Março de 1921 a Janeiro de 1923: o crescente distanciamento entre
Lénine e Trotski
March 1921
to January 1923: the growing estrangement between Lenin and Trotsky
O período do X Congresso do PCR(b) (16-Mar-1921) até ao
fim de 1922 é um período extremamente rico, complexo e denso de
acontecimentos políticos da RSFSR e URSS (constituída em 28-Dez-1922), quase
desconhecido no Ocidente.
É um período marcado por insubstituíveis contribuições de
Lénine para a teoria da construção socialista, cujo interesse permanece actual.
Contribuições quanto à resolução das grandes questões candentes e nas
condições da Rússia nessa época: a NEP como etapa de construção do
socialismo; a reorganização dos aparelhos do Partido e do Estado; a formação
da URSS, a questão das nacionalidades e a construção de nações-estados; a
Internacional Comunista (Comintern) e a formulação de orientações dos
partidos comunistas dos paises capitalistas e/ou oprimidos que enfrentavam um
ressurgimento do ataque capitalista às massas trabalhadoras, nomeadamente com
o o apoio do fascismo.
É um perído marcado pela luta política de Lénine e dos
leninistas que constituíam a larga maioria do partido e gozavam da confiança
e apoio de amplas massas populares, contra os ataques de Trotski. Trotski
que, neste período, se afasta irrevogavelmente de Lénine.
Trotski não esteve sozinho. Tinha poucos mas importantes
apoiantes em lugares de topo do Partido e do Estado: especialistas imbuídos
de espírito pequeno-burguês. Também eles revelaram, em vários aspectos, a sua
oposição à via leninista de construção do socialismo, seguindo as opiniões
derrotistas e aventureiras de Trotski justificadas por fraseologia de
«esquerda». Não por acaso as teses de Trotski foram mais tarde usadas por
Khrutchev e Gorbatchev; pelo primeiro, no início do esvaziamento do
socialismo; pelo segundo, no desmantelamento do socialismo que ainda sobrava
e na restauração capitalista.
Para compreender este período consideramos indispensável o
livro «Politicheskoye zaveshchaniye»
Lenina: real'nost' istorii i mify politiki (O "Testamento
Político" de Lénine. Realidade histórica e mitos políticos) escrito por V.
A. Sakharov (não confundir com o reaccionário Andrei Sakharov, amigo do
fascista Soljenitsine, e tal como ele agraciado com o Prémio Nobel e apreço dos
imperiais), publicado em 2003 pela Editora da Universidade Estatal de Moscovo
(o original em russo está online).
[139] Trata-se de um livro solidamente
documentado, com análises objectivas. Não conhecemos traduções. Um outro
livro a que recorremos é Outline History Of The Communist Party Of The Soviet
Union, Part II (Esboço da história do
Partido Comunista da União Soviética, Parte II) escrito por N. N. Popov. [140]
Um livro já antigo (1934), mas ainda de interesse. Vários livros que
consultámos de autores ocidentais são parcos ou omissos de informações, e alguns
com análises sem credibilidade por inconsistência com factos (caso de E. H.
Carr que vimos na Parte VII).
No presente artigo iremos apenas analisar os aspectos que
consideramos mais importantes e que retratam melhor a oposição do Leninismo
ao Trotskismo.
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The
period from the X Congress of the PCR(b) (16-Mar-1921) to the end of 1922 is
an extremely rich, complex and dense period of political events in the RSFSR
and the
It
is a period marked by Lenin’s irreplaceable contributions to the theory of
socialist construction, whose interest remains integral to our days. The contributions
regarding the resolution of major burning issues in the conditions of Russia
at the time focused: the NEP as a stage in the construction of socialism; the
reorganization of the Party and State apparatuses; the formation of the USSR,
with the question of nationalities and nation-state building; the Communist International
(Comintern) and the formulation of guidelines for the Communist Parties of
the capitalist and/or oppressed countries facing a resurgence of the
capitalist attack on the working masses, namely with the support of fascism.
It
is a period marked by the political struggle of Lenin and the Leninists, who
made up the vast majority of the Party and enjoyed the confidence and support
of the broad popular masses, against Trotsky's attacks. Trotsky who, during
this period, irrevocably distances himself from Lenin.
Trotsky
was not alone. He had a few but important supporters in top positions of the
Party and the State: specialists imbued with the petty-bourgeois spirit. They
too manifested, in various aspects, their opposition to the Leninist course
on the construction of socialism, following the defeatist and adventurous opinions
of Trotsky justified by "left" verbiage. It was not by chance that
Trotsky's theses were later used by Khrushchev and Gorbachev; the former, at
the onset of emptying up socialism; the latter, in dismantling the socialism
that still remained and restoring capitalism.
In
order to understand this period we consider indispensable the book «Politicheskoye zaveshchaniye» Lenina:
real'nost' istorii i mify politiki (Lenin's "Political
Testament". Historical Reality and Political Myths) by V. A.
Sakharov (not to be confused with the
reactionary Andrei Sakharov, friend of the fascist Solzhenitsyn, and as with
him awarded the Nobel Prize and appreciation of the imperials), published in
2003 by the Moscow State University Publisher (the Russian original is online).
[139] It is a solidly documented book, with objective analyzes. We are not
aware of any translations. Another book we resorted to is Outline History Of The Communist Party Of The
In
the present article we only analyze the aspects that we consider most
important and that best demonstrate the opposition of Leninism to Trotskyism.
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Características da
luta política de Trotski neste período
A leitura dos trabalhos de Trotski no período em questão, publicados
no Ocidente, transmitem uma falsa impressão sobre a luta política de Trotski
contra o leninismo. Para além de faltarem trabalhos e partes de trabalhos,
uma leitura pouco atenta e desinformada do contexto pode até sugerir que
Trotski defende a via leninista (bolchevique) de construção do socialismo. E
sem dúvida Trotski esforçou-se em alguns trabalhos (sobre a NEP e, em
particular, nos seus discursos em reuniões da Comintern) por transmitir a ideia
do seu «bolcheviquismo» e até de inspirador do leninismo (vimos um exemplo
disso na Parte VII). Isto
convinha-lhe para se apresentar como o herdeiro de Lénine, escolhido por ele
para lhe suceder na liderança do partido.
Contudo, existem já muitos documentos, quase todos
desconhecidos no Ocidente (actas e notas de congressos, de sessões plenárias
do Comité Central (CC) e do Politburo (PB),
memórias de membros do CC e PB, etc.), que mostram claramente que no
período em questão Trotski se perfilou contra Lénine e o partido,
despojando-se da aura de «bolcheviquismo» de que gozara até ao final da
guerra civil. Quanto a documentação, assinale-se que ainda falta um grande
volume porque, segundo todos os autores que conhecemos que não
afinaram/afinam pelo diapasão anti-Estáline, anti-comunista -- incluindo V.
Sakharov –, a todos como eles foi-lhes vedado o acesso aos arquivos a partir
de Khrutchev. Efectivamente, muitos documentos agora conhecidos foram
divulgados por autores anti-comunistas a quem foi concedido acesso aos
arquivos durante a «perestroika», com o objectivo de fornecer a Gorbatchev e
comparsas armas contra o comunismo. Gorbatchev e comparsas não tiveram o
sucesso que desejavam nesta abertura.
Existem, porém, documentos de Trotski publicados no
Ocidente que são reveladores. Um exemplo é a carta de 21-Dez-1921 a M.S. Olminski,
um historiador nomeado pelo Conselho dos Comissários do Povo (CPC) de 21-Set-1920
para presidir à Comissão de História do Partido. Trotski aconselha-o nessa
carta a não publicar as suas antigas cartas ao menchevique Tchkeidze, entre
as quais a de 1-Abr-1913 em que verberava Lénine em termos insultuosos (ver Parte
III). O conselho não se devia, contudo, a ter ultrapassado as suas
antigas ideias. Bem pelo contrário. Diz assim (ênfases a negrito e
interpolações em parênteses rectos são sempre nossos):
«[Publicar as cartas a
Tchkeidze] seria recontar as divergências que tinha nesse tempo com os
bolcheviques. … Não vejo necessidade de voltar a esse assunto ... Aliás, essa
revisão retrospectiva da luta entre fracções poderia ainda hoje gerar
polémica, porque, confesso francamente, não
acho de modo algum que, nas minhas divergências com os bolcheviques, estivesse
errado em todos os aspectos. Estava completamente errado na minha
avaliação da fracção menchevique: sobrestimei
as suas capacidades revolucionárias e achei possível isolar e neutralizar a sua
ala direita. No entanto, esse erro fundamental devia-se ao facto de
analisar as duas fracções, bolchevique e menchevique, colocando-me na perspectiva da revolução permanente e da ditadura do
proletariado, enquanto bolcheviques e mencheviques adoptaram nessa altura o
ponto de vista da revolução burguesa e da república democrática. Eu não tinha percebido que as duas fracções
estavam separadas por divergências tão profundas, e esperava ... que o
próprio curso da revolução as levasse ao programa da revolução permanente ...
«Ainda hoje seria capaz de
separar facilmente os meus artigos polémicos ... em duas categorias: os
focados na análise das forças internas da revolução ... e aqueles em que avaliei
as fracções ... Poderia ainda hoje
publicar os artigos da primeira categoria sem fazer qualquer correção, porque
eles são totalmente concordantes com a posição adoptada pelo nosso partido
desde 1917. ...» [141]
Portanto, segundo Trotski, o seu erro foi ter
«sobrestimado» as capacidades revolucionárias dos mencheviques (!) quando
estes nunca esconderam a sua aliança com a burguesia na época em que Trotski
andava de braço dado com eles. Foi ter achado possível isolar e neutralizar a
sua ala direita (!) quando nunca mostrou intenções da fazê-lo e, pelo
contrário, apoiou F. Dan que era do mais à direita dos mencheviques. Esse
«erro» deveu-se a ter-se colocado na perspectiva da revolução permanente,
enquanto os bolcheviques (Lénine incluído, claro) adoptaram o ponto de vista
da revolução burguesa! Não tinha percebido (!) que as duas fracções estavam
separadas por divergências tão profundas. E esperava que o próprio curso da revolução os levasse – a ambos,
mencheviques e bolcheviques (!) -- ao
programa da revolução permanente! Revolução permanente, cuja «perspectiva»
fora causa do seu «erro fundamental». (Para que serve então a «teoria» da revolução
permanente?) Mas que, pelos vistos, continuava válida, como ele próprio
insinua e continuará a afirmar em artigos do período em questão. Aliás, ao
dizer que os seus «artigos polémicos ... focados na análise das forças
internas da revolução» são «totalmente consistentes com a posição adoptada pelo nosso partido desde
1917» sugere que foi Lénine e o POSDR(b) que adoptaram as posições de
Trotski. É uma das muitas mentiras flagrantes desta carta (já vimos que
Lénine frequentemente criticou a análise de Trotski «das forças internas da
revolução») que mais tarde Trotski repetirá, como se irá ver.
Note-se também uma característica de Trotsky: começa por
dizer que errou quando obrigado a isso pelas circunstâncias para mais tarde
concluir que afinal tinha razão e que foi a sua razão que inspirou os outros.
A partir de 1921 as relações entre Trotski e Lénine
deterioram-se cada vez mais, ao contrário do que Trotski mais tarde procurou
sustentar nas suas obras, fazendo-se passar por o «escolhido» de Lénine.
Trotski cada vez mais se distancia de Lénine na teoria e na prática. Um
indicador disso é o número de contactos entre Lénine e Trotski em comparação
com outros membros do PB, Estáline, Kamenev e Zinoviev. Em 1922, p. ex., na
correspondência iniciada por Lénine com membros do PB, Trotski aparece abaixo
de todos os outros [142]. Enquanto, do total da correspondência iniciada por
Lénine, 70,2% se destina a Estáline, Trotski é destinatário apenas 16,9% das
vezes e numa gama de assuntos muito mais estreita. [142]
Em 1921 e 1922 a luta política de Trotski contra Lénine e
os órgãos dirigentes do Partido sube de tom. Nas reuniões do PB a sobranceria
de Trotski atinge o abuso: passava as reuniões a estudar inglês [143] e numa
delas chamou «rufião» a Lénine [144].
Num testemunho de membros do PB de 1922 é afirmado: «O
trabalho de equipa entre o cam. [camarada] Trotski e a maioria do Politburo
já se arrasta há muitos anos principalmente na forma do camarada Trotski a enviar cartas e declarações nas
quais invariavelmente critica quase todas as atividades do CC...» [145]
Nma carta assinada por 9 membros e candidatos a membro do
PB [146], de 31- Dez-1923, estes escreveram: «Antes da doença do cam. Lénine,
nos dias em que o cam. Lénine supervisionou directamente o trabalho do
Politburo» Lénine «não podia trabalhar com calma, precisamente porque o cam.
Trotski introduziu os elementos de fraccionismo e desconexão que instilou
cada vez mais após a doença do cam. Lénine.» [147]
Molotov, nas suas recordações [148], também refere que no Verão
de 1921 "já era impossível trabalhar com Trotski".
* *
*
A luta política de Trotski era multifacetada. Para além da
mentira, intriga e dissimulação, recorreu no período em questão a:
1) demagogia;
2) utilizar os seus apoiantes (Preobrajenski, N. Osinski,
Piatakov, Krestinski, Serebriakov, etc.) para conduzir a sua luta contra o Partido
[149];
3) disseminar a ideia da NEP como fim da revolução
socialista e bancarrota do leninismo;
4) procurar dominar o aparelho económico;
5) republicar os seus velhos artigos sobre a «revolução
permanente» para um combate dissimulado do leninismo.
Dois exemplos de (1):
a) Trotski no seu panfleto sobre os sindicatos (ver Parte
VI) defendeu a seguinte tese: «Na área do consumo, isto é, das condições da vida pessoal dos trabalhadores,
é necessário seguir a línha do igualitarismo. Na esfera da produção, o princípio do trabalho de
choque continuará durante muito tempo a ser decisivo». Lénine citou-a em Os sindicatos, o momento actual e os erros
de Trotski, 30-Dez-1920, rebatendo-a assim:
«Isto é um perfeito emaranhado
teórico. É totalmente falso. Trabalho de choque é uma preferência de escolha,
mas uma preferência sem consumo não é nada. Se me preferem tanto que recebo um
oitavo de pão, muito obrigado por essa preferência. A preferência por
trabalho de choque é também preferência pelo consumo. Sem isso o trabalho de
choque é um sonho, una quimera, e apesar de tudo somos materialistas. E os
trabalhadores também são materialistas quando se lhes fala em trabalho de
choque; dizem: dêem-nos pão, roupa e carne. Este é o nosso critério, e sempre
o foi...»
Trotski manteve em escritos posteriores esta demagogia
igualitarista que atraía o apoio dos estratos mais atrasados dos
trabalhadores, mais infectados por preconceitos pequeno-burgueses.
b) Trotski defendeu no XI Congresso que a «mais importante» tarefa do partido
era a educação da geração jovem [150]. Queria atrair jovens inexperientes
para o seu lado e fazer deles oposição ao partido, como se viu mais tarde com
Estáline. Lénine e os leninistas, sem descurarem a preparação ideológica (o
partido tinha cursos para isso) via a educação política da geração jovem como
parte do processo da construção socialista. Para Trotski isso era inaceitável
porque para ele a revolução ainda não era socialista. Além disso, via a
educação dos jovens como garantia do
amanhã da revolução, desprezando o facto de que a experiência da vida não
pode ser substituída por estudos teóricos. Afastava-se, assim, da conhecida
tese do marxismo de que é o ser que determina a consciência.
Dois exemplos de (2):
a) Quando Lénine propôs ao XI Congresso do PCR(b) criar
pela primeira vez o cargo de Secretário-Geral e eleger Estáline para esse
cargo houve uma aceitação geral da proposta. O próprio Trotski não se opôs. Mas
Preobrajenski, aliado de Trotski, [151] manifestou a sua oposição o que
motivou a seguinte réplica de Lénine: «O que podemos fazer para preservar a
situação actual no Comissariado do Povo das Nacionalidades? Para lidar com
todas as questões do Turquestão, do Caucáso e outras questões? Todas estas
questões são políticas! Para resolver essas questões ... precisamos de alguém
a quem os representantes de qualquer uma dessas nações possam abordar e
discutir as suas dificuldades ... Onde podemos encontrar alguém assim? Não me
parece que o cam. Preobrajensky possa sugerir um candidato melhor que o cam.
Estáline. O mesmo se aplica à Inspeção dos Trabalhadores e Camponeses. Este é
um assunto vasto; mas, para poder lidar com as investigações, devemos ter à
frente um homem que goze de grande prestígio; caso contrário, ficaremos
submersos e ultrapassados por pequenas intrigas.» Estáline foi eleito por 193
votos a favor e 16 contra.
b) Piatakov chefiava em 1921 a
Directoria Central da Indústria de Carvão do Donbass. A sua missão envolvia um
enorme trabalho para normalizar a extracção das grandes minas de carvão do
Donbass, o que implicava reunir vontades para a tarefa. Mas Piatakov, como
bom trotskista, aplicou métodos burocráticos militares de gestão, impedindo
assim a incorporação das massas trabalhadoras no trabalho mineiro e
industrial. Além disso, subestimou a importância de restaurar pequenas minas
e outros ramos da indústria, e interrompeu a iniciativa de organizações
partidárias locais e sindicatos na construção económica. Na VI Conferência do
PC(b) da Ucrânia, realizada de 9 a 13 de Dezembro de 1921, os delegados do
Donetz e de outras organizações condenaram severamente os métodos de trabalho
de Piatakov. Após a conferência, Piatakov foi retirado do seu cargo no
Donbass. Lénine refere-se a este caso no seu relatório do CC ao XI Congresso
em 27-Mar-1921 como exemplo de como um militante comunista não deve actuar.
Objectivamente, Piatakov, insistindo em métodos já condenados pelo partido,
sabotou a linha de actuação do partido.
Dois exemplos de (3):
a) No X Congresso teve
lugar uma sessão fechada na qual Trotski apresentou o relatório sobre o
exército. Por proposta categórica de Lénine, adoptada pelo Congresso apesar
da oposição de Trotski, não foi feito registo estenográfico do relatório. Na
altura os abastecimentos do exército eram gravemente afectados pela crise
económica. Iniciara-se a desmobilização e o descontentamento entre os
camponeses afectava o ànimo dos soldados. Todos estes factos foram
apresentados por Trotski com ênfase exagerada, de pânico, que distorcia totalmente
a situação do Exército Vermelho. Pelo que Trotsky disse, apenas uma conclusão
era possível: o governo soviético entraria em colapso em muito pouco tempo.
Era mais uma uma manifestação derrotista de Trotski, com a sua característica
falta de confiança no Partido, no governo soviético e na classe trabalhadora.
O Congresso delineou uma série de medidas para fortalecer o Exército Vermelho
apesar da redução numérica. [152]
b) A atitude derrotista de Trotski
quanto à revolução socialista na Rússia agravou-se com a NEP. Na sua opinião,
a NEP tinha enterrado a revolução socialista, que só poderia ser salva pela
revolução proletária mundial. Na reunião do PB de 25-Ago-1921 Trotski
declarou que «os dias do poder soviético estão contados», que «o cuco já
cantou» [153], que a morte do poder soviético era inevitável caso as suas
propostas de política económica e de gestão da economia não fossem adoptadas.
Yaroslavski, secretário do CC em 1921, lembrou mais tarde que «Lénine
expressou repetidamente extrema insatisfação com Trotski, dizendo que estava “mortalmente
cansado” da histeria de Trotsky» [154].
* *
*
Veremos outros exemplos nas próximas secções.
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Characteristics of Trotsky's political struggle in
this period
The
works of Trotsky that have been published in the West for the period in
question convey a false impression about the political struggle of Trotsky
against Leninism. In addition to works and parts of works that are missing in
the West, a less attentive and/or a context uninformed reading may even
suggest that Trotsky defended the Leninist (Bolshevik) way of building
socialism. Trotsky indeed did not spare efforts in some of his works (on the
NEP and, particularly, in his speeches at Comintern meetings) to convey the
idea of his “Bolshevikism” and even of having been an inspirer of Leninism
(we saw an example of this in Part
VII). This suited him well to present himself as
Lenin's heir, chosen by Lenin as successor in the leadership of the Party.
Nevertheless,
many documents are already avilable, almost all unknown in the West (minutes
and notes of congresses, plenary sessions of the Central Committee (CC) and
the Politburo (PB), memoirs of members of the CC and PB, etc.), clearly showing
that during the period in question Trotsky took a stand against Lenin and the
Party, divesting himself of the "Bolshevik" aura he had enjoyed
until the end of the civil war. As for the documentation, it should be noted
that a large amount is still missing because, according to all the authors we
know who were/are not tuned to the anti-Stalin, anti-communist trend --
including V. Sakharov --, everyone out of tune to the trend had the access to
the archives blocked since Khrushchev. As a matter of fact, many documents that
are presently known were divulged by anti-communist authors who were granted
access to the archives during the "perestroika", with the aim of
providing weapons against communism to Gorbachev and his cronies. Gorbachev
and his cronies did not reap the success they desired in this opening.
There
are, however, documents by Trotsky published in the West that are revealing.
An example is a letter dated 21-Dec-1921 to M.S. Olminsky, a historian
appointed by the Council of People's Commissars (CPC) on 21-Sep-1920 to chair
the Commission of Party History. Trotsky advises him in the letter not to
publish his old letters to the Menshevik Chkeidze, including the one of
1-Apr-1913 in which Lenin was criticized in abusive terms (see Part III). Trotsky’s advice was
not, however, motivated by having surpassed his old ideas. Quite the opposite.
He wrote (emphases in bold and interpolations in square brackets are always
ours):
“[To publish the
letters to Chkeidze] would tell the divergences I had at that time with the
Bolsheviks. … I do not see the need to return to this subject ... Moreover,
this retrospective review of factional struggle could, still now, give rise
to controversy, because, I confess frankly, I do not think at all that, in my disagreements with the Bolsheviks,
I was wrong on all points. I was completely wrong in my assessment of the
Menshevik faction: I overestimated its
revolutionary capabilities, and I thought possible to isolate and neutralise
its right wing. However, this fundamental error is due to the fact that I
was analysing the two factions, Bolsheviks and Mensheviks, by placing myself from the perspective of
the permanent revolution and of the dictatorship of the proletariat, while,
at that time, the Bolsheviks and Mensheviks were adopting the point of view
of the bourgeois revolution and of the democratic Republic. I had not
realised that the two factions were separated by such deep divergences, and I
was hoping … that the course of the revolution would lead them to the
programme of the permanent revolution …
“Today, I would still be able to
easily separate my polemical articles … into two categories: those focused on
the analysis of the internal forces of the revolution … and those in which I
evaluated the factions ... Now I could
still publish articles of the first category without making any correction,
because they are entirely consistent with the position adopted by our Party
since 1917. …” [141]
Therefore,
according to Trotsky, his mistake was due to having "overestimated"
the revolutionary capabilities of the Mensheviks (!) though they never hid
their alliance with the bourgeoisie at the time Trotsky went hand in hand
with them. It was also due to finding it possible to isolate and neutralize their
right wing (!) when he never showed any intention to do so and, on the
contrary; he supported F. Dan who was in the rightmost wing of the
Mensheviks. The "error" was due to having placed himself in the
perspective of the permanent revolution, whereas the Bolsheviks (Lenin
included, of course) adopted the point of view of the bourgeois revolution! He
hadn't realized that the two factions were separated by such deep divergences
(!). And he had hoped that the course of the revolution would lead them --
both Mensheviks and Bolsheviks (!) -- to the program of the permanent
revolution! Permanent revolution, whose "perspective" was the cause
of his "fundamental error." (What was then the "theory"
of permanent revolution good for?) But which, apparently, was still valid, as
he himself implies and will continue to state in articles of the period in
question. In fact, when stating that his "polemical articles ... focused
on the analysis of the internal forces of the revolution" are "entirely
consistent with the position adopted by our Party since 1917" he is suggesting
that it was Lenin and the RSDLP(B) who adopted the positions of Trotsky. This
is one of the many blatant lies of the letter (we have already seen that
Lenin frequently criticized Trotsky's analysis of "the internal forces
of the revolution") that Trotsky will later repeat, as will be seen.
Note
also a characteristic of Trotsky: he begins by saying that he was wrong when the
circumstances forced him to do so, only to conclude later on that he was
right after all, and that it was his reason that inspired others.
As
of 1921, the relationship between Trotsky and Lenin deteriorated more and
more, contrary to what Trotsky later sought to sustain in his works, posing
as Lenin's "chosen" one. Trotsky becomes increasingly estranged
from Lenin in theory and practice. An indicator of this is the number of
contacts between Lenin and Trotsky compared to other members of the PB, Stalin,
Kamenev and Zinoviev. In 1922, e.g., in Lenin's correspondence with members
of the PB, Trotsky appears below all the others [142]. Whereas, out of the
total correspondence initiated by Lenin, 70.2% is destined to Stalin, Trotsky
is the addressee only 16.9% of the time and on a much narrower range of
subjects. [142]
In
1921 and 1922 Trotsky's political struggle against Lenin and the governing
bodies of the Party escalated. In the PB meetings, Trotsky's haughtiness
reaches the point of abuse: he spent the meetings studying English [143] and
in one of them called Lenin a "bully" [144].
A
testimony of members of the PB in 1922 states: “The teamwork between comr. [comrade]
Trotsky and the majority of the Politburo has been going on for many years
mainly in the form of comr. Trotsky
sending letters and declarations in which he invariably criticizes almost all
activities of the CC.” [145]
In
a letter signed by 9 members of and candidates to the PB [146], of 31-Dec-1923,
they wrote: “Before the illness of comr. Lenin, in those days when comr.
Lenin directly supervised the work of the Politburo," Lenin "could
not work calmly precisely because comr. Trotsky introduced those elements of
factionalism and disconnection which he increasingly instilled after comr.
Lenin fell ill." [147]
Molotov,
in his recollections [148], also mentions that in the summer of 1921 "it
was already impossible to work with Trotsky".
*
* *
Trotsky's
political struggle was multifaceted. In addition to lying, intrigue and
deception, in the period in question he resorted to:
1)
demagoguery;
2)
using supporters (Preobrazhensky,
3)
dissemination of the idea of the NEP as the end of the socialist revolution
and bankruptcy of Leninism;
4)
seeking to dominate the economic apparatus;
5)
republishing his old articles on the "permanent revolution" for a
disguised fight against Leninism.
Two examples of (1):
a)
Trotsky in his brochure on the trade unions (see Part VI) defended
the following thesis: “The equalization line should be pursued in the sphere
of consumption, that is, the
conditions of the working people’s existence as individuals. In the sphere
of production, the principle
of shock work will long remain decisive for us.” Lenin quoted it in The Trade Unions, The Present Situation,
And Trotsky’s Mistakes, 30-Dec-1920, rebuking it:
“This is a real theoretical
muddle. It is all wrong. Shock work is a chosen preference, but preference is
nothing without consumption. If all the preference I get is a couple of
ounces of bread a day I am not likely to be very happy. The preference part
of shock work implies preference in consumption as well. Otherwise, priority
is a pipe dream, a fleeting cloud, and we are, after all, materialists. The
workers are also materialists; if you say shock work, they say, let’s have
bread, and clothes, and beef. That is the view we now take, and have always
taken…”
Trotsky
maintained in later writings this egalitarian demagoguery which attracted the
support from the backward strata of the workers, the most infected by
petty-bourgeois prejudices.
b)
Trotsky argued at the XI Congress that the Party's "most important" task was the education of the young
generation [150]. He wanted to attract to his side inexperienced young people
and make out of them an opposition to the Party, as seen later with Stalin.
Lenin and the Leninists, without neglecting ideological preparation (the Party
had courses for that), saw the political education of the young generation as
part of the process of socialist construction. For Trotsky this was
unacceptable because for him the revolution was not yet socialist.
Furthermore, he saw the education of young people as a guarantee of the future
of the revolution, disregarding the fact that the experience of life cannot
be replaced by theoretical studies. He thus departed from the well-known
Marxist thesis that it is the being that determines consciousness.
Two examples of (2):
a)
When Lenin proposed to the XI Congress of the RCP(B) to create for the first
time the position of Secretary-General and elect Stalin to that position,
there was general acceptance of the proposal. Trotsky himself did not object.
But Preobrazhensky, Trotsky's ally, [151] expressed his opposition, motivating
the following reply of Lenin: "What can we do to preserve the present
situation in the People’s Commissariat of Nationalities; to handle all the
b)
Pyatakov headed in 1921 the Central Directorate of the Donbass Coal Industry.
His mission involved a huge task of normalizing the extraction of the big
coal mines of the Donbass, which implied gathering people efforts for the
task. But Pyatakov, as a good Trotskyist, applied military bureaucratic
methods of management, thus impeding the incorporation of the working masses
into mining and industrial work. In addition, he underestimated the
importance of restoring small mines and other branches of industry, and
interrupted the initiative in economic construction of the local Party
organizations and trade unions. At the VI Conference of the CP(B) of
Two examples of (3):
a)
A closed session took place at the X Congress at which Trotsky presented his
report on the army. Per Lenin's categorical proposal, adopted by the Congress
despite Trotsky's opposition, no shorthand record of the report was made. At
the time, the army supplies were severely affected by the economic crisis. The
demobilization had begun and discontent among the peasants affected the mood
of the soldiers. All of these facts were presented by Trotsky with an
exaggerated, panicked emphasis, which totally distorted the situation of the
Red Army. From what Trotsky said, only one conclusion was possible: the
Soviet government would collapse in a very short time. It was yet another
defeatist demonstration by Trotsky, with his characteristic lack of
confidence in the Party, the Soviet government and the working class. The Congress
outlined a series of measures to strengthen the Red Army, despite its
reduction in numbers. [152]
b)
Trotsky's defeatist attitude towards the Russian socialist revolution
worsened with the
*
* *
Further
examples will be presented in the following sections.
|
Trotski e a NEP
Vimos no artigo anterior (Parte VII) como
Trotski se arrogou o papel de inspirador da NEP, invocando a sua carta ao PB
de 20-Fev-1920, que mencionou no X Congresso do PCR(B) em Março de 1921 e
repetiu, quase palavra por palavra, no XI Congresso em 29-Mar-1922. Neste
congresso também voltou à sua antiga ideia de «nacionalizar» os sindicatos.
Sobre isto, Trotski abriu assim o seu discuso de 29 de Março:
«Camaradas, a resolução do X
Congresso sobre os sindicatos não sobreviveu até ao XI, como alguns de nós previram. O que não sobreviveu? A parte que
caracterizava o relacionamento dos sindicatos com os órgãos económicos ...»
[155]
Trotski, o profeta (como lhe chama o seu biógrafo
trotskista I. Deutscher), cujas previsões saíam sempre certas, não tem razão
quando diz que não sobreviveu «o relacionamento dos sindicatos com os órgãos
económicos». De facto esse relacionamento sobreviveu e contribuiu para o
sucesso da NEP. Nunca mais a questão dos sindicatos se colocou e no XI
Congresso ninguém a levantou. Só Trotski, para quem os factos se tinham de
adaptar às suas ideias e não o contrário.
Voltemos à NEP. A visão de Trotski, da carta de
20-Fev-1920, tinha de facto já sido proposta no seu relatório apresentado em 6
de Janeiro de 1920 ao Comité de Moscovo do RCP(b):
“Enquanto houver escassez de
pão, o camponês terá que dar à economia soviética um imposto em espécie na
forma de pão, sob pena de represália
impiedosa. Num ano o camponês acostumar-se-á a isso e dará o pão.
Alocaremos unidades proletárias, cem ou duas mil, para criar bases alimentares.
E assim, tendo criado... a
possibilidade de serviço geral de trabalho, compulsório, com o enorme
significado do factor educativo, seremos capazes de pôr a nossa economia em
ordem”. [156]
Trotski, apesar de falar em «imposto em espécie», mantinha
os métodos coercivos do «comunismo de guerra» sobre os camponeses. Com a
agravante, na carta de Fevereiro de 1920 (ver Parte VII), da coerção
ser aplicada sobre os pequenos e médios camponeses enquanto defendia o favorecimento
dos kulaks. Era uma visão da NEP
totalmente oposta à de Lénine, para quem as medidas da NEP na agricultura,
para além da resolução do problema alimentar, tinham também em vista reforçar
a aliança do proletariado com os pequenos e (até certo ponto com os) médios
camponeses (onde lavrava descontentamento e insurreições que ameaçavam a
revolução) e combater a contra-revolução kulak.
Para Lénine, a aliança com o camponesinato pobre era condição sine qua non para levar por diante a
revolução socialista. (A NEP leninista também tinha como objectivo a
transformação social de outras camadas pequeno-burguesas, como os arteãos e
comerciantes.) Esta aliança estratégica do leninismo era totalmente contrária
à visão sectária e irrealista da «revolução permanente» que Trotski nunca
abandonou.
Depois do X Congresso Lénine continuou a desenvolver
importantes acções de esclarecimento e orientações das medidas da NEP. Em
26-Mai-1921 teve lugar a X conferência do PCR(b) onde Lénine discursou. Trotski não participou. A Conferência
formulou directrizes da NEP e de como esclarecer os trabalhadores, vencer
confusões em algumas secções do partido, e combater os argumentos de SRs e
mencheviques. Estes procuraram, acima de tudo, criar pânico nos trabalhadores
e imbuí-los da convicção de que o governo soviético estava falido e que
estava a ocorrer não um recuo organizado, mas uma fuga em pânico. Diziam ainda
que o governo soviético já não era um governo dos trabalhadores e que estava a
degenerar para o lado da burguesia. Depositavam esperanças na «NEP política»
segundo a sua expressão. Os social-democratas estrangeiros também divulgavam nos
jornais a ideia de que a NEP era uma capitulação à burguesia, um repúdio do
comunismo e qualificaram a NEP como «o início da rejeição do programa do PCR
e a rejeição do comunismo» [157].
Trotski e os trotskistas – que estavam organizados como
fracção [158] – aproveitaram esta propaganda: pânico, recuo para o
capitalismo, degeneração do partido, etc.
Além do imposto em espécie, uma componente da NEP
leninista era restabelecer o comércio interno e relações monetárias. Trotski
nunca fala em «relações de mercado»; refere-se apenas à «distribuição» de
produtos industriais aos camponeses com «maior correspondência entre a
distribuição de produtos industriais aos camponeses e a quantidade de pão que
entregam... Atrair empresas industriais locais para isso», medida esta que
afirnou na dirigir-se aos kulaks. A
«NEP» de Trotski estimulava principalmente o kulak – como ele próprio reconhecia -- que, além de poder pagar um imposto mais
baixo, tinha mais capacidade de relações contratuais com empresas (carta de
20-Fev-1920, Parte VII). Os
camponeses médios e pobres não podiam competir com isso. Isto é, as propostas
de Trotski estimulavam o kulak -- o inimigo do poder soviético -- à custa dos
camponeses pobres e médios. Assim, enquanto a NEP de Lénine levova à expansão
da base social da revolução socialista, as propostas de Trotski levavam ao
seu estreitamento.
Além disso, Trotsky não via a NEP como um recuo
temporário, mas como um recuo que se manteria até pelo menos à revolução
proletária europeia, conforme diria num discurso no Comintern em 1922. Caso
contrário, a revolução socialista da Rússia cairia. [159]
Trotsky aparentemente adoptou as propostas de Lénine para
a transição para o imposto em espécie, já que votou nelas no X Congresso do
PCR(b) (8-16 de Março de 1921). Mas alguns meses depois agravavam-se as suas
divergências com Lénine.
Antes da transição para a NEP considerava-se que primeiro
se devia restaurar a indústria de larga escala como base da economia
socialista, e só depois proceder à reconstrução técnica da agricultura. Mas
já numa proposta de 8-Fev-1921 Lénine reconhecia a necessidade da restauração
prioritária e urgente da agricultura, para a qual a indústria de larga escala
não podia ajudar de imediato. No projecto de decreto do CEC (Conselho
Executivo Central dos Sovietes de Toda a Rússia), Instruções ao CLD (Conselho do Trabalho e Defesa) para os órgãos soviéticos
locais, de 21-Mai-1921, Lénine define assim as prioridades:
«Temos agora dois critérios
principais de êxito do nosso trabalho de desenvolvimento económico à escala
nacional. Primeiro, o êxito na cobrança rápida, completa e, do ponto de vista
estatal, correcta, do imposto em espécie; segundo -- e este é particularmente
importante --, êxito na troca de produtos manufacturados por produtos
agrícolas entre a indústria e a agricultura.»
Para Trotsky as prioridades eram diferentes. Em 7-Ago-1921
propôs ao Pleno do CC as suas Teses
sobre a implementação do início da nova política económica, onde dizia
[160]:
"Com o novo curso, como no antigo, a principal tarefa é restaurar e fortalecer
a indústria nacionalizada de larga escala"
Portanto, nesta questão, Trotski não distinguia o antes e
o presente da NEP. Continuava a considerar que se devia primeiro restaurar e
desenvolver a indústria de larga escala à custa do trabalho «compulsório» dos
pequenos e médios camponeses e só satisfazer os seus interesses após um longo
processo de restauração da indústria de larga escala. O Pleno não apoiou as
teses de Trotski. Lénine respondeu a Trotski e seguidores em 5-Nov-1921, no
artigo A importância do ouro agora e
depois da vitória completa do socialismo:
«Uma questão teórica. Como
explicar a transição de uma série de acções extremamente revolucionárias para
acções extremamente "reformistas" na mesma área e num momento em
que a revolução como um todo faz progressos vitoriosos? Não significa isso
"rendição de posições", uma "admissão de derrota", ou
algo assim? É claro que os nossos inimigos... dizem que sim. ....
«Mas há
"perplexidade", diremos também entre amigos.
«Restaurar a indústria de larga
escala, organizar a troca directa dos seus produtos pela produção da pequena
agricultura camponesa e, assim, ajudar a socialização desta última. ... era
este o plano ... que seguimos por mais de três anos, até à primavera de 1921.
Esta foi uma abordagem revolucionária ....
«Desde a primavera de 1921, em
vez dessa abordagem ... estamos a adoptar ... um método totalmente diferente,
um tipo reformista de método: não quebrar o antigo sistema económico social
... mas revitalizar o comércio, a pequena propriedade, o capitalismo, ao
mesmo tempo que cautelosa e gradualmente os controlamos ...
«A questão que se coloca é
esta. Se, depois de tentar métodos revolucionários, descobrimos que eles
falharam e adoptamos métodos reformistas, não prova isso que estamos a dizer
que a revolução em geral foi um erro? Não prova isso que não se deveria ter
começado com a revolução, mas se deveria ter começado com reformas e
confinar-se a elas?
«Esta é a conclusão que os
mencheviques e outros como eles tiraram.»
Lénine propunha planear «os alicerces de um plano económico
nacional do Estado para o próximo período de um ano ou dois», com os recursos
alimentares como ponto de partida, o que limitava o desenvolvimento de outras
indústrias, e «prestar especial atenção à indústria que fornece bens
adequados [aos camponeses] pela troca de pão». Trotski queria de forma
irrealista – para as condições objectivas e subjectivas da Rússia dessa
época, claro -- avançar de imediato para a grande indústria, desprezando
totalmente os interesses dos camponeses; logo, solapando a base social da
revolução. Isto é, Trotski ainda se situava antes da NEP. É significativo que
no citado artigo de 7-Ago-1921 volta outra vez a propôr a nacionalização dos
sindicatos (!), questão já há muito ultrapassada.
* *
*
O afastamento de Trotski das posições leninistas, o seu
comportamento e obstinação nos antigos erros mencheviques valeu-lhe o
isolamento no PB. [161]
|
Trotsky and the NEP
We
saw in the previous article (Part
VII) how Trotsky arrogated the role of having inspired
the NEP, invoking his letter to the PB of 20-Feb-1920, which he mentioned at
the X Congress of the RCP(B) in March 1921 and repeated, almost word by word,
at the XI Congress on 29-Mar-1922. At this congress he also came back to his
old idea of "nationalizing" the trade unions. Trotsky began his 29
March discourse as follows:
“Comrades, the resolution of the X
Congress on trade unions did not live up to the XI, as some of us have predicted. What hasn’t survived out of it?
The part that characterized the relationship of trade unions and the economic
bodies ...” [155]
Trotsky,
the prophet (as his Trotskyist biographer I. Deutscher calls him), whose
predictions always came out right, is wrong when he says that "the
relationship between the trade unions and the economic bodies" did not
survive. In fact, that relationship did survive and contributed to NEP's
success. The question of the trade unions was never again brought up and nobody
raised it at the XI Congress. Only Trotsky, for whom the facts had to adapt
to his ideas and not otherwise.
Let's
go back to the
“As long as we have a shortage of
bread, the peasant will have to give the Soviet economy a tax in kind in the
form of bread under pain of merciless
reprisal. A peasant will get used to this in a year and will give bread.
We will allocate proletarian units, hundred or two thousand, to create food
bases. And then, having created ... the
possibility of general labor service, as compulsory, with the enormous
significance of the educational factor, we will be able to put our economy in
order.” [156]
Trotsky,
despite speaking of "tax in kind", maintained the coercive methods
of "war communism" on the peasantry. And with the aggravating
factor, in the letter of February 1920 (see Part
VII), that the coercion was applied to the petty
and middle peasants while advocating favour for the kulaks. It was a view of the NEP entirely opposite to that of
Lenin, for whom the measures of the NEP for the agriculture, in addition to
solving the food problem, were also aimed at strengthening the alliance of
the proletariat with the petty and (to some extent) the middle peasantry
(where dissatisfaction and insurrections posed a threat to the revolution)
and combat the kulak
counter-revolution. For Lenin the alliance with the poor peasantry was a sine qua non condition for carrying on
the socialist revolution. (The Leninist NEP also aimed at the social
transformation of other petty-bourgeois strata, such as artisans and
traders.) This strategic alliance of Leninism was totally contrary to the
sectarian and unrealistic view of the "permanent revolution" that
Trotsky never abandoned.
Lenin
continued after the X Congress to develop important actions of clarification
and providing orientations on the measures of the
Trotsky
and the Trotskyists – who were organized as a faction [158] -- took advantage
of this propaganda: panic, retreat to capitalism, Party degeneration, etc.
In
addition to the tax in kind, a component of the Leninist NEP was to
re-establish domestic trade and monetary relations. Trotsky never speaks of
"market relations"; he only mentions "distribution" of
industrial products to peasants with "greater correspondence between the
distribution of industrial products to the peasants and the amount of bread
they deliver... attracting local industrial enterprises to this". Trotsky's
"NEP" mainly stimulated the kulak
-- as he himself recognized -- which, in addition to being able to pay a
lower tax, was more capable of contractual relations with enterprises (20-Feb-1920
letter, Part
VII). The middle and poor peasants could not
compete. That is, Trotsky's proposals stimulated the kulak -- the enemy of Soviet power -- at the expense of the poor
and middle peasants. Thus, while Lenin's NEP led to the expansion of the
social base of the socialist revolution, Trotsky's proposals led to its
narrowing.
Furthermore,
Trotsky did not see the NEP as a temporary retreat, but as a retreat that
would go on until (at least) the European proletarian revolution took place,
as he would say in his speech at the Comintern in 1922. Otherwise the Russian
socialist revolution would fail. [159]
Trotsky
apparently adopted Lenin's proposals for the transition to the tax in kind,
since he voted for them at the X Congress of the RCP(B) (8-16 March 1921).
But a few months later, his disagreements with Lenin were aggravated.
Before
the transition to the NEP, it was considered that large-scale industry should
first be restored as a basis of the socialist economy, and only afterwards
should the technical reconstruction of agriculture be carried out. But
already in a proposal of 8-Feb-1921 Lenin recognized the need of giving to
the restoration of agriculture priority and urgency; a restoration for which
large-scale industry could not be of immediate help. In the draft decree of
the CEC (All-Russian Central Executive Committee of the Soviets), Instruction of the CLD (Council of Labor
and Defence) To The Local Soviet Bodies, 21-May-1921, Lenin defines the
priorities as follows:
“We now have two main criteria of
success in our work of economic development on a nation-wide scale. First,
success in the speedy, full and, from the state point of view, proper
collection of the tax in kind; and second -- and this is particularly
important -- success in the exchange of manufactured goods for agricultural
produce between industry and agriculture.”
For
Trotsky the priorities were different. On 7-Aug-1921 he proposed to the CC
Plenum his Theses On Carrying Out The
Beginnings Of The New Economic Policy, where he said [160]:
"With the new course, as with the old, the main task is to restore and
strengthen the large-scale nationalized industry."
Therefore,
on this issue, Trotsky did not distinguish between before and present of the
“A theoretical question. How can
we explain the transition from a series of extremely revolutionary actions to
extremely ‘reformist’ actions in the same field at a time when the revolution
as a whole is making victorious progress? Does it not imply a ‘surrender of
positions’, an ‘admission of defeat’, or something of that sort? Of course,
our enemies … say that it does. ...
“But there is ‘perplexity’, shall
we say, among friends, too.
“Restore large-scale industry,
organise the direct exchange of its goods for the produce of small-peasant
farming, and thus assist the socialisation of the latter. … this was the plan
… that we followed for more than three years, up to the spring of 1921. This
was a revolutionary approach ...
“Since the spring of 1921, instead
of this approach … we have been adopting … a totally different method, a
reformist type of method: not to break up the old social economic
system … but to revive trade, petty proprietorship, capitalism,
while cautiously and gradually getting the upper hand over them ...
“The question that arises is this.
If, after trying revolutionary methods, you find they have failed and adopt
reformist methods, does it not prove that you are declaring the revolution to
have been a mistake in general? Does it not prove that you should not have
started with the revolution but should have started with reforms and confined
yourselves to them?
“That is the conclusion which the
Mensheviks and others like them have drawn.”
Lenin
proposed to plan “the foundations of a national economic plan for the State
for the next period of a year or two”, with food resources as a starting
point, which limited the development of other industries, and to “pay special
attention to the industry that provides adequate goods [to the peasants] for
the exchange of bread”. Trotsky unrealistically – taking into account, of
course, the objective and subjective conditions of Russia at that time, --
wanted to move immediately to the big industry, totally disregarding the
interests of the peasants; hence, undermining the social basis of the
revolution. That is, Trotsky was still standing before the
* * *
Trotsky's
departure from the Leninist positions, his behavior and obstinacy in the old
Menshevik errors, earned him isolation in the PB. [161]
|
Trotski e o
Monopólio do Comércio Externo
Na Primavera de 1921 a NEP ainda não contemplava o mercado
interno. No Outono, porém, essa nova concessão ao capitalismo tornou-se
necessária, conforme explicou Lénine em 29-Out-1921 [162]: «A troca de
mercadorias fracassou ... o mercado privado acabou por ser mais forte do que
nós e em vez da circulação de mercadorias tivemos comércio comum, de venda e
compra». Lénine e os leninistas tiveram de fazer face à incompreensão de várias
organizações e explicar que isso não invalidava o rumo socialista: o Estado
controlaria (e controlou) o comércio interno e a circulação monetária.
Note-se que a questão do
comércio interno, num estado dos trabalhadores e camponeses pobres, exigia um
controlo legal de forma a evitar abusos. Num discurso ao IX Congresso dos
Sovietes em 23-Dez-1921, Lénine fez a seguinte observação:
«Se
tomarmos qualquer negociação comercial sob controlo estatal e legal (o nosso
tribunal é proletário e pode vigiar cada empresário particular para ver se as
leis não são interpretadas por eles como nos estados burgueses; recentemente,
houve um exemplo disso em Moscovo e todos sabem que multiplicaremos esses
exemplos, punindo severamente qualquer tentativa desses empresários privados
de violar as nossas leis)...»
O exemplo de Moscovo refere-se
ao julgamento de 15 a 18 de Dezembro de 1921 de 35 empresários, proprietários
de salas de chá e restaurantes, padarias, estabelecimentos de fabrico de calçado,
etc. Foram acusados de violar o Código do Trabalho, a saber: explorar o
trabalho de crianças, jovens e mulheres, prolongar a jornada de trabalho,
etc.. Trabalhadores de grandes empresas, membros e não membros do Partido, actuaram
como procuradores públicos. O tribunal condenou 10 dos acusados a multas elevadas
ou a trabalhos forçados sem prisão.
Houve uma questão decisiva em
que Lénine nunca cedeu: o monopólio estatal do comércio externo. De facto,
enquanto os anteriores recuos e concessões podiam ser controlados pelo
Estado, largar mão do monopólio estatal do comércio externo significava
permitir ao capital e divisas estrangeiras penetrarem na Rússia e virem a
dominar importantes alavancas da economia.
Mostraram-se a favor de quebrar
o monopólio dois apoiantes de Trotski: Sokolnikov, Comissário do Povo do
Comércio Externo, e Krestinski, representante da Rússia em Berlim e envolvido
em negociações económicas com os alemães (no âmbito do Tratado de Rapallo),
que exerciam pressão contra o monopólio estatal do comércio externo. Numa
reunião do PB de 26-Jun-1922, que discutiu a questão, Trotski apoiou uma
proposta de Zinoviev para mudar o regime de monopólio. Estáline hesitou
[163]. Mais tarde, uma decisão de um Pleno do CC a 6-Out-1992 (Lénine esteve
ausente por doença) permitiu «excepções» do monopólio.
Lénine, alarmado, pediu
reconsiderar a decisão do Pleno de Outubro e adiar uma decisão para um
próximo Pleno e reunir materiais sobre o assunto. A 12-Dez-1922 escreveu a
Trotski pedindo-lhe a sua opinão. A resposta de Trotski foi ambígua: pareceu
concordar com Lénine para logo a seguir estipular que não estava contra uma
«mudança» do regime de monopólio estatal do comérico externo [164]. Além
disso, argumentava que a questão mais importante era «a regulamentação
do comércio externo russo na estrutura
de todo o trabalho económico.» [165] A opinião
de Trotski sobre essa (re)estruturação de órgãos económicos era completamente
diferente da de Lénine como veremos.
A próxima sessão plenária do CC
(25 membros) teria lugar a 18-Dez-1922. Em 15 de Dezembro -- quando Estáline,
Zinoviev, Kamenev e Bukharine já tinham aderido à posição de Lénine perante
os seus argumentos e materiais recolhidos --, Lénine, a fim de obter mais
apoios para o Pleno onde não iria participar por agravamento da doença [166],
pediu por carta a Trotski que apoiasse a sua posição, já que, como vimos,
Trotski lhe tinha escrito estar de acordo com o monopólio do comérico externo
embora com as ressalvas acima mencionadas. Trotski não foi o único a quem
Lénine pediu apoio para defender o monopólio do comércio externo no próximo
Pleno. O apoio de Trotski era importante mas não decisivo. Note-se que fê-lo
por carta a Trotski porque há muito só comunicava por esse meio com Trotski,
embora recebesse pessoalmente ou telefonasse a outros do partido: Estáline,
Kamenev, Tsyurupa, Djerjinski, Gorbunov, etc. [167].
Trotski mais tarde apresentou a
carta de Lénine de 15-Dez-1922 como Lénine tendo-lhe proposto uma aliança
contra Estáline e outros membros leninistas do PB!
O Plenário de 18-Dez-1922
examinou a questão do monopólio do comércio externo e adoptou por unanimidade
as decisões acordadas com Lénine. O manuscrito do projecto de decisão do Pleno
foi preservado. [168] Este documento mostra
que a preparação do projecto de decisão foi feita sem a participação de
Trotsky. Foi escrito a tinta por Estáline, a julgar pela caligrafia, e
assinado por Estáline, Zinoviev e Kamenev. Diz V. Sakharov: «As actas das
reuniões do Pleno (e tanto o manuscrito quanto a cópia oficial dactilografada)
e outros documentos não registam a actividade de Trotski na discussão da
questão do monopólio do comércio externo. O próprio Trotski, nas suas
numerosas memórias, também não disse nada sobre como defendeu a posição de Lénine
no Pleno ... Não há razão para acreditar que Trotski tenha de alguma forma
influenciado as decisões tomadas.»
Não é por acaso que, no XII Congresso do PCR(b) (Abril de
1923), num relatório sobre o trabalho da indústria, Trotski fez uma saúde ao
monopólio e «seu repouso»; declarando-se como apoiante em princípio do
monopólio, logo a seguir afirmou que «o contrabando ... atravessará
fronteiras, e nenhum monopólio do comércio, nenhuma proteção de fronteiras
nos protegerá da pressão do mercado mundial». [169]
|
Trotsky and the Foreign Trade Monopoly
In
the spring of 1921 the NEP did not yet contemplate the domestic market. In
the autumn, however, that new concession to capitalism became necessary, as
Lenin explained on 29-Oct-1921 [162]: “commodity
exchange has broken down … the private market proved too strong for us; and
instead of the exchange of commodities we got ordinary buying and selling,
trade.» Lenin and the Leninists had to face the incomprehension of
several organizations and explain that this did not invalidate the socialist course:
the State would control (and did control) the domestic trade and monetary
circulation.
Note
that the issue of domestic trade, in a workers’ and poor peasants’ State,
required legal control in order to prevent abuse. In a speech to the IX
Congress of Soviets on 23-Dec-1921, Lenin made the following observation:
“If we take any merchant trading
under State and legal control (our court is a proletarian one, and it can
watch each private businessman in order to see that the laws are not
interpreted for them as in bourgeois states; recently there was an example of
this in Moscow, and you all know that we shall multiply these examples,
severely punishing any attempts by these private businessmen to contravene
our laws)…”
The
example of
There
was a decisive issue that Lenin never gave in to: the State monopoly on
foreign trade. In fact, while previous retreats and concessions could be
controlled by the State, the relinquishing the State monopoly of foreign
trade meant allowing foreign capital and foreign currencies to penetrate
Two
supporters of Trotsky came forward in favour of abolishing the monopoly:
Sokolnikov, People's Commissar of Foreign Trade, and
Lenin,
alarmed, asked to reconsider the decision of the October Plenum, postponing a
resolution to a forthcoming Plenum and meanwhile gathering materials on the
subject. On 12-Dec-1922 he wrote to Trotsky asking his opinion. Trotsky's reply
was ambiguous: he seemed to agree with Lenin but immediately stipulated that
he was not against a "change" in the State monopoly regime [164].
Furthermore, he argued that the most important question was “the regulation
of Russian foreign trade in the
structure of all economic work in general.” [165] Trotsky's views regarding
this (re)structuring of the economic bodies were completely different from those
of Lenin.
The
next plenary session of the CC (25 members) was scheduled to take place on
18-Dec-1922. On December 15 -- when Stalin, Zinoviev, Kamenev and Bukharin
had already adhered to Lenin's position due to his arguments and the collected
materials --, Lenin, in order to obtain more support for the Plenum where he
would not participate due to the worsening of his disease [166], asked
Trotsky by letter to support his position, since, as we have seen, Trotsky
had written that he agreed with the foreign trade monopoly though with the
above mentioned reservations. Trotsky was not the only one to whom Lenin
asked for support to defend the foreign trade monopoly at the forthcoming Plenum.
Trotsky's support was important but not decisive. It should also be noted
that Lenin asked for this support of Trotsky by letter, because since a long
time this was the only means through which he communicated with Trotsky,
although he personally received or phoned to others from the Party: Stalin,
Kamenev, Tsyurupa, Dzherzhinsky, Gorbunov, etc. [167].
Trotsky
later portrayed Lenin's letter of 15-Dec-1922 as Lenin having proposed to him
an alliance against Stalin and other Leninist members of the PB!
The
Plenum of 18-Dec-1922 examined the question of the foreign trade monopoly and
unanimously adopted the decisions agreed with Lenin. The manuscript of the full
draft decision has been preserved. [168] This document shows that the
preparation of the draft decision was made without the participation of
Trotsky. It was written in ink by Stalin, judging by the calligraphy, and
signed by Stalin, Zinoviev and Kamenev. V. Sakharov writes: «The minutes of
the plenary meetings (and both the manuscript and the official typewritten
copy) and other documents do not register Trotsky's activity in the
discussion of the question of the foreign trade monopoly. Trotsky himself, in
his numerous memoirs, said nothing about how he defended Lenin's position at
the Plenum ... There is no reason to believe that Trotsky has in any way influenced
the decisions taken.”
It
is no coincidence that, at the XII Congress of the RCP(B) (April 1923), in a
report about the work of the industry, Trotsky cheered to the health of the monopoly
and "its rest"; declaring himself as a principled supporter of the
monopoly, he immediately began to assert that “smuggling ... will pierce
through frontiers, and no monopoly of trade, no border protection will
protect us from the pressure of the world market.” [169]
|
A Reestruturação
do Sistema Económico
Os anos 1921 e 1922 exigiram uma
série de medidas importantes de melhoria do trabalho de órgãos económicos
estatais. Para além do CPC, que funcionava em moldes semelhantes a um
conselho de ministros, havia os seguintes órgãos da RSFSR:
1) Supremo Conselho Económico (SEC). Constituído logo após
a revolução e subordinado ao CPC e CEC. Tarefas: resolver questões gerais das
regiões económicas; gerir órgãos do controlo do trabalho; determinar as
necessidades locais de combustíveis, matérias-primas, mão-de-obra, etc.;
desenvolver planos de distribuição de pedidos, etc. Os órgãos locais do SEC tinham
a participação dos sovietes locais, sindicatos, comités de fábrica, etc. A partir de 1918
começou a prestar cada vez mais atenção à indústria. A partir de 1920 passou
a ter a seu cargo o plano de electrificação (GOELRO). No período em questão
A. Bogdanov presidia ao SEC.
2) Inspeção Operária e Camponesa,
acrónimo russo: Rabkrin. Criada em
07/02/1920. O Rabkrin era um
sistema de órgãos governamentais que lidavam com questões de controlo estatal.
Tinha uma rede de agências locais tutelada conjuntamente com o Comissariado
do Povo do Trabalho. Estáline encabeçava esse Comissariado e o Rabkrin. Tarefas do Rabkrin: auditorias financeiras
(baseadas em planos de despesas), normas de trabalho, estandadização,
implementação de inovações em todos os sectores, inspecção de combustíveis,
eficácia da gestão burocrática em vários departamentos, e outras.
3) Conselho de Trabalho e Defesa
(CTD). Criado em Abril de 1920 para coordenar e fortalecer as actividades de
todos os departamentos no campo da defesa e da construção económica. Os
membros do CTD eram os comissários do povo responsáveis por assuntos
militares, comunicações, agricultura, alimentação, trabalho, Rabkrin, SEC, e ainda um representante
do Conselho Central de Sindicatos e o director do Bureau Estatístico Central.
Lénine presidia ao CTD.
4) Comissão de Planeamento
Estatal, acrónimo russo: Gosplan. Criado
em 22 de Fevereiro de 1921. Missão: «desenvolver um plano económico unificado
com base no GOELRO, aprovado pelo VIII Congresso dos Sovietes, e monitorar a
implementação deste plano». No período em questão o Gosplan limitou-se ao GOELRO, cujo presidente era G. Krjijanovski
(ver nosso artigo anterior sobre este notável companheiro de Lénine). (O Gosplan só a partir de 1925 passou a formular
planos económicos anuais da URSS; quinquenais a partir de 1928.)
Tendo em conta a complexidade das questões a tratar e as
insuficiências observadas (pelo PCR e CEC) do trabalho de órgãos estatais, nomeadamente
quanto à economia, Lénine propôs em 28-Nov-1921 um plano de reorganização dos
mais altos órgãos da administração estatal. O plano estabelecia um segundo
posto de Vice-Presidente do CPC e um posto de Vice-Presidente do CTD. [170] Esta reforma tinha em vista entre outras coisas «integrar
e melhorar o trabalho económico COMO
UM TODO, especialmente em ligação com e
através do Banco Estatal (comércio) e o Gosplan.» O PB aceitou a proposta de Lénine a 1-Dez-1921 e nomeou
em 23-Mar-1922 uma comissão de especialistas para líderar o Gosplan segundo a orientação leninista.
Ao longo de 1922 a reestruturação envolveu o aumento do número de Vice-Presidentes e a coordenação do seu trabalho com o Rabkrin. O conceito leninista da NEP
reforçou-se.
Os conceitos diferentes de Lénine e Trotski sobre a NEP
levaram a sérias divergências de Trotski com Lénine e Estáline sobre a
reorganização do aparelho económico. Trotski defendia passar de imediato à
indústria de larga escala, pelo que dava a primazia ao planeamento, ao Gosplan. Lénine e Estáline, com a
atenção focada na agricultura, mecanismos de mercado com indústrias ligeiras,
e no GOELRO como passo imprescindível para passar à indústria de larga
escala, davam a primazia ao Rabkrin
e ao CTD, vendo o Gosplan durante a
NEP como uma comissão de especialistas sob tutela do CTD, com a missão
pricipal de implementar o GOELRO. Em 14-Maio-1921 Lénine escreveu [171]:
«O Gosplan deve organizar o seu trabalho de modo a elaborar, pelo
menos na época da colheita, os principais princípios de um plano económico
estatal para o próximo ano ou dois. Deve começar com a alimentação, pois esta
é a raiz principal de todas as nossas dificuldades. ... P.S. 1) Deve ser prestada
atenção especial às indústrias que produzem artigos que podem ser trocados
por cereais ... »
Trotski dava pouco valor ao
GOELRO. Logo após o VIII Congresso dos Sovietes da RSFSR ter adoptado o
GOELRO, escreveu ao CC:
«Os delegados
de toda a Rússia recebem no centro de Moscovo uma “ideia” de electrificação
para 10 anos na forma de um sólido plano económico, mas quando voltarem para
casa terão de ter em conta que não temos combustível para os próximos 10
meses, nem mesmo para os próximos 10 dias, e o centro não alertou ninguém
sobre isso». [172]
Trotsky foi contra a
conversão do Gosplan numa comissão consultiva de especialistas. Lançou um ataque a todo o sistema de
gestão, propondo reetirar o CC da resolução de problemas económicos, retirar
do CTD, presidido por Lenin, a solução dos problemas económicos, e concentrar
todas as questões económicas no Gosplan,
o qual devia desenvolver um plano estatal e garantir a sua implementação «do
ponto de vista da grande indústria estatal». Escreveu que o Gosplan
«... deve
passar por uma reconstrução completa, tanto na composição quanto nos métodos
de trabalho ... o plano económico deve ser construído em torno da indústria
de grande escala como seu núcleo ... Quem
quer que conduza na prática a vida industrial deve gerir ideológica e
organizacionalmente o desenvolvimento, a verificação, a regulamentação, e a
implementação do plano económico todos os dias, de hora em hora.» [173]
Esta formulação, totalmente
contrária ao que já tinha sido adoptado pelo partido e pelo Estado, foi
considerada como um pedido para confiar a Trotski, autor do projecto, todo o
sistema de gestão económica. Em 9-Ago- 1921, os membros do PB avaliaram aassim
a proposta:
«O cam. Trotski realmente colocou-se
perante o partido numa posição tal ... que o partido deveria conceder ao cam.
Trotski uma verdadeira ditadura no campo da economia». [174]
O plenário do CC de 8-Out-1921 rejeitou
as propostas de Trotski [175].
Trotski e seus apoiantes
entraram em conflito com Lénine a partir da Primavera de 1922. Passaram a
criticar também o CTD, o Rabkrin
bem como a instituição de Vice-Presidentes, cujas tarefas eram «definidas de
forma tão global que era o mesmo que não ter tarefas atribuídas». [176], Lénine
respondeu com um ataque cerrado contra Trotski em 5-Mai-1922, numa longa
carta argumentada com dados qualitativos e quantitativos, de que citamos
apenas as seguintes passagens:
“As observações
do cam. Trotski também são parcialmente vagas ... e não requerem resposta;
outras, renovam as nossas antigas divergências com o cam. Trotski, como já
repetidamente observámos no Politburo. Vou responder-lhes brevemente sobre
dois pontos principais: a) Rabkrin e b) Gosplan.
a) O cam. Trotski está fundamentalmente
errado sobre o Rabkrin. Com o nosso estreito
"departamentalismo", existente mesmo entre os melhores comunistas, a
baixa preparação dos funcionários, e as intrigas internas nos departamentos
(pior do que em qualquer secção do Rabkrin), não se pode agora prescindir do Rabkrin. Devemos trabalhar árdua e
sistematicamente para torná-lo um aparelho de investigação e de melhoria de
todo o trabalho de governação. ... Não temos outros meios práticos para investigar,
melhorar, dar instruções do trabalho.
b) Quanto ao Gosplan, o cam. Trotski não só
está fundamentalmente errado mas produz julgamentos relativamente a algo
sobre o qual está incrivelment mal informado. O Gosplan não sofre de
academismo; pelo contrário, sofre de sobrecarga de rotina miudinha, de "vermicelli"
....» [177]
Na mesma carta Lénine comenta um
segundo artigo de Trotski, dizendo:
«O segundo artigo do cam. Trotski ...
contém, em primeiro lugar, um extremamente excitado e profundamente erróneo
“criticismo” ... Em segundo lugar,
atira as mesmas acusações de academismo do Gosplan que são fundamentalmente
erradas e diametralmente opostas à verdade, acusações que levam à
seguinte declaração do cam. Trotski incrívelmente desinformada ... "Actualmente",
diz ele, "não existe nem pode haver um plano económico sem definir a
quantidade de moeda emitida e sem distribuir fundos em dinheiro entre os
departamentos. Porém, até onde posso
julgar, o Gosplan não tem nada a ver com essas questões básicas.” Se ele tentasse, aprenderia que o Gosplan
tem uma secção financeira e económica, que lida precisamente com essas questões».
A proposta de Trotski com vista a tornar-se «ditador económico»
foi rejeitada.
Trotski também se opôs aos leninistas noutras questões
económicas. Para Trotski, o partido devia separar-se completamente da gestão
económica e da selecção de pessoal, remetendo-se à ideologia e educação. Toda
a economia, incluindo a nomeação de pessoal, deveria ser transferida para
especialistas não-partidários, que nessa altura eram na maioria hostis ao
regime soviético.
No XI Congresso, Trotski, Preobrajenski e Osinski
criticaram Lénine quanto ao sistema de governo existente. Preobrajensky
propôs remover as questões económicas do PB e criar um Bureau Econômico do
CC. Lénine rejeitou essa proposta, alegando que era impossível separar
questões políticas e económicas e criticou o desejo de uma reestruturação sem
fim do aparelho. Lénine e seus apoiantes sabiam que era preciso introduzir
alterações mas não no sentido desejado por Trotski. O XI Congresso apoiou
Lénine. O princípio da divisão do trabalho entre o partido e o Estado,
proposto por Lénine, foi consagrado. [178]
|
The Restructuring of the Economic System
The
years 1921 and 1922 required a series of important measures to improve the
work of State economic bodies. In addition to the CPC, which operated
similarly to a council of ministers, there were the following RSFSR bodies:
1)
Supreme Economic Council (SEC). Constituted shortly after the revolution and
subordinated to the CPC and CEC. Tasks: resolve general issues in economic
regions; manage the organs of labor control; find out local needs for fuels,
raw materials, labor, etc.; develop plans of distributing request orders,
etc. The local SEC bodies were participated by local soviets, trade unions,
factory committees, etc. From 1918 it began paying increased attention to the
industry. As of 1920, it started to be in charge of the electrification plan
(GOELRO). During the period in question A. Bogdanov chaired the SEC.
2)
Workers’ and Peasants’ Inspection, Russian acronym: Rabkrin. Created on 07/02/1920. The Rabkrin was a system of government agencies that dealt with
issues of State control. It involved a network of local agencies jointly supervised
with the People's Commissariat of Labor. Stalin headed this Commissariat and the
Rabkrin. Rabkrin's tasks: financial audits (based on budgetary plans),
work standards, standardization, implementation of innovations in all
sectors, fuel inspection, efficiency of bureaucratic management in various
departments, and others.
3)
Council of Labor and Defence (CLD). Created in April 1920 to coordinate and
strengthen the activities of all departments in the field of defence and
economic construction. The members of the CLD were the People’s Commissars
responsible for military affairs, communications, agriculture, food, work, Rabkrin, SEC, as well as a
representative of the Central Council of Trade Unions and the director of the
Central Statistical Bureau. Lenin chaired the CLD.
4)
State Planning Commission, Russian acronym: Gosplan. Created on February 22, 1921.
Taking
into account the complexity of the issues to be dealt with and the shortcomings
observed (by the RCP and CEC) in the work of state bodies, namely regarding
the economy, Lenin proposed on 28-Nov-1921 a plan for reorganizing the
highest bodies of the State administration. The plan established a second
post of Vice President of the CPC and a post of Vice President of the CLD.
[170] The plan had in view among other things “to integrate and improve
the economic work AS A
WHOLE, especially in connection
with and through the State Bank (trade) and the State Planning
Commission.” The PB accepted Lenin's proposal on 1-Dec-1921 and appointed
on 23-Mar-1922 a committee of experts to lead the Gosplan according to Leninist guiding lines. Throughout 1922 the
restructuring involved increasing the number of Vice-Presidents and
coordinating their work with the Rabkrin.
The Leninist concept of NEP was reinforced.
The
different concepts of Lenin and Trotsky about the NEP led to serious
divergences between Trotsky vis-a-vis Lenin and Stalin regarding the
reorganization of the economic apparatus. Trotsky advocated moving
immediately to large-scale industry, and he thus gave priority to planning,
to the Gosplan. Lenin and Stalin
focused their attention on agriculture, market mechanisms with light
industries, and GOELRO as an essential step to move to large-scale industry;
they gave primacy to the Rabkrin
and the CLD, seeing the Gosplan as
a commission of specialists under the tutelage of the CLD, with the principal
mission of implementing the GOELRO. Lenin wrote on 14-May-1921 [171]:
“The State
Planning Commission should organise its work in such a way as to have drawn up,
at least by harvest time, the main principles of a State economic plan for
the next year or two. It should start with food, for this is the taproot of
all our difficulties. … P.S. 1) Special attention must be paid to the
industries producing articles that can be exchanged for grain …”
Trotsky
gave little value to the GOELRO plan. Soon after the VIII Congress of Soviets
of the RSFS had adopted GOELRO, he wrote to the CC:
“The delegates from all of Russia
receive at the center of Moscow an ‘idea’ of electrification for 10 years in
the form of a solid economic plan, but when they go home they have to take
into account that we are short of fuel not only for the next 10 months, but
even for the next 10 days, and the center didn’t warn anyone about it.” [172]
Trotsky was against transforming
the Gosplan into an advisory commission
of specialists. He launched an attack
on the whole management system, proposing to withdraw the CC from solving
economic problems, removing the solution of economic problems from the CLD,
chaired by Lenin, and concentrating all economic issues on the Gosplan, which was to develop a State
plan and guarantee its implementation "from the point of view of the
large State-owned industry". He wrote that the Gosplan
"… should undergo a complete
reconstruction both in composition and working methods ... the economic plan
should be built around large-scale industry as a core ... Whoever leads in practice the industrial
life should ideologically and organizationally manage the development, verification,
regulation, and the implementation of the economic plan every day, from hour
to hour.” [173]
This
formulation, totally contrary to what had already been adopted by the Party
and the State, was considered as a request to entrust the entire economic
management system to Trotsky, the author of the project. On 9-Aug-1921, the
members of the PB evaluated the proposal as follows:
“Comr. Trotsky actually put himself before the Party in such a
position that ... the Party must concede comr. Trotsky's actual dictatorship
in the field of economy.” [174]
The
CC Plenum of 8-Oct-1921 rejected Trotsky's proposals [175].
Trotsky
and his supporters came into conflict with Lenin in the spring of 1922. They engaged
on criticizing the CLD, the Rabkrin
as well as the institution of Vice-Presidents, whose tasks were "so
globally defined that it amounts to having no assigned tasks at all'. [176] Lenin
replied with a strong attack against Trotsky in 5-May-1922, in a long letter
argued with qualitative and quantitative data, of which we quote only the
following passages:
“Some of comr. Trotsky’s remarks
are likewise vague … and do not require an answer; other remarks made by him
renew old disagreements that we have repeatedly observed in the Political
Bureau. I shall reply to these on two main points: a) Rabkrin and b) Gosplan.
a) As regards the Rabkrin, comr. Trotsky is fundamentally wrong. In
view of the hidebound ‘departmentalism’ that prevails even among the best
Communists, the low standard of efficiency of the employees and the internal
intrigues in the departments (worse than the intrigues of any section of the Rabkrin),
we cannot at the moment dispense with
the Rabkrin. A lot of hard and systematic work has to be put in to
convert it into an apparatus for investigating and improving all government
work. ... We have no other practical means of
investigating, improving and giving instructions in this work.
b) As regards the Gosplan, comr. Trotsky is not only absolutely wrong
but is judging something about which he is amazingly ill-informed. The Gosplan
does not suffer from academic methods. On the contrary, it suffers from an
overload of much, too much, petty routine “vermicelli”. [177]
In
the same letter Lenin comments a second article by Trotsky, saying:
“The second paper from comr. Trotsky ...
contains, first, an extremely excited but profoundly erroneous “criticism”
… Secondly,
this paper flings the same fundamentally wrong and intrinsically untrue
accusations of academic method at the Gosplan, accusations which lead up
to the next incredibly uninformed statement by comr. Trotsky. ‘At present,’
he writes, ‘there neither is nor can be an economic plan without establishing
the quantity of money issued and without distributing cash funds between the
departments. Yet, as far as I can judge, the Gosplan has nothing
whatever to do with these basic questions.’ if he tried he would learn that the Gosplan has a financial and economic
section, which deals precisely with the above questions.”
Trotsky's
proposal having in view to become an "economic dictator" was
rejected.
Trotsky
also opposed the Leninists on other economic issues. For Trotsky, the party
should completely withdraw from economic management and selection of
personnel, confining itself to ideology and education. The entire economy,
including the appointment of personnel, should be transferred to non-partisan
experts, who at that time were mostly hostile to the Soviet regime.
At
the XI Congress, Trotsky, Preobrazhensky and Osinsky criticized Lenin for the
existing system of government. Preobrazhensky proposed to remove the economic
issues from the PB and create an Economic Bureau of the CC. Lenin rejected
this proposal, arguing that it was impossible to separate political and
economic issues and criticized the desire for an endless restructuring of the
apparatus. Lenin and his supporters knew that changes had to be made, but not
in the direction desired by Trotsky. The XI Congress supported Lenin. The
principle of division of labor between the Party and the State, proposed by
Lenin, was enshrined. [178]
|
A
Esperiência Económica de Trotski
Em 1921 Lénine e
seus apoiantes queriam afastar Trotski de Moscovo, a fim de se libertarem de
um irritante criticista e desorganizador do PB que só entravava o progresso no
caminho já definido. Entre várias medidas (discutidas por Lénine com Molotov)
foi proposto a Trotski um lugar de enviado do CC à Ucrânia para supervisionar
a questão dos cereais. Trotski recusou. (Escreveria mais tarde estórias
contraditórias sobre essa recusa.)
Lénine, juntamente
com Estáline, Kamenev e Zinoviev, formou um grupo no PB oposto a Trotski. Molotov
disse sobre isto: “Lénine compreendeu que Trotski agia de maneira muito corrosiva
no que diz respeito a complicar as questões do partido e do Estado. Era uma figura
perigosa. Sentia-se que Lénine ficaria feliz em livrar-se dele, mas não podia.
Trotski tinha apoiantes fortes e suficientemente próximos, que estavam aqui e
ali, e reconheciam a sua grande autoridade ... Lénine entendeu Trotski tão
bem quanto Estáline, e acreditava que chegara a hora de remover Trotski e livrar-se
dele ... Lénine decidiu: 'Vamos ter com Zinoviev e chegar a um acordo sobre o
que fazer.’ Nós três, Lénine, Kamenev e eu ... fomos ter com Zinoviev para acordar
em como lidar com Trotski.» [179]
Lénine, por fim, concebu uma proposta que Trotski
não podia recusar. Em 28-Jul-1921, escreveu um projecto de resolução do PB, que
enviou a Trotski e outros membros do PB que oferecia a Trotski levar a cabo
uma «experiência económica» indo ao encontro de desejos que ele anteriormente
exprimira:
«...
É decidido que o cam. Trotski tem o direito de tomar a seu cargo um ou mais sovkozes [herdades estatais] (a uma
distância não muito longe de Moscovo ...) ... administrados pelo departamento
militar [chefiado por Trotski]; que a lei sobre o aumento da independência financeira
e material das grandes empresas é aplicada a esses sovkozes a título de experiència; esses sovkozes arrendam empresas industriais vizinhas para combinar a agricultura
com a indústria e criar um grupo económico, com a tarefa especial de testar a
partir de baixo a correção e adequação dos nossos decretos, analisar as condições
de emprego e utilização de trabalho não militar, etc. Com vista a realizar a experiência
de forma justa, ela deve ser levada a cabo em condições que excluam qualquer privilégio
para essas empresas e sovkozes.
...» [180]
Lénine tinha razão
ao oferecer a Trotski a «experiência económica». Na reunião do PB de
9-Ago-1921 disse a Molotov: «Que ele tente fazer algo na agricultura num ano!
Nada pode ser feito!» [181]
Membros do PB
disseram sobre isto [182]: «Logo no começo dos discursos "económicos"
do cam. Trotsky ... o cam. Lénine explicou dezenas de vezes ao cam. Trotski que
as questões económicas estão entre aquelas em que sucessos rápidos são impossíveis,
em que anos e anos de trabalho paciente e persistente são necessários para alcançar
resultados sérios. Não foi nem uma nem duas vezes que o cam. Lénine explicou que
na questão de erguer a nossa economia nada de sério pode ser alcançado abruptamente,
de um salto, com palavras altissonantes, e menos ainda com exageros de pânico».
Trotski aceitou a proposta
do PB. O Grupo Combinado de Moscovo conhecido pela sigla russa MKK (ou Moskust)
foi constituído sob liderança de Trotski e administrado pelo departamento
militar. [183] Lénine, logo após a criação do MKK, quis acompanhar os seus
primeiros passos. No final de Julho ou início de Agosto de 1921, escreveu a
Kamenev: «Por favor, envie-me uma lista precisa das instalações fabris,
fábricas, sovkozes e todas as outras
empresas tomadas por Trotski ... Não sei se ele tomou (e poderia tomar) algo mais para além
disso (directamente dos comissariados do povo?)». Logo a seguir uma
segunda nota a Kamenev: "Por favor, verifique isso, e se é possível que
lhe devam ser imediatamente reportados
todos os casos de
arrendamento." [184] Estas duas notas revelam claramente a preocupação de
Lénine com o que Trotski poderia fazer, para além do decidido pelo PB.
Em 9-Mar-1922,
Trotski declarou ao PB que as actividades do MKK «se estendem a empresas que
vão para além dos limites da província de Moscovo». [185]
Entretanto, no
início de 1922, o PB decidiu inspecionar o MKK. Trotski resistiu o máximo que
pôde à inspecção. Em 18-Fev-1922 enviou uma carta ao PB, na qual argumentava
que as disposições e instruções para tal inspecção ainda não tinham sido
estabelecidas e a questão do controlo de empresas arrendadas não se aplicava
ao MKK (!):
“Em
relação ao Grupo, pela sua própria natureza, essa questão não é tão séria
quanto em relação a empresários privados ou organismos estatais menos
responsáveis, cooperativas, artéis, etc." [186]
Trotski protestou
especialmente contra a inspecção ser realizada pelo Rabkrin, chefiada por Estáline. Procurou amedrontar os membros do
PB de que a auditoria do MKK pelo Rabkrin
significaria o colapso da NEP: “Seria ... o maior desastre se a competência
do Rabkrin, fosse estendida a essas
empresas. Significaria o rompimento da NEP", porque, sob a ameaça de tal
inspeção, ninguém iria investir. Por trás desta tese, estava o desejo de
libertar o capital privado do controlo do estado soviético.
Apesar dos
protestos de Trotski, uma auditoria foi realizada em Fevereiro de 1922. As
conclusões foram discutidas em Abril com representantes do Rabkrin e do MKK. As principais
conclusões, divulgadas a 16 de Maio de 1922, foram as seguintes: o
“Regulamento” do MKK não dava uma ideia da sua natureza legal; o MKK não era
uma organização estatal nem capitalista privada; tinha-se tornado
independente "do comando militar", pelo que, sem ninguém o saber,
estava fora do sistema estatal; o “Regulamento” não especificava quais os
membros do Conselho de Administração e como elegê-los, e a quem pertenciam as
receitas do MKK.
Descobriu-se também
que o significado da criação do MKK tinha sido pervertido. A ideia principal,
de combinação, não tinha sido implementada, pois as empresas do MKK estavam
separadas uma da outra: «Todas foram incorporadas sem um plano, para dar
generalidade ao comércio moscovita» o qual objectivo da actividade do MKK. As
empresas arrendadas estavam, seis meses depois, "num estado
miserável", financeira e tecnicamente, e exigiam fundos enormes para sua
recuperação. As grandes empresas do MKK não eram lucrativas. Só podiam operar
com rentabilidade "por causa de oportunidades especulativas de
mercado". O próprio Trotski reconheceu isso. O MKK era apenas um
sorvedoiro de fundos do estado para o «mercado livre». Um parasita do estado.
[186]
Também foram
reveladas práticas abusivas: materiais em mau estado, indefinição de
requisitos e seu monitoramento de sua aplicação, contabilidade extremamente
primitiva com «relatórios analfabetos» só para enganar o estado real das
contas, métodos ilegais de concessão de comissões. O arrendamento era feito
de tal maneira que o MKK roubava o Conselho Económico de Moscovo, ou seja, o
Estado. V. Sakharov assinala que o arquivo de Lénine contém outros materiais
sobre violações do MKK relacionadas com o emprego e remunerações.
Apesar do seu estado
de saúde, Lénine esteve presente no MKK até menos de 24-Nov-1922. Os membros
e candidatos a membros do PB enviaaram a seguinte declaração ao CC em 31-Dez-1923:
«Na
verdade, quando o cam. Trotski tentou criar uma alternativa ao trabalho
económico na forma do famoso MKK, o cam. Lénine lutou durante meses contra
esse pequeno "empreendimento económico" do cam. Trotski, e dezenas
de vezes na presença e na ausência do cam. Trotski, o cam. Lénine argumentou
detalhadamente que, com a abordagem do cam. Trotski das questões económicas,
a economia só poderia ser destruída». [187]
*
* *
Lénine ainda
procurou manter Trotski numa posição que não perturbasse o curso traçado. Em
Setembro de 1922 Lénine submeteu ao PB, através de Estáline, uma proposta
para nomear Trotski Vice-Presidente do CPC. Trotski recusou, porque, como
admitiu em carta a Estáline, «como Vice-Presidente do CPC, fui convidado a supervisionar
não os departamentos económicos, mas
a ser o primeiro chefe do Comissariado do Povo da Educação". Na segunda
metade de 1922 Trotski alienou-se cada vez mais do Partido e os seus contactos
com Lénine eram escassos.
|
Trotsky’s Economic
Experiment
Lenin and his supporters wanted in
1921 to remove Trotsky from
Lenin, together with Stalin,
Kamenev and Zinoviev, formed a group in the PB opposite to Trotsky. Molotov recalled
about this: “Lenin understood that Trotsky acted in a very corrosive manner
as regards complicating matters in the Party and the State. A dangerous
figure. It was felt that Lenin would be glad to get rid of him, but he could
not. Trotsky had enough strong and close supporters, that were here and
there, and who recognized his great authority ... Lenin understood Trotsky no
worse than Stalin, and believed that the time would come to remove Trotsky
and get rid of him … Lenin decided: ‘Let's go to Zinoviev and come to an
agreement on what to do.’ The three of us, Lenin, Kamenev and I ... went to
Zinoviev to agree on how to deal with Trotsky.” [179]
Lenin, at last, conceived a
proposal that Trotsky could not refuse. On 28-Jul-1921, he wrote a draft
resolution of the PB that he sent to Trotsky and other members of the PB,
which offered Trotsky the possibility of carrying out an "economic
experiment", meeting Trotsky’s previously expressed wishes:
«It is decided that comr.
Trotsky has the right to be put in charge of one or more sovkozes [State farms] (at a distance not too far from Moscow…)
... administered by the military department [headed by Trotsky]; that the law
on the increase of financial and material independence of large enterprises
is applied to these sovkozes as an
experiment; these sovkozes take on lease
neighboring industrial enterprises in order to combine agriculture with
industry and create an economic group, with the special task of testing from
below the correctness and appropriateness of our decrees, analyzing the conditions
of employment and the use of non-military labor, etc. In order to carry out
the experiment in a fair way, it must be carried out under conditions that
exclude any privileges for those enterprises and sovkozes. …” [180]
Lenin was right in offering
Trotsky the “economic experiment”. He said to Molotov at the PB meeting on
9-Aug-1921: «Let him try to do something in agriculture in one year! Nothing
can be done!” [181]
Members of the PB said about this [182]:
“Right at the beginning of comr. Trotsky's speeches on ‘economy’ ... comr.
Lenin explained to comr. Trotsky dozens of times that economic issues are
among those where quick successes are impossible, where years and years of
patient and persistent work are required in order to achieve serious results.
It was not once nor twice that comr. Lenin explained that in the matter of
raising our economy, nothing serious can be achieved abruptly, in a leap,
with strong words, and even less so with panicking exaggerations.”
Trotsky accepted the proposal of
the PB. The Moscow Combined Group known by the Russian acronym MKK (or Moskust)
was formed under the leadership of Trotsky and administered by the military
department. [183] Lenin, right after the creation of the MKK, wanted to
accompany its first steps. In late July or early August 1921, he wrote to
Kamenev: “Please send me an accurate list of the plants, factories, sovkozes and all other enterprises taken
over by Trotsky ... I don't know if he took (and could take) anything else besides
that (directly from the People's Commissiariats?).” Immediately after this
note a second accompanying one to Kamenev: “Please find that out, and whether
it is possible that you should be
immediately informed of all cases
of leasing.” [184] These two notes clearly reveal Lenin's concern with what
Trotsky could do that would go over the PB decision.
On 9-Mar-1922, Trotsky declared to
the PB that the MKK activities "extend to enterprises that go beyond the
limits of the
In the meantime, in early 1922, the
PB decided to inspect the MKK. Trotsky resisted the inspection as long as he
could. He sent a letter to the PB on 18-Feb-1922, in which he argued that the
provisions and instructions for such an inspection had not yet been
established and the question of controlling leased enterprises did not apply
to the MKK (!):
“In relation to the Group,
by its very nature, this question is not as acute as in relation to private
entrepreneurs or to less responsible State bodies, co-operatives, artels,
etc." [186]
Trotsky especially protested that
the inspection would be carried out by the Rabkrin, headed by Stalin. He sought to frighten the PB members
that the Rabkrin's audit of the MKK would mean the collapse of the NEP: “It
would be ... the greatest disaster if the Rabkrin's competence were extended
to these enterprises. It would mean the disruption of the NEP" because,
under the threat of such inspection, no one would invest. Behind this thesis
was his desire to free the private capital from control of the
Despite Trotsky's protests, an
audit was carried out in February 1922. The conclusions were discussed in
April with representatives from the Rabkrin and the MKK. The main
conclusions, released on 16-May-1922, were as follows: the MKK “Regulations”
did not provide an idea of its legal nature; the MKK was neither a State nor
a private capitalist organization; it had become independent of "the
military command", and consequently, without anyone knowing it, the MKK stood
outside the State system; the “Regulations” did not specify who were the members
of the Board of Directors and how to elect them, and to whom belonged the MKK's
revenues.
It was also discovered that the aim
underlying the creation of the MKK had been perverted. The main idea, of
combination, had not been implemented, given that the MKK entreprises were
separated from each other: "All of them have been incorporated without a
plan, in order to provide generality to the
Abusive practices were also
revealed: materials in bad condition, lack of clear requirements and of their
monitoring and application, extremely primitive accounting with
"illiterate reports" just to deceive the real state of the
accounts, and illegal methods of granting commissions. The leasing was made
in such a way that the MKK robbed the Moscow Economic Council, i.e. the State.
V. Sakharov points out that Lenin's archive contains other material on the MKK
violations related to employment and remunerations.
Despite his state of health, Lenin
was attentive to what was going on in the MKK until at least 24-Nov-1922.
Members and candidates to membership of the PB sent the following statement
to the CC on 31-Dec-1923:
“Actually when it came
to comr. Trotsky’s attempt to create an alternative of economic work in the
form of the famous MKK, comr. Lenin fought for months against this small
"economic undertaking" of comr. Trotsky, and dozens of times in the
presence and in the absence of comr. Trotsky, comr. Lenin argued in detail
that with the approach of comr. Trotsky to economic issues, the economy could
only be destroyed” [187]
* * *
Lenin still tried to keep Trotsky
in a position that he would not disturb the defined course. In September 1922
Lenin submitted to the PB, through Stalin, a proposal to nominate Trotski
Vice-President of the CPC. Trotsky refused, because, as he admitted in a
letter to Stalin, "as Vice-President of the CPC, I was invited to
oversee not the economic departments, but to be the first head of the
People's Commissariat for Education". In the second half of 1922 Trotsky
became increasingly alienated from the Party and his contacts with Lenin were
scarce.
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De
novo o velho
Quando em Agosto de 1921 Trotski declarou que a morte do poder
soviético era inevitável se não fosse adoptada a sua política económica,
houve outra ideia em que insistiu no PB: a
de que havia uma ameaça real de nova intervenção. É possível que essa
insistência estivesse relacionada com a defesa de um orçamento elevado para o
seu departamento militar. [188] Seja como for, Trotski aproveitou estas
questões para ressuscitar a teoria da «revolução permanente» como alternativa
à NEP de Lénine.
Trotsky começou a
reimprimir no início de 1922 as suas antigas obras, onde a revolução
socialista russa é analisada do ponto de vista da teoria da "revolução
permanente". Assim, as divergências sobre a NEP levantaram uma nova
discussão sobre questões fundamentais da teoria da revolução socialista. [189]
Em Março de 1922,
na véspera do XI Congresso do PCR(b), apareceu uma colecção dedicada à
revolução de 1905 com um prefácio escrito por Trotski em Janeiro de 1922,
onde confirmava a validade de todas as suas avaliações básicas contrárias à
teoria leninista de desenvolver a revolução democrático-burguesa na revolução
socialista, nomeadamente:
«Foi
precisamente no intervalo entre 9 de Janeiro e a greve de Outubro de 1905 que
as ideias que vieram a ser chamadas de teoria da "revolução permanente"
se formaram na mente do autor. ... A revolução russa ... não seria capaz de
resolver as suas tarefas burguesas imediatas, a não ser colocando o
proletariado no poder. E o proletariado ... não poderia ficar limitado ao
quadro burguès da revolução ... a
vanguarda proletária teria que fazer, logo nos estádios iniciais do seu
governo, incursões extremamente profundas não apenas nas relações de
propriedade feudal, mas também burguesa. Ao fazê-lo, entraria em conflito hostil não só com todos os grupos da
burguesia que o tinham apoiado ... mas também com as amplas massas camponesas ...
«As contradições entre um governo dos
trabalhadores e a esmagadora maioria dos camponeses num país atrasado só poderiam ser resolvidos à escala internacional,
na arena da revolução proletária mundial. ...
«Apesar de uma interrupção de doze anos
[isto é, em 1917] esta análise foi totalmente
confirmada.» [190]
Portanto,
Trotski mantinha-se na «revolução permanente»;
a sua tese tinha sido «totalmente confirmada» em 1917; não tinha havido uma
revolução socialista em 1917 – para isso, teria de haver um «conflito hostil»
com «as amplas massas camponesas» (o que não tinha ocorrido) e seria
necessária, para resolver as contradições com os camponeses, a «revolução proletária
mundial» (o que também não tinha ocorrido); assim, a revolução de Outubro era
de natureza política, proletária, mas não socialista.
Trotski também
republicou em 1922 a sua brochura de 1917, Programa da Paz, com um pós-escrito especialmente escrito, no
qual desafiava abertamente a conclusão de Lénine de que era possível
construir e desenvolver o socialismo na Rússia debaixo de cerco capitalista:
«Tendo-nos
defendido no sentido político e militar como estado, não chegámos à criação de uma sociedade socialista e nem sequer nos
aproximámos disso ... Enquanto a burguesia estiver no poder em outros
estados europeus, somos compelidos a buscar acordos com o mundo capitalista
para lutar contra o isolamento económico; com isso, podemos dizer com
confiança que esses acordos podem, na melhor das hipóteses, ajudar a curar
uma ou outra ferida económica, dar um ou outro passo adiante, mas um genuíno aumento da economia socialista
na Rússia só será possível após a vitória do proletariado nos países mais importantes
da Europa». [191]
As declarações de
Trotski também revelam o seu desacordo com Lénine sobre o mais importante
princípio marxista: a ditadura do proletariado. À tese de Lénine de que a
essência da ditadura do proletariado era a união do proletariado com o
campesinato sob o papel de guia do proletariado, Trotski opôs à sua própria
tese: a ditadura do proletariado é o poder da classe operária dirigida contra
todas as camadas não proletárias da sociedade. Além disso, Trotsky em 1922,
como em 1905 e em 1917, também opondo-se a Lénine, deu primazia a factores
externos no desenvolvimento da revolução socialista na Rússia, à frente dos
internos. Conclusão: ao longo dos anos as divergências entre Lénine e Trotski
– apesar da pertença deste ao POSDR – não diminuiram, mas pelo contrário
intensificaram-se.
V. Sakharov
assinala, a nosso ver correctamente, a este propósito: «O termo
“reavivamento” [usado pela historiografia dominante] da teoria da “revolução
permanente” transmite fielmente o lado externo da questão, mas não regista a
evolução política interna que essa teoria sofreu durante a revolução
socialista ... Anteriormente, ela exigia avançar a revolução, apesar do
possível perigo de derrota. Agora, era usada para avaliar o caminho
percorrido pela revolução e justificar a previsão da sua inevitável queda
fora do quadro de uma vitoriosa revolução proletária mundial. Assim, Trotski,
de "esquerda absurda" (como definia Lénine), transformou-se num
vulgar social-democrata».
Trotski também
republicou na colecção 1905 o seu
artigo As Nossas Divergências,
contendo uma polémica com Lénine sobre o lugar e o papel do campesinato na
revolução socialista, em que dizia:
«...
as características anti-revolucionárias do bolchevismo representam um grande
perigo apenas no caso de uma vitória revolucionária.»
Mas a vitória
bolchevique de 1917, etc., desmentia tal afirmação. Trotski removeu a
contradição entre a sua previsão e os factos da história, com a seguinte nota
na republicação de 1922:
«Isto,
como se sabe, não aconteceu, porque sob a liderança do cam. Lénine, o bolchevismo
realizou (não sem luta interna) o seu rearmamento ideológico nesta questão importantíssima
na Primavera de 1917, ou seja, antes da conquista do poder. (1922)» [192]
Por outras
palavras, como observa Sakharov, para Trotski não foram os bolcheviques que
realmente tomaram o poder em Outubro de 1917, mas recém-formados trotskistas,
que ainda não haviam percebido que o eram, e que por inércia mantiveram a
antiga denominação e fidelidade a esquemas teóricos e políticos. Mais tarde,
após a morte de Lénine, Trotski vai mais longe nesta sua visão dos factos
históricos.
Estas
republicações marcam o início da re-escrita da história da revolução por
Trotsky. Ele precisava disto para mostrar que era superior a Lénine, que era
o verdadeiro líder da "bolchevização" do bolchevismo e, portanto, o
sucessor natural de Lénine.
Como observa V.
Sakharov, a táctica de republicar escritos antigos com comentários adequados
foi superior à táctica de publicar um novo artigo descrevendo antigas
divergências. Permitiu-lhe mostrar de forma mais completa as origens e a
profundidade das divergências, apresentar uma argumentação detalhada e
raciocinada da sua posição anti-leninista, criticar Lénine sem levantar
críticas às suas opiniões anteriores, combinar críticas à NEP, a Lénine e ao
bolchevismo, apontar-lhes erros anteriores como causa de erros actuais, e
fundamentar a tese sobre o perigo do curso leninista para o destino da
revolução. Isto permitiu a Trotski disseminar a ideia de que estivera sempre
certo na luta contra Lénine e afirmar-se como o principal mas subestimado
teórico do partido.
*
* *
Trotski também
usou a seu favor a doença de Lénine, obtendo apoio de pessoas próximas de
Lénine: esposa e secretárias. No final de Dezembro de 1922, Lénine,
alegadamente, escreveu o conjunto de cartas e notas conhecido por «Testamento
de Lénine», de que Trotski e seus apoiantes se serviram para lutar contra o
leninismo. No próximo artigo abordaremos esta questão assinalando por que
razão é adequado dizermos «alegadamente».
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Old Stuff Served Anew
At the same time that in August
1921 Trotsky declared that the death of the Soviet power was inevitable if his
policy on the economy was not adopted, there was another idea that he kept
insisting at the PB: that there was a real threat of a new intervention. It
is possible that this insistence was related to his claim of a large budget
for his military department [188]. In any case, Trotsky took advantage of these
issues to revive the theory of "permanent revolution" as an
alternative to Lenin's
Trotsky began reprinting in 1922
his earlier works, where the Russian socialist revolution was analyzed from
the point of view of the theory of "permanent revolution". Thus, his
disagreements over the NEP were raised into a new discussion on fundamental issues
of the theory of socialist revolution. [189]
In March 1922, on the eve of the XI
Congress of the RCP(B), appeared a collection dedicated to the 1905 revolution
with a preface written by Trotsky in January 1922, where he confirmed the
validity of all his basic assessments that were contrary to the Leninist
theory of developing the bourgeois-democratic revolution into a socialist
revolution, namely:
“It was precisely in
the interval between January 9 and the October strike of 1905 that those
views which came to be called the theory of ‘permanent revolution’ were
formed in the author’s mind. … the Russian revolution … could not solve its
immediate, bourgeois tasks except by putting the proletariat into power. And
the proletariat… would not be able to remain confined within the bourgeois
framework … the proletarian vanguard
in the very earliest stages of its rule would have to make extremely deep
inroads not only into feudal but also into bourgeois property relations. While doing so it would enter into a hostile conflict, not only with all those
bourgeois groups which had supported it … but also with the broad masses of the peasantry…
“The contradictions between a workers’ government and an
overwhelming majority of peasants in a backward country could be resolved only on an international scale, in the arena of a
world proletarian revolution. …
“Despite an interruption of twelve years [that is, in 1917], this analysis has been entirely confirmed.”
[190]
Therefore, Trotsky remained in the
"permanent revolution"; his thesis had been "entirely
confirmed" in 1917; there had been no socialist revolution in 1917 – since
that would require entering into a "hostile conflict" with
"the broad masses of the peasantry" (which did not happen) and it
would require, in order to resolve the contradictions the "world
proletarian revolution” (which had not happened either); therefore, the
October revolution was of a political, proletarian nature, but not socialist.
Trotsky also republished in 1922
his 1917 brochure, The Peace Program,
with a specially written postscript, in which he openly challenged Lenin's
conclusion that it was possible to build and develop socialism in Russia
under capitalist encirclement:
“But having defended
ourselves in the political and military sense, as a State, we did not come to the creation of a
socialist society and did not even approach it. …. As long as the
bourgeoisie is in power in other European countries, we are compelled, in the
fight against economic isolation, to seek agreements with the capitalist
world; at the same time, we can confidently say that these agreements, at
best, can help us heal one or another economic wound, take one or another step
forward, but a genuine rise in the
socialist economy in Russia will become possible only after the victory of
the proletariat in the most important European countries.” [191]
Trotsky's statements also reveal
his disagreement with Lenin on the most important Marxist principle: the
dictatorship of the proletariat. To Lenin's thesis that the essence of the
dictatorship of the proletariat was the union of the proletariat with the
peasantry under the guiding role of the proletariat, Trotsky opposed his own
thesis: the dictatorship of the proletariat is the power of the working class
directed against all non-proletarian layers of the society. Moreover, Trotsky
in 1922, also opposing Lenin as in 1905 and 1917, gave primacy to external
factors in the development of the socialist revolution in
In our view, V. Sakharov correctly
points out in this regard: “The term “revival” [used by the mainstream
historiography] of the theory of “permanent revolution” faithfully conveys
the external side of the matter, but does not register the internal political
evolution that this theory underwent during the socialist revolution ...
Previously, it demanded moving the revolution forward, despite the possible
danger of defeat. Now, it was used to evaluate the road traveled by the
revolution and justify the prediction of its inevitable fall outside the
framework of the victorious world proletarian revolution. Thus, Trotsky from
“awkwardly left” (according to Lenin's definition) turned into an ordinary
social-democrat.”
Trotsky also republished in the
collection 1905 his article Our Divergences, containing a
controversy with Lenin about the place and role of the peasantry in the
socialist revolution, in which he said:
“… the
anti-revolutionary features of Bolshevism pose a great danger only in the
event of a revolutionary victory.”
But the Bolshevik victory of 1917,
etc., contradicted this statement. Trotsky removed the contradiction between
his prediction and the facts of history, with the following note in the 1922
republication:
“This, as is known, did
not happen, because, under the leadership of comr. Lenin, Bolshevism
accomplished (not without an internal struggle) its ideological rearmament in
this most important issue in the spring of 1917, i.e.. before the conquest of
power. (1922)” [192]
In other words, as observed by Sakharov,
for Trotsky it were not the Bolsheviks who really took power in October 1917,
but newly-graduated Trotskyists who had not yet realized that they were so,
and who by inertia maintained their old denomination and their old allegiance
to theoretical and political schemes. Later, after Lenin's death, Trotsky would
go further in this view of historical facts.
These republications mark the
beginning of Trotsky's rewriting of the history of the revolution. He needed this
to show that he was superior to Lenin, that he was the true leader of
Bolshevism's "Bolshevization" and therefore Lenin's natural
successor.
As observed by V. Sakharov, the
tactic of republishing old writings with appropriate comments was superior to
the tactic of publishing a new article describing old differences. It allowed
him to show more fully the origins and depth of the differences, to present a
detailed and reasoned argument for his anti-Leninist position, to criticize
Lenin without raising criticism of his previous opinions, to combine
criticisms of the NEP, Lenin and Bolshevism, to point out previous errors as
the cause of current errors, and to base the thesis on the danger of the
Leninist course for the destiny of the revolution. This allowed Trotsky to
disseminate the idea that he had always been right in the fight against
Lenin, asserting himself as the main but underestimated theorist of the Party.
* * *
Trotsky also used Lenin's disease to
his advantage, gaining support of people close to Lenin: Lenin’s wife and
secretaries. In late December 1922, Lenin allegedly wrote the set of letters
and notes known as "Lenin's Testament", which Trotsky and his
supporters used in their fight against Leninism. We will address this issue in
a following article, pointing out why it is appropriate to say
"allegedly".
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Notas VIII | Notes VIII
[139] Valentin A. Sakharov (nascido em 1946) é um historiador
russo, Doutor em Ciências Históricas, Professor Associado da Universidade Estatal
de Moscovo. É autor de obras sobre a história da revolução russa,
transformações socioeconómicas e políticas na primeira metade do século XX,
história da política externa da URSS na década de 1920 e no início da década de
1950, actividade de I.V. Estáline, etc. A publicação do livro sobre o "Testamento
Político" de Lénine foi apoiada pelo Comité Executivo da União Patriótica
Popular da Rússia. Tem um prefácio do editor científico Professor V.I. Tropin,
e utilizou documentos do Arquivo Estatal Russo de História Sociopolítica (sigla
russa RGASPI).
O autor declara na «Introdução»: «A base metodológica do
estudo é o materialismo dialéctico em combinação orgânica com a chamada
"abordagem civilizacional", que, como o autor acredita, não se opõe
ao materialismo dialéctico, antes está organicamente aticulada com ele.»
Não temos qualquer razão para duvidar das referências do
livro. Pelo contrário, nas muitas vezes que as pudemos verificar estavam
certas.
Valentin
A. Sakharov (born 1946) is Russian historian, Doctor of Historical Sciences, Associate
Professor of the Moscow
State University . He
is the author of works on the history of the Russian revolution, socio-economic
and political transformations in the first half of the 20th century, history of
the foreign policy of the USSR
in the 1920s and early 1950s, the activities of I.V. Stalin, etc. The
publication of his book on Lenin’s “Political Testament” was supported by the
Executive Committee of the People's Patriotic Union of Russia. It has a preface
by the scientific editor Professor V.I. Tropin, and used documents from the
Russian State Archives of Socio-Political History (Russian acronym RGASPI).
The
author states in the "Introduction": "The methodological basis
of the study is dialectical materialism in organic combination with the
so-called ‘civilizational approach’, which, as the author believes, does no
oppose dialectical materialism, and is organically combined with it.”
We
have no reason to doubt the references of the book. On the contrary, in the
many times that we were able to check them they were right.
[140] N. Popov, Esboço
da História do Partido Comunista da União Soviética, Parte II, L., Martin
Lawrence Ltd. (A biografia do revolucionário, líder do Partido e historiador,
Nikolai Nikolaevich Popov (5-Jan-1891 - 10-Fev-1938) pode ser consultada aqui
(ru.wikipedia).
N.
Popov, Outline History Of The Communist
Party Of The Soviet Union, Part II, L., Martin Lawrence Ltd. (The biography
of the revolutionary, Party leader and historian, Nikolai Nikolaevich
Popov (January 5, 1891- February 10, 1938) can be found here
(ru.wikipedia)
[141]
Disponível em português no Marxists Internet Archive (MIA) | Available at the Marxists Internet Archive (MIA).
[142]
V. Sakharov, op. cit., 1.2.1.
[143] Ibid.
[144] Ibid. «M. Ulyanova [irmã de Lénine] recordou: “Numa reunião do PB
Trotski chamou Ilyich [Lénine] de “rufião”. V. I. [Lénine] empalideceu como
giz, mas conteve-se. "Parece que os nervos de algumas pessoas lhes pregam
‘partidas’"; disse algo assim à grosseria de Trotski, de acordo com os
camaradas que me contaram o incidente. Ele [Lénine] não sentia simpatia por
Trotski; este indivíduo tinha muitas características que complicavam de maneira
incomum o trabalho colectivo com ele». Sakharov cita o Novosti TsK KPSS (Notícias do CC do PCUS) n.º 12 de de 1989, p. 197.
Notar que esta e outras referências às Notícias do CC do PCUS se reportam a
anos da «perestroika».
Ibid. M. Ulyanova recalled: “At one
meeting of the PB Trotsky called Ilyich [Lenin] a “bully”. V. I.
[Lenin] turned pale as chalk, but restrained himself. ‘It seems that the nerves
of some people are playing ‘tricks’’; he said something like this to Trotsky’s
rudeness, according to the comrades who told me about the incident. He did not
feel sympathy for Trotsky; this person had too many traits that complicated the
team work with him in an unusual way.” Novosti
TsK KPSS (News of the CPSU CC), 1989. No. 12, p. 197. Note that this and
other references to the News of the CPSU CC refer to “perestroika” years.
[145] Ibid., Novosti TsK KPSS n.º 7, 1990.
[146] A carta era assinada
por: Zinoviev, Kamenev, Estáline, Bukharine, Kalinine, Molotov, Rudzutak, Rikov
e Tomski. (Membros do PB: Lénine, Trotski, Zinoviev, Kamenev, Estáline;
candidatos: Bukharine, Kalinine, Molotov.)
The
letter was signed by: Zinoviev, Kamenev, Stalin, Bukharin, Kalinin , Molotov, Rudzutak, Rykov and Tomsky.
(PB members: Lenin, Trotsky, Zinoviev, Kamenev, Stalin; candidates: Bukharin,
Kalinin, Molotov.)
[147] Ibid., Novosti TsK KPSS n.º 7, 1991.
[148] Sto sorok besed
s Molotovym: Iz dnevnika Feliks
Chuyev (Cento e quarenta conversas com Molotov: Do de díario de F. Chuev), ТЕRRА, М.,
1991, p. 48. Existe uma tradução em inglês (Molotov
Remembers. Inside Kremlin Politics, Ivan R. Dee, Chicago, 1993) de fraca
qualidade e introdução e comentários insultuosos. Não encontrámos nessa
tradução a citação mencionada. Mas ela de facto consta do original em russo.
Sto sorok besed s Molotovym: Iz
dnevnika Feliks Chuyev (One Hundred and Forty Conversations with Molotov: From the Diary of F.
Chuev), ТЕRRА, М., 1991, p. 48. There is a poor English translation (Molotov Remembers. Inside Kremlin Politics,
Ivan R. Dee, Chicago, 1993) with outrageous introduction and comments. We did
not find the mentioned quotation in that translation. But we found it in the
original in Russian.
[149] Sayers and Kahn (op.
cit. Parte
V, nota 99, p. 67) refere que no X Congresso o CC «advertiu especificamente o
"camarada Trotski" contra as suas "actividades fraccionistas"»
e que vários trotskistas importantes foram removidos: o principal assessor
militar de Trotski, Muralov, foi removido de comandante da guarnição militar de
Moscovo e substituído por Voroshilov.
O historiador trotskista Isaac Deutscher também menciona (op. cit. Parte
VI, nota 112, p. 223) que os secretários Krestinski, Serebriakov e Preobrajenski,
que tinham mostrado inclinação ou complacência em relação à «Oposição Operária»,
foram afastados do cargo e substituídos por Molotov e Yaroslavski. Note-se que
a palavra «Trotskista» foi pela primeira vez usada no X Congresso pelo delegado
Kutuzov. E, como afirma V. Sakharov, ninguém (incluindo Trotski) perguntou o
que era o trotskismo e quem eram os trotskistas.
Sayers
and Kahn (op. cit. Part V, note 99, p. 67) states
that at the X Congress the CC “specifically warned ‘comrade Trotsky’ against
his ‘factional activities’" and that several important Trotskyists were
removed: Trotsky's chief military adviser, Muralov, was removed from commander
of the Moscow military garrison and replaced by Voroshilov.
The
Trotskyist historian Isaac Deutscher also mentions (op. cit. Part VI, note 112, p. 223) that the secretaries
Krestinsky, Serebryakov and Preobrazhensky, who had shown inclination or
complacency towards the "Workers' Opposition", were removed from
office and replaced by Molotov and Yaroslavsky. Let us note that the word “Trotskyist”
was used for the first time at the X Congress by the delegate Kutuzov. And, as asserted by V. Sakharov, no one (including
Trotsky) asked what Trotskyism was and who were the Trotskyists.
[150] 3.ª Sessão, 28-Mar-1922 | 3rd Session, 28-Mar-1922. Protokoly XI s"yezda RKP (b) (Actas do XI Congresso do PCR(b) | Minutes of the XI Congress of the RCP(B)), M., 1936 g., p.142, http://publ.lib.ru/ARCHIVES/K/KPSS/_KPSS.html
[151] Trotski não era
avesso a usar as tendências anarco-sindicalistas de Bukharine. Preobrajensky,
membro do grupo «pára-choques» de Bukharine, era um elemento de ligação entre
Trotski e Bukharine.
Trotsky
was not averse to using Bukharin's anarcho-syndicalist tendencies.
Preobrazhensky, a member of Bukarin's “buffer” group, served as liaison between
Trotsky and Bukharin.
[152] Popov, op. cit.,
p. 132.
[153] Molotov explicou esta
expressão idiomática russa: “No sentido de que já não era possível conservar o
poder”. Chuev, op. cit. p. 48. O
episódio é mencionado por Sayers and Kahn, op. cit., p. 194, por Estáline em Letter to the members of the
Central Committee of the RCP(B), 17-Jan-1923 (em russo), por Popov, op. cit., p. 133, e pela ru.wikipedia. Nesta última o episódio é
referido como tendo ocorrido em 25-Aug-1921, at a PB meeting. Popov refere que ocorreu «depois do [X]
Congresso».
Molotov
explained this Russian idiom: "In the sense that holding power was no
longer possible", Chuev, op. cit.
p. 48. The episode is mentioned by Sayers and Kahn, op. cit., p. 194, by Stalin in Letter to the members
of the Central Committee of the RCP(B), 17-Jan-1923 (in Russian), by
Popov, op. cit., p. 133, and the
ru.wikipedia. In the latter, the episode is said to have occurred at a PB
meeting on 25-Aug-1921. Popov says that it occurred "after the [X]
Congress".
[154]
V. Sakharov, op. cit. 1.2.1, nota 7, Novosti TsK KPSS, 1989. No. 4, p. 189.
[155]
Protokoly XI s"yezda RKP(b), М., 1936, p. 284.
[156] V.
Sakharov, op. cit., 1.1.1 nota 6: Trotskiy
L.D. Osnovnyye zadachi i trudnosti
khozyaystvennogo stroitel'stva. Iz
doklada na zasedanii Moskovskogo komiteta RKP(b). 6 yanvarya 1920 g. (As
principais tarefas e dificuldades da construção económica. De um relatório a
uma reunião do Comitê de Moscovo do PCR(b)| The main
tasks and difficulties of economic construction. From a report at a meeting of the
Moscow Committee of the RCP(B)).
[157] Popov, op. cit., pp. 139, 162, 169. refere que
estavam a espalhar a demagogia que a transição para a NEP significava um
repúdio ao comunismo, uma rendição das posições revolucionárias, um pisar no
freio e a restauração do poder da burguesia.
Popov,
op. cit., pp. 139, 162, 169. states
that they were spreading the demagogy that the transition to the NEP meant a
repudiation of communism, a surrender of revolutionary positions, a step on the
brake and the restoration of the power of the bourgeoisie.
[158] Ibid., p. 163. Há outros autores que concordam | Other authors concur.
[159] «Contamos firmemente com a revolução na Europa. A nova
política económica é um mero estratagema para acompanhar o seu desenvolvimento
... Se o mundo capitalista durar mais algumas décadas, selará, assim, o destino
da revolução socialista que terá que atravessar a fase da democracia burguesa
ou apodrecer “em outras formas"»
"We
firmly rely on revolution in Europe . The new
economic policy is a mere stratagem to keep pace with its development... If the
capitalist world lasts several more decades it will thereby seal the fate of
the socialist revolution which will either have to go through the phase of
bourgeois democracy or rot away 'in other forms'."
L.
Trotskiy. Sochineniya. Novaya
ekonomicheskaya politika Sovetskoy Rossii i perspektivy mirovoy revolyutsii.
Tom 12, Moskva-Leningrad, 1925. (L. Trotsky, The New Economic Policy of Soviet Russia
and the Perspectives of the World Revolution (Part II). Delivered at the
November 14, 1922 Session of the IV World Congress of the Comintern.)
[160] V. Sakharov, op.
cit., 1.1.1 nota 19 (documento do RGASPI | RGASPI
document).
[161] Ibid.,
1.2.2.
[162] Sétima Conferência do Organização Provincial de
Moscovo do Partido | Seventh Conference of the Moscow
Provincial Organization of the Party.
[163] Estáline escreveu numa carta
a Lénine (Maio de 1922): “Não me importo com a proibição formal de medidas que
enfraquecem o monopólio do comércio exterior nesta fase. Penso, no entanto, que
o enfraquecimento está-se a tornar inevitável. ”
Stalin
wrote in a letter to Lenin (May 1922): “I do not mind the formal prohibition of
steps towards weakening the monopoly of foreign trade at this stage. I think,
nevertheless, that the weakening is becoming inevitable.”
[164] V.
Sakharov, op. cit., 1.3.3, nota 99
(documento do RGASPI | RGASPI document).
«Manter e fortalecer o monopólio do comércio externo é uma
necessidade absoluta ... Por outro lado, modificações
e melhorias dos métodos de monopólio do comércio externo são absolutamente
necessárias.»
“Maintaining
and strengthening the foreign trade monopoly is an absolute necessity ... On
the other hand, modifications and
improvement of the methods of foreign trade monopoly are absolutely necessary.”
[165] Ibid.: «A
questão mais importante, no entanto,
foi e continua a ser a regulamentação do comércio externo russo na estrutura de todo o trabalho económico
em geral. ... Essas decisões são necessárias não em termos de regulamentação
legislativa, de listas fixas, mas em termos de práticas, de mudanças, e sempre
adaptadas a todo o escopo das necessidades económicas.»
Ibid.: “The most important issue, however, was and remains the regulation of
Russian foreign trade in the structure
of all economic work in general. ... These decisions are needed not in
terms of legislative regulation, of fixed listings, but in terms of practical, changes, and always adapted
to the whole scope of economic needs.”
[166] Nessa altura Lénine sofria
de paralisia e não conseguia escrever. O seu último discurso público foi em
20-Nov-1922 no Soviete de Moscovo.
At
that time Lenin suffered from paralysis and was unable to write. His last
public speech was on 20-Nov-1922 at the Moscow Soviet.
[167] Ver Diário das Secretárias
de Lénine | See the Journal of Lenin’s
Secretaries: MIA: vol. 42.
[168] V. Sakharov, op. cit., 1.3.3 nota 128 (documento do
RGASPI | RGASPI document).
[169] Protokoly
XII s"yezda RKP(b), M., 1922. pp. 205-206, 294.
[170]
MIA, vol.
42: A Letter to A. D. Tsyurupa with a
Draft Resolution for the All-Russia Central Executive Committee and a Note to
the Members of the Politburo of the C.C., R.C.P.(B.), 28-30 November 1921.
[171]
Ibid., To Comrade Krzhizhanovsky, The Presidium Of The State Planning
Commission, 14 May, 1921.
[172] V. Sakharov, op. cit., 1.1.1 nota 25 (documento do
RGASPI | RGASPI document).
[173 ] Ibid., nota 27 (documento do RGASPI | RGASPI
document).
[174] Ibid. nota 28. Novosti TsK
KPSS, 1990, No. 7. p. 179.
[175] O CC adoptou o projecto
"Teses sobre a implementação da nova política económica", elaborado
em Junho-Julho de 1921 pelo SEC e pelo CC com a participação activa de Lénine.
The
CC adopted the project "Theses On The Implementation Of The New Economic
Policy", prepared in June-July 1921 by the SEC and the CC with the active
participation of Lenin.
[176] V. Sakharov, op. cit., 1.1.1 nota 35 (documento do
RGASPI | RGASPI document).
[177] MIA, vol. 33. V.I. Lenin, Reply to Remarks Concerning the Functions of the Deputy Chairmen of the
Council of People’s Commissars. To Comrade Stalin with the request to pass
it on (do not duplicate it -- to do so would give publicity to polemics) to
members of the Political Bureau and Comrade Tsyurupa (asking them to sign it and
give the date when they have read it).
[178]
Nas resoluções «Sobre o
Relatório do Comité Central» e «Sobre o Fortalecimento e Novas Tarefas do Partido»
| In the resolutions "On the Report of the
Central Committee" and "On the Strengthening and New Tasks of the
Party".
[179] Chuev, op. cit., pp. 182, 207.
[180] V. Sakharov, op. cit., 1.2.1 nota 29 (documento do
RGASPI | RGASPI document).
[181]
Chuev, op. cit., p. 207.
[182]
V. Sakharov, op. cit., 1.2.1 nota 34: Proceedings of the
CPSU CC, 1990. No. 7. p. 177.
[183] V. Sakharov, op. cit., 1.3.1 nota 9 (documento do
RGASPI | RGASPI document). Também na wikipedia
em russo e na nota 92 do vol. 53 das Obras Completas de Lénine em russo.
Also
in the Russian wikipedia and the note 92, vol.
53, of V.I. Lenin, Complete Works, in Russian.
[184] Lenin V. I.
Polnoye
sobraniye sochineniy, T. 53, S. 84. Não disponível em português. Not available in MIA- English.
[185] V. Sakharov, op.
cit., 1.3.1 nota 11 (documento do RGASPI | RGASPI
document).
[186] Ibid.
[187] Ibid., nota 29, Novosti TsK
KPSS, 1991. No. 3. p.
213.
[188] Trotski já tinha
levantado a questão de aumentar o orçamento para a armada no XI Congresso. V.
Sakharov refere que no Outono de 1922, ao discutir o orçamento para 1923,
Piatakov, que era Vice-Presidente do Gosplan
e apoiante de Trotski, reclamou um enorme orçamento para o departamento militar
que o PB cortou em Novembro.
Trotsky
had already raised the question of increasing the navy budget at the XI
Congress. V. Sakharov mentions that in the autumn of 1922, when discussing the
budget for 1923, Pyatakov, Vice Chairman of the Gosplan and a supporter of Trotsky, demanded a huge budget for the
military department that the PB cut down in November.
[189]
V. Sakharov, op. cit.,
1.1.2.
[190] MIA: L. Trotsky, 1905.
Preface to the First Edition, 1922.
[191] Traduzido do russo | Translated from the Russian text. https://www.marxists.org/russkij/trotsky/works/trotl245.html
[192]
See note at
the end of section VI of: Trotskiy: Nashi raznoglasiya (Our Divergences) http://iskra-research.org/Trotsky/Permanent/chapter27.shtml. The same
note is quoted by Trotsky in the appendix to the chapter “Rearming the Party”
of his History of the Russian Revolution:
https://www.litmir.me/br/?b=112502&p=110
The MIA version of the History of the Russian Revolution omits this appendix.