quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Declaração e Requerimento

    Têm-se vindo a repetir nos meios de comunicação social, com frequente e suspeita insistência, afirmações que incutem a ideia de que a culpa do tristíssimo estado a que chegou o País deve morrer solteira.
    Abundam, por exemplo, as afirmações pseudo-sapientes de que, quanto à dívida pública, cada contribuinte português deve «tantos» milhares de euros, de que todos nós somos culpados pelo insucesso e degradação escolar, de que, no fundo, é o país inteiro que tem culpa pelo mau desempenho da Justiça, etc. Um exemplo recentíssimo desta moda é uma carta do leitor ao JN de hoje, de um director hospitalar durante 22 anos, na qual diz muitas coisas acertadas sobre o estado de ruptura hospitalar a que se chegou (devido, concretamente, a quem?), não deixando, contudo, de intitular a carta de «A culpa é de todos nós» e de inserir essa mensagem no texto.
    Enfim, uma reedição de que a culpa do fascismo português foi de todos os cidadãos portugueses, de que a culpa do nazismo alemão foi de todos os cidadãos alemães, etc. Reedição do velho «distribuir o mal pelas aldeias» que pode ter várias razões causais, desde as inócuas (distracção), às menos inócuas (má consciência), até às totalmente perversas (branquear os verdadeiros culpados).
    Como pertencemos àquele grupo de portugueses que insiste em andar na vertical e que acredita que «quem não se sente não é filho de boa gente», sentimo-nos compelidos a exarar aqui a seguinte:
     
Declaração e Requerimento
     
Dirigida aos compatriotas escritores, sociólogos, historiadores, filósofos, jornalistas, políticos, opiniosos, e outros mais com acesso aos Meios de Comunicação Social:
     
O signatário vem por este meio declarar que nunca votou nos partidos do arco da governação, protagonistas da contra-revolução anti 25 de Abril, nunca foi «boy» nomeado para qualquer cargo público, nunca foi aprovado em concursos públicos por  amiguismo dos respectivos júris, nunca apoiou o Acordo de Bolonha nem as bizarrias das «ciências da educação», nunca recebeu luvas de ninguém, e nunca foi gestor do sector bancário nem participante de contratos de PPPs.
   
Pelo que declara que não deve absolutamente nada à troika, nem é responsável pela dívida pública, pela degradação do Ensino, da Saúde, da Justiça, nem ainda pelo aumento da desigualdade social e da miséria e, em geral, pelo estado de degradação a que chegou o País. Bem pelo contrário, sempre se opôs e tem oposto, por todos os meios ao seu alcance, ao cometimento e continuação desses males.
    
Requer, por conseguinte, aos supracitados escritores, sociólogos, historiadores, filósofos, jornalistas, políticos, opiniosos, etc., que o retirem imediatamente de qualquer lista de culpados pelos males do País.
     
Mais declara ser sua convicção de que centenas de milhares de portugueses se encontram em situação idêntica à do declarante, sendo candidatos idóneos à apresentação de igual requerimento de remoção de listas de culpados, sendo a sua convicção alicerçada quer em testemunhos pessoais quer em documentação que está em condições de apresentar.
    
Porto, 25 de Fevereiro de 2015
   
O Signatário,
   

J. P. Marques de Sá

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Syriza: a salvação do capitalismo | Syriza: saving capitalism

O «terramoto» das eleições gregas
   
    Segundo os media europeus, com a eleição do Syriza vinha aí um terramoto na Grécia e até mesmo na Europa. O Syriza foi sistematicamente chamado pelos jornais portugueses (e não só) como «extrema-esquerda». Não era só o espectro de ser de esquerda que se perfilava no horizonte; ainda para mais era «extrema»! Agora, sim, a troika e a «austeridade» iriam ser arrumadas para o caixote do lixo. Agora, sim, o Syriza iria mostrar como se arrancava um povo das fauces sugadoras da troika.
    Tremenda ilusão. Em que muitos caíram. Excepto as Bolsas europeias que não se incomodaram nada com os planos gregos de «renegociação da dívida» do ministro das finanças Yanis Varoufakis (YV), e do seu plano de troca de dívida por dois tipos de títulos obrigacionistas ([1]): um deles, a pagar só quando a economia grega viesse a crescer; o outro, a pagar modicamente e perpetuamente.
    As Bolsas – logo, o grande capital – não se incomodaram por duas boas razões: porque o Syriza não nacionalizou os bancos nem previa tal no seu programa; porque sabiam que por debaixo da capa de «extrema-esquerda» o Syriza era uma nova reincarnação social-democrata.
   
Derrota total no primeiro embate
   
    Logo no primeiro embate com o Eurogrupo (EG) o Syriza mostrou a sua fibra. Derrota e recuo em toda a linha ([2-4]). A corrupta oligarquia grega (lá como cá ligada ao Império), tem vindo a mamar os resgates ao mesmo tempo que mantém o investimento no mínimo e descapitaliza a banca. Desde Dezembro de 2014 que 20 biliões de euros (mil milhões de euros) voaram dos bancos gregos para a Suíça e outras paragens. Com os cofres do Estado vazios, os pagamentos de funcionários públicos ameaçados, e sem controlar a banca, o Syriza foi forçado a pedir um novo empréstimo. Na primeira reunião com o EG na passada 6.ª feira, 20 de Fevereiro, YV pediu, para tal, a extensão por mais seis meses de um resgate anterior. Em troca dessa extensão Atenas comprometia-se a: manter um saldo orçamental positivo, mas abaixo da meta exigida pela troika; não tomar medidas unilaterais que impedissem o cumprimento de metas fiscais do EG (como, por exemplo, suspender privatizações); pedir a «renegociação da dívida» com vista ao crescimento económico; abandonar a proposta de perdão da dívida, com alargamento do prazo de pagamento e descida de taxas de juro.
    Em suma, YV avançou com uma proposta que recuava das promessas do Syriza, designadamente no que se referia à suspensão das privatizações e à exigência de perdão parcial da dívida. Dívida essa que economistas destacados das mais diversas persuasões políticas (incluindo o keynesiano e prémio Nobel Paul Krugman) já disseram ser impagável. O que, aliás, é fácil de ver; não é preciso ter o prémio Nobel.
    Para não alarmar os seus votantes, o Syriza afirmou a 20 de Fevereiro que a Grécia «deixou para trás a austeridade, o memorando e a troika» ([3]).
    Pois apesar do recuo, a Alemanha – o pivot do Império na Europa, que mais tem lucrado com a UE e a zona euro ([5]) -- não aceitou o plano YV. Nem a Alemanha nem… os seus lacaios neoliberais, com especial destaque para os ministros das finanças português e espanhol. O EG apenas concedeu mais quatro meses de resgate, com YV a comprometer-se com todas as exigências da troika (sob o eufemismo de «honrar as obrigações financeiras com os seus credores») incluindo «o firme compromisso com o processo de reformas estruturais»; isto é, de continuar a desmantelar os direitos dos trabalhadores e benefícios sociais. Afinal o Syriza não tinha deixado para trás a austeridade, o memorando e a troika. A derrota de YV foi tão monumental que W. Schäuble (ministro das finanças alemão) comentou sarcasticamente que agora se ia ver como é que o Syriza se ia explicar ao povo grego. O Governo grego, para não perder o apoio dos seus votantes, veio dizer a 23/2 que concorda com 70% (?) das medidas de resgate e que não iria mudar a lei laboral nem a lei sobre o crédito mal parado. Veio também anunciar aquelas medidas que os governos capitalistas também anunciam quando querem mostrar obra: melhorar a colecta de impostos e combater a corrupção. Detalhes sem importância que não escondem o essencial: a derrota imposta pelo grande capital, personificado na Alemanha. Uma Alemanha que também já disse ao Syriza que se recusava a discutir o assunto das reparações de guerra decorrentes da ocupação nazi e a devolução de empréstimos gregos à Alemanha depois da 2.ª guerra mundial.
    A desilusão com o Syriza (para aqueles que alimentavam ilusões) é total. Um herói anti-fascista grego, Manolis Glezos de 92 anos, anunciou ontem o seu desvinculamento do Syriza, pedindo desculpa ao povo grego «por ter participado na ilusão» que levou o Syriza ao poder e apelou à acção «antes que seja tarde».
   
O sem-saída do reformismo
   
    Varoufakis é a face exemplar de uma certa corrente hodierna de «esquerda» que chega a reclamar-se de marxista, quando não é mais do que defensora de um Marx inócuo, não revolucionário. Uma corrente positivista («não interessa a teoria, só interessam as observações subjectivamente percebidas»), social-democrata, defensora do capitalismo. Logo, por definição, não de esquerda.
    Na Grécia, esta corrente chama-se Syriza. Em Espanha, chama-se Podemos. Em Portugal, chama-se Tempo de Avançar. A pobreza teórica reflecte-se no ecletismo de todas estas organizações: mantas de retalhos de diversas proveniências. O Syriza, por exemplo, é uma aliança de sociais-democratas, de socialistas democráticos, de eco-socialistas, de patriotas de esquerda, de feministas, de verdes de esquerda, de maoístas, de trotskistas, de eurocomunistas e de eurocépticos. O Tempo de Avançar é uma coligação do Livre, Renovadores Comunistas, Manifesto 3D, Fórum Manifesto, e Movimento Cidadania e Intervenção, onde pululam as mesmas «ideias».
    Todas estas correntes são semeadoras de ilusões reformistas. O que são estas ilusões reformistas e porque razão não funcionam foram já por nós discutidas no artigo: A ilusão de uma saída reformista da crise. No fundo, o que está a acontecer com o Syriza é a confirmação do que já aí dizíamos.
    Vale a pena analisar o discurso de YV. O que YV diz é também o que dizem muitos reformistas da nossa praça, incluindo a actual direcção do PCP. Isto é, o que diz YV tem claras repercussões na análise a que a esquerda deverá proceder em Portugal.
    Varoufakis fez uma apresentação das suas ideias no 6.o Festival Subversivo de Zagreb, em 2013. O Festival Subversivo, de subversivo não tem muito. Na edição deste ano participarão Slavoj Žižek (eurocomunista de posições sociais-democratas), Alexis Tsipras (eurocomunista), Oliver Stone (budista, votante de Obama mas crítico da política estrangeira dos EUA) e David Harvey (crítico do neoliberalismo e divulgador de O Capital). Um Festival da esquerda... baixa. Daquela que não incomoda o capitalismo, antes pelo contrário. Serve para desviar possíveis aderentes daquela que incomoda.
    A versão transcrita da apresentação de YV em Zagreb tem como título: «Confissões de um marxista irregular no meio de uma crise europeia repugnante» (Confessions of an erratic Marxist in the midst of a repugnant European crisis). Portanto, YV não é um marxista; é, sim, um marxista irregular, isto é, de vez em quando. YV coloca a questão sobre se a esquerda deve utilizar a crise para desmantelar uma UE baseada em políticas neoliberais, ou se deve aceitar que não está preparada para uma mudança radical e lutar por estabilizar o capitalismo europeu. Responde, dizendo que, por muito que repugne aos «radicais» (designação vaga que serve para tudo; até Hitler era um radical) o «dever histórico» da esquerda nesta conjuntura é estabilizar o capitalismo, «salvar o capitalismo europeu dele mesmo e dos inábeis gestores da inevitável crise da zona euro». Estão a ver? Os capitalistas não sabem ser capitalistas. É preciso salvá-los de si próprios, da sua incompetência como capitalistas. Para tal, existe a «esquerda», que por definição é anti-capitalista, mas cujo «dever histórico» nesta conjuntura é salvá-los! A «esquerda» que, como todos sabem, é competentemente capitalista.
    Na sua argumentação YV cita Marx dizendo que certas coisas que Marx disse estão certas. O pior é a teoria que subjaz à análise marxista que, para YV, é demasiado determinista. YV gosta mais dos «espíritos animais» de Keynes e coisas do género. Sobre a leitura idiossincrática que YV faz de Marx ver Yanis Varoufakis: more erratic than Marxist.
    Mas se YV não gosta da teoria de Marx, vejamos ao menos a sua prática. Logo que foi ministro, YV afirmou que a Grécia não sofreria um «acidente financeiro» nem seria forçada a deixar a zona euro (embora, segundo YV, não devesse ter entrado). Disse também que a Grécia não deixaria de pagar a dívida ao FMI e aos investidores privados. E que a economia de Grécia podia crescer suficientemente depressa para sair da dívida; crescimento a construir a nível europeu, devendo ser lançado sob hegemonia alemã um programa de reactivação de toda a economia europeia como o New Deal de Roosevelt e o plano Marshall dos anos cinquenta! Que sonhador, este reformista!
    Quanto aos bancos gregos, YV não se mostrou muito preocupado, apesar dos biliões de euros que saíram do país e continuam a sair. YV afirmou ainda que o novo governo não alteraria as privatizações em curso e que a Grécia deveria manter-se um destino atractivo para o investimento estrangeiro. Sigamos a análise de [6]:
    «Que tipo de programa é este? Na verdade é difícil dizê-lo. No que concerne à dívida, reflecte sem dúvida a realidade inescapável de que a dívida grega é impagável [...] Tudo o mais parece sobretudo uma colecção de frases para a galeria, sem muita coerência, para ser suave. Que crescimento há que construir a nível pan-europeu? Como é isso de lançar um programa de investimentos em toda a Europa? Vai o governo grego convencer Merkel, Hollande e Rajoy, ou vai esperar que Podemos ganhe as eleições para ter um aliado? YV diz que os investimentos privados na Grécia se reactivarão logo que se alivie o peso da dívida. Ai, sim? Primeiro, há que ver se ocorre esse alívio mas, supondo que ocorre, por que artes mágicas vão reactivar-se esses investimentos? Será porque os salários gregos serão “atractivos” (ou seja, quanto mais baixos melhor) para os agora chamados investidores, aliás capitalistas de outros tempos? Vai o Syriza intentar o avanço nessa direcção? Irão os investimentos fluir para a Grécia porque o novo governo os brindará com segurança e garantia de que o capital será respeitado e não sofrerá beliscadura sob a forma de impostos, nacionalizações ou regulamentos? Mas, quem possui a dívida grega, não são precisamente esses capitalistas? Não lhes soará mal qualquer “quitação”, qualquer redução da dívida, que não seria outra coisa que a perda parcial ou total do seu capital?»
    Sobre o desdém de YV pela teoria, diz o autor de [6] (ênfases nossos): «YV em Zagreb disse que em nenhuma das suas intervenções políticas ou económicas de anos recentes se guiou por modelos económicos que, a seu ver, são absolutamente irrelevantes para entender o capitalismo real que hoje existe. A frase tem que se lhe diga, porque se não se tem um modelo, é impossível fazer-se uma ideia de como se desenvolvem os fenómenos sobre os quais se quer actuar. Será possível navegar de Barcelona a Londres sem nenhum mapa que mostre os itinerários possíveis? Será possível entender um circuito electrónico com díodos, condensadores e transístores sem ter na mente esquemas de como funcionam essas coisas?»
    De facto, não é possível ter uma prática consistentemente correcta sem uma teoria correcta. É certo que uma teoria correcta não é suficiente para uma prática correcta. (Podemos saber muito de díodos, condensadores e transístores e aqui e além cometer erros de compreensão do funcionamento de um circuito electrónico.) Mas uma teoria correcta é, contudo, uma condição necessária.
    O autor de [6] conclui assim: «“O das barbas”, como Varoufakis chama às vezes a Marx, passou toda a sua vida investigando planos e esquemas teóricos […] para formar com eles um modelo geral da economia capitalista. O modelo geral está certamente incompleto, os esquemas não nos permitiram predizer, por exemplo, que os EUA se converteriam no principal país do sistema capitalista mundial na segunda metade do séc. XX, que revoluções anticapitalistas teriam lugar na Rússia e na China (e fracassariam) e que os computadores e a Internet mudariam por completo a aparência do mundo. Porém, os esquemas de Marx, abstractos em extremo como são, permitem entender porque razão o capitalismo é fonte continua de desigualdade social, porque razão está condenado a crises, uma e outra vez, e porque razão as tentativas bem ou mal intencionadas de regulá-lo ou "salvá-lo" só conduzem ao fracasso ou a converter a quem os protagonizam em parte desse grupo de gestores de alto gabarito que em Espanha são frequentemente chamados hoje de “a casta”. Eliminar o capitalismo é certamente difícil e muitos estarão de acordo com Varoufakis de que “a esquerda” não está preparada para isso. Mas afirmar que do que se trata hoje é precisamente de salvar o capitalismo, não é isso negar tudo o que de importante esteve alguma vez por trás dessa nebulosa ideia de “a esquerda”? […]»
    Quanto a nós, desde o início do presente blog que temos defendido que Portugal tem de ser salvo da incivilização do capitalismo. E temos procurado fundamentar as medidas que se impõem numa alternativa de esquerda (ver artigos anteriores). Incluindo a nacionalização da banca, não contemplada pelo Syriza. Esta e outras medidas anticapitalistas, que implicam sair do euro e, possivelmente, da UE, impor-se-ão quando o povo compreender e se alçar na luta por uma solução de esquerda. Uma solução rumo ao socialismo. Naturalmente, com uma organização à altura da tarefa. «Atalhos» reformistas só adiarão ainda mais essa compreensão e disponibilidade para a luta.
The Greek elections «earthquake»
   
    The election of Syriza was, according to the European media, an earthquake for Greece and even for Europe. Syriza was systematically coined by the Portuguese (and others) newspapers as being from "extreme left-wing". Thus, not only the specter of "left-wing" emerged in the horizon; it was furthermore an "extreme" specter. Now, at last, troika and "austerity" would be swept away to the dust bin. Now, at last, Syriza would show how to pull out a country from the sucking troika snouts.
    Tremendous delusion. With many falling for it. Except the European stock-markets which didn't bother at all with the Greek plans to "renegotiate the debt" of Finance Minister Yanis Varoufakis (YV), and of his plan to swap debt by two types of bonds ([1]): one, to be paid when the Greek economy would grow; the other, to be paid perpetually in modest shares.
    The stock markets – therefore, the big capital – didn't bother for two good reasons: because Syriza neither nationalize the banks nor put forward that intent in its program; because they knew that under the "extreme left-wing" cloak Syriza was just a new reincarnation of social-democracy.
   
Total defeat at the first clash
   
    In its first clash with the Eurogroup (EG) Syriza has showed its fiber. Pull back and defeat on the whole frontline ([2-4]). The corrupt Greek oligarchy (there as here attached to the Empire) has been sucking bailouts and at the same time keeping the investment to a minimum and decapitalizing the banks. Twenty billion euros have flown out of the Greek banks to Switzerland and other places, since December 2014. With empty State vaults, threatened payments to civil servants, and without any control on the banks, Syriza was forced to beg for a new loan. In its first meeting with the EG last Friday, February 20, YV asked, for that purpose, an extension of a previous bailout for a further six months time. In exchange, Athens proposed the following compromise: to maintain a positive budgetary balance, although below the target set by the troika; not undertaking measures that would impair the attainment of EG fiscal goals (e.g., suspension of privatizations); to apply for a "renegotiation of the debt" having in view the economic growth; to abandon the proposal of a debt write-off, and instead apply to a widening of the maturity time span and the lowering of the interest rate.
    Briefly, Syriza put forward a proposal that stepped back on all Syriza promises, namely on the suspension of privatizations and the demand for a partial debt write-off. A debt that prominent economists of various political persuasions (including the Keynesian and Nobel prize Paul Krugman) have already told to be impossible to pay. An observation easy to arrive at; surely not demanding a Nobel prize.
    In order not to alarm its voters, Syriza stated in February, 20, that Greece "had left behind the austerity, the memorandum and the troika" ([3]).
    Well, notwithstanding the pull back, Germany – The Empire pivot in Europe, the country that has most profited with the EU and the Eurozone ([5]) – did not accept YV's plan. Neither Germany nor… its neoliberal lackeys with special mention going to the Portuguese and Spanish Finance Ministers. The EG only granted a further four months of bailout, with YV yielding to all troika demands (under the euphemism of "to honor the financial commitments with its creditors") including the "firm compromise with the process of structural reforms"; that is, to go on dismantling workers' rights and social benefits. After all, Syriza had not left behind the austerity, the memorandum and the troika. The defeat of Syriza was as monumental as to trigger the sarcastic comment of W. Schäuble (German Finance Minister) that now one would see as how Syriza would explain to the Greek people what had happened. The Greek government caring not lose the support of its voters came out with a statement on February, 23, that it agreed with 70% (?) of the bailout measures and that it would not change labor and defaulting debt laws. It also announced such measures as capitalist governments use to announce when they want to show some work: to improve tax collecting and fight corruption. Unimportant details that do not hide the essential: the defeat imposed by the big capital, personified by Germany. Germany that also told Syriza that it refused to discuss the matter of war reparations related to the Nazi occupation and paying back Greek loans to Germany contracted after the Second World War.
   The delusion with Syriza (for those who entertained illusions) is complete. A Greek antifascist hero, the 92-year old Manolis Glezos, announced yesterday that he severed ties with Syriza asking for forgiveness to the Greek people "for participating in the illusion" that propelled Syriza to the power, at the same time appealing to action "before it is too late".
   
The reformist dead-end
   
    Varoufakis is the exemplary face of a today's specific "left-wing" current that claims to be Marxist when it is nothing else than a defender of a sanitized non-revolutionary Marx. A positivist current ("don't bother with theory, only subjectively perceived observations are important), social-democrat, supportive of capitalism. Hence, a non-left current by definition.
    This current is called Syriza in Greece. It is called Podemos in Spain. And in Portugal is called Tempo de Avançar. The theoretical poverty is reflected by the eclecticism of all these organizations: patchwork quilts of various sources. Syriza, for instance, is an alliance of social-democrats, democratic socialists, eco-socialists, left-wing patriots, feminists, left-wing greens, Maoists, Trotskyites, Eurocommunists and Eurosceptics. The Tempo de Avançar is a coalition of Free, Communist Renewal, Manifest 3D, Forum Manifest, Citizen and Intervention Movement, small parties where the same "ideas" swarm freely.
    All these currents are spreaders of reformist delusions. What these delusions are and why they cannot work have been already discussed by us in the article "A ilusão de uma saída reformista da crise". What is happening with Syriza is after all a confirmation of what we said in that article.
    Varoufakis discourse is worth analyzing. What YV has to say is also what our home-made reformists have to say, including the present leadership of the PCP. Thus, what YV has to say has clear repercussions on the analysis that the Portuguese left must carry through.
    Varoufakis made a presentation of his ideas at the 6th Subversive Festival of Zagreb in 2013. The Subversive Festival has not that much of subversive ness. This year's edition counts among its participants Slavoj Žižek (Eurocommunist with social-democratic positions), Alexis Tsipras (Eurocommunist), Oliver Stone (Buddhist, a voter on Obama but critical of US foreign policy) and David Harvey (critic of neo-liberalism and divulger of Capital). A Festival of the Left… of the low kind. Of that kind that doesn't bother capitalism — quite the opposite. It is of service to deviate possible adherents of the Left that truly bothers.
    The written version of YV presentation at Zagreb is entitled "Confessions of an erratic Marxist in the midst of a repugnant European crisis". Thus, YV is not a Marxist; he is an erratic Marxist, i. e., from time to time. YV raises the question of whether the Left must use the crisis to dismantle an EU based on neo-liberal policies, or instead accept that it is not ready for a radical change and struggle to stabilize the European capitalism. He answers by saying that though it is repugnant to "radicals" (vague designation suiting everything; even Hitler was a radical), the "historical duty" of the Left at the present particular juncture is to stabilize capitalism, "to save European capitalism from itself and from the inane handlers of the Eurozone’s inevitable crisis". See? Capitalists do not know how to be capitalists. They have to be saved from themselves, from their incompetence as capitalists. For that purpose, there is the "Left", which by definition is anticapitalist but whose "historical duty" at this particular juncture is to save them! The "Left" that as you all know is competently capitalist.
    YV does quote Marx in his line of argument, admitting that some things that Marx said are correct. Unfortunately, for YV, the theory underlying Marx's analyses is too much deterministic. Keynes' "animal spirits" and that sort of things is more to the liking of YV. On YV idiosyncratic reading of Marx we recommend Yanis Varoufakis: more erratic than Marxist.
    But if YV doesn't like Marx's theory, let us at least take a look of what sort his practice is. As soon he became Minister of Finance YV stated that Greece would not suffer a "financial accident" nor would be forced to leave the Eurozone (though, according to YV, it shouldn't have entered either). He also said that Greece wouldn't back from paying the debt to IMF and to private investors. And, furthermore, that Greek economy would be able to grow at a sufficiently high rate to escape from the debt burden. A growth rate to be handled at pan-European level, on the premise that a program for the reactivation of the whole European economy should be launched under German hegemony, such as Roosevelt's New Deal or the Marshall Plan of the fifties! What a dreamer, this reformist!
    In what concerns the Greek banks, YV didn't show much preoccupation, though billions of euros have left the country and continue to flow away. YV also said that the new government would not change the running privatization process and that Greece should be kept as an attractive destination for direct foreign investment. Let us now follow the analysis of [6]:
    "What sort of program is this one? Truly, it is difficult to say. In what concerns the debt, it reflects no doubt the inescapable reality that the Greek debt cannot be paid […] Everything else looks more as a collection of sentences for the gallery of populism, without much coherence, to put it leniently. What growth is there to be built at a pan-European level? What is that thing of launching an investment program for the whole Europe? Is the Greek government going to convince Merkel, Hollande and Rajoy, or is it going to wait that Podemos wins the elections in order to have an ally? YV says that private investments in Greece will be reactivated as soon as the debt burden is relieved. Really? First, the relief has to be seen, but supposing it does occur, which magic wand will reactivate the investments? Will that take place because Greek salaries will become "attractive" (i. e., the lower the better) for the newly-called investors, in fact the capitalists of other times? Is Syriza going to intent an advance on that direction? Will the investments flow to Greece because the new government will gift them with assurances and guaranties that capital will be respected and will not suffer any pinch on taxes, nationalizations and regulations? But those that own Greek debt aren't they precisely those capitalists? Wouldn't it sound weird to their ears any "discharge", any debt relief, amounting to no other thing than the partial or total loss of their capital?"
    On YV's disdain for theory, says the author of [6] (our emphases): "YV told in Zagreb that in none of his political or economic interventions of recent years was he guided by economic models, which to his looking are absolutely irrelevant to understand the real capitalism that exists today. This assertion begs a remark, because if one does not have a model, one is denied the possibility of an idea on how phenomena unfold, in order to act upon. Is it possible to sail from Barcelona to London with no map showing the possible itineraries? Is it possible to understand an electronic circuit with diodes, capacitors and transistors without having in the mind models on how such things work?"
    As a matter of fact, it is not possible to have a consistently correct practice without a correct theory. True, a correct theory is not sufficient to have a correct practice. (We may know a lot about diodes, capacitors and transistors and here and there fail on interpreting how an electronic circuit works.) But a correct theory is nevertheless a necessary condition.
    The author of [6] concludes as follows: ""The bearded one" as Varoufakis sometimes calls Marx passed is whole life investigating plans and theoretical outlines […] to form with them a general model of the capitalist economy. The general model is surely incomplete, the outlines didn't allow us to predict, e.g., that the US would become in the second half of the 20th century the main country of the world capitalist system, that anticapitalist revolutions would take place in Russia and China (and would fail), and that computers and Internet would completely change the appearance of the world. However, Marx's theoretical outlines, abstract in extreme as they are, allow us to understand why capitalism is a continuous source of social inequality, why it is doomed to crises one time and another, and why the attempts to "save it" or adjust it, be they good or bad intended, can only lead to failure or to convert their protagonists in members of the high-level managers group often named in today's Spain as the "casta". Eliminating capitalism is certainly difficult and many will agree with Varoufakis that "the Left" is not prepared for it. But stating that the real issue today is precisely saving capitalism isn't that denying everything of importance lying behind the cloudy idea of "the Left"? […]"
    As to us, we have since the beginning of this blog defended that Portugal has to be saved from the uncivilization of capitalism. And we have attempted to provide sound justifications to the needed measures of a left alternative (see our previous articles). One of them being the nationalization of the banks, not contemplated by Syriza. This and other anticapitalist measures implying exiting the euro and, possibly, the EU, will impose by themselves when the people understand and rise in the struggle for a left solution. A solution on the way to socialism. Quite naturally, with an organization up to the task. Reformist "shortcuts" will only postpone further away that understanding and commitment to the struggle.
Referências/References
[1] JN 4/2/2015, Bolsas aprovam plano grego mas próximos dias são cruciais.
[2] JN 20/2/2015, Vão todos a jogo mas no fim quem ganha é a Alemanha.
[3] JN 21/2/2015, Grécia diz que «deixou para trás a austeridade, o memorando e a troika»
[4] JN 23/2/2015
[5] Eugénio Rosa, A União Europeia e o Euro Serviram para Enriquecer a Alemanha, 31 de Janeiro de 2015, http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2015/4-2015-AlemanhaUE.pdf

[6] José A. Tapia, Salvar el capitalismo, o las confesiones del ministro de finanzas griego, Rebelión, 13/2/2015, http://rebelion.org/noticia.php?id=195383

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Ucrânia: Ponto da Situação

    Já apresentámos a razão fundamental do conflito na Ucrânia em Fevereiro de 2014 (http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/02/cinco-casos-politicos.html e http://revolucaoedemocracia.blogspot.pt/2014/02/a-conquista-imperialista-da-ucrania.html ), a saber: domínio imperialista da Europa por parte do imperialismo ianque e seus aliados Inglaterra e Alemanha, seguindo uma política de ocupação com dependência neocolonial em todos os países ex-socialistas, procurando a todo o preço levar as fronteiras da NATO até à Rússia. «Política de contenção da Rússia», dizem eles. As condições de vida dos povos desses países não melhoraram com a entrada na UE. Pelo contrário, pioraram; muitas vezes dramaticamente. Um caso específico é o da Bulgária, onde a pobreza tem aumentado de forma espantosa, bem como a mortalidade infantil e o abandono escolar. Fenómenos desconhecidos no socialismo. Fenómenos semelhantes ocorrem em todos os países ex-socialistas, com particular incidência na Roménia, na Croácia, na Bósnia-Herzegovina, nos países bálticos, na Hungria e na Geórgia. Só têm ganhado, como é óbvio, as oligarquias locais e suas clientelas.
    Vejamos agora, tematicamente e desde a data do nosso último artigo, algumas notícias menos conhecidas sobre a Ucrânia, que ajudam a compreender o conflito.
   
Ajuda militar dos EUA à Junta fascista de Kiev
   
    Em 25 de Novembro de 2014 um grupo de hackers ucraniano anti-governamental, CyberBerkut, conseguiu obter documentos sobre: pedidos de apoio de Kiev aos EUA de milhões de dólares, nomeadamente em armamento; concordância dos EUA a tais pedidos (estes últimos provenientes de membros da delegação de Joe Biden a Kiev em 20-21/Nov/2014). Num dos documentos, assinado por Obama, este delega em John Kerry a entrega a Kiev de até 5 milhões de dólares em «artigos de defesa», educação e treino militar e de 20 milhões de dólares em outros apoios. Ver este documento no final do presente artigo bem como a lista do armamento pedido por Kiev: 2.000 espingardas de assalto, 720 lançadores de granadas, 200 morteiros, 420 mísseis anti-tanque, etc.
   
As acusações de envolvimento da Rússia e para que têm servido
   
    Desde o início que o «Ocidente» acusa a Rússia de ajuda militar e envolvimento directo no conflito entre Kiev e as repúblicas separatistas, procurando um pretexto para a intervenção da NATO. Situação comparável ao pretexto das inexistentes «armas de destruição maciça» para a intervenção no Iraque. Ora, a última coisa que a Rússia pretende é dar pretextos de intervenção da NATO. De facto, é até acusada pelos líderes separatistas de não intervir suficientemente. As acusações «ocidentais» têm levado a situações deploráveis e/ou ridículas, como os injustificados atrasos impostos à ajuda humanitária da Rússia (camiões com alimentos e medicamentos) e a histeria sobre os voos perfeitamente legais de aviões russos, numa reedição do «Vêm aí os russos!» da guerra fria, esquecendo os voos e exercícios militares provocatórios que a NATO realiza com grande frequência junto à fronteira da Rússia (ver, p. ex., https://www.youtube.com/watch?v=bGAxckY7MtY).
    Em 2 de Setembro de 2014, aquando de uma cimeira de NATO em Gales, convocada para «conter o comportamento agressivo da Rússia», um grupo de ex-funcionários aposentados dos serviços de informação dos EUA (William Binney e David MacMichael do NSA, Ray McGovern da CIA, Elizabeth Murray do National Intelligence Office for Middle East, Ann Wright Coronel do exército dos EUA, Coleen Rowley do FBI, Todd Pierce, juiz do exército dos EUA, etc.) enviou um memorando a Angela Merkel pedindo contenção da NATO, afirmando: «não vimos no passado qualquer evidência credível de armas de destruição maciça no Iraque, não vemos agora qualquer evidência credível de uma invasão russa».
     Os fascistas de Kiev e agentes «ocidentais» têm apresentado fotos e imagens de satélite para defender a tese do envolvimento russo. Todas essas fotos e imagens se têm revelado como fraudes, mostrando manobras do exército russo dentro do seu território e, por vezes, obtidas há anos atrás.
    Isto não quer dizer que não haja «voluntários russos em localidades da Ucrânia oriental» como reconheceu Vitaly Churkin, representante russo na ONU. De facto, essencialmente o mesmo povo, com a mesma língua russa, cultura e tradições históricas milenares habita os dois lados da fronteira da Ucrânia oriental. Muitas famílias têm membros dos dois lados da fronteira. É, portanto, perfeitamente natural que muitos voluntários russos se alistem nas milícias das repúblicas separatistas.
    As acusações contra a Rússia não param. Em 8/11/14 um porta-voz do governo de Kiev, A. Lysenko, anunciou que a Rússia tinha enviado 32 tanques, 16 lançadores de obuses, 30 camiões com munições e 3 camiões com radares para as zonas rebeldes. Não apresentou qualquer evidência. Nessa altura, a atoarda era tão mirabolante que o pentágono reconheceu isso (John Kirby, porta-voz do pentágono: «Não possuo relatórios operacionais independentes capazes de confirmar que tais meios cruzaram a fronteira»), mas deixando pairar a ideia de que as afirmações de Kiev poderiam ser verdade. Aquando da cimeira de Davos, em Fevereiro de 2015, Poroshenko também exibiu em pose dramática supostas cédulas militares de soldados russos apanhadas nas repúblicas separatistas, afirmando que 9.000 soldados russos tinham passado a fronteira. A notícia provocou celeuma nos meios ocidentais. Moscovo afirmou que as «cédulas» na mão de Poroshenko eram bilhetes de identidade e não cédulas militares. Um porta-voz dos negócios estrangeiros russo declarou: «pedimos aos nossos interlocutores ucranianos cópias dos documentos contendo os apelidos, porque tais BIs como os mostrados ontem, poderiam ter sido facilmente comprados [...] a parte ucraniana não foi capaz de nos dar cópias de tais documentos». Idem, para os 9.000 soldados. Não se materializaram quaisquer provas da sua existência.
    Para que tem servido toda esta montanha de mentiras, toda esta confabulação sob o pretexto de «conter a Rússia»? Tem servido para a NATO reforçar brutalmente as suas posições, com novas bases e montanhas de armamento sofisticado nos países limítrofes da Rússia, nomeadamente na Polónia e países bálticos. Na última cimeira a NATO, inclusive, expressou o desejo dos membros europeus aumentarem o seu financiamento em 2% do PIB durante os próximos 10 anos! Os filo-fascistas nos governos da UE não se importarão de obrigar os respectivos povos a pagar o belicismo do Império Ianque, ao serviço dos 0,1% do topo. O pretexto da «contenção» tem servido também para justificar o apoio militar a Kiev. Apoio que recentemente Obama declarou tencionar aumentar, fornecendo armamento sofisticado aos fascistas de Kiev. Um Obama que em entrevista recente à CNN reconheceu que os EUA tinham «intermediado o negócio da transição do poder na Ucrânia». Isto é, na Ucrânia como em muitas outras partes do mundo «intermediaram» o derrube pela força de um regime escolhido pelo povo. Em 11 de Fevereiro de 2015, numa entrevista à Vox, Obama foi ainda mais claro: «temos o maior poder militar do mundo, e temos ocasionalmente de torcer os braços de países que não fariam o que precisamos que eles façam se não fosse através das várias alavancas económicas e diplomáticas ou, em certos casos, militares que possuímos» (http://www.vox.com/a/barack-obama-interview-vox-conversation/obama-foreign-policy-transcript ). Obama, nessa entrevista, chega ao cúmulo de justificar o «torcer de braços de países» em nome do «realismo» porque «há má gente fora dos EUA».
   
A postura pró-fascista do Império actual
   
    Em 22 de Novembro de 2014 a Rússia propôs na ONU uma resolução condenando quaisquer tentativas de glorificar a ideologia nazi e a negação dos crimes de guerra da Alemanha nazi, incluindo o holocausto judaico. O documento denunciava, em particular, as tentativas de branquear os colaboradores dos nazis apresentando-os como combatentes da resistência nacionalista. A Ucrânia, os EUA e o Canadá foram os únicos países que votaram contra. 155 países votaram a favor; 55 países, muitos dos quais europeus, abstiveram-se. Mas Portugal – esse país que PS-PSD-CDS transformaram em cãozinho lambe-botas da Alemanha & C.ª – absteve-se!!! Portugal foi o único país de língua portuguesa que se absteve. Portugal, o país do 25 de Abril, pactuando agora com a glorificação da ideologia nazi e a negação dos crimes de guerra da Alemanha nazi, incluindo o holocausto judaico!!! (votação final: http://www.un.org/en/ga/third/69/docs/voting_sheets/L56.Rev1.pdf ).  Enfim, mais uma demonstração do estado nojento a que chegou Portugal.
    Disse, com razão, o ministro dos negócios estrangeiros russo: «O facto dos EUA, Canadá e Ucrânia terem votado contra, e Estados da UE se terem abstido na votação da proposta de resolução, que foi apoiada por uma esmagadora maioria de Estados membros da ONU, é extremamente lamentável [...] A posição da Ucrânia é particularmente desanimadora e alarmante. É difícil entender como um país cujo povo sofreu uma parte de leão dos horrores do nazismo e contribuiu significativamente para a vitória comum contra ele, pode votar contra uma resolução condenando a sua glorificação». A resolução foi formalmente adoptada pela ONU em Dezembro.
    Quanto à postura dos «ocidentais», é ainda de assinalar:
   
-- A atitude esclarecida e corajosa dos estudantes espanhóis da Universidade Complutense de Madrid, em 10 de Outubro de 2014, ao escorraçarem um bando de arruaceiros fascistas ucranianos com bandeiras de partidos fascistas como o Svoboda, quando estes irromperam pela sala onde decorria uma apresentação sobre os crimes de Odessa cometidos por Kiev, procurando interrompê-la. Os estudantes gritaram «fascistas, fora!» e colaram posters contra o actual fascismo ucraniano. A reunião fazia parte de uma iniciativa da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia, sobre o tema «A crise humanitária no Sudeste da Ucrânia e suas consequências para a Europa». Professores da Faculdade também estiveram com os estudantes, procurando que os fascistas abandonassem a sala. Duvidosa é, contudo, a posição das autoridades madrilenas. Os arruaceiros foram levados numa carrinha da Embaixada da Ucrânia em Madrid. Complacentemente e sem reparos posteriores.
    
-- O continuado apoio da CIA ao regime de Kiev. Apoio que começou com a «revolta» orquestrada da praça Maidan e o massacre de manifestantes por snipers num cenário com as «impressões digitais da CIA», como refere o realizador de cinema norte-americano Oliver Stone, que preparou um documentário sobre os eventos (ver entrevista em 31 de Dezembro, http://rt.com/news/218899-stone-kiev-massacre-cia/ ). Oliver Stone aponta as semelhanças óbvias com outras intervenções da CIA, nomeadamente contra Hugo Chávez na Venezuela, onde o mesmo método dos snipers foi utilizado para depor Chávez em 2002. Neste caso a operação da CIA correu mal porque o povo de Caracas não se amedrontou e lutou corajosamente, tendo vencido os «depositores» e reintegrado Chávez na presidência.
   
-- O apoio da Alemanha ao regime de Kiev. Apoio político, diplomático e, segundo notícias que têm transpirado, quase de certeza também militar e dos serviços secretos. Alemanha que é a grande apoiante da entrada da Ucrânia na UE. Uma Alemanha complacente com os nazis, cuja chanceler Merkel não se indignou quando o primeiro-ministro de Kiev afirmou que foi a URSS que na 2.ª Guerra Mundial atacou a Alemanha e a Ucrânia. Uma chanceler de uma coligação (CDU/CSU) extremamente reaccionária, cujas fileiras engrossaram com ex-nazis desde o fim da 2.ª Guerra Mundial (sendo um deles Konrad Adenauer) e que em 1992, como ministra da família, visitou um clube de cabeças-rapadas neo-nazis em Magdeburgo, responsáveis pelo assassinato de um antifascista. A visita, alegadamente, era para ensinar boas maneiras aos cabeças-rapadas, para os «afastar do racismo». As fotos da visita são do tipo «retrato de família» (ver abaixo). O ensino de boas maneiras materializou-se na concessão de fundos (tipo «coitadinhos, são cabeças-rapadas porque estão desinseridos da sociedade»). A filantropia de Merkel para com os neo-nazis motivou que um jornal alemão condenasse o «tratamento dos cabeças-rapadas à custa dos contribuintes» e um dos neo-nazis dissesse mais tarde que os «tempos» da Merkel «tinham sido os melhores tempos» do movimento (várias fontes alemãs; a mais concisa: http://critiqueaujourdhui.blogsport.de/2012/03/05/merkel-und-die-rummelnazis/).
   
Crimes de Guerra de Kiev no Leste da Ucrânia
   
    Em 21 de Outubro de 2014 a pró-«ocidental» Human Rights Watch (HRW) denunciou o uso de bombas de fragmentação – proibidas por convenções internacionais dado serem armas de terror contra civis -- pelo regime de Kiev em Donetsk. Donetsk está agora em ruínas. A HRW afirmou nessa ocasião: «A melhor maneira das autoridades ucranianas demonstrarem o seu compromisso em defenderem os civis, seria prometerem parar de imediato o uso das munições de fragmentação». As autoridades de Kiev mantiveram-se silenciosas.
    A HRW conduziu uma investigação, enviando missões ao teatro do conflito, tendo concluído que as bombas de fragmentação foram usadas em zonas residenciais das repúblicas separatistas (Lugansk e Donetsk). Mais tarde, em 3 de Dezembro, a HRW denunciou o facto de o governo de Kiev não ter investigado o assunto, recomendando que o governo convidasse o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra. Como se os criminosos estivessem interessados em investigar os seus próprios crimes! Não só não investigaram como o Parlamento ucraniano aprovou uma lei concedendo amnistia às tropas ucranianas e a «outras pessoas» -- os batalhões neo-nazis, armados pela NATO -- que cometem acções que «tenham as características de crimes de guerra»! Parece incrível, mas é verdade. Talvez mais incrível ainda: os países da UE permaneceram silenciosos! Nada de condenações dos recém-amiguinhos ucranianos. (Vídeo da HRW silenciado na TV ucraniana: https://www.youtube.com/watch?v=SvLkBBh2DJ0 .)
    No mesmo dia 10 de Setembro a Amnistia Internacional (AI) tinha publicado um relatório sobre crimes de guerra, cometidos «em larga escala» e com o apoio das autoridades ucranianas, pelo batalhão ucraniano Aidar em Lugansk, nomeadamente: raptos, detenção ilegal, maus-tratos, roubos, extorsão e saques das populações civis. (Existem alegações de execuções em massa, pessoas mortas e atiradas para poços de minas, que ainda não foram confirmadas por fontes independentes, mas existem vídeos.) O Secretário-Geral da AI pediu uma investigação urgente ao governo de Kiev. Continua à espera.
    As tropas do batalhão Aidar, tal como outras milícias controladas por Kiev, usam suásticas e símbolos nazis como as insígnias das SS e o Wolfsangel também usado pelas SS e juventude hitleriana (ver fotos abaixo).
    Entre os crimes de guerra assinale-se ainda:
   
-- A descoberta pelos separatistas ucranianos, em Outubro de 2014, de valas comuns com mais de 400 corpos de vítimas torturadas e abatidas pelas milícias de Kiev. Evidências testemunhais e factuais foram recolhidas, apontando para o envolvimento da Guarda Nacional e o partido paramilitar Sector da Direita, organizações fascistas de Kiev. Um dos testemunhos proveio de um soldado do batalhão Dniepr de Kiev, detido em Moscovo quando desertou e fugiu para a Rússia. O soldado reconheceu ter pessoalmente liquidado civis, incluindo mulheres e crianças de várias localidades. Confessou também ter recebido dinheiro pelos assassinatos de um oligarca nomeado por Kiev como governador de Dniepropetrovsk.
   O ministro dos negócios estrangeiros russo informou a ONU, a OSCE e o Conselho da Europa da descoberta das valas comuns e da correspondente documentação, manifestando a expectativa de estas organizações assumirem uma «postura clara, imparcial e objectiva», afirmando ser incontestável que «os crimes ocorreram claramente quando essas zonas eram controladas pelo exército ucraniano».
As autoridades de Kiev anunciaram na mesma altura ter descoberto três valas comuns na região de Slaviansk, controlada pelos separatistas até Julho; isto é, o anúncio de Kiev veio sete meses depois de controlarem a região e não ofereceram qualquer evidência de se tratar de crimes de guerra cometidos pelos separatistas.
   
-- A tortura é sistematicamente usada pelas milícias de Kiev (e, em certos casos, pelas tropas regulares). Há pouco tempo atrás a TV ucraniana mostrou (com orgulho?) filhos de separatistas a serem torturados. Das torturas faz parte queimar suásticas na pele (https://www.youtube.com/watch?v=kDuJWMBgE3U).
   
A situação militar nas frentes de combate
   
    As tropas das repúblicas separatistas, denominadas Forças de Defesa de Novorossia (FDN), são constituídas na sua esmagadora maioria por civis que se voluntarizaram na defesa das suas repúblicas. Os comandantes revelam várias ideologias, da direita nacionalista até à esquerda (https://www.youtube.com/watch?v=9bw7DMB37eA ; https://www.youtube.com/watch?v=fZMfB66fV2c ). O que os une é a defesa da autonomia da sua terra natal, da sua língua, costumes e amizade com a Rússia.
Depois de um primeiro avanço das forças mais volumosas e melhor armadas e preparadas de Kiev, que tomaram Slavyansk, Kramatorsk e Artyomovsk em Julho e Mariupol em Maio-Junho, assistiu-se à sua travagem nas batalhas de Lugansk e Donetsk. A capacidade de combate das FDN tem vindo a aumentar, tendo tomado Ilovaisk onde capturaram centenas de tropas de Kiev, e recentemente retomaram o aeroporto de Donetsk bem como derrotaram totalmente as forças de Kiev na saliência estratégica de Debaltsevo (17 de Fevereiro de 2015) entre Lugansk e Donetsk.
    O moral das FDN é também largamente superior aos das forças regulares de Kiev, onde as deserções e fugas para a Rússia atingem grandes proporções. Atinge também enormes proporções a recusa insurreccional e generalizada ao recrutamento nas forças regulares de Kiev. Um bom exemplo disto é mostrado no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=eAQABuQUqMQ, onde uma mulher de Zaporojia, apoiada pela população, desmantela a argumentação de um recrutador.
    De facto, do lado de Kiev as únicas forças aguerridas são as dos neo-nazis, conforme reconheceu numa entrevista recente o embaixador de Kiev a uma televisão alemã (https://www.youtube.com/watch?v=QcR9jl4AM3A): «Sem elas o exército russo teria avançado muito mais». É claro que para o embaixador de Kiev as forças separatistas são o «exército russo». Segue a fraseologia da CIA que os media portugueses também tanto gostam de seguir. Como na notícia do JN 1/10/2014, «Moscovo acusa Kiev de "crimes de guerra" após descoberta de valas comuns», onde se afirma que «O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou, esta quarta-feira, a Ucrânia de "crimes de guerra" citando a descoberta, pelos separatistas russos[...]». Separatistas russos? «Russos»? Então os separatistas pertenciam à Rússia? Pretendem separar-se da Rússia? Enfim, mais um de muitos disparates como a sistematicamente martelada «invasão russa». A desinformação ao serviço do imperialismo no seu pleno.
    Quanto ao recrutamento, é precisamente o contrário que se passa do lado das FDN: aumentam os alistamentos e a vontade de combater os agressores fascistas. É exemplo eloquente disto o alistamento em massa de cossacos do Don, tradicionalmente conservadores: https://www.youtube.com/watch?v=rY4KPcJ3WNQ; https://www.youtube.com/watch?v=oy8TX9jRJ-k. Notar, no primeiro vídeo, o fardamento de acaso, o leque de idades e a presença de mulheres.
    Se o conflito não escalar para uma intervenção directa da NATO (como desejam Kiev e os EUA), o que fatalmente desencadearia uma reposta da Rússia, então o factor tempo está do lado das NFD, como é argumentado em http://www.informationclearinghouse.info/article38643.htm#.U4mPQBSBWnQ.email (vale a pena ler).  É por isso que Obama se tem mostrado ultimamente tão inclinado a intervir directa e militarmente.
Uma apreciação final sobre o moral das FDN e de Kiev. Proveniente, não de um jornal alinhado com a Rússia, mas, pelo contrário, alinhado com o «ocidente». Trata-se de um artigo publicado em 17 de Fevereiro de 2015 por um correspondente do jornal holandês De Telegraaf. O jornal é um vetusto ícone da direita holandesa. Mas o correspondente estava em Kramatorsk e sentiu-se movido a descrever com honestidade o que viu. Diz ele sobre os antecedentes do cerco separatista da saliência de Debaltsevo: «Kiev tem aproximadamente seis mil soldados em Debaltsevo, mas permanece surdo às sugestões dos separatistas de providenciar um corredor para a retirada dessas tropas. A lógica de Kiev só pode ser vista como cínica, tendo em conta que cerca de cinco mil civis foram apanhados como ratos numa ratoeira». O correspondente falou com uma mulher de 30 anos de Kramatorsk que disse assim: «Os oficiais de Kiev são loucos sanguinários! A minha mãe e irmã ainda lá estão [em Debaltsevo]. Tenho tentado contactá-las durante vários dias. Porque razão não podem eles simplesmente entregar Debaltsevo?» e ainda «Na última semana Kramatorsk foi sujeita a ataque de mísseis. Alegadamente pelos rebeldes. Contudo muita gente aqui viu que o fogo proveio das posições ucranianas vizinhas».
*    *    *
    Há um tema que não referimos no presente artigo. O do abate do voo MH17. Tem pairado um estranho silêncio dos meios «ocidentais» sobre o assunto. Silêncio, inclusive, dos investigadores holandeses que recolheram toneladas de destroços, caixas negras, etc. Voltaremos a este assunto logo que dispusermos de resultados oficiais das investigações.
*    *    *
Memorando de Obama dirigido a John Kerry delegando-lhe a ajuda à Ucrânia: 5 milhões de dólares em artigos de defesa e serviços (ponto 1) e 20 milhões de dólares em bens não leais e serviços (ponto 2).
A lista de «encomendas» de Kiev. Uma longa lista de armamento, incluindo munições (набої) de vários calibres (калібр) da NATO (HATO).
Batalhão Aidar com um estandarte do Wolfsangel, símbolo rúnico usado pelas SS e juventude hitleriana.
Batalhão Azov. A suástica ao lado da bandeira da NATO.
 
A ministra da família Ângela Merkel, em 1992, acompanhada de outra ministra (camisola vermelha) em alegre e simpática cavaqueira com elementos do clube neo-nazi Elbterrasen em Magdeburgo. Anteriormente, membros do clube tinham assassinado um anti-fascista. Merkel foi-lhes dizer para não serem mauzinhos e dar-lhes dinheiro.
 

Na alegre cavaqueira acima, em ambiente de alegria e descontracção, não podia faltar a saudação nazi.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Recortes de Janeiro

5/1
«Função Pública encolheu o dobro do exigido pela troika: decresceu de 80 mil funcionários»

Passos & C.ª: mais troikanos que a troika.

6/1
«António Costa diz que não faz acordo/diálogo com PSD antes das eleições, mas admite para depois “convergência estratégica”»

Mais uma “convergência estratégica” do PS. Sempre à direita, como é óbvio.

7/1
«Desemprego não subia tanto desde o tempo de Vítor Gaspar. Está agora em 13,9%. Nos dois últimos meses são mais 29,5 mil desempregados.»

Lá se vai a imagem de optimismo.

12/1
«Swaps do TGV contratados por gestor privado levam a perdas de 152,9 M€ assumidos pelo Estado»

O TGV não avançou mas, apesar disso, avançaram os swaps. Nada de obstáculos à especulação financeira. Não vamos ter TGV. Mas já temos dívidas de milhões de euros assumidas pelo Estado. De quem é o Estado, de quem?

13/1
«Em 2014 as empresas só aumentaram os salários dos directores.»

A lógica da «austeridade» no seu pleno.

17/1
«Tribunal perdoa meio milhão [multas] a bancos e administradores [do BPN]»

De quem é o Estado, de quem?

20/1
«OCDE destaca reformas no ensino profissional que ainda quase não existem»

De quem é a informação, de quem?

20/1
«A. Arnault e A. Esteves intervieram decisivamente para que houvesse empréstimo de 681 M€ da Goldman Sachs ao BES a 3/6/2014 (Arnault: «BES é um banco profundamente estável”). Segundo a G. Sachs o BdP disse que empréstimo ficaria no Banco Novo; BdP nega. Em Dezembro foi para o banco mau.»

«Brincadeiras» à custa do povo.

20/1
«Doze mil funcionários [da Função Pública, em requalificação e em mobilidade] podem vir a ser despedidos 12 mil em 2015».

Neoliberalismo, no seu pleno.

20/1
«Carlos Fiolhais enfatiza a relação da luz com o desenvolvimento das diferentes regiões do Mundo, dando o exemplo da África “quase completamente às escuras” quando vista à noite do espaço. “O acesso à luz é desigual. Os sítios do Mundo mais desenvolvidos são onde há luz”, como a Europa.»

Espantosa troca de causa e efeito proveniente de alguém que se reclama de cientista. De acordo com Carlos Fiolhais, há uma medida que se impõe e aqui propomos: acender, numa noite a combinar, biliões de luzinhas nas maiores cidades de África. Nessa noite a África não estaria “quase completamente às escuras” quando vista à noite do espaço. No dia seguinte, segundo Carlos Fiolhais, o desenvolvimento económico de África daria um salto em frente.

23/1
«PT Portugal já é dos franceses».

Que bom, não é? De facto, não é só a «PT Portugal». É o povo português que já é dos alemães e franceses.

23/1
«Nota negativa da CE no que respeita a direitos sociais e dos trabalhadores».

Receita neoliberal para um Portugal que suporta tudo: toca a destruir ainda mais os «direitos sociais e dos trabalhadores»!

28/1
«27milhões de euros dos submarinos com luz verde de Salgado [pagos à Escom e distribuídos como bónus aos administradores e membros do Conselho Superior do GES]».

O Capital é quem mais ordena. Logo, tudo lhe é permitido.

28/1
«Portugal excluído de tratamento mais favorável no défice».

Pois claro. Para quê tratamento favorável, como o da Grécia? Para que adquiram maus hábitos? Além disso, os pensionistas e trabalhadores portugueses têm-se mostrado dispostos a pagar tudo. [Nota do autor: temos estado em praticamente todas as manifestações da CGTP.]

30/1
«China preocupada pela suspensão de privatizações do governo grego, nomeadamente com a não venda de 67% dos terminais do [porto grego do] Pireu, ainda não vendidos à Cosco [empresa da China]».


A China apoiou as medidas da troika contra Portugal. Mostra-se agora «preocupada» por não mamar os 67% dos terminais do Pireu que restam privatizar. China: um novo imperialismo em ascensão.