Fraud and
Corruption – The Easy Option of Big Capital
Introdução
A Ernst & Young (EY),
uma transnacional dos EUA de serviços de auditoria e consultoria, publicou em
2015 o estudo Fraude e Corrupção – A Opção Fácil de Crescimento? (Fraud and Corruption – The Easy Option for Growth?).
A resposta da EY à questão que coloca – e colocá-la é já sintomático – é um
«Não» mediado pela mensagem de que é possível um «crescimento» dos «negócios»
sem recurso a fraude e corrupção. Contudo, ao longo do estudo, a EY deixa
escapar várias evidências a favor do «Sim».
O número de fraudes e corrupções – envolvendo altos quadros de
grandes empresas privadas e de instituições públicas – tem aumentado
aceleradamente em Portugal nos últimos anos, a seguir à crise de 2008. O
mesmo se observa noutros países que os defensores do capital denominam de «Mercados
Desenvolvidos». (Para os defensores do capital já não há países e povos, mas
só mercados. Globais e abstractos.)
Fraudes e corrupções constituíram sempre uma componente importante do
Capitalismo Monopolista de Estado (CME). Em 1981, um consenso de economistas
soviéticos caracterizou assim o CME: «união pessoal entre o capital
financeiro e as instituições governamentais; suborno de funcionários
governamentais; actividades dos partidos burgueses que são de facto
financiadas pelos monopólios […] Rendimento nacional redistribuído
principalmente no interesse da burguesia monopolista através do sector
estatal da economia. O Estado concede certos privilégios aos monopólios,
isentando-os do pagamento de impostos sobre parte considerável dos seus
lucros, e sanciona a depreciação prematura e cancelamento do capital fixo
[…]» [1]. Este caldo de cultura de fraudes e corrupções fortalece-se em tempo
de crise, quando os meios legais de saciamento do grande capital lhe surgem
como estreitos.
O estudo da EY merece ser analisado
Tese central do estudo da Ernst & Young
A tese central do estudo é a de que as grandes empresas,
principalmente oligopólios, [2] podem «crescer» sem recorrer à fraude e
corrupção, desde que os seus quadros sejam treinados em práticas éticas. É
claro que se trata aqui essencialmente do «crescimento» dos bolsos dos
quadros dirigentes das empresas. E também é claro que a EY sabe bem que a
fraude e corrupção são a sua «opção fácil».
Apesar da sua tese central, a EY reconhece que a fraude e a corrupção
nunca estiveram tão altas – «O custo
de comportamento não ético nunca esteve tão alto», «Os riscos de fraude,
suborno e corrupção permanecem generalizados e continuamos a ver negócios que
falham em mitigar tais riscos», «Mais de metade de todos os inquiridos crêem que o suborno e a corrupção estão
generalizadas no seu país», «37% dos inquiridos crêem que o desempenho
financeiro dos negócios nos seus mercados é frequentemente sobrestimado», etc.
Contudo, para a EY, a motivação para a fraude e corrupção não reside
na caça ao lucro a todo o transe por parte da liderança transnacional. Não.
Reside no facto de que «Os negócios enfrentam cada vez desafios mais
complexos para crescer – volatilidade dos mercados, instabilidade
geopolítica, choques do petróleo e sanções económicas. E estão também sob tremendas
pressões para obter tal crescimento.»
Atente-se bem na última frase. Não são os capitalistas (dirigentes e
gestores que ganham milhões por ano) que querem ver os seus lucros crescer.
Não. É o povo que coloca «tremendas pressões» sobre os capitalistas para «obter
este crescimento». Crescimento de quê? A EY pudicamente cala-se. Seja como
for, os capitalistas, sensíveis aos desejos populares, como beneméritos do
povo, suam as estopinhas para satisfazer as «tremendas pressões» de «crescimento»
vindas do povo.
Uma componente da tese central da EY é de ser possível o
«crescimento» sem recorrer à fraude e corrupção, se as empresas aplicarem medidas
designadas por ASAC (Anti-Suborno e Anti-Corrupção), compelindo a um
comportamento ético. De forma geral, o ASAC envolve: avaliação e
monitorização das transacções de alto risco de comportamento não ético,
auditoria, vias de denúncia interna de comportamento não ético.
O calcanhar de Aquiles do ASAC, que transparece em várias passagens do
estudo, é o empenho da «gestão sénior» no ASAC. Em português claro: os
calcanhares de Aquiles são os capitalistas. A EY, como seria de esperar, não
menciona uma única vez a palavra «capitalista». Para a EY, directores,
gestores seniores, outros gestores, trabalhadores, etc., são todos
«empregados» em pé de igualdade. Os trabalhadores, que constituem 63% dos
inquiridos do estudo, são simplesmente «outros empregados». O mundo da EY é
como se fosse um mundo não capitalista. Apenas com «mercados», «negócios» e
«empregados».
A EY é uma das transnacionais que vende serviços de instalação e
treino ASAC. Tem, portanto, que defender o que vende. E, para as empresas,
quanto mais não seja, dizer que têm ASAC ajuda a ostentar uma fachada de
respeitabilidade.
Quem é a Ernst & Young?
A EY é uma das 4-grandes:
quatro maiores oligopólios mundiais de serviços de auditoria e consultoria de
transacções corporativas, incluindo evasão fiscal por meios ditos «legais»
(chamada eufemísticamente de elisão fiscal). As outras são a PwC, a KPMG e a
Deloitte. A EY está presente em 150 países, tem 728 escritórios e mais de 190
mil funcionários. Uma enorme transnacional de serviços ao grande capital.
Que pergaminhos ostenta a EY para pregar moralidade? Maus.
Juntamente com a PwC, KPMG e Deloitte esteve envolvida no escândalo
do «Luxemburgo leaks»: a
organização da enormíssima evasão fiscal de 340 transnacionais entre 2002 e
2010 [3]. Evasão dita «legal» por ter sido feita ao abrigo de acordos
secretos com o governo do Luxemburgo. No fundo, um conluio criminoso (o
secretismo dos acordos é sintomático) pelo qual corporações, 4-grandes e
dirigentes do Luxemburgo (incluindo a ovelhinha Jean-Claude Juncker)
repartiram entre si biliões de dólares de impostos não pagos; isto é, biliões
de dólares roubados aos trabalhadores de muitos países.
As 4-grandes são grandes organizadoras de fugas de fundos para offshores e estão todas envolvidas em
outros processos escuros [3].
Erros metodológicos do estudo da EY
No estudo da EY fazem-se afirmações como estas: «O bom cumprimento
[do ASAC] e bons padrões éticos podem ir – e de facto vão – a par com o
crescimento de retornos», «Suborno e corrupção continuam, entretanto, a ser
um risco significativo, especialmente nos mercados de rápido crescimento».
Tais afirmações partem de factos – respostas obtidas em inquéritos –
para atingir conclusões gerais. Trata-se, portanto, de inferências.
O erro básico que mina completamente o estudo EY é que não distingue
factos de inferências. Como esta questão metodológica é essencial, comecemos
por a esclarecer.
Factos e inferências
Quando alguém diz «o dia 2 de Março foi mais quente que o dia 22 de
Junho» afirma um facto. O facto
pode ser verdadeiro ou não.
Quando, com base em temperaturas médias de alguns dias de Inverno e de
Verão, se diz «o Inverno é mais quente que o Verão» afirma-se uma inferência. A inferência pode ser
verdadeira ou não. Mas o que distingue uma inferência de factos é que propõe uma conclusão geral baseada num
conjunto restrito de factos.
As inferências são parte maior do conhecimento humano. Estamos sempre
mais interessados em regras gerais do que em factos avulsos. Dizer que certos
5 dias de Inverno foram mais quentes que certos 5 dias de Verão não tem
qualquer interesse. Dizer que o Inverno dos últimos 20 anos é, em geral, mais
quente que o dos 20 anos anteriores pode ter interesse (aquecimento global?).
Seja a comparação Inverno-Verão. A inferência parte de um reduzido
número de factos ou objectos (p. ex., temperaturas médias) para chegar a uma
conclusão geral aplicável a conjuntos arbitrariamente grandes de objectos,
ditos populações (p. ex., Invernos e Verões de vários anos). Qualquer
inferência para ser legítima deve satisfazer certas condições:
a) As populações têm de ser bem definidas. (No hemisfério Norte não
faz sentido incluir Dezembro no Verão.)
b) As classes de objectos têm de ser bem definidas. (Não podemos para
certos dias usar temperaturas diurnas e para outros diurnas e nocturnas.)
c) Os objectos dos conjuntos usados para a inferência (amostras) só
podem provir das populações e classes definidas. (Não podemos usar dias da
Primavera e Outono.)
d) A amostra deve ser parte da população. (Não podemos usar dias de
2015 para inferir sobre o séc. XX. Se usarmos todos os dias de Inverno e Verão de um ano para «inferir» sobre
ele, não estamos a inferir mas sim a comparar factos.)
e) Os objectos devem ser escolhidos ao acaso e sem qualquer
parcialidade na escolha. (Não podemos, p. ex., escolher propositadamente os
dias mais quentes de Inverno e os mais frios de Verão.)
f) A inferência terá de ser validada estatisticamente, usando testes
adequados que decidirão se sim ou não se pode aceitar a inferência com
elevada probabilidade. (Facilmente se compreende que se basearmos a
comparação Inverno-Verão num único dia de cada estação a probabilidade de
inferência errada é elevada. Ela decresce à medida que aumenta o número de
dias, atingindo 0% quando a amostra coincide com a população.)
Os erros inferenciais do estudo
1) O estudo baseia-se em comparações de factos: resultados de
inquéritos a «empregados» de empresas.
Os resultados são proporções de respostas afirmativas dos inquiridos
em certas classes de questões.
Os inquiridos constituem amostras de empresas e de países: 2797
empresas e 38 países (de 206).
O estudo formula conclusões gerais baseadas nas amostras. Confunde,
assim, factos com inferências, passando a ideia de que comparações de factos
por só si autorizam inferências. Não existe validação estatística. (Infracção
das condições «d» e «f» acima.)
2) O inquérito envolveu 100 «empregados» (directores, gestores seniores ou não, trabalhadores) dos 38 países.
Um total de 3.800 inquiridos.
O número reduzido de inquiridos por país (100) implica um reduzido
significado estatístico nas comparações entre países e entre grupos de países
(MD - «mercados desenvolvidos», MRC - «mercados de rápido crescimento», «outros»).
Ver «f» e [4].
3) Os resultados são proporções de classes de respostas apresentadas em
gráficos de barras, para forçar uma leitura fácil mas acrítica. É descurado o
facto de que as proporções, só por si, podem transmitir uma imagem falseada
da realidade [5].
4) Mais de um terço dos inquiridos (34%) eram do segmento
director-gestor capitalista [6] de onde emanam fraudes e corrupção com vista
ao «crescimento fácil». O segmento dos interessados em respostas que minoram,
escondem ou desmentem os factos críticos.
Aliás, a própria EY reconhece que o
problema está no topo da gestão: «A gestão sénior ainda tem muito que andar».
[7] Ao fundir resultados do segmento director-gestor com resultados de
trabalhadores a EY funde alhos com bugalhos. (Infracção da condição «e».)
5) A classificação EY dos MRC é sumamente estranha: a par de países
de elevado crescimento como a Índia e os EAU inclui países como a Turquia, a
Nigéria, e… a Ucrânia! [8].
Segundo a EY a classificação obedece a três critérios: i) «forte crescimento
comprovado [do PIB] e potencial futuro»; ii) «dimensão da economia e da
população»; iii) «importância estratégica para os negócios». A EY bem
reconhece que o crescimento da Ucrânia é «perto de zero este ano» mas logo
acrescenta «mas as exportações vão promover o crescimento em 2014-16». Afirmação
falsa: no 1.º trimestre de 2016 o crescimento da Ucrânia foi de -0,7% e as
exportações caíram a pique em Janeiro de 2016 (para 2/3 do valor de Janeiro
2015) e ainda não recuperaram. (Infracção das condições «a», «c» e «e».)
6) Vê-se que a Ucrânia é incluída nos MRC por satisfazer o critério
(iii): «importância estratégica para os negócios». Isto é, a Ucrânia tem
“poencial futuro” como campo de pilhagem para as firmas de John McCain, Joe
Biden, etc. Oito dos onze MRC têm crescimento do PIB perto de zero ou
negativo e/ou valor de exportações em declínio [9]. O que a EY devia ter dito
é que estava a comparar MD com «países estratégicos para o grande capital dos
EUA». (Infracção da condição «a».)
7) Quase todos os resultados incluem respostas múltiplas: com os
inquiridos que escolheram uma única classe de resposta foram contabilizados
outros que também escolheram outras classes. Tais resultados não têm uma
interpretação estatística única. (Infracção das condições «b» e «c».)
Erros do estudo da EY por tema
O empenho dos gestores
A EY diz eufemísticamente que «O que observamos nos resultados é que
os gestores seniores podem estar a sobrestimar o seu impacto [na aplicação do
ASAC]». Isto é, mentem. Tanto mais que «44% dos inquiridos da gestão sénior
dizem que frequentemente comunicam a importância dos padrões éticos elevados,
mas só 30% dos outros empregados concordam.» Isto é, 70% dos «outros
empregados» (os trabalhadores) não acredita nas belas palavras da gestão. E
ainda não chegámos ao Frei Tomás [10].
Note-se que a EY fala de «gestão sénior» mas intitula assim
resultados que também incluem a direcção das empresas, num total de 9% dos
inquiridos.
A Figura 1 do estudo EY [11] pretende suportar a inferência de que
quem considera «muito bons» os padrões éticos da sua empresa tende a avaliar
mais positivamente o empenho da «gestão sénior», do que quem considera
«pobres» esses padrões.
Temos, portanto, duas populações ou grupos de «empregados»:
- Os que consideram «muito bons» os padrões éticos da sua empresa.
Chamemos-lhe grupo 1 ou G1.
- Os que consideram «pobres» os padrões éticos da sua empresa. Grupo
2 ou G2.
Para inferir que G1 tende a avaliar mais positivamente o empenho da
«gestão sénior» do que G2, foram usadas uma amostra de 999 inquiridos de G1 e
uma amostra de 554 de G2.
Existem quatro classes de respostas, como esta algo cómica «[Os
inquridos dizem que] a gestão sénior comunicou enfaticamente o seu empenho
com políticas ASAC» com 72% de sins de G1 e 28% de sins de G2.
A fiabilidade dos resultados da Figura 1 é desconhecida dado que os
inquiridos podem ter incluído o segmento director-gestor [6]. A EY não
esclarece. Isto é, pode ter havido
muitos inquiridos que se avaliaram a si próprios. (Infracção de «e».).
Os resultados incluem respostas múltiplas, pelo que a soma das
votações de todas as classes de resposta por Grupo excede a dimensão do
Grupo. Isto permite as mais díspares interpretações, incluindo as que não
suportam a mensagem da EY [11].
Outros resultados não alteram a conclusão sobre o empenho irrelevante
dos directores-gestores [12] e a própria EY mostra não estar nada optimista a
este respeito quando diz: «O futuro ambiente dos
negócios pode ser ainda mais difícil. Isso poderia incitar ao comportamento
fraudulento e corrupto».
A alegada culpa dos MRC e dos novos negócios
A
EY defende que um dos desafios das empresas são os negócios com os MRC que,
ao invés dos MD, exibem «menor crescimento económico do que o esperado» (não
é isto contraditório com a classificação da EY?), «instabilidade política», e
«incerteza acerca da nossa capacidade de negociar devido a sanções económicas
e controlos de exportação».
Esta tese é justificada com os
resultados da Figura 2 que não provam a tese por duas razões: as respostas
dos MRC podem estar (e quase de certeza estão) inflacionadas porque muitas empresas
dos MRC são transnacionais dos MD e os respectivos inquiridos tenderão a dar
a resposta MD corrente; os resultados são de resposta múltipla, suportando,
tal como acima, interpretações contrárias às da EY [13].
A EY apresenta ainda outros
resultados de comparação MRC-MD (Figura 5) sem interesse porque além de
respostas múltiplas mistura alhos com bugalhos (mistura países com gestão).
Uma outra ideia defendida pela EY é a
de que os novos negócios (criados há menos de dois anos) exibem mais
corrupção. Apresenta para isso resultados (Figura 4) e, neste caso, se as
classes de resposta forem distintas – o que a EY não assegura – um simples
teste estatístico aceita a elevada significância das diferenças no sentido
defendido pela EY. Note-se que tal conclusão, se válida, constituiria mais
uma evidência da tendência de aumento de fraude e corrupção com a crise do
capitalismo.
O sector financeiro
Para além de alguns números meramente caracterizadores das «pressões»
sobre o sector financeiro, a EY apresenta resultados (Figuras 8, 10 e 11) que
usa para defender a ideia de que o sector financeiro tem feito um maior
esforço do que outros sectores em prol do comportamento ético. As tabelas
enfermam dos habituais males de inclusão do segmento director-gestor e das
respostas múltiplas, pelo que nenhuma conclusão válida se pode extrair [14].
O impacto das medidas ASAC
O estudo da EY revela que 57% de todos os
inquiridos dizem que a sua empresa possui um código de conduta ASAC e 48% de
que são aplicadas sanções por violação desse código. Mas também diz que de 2013 para 2015 não houve progresso na
introdução de ASAC: a percentagem de inquiridos que disseram que a sua
empresa possui um código de conduta ASAC permaneceu o mesmo.
A avaliação do impacto de medidas ASAC nos resultados das empresas é
feita apenas pelas percentagens de respostas de «impacto positivo» de
inquiridos de 2.132 empresas com retornos
aumentados – chamemos-lhe G1 – e 665 com retornos diminuídos – G2 – à pergunta [15]: «Que impacto teve a
actividade reguladora sobre os resultados da sua empresa nos últimos dois
anos?».
A percentagem de inquiridos das empresas G1 que respondeu «impacto
positivo» é de 26%; a dos inquiridos das empresas G2 é de 8%. É claro que tendo
havido aquelas percentagens de respostas de impacto positivo, há que admitir
respostas de impacto negativo, ou sem impacto, ou não sabe. A EY é muda
quanto a isto.
A aceitação tout-court
desta comparação – a única que sustenta a tese da EY de que a instalação e
treino ASAC é benéfica ao «crescimento» – levanta várias objecções que a
invalidam:
a) Pode corresponder a um resultado de um vasto conjunto de
resultados alternativos com maior percentagem de respostas de impacto negativo do ASAC de G1 face a
G2, como p. ex. Este (n é o número de respostas):
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Introduction
Ernst & Young (EY), an
EY’s answer to the
stated question – and stating it is already symptomatic – is a “No” mediated by
the message that ”growth” of “business” is achievable without resorting to
fraud and corruption. Nevertheless, throughout the study, EY lets several
evidences in favor of a “Yes” slip through.
The number of frauds and
corruptions – involving high-ranking cadre of large private firms and of
public institutions – has increased sharply in
Fraud and corruption
have always been an important component of State-Monopoly Capitalism (SMC). In
EY’s study deserves a
detailed analysis. Its analysis will reveal us the crafts to which resort the
defenders of capital in white-washing the rottenness of today’s SMC.
The central thesis of
Ernst & Young’s study
The central thesis of
the study is that the large business companies, and chiefly the oligopolies,
[2] are able to “grow” without resorting to fraud and corruption, provided
their cadre are trained in ethical practices. Sure enough we are dealing here
on the main with the growth of the pockets of the company head officers. And
it is also clear that EY knows far too well that fraud and corruption are their
“easy option”.
In spite of its central
thesis, EY reckons that fraud and corruption were never so high – “The cost
of unethical behavior has never been higher”, “The risks of fraud, bribery
and corruption remain widespread and we continue to see businesses failing to
mitigate these risks”, “More than half of all respondents believe that
bribery and corruption is widespread in their country”, “37% of respondents
believe that the financial performance of businesses in their markets is
often overstated”, etc.
However, to EY, the
motivation of fraud and corruption is not to be found in profit hunting at
any cost driven by transnational leadership. No. It is explained by the fact
that “Businesses are facing increasingly complex challenges to growth – market
volatility, geopolitical instability, oil shocks and economic sanctions. But
businesses are also under tremendous pressure to achieve this growth.”
Let us pay attention to
the last sentence. It is not the capitalist class (board directors and CEOs
earning millions per year) who want to see their profits growing. No. It is
the people who put “tremendous pressure” upon the capitalists “to achieve
this growth”. Growth of what? EY prudishly doesn’t say. In any case, the
capitalists being sensible to the popular wishes, and as benefactors of the
people, sweat their blood off to comply with the “tremendous pressures” coming
from the people to get a “growth”.
A component of EY’s
central thesis is that “growth” can be achieved without resorting to fraud
and corruption through the application by the companies of measures
compelling to ethical behavior, the so-called ABAC (Anti-Bribery and
Anti-Corruption) code of conduct. In a general way the ABAC corresponds to: evaluation
and monitoring of transactions with high risk of unethical behavior, audit, and
whistle-blowing internal hot-lines of unethical behavior.
The Achilles heel of
ABAC, coming to light in several passages of EY’s study, is the commitment of
the “senior management” with ABAC. In plain English: the Achilles heels are
the capitalists. EY, as one might expect, doesn’t mention the word
“capitalist” a single time. To EY, board directors, senior managers, other
managers, workers, etc., are all “employees” in equal footing. The workers,
amounting to 63% of the study respondents, are simply named as “other
employees”. EY’s world is as though it were not a capitalist world. Only with
“markets”, “businesses”, and “employees”.
EY is one of the
transnationals selling ABAC installation and training services. It is bound
to defend what it sells. And, to the companies, even if serving no other
purpose, the simple fact of saying they have ABAC helps to flaunt a façade of
respectability.
Who is Ernst &
Young?
EY is one of the 4-Big: the four largest world
oligopolies of financial audit, consulting and advisory services of corporative
transactions, including tax evasion by so-called “legal” means
(euphemistically called tax avoidance). The other ones are PwC, KPMG and Deloitte.
EY is present in 150 countries, has 728 offices and over 190 thousand employees.
A huge transnational of services to the big capital.
Which certificates does
EY possess to preach morals? Bad ones.
Jointly with PwC, KPMG,
and Deloitte, EY was involved in the “
The 4-Big are big
organizers of fund evasion to offshores, and are all involved in other shady
processes [3].
Methodological flaws of
EY’s study
EY’s study contains
statements as these ones: “Good [ABAC] compliance, and good ethical
standards, can — and in fact do — go hand in hand with revenue growth”. “Bribery
and corruption meanwhile remains a significant risk, especially in
rapid-growth markets”.
Such statements start
off from facts – answers to opinion surveys – to reach general conclusions.
One is thus dealing here with inferences.
The basic mistake that
completely undermines EY’s study is that it does not distinguish facts from
inferences. Since this is an essential methodological issue let us first
clarify it.
Facts and inferences
When someone says
“March 2 was a hotter day than June
When someone says, on
basis of average temperatures of a few Winter and Summer days, that “Winter
is hotter than Summer” an inference
is stated. The fact can either be true or false. But what distinguishes an
inference from facts is that it proposes a
general conclusion based on a set of a restricted number of facts.
Inferences form a major
part of human knowledge. We are always far more interested in general rules
than we are in isolated facts. Saying that some 5 Winter days were hotter
than some 5 Summer days is of no interest at all. Saying that the last
20-year Winters were generally hotter than those of the previous 20 years may
be of interest (global warming?).
Take the Summer vs. Winter
comparison. The inference starts off from a restricted number of facts or
objects (e.g., average temperatures) to reach a general conclusion applicable
to arbitrarily large sets of objects called populations (e.g., Winters and
Summers of several years). In order to be legitimate an inference must
satisfy certain conditions:
a) The populations must
be well defined. (In the Northern hemisphere makes no sense to include
December in the Summer.)
b) The classes of
objects must be well defined. (We are not allowed to use diurnal temperatures
in certain days and diurnal and nocturnal temperatures in other days.)
c) The objects
composing the sets used to derive an inference (samples) can only come from
the defined populations and classes. (We cannot use Spring or Autumn days.)
d) The sample must be
part of the population. (We cannot use 2015 days to infer about the twentieth
century. If we use all Winter and
Summer days of a given year in order to infer about it, we are not inferring
but comparing facts.)
e) The objects must be
randomly chosen and without any bias whatsoever in their choice. (E.g., we
are not allowed to purposefully pick up the hottest Winter days and the
coldest Summer days.)
f) The inference must
be statistically validated, by using adequate tests which will decide whether
or not the inference can be accepted with high probability. (It is easily
understood that if we base the Winter-Summer comparison in a sole day from
each season the probability of a wrong inference is high. The probability of
wrong inference decreases as the number of days increases, reaching 0% when
the sample coincides with the population.)
The inferential flaws
of the study
1) The study is based
on comparisons of facts: results from opinion polls to “employees” of
companies.
The results are
proportions of affirmative answers of the respondents to certain classes of
questions.
The respondents
constitute samples of companies and countries: 2797 companies and 38
countries (out of 206).
The study formulates
general conclusions based on the samples. It thus confuses facts with inferences,
implying the idea that facts by themselves alone authorize inferences. There
is no statistical validation. (The above conditions “d” and “f” are infringed.)
2) The opinion survey involved
100 “employees” (board directors, senior
management and other management, workers) from the 38 countries. A total of
3.800 respondents.
The low number of
respondents per country (100) implies a reduced statistical significance in
comparisons between countries and between groups of countries (DM –
“developed markets”, RGM – “rapid-growth markets”, “others”). See “f” and
[4].
3) The results are
proportions of classes of answers presented in bar graphs, to enforce an easy
but uncritical reading. The fact that proportions, by themselves alone, may
elicit a falsified image of the reality [5] is neglected.
4) Over one third of
the respondents (34%) were from the capitalist director-management segment
[6] from where frauds and corruption emanate having in view the “easy growth”.
The segment of those interested in answers that white-wash, hide or deny the
critical facts.
Besides, EY itself reckons that the problem lies at the top of the
management: “senior management still has much to do” [7]. Nonetheless, by
merging results from the director-management segment with results from the
workers EY is mixing up chalk and cheese. (Condition “e” is infringed.)
5) EY’s classification
of RGMs is highly weird: on a par with high growth countries such as
According to EY the
classification is based on three criteria: i) “Proven strong growth [of GDP] and
future potential”; ii) “Size of the economy and population”; iii) “Strategic
importance for business”. EY does indeed recognize that
6) One sees that
7) Almost all results
include multiple answers: together with the respondents that chose a single
class of answer were counted in those who also chose other classes. Such
results do not have a unique statistical interpretation. (Conditions “b” and
“c” are infringed.)
EY’s study flaws per
topic
The commitment of the
management
EY tells us euphemistically
that “What we see in the results is that senior managers may be
overestimating their impact [in ABAC application].” That is, they lie. The
more so because “44% of senior management respondents said they frequently
communicate the importance of high ethical standards but only 30% of other
employees agree.” That is, 70% of the “other employees” don’t believe the
nice words of the management. And we haven’t yet come to mention
Note that EY speaks of
“senior management” but entitles as such results that also include the board
direction of the firms, adding up to a total of 9% respondents.
Figure 1 of EY’s study [11]
is intended to support the inference that those who regard as “very good” the
ethical standards of their firm also show a tendency to evaluate more
positively the commitment of the “senior management”, than those who regard
the ethical standards as “poor”.
We thus have two
populations or groups of “employees”:
- Those who regard as
“very good” the ethical standards of their firm. Let us call them group 1 or
G1.
- Those who regard as
“poor” the ethical standards of their firm. Group 2 or G2.
In order to infer that
G1 tends to evaluate more positively the commitment of the «senior
management” than G2, a sample of 999 respondents from G1 and a sample of 554
respondents from G2 were used.
There are four classes
of answers, such as this somewhat comic one “[The respondents say] senior management has strongly communicated its commitment to ABAC
policies” with 72% of “ayes” from G1 and 28% of “ayes” from G2.
The reliability of Figure
1 results is unknown given that the respondents may have included the
director-management segment [6]. EY’s study does not clarify. This way, many of the respondents may have evaluated
themselves. (Condition “e” is infringed.)
The results include
multiple answers. For this reason, the sum of the percentages of all classes
of answers per Group exceeds the Group size. This allows the most varied
interpretations; including those who run counter to EY’s message [11].
Other results do not
alter the conclusion of an irrelevant commitment of the directors-managers
[12] and EY itself does not endorse an optimist view on this issue when it
says: “The
future business environment is likely to be even tougher. This could drive
fraudulent and corrupt behavior.”
The alleged guilt of
the RGM and the new businesses
EY claims that one of the challenges faced by companies are the
businesses with the RGMs which, contrary to the DMs, display “Slower economic growth
than expected” (isn’t this
contradictory to EY’s classification?), “Political instability”, and “Uncertainty about our
ability to trade due to economic sanctions or export controls.”
This thesis is justified with the results of Figure 2, which do not
prove the thesis for two reasons: the RGM responses may be (and almost
certainly are) inflated because many of the RGM companies are DM
transnationals and the respective respondents will tend to give the current
DM answer; the results are of multiple answers, supporting, as above,
interpretations contrary to EY’s [13].
EY presents further results on the RGM-DM comparison (Figure 5) of no
interest because of multiple answers and of mixing cheese with chalk (mixes
up countries with management).
Another idea, claimed by EY, is that new businesses (created less than
two years ago) show more corruption. Results (Figure 4) are presented to
support the claim and, in this case, if the classes of answers are distinct –
EY doesn’t assure it – a simple statistical test accepts the high
significance of the differences in the sense claimed by EY. Note that such
conclusion, if valid, would correspond to a further piece of evidence on the
tendency of fraud and corruption having increased with the capitalist crisis.
The financial sector
Besides a few figures
merely characterizing the “pressures” upon the financial sector, EY’ study presents
results (Figures 8, 10 and 11) which are used to support the idea that the
financial sector has engaged into a bigger effort than other sectors for
ethical behavior. The tables suffer from all the usual shortcomings of inclusion
of the director-management segment and of multiple answers, and for these reasons no valid conclusion
can be drawn from them [14].
The impact of ABAC
measures
EY’s study reveals that
57% of all respondents say their company has an ABAC code of conduct and 48%
say that sanctions are applied when the code is breached. But it also reveals
that from 2013 to 2015 there was no
progress in the introduction of ABAC: the percentage of respondents who
say their company as an ABAC code of conduct stayed the same.
The evaluation of the
impact of ABAC measures in the results of the companies is only done by
comparing the percentages of “positive impact” answers, from respondents of
2.132 companies with increased revenues
– let us call G1 – and 665 with decreased
revenues – G2 – to the question [15]: “What impact has regulatory activity in the last
two years had upon results in your company?”.
The percentage of
respondents from G1 companies who answered “positive impact” was 26%; from G2
companies the respective percentage was 8%. Sure enough, if there were those
percentages of answers of positive impact one has to consider answers of
negative impact, or of no impact, or of don’t know. EY is mute on this issue.
The tout-court acceptance of that
comparison – the only one supporting EY’s thesis of the beneficial effect for
“growth” derived from ABAC installing and training – raises several
objections that invalidate it:
a) It may correspond to
one result out of a large set of alternative results with higher percentage
of G1 answers of negative impact in
contrast to corresponding G2 answers; an example is given below (n is the number of answers):
|
Impacto positivo
Positive impact
|
Não sabe
Don’t know
|
Impacto negativo
Negative impact
|
Total
|
||
G1
|
n
|
554
|
748
|
830
|
2132
|
%
|
26%
|
35%
|
39%
|
100%
|
|
G2
|
n
|
53
|
472
|
140
|
665
|
%
|
8%
|
71%
|
21%
|
100%
|
As proporções do
estudo EY mantêm-se (amarelo), mas a percentagem de respostas de impacto
negativo do ASAC (verde) em G1 (retornos aumentados) supera significativamente a de G2 (retornos
diminuídos).
The proportions of EY’s study are maintained (yellow)
but the percentage of answers of ABAC negative impact (green) from G1 (increased
revenues) is significantly larger
than from G2 (decreased revenues).
b) A «actividade reguladora» da pergunta não é necessariamente ASAC.
c) Retornos não são lucros.
d) Se a mensagem de que o ASAC tem um impacto três vezes mais
positivo nos retornos do que sem ASAC fosse verdadeira, todas as empresas
correriam a comprar ASAC. Não se compreenderia, portanto, a constatação acima
da EY de que de 2013 para 2015 não houve progresso na introdução de ASAC.
e) Retornos não são lucros, mas lucros crescentes precisam, em
igualdade de circunstâncias, de retornos crescentes. A adopção do código ASAC
seria então a panaceia universal para acabar com as crises do capitalismo e
torná-lo eterno. E em «crescimento». Pelo menos em crescimento dos bolsos dos
grandes capitalistas.
Conclusão
No seu estudo a EY pretende demonstrar com resultados as teses que a priori, mesmo sem resultados, tinha
vantagem em transmitir.
Teses como «corporações que são vistas como possuindo altos padrões
éticos são as que mais provavelmente verão os seus retornos crescer», adquirir
ASAC é bom, fraude e corrupção são consequência de enormes «pressões» que
pesam sobre as empresas, nomeadamente dos negócios com os MRC, o sector
financeiro tem feito mais investimento e tido mais progresso em ética que
outros sectores. No entanto, como demonstrámos, estas teses da EY não podem
ser validadas por variadas razões. Incluindo a razão básica: metodologia
errada.
Além disso, a própria realidade desmente as teses da EY. Quem, por
exemplo, acredita ser o progresso ético do sector financeiro um facto, quando o comportamento não ético dos bancos
tem claramente aumentado e não diminuído?
E aqui e além no seu estudo, a realidade transparece, nomeadamente
quanto à conversão à ética da «gestão sénior». Isto é, a conversão sacrossanta
do grande capital.
A realidade da fraude e corrupção assenta em causas bem diferentes
daquelas que a EY defende. As sementes da fraude e corrupção das empresas não
podem ser extirpadas por códigos éticos, quaisquer que eles sejam. Elas
residem na própria lógica do sistema, accionado pela busca de lucro a todo o
custo e consequente domínio de mercados, para além da extracção de mais-valia
dos trabalhadores.
Os códigos ASAC constituem mera operação cosmética que em nada altera
a lógica do sistema. Operação cosmética que, no fundo, se destina a apoiar os
apetites imperiais, justificando o direito à pilhagem dos recém-baptizados
MRC como a Ucrânia ou a Nigéria. Ou o direito à intervenção noutros países,
como a Venezuela, por sofrerem de «instabilidade política».
Nunca veremos na EY, e similares, preocupações éticas com as
infracções aos direitos do trabalho, a utilização de mão-de-obra infantil nos
MRC, a precariedade de emprego, a falta de contratação colectiva, ou a descida
dos salários reais, impostas pela «gestão sénior» aos «outros empregados».
Continuaremos a ver, contudo, da parte da EY ou similares, as
consultorias que permitem às grandes transnacionais a fuga ao fisco por meios
«legais», como no caso do «Luxemburgo leaks»
e dos «Panamá papers». Fuga que não
é difícil porque o aparelho de estado capitalista – incluindo a componente
legislativa – está, por definição e facto, nas mãos dos capitalistas. E, no entendimento
da EY e similares, a imoralidade legalizada ou encoberta da «gestão sénior»
não infringe «padrões éticos». Isto, e mais umas vendas de ASAC, serão sempre
suficientes para dormirem descansados, continuando a viver em grande estilo.
A viver, afinal, à custa da «opção fácil do crescimento».
|
b) The “regulatory
activity” of the question is not necessarily ABAC.
c) Revenues are not
profits.
d) If the message that
ABAC has three times more positive impact in the revenues than without ABAC
was true, most companies would run fast to purchase ABAC. The above
observation that from 2013 to 2015 there was no progress in the introduction
of ABAC would be then incomprehensible.
e) Revenues are not
profits, but all other things being equal, growing profits need growing
revenues. The adoption of the ABAC code would then amount to a universal
panacea to finish with the crises of capitalism and making it eternal. And
always with “growth”. At least the growth of the pockets of the big
capitalists.
Conclusion
With its study EY intends
to demonstrate with empirical results the theses that a priori, even without results, were to its advantage to transmit.
Theses such as
“companies seen to have high ethical standards are also more likely to be
seeing their revenues grow”, having ABAC – sold by EY – is good, fraud and
corruption are the consequence of “enormous pressures” weighing over the
companies, especially when businesses with RGMs are involved, the financial
sector has made more investment and has had more progress in ethics than other
sectors. However, as we have shown, these EY theses cannot be validated for various
reasons. Including the basic reason: wrong methodology.
Moreover, reality
itself belies EY’ theses. Who would, for instance, believe that ethical
progress of the financial sector is a fact, when bank unethical behavior is
clearly increasing, not decreasing?
And here and there in
EY’s study the reality pierces through, namely concerning the conversion of “senior
management” to ethics. The holy conversion of the big capital.
The reality of fraud
and corruption has main causes quite distinct from those claimed by EY. The
seeds of fraud and corruption in the companies cannot be extirpated by
ethical codes, whatever they may be. They are planted into the system logic
itself, driven by the search for profit at all costs and the consequent
domination of markets, as well the extraction of surplus value from the
workers.
The ABAC codes
constitute a mere cosmetic operation changing nothing of the system logic. A
cosmetic operation which, after all, is destined to uphold imperial appetites,
justifying the right to plunder the newly baptized RGMs such as
From the side of EY and
the likes we shall never see ethical preoccupations with infringements of
workers rights, the use of infant handwork in the RGMs, job precariousness,
lack of collective contracts, and decrease of wages in real value, imposed by
the “senior management” to the “other employees”.
From the side of EY and
the likes we shall see, however, the consultancies allowing tax evasion of
large transnationals by “legal” means as in the cases of the “
|
Notas | Notes
[1] Citado em | Cited in: Zoltan Zigedy, State-Monopoly Capitalism Today,
http://mltoday.com/article/372-state-monopoly-capitalism-today/52
[2] Das empresas estudadas, 51% tinham mais de
5.000 trabalhadores, 83% mais de 1.000, e 7% menos de 500. Isto é, uma maioria
de empresas eram oligopólios (por vezes designados sem rigor por monopólios).
Out
of the studied companies 51% had over 5.000 workers, 83% over 1.000, and 7% less
than 500. Thus, the majority of firms were oligopolies (often called monopolies
without rigor).
[3] Ver | See: Hudson M,
Chavkin S, Mos B, Big 4 Audit Firms Play Big Role in Offshore Murk, Nov 5, 2014, https://www.icij.org/project/luxembourg-leaks/big-4-audit-firms-play-big-role-offshore-murk. Aí se descreve
o escândalo, revelado por 80 jornalistas de 36 países, bem como outros
escândalos das 4-Grandes que retratam bem a podridão do sistema.
This
article describes the scandal, revealed by 80 journalists from 36 countries,
and other scandals of the 4-Big, which portray the systemic rottenness.
[4] A diferença de duas
proporções, com significado estatístico, diminui com o aumento da dimensão da
amostra.
Tomemos a Irlanda e
Áustria da Tabela 1 do estudo EY, com proporções de 50% e 42% dos que
reconhecem ser prática frequente a fraude e corrupção. Parecem valores bastante
afastados (diferença de 8%). Contudo, a probabilidade do excesso da primeira
proporção face à segunda ser devida ao acaso é de uns confortáveis 12,8%. Isto
é, contrariamente ao que poderíamos supor, tal diferença de proporções
estimadas em 100 casos não tem qualquer
significado. Poderia dever-se ao acaso. Se em vez de 100 casos tivéssemos
1.000 casos, a probabilidade da mesma diferença de proporções ser devida ao
acaso seria quase nula, passando a ter significado estatístico. Com 100 casos,
seria preciso que a diferença de proporções fosse bem maior para ter
significado; p. ex., 50% e 32% (diferença de 18%).
The
difference of two proportions having statistical significance decreases with
the increase of the sample size.
Let
us take Ireland and Austria
from Table 1 of EY’s study, with proportions of 50% and 42% of those that
acknowledge fraud and corruption as being a widespread practice. They seem to
be quite distinct values (a difference of 8%). However, the probability that
the first proportion exceeds the second one due to chance is of a comfortable
12,8%. That is, contrary to what we might think, such a difference of proportions
estimated on 100 cases has no meaning at
all. It could be due to chance alone. If instead of 100 cases we had 1.000
cases, the probability of the same difference of proportions being due to
chance would then be almost zero, having then a statistical significance. With 100
cases, one would need a larger difference of proportions in order to be
significant; e. g., 50% and 32% (a difference of 18%).
[5]
A razão porque algumas vezes não se deve basear
comparações em percentagens é que a qualidade da estimativa de uma proporção,
como vimos acima, depende do número de casos em que foi estimada. A tabela
abaixo (Fig. 4 do estudo EY), mostra percentagens de inquiridos de negócios
novos e antigos para duas classes de comportamento não ético.
|
The reason why one
sometimes should not base comparisons on percentages has to do with the
quality of a proportion estimate, which we saw above as depending on the
number of cases. The table below (Fig. 4 of EY’s study), shows percentages of
respondents of new and old businesses for two classes of unethical behavior.
|
Classes de respostas
Classes of answers
|
Negócios novos
New businesses
|
Negócios antigos
Old businesses
|
1. Gestão esconde
desempenho negativo
Management hides
negatve performance
|
26%
|
20%
|
2. Suborno justificado
com sobrevivência da firma
Bribery
justified with company survival
|
25%
|
15%
|
Parece que a diferença entre os dois tipos de
firmas, nas duas classes de comportamento não ético, não é grande. Efectivamente,
um teste estatístico, tratando as percentagens como núeros de casos em 100
casos, confirma esta impressão. A hipótese de igualdade dos dois tipos de
firmas é aceite com elevada probabilidade (p): p=57%.
As proporções, porém, não foram estimadas em 100
casos. Tomando em conta as dimensões das amostras de firmas, a tabela a
considerar em número de casos, é:
|
It looks as though the
difference between the two types of firms with respect to the two classes of
unethical behavior is not that big. And, in fact, a statistical test treating
the percentages as numbers of cases in 100 cases, confirms that impression. The
equality hypothesis of the two types of firms is accepted with high
probability (p): p=57%.
The proportions, however,
were not estimated in 100 cases. Taking into account the sizes of the firm
samples, the table one has to consider with numbers of cases, is:
|
Classes de respostas
Classes of answers
|
Negócios novos
New businesses
936
|
Negócios antigos
Old businesses
2802
|
1. Gestão esconde
desempenho negativo
Management hides
negatve performance
|
243
|
560
|
2. Suborno
justificado com sobrevivência da firma
Bribery
justified with company survival
|
234
|
420
|
Agora o teste estatístico rejeita a hipótese de
igualdade. A probabilidade de obter tais valores, sob essa hipótese e em amostras
de firmas dessas dimensões, devido ao acaso, é demasiado baixa: 3%. Vemos
como o ter em conta as reais contagens de casos em vez de proporções pode modificar
drasticamente a inferência de uma comparação.
|
The statistical test now
rejects the equality hypothesis. The probability of obtaining such values,
under that hypothesis and in firm samples of those sizes, due to chance, is
too low: 3%. We see how by taking into account numbers of cases instead of
percentages can drastically modify the inference from a comparison.
|
[6] O segmento
director-gestor corresponde às categorias «membro da direcção», «gestor
sénior», e «outros gestores», num total de 1.292 (34%) inquiridos.
The
director-management segment corresponds to the categories “board director”,
“senior management”, and “other management”, totaling 1,292 (34%) respondents.
[7] A EY reconhece este
aspecto iniludível em várias passagens: «o engajamento da gestão sénior
permanece como o factor mais crítico para mudar a cultura da organização», «a
gestão sénior ainda tem muito que andar», «eles sobrestimam … como
efectivamente comunicam a importância de altos padrões éticos», etc.
EY
acknowledges this inescapable aspect in several passages: “The commitment of
senior leadership remains the most critical factor in changing an organization’s
culture”, “senior management still has much to do”, “they overestimate … how
effectively they are communicating the importance of high ethical standards”,
etc.
[8] A classificação da EY
vem no seu folheto Rapid-Growth Markets Forecast: July 2014 e inclui nos
MRC: República Checa, Egipto, Índia, Nigéria, Polónia, Rússia, Arábia Saudita,
África do Sul, Turquia, EAU, Ucrânia.
EY’s
classification is given in the brochure Rapid-Growth Markets Forecast: July
2014 and includes in the RGM: Czech
Republic , Egypt ,
India , Nigeria , Poland ,
Russia , Saudi Arabia , South
Africa , Turkey ,
UAE and Ukraine .
[9] Crescimento do PIB no
1.º trimestre de 2016: República Checa 0,5%, Polónia -0,1%, Rússia -0,6%,
África do Sul 0,6%, Turquia 0,7%, Ucrânia -0,7%. Países com exportações em
declínio: Nigéria, Rússia, Arábia Saudita, Ucrânia.
GDP
growth in the 1st trimester 2016: Czech Republic 0.5%, Poland -0.1%,
Russia -0.57%, South Africa 0.6% , Turkey 0.7%, and Ukraine -0.7%. Countries
with declining exports: Nigeria ,
Russia , Saudi Arabia , and Ukraine .
[10] Bem prega Frei Tomás,
fazei o que ele diz e não o que ele faz.
A
reference to an ironic Portuguese saying: Thus preaches well St Thomas , do what he says not what he does.
[11] Tabela correspondente
à Figura 1 com o número de casos n
que é sempre omitido no estudo EY | The
table corresponding to Figure 1 with the number of cases n always omitted in EY’s study:
Classes
de respostas
Classes of answers
|
%
|
n
|
||
G1
|
G2
|
G1
|
G2
|
|
1. Gestão sénior obtém níveis correctos
de dados
Head management obtain
right level of data
|
86%
|
39%
|
859
|
216
|
2. Gestão sénior disse enfaticamente
empenho em ASAC
Senior management
strongly said committed to ABAC
|
72%
|
28%
|
719
|
155
|
3. Gestão sénior entende ambiente
negocial que enfrenta
Head management
knows business environment they face
|
66%
|
25%
|
659
|
139
|
4. Gestão sénior diz muitas vezes ética
elevada importante
Senior management
often says high ethics important
|
61%
|
18%
|
609
|
100
|
TOTAL obtido | Observed TOTAL
|
285%
|
110%
|
2846
|
610
|
TOTAL esperado | Expected TOTAL
|
100%
|
100%
|
999
|
554
|
Devido a respostas múltiplas os totais
percentuais (amarelo) não somam 100%. As classes de respostas não estão bem
definidas, permitindo várias interpretações em termos de classes bem
definidas e com os mesmos totais de respostas da tabela acima. Como esta:
|
Due to multiple answers
the percentage totals (yellow) do not add up to 100%. The classes of answers
are not well defined, allowing several interpretations in terms of well
defined classes and with the same totals of answers as in the above table. As
this one:
|
Classes
|
%
|
n
|
||
G1
|
G2
|
G1
|
G2
|
|
1. só | alone
|
20%
|
35%
|
198
|
196
|
2. só | alone
|
6%
|
24%
|
63
|
135
|
3. só | alone
|
1%
|
21%
|
9
|
119
|
4. só | alone
|
1%
|
15%
|
9
|
82
|
5. 1+2+3
|
12%
|
1%
|
120
|
4
|
6. 1+2+4
|
7%
|
0%
|
70
|
2
|
7. 1+3+4
|
6%
|
0%
|
64
|
2
|
8. 2+3+4
|
6%
|
0%
|
59
|
2
|
9. 1+2+3+4
|
41%
|
2%
|
407
|
12
|
TOTAL
|
100%
|
100%
|
999
|
554
|
Neste caso, G1 é estatisticamente diferente de G2
(p = 0), mas as respostas nas
classes 1, 2, 3 e 4 de G1 são proporcionalmente inferiores as de G2, e superiores nas respostas das classes de
|
In this case, G1 is statistically
different from G2 (p = 0), but the
answers in the classes 1, 2, 3, and 4, from G1 are proportionally inferior to those of G2, and superior
in the classes 6 to 9. This can be read as if G1, having been under the
propaganda of the “senior management”, was much more overarching and sloppy
in its answers than G2, choosy in addressing specific issues deserving an
answer. This interpretation differs from the one given by EY.
|
[12]
P. ex., só 1/3 dos inquiridos acha que as denúncia internas de corrupção seriam
sempre tidas em conta pela gestão. Isto num inquérito que envolve 1/3 de
gestores (!) e com 41% de inquiridos que preferiram não responder (Figura 15).
For
instance, only 1/3 of the respondents think that internal whistle-blowing on
corruption would always be taken into account by the management, in an enquiry
involving 1/3 managers (!) and 41% of respondents opting for no answer.
[13]
Os resultados da Figura 2 correspondem à seguinte
tabela (a amarelo o que mostra a EY) onde, para além das percentagens, se
apresentam os números de casos:
|
The results of
Figure 2 correspond to the table below (in yellow what EY shows) where,
besides percentages, are also presented the numbers of cases:
|
Classes
|
%
|
n
|
||
MD
DM
|
MRC
RGM
|
MD
DM
|
MRC
RGM
|
|
1. Lento crescimento
económico
Slow economic growth
|
54
|
62
|
864
|
682
|
2. Instabilidade política
Political instability
|
25
|
41
|
400
|
451
|
3. Incerteza no comércio
Uncertainty in trade
|
20
|
30
|
320
|
330
|
TOTAL obtido | Observed TOTAL
|
99
|
133
|
1584
|
1463
|
TOTAL esperado | Expected
TOTAL
|
100
|
100
|
1600
|
1100
|
A percentagem de 99% to total de MD pode dever-se
a arredondamentos mas pode também dever-se a respostas do tipo «Não sabe»,
que a EY diz em várias figuras que «foram omitidas para permitir melhor
comparação entre as respostas dadas». Uma verdadeira mistificação porque uma
resposta «Não sabe» é uma resposta. Se não o fosse, as duas tabelas abaixo
teriam o mesmo significado estatístico e não têm. A inferência sobre a tabela
da esquerda à EY (a amarelo o que a EY mostra) aceita a igualdade dos grupos
com máxima significância (p=1)
confirmando a mensagem à EY baseada apenas nas proporções. Mas, de facto, a
tabela a considerar é a da direita, que rejeita a igualdade das distribuições
(p=0).
|
The total DM percentage of 99% can
be due to roundings, but can also be due to answers of the “Don’t know” type,
which EY says in several figures “’Don’t know’ percentages have been omitted to allow
better comparison between the responses given.” A true mystification because
a “Don’t know” answer is an answer. If it were not the two tables below would have the same statistical
significance, and they don’t have. The inference on the left table à la EY (in yellow what EY shows) accepts
the group equality with maximum significance (p=1) confirming the message à
la EY solely based on proportions. But, as a matter of fact, the table
one has to consider is the one on the right, which rejects the equality of
the distributions (p=0).
|
|
|
Voltemos à Figura
|
Let us go back to
Figure 2. The MRC percentage of 133% can only be due to multiple answers. A
possible variant with distinct classes and maintaining all totals, is shown
below. In this solution all percentages of DM respondents to the “challenges”
are larger than those of the RGM
when only a single “challenge” is chosen.
The exception to this is in tree combinations of “challenges”.
|
%
|
n
|
|||
Classes
|
MD
DM
|
MRC
RGM
|
MD
DM
|
MRC
RGM
|
1. só | alone
|
50%
|
44%
|
800
|
481
|
2. só | alone
|
21%
|
20%
|
336
|
225
|
3. só | alone
|
17%
|
10%
|
264
|
108
|
4.
1+2
|
4%
|
16%
|
56
|
177
|
5. 1+3
|
1%
|
1%
|
8
|
14
|
6. 2+3
|
0%
|
1%
|
0
|
10
|
7. 1+2+3
|
0%
|
3%
|
0
|
35
|
8. Não
sabe
Don’ t know
|
9%
|
5%
|
136
|
50
|
TOTAL
|
100%
|
100%
|
1600
|
1100
|
[14] Os resultados da avaliação da «gestão
sénior» no sector financeiro, face a outros sectores, são suspeitosamente mais
favoráveis (diferenças entre 15% a 26% da Figura 11) do que os resultados que
só envolvem a avaliação de comportamentos não éticos (diferenças entre 4% e 12%
da Figura 8). Neste último caso, existe mesmo uma classe de questões
(«fornecedor aprovado de bases de dados») que avaliada isoladamente revela
pouco significado estatístico da diferença (p
unilateral = 3%).
The results
evaluating the “senior management” in the financial sector, in contrast to
other sectors, are suspiciously more favorable (differences between 15% to 26%
in Figure 11) than the results only involving the evaluation of unethical
behavior (differences between 4% to 12% in Figure 8). In this last case there
is even a class of questions (“approved data base supplier”) revealing a low
statistical significance of the difference (unilateral p = 3%) when evaluated in isolation.
[15] Tabela da página 8 do estudo EY. Todas as
outras linhas desta tabela dizem respeito aos «padrões éticos» e não aos
retornos das empresas. O mesmo se aplica à outra tabela da página 8. Note-se
que o simples facto de adquirir instalação e treino de ASAC, e de se falar
nisso dentro da empresa, pode criar e impor a ideia de que os padrões éticos melhoraram.
Page 8
table of EY’s study. All other rows from this table respect the “ethical
standards”, not the revenues of the companies. The same applies to the other table of page 8. Note that the simple fact of
purchasing ABAC installation and training, and speaking about it inside the company,
may create and impose the idea on its “employees” that the ethical standards
have improved.