O Presidente dos
EUA John F. Kennedy (JFK) foi assassinado em Dallas em Novembro de 1963,
alegadamente por Lee Harvey Oswald. Certos aspectos do assassinato são ainda
hoje obscuros e provavelmente assim continuarão porque a CIA e o FBI travaram a
busca da verdade e destruíram documentos. A narrativa oficial é de que JFK foi
assassinado por Oswald por este ser comunista. O que nunca foi. Já na época
essa narrativa foi contestada, por fazer pouco sentido. Existem evidências de
ligações de Oswald à CIA, assim como evidências de descontentamento de parte
influente da classe dominante dos EUA com JFK por este não assumir uma posição
mais dura contra o comunismo, a URSS e Cuba. O assassinato de JFK por um agente
do FBI/CIA (Oswald ou outro) ao serviço de pelo menos parte da classe dominante
é a versão inescapável. Atribuir as culpas aos comunistas foi também o que fez
a PIDE quando assassinou Humberto Delgado.
Traduzimos abaixo
um artigo de Zoltan Zigedy que analisa este evento no contexto mais amplo – e
por isso muito importante – do modus
operandi da classe dominante no capitalismo actual. Modus operandi sempre próximo do gangsterismo mesmo nas mais
avançadas democracias burguesas.
* * *
Reflexões sobre o Assassinato de JFK
Zoltan Zigedy, 5
de Agosto de 2017
Deparei-me com quatro
razões para rever o assassinato de John F. Kennedy.
Primeiro, acabei
de ler o livro de memórias de Antonio Veciana, Treinado para Matar, de 2017. Gaeton Fonzi, um dos mais rigorosos e
honestos investigadores de assassinatos, sempre manteve que Veciana, um cubano
anti-Fidel operativo da CIA, e Sylvia Odio, um outro membro de uma organização
anti-comunista, eram as peças chave para revelar a ligação no assassinato da
CIA a Oswald.
Segundo, existem
fortes semelhanças entre o empenho das forças de segurança para «corrigir» a
política externa dos EUA em 1963 e o activismo directo das forças de segurança
para reorientar a política externa dos EUA em 2017.
Terceiro, os
Arquivos Nacionais abriram ao público a primeira tranche dos ficheiros
governamentais sobre o assassinato de JFK mantidos nos arquivos e ainda por divulgar.
Existe uma determinação para libertar os que sobram até 26 de Outubro.
Por fim, um
leitor deste blog disse que a maioria dos marxistas falhou em contestar a
ortodoxia da Comissão Warren e mostrou pouca simpatia por investigações
alternativas. Talvez ele tenha razão quanto à maioria dos «marxistas»; a minha
resposta foi: «Não acredito que se possa apoiar essa apologia do golpe político
[da Comissão Warren] e ser marxista.»
Veciana e o Aparelho de Segurança
Gaezon Fonzi, que
foi durante anos investigador do Comité Especial da Câmara de Representantes sobre
Assassinatos (HSCA), procurou obter de Antonio Veciana a confirmação que o contacto
dele na CIA, conhecido pelo pseudónimo «Maurice Bishop», era, de facto, o
agente da CIA David Attlee Phillips. Veciana confirmou essa ligação em anos
recentes, mas muito depois da morte de Phillips. Se Veciana tivesse feito isso
na altura da investigação os interrogadores disporiam de uma alavanca útil para
abrir as portas bem trancadas das ligações da CIA a Lee Harvey Oswald.
Descrevendo-se a
si próprio como um terrorista (Veciana reivindica a sua participação pessoal em
numerosos atentados com bombas, incêndios, e tentativas de assassinato antes de
sair de Cuba), Veciana fala de uma reunião em Dallas, em 1963, com Phillips, em
que também participou Oswald. Uma testemunha não envolvida e neutral diz que a
data desse encontro foi 7 de Setembro. O estatuto de Veciana como um amigo da
CIA e líder proeminente de uma comunidade acidamente desapontada com Kennedy não
permite acreditar que ele teria um motivo para mentir acerca da reunião com
Oswald. Pelo contrário. Veciana teria sim todas as razões para relacionar
Oswald com os odiados Fidelistas, e
não com os seus promotores da CIA. Da mesma forma, a alegação de Sylvia Odio
que Oswald a visitou com dois militantes anti-comunistas só pode lançar uma
sombra sobre os companheiros políticos de Oswald nesse movimento anti-Fidel, um
movimento que só beneficiaria de uma imagem de Oswald como esquerdista. Sylvia
Odio manteve, todavia, o seu relato de uma reunião com Oswald.
Veciana inclui no
livro algumas observações interessantes, e que continuam a ser relevantes,
sobre a natureza do poder nos EUA e noutros países imperialistas («impérios»):
Vim a acreditar que existe um poder paralelo a operar nos impérios, o qual
define as suas próprias regras, para os seus próprios fins… Mas Bishop [Phillips]
fez-me ver que, para além dessa autoridade visível e tradicional, existe um
poder invisível que age nas trevas, e que dirige os acontecimentos. Contudo, o
verdadeiro poder está nas mãos de um consórcio escondido, que age como um chefe
invisível, vigiando e decidindo o destino da civilização. Este «directório
invisível», este «governo sombra», é politicamente, economicamente, e
militarmente poderoso… Passa de geração para geração, sempre escondido, mas
sempre em controlo.
Este comentário é
verdadeiramente notável, dado provir de um indivíduo cuja política era
essencialmente baseada no ódio visceral a Fidel Castro. Sem dúvida as suas
palavras reflectem a noção de «Estado profundo» hoje em dia tão citado.
Uma
caracterização mais adequada das forças que actuam abaixo da superfície, na
sombra, é o clássico conceito marxista de «classe dominante». Para os marxistas
todas as sociedades desde a antiguidade se basearam em classes sociais, com uma
dominando as outras. Isso permanecerá assim até que as classes sejam
eliminadas. Por essa razão, na teoria marxista, por trás de qualquer forma de governo, existe uma classe dominante, que aparece às claras
ou na sombra. No capitalismo actual a classe dominante governa por trás da
cortina da democracia burguesa; apresenta uma fachada de governo popular ao
mesmo tempo que assegura que os respectivos resultados são coerentes com os
interesses da classe dominante.
Embora a
expressão «Estado profundo» transmita a ideia de governança furtiva, ela falha quanto
a afirmar sem ambiguidades que a governança dissimulada é a norma no
capitalismo; tal expressão pode, assim, sugerir que o «consórcio escondido» de
Veciana é uma aberração, um desvio do curso normal do governo capitalista, uma
«conspiração», e não uma característica estrutural da sociedade capitalista.
Para o liberal
que acredita ser o capitalismo reformável o conceito de «Estado profundo» é
bem-vindo, porque transmite a imagem de um mundo em que o aparelho
«conspiratório» -- a CIA e outras agências de segurança – pode ser refreado ou
coagido pela super-estrutura «democrática»
do capitalismo actual. Mas a verdade é que os serviços de segurança são
as ferramentas de que depende a classe dominante dos EUA, pese embora o
operarem frequentemente na clandestinidade. Na perspectiva marxista os serviços
de segurança actuaram contra Kennedy precisamente porque a classe dominante
estava decidida a mudar o curso da governação presidencial ou, pelo menos, um
sector importante da classe dominante decidiu alterar esse curso. Os agentes da
mudança não eram, em nenhum sentido significativo, uns fora-da-lei.
De forma
semelhante, o actual dilúvio de fugas de informação anti-Rússia, atribuídas a
fontes anónimas do aparelho de segurança, tem como objectivo pressionar a
administração Trump no sentido de um consenso da classe dominante quanto à
política externa. Dado que não é apresentada qualquer evidência sólida, as
insinuações, as alegações de culpado por associação, baseiam-se na confiança
pública em espiões e assassinos. Os serviços de segurança estão a moldar com
sucesso uma agenda de política externa de Trump sem recorrer à solução violenta
escolhida pelos seus predecessores.
Os Arquivos Nacionais
É ingenuidade
acreditar que os Arquivos Nacionais irão tornar público nos próximos três meses
um documento de arromba. Isto não quer dizer, claro, que investigadores
diligentes não possam desenterrar pistas de interesse que lancem dúvidas sobre
a narrativa oficial. Podemos, contudo, estar certos que a CIA, o FBI, e outras
agências do governo, já suprimiram ou destruíram quaisquer documentos que
possam ligá-los a Oswald, ao assassínio, ou a qualquer outro elemento dos
acontecimentos de Dallas.
Seja como for, os
investigadores do assassínio fizeram um trabalho notável ao utilizarem evidência
documental seleccionada para expor debilidades e mesmo contradições na
narrativa dominante. Isto é verdadeiramente notável, porque os investigadores,
exceptuando os da Comissão Church, da investigação Garrison, e da HSCA, tinham
poucas fontes, limitada capacidade pericial e escasso apoio. É sabido que o
governo não fez nada para ajudar e fez tudo para travar qualquer esforço de
aprofundar o caso.
Vale a pena
atentar na temporização, no conteúdo e na reacção dos media à divulgação da primeira tranche de documentos. A divulgação
dos Arquivos Nacionais envolvia os ficheiros Yuri Nosenko, um exótico fait divers do assassínio, uma obsessão do
Strangelovian [*] caçador de espiões da CIA James Jesus Angleton. Este
indivíduo fixou-se na ideia de lançar a culpa do assassínio para a União Soviética.
Os media actuais tomaram o isco dos
Arquivos Nacionais, adicionando o caso Nosenko ao seu arremessar de lama à
Rússia que já dura um ano, com base em rumores e insinuações. Os seguintes
cabeçalhos são típicos dos media:
[* O autor alude
ao filme sátira de 1964 em que um ex-Nazi, Dr. Strangelove, é um general dos
EUA obsecado em lançar uma bomba nuclear na URSS.]
Documentos altamente secretos agora revelados
poderão mostrar que a Rússia esteve por trás do assassínio de JFK (aol.com)
A RÚSSIA MATOU UM PRESIDENTE DOS EUA? NOVOS
DOCUMENTOS DA CIA REVELAM TEORIA DE ESPIONAGEM SOBRE A MORTE DE JFK (Newsweek)
Outro esforço
claro para desviar a atenção da cumplicidade da CIA com base em documentos
recentemente divulgados encontra-se aqui.
Ninguém duvidará
que não é pura coincidência o facto de tais acusações há muito descartadas
voltarem de novo a emergir, precisamente quando decorre uma exaustiva campanha
dos media para demonizar a Rússia e alimentar uma nova Guerra Fria. A referida
e premeditada divulgação presta um mau serviço sobre a verdade do assassínio de
JFK e contribui para demonstrar a cumplicidade do governo com a demonização da
Rússia.
O Assassinato de Kennedy e os marxistas
Existem
«marxistas» e marxistas. Micheal Parenti [*] é um marxista autêntico que tem constantemente
arguido que Kennedy foi assassinado pelo apêndice de segurança da classe dominante.
Diz ele assim:
Em todas estas sociedades o Estado é o instrumento usado por um punhado de
ricos para empobrecer e manter sob controlo a multidão. Para além de efectuar
as funções colectivas necessárias em todas as sociedades, o Estado tem a tarefa
especial de proteger o processo de acumulação de riqueza de uns poucos…
Ocorrem, por vezes, incidentes que revelam de forma nítida e inabitual a
natureza gangster do Estado. O assassinato do Presidente John Kennedy em
Novembro de 1963 foi uma dessas ocorrências… Apurar a verdade sobre o
assassinato de John Kennedy equivale a pôr em causa o sistema de segurança
estatal e todo o regime politico-económico que esse sistema protege. É por esta
razão que em trinta anos a imprensa que pertence a corporações e numerosos
líderes políticos suprimiram e atacaram as muitas revelações acerca do crime
desenterradas por investigadores independentes…
Parenti usa a
designação colorida «Estado gangster», mas é evidente que ele identifica os
agentes responsáveis pelo assassinato de Kennedy como «instrumentos» de um
«punhado de ricos» (a classe dominante). «Gangster» é uma palavra que Parenti
usa bem dado que, olhando ao que jaz por trás do assassínio, ele vê a usual brutalidade,
logro, manipulação e violência usadas contra a liderança de vários países
soberanos nos tempos jovens da CIA: Irão (Mossadegh), Guatemala (Arbenz) e,
claro, Cuba (Fidel). Certamente que, com tal historial de gangsterismo nas
acções de remoção de líderes, a CIA deveria ser a primeira, e não a última, entidade
a examinar quando se procuram os responsáveis do assassínio de Kennedy.
A actual adulação
do FBI e CIA, levada a cabo pelos media
e funcionários civis eleitos relacionada com a alegação do FBI e CIA de
interferência da Rússia nas eleições dos EUA, torna-se ainda mais absurda mesmo
com um conhecimento superficial desta história. Porque razão os agressivos media recusam olhar para o passado de
mentiras e impostura da CIA/FBI?
Vale a pena prestar
atenção às recomendações metodológicas de Parenti:
Ao invés dos mistérios ficcionados, não existem, geralmente, provas
decisivas na vida real. Os historiadores trabalham por um processo de acreção,
juntando peça a peça até emergir um quadro. No assassinato de Kennedy as peças
formam, de facto, um quadro que se impõe, imprimindo em qualquer um a sensação
de que, embora possa não existir uma prova decisiva, existe contudo uma
panóplia de impossibilidades no que respeita às trajectórias das balas, à
natureza das feridas, aos depoimentos ignorados de testemunhas presenciais, ao
desaparecimento e destruição deliberada de evidências, aos actos repetidos de
abafamento oficial, que continuam até hoje no que respeita à divulgação de
documentos.
Para qualquer um que
se identifique ou esteja familiarizado com o comunismo nos EUA e sua história,
o relato oficial, seja da Comissão Warren seja de Gerald Posner, desafia a
credibilidade. Na altura em que Lee Harvey Oswald estava a construir uma
reputação de marxista (no Corpo de Fuzileiros Navais!) -- tendo desertado para
a União Soviética, depois regressado e afirmando-se como um «amigo» de Cuba –
os comunistas sofriam ainda a repressão macartista. Em 1958 [administração
Eisenhower], Junius Scales [líder do PC dos EUA] tinha sido sentenciado como
comunista ao abrigo do Smith Act. Foi libertado da prisão no final de 1962
[administração Kennedy]. Pedem-nos então que acreditemos que o abertamente
marxista «Oswaldkovitch» estava nessa altura activo nos Fuzileiros Navais com despacho
de aprovado pelos serviços de segurança, tendo sido destacado para a base
secreta U2 em Atsugi no Japão. Isto quando duas figuras de topo do partido
comunista estavam a terminar as suas sentenças pelo facto de serem comunistas!
Nenhum comunista ou fuzileiro naval
consideraria tal relato como sendo possível, mesmo remotamente.
De acordo com a
cronologia aceite, Oswald professava o marxismo numa altura em que o
anti-marxismo tinha atingido níveis histéricos nos EUA e Edgar Hoover do FBI
tinha coligido um Índice Comunista de mais de 200.000 nomes. Ao contrário do
que sucedeu a dezenas de milhares de familiares, amigos e associados de
comunistas que receberam visitas do FBI nesse período, parece haver poucos
registos de visitas aos círculos de Oswald. O FBI parece ter mostrado pouco
interesse nele.
O regresso de
Oswald como desertor dos EUA também parece ter despertado pouca atenção dos
serviços de segurança; ora, esses serviços liam todas as cartas da União Soviética para os EUA. Pelos
vistos a CIA tinha mais interesse em cartas do que em desertores que
regressavam aos EUA (pelo menos, quanto a este desertor!). Dado que o FBI era
nessa época inquisitivo e suspeitoso mesmo de meros visitantes da União Soviética, quem tivesse sentido o feroz
anti-comunismo desse tempo acharia tal falta de interesse um facto deveras espantoso!
Ainda para mais,
a pronta aceitação de um desertor regressado da União Soviética em círculos da
direita e no coração da reacção é totalmente desmerecedora de crédito.
Como é que foi
possível a incarnação de Oswald como soldado solitário da esquerda pró-cubana
em Nova Orleães ter despertado tão pouca acção dos serviços de segurança, tão pouca
perseguição, tão pouca violência dos inimigos da esquerda, incluindo um
incidente forjado [*]? Será que os apologistas da Comissão Warren esqueceram a
violência assassina contra a dissensão, contra o não conformismo, contra o
activismo pelos direitos civis (muitas vezes equacionado a «comunismo»)? Será
que as audaciosas e não refreadas acções do «comunista»» Lee Harvey Oswald ao
longo do Sul, racista e anti-comunista, fazem algum sentido neste contexto,
quando nessa altura e na década seguinte os activistas de esquerda de qualquer
partido arriscavam as suas vidas?
[* Ângela Davis
conta como, p. ex., agentes provocadores do FBI colocavam dissimuladamente
objectos em sacos de compras de comunistas em lojas para terem um pretexto de
os prenderem sob acusação de roubo de objectos em lojas.]
Provavelmente
nada ridicularizou tanto a plausibilidade de Oswald como marxista
revolucionário como a fotografia caseira de Oswald segurando o Militant trotskista e o Worker comunista com uma mão e uma
espingarda com a outra. Veteranos da esquerda ficaram espantados de que alguém
politicamente ligado à esquerda, mesmo que a ligação fosse fraca, tivesse tais
objectos na mesma sala, já para não falar nas mãos. A única finalidade era
manchar a esquerda.
Os marxistas não
providenciam conhecimentos técnicos especiais ou periciais sobre trajectórias,
análise de ferimentos, ou pontarias, embora reconheçam que os investigadores de
assassínios lançaram mais do que simples dúvidas sobre a narrativa oficial.
Seja como for, mesmo o mais caloiro e inexperiente membro da esquerda desse
tempo teria classificado Oswald como um provocador. Por essa razão os
controladores de Oswald nunca
conseguiram colocá-lo na presença de alguém identificado com o movimento
marxista dos EUA, mesmo que remotamente. Oswald nunca visitou sedes,
escritórios, reuniões, etc., tendo só lidado com a esquerda à distância. Quando
ele abordou marxistas estrangeiros (soviéticos, cubanos) estes foram cautelosos
e hesitantes com ele.
Oswald foi um poseur de esquerda ao serviço de outro
mestre.
Para saber mais
Para uma
narrativa credível e plausível oposta à da Comissão Warren, recomendo JFK: The Cuba Files de Fabian Escalante.
Escalante é o chefe aposentado dos Serviços Secretos de Cuba, o principal
cérebro que travou durante décadas atentados contra Fidel Castro. Escalante
pode muito bem ser a maior autoridade mundial sobre as intrigas da CIA,
colocando os recursos dos Serviços Secretos de Cuba na questão JFK.
The Last Investigation, da autoria do falecido Gaeton Fonzi que foi um investigador
da HSCA, é indispensável como crónica de uma tenaz busca da verdade, em
confronto com a intransigência, impostura e cumplicidade do governo.
Vincent Salandria
foi um dos primeiros e mais desafiadores críticos da Comissão Warren. O seu False Mistery apresenta a sua detalhada
dissecção do Relatório [da Comissão Warren] e como ele localizou as anomalias
que ocuparam a geração seguinte de investigadores.
Dois
investigadores mais recentes, David Talbot e Jefferson Morley, abordam o
assassinato de perspectivas muito diferentes, tirando novas e úteis conclusões
que ajudam a construir uma imagem do assassinato.
O livro History Will Not Absolve Me [alusão ao A História Me Absolverá de Fidel Castro]
de E. Martin Schotz, é uma antologia útil que salienta várias questões
associadas, nomeadamente sobre várias consequências do assassinato e do
Relatório da Comissão Warren.
Para uma
fascinante alegoria do assassínio dever-se-ia ler o livro de Michael Parenti: The Assassination of Julius Caesar: A
People’s History of Ancient Rome. [Recomendamos também vivamente]
Existem, é claro,
inúmeros comentários sobre o assassínio de JFK. A maioria deles são bem
intencionados e contêm alguns factos e interpretações úteis. Há que ter em
conta que a vasta maioria de tais comentadores, embora honestos, são detectives
amadores. Por isso, existem erros, falsas interpretações e becos sem saída em
muitos estudos. Todavia, muito trabalho útil foi feito.
Entre os
comentadores também há charlatães, agentes disfarçados, e impostores, alguns
lançando de propósito dúvidas sobre estudos do assassínio. Os perpetradores,
bem como os seus amigos e aliados, têm grandes recursos e usam-nos com grande
impacto.
Houve sem dúvida
um golpe. Viveremos com os medos, as incertezas, e com a elite dominante e sem
freio até a desmascararmos. Essa elite continua a dar forma ao mundo em que
vivemos.