. The restored and
enlightened (meiji) emperor had a divinized
power, as the unifier of the nation. Power was indeed in the hands of
oligarchic noblemen, represented in the Emperor’s
Council, determined to “modernize” Japan. Modernization led by the
State in a largely feudal ground: the
daimyos had lost their domains but were granted rich state stipends becoming
oligarchs; the upper samurai layer became the upper layer of civil servants
and army cadres; the parliamentary
regime, molded by the Prussian one, had to wait until 1888 and had a
House of the Peers (members of the royal family and prominent nobles) and a
House of the Representatives elected by the propertied layer (450 thousand
voters in 40 millions), and of very restricted powers, whose laws could be vetoed;
an extra-constitutional council of former Satsuma-Choshu statesmen (genro), influencing the Emperor’s
Council; a suffocating bureaucracy aimed
to protect the nobles, trained in the “despise of the people”; a Constitution
emphasizing the duties of the “subjects”, not their rights [22]; an imperial
decree on Education maintaining Confucianism as state doctrine to mold as
obedient people, with values of “loyalty and filial piety”.
Though the oligarchic nobles supported private initiative in the
traditional industries [23], in trade and banking – restricting to this their
“liberalism” – they made big investments – sometimes in what could be called
PPPs – and attracted international experts to the textile industry, modern
naval construction, railways, and new technologies. The
industrial growth, based on a ruthless exploitation of the proletariat, was
fast; the railways grew out of 200 miles in 1881 to 4.500 in 1903; the
foreign trade more than quadrupled between 1870 e 1905. Many industries grew
due to military acquisitions. As in feudalism Meiji Japan was a militarist State:
the military were only responsible to the emperor, not to the government; they
could bring down
cabinets through resigning their posts and refusing to appoint new
nominations.
Workers’ Struggles in the 19th century
Workers step up their struggle during the 19th century,
passing from gatherings and explosions of wrath to organized forms of
struggling.
The Chartist movement irrupts in England (1838-1848) demanding
universal suffrage, secret ballot, the right of electing propertyless individuals,
and parliamentary grants for those elected without fortune. The movement
disunites, is threatened and repressed. Yet, the universal suffrage is
obtained in 1867 and the right to trade-unionism in 1868. In the USA
is formed the National Labor Union
in 1866. The
Social-Democrat Party appears in Germany in 1869, and is repressed
by the brutal anti-socialist laws of 1878, abandoned in 1890. Japan
had a very repressive regime which forbade and brutally repressed any
gatherings, protests and strikes. The use of the word “socialist” was
forbidden.
Class struggle was particularly fierce in France. In
1831 erupts the revolt of the canuts,
the workers of the silk industries of Lyon:
“we struggle for bread and work”. The army crushes the revolt: over one
thousand dead and wounded. The philanthropic Thiers doesn’t use half-measures
and tells the troops: “You must kill everybody. No quarter. Be ruthless… We
need to shoot down three thousand sectarists”. In 1848 huge demonstrations of
workers take the streets in Paris
against the government, ending in fierce confrontations and barricades. The
troops crush the barricades. Result: thousands of dead people, 11 thousand
prisoners, of which some are condemned to guillotine, others to forced labor,
deportations to Algeria,
etc.
In the aftermath of the French routing in 1871,
whose generals abandoned Paris
to the Germans, irrupts the famous popular insurrection known as the Paris
Commune. Proletarian power reigns in Paris
during 72 days. In spite of the courage of its defenders the Commune is
crushed down by troops sent from Versailles,
again by the philanthropic Thiers who secured Bismark’s help. The French
generals weren’t able to defeat the plundering German invaders; on the
contrary, they behaved cowardly. But they didn’t waste any time in allying to
the high ranking German officers for the repression of French workers with
big bestiality [24]. One of numerous historical demonstrations of the
distinct meanings of “fatherland” in class-based societies.
The
capitalist exploitation was denounced by intellectuals since early time.
Already in 1793 the English political philosopher William Godwin denounced
social inequality and the fact that the rich made a living out of labor
exploitation [25]. Several utopian socialist and anarchist doctrines made
their appearance later. All of them ended up disappearing or losing their
importance in the workers’ movement. Only the scientific socialism of Marx
and Engels, developed in several research works in the second half of the 19th
century, stands alive until today, with successive contributions. Marx and
Engels were also founders of the International Workers Association (1st
International) with impact in the international worker’s movement.
The Long Depression of 1873 and the Beginning of
Imperialism
Before capitalism the economic crises had causes exogenous to the economy: bad crops
due to weather conditions, movements of peoples, plagues, wars, etc.
With capitalism appear for the first time in class-based
SFs crises (recessions, depressions) due to endogenous causes of the MP; that is, due to specific laws of
capitalism, namely the law of the tendential fall of the profit rate,
discovered by Marx, which reflects a fundamental contradiction of capitalism:
in order to raise profits and win the competition capitalists strive to
increase the labor productivity using more sophisticated means of work (machinery,
automation, etc.); these means are usually more costly and can do with less
workers; their widespread use carries a general tendency of increasing Mp/W
– the so-called organic composition of capital; if the surplus rate of labor,
p/W, stays constant, the tendency of an increasing Mp/W
is reflected in a tendency to decrease
(p/W)/(1 + Mp/W) = p/D, that is, the rate
of profit.
Four recessions occurred in England
during the 19th century: in 1812, 1857, 1867, and 1873. The one of
1873 is known as the Long Depression since it lasted for around 20 years. It
had a world impact: bank collapses in England,
Austria, Germany, France,
and USA;
collapses of stock exchanges; falling investment and production; industrial
bankruptcies; rising unemployment.
The crises of the 1st half of the 19th
century were automatically solved
by:
a) Falling prices and reduction of production,
liquidation of stocks at unprofitable prices to cancel debts --> sharp reduction of realized value --> elimination of weaker firms: a periodical purge of capital that trims
off the weaker branches leaving the remaining surplus-value “sap” to the
stronger branches. This purge accompanied by devaluation of assets, leads in
general to a financial crisis.
b) Unemployment and reduction of real wages --> decline of workers’ consumption --> widening of the crisis, therefore
of the purge --> stronger branches restart their activity joined by new branches with
labor power available at a lower cost --> the rate of profit starts growing.
These automatic responses of capitalism still play a role until today. However,
the crisis of 1873 presented new phenomena: notwithstanding the capital purge
the prices remained low and the depression entered a deflationary state, with
stagnated GNP and high unemployment. These new phenomena led the capitalist
class of the advanced countries to adopt new responses:
- Formation of cartels at national level, which
determine levels of production and prices, co-ordinate investments and
distribute markets. In 1914 there were 114 cartels in the advanced countries,
29 in
the coal industries, 19 in
the chemical industries, 18 in
the transports.
- Protectionism: the State decrees laws hindering or
impeding importation of goods competing with the domestic ones.
- Measures used by the employers to raise the surplus rate, p/W,
and therefore the rate of profit, resorting to an increased exploitation
of labor, through the intensification of working pace. Taylorism was adopted
[26]: task decomposition into elementary movements that could be performed in
reduced time, duly timed and imposed by the machinery.
The 2nd industrial revolution, of electricity and explosion
motors, arrives in 1880: lighting, electric generators and motors, oil industries,
cars, aeronautics, etc. Thereby the industrial proletariat increases its
influence, in numbers, in trade-unionism, in parties, and in struggles
against capital (large number of strikes). Strikes are brutally repressed, by the police, by
the army, and by private militias paid by the employers. The right to strike
is only conquered at the beginning of the 20th century; in some cases with the bosses holding the
right to fire the strikers [27].
The increasing influence of the working class and of the workers’
struggles is reflected in rises of real wages and in a tendency to decrease
the working hours. Concessions
wrested from the employers which were also due to the increase of labor
productivity. The big capitalists continue, nevertheless, rejecting the state
intervention in social issues, impeding any legislative initiatives to
improve the standard of life of the workers, sometimes under a hypocritical
pretext of the “right to work” [28].
The strengthening of the working class and the new
crises (1882, 1893, 1902, 1907) – having as main cause the decline of the
rate of profit, namely in the traditional industries, but aggravated as well
by the advance of capitalism in countries that beforehand were mere outlets
for the production of the capitalist powers –, presses the bourgeoisie of the
advanced countries to adopt new measures:
- Concentration and centralization of the industrial
capital, merging the smaller firms into large corporations (lowering the
impact of an Mp increase through
economies of scale). New cartels (trusts)
are formed as well as the first national
monopolies [29].
- Concentration and centralization of the financial
capital in large banking institutions closely attached to the industrial
monopolies [30] and channelling to them the savings. The same capitalists are
often found in the directions of the monopolies and of the banks.
- Intense race to conquer colonies, protectorates,
condominiums and territorial concessions (in China). Japan launched an immediate colony hunt,
particularly at the expense of China. In Germany, Bismarck
was not interested in colonies, preferring the pursuance of German hegemony
in Europe; but he changed of opinion in 1883-84 and Germany built
its colonial empire overnight.
Colonial businesses are restructured as well as
forms of colonial government, new raw materials are plundered, new markets
are opened, capitals are invested in railways, telegraph, etc. Protectorates,
condominiums and weaker countries becomes hostages of usurer loans advanced
to the purchase of equipments and the construction of infra-structures supplied
by the monopolies attached to the banks that lent the funds: a double sucking
channel. (List of the new division of the world in the period 1876-1914 in [31].)
The imperialist stage of capitalism has begun.
By the end of the 19th century the English and French
economies declined, whereas those of Germany,
USA, and Japan grew. An innovation deficit and
belatedness in the introduction of new industries is observed in England and France; part of the bourgeoisie
prefers making a living from earnings of financial applications. The British hegemony comes to an end. In 1913 Russia already has an industrial production equal
to France, and USA stand as
the dominant industrial power (Table 2).
|
Tabela 2. Parte (%) na produção industrial mundial. Adaptado de [10].
Table 2. Share (%) of the world industrial production. Adapted from
[10].
|
GBR
|
FRA
|
DEU
|
RUS
|
USA
|
JPN
|
1870
|
32
|
10
|
13
|
4
|
23
|
-
|
1913
|
14
|
6
|
16
|
6
|
38
|
1
|
Transição:
O imperialismo (capitalista) é o poder dos monopólios nos mercados
internos e externos. A forma como esse poder se exerce através do Estado
passou por soluções diferentes até desembocar no Capitalismo Monopolista de
Estado (B4C) depois da 2ªGM. É esta fase de transição do início do séc. XX
até à 2ªGM que analisaremos agora.
O Imperialismo e a 1ªGM
Lenine, na sua conhecida obra sobre o imperialismo [32], diz assim:
«Se fosse necessário dar uma definição o mais breve possível do
imperialismo, dever-se-ia dizer que o imperialismo é a fase monopolista do
capitalismo. Essa definição compreenderia o principal, pois, por um lado, o
capital financeiro é o capital bancário de alguns grandes bancos monopolistas
fundido com o capital das associações monopolistas de industriais, e, por
outro lado, a partilha do mundo é a transição da política colonial que se
estende sem obstáculos às regiões ainda não apropriadas por nenhuma potência
capitalista para a política colonial de posse monopolista dos territórios do
globo já inteiramente repartido.»
Lénine caracteriza o imperialismo
em cinco traços fundamentais: «(1) a concentração da produção e do capital
levada a um grau tão elevado de desenvolvimento que criou os monopólios, os
quais desempenham um papel decisivo na vida económica; (2) a fusão do capital
bancário com o capital industrial e a criação, baseada nesse «capital
financeiro» da oligarquia financeira; (3) a exportação de capitais,
diferentemente da exportação de mercadorias, adquire uma importância
particularmente grande; (4) a formação de associações internacionais
monopolistas de capitalistas, que partilham o mundo entre si, e (5) o termo
da partilha territorial do mundo entre as potências capitalistas mais
importantes.».
Antes da 1ªGM a Inglaterra e a França (a Entente) lideravam a competição imperialista. Np que se refer ao
total mundial de capitais investidos no estrangeiro, temos em 1914: GBR: 43%,
FRA: 20%, DEU: 13%, USA 7%, totalizando 83%.
Os capitais eram investidos na aquisição de títulos de dívida
estrangeiros, em empréstimos para importar bens dos monopólios, e na participação
em capitais de filiais estrangeiras dos monopólios. Assim, p. ex. no que se
refere à Alemanha, a AEG tem em 1912
filiais em Londres, Petrogrado, Paris, Génova, Estocolmo, Bruxelas, Viena,
Milão, e o Deutsche Bank tem
filiais na Argentina, Peru, Bolívia, Uruguai, Brasil, Espanha, e
participações no Iraque e China. O Deutsche
Bank, fundado em 1870, teve desde o início fortes ligações à Siemens e à AEG. Teve também papel proeminente no financiamento do
caminho-de-ferro Berlim-Bagdad através dos Balcãs.
Quanto aos países independentes de economias mais fracas, as potências
imperialistas começam desde muito cedo a adoptar práticas neocolonialistas,
estabelecendo alianças com as elites locais. O caso da América Latina é
paradigmático [33].
Durante todo o período do séc. XX que antecede a 1ªGM assistiu-se a uma
defesa acérrima do imperialismo [34] e da colonização [35] nas publicações e
meios de comunicação burgueses. Na propaganda de massas, exercida por
ideólogos ao serviço da burguesia, procurou-se desviar a atenção: do
antagonismo capital-trabalho para o antagonismo inter-imperialista,
recorrendo ao chauvinismo e à exacerbação de rancores nacionais; da relação
capital-trabalho para a relação metrópole-colónias, defendendo o racismo, a superioridade
e missão civilizadora de europeus e japoneses. A burguesia imperialista
defendeu o militarismo, a intimidação militar («política da canhoneira») e a
intervenção armada.
O imperialismo não resolveu nenhuma das contradições do capitalismo, antes
as agudizou:
- A exportação de capitais veio a converter-se numa exportação de juros
«ganhos» em anteriores exportações de capitais, abrandando o crescimento
económico doméstico.
- Vários países que recebiam investimentos das potências coloniais começam
a industrializar-se e a produzir as suas próprias mercadorias, concorrendo
com as metrópoles, colocando problemas de rendibilidade das indústrias menos
inovadoras das metrópoles.
- A concorrência económica e financeira, pela partilha do mundo, endureceu
os confrontos inter-imperialistas. As alianças imperiais tornaram-se
instáveis. De 1898 a
1905, em apenas sete anos, sucederam-se rivalidades e confrontos, por vezes
entre «aliados»: o incidente de Fachoda (1898), a guerra hispano-americana
(1898), a guerra dos Boers (1899-1902), a guerra russo-japonesa (1904-1905),
a questão de Marrocos (1905 e 1911). A concorrência económica era feroz. Por
exemplo, na direcção do caminho-de-ferro de Bagdad estavam 15 alemães, 6
franceses e 3 belgas que se confrontavam e intrigavam constantemente em prol
de uma maior fatia do empreendimento. Isto veio a ser uma das causas da 1ªGM.
A luta inter-imperialista levou à 1ªGM (1914-1918); guerra entre blocos
imperialistas em que o leit-motiv
foi a partilha de mercados e recursos da Europa de Leste e Sul, e da Turquia,
bem como da Coreia e China no caso do Japão. Dez milhões de trabalhadores
morreram ao serviço do capital imperialista. Revelou-se o completo fracasso dos
partidos sociais-democratas que, negando as suas anteriores e solenes
promessas, apoiaram a guerra desde o início em nome das respectivas
burguesias. Uma só excepção: a da ala esquerda do partido social-democrata
russo, a ala bolchevique que se tinha independentizado sob a liderança de
Lenine, e que levou a cabo a Revolução de Outubro de 1917 contra a burguesia,
pelo fim da guerra e lançamento dos alicerces do socialismo.
Com os fornecimentos de guerra e sem ter sofrido destruições a hegemonia
dos EUA reforça-se: em termos do total mundial as exportações cresceram de
12,3% em 1913 para 15,6% em 1928, enquanto as da Europa decresceram de 55,2%
para 46% e de Inglaterra de 13,9% para 11,2%. A exportação de capital dos EUA
passou de 2000 para 7000 milhões de dólares entre 1912 e 1919.
A Grande Depressão dos Anos Trinta
Do fim da 1ªGM até aos anos vinte as economias do Japão e dos EUA são as
que mais crescem (Tabela 3).
|
Transition:
The (capitalist) imperialism is the power of monopolies in the domestic
and foreign markets. The manner in which such power is pursued by the State
went through different solutions until ending up in the State Monopoly
Capitalism (B4C) after WWII. We now analyze this transition phase from the
early 20th century until WWII.
Imperialism and WWI
Lenin in his well-known work on imperialism [32], says this:
“If it were necessary to give the briefest possible definition of
imperialism we should have to say that imperialism is the monopoly stage of
capitalism. Such a definition would include what is most important, for, on
the one hand, finance capital is the bank capital of a few very big
monopolist banks, merged with the capital of the monopolist associations of
industrialists; and, on the other hand, the division of the world is the
transition from a colonial policy which has extended without hindrance to
territories unseized by any capitalist power, to a colonial policy of
monopolist possession of the territory of the world, which has been
completely divided up.”
Lenin characterizes imperialism in five fundamental
traits: “(1) the concentration of
production and capital has developed to such a high stage that it has created
monopolies which play a decisive role in economic life; (2) the merging of
bank capital with industrial capital, and the creation, on the basis of this
“finance capital”, of a financial oligarchy; (3) the export of capital as
distinguished from the export of commodities acquires exceptional importance;
(4) the formation of international monopolist capitalist associations which
share the world among themselves, and (5) the territorial division of the
whole world among the biggest capitalist powers is completed. “
England and France (the Entente) led the imperialist
competition before WWI. In what regards capital investment abroad, relative
to the world total, we have in
1914: GBR: 43%, FRA: 20%, DEU: 13%, USA 7%, totaling 83%.
Capitals were invested in the acquisition of foreign debt titles, in
loans to import goods from the monopolies, and in participations of capital
shares in the foreign branches of the monopolies. Thus, e.g., in what
concerns Germany, AEG has in 1912
branches in London, Petrograd, Paris, Genoa, Stockholm, Brussels, Vienna, Milan,
and the Deutsche Bank has branches
in Argentina, Peru, Bolivia, Uruguay, Brazil, Spain, and participations in
Iraq and China. The Deutsche Bank,
founded in 1870, had strong links to Siemens
and AEG since its foundation. It also had a prominent role in
financing the Berlin-Baghdad railway through the Balkans.
With respect to independent countries with weaker economies, the
imperialist powers started at an early phase adopting neocolonialist
practices, through the establishment of alliances with the local elites. The
case of Latin America is an exemplary one [33].
During the whole period of the 20th century preceding WWI a fierce
defense of imperialism [34] and colonization [35] took place in the bourgeois
publications and media. The propaganda of masses, carried out by ideologists at
the payroll of bourgeoisie, strived to deviate attentions from the
capital-labor antagonism to the inter-imperialist antagonism, resorting to
chauvinism and the exacerbation of national hatreds; and to deviate
attentions from the capital-labor relation to the colonizer-colonies relation,
defending racism, the superiority and civilizing mission of Europeans and of
Japanese. The imperialist bourgeoisie defended militarism, military bullying
(“gunboat diplomacy”) and armed intervention.
Imperialism didn’t solve any of the contradictions of capitalism,
rather it aggravated them all:
- The exportations of capitals became exportations
of interests “gained” in previous exportations of capitals, which caused a
slowing down of domestic economic growth.
- Several countries which had received investments
from the colonial powers started industrializing and producing their own goods,
competing with the colonizers, pushing a profitability lowering of their less
innovative industries.
- The
economic and financial competition for the division of the world aggravated
the inter-imperialist confrontations. Imperial alliances became unstable.
From 1898 to 1905, in just seven years, rivalries and confrontations,
sometimes between “allies”, followed each other: the Fachoda incident (1898),
the Spanish-American war (1898), the Boer war (1899-1902), the
Russian-Japanese war (1904-1905), the Morocco incidents (1905 e 1911).
The economic competition became fierce. For instance, at the head of the Baghdad
Railway were fifteen Germans, six Frenchmen, and three Belgians, who were
perpetually struggling and intriguing for a larger share of the enterprise. This became one of the causes of WWI.
The inter-imperialist struggle led to WWI
(1914-1918); a war between imperialist blocks whose leit-motiv was the division of markets and resources of Eastern
and Southern Europe and of Turkey,
as well as Korea and China in the case of Japan. Ten million workers died on behalf of imperialist capital.
The complete failure of the social-democrat parties was revealed: denying
their previous and solemn promises, they supported the war from its onset on
behalf of the respective bourgeoisies. With a single exception: the left-wing
of the Russian social-democrat party, the Bolshevik wing, which had become
autonomous under Lenin’s leadership, and which carried out the 1917 October
Revolution against the bourgeoisie, for the end of war and launching the
foundations of socialism.
Having suffered no destructions, and capitalizing on
war supplies, USA
hegemony is reinforced. The American share of world
exports rose from 12.3% in 1913 to 15.6% in 1928; the European share declined
from 55.2% to 46% and the British share from 13.9% to 11.2%. USA
capital exports rose from 2000 to 7000 million dollars between 1912 and 1919.
The Great Depression of the Years Thirty
From the end of WWI to the years twenty the fastest growing economies are
those of Japan and USA (Table3).
|
Table 3. Índice da produção industrial em 1920 sobre a base 100 em 1913.
Fontes: [10], [36].
Table 3. Industrial production index in 1920 referred to 1913 (=100).
Sources: [10], [36].
USA
|
GBR
|
FRA
|
DEU
|
ITA
|
JPN
|
141
|
100
|
62
|
61
|
113 *
|
165 **
|
* 1922, ** 1919.
As burguesias das potências capitalistas procuram consolidar a sua
posição económica e política de diferentes modos, sempre com forte intervenção do Estado.
Os anos vinte nos EUA são anos de expansão do ramo automóvel,
petrolífero, químico e alimentar, bem como da construção de estradas. A
produtividade aumenta 47% devido às novas indústrias e ao fordismo (de Henry
Ford): trabalh extenuanteo em cadeia. Prossegue a concentração de capital: em
1923 as maiores 1240 corporações manufactureiras têm 64,9% do total de lucros
líquidos; em 1929 as maiores 1289 corporações têm 75,6% [7].
O consumo de massas aumenta [37]. Existe a convicção generalizada no povo
americano de que a prosperidade chegou para ficar. Políticos e economistas
dizem que se acabaram as crises do com os novos métodos de gestão. Defendem
mesmo que os EUA criaram um «novo modelo de capitalismo», que satisfará para
sempre as necessidades sociais e eliminará a miséria. Um modelo invejado
pelos europeus. Resulta assim mais chocante a forte irrupção da Grande
Depressão em 1929. A
causa principal é de novo a queda da taxa de lucro devido à subida da
composição orgânica do capital (Mp/T, ver acima a crise de 1873), e
particularmente do capital fixo sobre os salários, conforma mostra o gráfico
abaixo. Com esta causa concorrem (como sempre) outras contradições do
capitalismo que agravam a crise [38].
|
The bourgeoisies of the capitalist powers strive to consolidate their
economic and political position in different ways, always with a strong
intervention of the State.
The twenties in USA
are expansionary years of the car industry, oil, chemical and food sectors,
and also of the construction of highways. Labor productivity increases 47% due to new
industries and to Fordism (after Henry Ford): extenuating chain work. Concentration of capital moves
forward: the largest 1240 manufacturing corporations received 64.9% of the
total net profits in 1923; in 1929 the largest 1289 corporations received 75.6%
[7].
Mass consumption increases [37]. There is a general conviction in the American people
that prosperity has arrived to stay. Politicians and economists say that
capitalist crises are over with the new management methods. They claim that USA
have created a “new model of capitalism”, which will satisfy social needs forever
and will eliminate misery. A model
envied by the Europeans. It thus becomes more of a shock the fierce irruption
of the Great Depression in 1929. Its main cause is again the fall of the rate
of profit due to the increase of the organic composition of capital (Mp/W,
see the 1873 crisis above), and particularly of the fixed capital over wages
as shown in the graph below. Other capitalist contradictions concur (as always) with this cause to
aggravate the crisis [38].
|
Fig. 1. Taxa de
lucro e composição orgânica do capital nas indústrias manufactureiras dos EUA. Rate of profit and organic
composition of capital in the US
manufactures. Fonte e métodos | Source
and methods: [39].
A crise propagou-se a todo o mundo (excepto à URSS) com colapsos de
bancos e bolsas. O New Deal de
Roosevelt propõe-se resolver a crise através de reformas: reorganização e fortes
empréstimos à banca, indústrias base e agricultura; abandono de padrão ouro;
desvalorização do dólar; instituição do salário mínimo. As reformas atenuam
mas não resolvem a crise. Os fortes empréstimos
estatais aumentam a dívida pública e oficializam o papel intervencionista do
Estado, acabando com o mito liberal de uma economia capitalista
auto-controlável apenas através dos mercados. Os trabalhadores, como
sempre, foram as vítimas: a taxa de desemprego atingiu 25,2% em 1933, os
salários diminuíram, bem como benefícios sociais, um fluxo de dinheiro fluiu
por várias vias dos trabalhadores para os capitalistas. Os mais ricos ficaram
ainda mais ricos.
A Inglaterra e a França usaram reformas semelhantes às dos EUA. A Itália,
a Alemanha e o Japão irão bem mais longe no «capitalismo de Estado»: adoptam
o fascismo. A crise só se resolve com a 2ªªGM. As incalculáveis destruições
serão a grande purga do capital.
O Fascismo
A crise dos anos 30 levou o grande capital da Itália, Alemanha e Japão, perdedor
nas suas expectativas imperialistas da 1ªGM e enfrentando fortes lutas de
classe, a adoptar a solução ditatorial de controlo estatal do capitalismo, a
solução fascista: Estado de ditadura
totalitária e terrorista ao serviço dos monopólios industriais, do capital
financeiro e dos latifundiários.
A adopção do fascismo pelo grande capital foi motivado por: a necessidade
de empreender uma política imperialista forte a partir da estaca zero, de
rapina aberta de países escravizados, e da escravização da respectiva
mão-de-obra, o que exigia uma liderança ditatorial e militarista; a
concentração de todos os recursos económicos ao serviço da política imperial,
inclusive pela guerra; o esmagamento total de direitos e reivindicações do
proletariado doméstico, urbano e rural; a repressão, por monstruosos
aparelhos policiais, de partidos e organizações da classe operária, do
marxismo, da atracção das massas pelo socialismo, em particular pela URSS,
como alternativa ao Estado burguês; o entendimento, por parte do grande
capital, de que a democracia burguesa, com o seu parlamentarismo, seria
incapaz de satisfazer estes requisitos.
Em países de economias mais fracas e atrasadas, como Portugal, Espanha,
Croácia, Hungria, etc., o fascismo foi adoptado não tanto para servir
monopólios nacionais, ainda inexistentes (ou quase), mas sim para favorecer a
sua criação, a concentração do capital industrial e bancário, bem como para
favorecer os latifundiários, através de uma exploração mais brutal do
proletariado.
O
partido fascista (no caso japonês, os militares aliados aos monopólios) serve-se
dos elementos da pequena e média burguesia, do lumpen-proletariado, e mesmo
das camadas mais atrasadas dos trabalhadores, contaminadas por reaccionaris-mo,
chauvinismo, repugnância pela proletarização e por anti-comunismo, para
construir um amplo partido de massas altamente centralizado, e com um chefe
carismático, com vista à conquista violenta do poder. Usa para tal a mais
desenfreada demagogia, incluindo demagogia anti-capitalista e pró-socialista. Uma vez no poder, porém, o fascismo não
representa o poder da pequena e média burguesia.
Representa, sim, o poder dos monopólios e latifundiários, não hesitando em
sacrificar a esse poder os seus anteriores apoiantes. A ascensão do fascismo
ao poder é facilitada pela desunião dos trabalhadores e pela política de
colaboração de classes dos sociais-democratas, incluindo as medidas
reaccionárias que adoptam contra o movimento operário, nomeadamente a
tolerância por bandos paramilita-res fascistas que são uma Guarda Branca
capitalista contra o proletariado [40]. É também errado pensar que existe um poder fascista distinto do
poder dos monopólios. Os fascistas
foram e são sempre mercenários pagos pelos monopólios embora a elite fascista possa ter planos
próprios. O grande capital só se insurge contra o poder fascista quando este
está em vias de perseguir uma agenda própria causando-lhe perdas e anunciando
um futuro negro, como aconteceu no final da 2ªGM quando a derrota do Estado
nazi era eminente e se formou então o grupo «resistente» de Goerdeler.
Os
países fascistas foram (e ainda são) vistos com benignidade e até com apreço
pelos governantes das democracias burguesas, que nunca cessaram, aliás, de
ter grandes negócios com os fascistas, inclusive já depois de iniciada a 2ªGM
[41]. Na atitude de benignidade e apreço pesava o facto de, para além dos
negócios, verem no fascismo o destruidor das lutas dos trabalhadores e da
URSS a breve prazo. Com esse fim, as potências capitalistas ocidentais tudo
fizeram para engrandecer o fascismo, satisfazendo-lhe as vontades [42], sacrificando-lhes
países mais fracos, mesmo que com violação de anteriores e
solenes compromissos [43]. A URSS só evitou
suportar sozinha todo o peso da agressão fascista â custa do tratado de
não-agressão que assinou com a Alemanha, tratado que sabia ter os dias
contados mas lhe deu a trégua necessária para preparar-se. Já em plena
guerra, as democracias burguesas ainda tentaram orientar o fascismo para a
agressão e derrota da URSS. Na realidade, porém, o grande vencedor do
fascismo na 2ªGM foi a URSS que derrotou os nazis em batalhas decisivas, as
maiores da história, com um total de cerca de 20 milhões de vítimas,
militares e civis. Em conjunto, GBR e USA tiveram um total de 870,3 mil
mortos militares e civis.
Sobre
o fascismo, proliferam até hoje trabalhos de historiadores de visão burguesa
que hiper-valorizam aspectos secundários – como tradições nacionalistas
locais – sem uma única palavra sobre o essencial: o papel determinante dos
monopólios. Tais historiadores chegam inclusive a dar crédito e a discutir
«sabiamente» a «ideologia» fascista, totalmente alheios à demagogia e
propósitos demagógicos de tal «ideologia». As livrarias e a Web têm
toneladas deste lixo, inclusive de proveniência académica, onde o fascismo é
descrito como «terceira via» entre capitalismo e socialismo, como se o MP do
fascismo não fosse capitalista (!), ou expondo ideias afins desta espantosa afirmação: «O Pacto Tripartido
[Itália, Alemanha, Japão] representava apesar de tudo um resultado lógico que
reflectia afinidade ideológica, e não simples oportunismo» [44], que equivale
a dizer que quando três grupos de gangsters celebram um acordo para repartir entre
si um território fazem-no porque têm «afinidade ideológica» e não porque
querem repartir entre si os saques «oportunisticamente». Contra a visão de
tais historiadores citemos a visão franca de um fascista-mor: Rudolph Hess.
Em 1929 Hess viajou por toda a Alemanha para recolher fundos dos magnates.
Num encontro em Hamburgo, tirou da pasta, sem dizer palavra, dois maços de
fotos; um, sobre manifestações de trabalhadores, o outro, sobre desfiles das SA.
Hess disse então: «Meus senhores, acabam de ver fotografias das forças do
caos, que ameaçam destruir os vossos escritórios e fábricas, e toda a vossa
riqueza. Também lhes mostrei como podem ser criadas as forças da ordem […] As
SA são pobres, os nazis são pobres, toda a nossa organização é pobre. Onde
iremos arranjar as botas, os uniformes, as bandeiras, os tambores, em suma,
todo o equipamento que é necessário para o estilo político do nosso tempo, se
não tivermos dinheiro? Quem o deve dar são aqueles que o possuem, para não
virem a perder mais tarde aquilo que possuem.» [45] A fórmula de Hess define
o fascismo: os monopólios davam o dinheiro que, entre outras coisas,
recompensaria generosamente a elite fascista; esta, dava a «ordem» e a
rapina. Os Krupp, Thyssen, etc., continuaram como dantes a comandar os seus
monopólios. De facto, com maiores taxas de lucro.
Seguem-se breves notas sobre os fascismos italiano, alemão e japonês.
Itália [46]
1918. Apetites imperialistas não satisfeitos pela Entente e USA no
pós-1ªGM (não cumpriram promessas de entregar à Itália territórios na Veneza,
Dalmácia, Fiume, Trentino-Alto Adige).
1920. Crise afecta grandes indústrias; perdem exportações e subvenções estatais
a que estavam habituadas no tempo de guerra. Camponeses do Sul em ruína
geral. Apropriação de terras abandonadas, por vezes com ajuda de padres ao
som de sinos e fanfarras. Grandes latifundiários pagam e chamam o auxílio de esquadras
fascistas (fasci di combatimento,
origem da palavra «fascismo»): milícias de pequenos burgueses desempregados,
desmobilizados da guerra, nacionalistas enraivecidos pelos resultados da
guerra e pela sua degradação social. A ideologia dos fasci é eclética, mitológica, uma mistura de slogans de ultra-esquerda e anarquizantes contra o Estado
liberal, com uma visão anti-proletária. Querem conquistar um lugar ao sol e
viver da rapina «revolucionária». São violentamente anti-marxistas e
anti-comunistas.
1921. Salários dos operários baixam imenso. Inflação e encarecimento de
produtos agrícolas. Ocupações de fábricas. Soviete de Florença durante três
dias. PSI e seus líderes reformistas sindicais enganam os operários com vagas
promessas e desmobilizam-os. Esquadras fascistas atacam os grevistas e
incendeiam sedes do PSI.
Meados de 1921: o grande capital e latifundiários aceitam canalizar todos
os seus financiamentos políticos para o partido fascista de Mussolini, para
iniciar a contra-revolução e instalar um regime terrorista que amordace totalmente
a classe operária e o pequeno campesinato, promovendo um programa
imperialista. As seguintes grandes indústrias financiam Mussolini: grupos
siderúrgi-cos e eléctricos Ilva
(Lombardia), Ansaldo (Génova), Breda, Terni, Confindutria
Olivetti; indústria automóvel Fiat,
Alfa Romeo; industria química, como
o poderoso grupo Montecatini e a
indústria de pneus Pirelli; grupos
têxteis, etc. Com estes grupos está também o capital bancário: Banca di Sconto, Banca Comerciale, etc. O fascismo tem o apoio dos latifundiários
da Confederação da Agricultura e do Estado-Maior do Exército, que fornece
armas às esquadras fascistas e convida oficiais desmobilizados a ingressarem
nos fasci. O aparelho de Justiça e
autoridades da Igreja (incluindo o papa Pio XI) apoiam o fascismo.
1922. Mussolini ascende ao poder. Instaura um Estado totalitário dito
corporativo (alegadamente as «corporações» conciliariam os interesses do
capital e do trabalho; na prática tinham como missão «legalizar» a ditadura
do capital sobre o trabalho), estimula os monopólios e o seu controlo da
agricultura e inicia um programa imperialista de ocupação de territórios e
colónias: Trieste (1918), Zara (1918), Fiume (1924), Corfu (1923), Etiópia (1936). Em 1936
Mussolini assina com a Alemanha e o Japão o Pacto Anti-Comintern, dirigido
contra a URSS.
Alemanha [45] [47]
1918-19. A
revolução proletária é esmagada pelo PSD com a ajuda de milícias de
desmobilizados da 1ªGM, os Frei Corps.
1920. Os monopólios voltam-se para a Europa Central (Áustria, Jugoslávia,
Checoslováquia, Hungria) e do Leste (Polónia, Estados bálticos, Bulgária,
Roménia, URSS). Procuram-se acordos comerciais com alguns destes países e com
Mussolini para dividir a Jugoslávia e ocupar a Transilvânia. Chega-se à
conclusão do horizonte limitado destas iniciativas, opostas pela Entente.
1921. Inicia-se um período de hiper-inflação, devido às indemnizações de
guerra e à política premeditada dos monopólios de baixar os salários reais.
Moratórias, proteccionismo e medidas de contenção dos preços agrícolas
estabilizam a situação até à crise de 1930 que veio de novo agudizar a
situação do capital industrial e bancário num quadro de ausência de colónias
e perda de mercados, de forte movimento da classe operária com um poderoso
partido comunista.
1929. O partido nazi (NSDAP) de Hitler vinha crescendo desde 1920.
Agrupava a pequena burguesia desesperada: camponeses arruinados ou
endividados, lojistas à beira da falência, jovens intelectuais sem emprego ou
mal-pagos, antigos membros dos Frei
Corps. Todos sensíveis ao chauvinismo, ao revanchismo, ansiando por algo
que lhes desse importância social. Hitler deu-lhes isso, integrando-os nas SA
que passaram a ser o poder nas ruas, com a promessa de futura ascensão
social. O programa nazi como qualquer programa fascista era eclético,
misturando fraseologia anti-capitalista e esquerdista («destruição do Estado
burguês») com anti-marxismo, nacionalismo e racismo (superioridade do povo
alemão-ariano); incluía promessas para todas as «profissões» da «grande nação
alemã». Os nazis cultivaram o ódio aos judeus – um preconceito medieval
remanescente; os judeus tornaram-se os bodes expiatórios de qualquer mal qu
caísse sobre a nação alemã; por essa razão os nazis estavam «justificados» em
saquear toda a sua fortuna.
Tendo concluído alianças e fusões com outros grupos reaccionários – como
o Partido Nacional Alemão de Hugenberg, antigo administrador da Krupp que
fundou um império de agências de notícias e da maior firma de cinema da
Alemanha, UFA – o NSDAP atraiu o interesse de grandes monopólios: Krupp,
Thyssen (siderurgia), Kirdorf (minas) e o seu Reichsbank presidido por Schacht.
1930. Na véspera das eleições todos os monopólios (inclusive os que
inicialmente não simpatizavam com os nazis), o capital financeiro e os
Junkers passaram a apoiar massivamente o NSDAP [48]. Compreenderam
perfeitamente que o anti-capitalismo do NSDAP era apenas uma fachada
destinada a conquistar as massas. Aliás, todos os apoiantes pequeno-burgueses
originais do NSDAP vieram a figurar entre as primeiras vítimas económicas dos
nazis. E mais tarde vítimas da guerra.
1933. Subida de Hitler ao poder. Início de uma política expansionista
violenta, com a aceitação e colaboração económica das outras potências
capitalistas [44-45] que procuraram até ao fim dirigir os apetites nazis
contra a URSS. Tal política veio a desembocar na 2ªGM., como tinha sido
previsto pelos comunistas [49] Internamente teve lugar uma enorme rapina dos
bancos, negócios e bens dos judeus, para levar a cabo o rearmamento – «Os judeus alemães foram obrigados a
pagar a guerra da Alemanha» [50] –, que mais tarde se propagou aos países
ocupados.
Japão [51]
Os monopólios japoneses surgiram com a restauração Meiji, quer os do
Estado (como o Banco Central Nacional da família imperial) quer os privados
mas com intervenção do Estado. Eis alguns dos primeiros e maiores monopólios
privados: Sumitomo (cobre, carvão,
madeira, bancos), Mitsui (têxteis,
comércio, químicos, Mitsui Bank), Mitsubishi (navegação, construção
naval, carvão, altos-fornos, seguros marítimos), Yasuda (Yasuda Bank, companhias
de seguros), Furukawa (minas,
electrónica, químicos), Fujita
(armas), Nakajima (aeronáutica).
Os monopólios estavam ligados aos militares e a partidos políticos,
exercendo grande influência na política externa. Assim, o grupo Mitsui estava ligado ao partido conservador-liberal
Seiyukai (1900), aos
burocratas estatais e ao Exército Imperial, o grupo Mitsubishi estava ligado à Armada
Imperial e ao partido liberal Minseito,
mais moderado que o Seiyukai,
etc. Por outro lado, as grandes famílias aristocráticas que tinham
liderado a restauração Meiji, dominavam as forças armadas. Assim, a família
Choshu dominava o Exército e a família Satsuma tinha grande influência na
Armada. É desta rede interligada controlada por uma clique monopólio-militar que irá nascer o fascismo japonês.
1919. As reivindicações territoriais do
Japão, um aliado da Entente, não foram reconhecidas no Tratado de Versailes.
Tratados posteriores (1921-22) com a GBR e USA impõem importantes limitações
à construção naval japonesa. A clique sente-se frustrada nos seus apetites
imperiais. A frustração é ampliada por dificuldades económicas (inflação
elevada, crises, fomes) que levantam grandes protestos populares. A clique
procura sair de dificuldades
empreendendo uma política de agressão imperial violenta à custa da China:
ocupa a Manchúria em 1931, um território na Mongólia Interior em 1933 e
inicia a invasão do resto da China a partir de Pequim em 1937. [52]
Entretanto, tinham-se formado vários
grupos nacionalistas, defendendo mesclas de neo-confucionismo, ética samurai,
atributos divinos do imperador, superioridade do povo japonês protegido dos
deuses, missão pan-asiática do Japão, etc. O exército japonês facilmente
adoptou tais ideias e encontrou uma afinidade entre o «espírito militar
Prussiano» e o «espírito japonês», que justificou a aliança com os nazis no
«combate ao comunismo». No seu ímpeto imperial o exército japonês invadiu
território soviético a partir da Mongólia e tinha intenções de ocupar toda a
Sibéria. Foi porém derrotado pelo exército vermelho [53] e desistiu.
O período de 1926 a
1937 é marcado por vagas de assassinatos políticos e de terror sobre
organizações populares e partidos políticos. A clique tem pressa em abandonar
o parlamentarismo e estabelecer um Estado de tipo fascista. Em 1930 o partido
Minseito ganha as eleições contra
os candidatos dos militares; estes expulsam o Minseito e formam um governo do Seiyukai, mais à direita. Em 1936, apesar da repressão, o Minseito ganha de novo as eleições,
enquanto o partido fascista ligado à facção fascista kodoha (Via Imperial) do exército teve 15% dos deputados. O Minseito é varrido por uma vaga de
assassinatos políticos e a pretexto do terror o exército intervém para formar
governo. Nas eleições de 1937 o eleitorado exprime a sua oposição ao
expansionismo. O governo da clique abole então as eleições e forma novo
governo que em 1940 é presidido pelo príncipe Konoe. Este forma um governo
fascista e constitui pouco depois o partido único fascista, a Associação de
Assistência ao Governo Imperial.
Não tinha sido necessário construir um partido de massas fascista a
partir da base. O partido fascista já existia potencialmente: eram as forças
armadas e o funcionalismo estatal ocupados a alto nível pelos estratos
elevados dos samurai, aliados aos nobres oligarcas. Estavam, portanto,
ligados aos monopólios, ao seu imperialismo, e visões chauvinistas. Os
pequenos grupos fascistas que existiam – p. ex., a Sociedade do Dragão Preto
com a composição social típica do fascismo – tinham servido sobretudo, para
espalhar o terror, cultivando nas massas o desejo de «ordem».
|
The crisis spread all over the world (except USSR) with bank and stock
exchange collapses. Rosevelt’s New Deal
proposes solving the crisis through reforms: reorganization and heavy loans
to banks, to essential industries and agriculture; relinquishing the gold
standard; dollar devaluation; institution of a minimum wage. The reforms
mitigate but do not solve the crisis. The
heavy state loans push up the public debt and officialize the interventionist
role of the State, sweeping away the liberal myth of a self-controllable
capitalist economy by market play alone. The workers, as always, were
victims of the crisis: unemployment rate peaked to 25.2% in 1933, wages and
social benefits fell, a stream of money flew through several channels out of
the workers to the capitalist pockets. The rich became richer.
England and France
employed reforms similar to those of USA. Italy,
Germany, and Japan
move farther forward in their “State capitalism”: they adopt fascism. The
crisis is only solved with WWII. The enormous destructions will be the great
purge of capital.
Fascism
The crisis of the thirties drove the big capital of Italy, Germany,
and Japan,
defeated in its imperialist expectations of WWI and confronted with fierce
class struggles, to adopt the dictatorial solution of state control of capitalism,
the fascist solution: State of
totalitarian and terrorist dictatorship servicing the industrial monopolies,
financial capital, and big land estate owners.
The adoption of fascism by big capital was motivated by: the need to
undertake a strong imperialist policy, of domination of markets from scratch,
accompanied by the open looting of enslaved countries, the enslavement of the
respective labor force, all this demanding a militarist and dictatorial
leadership; the concentration of all economic resources to feed the imperial
policy, including war; the absolute crushing of rights and claims of the
domestic proletariat, urban and rural; the repression, by monstrous police
apparatus, of parties and organizations of the working class, of Marxism, of
the attraction of the masses by socialism and by USSR as an alternative to
the bourgeois State; the understanding by the big capital that bourgeois
democracy would be unable to comply to these requirements.
Fascism was adopted by countries with weak and belated economies, such
as Portugal, Spain, Croatia,
Hungary,
etc., not so much to serve national monopolies, still inexistent (or almost
so), but to favor their creation, the concentration of industrial and bank
capital, and to favor the big landowners, through a more brutal exploitation
of the proletariat.
The fascist
party (in the Japanese case the military allied to the monopolies) draws on
the members of the petty and medium bourgeoisie, on the lumpen-proletariat, and
even on the most backward layers of the proletariat, contaminated by reactionarism,
chauvinism, repugnance toward proletarianization, and by anti-communism, to
build a highly centralized party of large masses, with a charismatic leader,
in order to wrest state power. The most unbridled demagoguery is used for
that purpose, even anti-capitalist and pro-socialist demagoguery. However, once in power, fascism does not
represent the interests of the petty and middle bourgeoisie. It
indeed represents the interests of monopolies and big landowners, and does
not hesitate sacrificing to those interests its former supporters. The rise
of fascism to power is made easier by the disunity of the workers and the
class collaboration policy of the social-democrats, including the reactionary
measures they adopt against the workers’ movement, particularly the tolerance
towards fascist paramilitary gangs which are a capitalist White Guard against
the proletariat [40]. It is
also a mistake to think that there is a fascist power distinct from the power
of the monopolies. Fascists were and
always will be mercenaries paid by monopolies though their elite may have
their own agenda. The big capital only stands up against fascist power when
fascists in the pursuing of their own agenda are causing them losses driving
toward a gloomy future, as happened at the end of WWII when the defeat of the
Nazi state was eminent and the “resistant” group of Goerdeler was then formed.
Fascist
countries were (and still are) seen with benignity and even with appraisal by
the rulers of the bourgeois democracies, who never ceased to engage in big
businesses with fascists; even when WWII had already started [41]. In the
attitude of benignity and appraisal, was of relevance, besides businesses,
that they saw fascism as the short-term destructor workers’ struggles and of USSR. With
that aim the “democratic”
capitalist powers did everything they could to aggrandize fascism, satisfying
its desires [42], even sacrificing “allied” weaker countries with violation
of previous and solemn compromises [43]. USSR only avoided withstanding alone the full
weight of fascist aggression by resorting to a non-aggression treaty signed
with Germany,
knowing fully well that it was a last moment expediency that conceded a much
needed truce. Even in full war the bourgeois democracies still attempted to
orientate fascism towards aggression and defeat of USSR. Nonetheless, the great
winner over fascism in WWII was USSR, which defeated the Nazis in
decisive battles, the largest in history, suffering a total of approx. 20 million
casualties, military and civil. GBR and USA together suffered a total of
870.3 thousand casualties, military and civil.
Works on
fascism by historians with a bourgeois vision proliferate until today. They overrate
secondary aspects – such as local nationalist traditions – without a word on
the essential: the determinant role of monopolies. These historians go even
to the point of giving credit and to “eruditely” discuss fascist “ideology”,
totally extraneous to the demagoguery and demagogue purposes of such
“ideology”. One finds tons of this garbage in bookshops and the Web, even
from academic sources, where fascism is described as a “third way” between
capitalism and socialism, as if the MP of fascism were not capitalist (!), or
expounding ideas akin to this amazing assertion: “the Tripartite Pact [Italy, Germany, Japan] nonetheless
represented a logical outcome that reflected ideological affinity, not simple
opportunism” [44], which amounts to saying that when three groups of
gangsters celebrate an agreement to divide a territory among them they do it
out of “ideological affinity”, not out of the “opportunism” of plundering. Against
the vision of such historians let us see the open vision of the notable
fascist Rudolph Hess. Hess traveled throughout Germany in 1929 to collect funds
from the magnates. At a meeting in Hamburg,
he pulled out of his attaché case and distributed, without saying a word, two
packs of photos; one of workers demonstrations, the other, of SA parades.
Hess then said: “Gentlemen, you have just seen photos of the forces of chaos,
threatening to destroy your offices and factories, all your wealth as well. I’ve
also shown you how the forces of order can be created […] The SA is poor, Nazis
are poor, and our whole organization is poor. Where shall we get the boots,
the uniforms, the flags, the drums, briefly, all the needed paraphernalia for
the political style of our time, if we don’t have money? Those who have it
are those who must give it, so that they will not lose later what they own”
[45] Hess’ formula defines fascism: the monopolies gave the money, which
among other things would generously reward the fascist chieftains; these, would
provide the “order” and the plundering. The Krupp, Thyssen, etc., went on
holding the control of their monopolies as in the past. And, indeed, with
higher rates of profit.
Brief notes on the Italian, German, and Japanese fascism follow below.
Italy [46]
1918. Unsatiated imperialist appetites by the Entente and USA in the post-WWI (promises to hand over territories
in Venice, Dalmatia, Fiume,
Trentino-Alto Adige weren’t satisfied).
1920. The crisis affects large industries; they lose exportations and
state subsidies they were accustomed to in war time. Southern peasantry in
total ruin. Appropriation of abandoned lands; sometimes helped by priests and
at the sound of chimes and fanfares. Big landowners pay and appeal to fascist
squads for help (fasci di combatimento,
origin of the word “fascism”): militias of idle petty bourgeois, demobilized
men from the war, enraged nationalists because of the war outcome and of
their social degradation. The ideology of the fasci is eclectic, mythological, a mix of ultra-left and anarchist
slogans against the liberal State, with an anti-proletarian vision. They want
to conquer a place under the sun, and to live out of “revolutionary” plunder.
They are violently anti-Marxists and anti-communists.
1921. Sharp drop of workers wages. Inflation and booming prices of
agriculture products. Occupations of factories. Florence Soviet during three
days. PSI and their reformist leaders in the trade-unions deceive the workers
with vague promises, demobilizing them. Fascist squads attack strikers and set
the PSI headquarters on fire.
In the middle of 1921 the big capital and landowners accept channeling
all their political financing to the fascist party of Mussolini aimed at
launching the counter-revolution and installing a terrorist regime totally
muzzling the working class and the small peasantry, and to promote an
imperialist program. The following large industries financed Mussolini: electrical
and metalworking groups Ilva
(Lombardy), Ansaldo (Genoa), Breda, Terni, Confindutria
Olivetti; car industry Fiat, Alfa Romeo; chemical industry, namely
the powerful group Montecatini and
the tire industry Pirelli; textile
groups, etc. With these groups is also the bank capital: Banca di Sconto, Banca
Comerciale, etc. Fascism has the dupport of the big landowners of the
Confederation of Agriculture and of the army General-Staff, which supplies weapons
to the fascist squads and invites demobilized officers to ingress the fasci. The Judiciary apparatus and
heads of the Church (including pope Pius XI) uphold fascism.
1922. Mussolini rises to power. He sets up a totalitarian state referred
to as corporative (allegedly the “corporations” would reconcile the interests
of capital and labor; in practice they aimed to “legalize” the dictatorship
of capital over labor), stimulates monopolies and their grip on agriculture, and
initiates an imperialist program of occupation of territories and colonies: Trieste
(1918), Zara (1918), Fiume (1924), Corfu (1923), Ethiopia (1936). Mussolini
signs the Anti-Comintern Pact in 1936 with Germany
and Japan.
addressed against USSR.
Germany [45] [47]
1918-19. The proletarian revolution is crushed by the PSD with the help
of militias of demobilized military, the Frei
Corps.
1920. The monopolies turn their attention to Central Europe (Austria, Hungary Czechoslovakia, and Yugoslavia) and Easter Europe (Poland, Baltic States, Bulgaria, Romania,
and USSR).
Trade agreements with some of these countries are procured, and accords with
Mussolini to divide Yugoslavia
and occupy Transylvania. Opposed by the
Entente, the monopolies see on such initiatives a narrow horizon.
1921. Start of a hyper-inflation period due to war indemnities and to a
premeditated monopoly policy of decreasing real wages. Moratoria, protectionism,
and measures of agriculture prices containment stabilize the situation until
the crisis of the 30s, which again pressed on the standing of industrial and
banking capital in a background of absence of colonies and loss of markets, and
strong movement of the working class with a powerful communist party.
1929. Hitler’s Nazi party (NSDAP) had been growing since 1920,
assembling the desperate petty bourgeoisie: ruined or indebted peasants, bankrupt
or tottering shopkeepers, unemployed or badly paid young intellectuals, members
of the former Frei Corps. All
vulnerable to chauvinism, to revanchism, longing for something that would
bestow social importance on them. Hitler gave that to them, integrating them
in the SA which became the power in the streets, with the promise of a future
social rise. The Nazi program, as any fascist program, was an eclectic one, mixing
anti-capitalist and leftist phraseology (“destruction of the bourgeois State”)
with anti-Marxism, nationalism, and racism (superiority of the German-Aryan
people); it contained promises for all “professions” of the “great German
nation”. The Nazis cultivated the hatred toward the Jews – a lingering
medieval prejudice; Jews became the scapegoats of every evil befalling the
German nation and for this reason the Nazis were “justified” in plundering
their wealth.
Having concluded alliances and merges with other reactionary groups – such
as the German National Party of Hugenberg, a former administrator of Krupp who
founded an empire of news agencies and UFA,
the largest German cinema firm – the NSDAP attracted the interest of large
monopolies: Krupp, Thyssen (metalworking), Kirdorf (minas) and his Reichsbank presided by Schacht.
1930. On the elections eve all the monopolies (including those
initially unsympathetic towards the Nazis), the financial capital and the
Junkers came to massively support the NSDAP [48]. They clearly understood
that NSDAP anti-capitalism was a mere façade aimed at conquering the masses. Indeed,
all the original petty bourgeois strata of NSDAP were to become the first
economic victims of the Nazis. And later, war casualties.
1933. It is well-known how, after Hitler’s rise to power in 1933, a violent
expansionist policy was carried out with the acceptance and economic
collaboration of other capitalist powers [44-45] who did all they could to
steer Nazi appetites against USSR.
Such policy ended up in WWII as the communists had foreseen [49]. Internally
a huge plundering of banks, firms and wealth of the Jews took place to
produce rearmament - “Germany’s
Jews were to be made to pay Germany’s
war.” [50] - and later spread to the occupied countries.
Japan [51]
The Japanese monopolies came with the Meiji restoration, either of the
state (as the National Central Bank of the imperial family) or private ones
with intervention of the state. Some of the first and largest private
monopolies were: Sumitomo (copper,
coal, timber, banks), Mitsui (textiles,
trade, chemicals, Mitsui Bank), Mitsubishi (navigation, naval construction,
coal, blast furnaces, maritime insurances), Yasuda (Yasuda Bank, insurances),
Furukawa (mines, electronics, chemicals),
Fujita (armament), Nakajima (aeronautics).
The monopolies were linked to the military and to political parties, and
had great influence in foreign affairs. Thus, the Mitsui group was attached to the conservative-liberal party Seiyūkai (1900), to state bureaucrats and the
Imperial Aemy; the Mitsubishi
group was attached to the Imperial Navy and to the liberal party Minseito, more moderate than Seiyūkai; and so on. In addition, the high
noble families who had led the Meiji restoration dominated the armed forces. Thus,
the Choshu family was dominant in the Army and the Satsuma family had great
influence in the Navy. It is out of this intertwined net controlled by a military-monopolist clique, that Japanese fascism will be
born.
1919. The territorial claims of Japan, an Entente ally, were not
recognized by the Treaty of Versailles. Later treaties (1921-22) with GBR and
USA
impose relevant limitations to the Japanese naval construction. The clique feels
frustrated in their imperial appetites. The frustration is magnified by
economical difficulties (high inflation, crisis, famines) raising large
popular protests. The clique searches a way out of difficulties through a
policy of violent imperial aggression of China:
it occupies Manchuria in 1931,
a territory
of Inner Mongolia in 1933 and
resumes the invasion of China
from Peking in 1937. [52]
Several nationalist groups had meanwhile been formed. They defended
mixtures of neo-Confucianism, samurai ethics, the divine attributes of the
emperor, the superiority of the Japanese people protected by the gods, the
pan-Asiatic mission of Japan,
etc. The Japanese army easily adopted such ideas and found an affinity
between the “Prussian military spirit” and the “Japanese spirit”, which
justified an alliance with the Nazis in the “fight against communism”. In its
imperial thrust the Japanese invaded soviet territory on Mongolia border and intended to occupy the
whole Siberia. It was however defeated by
the red army [53] and withdrew.
The years 1926 throughout 1937 are marked by waves of political
assassinations and terror on political parties and popular organizations. The
clique is in a hurry to abandon parliamentarism establishing a fascist-styled
State. The Minseito party wins the 1930
elections over the candidates of the military; these expel the Minseito and form a Seiyukai,
government further to the right. In 1936, in spite of repression, the Minseito wins again the elections, whereas
the fascist party linked to the fascist faction kodoha (Imperial Way)
of the army got 15% of the seats. The Minseito
is swept by a wave of political assassinations and with the pretext of the
terror the army intervenes and forms a government. In the 1937 elections the
electorate expresses opposition to expansionism. The government of the clique
then abolishes elections and forms a new government to be presided in 1940 by
prince Konoe. This one installs a full-blown fascist government and founds a
little later the single fascist party Association of Assistance to the
Imperial Government.
There had been no need to build a mass fascist party from scratch. The
fascist party already existed potentially: were the armed forces and the
state bureaucracy occupied at all upper levels by the upper samurai strata
allied to the noble oligarchs. They were, therefore, linked to the
monopolies, with their imperialism and chauvinist views. The small fascist
groups that existed for some time – e.g. the Black Dragon Society with the
typical class composition of fascism – had mostly served to spread terror,
cultivating in the masses at large the yearning for “order”.
|
Notas e Referências
[1] Karl Marx foi
o primeiro a elucidar a origem do lucro (O
Capital, vol. I), ainda hoje obscurecida na economia convencional e
keynesiana. Ver [5]. Karl Marx was the first scholar to elucidate the
origin of profit (Capital, vol. I),
which to this day remains obscured in mainstream and Keynesian economics. See [5].
[2] Se o salário
correspondesse ao valor criado pelo trabalho não haveria lucro, dado que a produção
incorporaria (em termos médios num qualquer sector de produção) o valor
exactamente correspondente aos gastos em
meios de produção e em salários. Este aspecto é discutido e demonstrado
detalhadamente em O Capital, nomeadamente
do Cap. IV ao VII. There would be no profit if wages represented the
value created by labor, since output would then embody (in average terms in any
given production sector) the value exactly corresponding to expenses in means
of production and wages. This topic is discussed and demonstrated in detail in Capital, namely from ch. IV through VII.
[3] Karl Marx, O Capital, vol. I. O tempo de trabalho
socialmente necessário é o tempo de trabalho médio para produzir uma mercadoria
em determinadas condições sociais, entendendo-se por tal um conjunto de
condições que variam com o desenvolvimento social, como a produtividade do
trabalho e os requisitos de manutenção e reprodução da força de trabalho. Sobre
este tema e outros relacionados recomendamos pelo seu rigor científico: Andrew
Kliman. Reclaiming Marx’s Capital. A Refutation of the Myth of Inconsistency. Lexington
Books, 2007.
Karl Marx, Capital, vol. I. The socially needed
labor time is the average labor time needed to produce a commodity in given
social conditions; that is, given a set of conditions which change with social
development, such as labor productivity and the requirements of maintenance and
reproduction of labor force. On this topic and other related ones we recommend
for its scientific rigor: Andrew Kliman. Reclaiming
Marx’s Capital. A Refutation of the Myth of Inconsistency. Lexington Books, 2007.
[4] Albert Szymanski, Is
the Red Flag Flying? The political economy of the Soviet Union today, Zed
Press, 1979.
[5] Mesmo os
keynesianos de esquerda têm uma posição obscura acerca da definição de capital,
que praticamente não se distingue da definição da economia convencional que vê
o capital como mero «factor de produção». Assim, Steve Keen refere-se à
definição de capital desta forma (Cap. 7 do livro Debunking
Economics):
«[O capital]
inclui máquinas e os edifícios onde estão instaladas; camiões, navios e aviões;
poços de petróleo, aciarias e centrais eléctricas. Cada um destes objectos
compõe-se de numerosas partes, que são também mercadorias. Um camião tem um
motor, que tem válvulas, molas e cabos, cuja manufactura requer aportes de
outros tipos de capital, etc. A única coisa que mercadorias tão diversas têm em
comum é um preço, e esta é a forma como os economistas preferem agregar o
capital. Mas o preço de uma peça de capital tem de depender da taxa de lucro, e
a taxa de lucro varia quando os preços variam: um círculo vicioso neste método de
agregação.»
É evidente que se
os camiões, navios, aviões, etc., permanecerem quietinhos, sem ser usados num
processo produtivo por meio do trabalho, não geram um átomo de capital. Quando
a seguir diz que o valor (preço) do capital depende da taxa de lucro, Keen não
contribui para o esclarecimento, antes oculta uma dificuldade recorrendo a
outra e aumenta a confusão, já que não esclarece porque razão a existência de
uma taxa de lucro (vinda de onde?) opera o milagre de transformar objectos
inanimados – camiões, navios, aviões, etc. – em «peças de capital». A confusão
é tanta que reconhece ter entrado num círculo vicioso. Em suma, mostra-se totalmente
incapaz de definir capital. Keen ainda diz no fim do capítulo «a quantidade de
capital (em termos do seu valor medido pelo valor do trabalho nele incorporado)
depende da taxa de lucro», o que soa um pouco, mas mal, a Marx. Mal, porque o
trabalho não tem valor, o que tem valor é a força de trabalho e ainda porque
como é prática nos keynesianos troca o sentido da causalidade. Não é a
«quantidade de capital» – de facto, a mais-valia – que provém da taxa de lucro,
mas sim esta que provém da mais-valia.
Even the left Keynesians
have an obscure position regarding the definition of capital, which practically
is indistinguishable from the definition of mainstream economics, which sees
capital as mere “factor of production”. Thus, Steve Keen refers to the
definition of capital as follows (Ch. 7 of his book Debunking
Economics):
“It
[capital] includes machines and the buildings that house them; trucks, ships
and planes; oil wells, steel works and power stations. Each of these items
itself consists of numerous other sub-assemblies which are themselves
commodities. A truck contains an engine, which contains valves, springs and
cables, the manufacture of which requires inputs from other types of capital,
and so on. The only thing that such disparate commodities obviously have in common
is a price, and this is how economists would prefer to aggregate capital. But
the price of a piece of capital should depend on the rate of profit, and the
rate of profit will vary as prices change: there is an impossible circularity
in this method of aggregation.”
It is obvious that if
trucks, ships, planes, etc., stay still, without being used in a productive
process by means of work, they will not generate a single atom of capital. When
Keen afterward says that the value (price) of capital depends on the rate of
profit, he makes no contribution toward a clarification, but rather cloaks a
difficulty resorting to another one increasing the confusion, since he doesn’t
clarify why the existence of a rate of profit (falling from where?) operates
the miracle of transforming inanimate objects – trucks, ships, planes, etc. – into
“pieces of capital”. The confusion is so much that he recognizes he ends up
into a circularity. Briefly, he is completely unable to define capital. Keen still
says at the end of the chapter “the quantity of capital (in terms of its value
measured in embodied labor value) depends upon the rate of profit”, which
sounds a bit but wrongly to Marx. Wrongly, because labor has no value, it is
the labor force which indeed has a value, and also because as is customary in Keynesians
he inverts the causality direction. It is not the “quantity of capital” – indeed,
the surplus-value – that depends on the rate of profit, but this one that
depends on the surplus-value.
[6] Dizemos
«essencialmente» porque a produção de valores de troca tem de ter também em
conta os valores de uso. Caso contrário, não se realizariam no mercado.
Contudo, o móbil determinante do capitalista é o lucro, e as crises económicas
periódicas demonstram como a produção de valores de troca infringe as
necessidades sociais de valores de uso. We say “essentially” since the production of exchange values
has also to take into account the use values. Otherwise, they wouldn’t be
realized in the market. Nevertheless, the determinant capitalist motive is
profit, and the periodical economic crises demonstrate how capitalist
production of exchange values drastically infringes the social needs of use
values.
[7] Lewis Corey, The
Decline of American Capitalism, 1934. Marxists Internet Archive.
[8] A alternativa
ao comércio é a venda da produção na própria fábrica; isso era (é) assim feito,
pelo menos parcialmente, em certas indústrias. The alternative to trade is the selling of production at the
factory; this was (is) done, at least partially, in certain industries.
[9]
Historicamente, somente quando o capital do mercador e o do usurário se
subordinam ao capital industrial e este assume o controlo da produção, se pode
falar em MP capitalista. Historically,
only when the merchant and the usurer capitals are subordinated to the
industrial capital and this one assumes the control of production, one may
speak of a capitalist MP.
[10]
Socorremo-nos da seguinte obra como guia da exposição: Michel Beaud, Histoire du Capitalisme. De
1500 à nos jours. Éditions du
Seuil, 1981. (Reedições posteriores.) We take as guide of our presentation: Michel Beaud, Histoire du Capitalisme. De 1500 à nos jours. Éditions du Seuil, 1981.
(Subsequent reissues.)
[11] Citado em
[10]. Quoted in [10].
[12] «Os ricos só
recolhem do monte [de riqueza produzida] o que é mais precioso e agradável.
Consomem pouco mais do que os pobres, e apesar da sua natural rapacidade e
egoísmo, ainda que só tenham em conta a sua conveniência, e também que o único
objectivo que se propõem obter dos milhares de trabalhadores que empregam seja
a sua própria proa e desejos insaciáveis, dividem com os pobres o produto de
todas as suas melhorias. São guiados por uma mão invisível a efectuar quase a
mesma repartição do que é necessário à vida, que teria sido feita se a terra
tivesse sido dividida em parcelas iguais pelos seus habitantes […] quanto à
real felicidade da vida humana, eles [os pobres] não são de forma nenhuma
inferiores aos que parecem estar tão acima deles. Em faculdades físicas e paz
de espírito os vários estratos estão todos equiparados, e o mendigo a banhar-se
ao sol à beira da estrada tem aquela segurança pela qual os reis têm de lutar.»
“The rich
only select from the heap [of produced wealth] what is most precious and
agreeable. They consume little more than the poor, and in spite of their
natural selfishness and rapacity, though they mean only their own conveniency,
though the sole end which they propose from the labours of all the thousands
whom they employ, be the gratification of their own vain and insatiable
desires, they divide with the poor the produce of all their improvements. They
are led by an invisible hand to make nearly the same distribution of the
necessaries of life, which would have been made, had the earth been divided into
equal portions among all its inhabitants […] In what constitutes the real
happiness of human life, they [the poor] are in no respect inferior to those
who would seem so much above them. In ease of body and peace of mind, all the
different ranks of life are nearly upon a level, and the beggar, who suns
himself by the side of the highway, possesses that security which kings are
fighting for.” Adam Smith, The Theory of
Moral Sentiments, Part IV, Ch.
I (1759). MIA.
[13] É de Thiers
a seguinte lição moralizante ([10]): «O rico é por vezes benfeitor e deixa os
seus palácios para visitar a choupana do pobre, enfrentando a sujidade
horrenda, a doença contagiosa e, quando descobre esse novo prazer, apaixona-se
por ele, saboreia-o e já não pode prescindir dele […] Suponde todas as fortunas
iguais, suponde a supressão de toda a riqueza e de toda a miséria; já ninguém
teria razão para dar algo […] teríeis suprimido a mais doce, a mais
encantadora, a mais graciosa acção da Humanidade. Oh triste reformador, teríeis
estragado a obra de Deus querendo retocá-la.»
The
following moralizing is from Thiers ([10]]): “The rich man is sometimes a
benefactor, who goes out of his palaces to visit the poor man’s hut, and has to
face the horrid filth, the contagious disease and, when he discovers this new
pleasure, he gets passionate of it, he savours it and can’t do without it […] Imagine
all fortunes being equal, imagine the elimination of all wealth and misery; no one would have a reason to give
something […] you would have suppressed the sweetest, the most charming, the
most graceful action of mankind. O sad reformer, you’d have spoiled God’s work
though wanting to retouch it.”
[14] Adam Smith, Wealth of
Nations, Book V, Ch.
I, Part II: On the Expense of
Justice, 1776, MIA.
[15] Ditto, Book I, Chapter X, Part II: Inequalities by the
Policy of Europe.
[16] Ditto, Book IV, Chapter IX.
[17] Say é também
famoso pela «lei de Say» ou «lei de Walras-Say» que afirma a igualdade entre
produção e consumo. Lei que Marx mostrou estar errada setenta anos antes de
Keynes fazer o mesmo usando essencialmente os argumentos de Marx sem o
reconhecer (ver aqui).
Say is also famous for the “law of
Say” or “law of Walras-Say”, which states the equality between production and
consumption. Marx showed this law to be wrong seventy years before Keynes did
the same using essentially Marx’s arguments without acknowledging it (see here).
[18] Embora a 1.ª
Constituição liberal portuguesa date de 1822, o MP feudal estava ainda pujante
até ao fim do séc. XIX. Só a partir de 1867 o MP capitalista começa a crescer
vindo a tornar-se o motor da economia com a República. Although the 1st liberal Portuguese Constitution
dates from 1822, the feudal MP was still the dominant one until the end of the
19th century. The capitalist MP starts growing only after 1867 and
becomes the driving motor of the economy with the Republic in 1910.
[19] Uma boa obra
sobre o liberalismo em Portugal é a de Victor de Sá, A Crise do Liberalismo e as
primeiras manifestações das ideias socialistas em Portugal (1820-1852),
Colecção Seara Nova, 1974 (2ª edição). Nela se assinala: a falta de vigor
revolucionário dos liberais portugueses, menos influenciados pela Revolução
Francesa e mais dispostos a entendimentos neocoloniais com a Inglaterra; o
desprezo da burguesia pelo apoio popular; o seu objectivo em aliar-se à nobreza;
a preocupação da alta burguesia em obter títulos de nobreza; o medo das
mudanças que influíu na lentidão do desenvolvimento económico. Em 1850 a esmagadora maioria da
população estava nos campos, onde imperava o domínio semifeudal da terra, com
os camponeses sob encargos feudais que, apesar de suprimidos no papel em 1846, se
prolongaram até ao século XX! A burguesia liberal portuguesa procurou viver das
rendas fundiárias tal como a nobreza. A burguesia rural dispunha de
trabalhadores agrícolas que viviam num estado de semi-escravidão. Os operários
trabalhavam em condições artesanais como na Idade Média. A produção fabril só
arrancou em 1867 com o aparecimento dos caminhos-de-ferro. Para a burguesia portuguesa
e seus intelectuais, o povo eram os proprietários. Um deles, Silva Maia (1828),
dizia que a burguesia era a «aristocracia da capacidade» e a plebe «que só
sente e mal pensa» deveria manter-se «passiva e obediente» e nunca lhe
permitirem «que tenha interferência em actos do Governo e que esteja armada». A
ala direita da burguesia chegou a aliar-se aos monarquistas ultra-reaccionários
de D. Miguel. A repressão terrorista anti-liberal durante a ditadura miguelista
causou da ordem de 46.600 vítimas.
A good
work on Portuguese liberalism is fom Victor de Sá, A Crise do Liberalismo e as
primeiras manifestações das ideias socialistas em Portugal (1820-1852),
Colecção Seara Nova, 1974 (2nd issue). It highlights: the lack of revolutionary energy of the
Portuguese liberals, who were not much influenced by the French Revolution and
were more prompt to neocolonial arrangements with England; the bourgeois
despise of popular support; their striving to allying the nobility; the high
bourgeoisie obsession to obtain nobility titles; the fear of changes, which influenced
the slowness of the economic development. The overwhelming majority of the
population lived in the countryside in 1850, where stood a semi-feudal control
of the land, with peasants under feudal impositions which, though suppressed in
paper in 1846, stayed on until the 20th century! The Portuguese
liberal bourgeoisie strived to live from land rents as the nobility did. The
rural bourgeoisie employed rural workers who lived in a semi-slave way. The
workers worked in artisanal conditions as in the Middle Age. Factory production
only took off in 1867 with the appearance of railways. To the Portuguese
bourgeoisie and their intellectuals the people were only the propertied persons.
One of them, Silva Maia (1828), said that the bourgeoisie was the “aristocracy
of competence” and the plebs “who is only sentient and barely thinks” should be
hold ”passive and obedient” and never be allowed “to have an interference in
government acts and to be armed”. The right-wing bourgeoisie even allied to the
ultra-reactionary monarchists of D. Miguel. The terrorist anti-liberal
repression during the Miguelist dictatorship, caused about 46.600 casualties.
[20] Da
Wikipedia: «[Depois da unificação o novo] o Império forneceu ricas e novas
oportunidades de ascensão da nobreza prussiana e de outros estados. Dominaram o
serviço diplomático, o exército, e os serviços públicos […] Através do controlo
do serviços públicos a aristocracia tinha uma voz dominante nas decisões que
afectavam as universidades e as igrejas. Em 1914, os diplomatas alemães
consistiam em 8 príncipes 29 condes 20 barões 54 outros nobres e apenas 11 não
nobres. Estes eram principalmente filhos de grandes industriais e banqueiros. […]
A nova Constituição pôs os assuntos militares sob controlo directo do imperador
e em grande parte fora do alcance do Reichstag.
Com o seu grande corpo de oficiais de reserva em toda a Alemanha, os militares
fortaleceram o seu papel como "O estado que suportava a nação."».
From
Wikipedia: “[After unification the new] Empire provided rich new opportunities
at the top for the nobility of Prussia,
and the other states, to fill. They dominated the diplomatic service, the Army,
and the civil service […] Through their control of the civil service, the
aristocracy had a dominant voice in decisions affecting the universities and
the churches. In 1914, Germany's diplomats consisted of 8 princes 29 counts 20
barons 54 other nobles, and a mere 11 commoners. The commoners were chiefly the
sons of leading industrialists or bankers. […] The new Constitution put
Military affairs under the direct control of the Emperor, and largely out of
reach of the Reichstag. With its large corps of reserve officers across Germany,
the military strengthened its role as "The estate which upheld the
nation."»
[21] Como vimos anteriormente, a restauração Meiji
envolveu uma ampla aliança de classes – nobres, samurais, burguesia,
camponeses, artesãos, plebe urbana – e acabou com o feudalismo do xogun e
daimios. Para além da História Universal,
usámos a History of East Asia (já
citadas), esta com informação de interesse mas redacção fraca. As seen before, the
Meiji restoration involved a large class alliance – noblemen, samurai, bourgeoisie,
peasantry, craftsmen, urban plebs – which put an end to the shogun-daimyo feudalism.
See História Universal, and History of East Asia (already cited),
the latter has interesting information but is poorly written.
[22] A premissa central da Constituição de 1890 era a de que a democracia
parlamentar teria de ser controlada de forma a não «perturbar a ordem política
e social». The
central premise of the 1890 Constitution was that parliamentary democracy should be controlled
otherwise it would disrupt the social and political order.
[23] O Estado vendeu a privados antigas fábricas nacionais
de produção de seda, de ferro, de construção de barcos, etc. The State sold to
private people old national factories of silk, iron, boat construction, etc.
[24] As tropas
versalhesas mergulharam Paris num banho de sangue e fogo. O ódio dos
privilegiados contra a audácia dos oprimidos teve rédea solta. As execuções
sumárias de homens, mulheres e crianças eram diárias. Um cortejo de mais de 43
mil prisioneiros, trabalhadores e revolucionários franceses e estrangeiros
foram conduzidos para um campo de concentração em Satory. No percurso,
homens e mulheres ricas injuriavam os prisioneiros e batiam neles à vontade. No
campo, muitos morreram por falta de cuidados médicos e epidemias devido à falta
de higiene. 300 prisioneiros foram abatidos. Muitos prisioneiros foram
fuzilados no famoso muro dos federados no cemitério de Père-Lachaise, onde
existe um monumento ainda hoje homenageado por todos os progressistas que
passam no local. Marx e Lenine analisaram detalhadamente a Comuna de Paris em
vários trabalhos. Uma obra importante, escrita por um participante da Comuna,
é: Prosper-Olivier Lissagaray, História
da Comuna de 1871, Edições Dinossauro, 1995.
The troops from Versailles drowned Paris
in a bath of blood and fire. The hatred of the privileged towards the audacity
of the oppressed was given free rein. The summary execution of men, women and
children ran daily. A procession of over 43 thousand prisoners, workers and
French and foreign revolutionaries, was conducted to a concentration camp in
Satory. On the route, rich men and women freely vilified and beat down the
prisoners. A lot of people died in the camp due to the lack of medical care,
epidemics, and no sanitation. Many prisoners were shot down at the famous wall
of the federated in the Père-Lachaise cemetery, where a monument stands and is
until today revered by all passing by progressives. Marx and Lenin analyzed the
Paris Commune in detail in several works. An important work written by a
participant in the Commune is: Prosper
Olivier Lissagaray, History of the Paris Commune of 1871.
[25] Godwin
denunciou a desigualdade social, p. ex., no seguinte texto: «Se, tendo a
desigualdade [de riqueza] sido assim introduzida, os membros mais pobres da
sociedade são, ou bastante depravados para querer, ou numa situação tão infeliz
que são obrigados a tornar-se servos assalariados ou operários do seu vizinho
mais rico, isso provavelmente não será um mal a ser corrigido pela intervenção
do governo. Mas, quando chegamos a este ponto, será difícil estabelecer limites
à extensão da acumulação num homem, e à pobreza e infortúnio em outro.» Contudo,
neste e noutros textos, Godwin não admite medidas contra a riqueza nem o
movimento revolucionário dos «pobres».
Godwin denounced social
inequality, e.g., in the following text: “If, inequality being thus introduced, the poorer
member of the community shall be so depraved as to be willing, or so
unfortunately circumstanced as to be driven, to make himself the hired servant
or labourer of his richer neighbour, this probably is not an evil to be
corrected by the interposition of government. But, when we have gained this
step, it will be difficult to set bounds to the extent of accumulation in one
man, or of poverty and wretchedness in another.” William Godwin (1793), Enquiry Concerning Political Justice and its
Influence on Morals and Happiness, Book VIII, Of Property, Ch. II Principles Of Property.
[26] De F. W.
Taylor, um operário que uma vez promovido a capataz se aliou ao patronato. After F. W. Taylor, a worker who once promoted to
foreman allied himself to the employers.
[27] Um tribunal
francês decidiu em 1907 que o empregador não era obrigado a reempregar grevistas:
«Dado que o operário que se coloca em greve impossibilita, pelo seu acto
voluntário, a continuação do cumprimento do contrato de trabalho que o ligava
ao seu patrão; que esse acto, embora não lhe seja interdito pela lei penal, não
deixa de constituir da sua parte, quaisquer que tenham sido os motivos a que
obedeceu, uma ruptura qualificada do dito contrato…» A French court decided in 1907 that an employer wasn’t
obliged to take back a striker: “Considering that the worker who places himself
on strike makes it impossible, by virtue of his voluntary act, the continuation
of the complying to the work contract who bound him to his employer; that such
an act, though the penal law does not forbid it, constitutes nevertheless from
his side, and independently of whatever motives he obeyed to, a qualified
breach of the said contract …»
[28] Entrevista
de Henri Schneider, ministro francês e administrador de uma companhia de
caminhos-de-ferro, em 1897 (citado em [10]): «A intervenção do Estado nos
problemas dos operários, muito mau, muito mau… É como a regulamentação do
trabalho das mulheres, das crianças… Colocam-se entraves inúteis, muito
estreitos. Quanto à jornada de 8 horas é também disparate… Para mim, a verdade
é que um operário saudável pode bem fazer dez horas e devemos deixá-lo livre de
trabalhar ainda mais se isso lhe dá prazer». Interview of Henri Schneider, French minister and director
of a railway company, in 1897 (quoted in [10]: “The State intervention in
workers affairs, very bad, very bad … It’s like the work regulation of women
and children … Very strict and useless hindrances are put in place. It is like
the eight-hour working day, it’s also a nonsense … For me, the truth is a
healthy worker can well do ten hours and we must let him free to even work further
hours if that is to his pleasure.”
[29] Até 1873
quase todas as indústrias e bancos tinham menos de 5000 trabalhadores. Isto
modificou-se a partir de 1873. Nos EUA, em 1911, os sete trusts mais importantes controlavam 1638 companhias da produção do
aço (United Steel Corporation de JP
Morgan, EH Gary, Carnegie), do petróleo (Standard
Oil de JD Rockefeller), da electricidade (GE), e dos caminhos-de-ferro (Vanderbilt). Na Alemanha
constituem-se grandes grupos de que se destacam: o império Krupp (aço, armamento) com 78.000 trabalhadores em 1913; AEG na electricidade, que em 1911 agrupa
várias corporações e tem 60.000 assalariados, cooperando com a Siemens e a GE dos EUA.
Until 1873 almost all
industries and banks had less than 5000 workers. This changed after 1873. In 1911, the seven
most important USA
trusts controlled 1638 companies of steel production (United Steel Corporation de JP Morgan, EH Gary, Carnegie), oil (Standard Oil de JD Rockefeller),
electricity (GE), and railways
(Vanderbilt). Large groups are constituted in Germany,
namely: the Krupp empire (steel,
armament) with 78,000 workers in 1913; AEG
in electricity, which in 1911 merges several corporations and has 60,000 workers,
and co-operates with Siemens and the USA GE.
[30] Nos EUA formam-se
dois impérios financeiros: o First
National Bank de Morgan (GE, Vanderbilt); o National City Bank de Rockefeller (petróleo, tabaco, Ice trust). Na
Alemanha formam-se três grandes bancos ao serviço dos trusts: Deutsche Bank (absorveu 49 bancos), Dresdner Bank (absorveu 46 bancos) e o Diskonto Bank (absorveu 28 bancos). Two financial empires are formed in USA: the First National Bank of Morgan (GE,
Vanderbilt); the National City Bank of
Rockefeller (oil, tobacco, Ice trust). In Germany, three large banks are
formed serving the trusts: Deutsche Bank
(absorbed 49 banks), Dresdner Bank
(absorbed 46 banks) and the Diskonto Bank
(absorbed 28 banks).
UK: Baluchistan (1877),
Cyprus (1878), Bahrain (1880), Papua (1883), British Somaliland (1884),
Botswana (1885), Burma (1885), N. Nigeria (1885), Vanuatu (1887), Brunei
(1888), Cook Islands (1888), Sarawak (1888), Kenya (1888), Rhodesia (1888),
Uganda (1890), Zanzibar (1890), Tuvalu (1892), Kiribati (1892), Solomon Islands
(1893), Swaziland (1893), Sudan (1898), Kuwait (1899), Malawi (1889), Australia
(1900), Tonga (1900), South Africa (1910), Syria (1914).
FRA: Egypt (condominium
with UK) (1876), French Polynesia (1880), Tunisia (protectorate) (1881), Benin
(1883), Mali (1883), French Indochina (1887), Niger (1890), Guinea (1891),
Upper Volta (1896), Madagascar (1896), Chad (1900), Mauritania (1902),
Oubangui-Chari (1905), Morocco
(protectorate) (1912), New concessions in China (1898).
DEU : Togo
(1884), Namibia (1884), New Guinea (1884), Cameroon (1884), Tanzania (1885),
Marshall Islands (1885), Kiaochow Concession, China (1897), Caroline Islands
(1899), Mariana Islands (1899), Palau (1899), Burundi (1890), Heligoland
(1890), Rwanda (1890), Tientsin Concession, China (1895).
USA:
Guam (1898), Philippines (1898), Puerto Rico (1898), Hawaii (1899), Cuba
(1899), Samoa (1900), Dominican Rep. (1903), Panama Canal (1903), Haiti (1914).
JPN:
Kwantung, China (1894) Weihaiwei,
China (1895), Tientsin
Concession, China (1895), Taiwan,
China (1895), South Manchurian
Railway Zone, China (1905), Korea (1910), Kiaochow, China (1914). Islands: Ryukyu
(1872), Kuril (1875), Bonin (1876), Volcano (1891), Southern
Sakhalin (1905). Marshall (1914), Caroline (1914), Northern Mariana (1914), Palau (1914).
[32] V. I.
Lenine, O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, publicado em Junho de 1916, em
plena 1ªGM. (Tomo 2 das Obras Escolhidas em seis tomos, de V. I. Lénine, Editorial
«Avante!»,1984.) Os primeiros
estudiosos a analisar o imperialismo foram Hobson e Hilferding. As suas obras
foram tidas em conta por Lenine, que juntou as suas próprias observações e análises
económicas e políticas. V. I. Lenin,
Imperialism, The Highest Stage of
Capitalism, published July 216 in full WWI. MIA. The first scholars to
study imperialism were Hobson and Hilferding. Their works were taken into
account by Lenin, who added his own economic and political observations.
[33] A doutrina Monroe (do presidente James Monroe. EUA, 1823)
opunha-se à interferência da Europa na América. A doutrina passou a justificar
o papel de big brother dos EUA na
América, com o direito de intervir na América Latina. O «corolário Roosevelt»
de 1904 «legitimou» esse papel ao afirmar o direito dos EUA de intervir na
América Latina em casos de «má conduta flagrante e crónica por parte de uma
nação da América Latina». A «má conduta» passou a ser tudo que se opunha aos
interesses do imperialismo EUA. Monroe’s doctrine (from US president James Monroe, 1823) opposed
European interference in the American continent. The doctrine became a
justification for the big brother role
of USA in America, with the right to intervene in Latin America. “Roosevelt’s corollary” of 1904 “legitimized”
that role by affirming the right of USA
to intervene in Latin America in case of
“flagrant and chronic wrongdoing by a Latin American Nation”. The “wrongdoing” became
everything opposing the interests of the US imperialism.
[34] Um exemplo é
uma declaração de Cecil
Rhodes citada por Lénine (Imperialismo…):
«Ontem estive no East-End londrino (bairro operário) e assisti a uma assembleia
de desempregados. Ao ouvir ali discursos exaltados cuja nota dominante era:
pão!, pão!, e ao reflectir, de regresso a casa, sobre o que tinha ouvido,
convenci-me, mais do que nunca, da importância do imperialismo... A ideia que
acalento representa a solução do problema social: para salvar os 40 milhões de
habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra civil, nós, os políticos
coloniais, devemos apoderar-nos de novos territórios; para eles enviaremos o
excedente de população e neles encontraremos novos mercados para os produtos
das nossas fábricas e das nossas minas. O império, sempre o tenho dito, é uma
questão de estômago. Se quereis evitar a guerra civil, deveis tornar-vos
imperialistas.»
An example is a
declaration of Cecil Rhodes quoted by Lenin (Imperialism…): “I was in the East End of London (a working-class
quarter) yesterday and attended a meeting of the unemployed. I listened to the
wild speeches, which were just a cry for ‘bread! bread!’ and on my way home I
pondered over the scene and I became more than ever convinced of the importance
of imperialism.... My cherished idea is a solution for the social problem, i.e.,
in order to save the 40,000,000 inhabitants of the United Kingdom from a bloody
civil war, we colonial statesmen must acquire new lands to settle the surplus
population, to provide new markets for the goods produced in the factories and
mines. The Empire, as I have always said, is a bread and butter question. If
you want to avoid civil war, you must become imperialists.”
[35] Um
exemplo provém do livro do economista francês P. Leroy-Beaulieu, citado em
[10]: «A colonização é a força expansiva de um povo, é o seu poder reprodutivo,
é a sua dilatação e multiplicação através dos espaços; é a submissão do
Universo, ou de uma vasta parte dele, à sua língua, às suas ideias, às suas
leis. […] É impossível não considerar [a colonização] como uma das tarefas que
se impõem aos Estados civilizados. […] Não é natural nem justo que os
ocidentais civilizados se amontoem indefinidamente e sufoquem nos seus espaços
restritos […] que vejam, por falta de aplicação remuneradora no seu país, a
taxa de lucro dos capitais a baixar cada dia que passa, e que deixem talvez
metade do mundo entregue a pequenos grupos de homens ignorantes, impotentes,
verdadeiras crianças débeis, espalhados por áreas incomensuráveis [...].»
An example comes from a
book of the French economist P. Leroy-Beaulieu, quoted in [10]: “Colonization
is the expansionist force of a people, its reproductive power, its dilation and
multiplication throughout spaces; it is the submission of Universe or of a part
of it to its language, its ideas, its laws […] It is impossible not to consider
[colonization] as one of the tasks incumbent to civilized States. […] It is
neither natural nor fair that the civilized westerners are indefinitely packed
up and suffocating in tight spaces […] that they see, by lack of a remunerating
application in their country, the rate of profit of capitals decreasing day by
day, and that they leave maybe half of the world submitted to small groups of
ignorant and impotent men, real frail children spread over immeasurable areas
[…].”
[37] Em 1929 em
Detroit em cada 100 famílias operárias 98 possuem um ferro eléctrico, 76 uma
máquina de coser, 51 uma máquina de lavar, 47 um automóvel, 36 um rádio e 21 um
aspirador. In Detroit, 1929, out of
each 100 working families 98 own an electric iron, 76 a sowing machine, 51 a washing machine, 47 a car, 36 a radio, and 21 a vacuum-cleaner.
[38] Contradições
do capitalismo: excesso de produção sobre o consumo, com stocks por vender que tendem a aumentar próximo da crise e durante
ela; a baixa de preços e vendas ao desbarato quando os stocks aumentam, o que agrava a baixa da taxa de lucro; excesso de
capacidade produtiva superior às necessidades de consumo, com taxa de
utilização do equipamento instalado geralmente bastante inferior a 100% e que
diminui fortemente com o início da crise. Note-se que, ao contrário dos custos
do trabalho que são variáveis (o capitalista pode baixá-los durante a crise),
os custos de equipamento são fixos e mesmo o equipamento não utilizado tem
custos de manutenção. Nem todas as indústrias têm queda de taxa de lucro
durante uma crise. Em 1930 houve indústrias inovadoras que tiveram subida de
lucro. Assim, as indústrias de ferro e aço tiveram subida média de 0,1% e as de
automóveis de 22,5%. Já as indústrias mais tradicionais tiveram quedas: 1% nos
acessórios de automóveis, 10,5% nas confecções e têxteis e 48,6% nas minas de
carvão. [7]
Contradictions of
capitalism: excess of production output over consumption, with unsold stocks tending
to rise near and during the crisis; price lowering with sales at unprofitable
prices when the stocks are high, aggravating the fall of the rate of profit;
excess of productive capacity in relation to consumption needs, with an utilization rate of installed equipment
usually quite below 100% and which
sharply decreases with the crisis onset. Note that whereas labor costs are
variable (the capitalist may lower them during the crisis), equipment costs are
fixed and even the unused equipment has maintenance costs. Not all industries
have a falling rate of profit during a crisis. There were innovating industries
in the 1930 USA
crisis which had a profit rise. Thus, the iron and steel industries had an
average yearly rise of 0.1% and the car industries 22.5%. The more traditional
industries had falls: 1% in automobile accessories, 10.5% in clothing and
textiles and 48.6% in coal mining. [7]
[39] Não existem
os dados necessários para o cálculo da taxa de lucro marxiana em todo o período
considerado. Usamos, por isso, a taxa de lucro calculada como o agregado de
lucros líquidos das empresas (sem impostos) a dividir pelo agregado do capital
total. Obtivemos os dados do lucro líquido do NBER; os do capital total são de
[7] (Tabela IV do cap. VIII) com estimação do valor para 1932 baseada nas
variações dos activos operacionais disponíveis no NBER. Os dados do lucro
líquido do NBER são próximos dos disponíveis em [7]. Os dados do capital fixo
(terrenos, edifícios, equipmentos) usam o valor de [7] para 1923 e os dados das
variações do capital fixo do NBER. Os dados de salários são de [7] (Tabela 1 do
cap. IV e informação do cap. V).
The data needed for the
computation of the Marxian rate of profit for the whole 1923-32 period is
unavailable. We therefore used the rate of profit computed as the aggregate of
net profits (without taxes) of the enterprises, divided by the aggregate of
total capital. The net profit data are from NBER; the data on total capital are
from [7] (ch. VIII, Table IV) with estimation of the 1932 value based on the changes
in operating assets made available by NBER. The data on net profits of NBER are
close to those made available in [7]. The data on fixed capital (land estates, buildings,
equipments) use the vale of [7] for 1923 and the data on changes in fixed
assets made available by NBER. The data on wages are from [7] (ch. V Table 1 and
text information).
[40] Um estudo de referência sobre o fascismo
continua a ser: Georgi Dimitrov, The
Fascist Offensive and the Tasks of the Communist International in the Struggle
of the Working Class against Fascism, Main Report delivered at the Seventh
World Congress of the Communist International, August 2, 1935. Ver também o
cap. XXIV de [7]. A work of
reference on fascism is still: Georgi Dimitrov, The Fascist Offensive and the Tasks of the Communist International in
the Struggle of the Working Class against Fascism, Main Report delivered at
the Seventh World Congress of the Communist International, August 2, 1935. See also chapter XXIV of [7].
[41] A IBM, Ford, Nestlé, GE, são
alguns de muitos exemplos de grandes multinacionais que colaboraram com o fascismo. O caso da
IBM é de vulto: a sua sucursal alemã, de boas relações com altos dignitários
nazis, vendeu à Alemanha milhares de classificadoras de cartões perfurados Hollerith
que, entre outras coisas, montaram a base de dados da perseguição político-racial
e para gerir o trabalho escravo dos presos dos campos de concentração (o número
tatuado no braço era usado nos cartões perfurados). Isto até Dezembro de 1941
quando no Ocidente já se conheciam bem estas questões. O patrão americano da
IBM, altamente apreciado pela administração dos EUA, conhecia as aplicações das
suas máquinas na Alemanha e recebeu uma condecoração de Hitler pelos altos
serviços prestados. Depois da declaração de guerra dos EUA a IBM ainda continuou
a colaborar com os nazis durante algum tempo. Ver:
Edwin Black, IBM e o
Holocausto, Campus, 2001.
IBM, Ford, Nestle, and GE, are
a few of many examples of large multinationals which collaborated with fascism. The case of
IBM stands out: its German branch, in good relations with high Nazi dignitaries,
sold to Germany thousands of punched-card Hollerith classifiers which, among
other things, were to build up the databases needed for the politico-racial
persecution and to manage the slave work of the concentration camps inmates
(the number tattooed in the arm was used in the punched cards). This went on
until December 1941, when the West already knew pretty well these issues. The
American boss of IBM, highly appraised by the USA
administration, knew of the application of his machines in Germany and
received a decoration from Hitler by relevant services. After the declaration
of war by USA,
IBM still continued to collaborate with the Nazis for a while. See: Edwin Black, IBM and the Holocaust, Dialog Press, 2001.
[42] O «não-intervencionismo» da Inglaterra
e França na Guerra Civil de Espanha dando cobertura ao apoio dos fascistas
italianos e alemães a Franco, a ocupação consentida de Memel e da margem
direita do Ruhr pelos nazis, e da Manchúria e Kwangtung pelos japoneses, são
alguns de inúmeros exemplos. A few of many examples are:
the “non-interventionism” of England and France in the Spanish Civil War, in
fact allowing the unimpeded support of Italian and German fascisms to Franco; the
consented occupation of Memel and of the right margin of the Ruhr by the Nazis;
the occupation of Manchuria and Kwangtung by the Japanese.
[43] A invasão da Etiópia pelos italianos, a
entrega da Checoslováquia aos alemães no seguimento do ignóbil Tratado de
Munique, a concessão de armamento ilimitado ao Japão e, mais tarde, o
consentimento da contínua invasão japonesa da China mesmo depois do relatório
Lytton à SDN, são alguns de inúmeros exemplos. A few
of many examples are: the invasion of Ethiopia by the Italians; the handover of
Czechoslovakia to the German as a sequel of the outrageous Treaty of Munich;
the concession of unrestricted armament to Japan and later the consent to the
uninterrupted Japanese invasion of China, even after the Lytton report to the
LN.
[44] Japan in the Fascist Era, Ed. by E. Bruce Reynolds, Palgrave Macmillan, 2004.
[45] D. Melnikov,
L. Tchernaia, O Criminoso Nº 1. O Regime
Nazi e o seu Führer, Edições Avante!, 1985.
[46] Pierre
Milza, Les Fascismes, Ed. du Seuil,
1991. Livro para ler com cuidado. O autor tem uma visão burguesa, mas tem
também honestidade.
[47] Alfred Sohn-Rethel, The
Economy and Class Structure of German Fascism, Free Association Books, 1987.
Arkadi Erousalimski, L’Impérialisme Allemand. Passé et Présent, Éditions du Progrès,
1970.
[48] Entre os apoiantes, figuravam: I.G.
Farben (química), Siemens
(electricidade electrónica), Röhren
und Eisenwalzwerke (metalurgia), Deutscher
Eisenhandel (aço), Hoesch
(siderurgia, minas, carvão), Allianz und Stuttgarter Vereins Versicherung (seguros), Commerzbank, Merck,
Fink Bank, Dresdner Bank, Daimler-Benz (transportes) Vereinigte Stahlwerke (aço); Wintershall
(petróleo); HAPAG (transportes
transatlânticos); J.H. Stein Bank. Among the supporters were: I.G. Farben (chemicals), Siemens
(electricity electronics), Röhren
und Eisenwalzwerke (metalworking), Deutscher Eisenhandel (steel), Hoesch
(metalworking, mines, coal), Allianz und Stuttgarter Vereins Versicherung (insurances),
Commerzbank, Merck, Fink Bank, Dresdner Bank, Daimler-Benz
(transports) Vereinigte Stahlwerke (steel); Wintershall
(oil); HAPAG (transatlantic
transports); J.H. Stein Bank.
[49] Declaração
de 1935 do 7.º Congresso da Internacional Comunista. Ver: G Dimitrof, Fascism is War, 1936, IMA. Já em 1933 o
Partido Comunista Alemão tinha dito «Hitler é a Guerra». Declaration of the 7th Congress of the
Communist International, 1935. See: G Dimitrof, Fascism is War, 1936, IMA. Already in 1933 the German Communist
Party had told “Hitler is War”.
[50] Em 1938 o PNB
alemão foi de 46 mil milhões de USD =
114,5 mil milhões RM (Reich Mark). Nesse
mesmo ano os bens saqueáveis dos judeus foram estimados 8,4 mil milhões de RM,
ou seja 7,3% do PNB alemão. Para termos uma ideia do que isto representa basta
ter em conta que as despesas militares actuais dos EUA (uma das maiores do
mundo em termos de PIB) são de 3,9 % do
PIB.
The GNP of
Germany in 1938 was 46 billion USD = 114.5 billion RM (Reich Mark). In that same year the total wealth of the Jews to be plundered
was estimated as 8.4 billion RM, that is 7.3% of the GNP. To get an idea what
this means it’s enough to consider the military expenditure of US in 2016 (one
of the world largest in GDP%): 3.9% of GDP. Ver | See: Harold
James, The Deutsche Bank and the Nazi
Economic War against the Jews, Cambridge
Univ. Press, 2001. Also:
http://forum.axishistory.com/viewtopic.php?t=191325 , https://measuringworth.com/datasets/exchangeglobal/result.php
[51] Wikipedia (Empire of Japan (internal politics 1914–44), Statism
in Shōwa Japan, Zaibatsu,
and other articles to be read with caution). Ben-Ami Shillony, Revolt in Japan:
The Young Officers and the February 26, 1936 Incident, Princeton Univ.
Press, 1973. S. Goliakov
[52] A guerra e
ocupações japonesas da China foram da
máxima brutalidade, constituindo o que é conhecido como holocausto chinês:
prisioneiros enterrados vivos, decepados, violações constantes, massacres, etc.
O imperador autorizou o uso de gases tóxicos contra prisioneiros de guerra. Tal
uso foi condenado pela SDN pelo que o Japão a abandonou. The Japanese war and occupations of China were
carried with the highest brutality, constituting what is known as the Chinese holocaust:
prisoners buried alive, mutilated, constant rapes, massacres, etc. The emperor
authorized the use of toxic gases against prisoners of war. The LN condemned Japan for such use; in response Japan abandoned
LN.
[53] Batalhas no rio Amur em 1937, no lago Kasan em1938, e em Khalkhyn Gol em 1939. Battles at the river Amur in 1937, at lake Kasan
in1938, and at Khalkhyn Gol in 1939.